criaÇÃo de poedeiras semipesadas em gaiolas ou piso nas fases de recria e postura ... · 2019. 5....
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL
CRIAÇÃO DE POEDEIRAS SEMIPESADAS EM GAIOLAS OU
PISO NAS FASES DE RECRIA E POSTURA ALIMENTADAS
COM BASE NA PROTEINA IDEAL NA FASE DE PRODUÇÃO
Eduardo de Faria Viana
Orientador: Prof. Dr. José Henrique Stringhini
Goiânia
2013
ii
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EDUARDO DE FARIA VIANA
CRIAÇÃO DE POEDEIRAS SEMIPESADAS EM GAIOLAS OU
PISO NAS FASES DE RECRIA E POSTURA ALIMENTADAS
COM BASE NA PROTEINA IDEAL NA FASE DE PRODUÇÃO
Tese apresentada para obtenção do
grau de Doutor em Ciência Animal junto
à Escola de Veterinária e Zootecnia da
Universidade Federal de Goiás.
Área de concentração:
Produção animal
Orientador:
Prof. Dr. José Henrique Stringhini
Comitê de orientação:
Prof. Dr. Marcos Barcellos Café
Prof. Dr. José Antônio Rodrigues de Souza
Goiânia
2013
iv
v
vi
Àqueles que buscam, por meio da
qualificação profissional, o
aprimoramento de suas funções,
dedico esta obra.
vii
AGRADECIMENTOS
Á Deus, por mais esta oportunidade em minha vida.
Á Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-graduação, da Universidade Federal
de Goiás, por acreditar e viabilizar o Programa de Doutorado Interinstitucional
UFG/IFGoiano (DINTER).
Ao Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, da Escola de
Veterinária e Zootecnia, da Universidade Federal de Goiás, pela oportunidade
de realizar e concluir o Curso de Doutorado.
Ao professor e amigo José Henrique Stringhini, por acreditar neste
trabalho, pela disponibilidade, dedicação, competência e paciência. Será
sempre um exemplo para mim. Muito obrigado.
Á minha esposa Débora, pelo amor, apoio, compreensão e
compartilhamento.
Aos meus filhos Pedro, Gabriel e Eduardo, presença de Deus em minha
vida.
Aos meus pais, Hildo e Maria José, pelo amor, exemplo e apoio
incondicional em toda minha vida.
Ao professores Emmanuel Arnhold, Marcos Barcellos Café, Alessandra
Gimenez Mascarenhas, Fabyola Barros de Carvalho, Heloisa Helena de
Carvalho, pelos ensinamentos e incentivo.
Ao professor e amigo José Antônio Rodrigues de Souza pela orientação,
apoio e desprendimento.
Á professora Roberta Gomes Marçal Vieira Vaz, pela grande
contribuição e orientação.
Ao professor Paulo Ricardo de Sá da Costa Leite, pelo aprendizado e
contribuição.
Aos professores Eliane Sayuri Miyagi , Aldi Fernandes de Souza, Cintia
Silva Minafra e Romão da Cunha Nunes, pelo exemplo e contribuição.
Á professora Tânia Fernandes Veri Araújo, pelo incentivo e contribuição
na execução deste programa.
Ao professor Gilson Dourado da Silva, por viabilizar e incentivar o
Programa de Doutorado Interinstitucional UFG/IFGoiano (DINTER).
Ao Ashbel, pelo auxílio nas análises laboratoriais.
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Aos alunos bolsistas José Lopes, Daniel, Ronerson, Hugo Fernando,
Vinícius e Victor Hugo, do Curso Técnico em Agropecuária do Instituto Federal
Goiano Câmpus Urutaí, pelo grande apoio na fase experimental.
Aos amigos Eduardo Miranda e Bruno Santos, pelo companheirismo e
aprendizado.
Aos professores Luciana Sperandio Floriano, Gizelda de Siqueira
Pedrosa Cardoso, Marcos Antônio Rocha Cavalcanti e Sandra Regina
Marcolino Gherardi, pela amizade e apoio.
Á Médica Veterinária Eliane Resende Costa Cavalcanti, pelo apoio.
Á Ajinomoto do Brasil Indústria e Comércio de alimentos Ltda,
representada pelo Dr. Luciano Sá.
À Olvego Óleos Vegetais Ltda, representada pelo Sr. Gustavo Tomazini.
Á Nutriza Agroindustrial de Alimentos S.A., representada pelo Sr.
Rubens Silva.
Á MCassab Tecnologia Animal, representada pelo Sr. Eduardo Tibery.
Muito obrigado!
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SUMÁRIO
CAPÍTULO 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 01 1.1. Introdução 01 1.2. Sistemas de criação de poedeiras comerciais 03 1.2.1. Sistema de criação em gaiolas convencionais 03 1.2.2. Sistema de criação em piso 05 1.3. Bem-estar animal 11 1.4. Proteína ideal 13 1.4.1. Metabolismo de proteína 15 1.4.2. Exigências de aminoácidos e o conceito de proteína ideal 17 1.4.3. A lisina como aminoácido referência 18 1.4.4. Formulação de dietas com base no conceito de proteína
ideal 19
1.4.5. Desempenho de poedeiras semipesadas consumindo rações formuladas com base no conceito de proteína ideal
21
1.5. Referências
22
CAPÍTULO 2. DESEMPENHO DE POEDEIRAS SEMIPESADAS CRIADAS EM DOIS SISTEMAS DE PRODUÇÃO NA FASE DE RECRIA
Resumo 30 Abstract 31 2.1. Introdução 32 2.2. Material e métodos 34 2.3. Resultados e discussão 37 2.3.1. Consumo médio semanal 38 2.3.2. Consumo médio total, ganho de peso total, e idade ao
primeiro ovo 39
2.3.3. Peso médio semanal 40 2.3.4. Ganho de peso 41 2.3.5. Uniformidade 42 2.4. Conclusão 43 3. Referências
43
CAPÍTULO 3. DESEMPENHO DE POEDEIRAS SEMIPESADAS CRIADAS EM DOIS SISTEMAS DE PRODUÇÃO NA FASE DE POSTURA E DIETAS COM REDUÇÃO DOS NÍVEIS DE PROTEÍNA BRUTA
Resumo 47 Abstract 48 3.1. Introdução 49 03.2. Material e métodos 50 3.3. Resultados e discussão 53 3.3.1. Consumo de ração 54 3.3.2. Percentagem de postura 61 3.3.3. Peso do ovo 66 3.3.4. Ganho de peso total 71 3.3.5. Conversão alimentar por dúzia (kg/dz) e por massa de ovos
(kg/kg) 72
3.3.6. Ovos sujos, trincados e quebrados 75
x
3.4.
Conclusão
80
4. Referências
81
CAPÍTULO 4. QUALIDADE DE OVOS DE POEDEIRAS SEMIPESADAS CRIADAS EM DOIS SISTEMAS DE PRODUÇÃO NA FASE DE POSTURA E DIETAS COM REDUÇÃO DOS NÍVEIS DE PROTEÍNA BRUTA
Resumo 86 Abstract 87 4.1. Introdução 88 4.2. Material e métodos 89 4.3. Resultados e discussão 93 4.3.1. Peso relativo de gema 93 4.3.2. Altura de gema 96 4.3.3. Peso relativo de albúmen 97 4.3.4. Altura de albúmen 98 4.3.5. Unidade Haugh 100 4.3.6. Gravidade específica 101 4.3.7. Espessura e peso de casca 103 4.4. Conclusão 106 5. Referências
106
CAPÍTULO 5. PARÂMETROS BIOQUÍMICOS SÉRICOS E MORFOMETRIA DO TRATO DIGESTÓRIO DE POEDEIRAS SEMIPESADAS CRIADAS EM DOIS SISTEMAS DE PRODUÇÃO NA FASE DE POSTURA E DIETAS COM REDUÇÃO DOS NÍVEIS DE PROTEÍNA BRUTA
Resumo 111 Abstract 112 5.1. Introdução 113 5.2. Material e métodos 114 5.3. Resultados e discussão 117 5.3.1. Proteína total sérica 117 5.3.2. Albumina plasmática 121 5.3.3. Colesterol plasmático 124 5.3.4. Ácido úrico plasmático 127 5.3.5. Comprimento e peso relativo do intestino delgado 130 5.3.6. Comprimento e peso relativo do oviduto 135 5.3.7. Peso relativo de fígado, moela e pâncreas 136 5.3.8. Peso relativo de gordura abdominal, crista e barbela 140 6. Conclusão 144 7. Referências 144 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS 149
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RESUMO GERAL
Os sistemas de criação devem assegurar saúde, melhor desempenho e bem-estar aos animais. A sustentabilidade da avicultura a longo prazo depende da relação entre desempenho, qualidade de ovo, bem-estar e rentabilidade nestes sistemas. Neste trabalho, objetivou-se avaliar o desempenho e a qualidade de ovos de poedeiras semipesadas, criadas em gaiolas ou piso, nas fases de recria e postura, alimentadas com rações formuladas com base no conceito de proteína ideal na fase de produção. Na recria, 400 frangas (Hisex Brown) foram alojadas em dois sistemas (gaiola e piso), alimentadas com ração comercial e manejadas conforme o Manual da linhagem, entre 12 e 18 semanas de idade. Entre 30 e 45 semanas de idade, as mesmas aves foram alimentadas com dietas com níveis reduzidos de proteína bruta. Foi adotado delineamento inteiramente casualizado, em esquema fatorial, composto por dois sistemas de criação (gaiola e piso) e quatro níveis de proteína bruta (14, 15, 16 e 18%), totalizando oito tratamentos, com cinco repetições e dez aves por unidade experimental. Na recria, foram analisados o consumo de ração, o ganho de peso, a idade ao primeiro ovo e a uniformidade. Na fase de postura, analisaram-se produção de ovos, peso do ovo, consumo de ração, conversão alimentar, ganho de peso e percentagem de ovos sujos. Ainda nesta fase, parâmetros de qualidade de ovos (peso relativo de gema, altura de gema, peso relativo de albúmen, altura de albúmen, unidade Haugh, gravidade específica, espessura de casca e peso de casca), parâmetros bioquímicos sanguíneos (proteína total sérica, albumina plasmática, ácido úrico plasmático e colesterol total plasmático) e biometria de órgãos (comprimento e peso relativo do intestino delgado, comprimento e peso relativo do oviduto, gordura abdominal e pesos relativos de fígado, moela, pâncreas, crista e barbela), foram avaliados. O sistema de criação em piso é indicado para poedeiras semipesadas nas fases de recria e produção, tendo como parâmetros o desempenho e a qualidade dos ovos. Dietas formuladas com base no conceito de proteína ideal, contendo 15% de proteína bruta, são sugeridas para criação em piso ou gaiolas convencionais na fase de postura.
Palavras-chave: aminoácido, cama, desempenho, qualidade de ovos, sistemas de criação
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ABSTRACT
Cages should ensure health, performance and well-being of the animals. The sustainability of the poultry industry in the long term depends on the relationship between performance, egg quality, welfare and profitability in these systems. This work aimed to evaluate the performance and egg quality of laying hens, caged or floor, in the rearing and laying, fed diets based on the concept of ideal protein for the production phase. In recreates, 400 pullets (Hisex Brown) were housed in two systems (cage and floor), receiving a commercial diet and managed according to the Manual of the line, between 12 and 18 weeks of age. Between 30 and 45 weeks of age, the same birds were fed diets with reduced levels of crude protein. It was used a completely randomized design in a factorial arrangement, consisting of two rearing systems (cage and floor) and four levels of crude protein (14, 15, 16 and 18%), totaling eight treatments. We used five replicates and ten birds per pen. In rebuilds were analyzed feed intake, weight gain, age at first egg and uniformity. During the laying period, was evaluated egg production, egg weight, consumption, feed conversion, weight gain and percentage of dirty eggs. Even at this stage, quality parameters of eggs (yolk weight, yolk height, albumen weight, albumen height, specific gravity, shell thickness and shell weight), blood biochemical parameters (total serum protein, plasma albumin, plasma uric acid and plasma total cholesterol) as well as length and relative weight of the small intestine, length and relative weight of the oviduct; abdominal fat and relative weight of liver, spleen, gizzard, pancreas, crest and wattles, were evaluated. The rearing system on floor is indicated for laying hens in the rearing and production, having as parameters the performance and egg quality. Diets based on ideal protein, containing 15% crude protein, are suggested for creation in floor or in conventional cages in laying stage.
Keywords: amino acids, egg quality, litter, performance, systems
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CAPÍTULO 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
1.1. INTRODUÇÃO
A avicultura se destaca como segmento estratégico para o
agronegócio brasileiro, pela oferta de empregos, pela conquista de novos
mercados e por oferecer produtos de qualidade reconhecida pelo Brasil e o
mundo. A pesquisa científica tem contribuído para o aprimoramento dos
processos produtivos, propiciando a otimização dos índices zootécnicos e
contribuindo para que os sistemas intensivos se consolidem como alternativas
viáveis do ponto de vista econômico, social e produtivo.
No entanto, o modelo intensivo de criação de poedeiras vem sendo
questionado quanto ao bem-estar das aves e sua relação com a qualidade dos
produtos e a sustentabilidade do negócio, sob a alegação de que não permite
que as aves realizem alguns comportamentos naturais, como bater e esticar
suas asas, ciscar, empoleirar-se, e se movimentar em diferentes direções.
Outro ponto relevante é a crescente convicção dos consumidores de
que os animais utilizados na produção de alimentos devem ser bem tratados.
As campanhas movidas por diferentes segmentos e a pressão crescente de
organizações não-governamentais sensibilizaram a opinião pública em muitos
países, o que gerou mudanças consideráveis nas leis (ALVES et al., 2007).
Nesse sentido, a Comunidade Européia estipulou o ano de 2012 como limite
para utilização das gaiolas (Diretiva 1999/74/CE), sendo o espaço mínimo
exigido de 750 cm²/ave (TAUSON, 2005).
Esta situação aponta para o cenário em que as aves passem a ser
criadas em gaiolas que promovam o bem-estar, ou ainda, soltas em galpões
com acesso à áreas livres. Esta situação favoreceria o Brasil, visto que possui
área disponível e mão de obra relativamente barata, podendo se tornar um
grande exportador de ovos e derivados. Atualmente, o Brasil ocupa a sexta
posição no ranking dos maiores produtores de ovos do mundo (UBA, 2010).
BROOM (2010), destaca que na reunião da FAO (Food and
Agriculture Organization), em Roma, em 2008, foi enfatizada a necessidade de
apoio à investigação do bem-estar animal em sistemas alternativos em países
em desenvolvimento, afim de promover segurança alimentar. Também na
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reunião da OIE (World Organisation for Animal Health), no Cairo, em 2008, foi
destacada a relação entre bem-estar animal, saúde animal e humana, e
segurança e qualidade dos produtos de origem animal. Foi demonstrado que o
bem-estar animal está claramente relacionado à competitividade, ao uso da
biodiversidade e à saúde pública.
A busca por modelos de criação que possam garantir o bem-estar,
manter os índices produtivos e a qualidade do produto final, leva ao
desenvolvimento de sistemas alternativos de produção de ovos (HOOREBEKE
et al., 2010).
Em sistemas intensivos, o reduzido espaço oferecido e a ausência
de caracteres de enriquecimento ambiental, impossibilitam ou limitam as
atividades consideradas importantes para os animais. Além disso, algumas
práticas empregadas (debicagem, muda forçada e alta densidade) são
questionáveis. Deste modo, a criação em gaiolas tornou-se polêmica, fazendo
com que vários projetos de pesquisa fossem desenvolvidos com o propósito de
avaliar o bem-estar das aves (BROOM E MOLENTO, 2004).
Entretanto, apesar do sistema de criação convencional apresentar
problemas relativos ao bem-estar, a elevada escala de produção, a
regularidade na oferta e o modelo de arranjo produtivo, possibilitam o acesso
da população à uma fonte protéica de qualidade e preço acessível.
A mensuração correta dos elementos que compõem os custos de
produção em diferentes sistemas de criação é fundamental para apoiar
decisões de curto prazo e medir a sustentabilidade destes modelos em longo
prazo (SILVA et al., 2010).
No Brasil, para que o bem-estar seja entendido e valorizado do
ponto de vista ético e econômico, é necessário informar e conscientizar a
população, para promovermos a discussão sobre o tema e sua inserção nas
cadeias produtivas.
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1.2. SISTEMAS DE CRIAÇÃO DE POEDEIRAS COMERCIAIS
1.2.1. Sistema de criação em gaiolas convencionais
O modelo de criação em gaiolas surgiu da necessidade de se alojar
em separado as aves, para monitorar seu desempenho e descartar aves
improdutivas. Posteriormente, foram alojadas mais aves por gaiola, o que
ocasionou a diminuição do bem-estar animal (APPLEBY et al., 1992).
A retirada de dejetos e o controle de parasitas são facilitados no
sistema de criação em gaiolas, no entanto, é necessário maior investimento em
instalações e equipamentos. O confinamento em gaiolas pode também
ocasionar lesões ou fraturas durante o despovoamento ou por reações de
pânico em espaço reduzido.
A utilização de gaiolas também permite maior controle sobre o local
de postura e sobre a higiene. Da mesma forma, o piso das gaiolas, sendo
suspenso, permite que as aves não entrem em contato com suas próprias
excretas, possibilitando o controle mais eficaz contra parasitas e diferentes
agentes patogênicos (HUNTON, 1995). Pode também diminuir a ocorrência de
comportamentos indesejáveis, como a postura fora do ninho e o risco de
fraturas ósseas (poleiros). Em gaiolas, as agressões são menos frequentes do
que em qualquer outro sistema. O canibalismo, embora seja influenciado por
outros fatores, também apresenta menor ocorrência neste sistema (McLEAN et
al., 1986; APPLEBY, 1998), o que se deve, provavelmente, à redução do
tamanho do grupo (APPLEBY et al., 1992).
A relação entre sistemas de criação e produção de ovos de frangas
semipesadas, alojadas em gaiolas convencionais ou galpão com acesso á
áreas livres (free- range), foi objeto de estudo de GOLDEN et al. (2012). Os
autores afirmaram que baseado no desempenho, aves alojadas em gaiolas
apresentaram melhor desempenho e qualidade de ovos, quando comparadas
aquelas criadas em sistemas alternativos.
APPLEBY (1998) sugere a utilização de gaiolas com barras de
arame da face frontal na posição horizontal, para estimular as aves a se
alimentarem ao mesmo tempo, diminuindo a competição pela alimentação.
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Este autor sugere, ainda, a inversão da orientação das gaiolas que, em vez de
estreitas e profundas, passariam a ser largas e com uma menor profundidade.
Em relação ao espaço disponível para cada ave nas gaiolas, existe
grande variação entre alguns países. Nos Estados Unidos e em alguns países
asiáticos, a área utilizada é de até 400 cm²/ave, contrapondo-se à Noruega,
que utiliza 700 cm²/ave. No Brasil, preconiza-se uma área entre 400 e 450
cm²/ave, podendo ser encontradas granjas que utilizam área de
aproximadamente 350 cm²/ave (SILVA E MIRANDA, 2009). A Comunidade
Européia exigiu que, a partir do ano de 2005, a área disponibilizada para cada
ave fosse de pelo menos 550 cm²/ave nas gaiolas convencionais (COMISSION
OF THE EUROPEAN COMMUNITIES, 1999).
Uma comparação entre os sistemas de criação em gaiola e em piso
é apresentada no Quadro 1.
Quadro 1 – Comparação entre sistemas de criação em gaiola e em piso
Parâmetros Gaiola Piso
Qualidade do ar - - Qualidade da água + + Qualidade da dieta + + Controle térmico + + Detecção de problemas de saúde + - Administração de medicamentos + - Controle de parasitas + - Facilidade de desinfecção + - Contato com excretas + - Espaço para exercícios - + Complexidade ambiental - + Oportunidades para ciscar e tomar banho no substrato - + Acesso a ninho e poleiro - + Oportunidade de interação social - + Oportunidade para escapar/evitar perigos - + Probabilidade de canibalismo - + Emprego de debicagem - -
Fonte: Adaptado de HURNIK (1995)
Outra questão relevante é que o piso das gaiolas, por ser de arame,
pode causar deformidades nos pés, fragilidade óssea e problemas no
empenamento (TAUSON, 2005). Segundo PAVAN et al. (2005), o espaço de
gaiola por ave é importante para a determinação dos custos de produção, e
350 - 400 cm²/ave representa o melhor retorno para o produtor de ovos.
5
TACTACAN et al. (2009), estudaram o desempenho e o bem-estar
de poedeiras comerciais em gaiolas convencionais e concluíram que não
houve diferenças na produção e na qualidade dos ovos entre os dois sistemas,
exceto para a percentagem de ovos sujos. Este resultado está de acordo com
os obtidos por SMITH et al. (1993) e ABRAHAMSSON & TAUSON (1997).
Em geral, comportamentos naturais, como bater e esticar asas, são
mais comuns em aves criadas no piso. No entanto, ROLL et al. (2008),
afirmaram que ainda não está claro se estes comportamentos ocorrem devido
à fisiologia na fase de postura ou se as condições das gaiolas afetam as aves.
1.2.2. Sistema de criação em piso
Analisando-se o processo de domesticação das aves (Gallus gallus),
a evolução das sociedades no mundo e as relações entre estes animais e os
seres humanos, é possível afirmar que o sistema de criação em piso sempre
predominou. No entanto, a partir da década de 60, por questões comerciais, foi
necessário alojar as aves em gaiolas. Atualmente, com o maior nível de
informação dos consumidores á respeito dos sistemas de criação e suas
implicações sobre o bem-estar e a saúde das aves, novos modelos de criação
estão sendo desenvolvidos.
Porém, estes novos modelos, denominados alternativos (aviários
fechados, gaiolas enriquecidas e aviários com acesso á áreas livres) devem ser
aprimorados com o objetivo de se tornarem novas opções ao setor produtivo, e
não uma condição única para o setor, visto que alteram a dinâmica dos custos
de produção e são dependentes de uma nova postura dos consumidores.
Os sistemas de criação em piso podem ser similares aos
empregados para frangos de corte. Como diferenciais, apresentam ninhos,
áreas para banho de areia e poleiros distribuídos em um ou vários níveis,
construídos com ripas de madeira ou telas de arame. Estes aviários podem
oferecer acesso ou não a áreas externas. Por haver maior área disponível, as
aves executam seus comportamentos naturais com maior facilidade.
A Diretiva 1999/74/EU determina condições que devem ser seguidas
neste sistema (Quadro 2). Entretanto, os sistemas alternativos devem se
adequar às exigências das diretivas e determinam a área mínima por animal,
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dentre outras (Quadro 3). O piso dos galpões pode ser coberto com substrato
ou possuir apenas uma área específica com este material (ALVES et al., 2007).
Quadro 2. Exigências para sistemas de criação em piso
Comedouros Lineares: 10 cm/ave Circulares: mínimo de 4cm/ave
Bebedouros Contínuos: 2,5 cm/ave Circulares: 1 cm/ave Nipple ou Copo: 1:10 aves
Ninhos Simples: 1:7 aves Agrupados: 1m²/120 aves
Poleiros 15 cm/ave (não podem ser dispostos sobre o piso) Distância horizontal entre os poleiros de no mínimo 30 cm Distância horizontal entre os poleiros e parede de 20 cm
Piso Área mínima de 250 cm²/ave (deve ocupar 1/3 da superfície total)
Densidade Máxima de 9 aves/m² Fonte: COMISSION OF THE EUROPEAN COMMUNITIES (1999)
Quadro 3 – Sistemas de criação de poedeiras comerciais classificados pela
Diretiva 1999/74/EU
Gaiolas convencionais Mínimo de 550 cm²/ave. A partir de 01/2003, não poderão mais ser construídas ou colocadas em serviço pela primeira vez.
Gaiolas enriquecidas Mínimo de 750 cm²/ave. Sistemas sem gaiolas Densidade máxima de 9 aves/m², ninho (1:7 aves) e
poleiros. Fonte: ALVES (2007)
O aumento no número de aves criadas no piso, principalmente na
Europa, tem despertado o interesse sobre a influência do tamanho dos grupos
sobre o comportamento e o desempenho produtivo das aves. DUNCAN et al.
(1992), estudando as relações entre densidade e tamanho do grupo,
concluíram que podem haver interações, principalmente em relação à
capacidade das aves de estabelecerem sub-grupos menores. Segundo este
autor, estes sub-grupos são fundamentais para a segurança social das aves,
contribuindo para o bem-estar.
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Contrapondo a idéia de que grandes grupos seriam prejudiciais à
interação das aves e ao seu bem-estar, HUGHES et al. (1997) observaram
menor incidência de agressões em grupos acima de 300 aves. No entanto, em
sistemas alternativos de criação, a ocorrência de arranque de penas tem sido
frequente. Muitas vezes ocasionado pela ausência de substrato apropriado,
alta lotação, compactação excessiva do substrato e fobia à ambientes abertos.
Existe ainda uma associação entre o arranque de penas e doenças como
peritonite e bronquite infecciosa. Predisposição genética e seleção para
produção de ovos maiores também podem estar associadas á este fenômeno.
A qualidade do ar em sistemas de criação no piso é bastante
deficitária, afetando a saúde das aves e das pessoas. A grande quantidade de
excretas e a circulação das aves resultam em maiores concentrações de
bactérias e fungos no ar, em comparação a sistemas convencionais. Altas
concentrações de poeira no ar tem sido associadas à lesões pulmonares
graves em aves criadas neste sistema (MICHEL & HUONNIC, 2003). Em
humanos, experimentos têm revelado a ocorrência de fortes reações
inflamatórias e casos de bronquite crônica (LARSSON et al., 1999).
KRISTENSEN et al. (2000) afirmaram que as taxas de emissão de
amônia são maiores nestes sistemas. O manejo das cortinas e a utilização de
ventiladores e exaustores são ferramentas utilizadas para se renovar o ar
nestes galpões. Os mesmos autores demonstraram que as aves detectam a
presença de amônia no ar e mostram aversão a ela, preferindo o ar fresco em
relação ao ar com 45 ou 25 ppm de amônia, quando lhes foi dada esta opção.
RODENBURG et al. (2005) também afirmaram que em sistemas
alternativos, a qualidade do ar é comprometida pela intensa movimentação das
aves, e há maior incidência de canibalismo devido às complexas interações
sociais existentes.
Normalmente, aves criadas no piso apresentam melhor resistência
óssea e muscular, entretanto, MICHEL & HUONNIC (2003) afirmaram que a
criação neste sistema pode comprometer esta condição. Estes autores também
afirmaram que as taxas de lesões musculares foram maiores neste sistema. Da
mesma forma, a taxa de mortalidade foi maior no piso do que em gaiolas.
Por outro lado, ALVES et al. (2007) afirmaram que o sistema de
criação no piso pode apresentar resultados semelhantes ao sistema de criação
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em gaiolas, pois possibilita obter desempenho produtivo equivalente, e quando
sob condições térmicas inadequadas, pode contribuir para manter a qualidade
da casca e diminuir o número de ovos trincados, devido a melhor
termorregulação.
Outro ponto importante é a necessidade de se buscar, por meio de
programas de seleção genética, a readaptação das aves aos sistemas
alternativos, visto que as linhagens atuais “se esqueceram” de como utilizar os
ninhos. GUINEBRETIERE et al. (2012) afirmaram que a utilização de
substratos nos ninhos é decisiva para motivar as aves a utilizarem estas
estruturas.
STAMPFLI et al. (2011), estudando a produção e o comportamento
de poedeiras leves ao terem acesso à ninhos com inclinação de 12% ou 18%
em relação ao piso, e à ninhos sem inclinação (controle), observaram maior
preferência das aves pelo ninho inclinado em 12%, visto que houve maior
produção, visitas e tempo de permanência.
Em grupos maiores, complexas interações sociais podem ocorrer,
com formação de subgrupos. Em geral, a agressão não parece ser problema
em grupos muito grandes, talvez porque as aves não conseguem distinguir
entre indivíduos familiares ou estranhos. No entanto, há possibilidade de que
as aves percebam todos os companheiros de rebanho como estranhos, o que
pode ser muito preocupante. A sociabilidade das aves pode ser uma variável
de interesse em programas de melhoramento genético, visto que certas
linhagens podem não se adaptar à criação em grupos (HUGHES et al., 1997).
Analisar a adoção de sistemas de criação alternativos implica em
estabelecer uma nova dinâmica dos parâmetros zootécnicos. Neste sentido,
SILVA et al. (2006), avaliando a influência de diferentes condições ambientais
no desempenho produtivo de poedeiras Hy-line W-36 e Hy-line Brown
submetidas a dois sistemas de criação (piso e gaiola), observaram que houve
aumento na temperatura retal das aves para a condição de estresse térmico,
independentemente da linhagem comercial. Também verificaram que aves
criadas no piso apresentaram menor temperatura retal, provavelmente devido à
maior área disponível, o que facilitou as trocas térmicas e a circulação de ar
entre os animais.
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ALVES (2007), pesquisando aves poedeiras das linhagens Isa
Brown e Hy-line W-36, confrontando os sistemas de criação em piso e em
gaiolas, observou que as aves mantiveram as temperaturas retais dentro dos
limites considerados normais (41 a 42ºC).
SINGH & CHENG (2009) avaliaram o desempenho e a qualidade
dos ovos de quatro linhagens de poedeiras comerciais, mantidas em gaiolas
convencionais e também no piso de aviários e relataram que a qualidade dos
ovos também é influenciada pelo sistema de criação, assim como a idade das
aves. Neste estudo, a produção de ovos das linhagens leves e das linhagens
semipesadas foram semelhantes, porém, observaram efeitos dos sistemas de
criação sobre o consumo de ração e a eficiência alimentar.
HOOREBEKE (2010), avaliando os fatores que potencializam o risco
de contaminação por Salmonella spp. em poedeiras comercias, utilizando
amostras coletadas em quatro países (Bélgica, Alemanha, Itália e Grécia) e em
diferentes sistemas de criação (baterias convencionais, piso, produção
orgânica e em galpões com acesso a áreas livres), afirma que nos sistemas de
criação em gaiolas ou baterias, a ocorrência de infecções por Salmonella spp.
é mais intensa que em sistemas alternativos de criação.
A influência do sistema de criação nos parâmetros comportamentais
de duas linhagens de poedeiras submetidas a duas condições ambientais foi
estudada por SILVA et al. (2006), os quais concluíram que no sistema de
criação convencional (gaiolas), mesmo sem nenhuma condição, as aves
tentaram executar seus hábitos naturais, e certamente, a impossibilidade de
expressarem estes comportamentos ocasionou uma condição de estresse.
A adoção de sistemas de criação que se baseiam na promoção do
bem-estar animal pressupõe o monitoramento contínuo dos parâmetros de
bem-estar. O COMMITTEE ON ANIMAL HEALTH AND ANIMAL WELFARE
(2001) sugeriu a utilização de quatro abordagens diferentes para um correto
monitoramento:
10
Saúde e Doença: O animal doente apresenta comprometimento de seu bem-
estar. Isto pode estar ligado ao sistema de criação adotado. A observação
da condição do empenamento, dos pés, da pele e da condição geral das
aves podem ser utilizados como parâmetros ao se avaliar a saúde e o bem-
estar. Deste modo, escores ou pontuações podem ser adotados para avaliar
os efeitos das práticas de manejo sobre as aves, tais como: a condição de
alojamento, composição da dieta, genótipo, debicagens e programas de luz.
Produtividade: se o animal está crescendo normalmente, produzindo e se
reproduzindo a contento, provavelmente se encontra em estado de bem-
estar. No entanto, a produtividade não pode ser utilizada isoladamente, pelo
fato desta ser influenciada por vários fatores simultaneamente.
Fisiologia: Algumas condições ambientais podem levar à alterações
fisiológicas, acarretando diferentes padrões de resposta nos mais variados
tecidos. Variações climáticas, ruídos, mudanças de ambiente e alta
densidade, levam a liberação de hormônios (corticosteróides) que indicam o
nível de estresse das aves. Os resultados são: elevação da frequência
cardíaca, aumento do corticosterona plasmático e níveis de catecolaminas,
hipertrofia e atrofia da adrenal, imunossupressão, mudanças nos hormônios
reprodutivos e mudanças neuroquímicas (FREEMAN, 1988).
Comportamento: A observação do comportamento dos animais pode
oferecer respostas confiáveis sobre o bem-estar, visto que está relacionado
ao ambiente em que este animal é criado. De acordo com WECHSLER et al.
(1997), o conhecimento da organização comportamental do animal deve ser
incorporado ao do sistema de produção, utilizando-se a etologia aplicada
como ferramenta para interpretar o nível do bem-estar dos animais.
É preciso implementar ações para elevar a eficiência econômica dos
sistemas alternativos, visto que alguns estudos apontam uma elevação nos
custos na ordem de 8 a 20% (MOLENTO, 2005; RAINERI, 2012), o que pode
inviabilizar a sua adoção em larga escala. Isto ocorre principalmente em casos
em que há necessidade de grandes investimentos em instalações e
equipamentos. O setor avícola precisa estar preparado para manter a oferta de
alimentos e atender as exigências dos consumidores a partir dos novos
sistemas de criação de poedeiras comerciais.
11
1.3. BEM-ESTAR ANIMAL
O entendimento do bem-estar animal exige conhecimento sobre a
espécie em questão e de suas relações com o meio. A abordagem
multidisciplinar é necessária, integrando conceitos, além da definição clara e
inequívoca do que é bem-estar animal (COSTA, 2002).
No início da década de 90, diversos autores (ALBRIGHT,1992;
FRIEND, 1990; LEAVITT, 1990; FRASER & BROOM, 1990) alertavam para a
necessidade do sistema educacional ensinar os princípios básicos do bem-
estar animal, e também, preparar os estudantes para as mudanças nos
sistemas de produção e nos hábitos de consumo que ocorreriam nas décadas
seguintes.
O termo bem-estar refere-se ao estado do indivíduo frente ao
ambiente em que vive. Animais de produção têm necessidades
comportamentais específicas e são capazes de alterar seu comportamento
para se adaptarem ao ambiente em que vivem (BROOM, 1991).
O bem-estar animal tem sido definido de várias formas. A maioria
das definições concordam que o bem-estar ocorre quando os animais estão em
harmonia com seu ambiente. No entanto, algumas definições enfatizam que
sempre haverá desafios para os animais em qualquer ambiente, e que o bem-
estar ocorre quando os animais são capazes de lidar com esses desafios.
Ainda existe muita discussão se o bem-estar deve ser definido em última
análise, em termos de sentimentos (fome, dor, medo, frustração e prazer), ou
em termos de funcionamento biológico, mais fáceis de serem mensurados.
O Farm Animal Welfare Council (FAWC), em seu relatório sobre
bem-estar animal, apresenta como condição à definição de bem-estar, o
reconhecimento das cinco liberdades inerentes aos animais:
a liberdade fisiológica (ausência de fome e sede);
a liberdade ambiental (edificações adaptadas);
a liberdade sanitária (ausência de doenças e de fraturas);
a liberdade comportamental (expressão de comportamentos naturais);
a liberdade psicológica (ausência de medo e de ansiedade).
12
WEEKS et al. (2000) afirmaram que este tema deve ser analisado
segundo três pontos de vista:
O bem-estar é uma característica de um animal e não é algo que pode ser
fornecido a ele. A ação humana pode melhorar o bem-estar, mas não
garante este estado apenas fornecendo um equipamento ou permitindo que
realize determinada atividade relacionada ao seu instinto natural;
O nível de bem-estar pode variar bastante, e não se pode pensar apenas em
preservar e garantir esta condição, mas sim, em melhorá-la continuamente;
O bem-estar pode ser medido cientificamente, independentemente de
considerações morais. A sua medida e interpretação deve ser a mais
objetiva possível.
Do ponto de vista fisiológico, o bem-estar é assegurado graças à
manutenção da homeostase, equilíbrio complexo, dinâmico e harmonioso. A
homeostase se dá por diferentes sistemas funcionais de controle, envolvendo
mecanismos fisiológicos e reações comportamentais, mantendo estável, por
exemplo, a temperatura corporal, o balanço hídrico e as interações sociais. O
bem-estar é prejudicado quando o animal não consegue manter a homeostase,
ou quando consegue mantê-la a um alto custo. Deste modo, toda vez que o
organismo é ameaçado (fisica ou psicologicamente) ocorrem respostas
adaptativas que se contrapõem aos efeitos dos estímulos, na tentativa de se
restabelecer a homeostasia. Nesta condição, pode-se afirmar que o animal se
encontra em estado de estresse (LAAN, 1999).
Atualmente, graças às informações disponíveis à respeito dos
sistemas de criação, uma parcela considerável da sociedade passou a
considerar o sofrimento animal como um fator importante no momento da
escolha do produto a ser consumido, afetando economicamente a cadeia
produtiva de ovos (MOLENTO, 2005).
Nas sociedades de demanda mais desenvolvida por bem-estar,
existem estudos detalhados do impacto que o padrão de bem-estar pode ter
nas relações custo-benefício.
Estudando as relações entre bem-estar animal, economia e política,
MCINERNEY (2004) ressalta que o bem-estar pode assumir um valor
econômico independente do valor puramente produtivo dos animais. Esta visão
é essencial para justificar que se tomem atitudes racionais para assegurar
13
melhorias na qualidade de vida destes animais, que envolvem o emprego de
recursos e incrementos nos custos de produção.
Sistemas de criação alternativos, que buscam a manutenção ou
melhoria dos índices zootécnicos por meio da promoção do bem-estar animal,
serão adotados progressivamente, no momento em que toda a cadeia
produtiva estabelecer relações comerciais que viabilizem, técnica e
economicamente, a adoção de medidas de fomento ao bem-estar.
1.4. PROTEÍNA IDEAL
Atualmente, as linhagens de poedeiras comerciais são precoces e
apresentam altos picos de produção, o que exige a revisão periódica de suas
necessidades nutricionais e a adoção de programas alimentares específicos.
Nas últimas décadas, o desenvolvimento genético dos grãos, a geração de
novas tecnologias de processamento de alimentos e os estudos em
metabolismo e nutrição animal, colaboraram para a evolução dos índices
produtivos da avicultura brasileira (MENDOZA et al., 2001).
Neste contexto, a busca por métodos de formulação de rações que
atendessem à demandas cada vez mais específicas de nutrientes, foi um dos
pontos priorizados pela pesquisa científica.
A formulação de dietas com base na proteína ideal pressupõe o
conhecimento das exigências dos aminoácidos digestíveis, das condições
ambientais e dos objetivos a serem atingidos, para que a redução protéica na
dieta realmente ocorra. As exigências nutricionais de aminoácidos digestíveis,
obtidas pelos métodos de dose-resposta ou fatorial, podem variar em função da
produção, do peso corporal, da taxa de crescimento e do nível de interação
existente entre os aminoácidos.
Por sua importância metabólica e efeito direto nos custos, a proteína
foi um dos nutrientes mais estudados. De acordo com SILVA (1997), a proteína
dietética fornece os aminoácidos que serão utilizados para exercerem inúmeras
funções de constituintes primários dos tecidos estruturais e de proteção, como
pele, penas, matriz óssea, ligamentos e tecidos dos órgãos e músculos, além
de serem precursores de inúmeros constituintes corporais não protéicos. A
eficiência da utilização desta proteína esta relacionada à disponibilidade dos
14
aminoácidos e verifica-se que é possível reduzir o teor de proteína dietética
com a suplementação de aminoácidos (ANDRADE et al., 2004).
As poedeiras apresentam baixa habilidade para armazenar a
proteína ingerida (ROCHA et al., 2009) e, de acordo com ANDRADE et al.
(2003), dietas para poedeiras são baseadas num nível mínimo de proteína, que
geralmente está acima da exigência da ave. O fornecimento de dietas
formuladas com base na proteína bruta pode promover queda no consumo,
degradação da proteína muscular, queda da produção, aumento da produção
de calor metabólico e aumento na excreção de nitrogênio (COSTA et al., 2004).
A redução do teor protéico das rações, com utilização de
aminoácidos industriais, quando aplicada à dietas fornecidas em condições
ambientais adequadas, promove a redução do incremento calórico gerado pelo
metabolismo proteíco, diminui a excreção de nitrogênio e mantém ou eleva a
produtividade das aves por meio do atendimento à demandas específicas de
cada aminoácido. A redução protéica é o objetivo maior da formulação de
rações com base no conceito de proteína ideal. LIANG et al. (2005), afirmaram
que a redução da proteína bruta em 1%, em dietas balanceadas, pode reduzir
em até 10% a emissão de amônia, sem afetar o desempenho das aves.
Entretanto, a redução da proteína sem a adequada suplementação
de aminoácidos essenciais diminui o consumo de ração e a produção de ovos,
além de alterar o comportamento social das aves, resultando em canibalismo
(PEGANOVA & EDER, 2003).
Este conceito foi proposto inicialmente por MITCHELL (1964) ao
trabalhar com exigências de aminoácidos. O ARC (Conselho Britânico de
Pesquisa Agrícola), em 1981, recomendou a utilização deste conceito na
nutrição de suínos (MENDOZA et al., 2001).
MARTINEZ E LAPARRA. (1998) definem o conceito de proteína
ideal como sendo um balanço exato de aminoácidos capaz de prover, sem
excesso ou déficit, as necessidades de todos os aminoácidos essenciais,
expressando-os como percentagem da lisina. Deste modo, uma vez
estabelecida a exigência de lisina, as exigências para os demais aminoácidos
podem ser facilmente calculadas.
A formulação de rações com base no conceito de proteína ideal
contribui para a redução dos custos relativos à nutrição, bem como assegura o
15
desempenho das aves em condições de estresse por calor. No entanto, sua
adoção está vinculada à disponibilidade e custo dos aminoácidos indutriais, e
ao conhecimento da digestibilidade dos diferentes aminoácidos.
1.4.1. Metabolismo de proteína
As proteínas podem ser definidas como polímeros de aminoácidos,
unidos por ligação covalente. Cada um desses polímeros é constituído por 20
diferentes aminoácidos e as células podem produzir proteínas unindo os
referidos polímeros em combinações e seqüências distintas. A partir destes
ajustes são constituídas, enzimas, hormônios, anticorpos, transportadores e
fibras musculares (NELSON & COX, 2006). Toda proteína do organismo animal
é representada por proteína funcional, isto é, faz parte das estruturas teciduais
ou dos sistemas metabólicos, tais como sistemas hormonais, de defesa e de
transporte (TORRES & MARZZOCO, 2007).
No caso de excesso na ingestão protéica, o organismo degradará a
proteína que não foi utilizada, oxidará os aminoácidos liberados e excretará seu
nitrogênio juntamente com a urina.
No entanto, na célula, há um reservatório metabólico ativo de
aminoácidos em estado de equilíbrio dinâmico que pode ser utilizado quando
necessário. O contínuo estado de síntese e degradação de proteínas,
denominado “turnover”, é necessário para manter este “pool” metabólico e
satisfazer a demanda por aminoácidos nas células e tecidos quando são
estimulados a produzirem novas proteínas. Vários aminoácidos apresentam
suas vias metabólicas acopladas ao metabolismo de outros aminoácidos
(CAMPBELL, 2005; NELSON & COX, 2006).
A degradação protéica serve para a produção de energia a partir da
oxidação dos aminoácidos individuais e a conversão destes em outros
produtos. A via de degradação de um aminoácido pode ser a via para síntese
de um outro aminoácido (NELSON & COX, 2006).
A degradação dos aminoácidos também forma outros produtos que
não são aminoácidos: os componentes do organismo que contém nitrogênio.
Quando os aminoácidos são degradados para energia, em vez de convertidos
para outros compostos, os produtos finais são dióxido de carbono (CO2), água
16
(H2O) e uréia ((NH2)2CO). O dióxido de carbono e a água são produzidos
diretamente no metabolismo intermediário envolvendo o ciclo do ácido
tricarboxílico (NELSON & COX, 2006).
A uréia é produzida porque, algumas moléculas, tais como a amônia,
são tóxicas caso suas concentrações aumentem no sangue e dentro das
células. As aves, por sua vez, excretam o excesso de nitrogênio na forma de
ácido úrico. No caso destes animais, a síntese de ácido úrico é controlada pela
xantina-oxidase hepática, cuja atividade aumenta com o teor protéico da ração.
A glicina atua no metabolismo do ácido úrico, e sua síntese é insuficiente para
atender a exigência de crescimento e assegurar a produção de ácido úrico ao
mesmo tempo. Neste caso, a serina pode atuar na síntese da glicina e
substituí-la no alimento Em condições fisiológicas e nutricionais normais, a
uricemia de uma ave varia entre 30 e 100mg/L e a quantidade de ácido úrico
excretada por dia fica compreendida entre 4 e 5g (DONSBOUGH et al., 2010).
Após a absorção intestinal, os aminoácidos são transportados
diretamente ao fígado pelo sistema porta. Esse órgão exerce função importante
como modulador da concentração de aminoácidos plasmáticos. Cerca de 20%
dos aminoácidos que são metabolizados no fígado são liberados para a
circulação sistêmica, cerca de 50% são transformados em uréia e 6% em
proteínas plasmáticas (NELSON & COX, 2006).
Os aminoácidos liberados na circulação sistêmica, especialmente os
de cadeia ramificada (isoleucina, leucina e valina), são depois metabolizados
pelo músculo esquelético e pelos rins. O destino dos aminoácidos em cada
tecido varia de acordo com as necessidades do momento daquele tecido,
havendo um equilíbrio dinâmico entre as proteínas tissulares com os
aminoácidos ingeridos pela dieta e os aminoácidos circulantes.
PACK (2002) afirmaram que as aves utilizam, efetivamente, 40% do
nitrogênio ingerido para produção de ovos e carne. Os 60% restantes são
eliminados nas excretas.
O desenvolvimento normal de um indivíduo é caracterizado pelo
anabolismo intenso e depende de suprimento adequado de nutrientes. Destes,
as proteínas exercem papel fundamental, pois a forma essencial do
desenvolvimento é padronizada e regulada pela síntese das diferentes
proteínas que compõem os diversos tecidos do corpo.
17
1.4.2. Exigências de aminoácidos e o conceito de proteína ideal
Os aminoácidos têm relação direta com a produção de ovos,
conversão alimentar e eficiência de utilização de nitrogênio. Dietas formuladas
com nível protéico adequado e equilibradas em relação à aminoácidos totais,
otimizam os custos e promovem um menor impacto ambiental. A intensificação
dos estudos sobre exigências nutricionais e metabolismo de nutrientes permitiu
o desenvolvimento do conceito de proteína ideal, que busca reduzir o teor
protéico e favorecer o equilíbrio entre os aminoácidos.
ROSTAGNO et al. (2011), afirmaram que poedeiras semipesadas,
na fase de recria (13º a 18º semana de idade), alimentadas com dietas
contendo 2.900 Kcal/kg de E.M., apresentam exigências de 14% para proteína
bruta, 0,467% para lisina digestível, 0,210% para metionina, 0,383% para
metionina+cistina e 0,322% para treonina. Em relação á fase de postura, estes
autores sugerem que poedeiras semipesadas alimentadas com dietas
contendo 2.900 Kcal/kg de E.M., consumindo 109 g de ração/ave/dia e
produzindo ovos com peso médio de 55 g, apresentam exigências de 15,60%
para proteína bruta, 0,754% para lisina digestível, 0,377% para metionina,
0,686% para metionina+cistina e 0,573% para treonina.
Entretanto, as exigências nutricionais apresentadas no MANUAL DE
MANEJO HISEX BROWN (GLOBO AVES, 2006) para a fase de recria, são de
16,50% para proteína bruta, 0,380% para metionina digestível, 0,700% para
metionina+cistina e 0,870% para lisina. Para a fase de postura, os níveis de
18% de proteína bruta, 0,400% de metionina digestível, 0,690% de
metionina+cistina e 0,880% de lisina foram recomendados por este manual.
O conceito de proteína ideal consiste em selecionar um aminoácido
como referência e basear as exigências dos outros aminoácidos como
proporção deste. Para tanto, exige que o nutricionista tenha informações
precisas quanto às condições ambientais, exigências nutricionais, estado
sanitário, genética e estágio produtivo, para obter a relação ideal entre os
aminoácidos (BELLAVER et al., 2002).
Para aves criadas em ambientes com temperatura mais elevada,
este conceito contribui para a regulação da temperatura corporal, a partir da
18
diminuição do conteúdo protéico da dieta, reduzindo o incremento calórico
gerado pelo catabolismo de aminoácidos.
É fundamental que não só a exigência de cada aminoácido seja
atendida, mas que o equilíbrio entre eles seja buscado continuamente,
principalmente entre lisina, arginina, metionina, cistina, treonina e triptofano,
pois podem minimizar a excreção de nitrogênio, economizando energia para
crescimento e manutenção (ALETOR et al., 2000).
ISHIBASHI et al. (1998) consideraram que a variação na
necessidade de aminoácidos está relacionada à fatores como linhagem, idade,
taxa de produção e níveis de proteína bruta.
O excesso de aminoácidos no organismo exige um gasto extra de
energia para sua metabolização. Esta energia é desviada da produção para os
processos de excreção do nitrogênio na forma de ácido úrico. Além disso, pode
ocorrer sobrecarga do fígado e dos rins, pois os aminoácidos são desaminados
até ácido úrico, subindo o nível desse composto no sangue. Parte da proteína
não utilizada fornecerá o esqueleto carbônico para a formação de gorduras que
serão depositadas no organismo da ave (ALETOR et al., 2000).
Em poedeiras comerciais, o custo metabólico para incorporar um
aminoácido a uma cadeia protéica, ou excretá-lo, exige gasto de energia. São
necessárias quatro moléculas de ATP/g de N para incorporá-los e seis
moléculas para eliminá-los (Mc LEOD, 1997). Porém, a redução do nível
protéico da ração em mais de 4%, sem a suplementação de aminoácidos
essenciais, pode diminuir a produção de ovos e aumentar a incidência de
canibalismo (PEGANOVA & EDER, 2003).
Apesar da utilização do conceito de proteína ideal ter se consolidado
com resultados positivos, os efeitos desta prática sobre o desempenho de
poedeiras comerciais ainda necessita ser estudado e aprimorado.
1.4.3. A lisina como aminoácido referência
A lisina é o aminoácido mais exigido em quantidade para deposição
protéica, embora seja o segundo aminoácido limitante para as aves, depois da
metionina. Segundo FARIA FILHO et al (2007), entre os aminoácidos
essenciais, a lisina foi considerada como referência pelas seguintes razões:
19
É o primeiro aminoácido limitante em dietas para suínos e o segundo
limitante em dietas para aves;
Trata-se de um aminoácido estritamente essencial, ou seja, não há síntese
endógena;
É de análise relativamente simples;
Sua exigência é bastante conhecida para diferentes condições ambientais e
germoplasmas;
Existe muita informação sobre sua concentração e digestibilidade nos
ingredientes;
Aminoácido envolvido exclusivamente com a síntese protéica;
Sua suplementação é economicamente viável;
Pelo fato da lisina ser considerada referência, os demais
aminoácidos essenciais são dados como percentagem de seu conteúdo
(FULLER & WANG, 1990). No entanto, muitas relações entre os aminoácidos
ainda devem ser confirmadas, para se ter certeza da relação entre a lisina e os
demais aminoácidos (MENDOZA et al., 2001)
A mudança nas concentrações de lisina digestível nas rações são
acompanhadas de alterações proporcionais dos demais aminoácidos ou, pelo
menos, mantidas relações mínimas destes com a lisina, para que não limitem o
desempenho dos animais. Esse padrão de relação dos demais aminoácidos
com a lisina possibilita a formulação de dietas mais ajustadas e precisas. Na
fase de crescimento, a lisina destina-se, preferencialmente, à deposição de
tecido muscular. Portanto, animais com alta taxa de deposição protéica
necessitam de um maior teor de lisina na dieta, pelo incremento da síntese
diária de proteína muscular (FILARDI et al., 2006).
1.4.4. Formulação de dietas à partir do conceito de proteína ideal
Em dietas para aves, os componentes que mais influenciam o custo
de produção são a energia e os aminoácidos. Com o surgimento da produção
de aminoácidos industriais, as dietas passaram a ser formuladas com um
menor nível protéico e com um nível de aminoácidos mais próximo das
necessidades das aves (MARTINEZ & LAPARRA, 1998).
20
Reduzindo o nível de proteína bruta nas dietas não reduzirá apenas
o consumo de nitrogênio, mas também o percentual de nitrogênio não utilizado
nas excretas. É fundamental relacionar a proteína da dieta com os níveis de
cada aminoácido para reduzir a excreção de nitrogênio. ANONYMOUS (1994),
trabalhando com rações à base de milho e farelo de soja com reduzidos níveis
protéicos (15,5%, 14,5% e 13,5%), 0,60% de metionina+cistina digestíveis e
0,70% de lisina digestível, para poedeiras leves ás 52 semanas de idade,
obteve consumo de ração de 110 g durante o período de postura e pequena
redução na eficiência alimentar para o nível de 13,5% de proteína bruta.
Porém, SUIDA et al. (2001) afirmaram que existem alguns fatores
que podem afetar negativamente o desempenho das aves, quando dietas de
baixa proteína são formuladas, e que devem ser sempre observados:
a. Relacionar o nível de lisina e de energia com o mínimo protéico a ser
formulado;
b. Formular as dietas a partir do conceito de proteína ideal, verificando os
níveis mínimos dos aminoácidos essenciais, como metionina+cistina,
treonina, triptofano, isoleucina, glicina+serina, arginina e valina;
c. Considerar que as aves possuem exigências também para aminoácidos não
essenciais e nitrogênio, gerando a ingestão de mínimo protéico para otimizar
o seu desempenho;
d. Outros nutrientes a serem verificados sempre, ao reduzir a proteína da dieta,
são a colina e os minerais que influenciam o balanço eletrolítico (K, Na e Cl).
De acordo com ROSTAGNO et al. (2011), os coeficientes de
digestibilidade de aminoácidos dos principais ingredientes utilizados em rações
para aves, comprovam que a digestibilidade dos aminoácidos, na maioria dos
casos, é muito inferior a 100%. Portanto, rações formuladas com base em
aminoácidos digestíveis atenderiam mais eficientemente que aquelas
formuladas com base na concentração total de aminoácidos (DOUGLAS &
PARSONS, 1999; MAIORKA et al., 2004).
A suplementação de aminoácidos industriais em rações comerciais
tem facilitado o ajuste das formulações, por possibilitar um melhor balanço
entre os aminoácidos essenciais.
21
Os resultados obtidos com o emprego de aminoácidos industriais
estão relacionados ao nível de inclusão dos ingredientes, ao valor nutricional
de seus aminoácidos, e também ao balanceamento de energia e demais
nutrientes da ração (SADIKU & JAUNCEY, 1995).
De acordo com BAKER & HAN (1994), em situações práticas, lisina,
metionina, cistina, treonina, triptofano, valina e arginina, são os aminoácidos
essenciais de maior importância para a produção de aves.
1.4.5. Desempenho de poedeiras comerciais consumindo rações
formuladas com base no conceito de proteína ideal
SILVA et al. (2006), avaliando o desempenho de poedeiras leves
alimentadas com dietas contendo diferentes níveis de proteína, suplementadas
com aminoácidos essenciais, durante o período total de produção, verificaram
que a redução do nível protéico de 16,5% para 15,25 e 14%, não afetou o
consumo de ração e as conversões por massa e por dúzia de ovos, sugerindo
a utilização de dietas com nível protéico abaixo do recomendado por
ROSTAGNO et al. (2005).
Estes resultados corroboram com aqueles obtidos por ANDRADE et
al. (2003) que trabalharam com redução da proteína de 17 para 16 e 15%
durante o pico de postura de poedeiras leves utilizando suplementação das
duas últimas dietas com Met+Lys; Met+Lys+Thr e Met+Lys+Thr+Trp. Os
autores sugeriram a possibilidade de redução do nível de proteína da ração
com a suplementação apenas de Met+Lys. Do mesmo modo, RIZZO et al.
(2004) concluíram que rações com 14% de proteína, suplementadas com
aminoácidos essenciais, garantem desempenhos satisfatórios em poedeiras
leves.
Em estudos com poedeiras comerciais recebendo rações formuladas
com base em aminoácidos totais e digestíveis (WANGEN, 1993; FARRELL et
al., 1999; KHATUN et al., 1999; SILVA et al., 2000a; CASARTELLI et al., 2005;
FILARDI et al., 2006), observaram-se resultados conflitantes quanto ao
desempenho produtivo das aves e à qualidade dos ovos.
A formulação com base em aminoácidos digestíveis é mais
vantajosa que aquela com base em aminoácidos totais, principalmente quando
22
se utilizam ingredientes em substituição ao milho e soja. No entanto, os
resultados relatados por SILVA et al. (2000a), CASARTELLI et al. (2005) e
FILARDI et al. (2006) não confirmaram essa vantagem.
PACHECO et al. (2010), trabalhando com poedeiras Isa Brown
alimentadas com diferentes níveis de lisina digestível (0,482; 0,527; 0,582;
0,644 e 0,732%) e zinco quelato (20, 40 e 80 ppm), em dois períodos de
avaliação, de 24 a 36 e de 48 a 60 semanas de idade, observaram que na fase
de 24 a 36 semanas de idade, houve influência da interação de lisina digestível
e zinco no consumo médio diário de ração e na porcentagem de postura. Na
fase de 48 a 60 semanas, a interação foi evidenciada somente no consumo
médio diário de ração. O aumento da concentração de lisina digestível
favoreceu o consumo de ração em todos os níveis de zinco. O valor médio
estimado de lisina digestível ideal foi de 0,732% para a fase de 24 a 36
semanas e, de 0,578%, para a fase de 48 a 60 semanas de idade.
Este trabalho objetivou avaliar o desempenho, a qualidade de ovos,
e o perfil metabólico de aves criadas no piso, através das concentrações de
parâmetros bioquímicos sanguíneos e da biometria de órgãos do trato
digestório de poedeiras semipesadas (Hisex Brown), alimentadas com rações
formuladas com base no conceito de proteína ideal na fase de produção.
1.5. REFERÊNCIAS
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USA, p.106, 1992.
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23
5. ANDRADE, L.; JARDIM FILHO, R.M.; STRINGHINI, J.H.; LEANDRO, N.S.M.; OLIVEIRA, A.S.C. O uso de rações com diferentes níveis de proteínas suplementadas com aminoácidos na alimentação de poedeiras na fase inicial de produção. Revista Brasileira de Ciência Avícola, Campinas, Suplemento 5, p.66, 2004.
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30
CAPÍTULO 2. DESEMPENHO DE FRANGAS SEMIPESADAS CRIADAS EM
DOIS SISTEMAS DE PRODUÇÃO NA FASE DE RECRIA
Resumo
Neste experimento, foi avaliado o desempenho de frangas
semipesadas (Hisex Brown), na fase de recria (12° a 18° semanas de idade),
criadas em gaiolas ou piso. Um total de 400 frangas, com 11 semanas de
idade, foram alojadas em dois sistemas de criação, alimentadas com dieta
comercial e manejadas conforme o Manual da Linhagem. Foram analisados o
consumo médio semanal, o consumo médio total, o peso médio semanal, o
peso médio total, o ganho de peso médio semanal, o ganho de peso médio
total, idade ao primeiro ovo e uniformidade do lote. Foi adotado o delineamento
inteiramente casualizado, com dois tratamentos (gaiola e piso), vinte repetições
e dez aves por unidade experimental. Para o consumo médio semanal, as aves
no piso apresentaram consumo crescente, entretanto, sem diferença estatística
entre a 13° e a 15° semanas de idade, e entre a 16° e 17° semanas. Aves
criadas no piso apresentaram maior peso médio semanal, ganho de peso total,
ganho de peso semanal, idade ao primeiro ovo e uniformidade. Enquanto aves
criadas em gaiolas consumiram mais ração. O sistema de criação no piso se
configura como opção para a fase de recria.
Palavras-chave: bem-estar, crescimento, franga, gaiola, piso
31
CHAPTER 2. RAISING BROWN PULLETS IN TWO PRODUCTION
SYSTEMS IN GROWING PHASE
Abstract
In this experiment, the development of Hisex Brown pullets (Hisex Brown), in
growing period (12 to 18 weeks of age), raised in conventional cages or in wood
shavings 8-cm litter was evaluated. A total of 400 11-week brown pullets were
allotted in two systems, (cage and litter), fed the same diet and raised according
to the genetic line manual. The mean week feed intake, total feed intake, week
mean weight, total mean weight, week mean weight gain, total mean weight
gain and age at first egg. A completely randomized design was used, with two
treatments, twenty replicates and ten birds per experimental unit. For the
average weekly consumption, the birds on the ground showed increasing
consumption, however, no statistical difference between the 13 ° and 15 °
weeks of age, and between 16 ° and 17 weeks. Birds raised floor had higher
average weekly weight, total weight gain, weekly weight gain, age at first egg
and uniformity. While caged birds consumed more feed and better feed. The
farming system in the floor is configured as an option for the growing phase.
Keywords: cage, growing, litter, pullet, welfare
32
2.1. INTRODUÇÃO
A promoção do bem-estar animal é imprescindível para a
sustentabilidade do negócio avícola e sua adequação às demandas do
mercado mundial, especialmente por produtos de origem animal oriundos de
sistemas de criação que priorizem o bem-estar (ALVES et. al., 2007). Esses
sistemas de criação devem ser conduzidos para promover a melhor relação
entre produção, saúde, qualidade do produto e bem-estar animal.
Assim, o sistema de criação em gaiolas tornou-se uma das maiores
polêmicas acerca do bem-estar animal. A elevada densidade populacional e a
ausência de caracteres de enriquecimento ambiental impossibilitam ou limitam
o repertório de atividades consideradas importantes para as poedeiras
comerciais. O aumento na densidade reduz a produção de ovos, o peso do ovo
e o consumo de ração, e ainda causam um aumento na mortalidade
(ANDERSON et al., 2004; JALAL et al., 2006).
De acordo com TAUSON (2005), com exceção de poucos países em
que a legislação proíbe o uso de gaiolas, estas instalações constituem o
sistema predominante de criação de aves poedeiras. Na União Européia, a
proibição de uso de gaiolas convencionais entrou em vigor no dia 01 de janeiro
de 2013 (COUNCIL DIRECTIVE 99/74/EC,1999), o que estimula a adoção de
sistemas alternativos para a produção de ovos. Diante deste cenário, é
fundamental avaliar o desempenho de poedeiras comerciais em sistemas
alternativos, em diferentes fases de criação e ambientes.
O estudo do desempenho das aves na fase de crescimento é
estratégico do ponto de vista fisiológico e econômico, pois o amadurecimento
precoce das frangas, associado ao bom desenvolvimento corporal, permite a
obtenção de frangas com peso ideal à maturidade sexual, o que refletirá em
uma boa produtividade nas fases subsequentes (MURAKAMI et al., 1997).
Segundo JARDIM FILHO et al. (2005), a fase de 13 a 18 semanas é
de fundamental importância para o bom desempenho da futura poedeira e para
o aumento do peso corporal, especialmente nas semanas que antecedem o
início da postura. Ainda segundo estes autores, o bom desempenho na fase de
recria tem efeito direto sobre a produção de ovos, a persistência de produção,
na quantidade e qualidade dos ovos produzidos.
33
A adoção de níveis apropriados de proteína bruta durante a fase de
recria é fundamental para o desenvolvimento ponderal da franga e sua
produção futura. Níveis específicos de proteína bruta e energia para recria têm
sido sugeridos, entretanto, não há acordo em relação ao melhor nível a ser
adotado em diferentes sistemas de produção. Recentemente, diferentes
abordagens em relação à dieta de frangas foram discutidas, seja a
preocupação com o peso das aves ao início da fase de produção, ou o
interesse em retardar a maturidade sexual para que as aves iniciem a postura
com maior peso e possam, deste modo, produzir uma maior percentagem de
ovos grandes.
De acordo com ITO (2004), o melhoramento genético é contínuo,
buscando maior precocidade e longevidade das aves, o que reduz o tempo
disponível para formação de uma franga capaz de sustentar a produção de
ovos em quantidade e qualidade. Dessa forma, as fases de cria e recria têm
maior importância entre os diversos aspectos ligados à criação de poedeiras.
Os efeitos da inclusão de farelo de trigo na ração, sobre o
desempenho de frangas semipesadas criadas no piso, na fase de recria (7 a 14
semanas de idade), e seu efeito residual durante a fase inicial de produção de
ovos, foram avaliados por ARAÚJO et al. (2008). Estes autores verificaram que
o consumo de ração e a conversão alimentar não foram afetados (P>0,05).
Entretanto, a inclusão de farelo de trigo reduz a taxa de crescimento, atrasa o
início da postura, mas melhora o peso inicial dos ovos em relação a dietas à
base de milho e farelo de soja.
O desempenho de frangas semipesadas, criadas em gaiolas da 6° a
21° semana de idade, alimentadas com dietas contendo dois níveis protéicos
(14 ou 16%) e dois níveis energéticos (2.650 e 2.750 Kcal de E.M./Kg de dieta),
foi avaliado por ROSA et al. (1997). Estes autores observaram que o peso
corporal, o consumo de ração e a maturidade sexual não foram influenciadas
pelos níveis protéicos, energéticos e suas interações. No entanto, aves
alimentadas com ração contendo 16% de proteína bruta, produziram mais ovos
até a 21° semana de idade.
COLSON et al. (2008) avaliaram a adaptação de frangas
semipesadas (Isa Brown), recriadas em boxes (1° a 17° semanas) com
substrato, ninho e poleiros ou em aviários abertos, ao sistema de criação em
34
aviários abertos com plataforma e ninhos suspensos. Os autores observaram
que o sistema de recria influenciou a adaptação das aves e as frangas criadas
nos boxes apresentaram menor adaptação ao novo sistema.
Neste contexto, objetivou-se avaliar o desempenho de frangas
semipesadas, de linhagem comercial Hisex Brown, na fase de recria (12° a 18°
semanas de idade), criadas em gaiolas convencionais ou piso.
2.2. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado no Câmpus Urutaí, do Instituto Federal
Goiano, no Setor de Avicultura. Foram utilizadas 400 frangas semipesadas de
linhagem comercial Hisex Brown, na fase de recria, entre a 12° e a 18°
semanas de idade, no período entre 12 de agosto de 2011 a 30 de setembro
de 2011. Este projeto de pesquisa foi analisado e aprovado pela Comissão de
Ética no Uso de Animais (CEUA/UFG) sob protocolo 312/11.
As fases de cria (1° a 6° semanas de idade) e recria I (7° a 11°
semanas de idade) das aves foram realizadas em sistema de criação no piso,
em galpão fechado, distante 100 metros dos galpões experimentais. A
debicagem das aves foi realizada aos 12 dias de idade, utilizando-se debicador
automático elétrico de marca Avifag®
. O programa de luz adotado
disponibilizava apenas luz natural, conforme indicação do Manual de Manejo
Hisex Brown (GLOBOAVES, 2006).
Os dados de temperatura ambiente no interior dos galpões
experimentais foram obtidos com termômetro de máxima e mínima, marca
Incoterm, posicionado no centro dos galpões à altura das aves. A leitura dos
termômetros foi realizada diariamente, as 08h00m da manhã. Os galpões
experimentais (piso e gaiola) não possuiam sistemas de controle de ambiente.
O peso vivo das aves foi ajustado no início do experimento e foi
conduzido, simultaneamente, em dois galpões de alvenaria. O primeiro galpão,
onde foram alojadas 200 aves no piso, apresentava 8 metros de largura e 20
metros de comprimento, mureta lateral de 50 cm de altura, cobertura em telhas
de cerâmica, telas laterais e pé-direito de 3,5 metros. O segundo galpão, onde
foram alojadas 200 aves em gaiolas convencionais, apresentava 30 metros de
35
comprimento e 4 metros de largura, pé-direito de 3,5 metros e telas laterais. Os
galpões estavam localizados a 22 metros um do outro, posicionados na mesma
direção em relação ao eixo do sol (leste-oeste). Todos os procedimentos de
manejo foram realizados conforme orientações contidas no manual de criação
da linhagem (MANUAL DE MANEJO HISEX BROWN, 2006).
Adotou-se a densidade de 500cm2/ave nas gaiolas, e 3.333cm2/ave
no piso. Estas medidas correspondem à área útil dos boxes. A densidade
utilizada nas gaiolas está de acordo com a indicada por COTTA (2002), de 440
a 480 cm2/ave, da 7° a 18° semanas de idade. A densidade adotada para
criação no piso está de acordo com a indicada pelo Conselho Diretivo da União
Européia (COUNCIL DIRECTIVE 99/74/EC,1999).
No galpão do sistema de criação no piso, as aves foram distribuídas
em 20 boxes. Cada boxe contava com um bebedouro, um comedouro e um
ninho. Os boxes apresentavam medida de 2,2 x 1,5 x 3,0 m (comprimento x
largura x altura) e foram forrados com serragem até a altura de 0,10 m. O
bebedouro utilizado foi o de tipo pendular com válvula acoplada, e o
comedouro, de tipo tubular, apresentava uma capacidade para 15 kg de ração.
O ninho, construído em madeira, apresentava três divisórias (33 x 40 x 45 cm)
e elevação de 15 cm em relação ao substrato. Foi utilizada uma ração
comercial farelada para aves de postura em recria (Tabela 1). Água e ração
foram fornecidas à vontade.
Tabela 1. Ração comercial utilizada na fase de recria
Nutrientes Composição
Proteína bruta 16% Extrato etéreo 3,0% Matéria mineral 9,0% Matéria fibrosa 6,5% Cálcio 1,5% Fósforo 0,5% Umidade máxima 12% Enriquecimento por quilograma de produto: Ácido fólico 0,70 mg, Ácido pantotênico 12,00 mg, Colina 201,58 mg, Cobre 100,79 mg, Ferro 50,00 mg, B.H.T 100,00 mg, Iodo 1,20 mg, Manganês 70,00 mg, Nicarbazina 50,00 mg, Virginiamicina 10,00 mg, Selênio 0,20 mg, Sódio 1,39 g, Viatamina A 7000,00 U.I/Kg, Vitamina B1, 2,00 mg, Vitamina B12 12,00 mcg, Vitamina B2 5,00 mg, Vitamina B6 3,00 mg, Vitamina D3 2200,00 U.I/Kg, Vitamina E 11,00 U.I/Kg, Vitamina K3 1,60 mg, Zinco 50,00 mg, Niacina 35,00 mg, Biotina 0,04 mg, Metionina 1461,20 mg, Lisina 227,60 mg.
36
As variáveis estudadas foram o consumo médio semanal, o
consumo médio total, o peso médio semanal, o ganho de peso médio semanal,
o ganho de peso médio total, a idade ao primeiro ovo e a uniformidade dos
lotes.
O consumo médio semanal (g/ave/dia) foi calculado pela diferença
de pesos entre a quantidade de ração fornecida e as sobras existentes ao final
de cada semana, sendo o resultado dividido pelo total de aves de cada
repetição e pelo período de sete dias. O consumo médio total foi obtido por
meio das médias semanais de consumo para todo o período estudado (12° a
18° semanas). Para a pesagem das sobras, foi utilizada uma balança semi-
analítica da marca Gehaka, modelo BK-4000, com precisão de 0,01g.
O peso vivo foi obtido por pesagens ao final de cada semana, para
cada repetição e tratamento. O resultado foi expresso em quilograma. As aves
foram pesadas em balança semi-analítica da marca Gehaka, modelo BK-4000,
com precisão de 0,01g.
Para o cálculo de uniformidade do lote de frangas, todas as aves
foram pesadas individualmente. Após as pesagens, foi calculado o peso médio
das aves (g), o desvio padrão e o coeficiente de variação (%).
O ganho de peso foi obtido pelo cálculo da diferença entre o peso
final e o peso inicial em cada semana avaliada. O ganho de peso médio total
representa a diferença entre o peso vivo ao final do período (18° semana de
idade) e ao início (12° semana de idade). Para a idade ao primeiro ovo, os
registros foram feitos assim que alguma ave, em cada repetição, realizava a
primeira postura de um ovo com características comerciais.
Foi adotado o delineamento inteiramente casualizado, sendo dois
tratamentos (piso e gaiola), vinte repetições e dez aves por unidade
experimental. As análises foram realizadas por meio do programa estatístico
SAEG 9.1 (UFV, 2007). Os dados obtidos foram submetidos à análise de
variância, e quando estatisticamente diferentes, foram comparados pelo teste
de Tukey (5%).
37
2.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os dados relativos à temperatura ambiente, obtidos durante a fase
de recria nos dois galpões experimentais, estão apresentados nas Tabelas 2 e
3. Os galpões experimentais apresentaram valores equivalentes, em relação à
temperatura máxima e mínima, e suas respectivas médias. Estes valores estão
na faixa de temperatura esperada para a região em que o experimento foi
conduzido (Urutaí-GO). Durante toda a fase de recria, a taxa de mortalidade foi
nula.
Tabela 2. Valores médios da temperatura ambiente obtidos durante a fase de
recria no sistema de criação no piso
Semanas Temperatura (°C)
Máxima Mínima Média
12 30,1 23,0 26,55 13 29,8 22,6 26,20 14 31,0 22,8 26,90 15 32,2 25,3 28,75 16 31,7 25,1 28,40 17 31,2 24,9 28,05 18 30,9 25,4 28,15
Média 31,0 24,1 27,6
Tabela 3. Valores médios da temperatura ambiente obtidos durante a fase de
recria no sistema de criação em gaiolas
Semanas Temperatura (°C)
Máxima Mínima Média
12 30,2 24,0 27,1 13 31,4 23,0 27,2 14 31,4 24,0 27,7 15 32,0 25,9 28,9 16 31,9 24,9 28,4 17 31,8 24,7 28,2 18 30,7 25,0 27,8
Média 31,4 24,5 27,9
Segundo FREEMAN (1988), a faixa de termoneutralidade para
poedeiras situa-se entre 21 e 28 oC.
38
Apesar dos valores médios da temperatura ambiente estarem
situados dentro dos limites críticos estabelecidos na literatura, e no manual
desta linhagem, os valores de temperatura máxima ultrapassaram os limites
críticos em todas as semanas avaliadas, nos dois galpões experimentais. Sob
estresse por calor, a ave pode apresentar perda de peso corporal e diminuição
no consumo alimentar (SCOTT & BALNAVE, 1988).
2.3.1. Consumo médio semanal
Houve efeito dos sistemas de criação para consumo de ração na 12°
(P<0,01), 13° (P<0,03), 15° (P<0,01), 17° (P<0,01) e 18° semanas de idade
(P<0,01). Aves criadas em gaiolas apresentaram maior consumo na 12°, 15°,
17° e 18° semanas, enquanto as criadas no piso, consumiram mais ração
apenas na 13° semana. Não houve efeito (P>0,05) dos sistemas de criação na
14° e 16° semanas (Tabela 4).
Aves criadas em gaiolas apresentaram consumo superior ao
indicado pelo Manual da Linhagem Hisex Brown (GLOBOAVES, 2006). Aves
criadas em sistemas alternativos apresentam maior demanda energética para
mantença, devido aos deslocamentos realizados, entrada e saída dos ninhos e
à reviragem do substrato.
Tabela 4. Consumo médio semanal (g/ave/dia) de frangas semipesadas
criadas no piso ou gaiolas convencionais
Semanas de idade Sistemas de criação
P CV (%) Piso Gaiola
12° 56,07b 58,32a 0,011 4,470 13° 64,49a 59,95b 0,003 7,077 14° 64,78 63,47 0,140 4,172 15° 64,31b 69,46a 0,017 6,677 16° 72,41 71,19 0,527 8,326 17° 71,38b 79,30a 0,001 8,269 18° 82,36b 99,31a 0,001 7,830
*CV = coeficiente de variação. Médias seguidas da mesma letra minúscula na mesma linha não diferem pelo teste F (P<0,05)
Esta condição influencia o consumo de ração, que sob condições
ambientais adequadas, apresenta elevação. Entretanto, esta condição não foi
39
verificada neste experimento. De acordo com HUGHES & DUNCAN (1988),
animais em confinamento, por terem seus comportamentos naturais
restringidos pelo ambiente, têm no consumo de ração, sua atividade principal.
O que não ocorre com frangas criadas em sistemas alternativos. O consumo se
elevou continuamente com o avançar da idade, até o final do período
experimental. Esta elevação se justifica pelo desenvolvimento anatômico e
fisiológico do trato digestório (DUKES, 1996).
ROLL et al. (2009) estudaram a produção, o comportamento e a
condição física de frangas semipesadas (Isa Brown) alojadas em gaiolas
enriquecidas (ninho, poleiro e banho de areia), com 17 semanas de idade e
observaram que o desempenho não foi afetado pelo sistema de criação.
2.3.2. Consumo médio total, ganho de peso total e idade ao primeiro ovo
Houve efeito dos sistemas de criação no consumo médio total de
ração (P<0,01). Aves criadas nas gaiolas apresentaram maior consumo médio
total (P<0,01), e as médias obtidas em cada sistema de criação, na fase de
recria, são apresentadas na Tabela 5.
Tabela 5. Consumo médio total de ração (g/ave/dia), ganho de peso total (g) e
idade ao primeiro ovo (dias) de frangas semipesadas em dois
sistemas de criação na fase de recria
Variável Sistemas de criação P CV (%) Piso Gaiola
Consumo médio total de ração 65,11b 71,57a 0,013 4,04 Ganho de peso total 543,14a 441,04b 0,012 8,03 Idade ao primeiro ovo 130b 133a 0,011 6,41 CV = coeficiente de variação. Médias seguidas da mesma letra minúscula na mesma linha não diferem pelo teste F (P<0,05)
Para ganho de peso total, houve efeito (P<0,01) dos sistemas de
criação, sendo que as aves criadas no piso apresentaram maior ganho de peso
total (P<0,01), (Tabela 5).
Em relação à idade ao primeiro ovo, houve efeito dos sistemas de
criação (P<0,01), em que aves criadas no piso apresentaram média de 130
dias, e nas gaiolas, de 133. Este resultado demonstra equivalência entre
40
poedeiras semipesadas criadas no piso ou em gaiolas, em relação à idade ao
primeiro ovo. O maior ganho de peso total (médias semanais em todo período)
das aves no piso, foi decisivo para a antecipação na postura do primeiro ovo
com características comerciais (mínimo de 50 g), visto que há correlação
positiva entre ganho de peso e maturidade sexual em poedeiras comerciais.
NEME et al. (2006) estudaram curvas de crescimento e de
deposição dos componentes corporais em aves de postura de diferentes
linhagens e observaram o aparecimento dos primeiros ovos em aves Hisex
Brown na 16° semana de idade, devido à maior taxa de deposição de gordura
corporal nas últimas semanas da fase de crescimento.
LEESON et al. (1997), avaliando o desempenho de quatro linhagens
de poedeiras (Babcock B-300, DeKalb Delta, H & N e Shaver White)
submetidas a dois programas de recria (19,5 ou 16,5% de proteína bruta) e
seus efeitos na produção futura de ovos, observaram que não houve efeito
(P>0,05) das linhagens ou dos níveis protéicos sobre a produção de ovos.
Porém, afirmam que o peso vivo, o peso dos ovos e o consumo de ração foram
influenciados (P<0,01) pelos programas de recria adotados.
2.3.3. Peso médio semanal
Não houve efeito (P>0,05) dos sistemas de criação no peso médio
semanal nas duas primeiras semanas de idade (12ª e 13ª), mas esse efeito
(P<0,01) dos sistemas foi constatado na 14ª, 15ª, 16ª, 17ª e 18ª semanas. O
peso médio semanal foi sempre crescente (P<0,05) para os dois sistemas de
criação (Tabela 6). Aves criadas no piso apresentaram maior peso médio da
14ª semana em diante, em comparação às aves criadas nas gaiolas (P<0,05).
Por meio da análise de variância, foi constatado o efeito (P<0,05) dos
tratamentos para esta variável. Este resultado indica alta adaptabilidade das
frangas semipesadas à este sistema (ALVES at al., 2007).
O maior peso médio semanal das aves criadas no piso, comparadas
às aves criadas em gaiolas a partir da décima quarta semana de idade, pode
estar associado à melhor condição de bem-estar promovido por este sistema, e
também, pela maior eficiência no controle da temperatura corporal. Nas
41
gaiolas, o peso vivo foi sempre superior ao indicado pelo Manual da linhagem
(GLOBOAVES, 2006).
Tabela 6. Peso médio semanal (g) de frangas semipesadas criadas no piso ou
gaiolas convencionais
Semanas de idade Sistemas de criação
P CV (%) Piso Gaiola
12° 1112,45 1114,98 0,931 8,037 13° 1207,77 1225,22 0,190 3,341 14° 1271,73a 1229,34b 0,001 3,072 15° 1379,44a 1298,35b 0,001 3,291 16° 1448,22a 1366,72b 0,001 3,440 17° 1529,65a 1428,32b 0,001 3,320 18° 1606,69a 1500,27b 0,001 3,299
*CV = coeficiente de variação. Médias seguidas da mesma letra minúscula na mesma linha não diferem pelo teste F (P<0,05)
BARROS et al. (2006), trabalharam com frangas semipesadas
criadas em baterias entre a 1° e a 18° semanas de idade, e verificaram que o
peso médio das frangas foi acima do indicado pelo Manual da linhagem
(GRANJA PLANALTO, 2000).
De acordo com o desenvolvimento ponderal apresentado pelas
frangas nos dois sistemas de criação, é possível predizer que as aves estavam
aptas a iniciarem a fase de postura.
2.3.4. Ganho de peso semanal
Houve efeito (P<0,01) dos sistemas de criação no ganho de peso
médio semanal na 12°, 14°, 15° e 17° semanas de idade. Aves criadas no piso
apresentaram maior ganho de peso (P<0,01) na 14°, 15° e 17° semanas
(Tabela 7). Aves criadas nas gaiolas apresentaram ganho de peso superior
àquelas criadas no piso, apenas na 12° semana. Isto ocorreu devido à forte
interação social observada no piso, na primeira semana da fase experimental
(12°), o que ocasionou elevação do estresse e diminuição do consumo.
De acordo com FUKAYAMA et al. (2005), a melhor capacidade de
dissipação de calor das aves criadas no piso pode estimular o consumo de
ração, e consequentemente, favorecer o ganho de peso. O ganho de peso
42
apresentado pelas aves criadas nas gaiolas convencionais, nas semanas
avaliadas, foi menor que o indicado pelo Manual da linhagem para a fase de
recria (MANUAL DE MANEJO HISEX BROWN, 2006).
Tabela 7. Ganho de peso médio semanal (g) de frangas semipesadas criadas no
piso ou gaiolas convencionais
Semanas de idade Sistemas de criação
P CV (%) Piso Gaiola
12° 36,45b 75,30a 0,001 29,097 13° 115,12 108,23 0,499 28,214 14° 63,95a 42,30b 0,003 27,419 15° 103,72a 89,01b 0,001 12,251 16° 68,77 68,36 0,950 29,254 17° 80,94a 63,10b 0,001 23,451 18° 76,04 77,01 0,881 26,324
*CV = coeficiente de variação. Médias seguidas da mesma letra minúscula na mesma linha não diferem pelo teste F (P<0,05)
COTTA (2002) afirmou que, de modo geral, as condições
nutricionais durante a fase de crescimento tem pouca influência no
desempenho na fase de postura, e, portanto, torna-se inútil objetivar um
desenvolvimento ponderal acelerado nesta fase.
2.3.6. Uniformidade
Houve efeito (P<0,01) dos sistemas de criação na uniformidade das
frangas na 12°, 13°, 15°, 17° e 18° semanas de idade. As aves apresentaram
uniformidade acima dos 90% na 12° e 14° semanas de idade, e acima de 80%
na 15° (Tabela 9).
43
Tabela 9. Uniformidade (%) de frangas semipesadas criadas no piso ou gaiolas
convencionais
Semanas de idade Sistemas de criação
P CV (%) Piso Gaiola
12ª 92,35b 96,40a 0,001 0,383 13ª 86,38b 94,46a 0,001 0,526 14ª 91,38 91,23 0,162 0,239 15ª 87,17a 82,17b 0,001 2,138 16ª 73,17 72,17 0,080 2,492 17ª 76,17a 73,17b 0,001 2,425 18ª 81,17a 76,17b 0,001 2,301
*CV = coeficiente de variação. Médias seguidas da mesma letra minúscula na mesma linha não diferem pelo teste F (P<0,05)
Aves criadas no piso apresentaram maior uniformidade na 15°, 17° e
18° semanas de idade, indicando adaptação ao sistema e condição de bem-
estar satisfatória, especialmente na fase final da recria. No entanto, os dois
sistemas apresentaram uniformidade inferior à indicada pelo Manual da
Linhagem (85%) na 17° e 18° semanas de idade. O manual de criação da
linhagem (MANUAL DE MANEJO HISEX BROWN, 2006), informa que de 75 a
80% das aves devem ficar entre 10% da média do peso padrão do lote.
2.4. CONCLUSÃO
Aves criadas no piso apresentaram maior peso médio semanal,
ganho de peso total, ganho de peso semanal, idade ao primeiro ovo e
uniformidade. O sistema de criação no piso se configura como opção para a
fase de recria.
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46
30. ROSTAGNO, H.S., ALBINO, L.F.T., DONZELE, J.L., GOMES, P.C., OLIVEIRA, R.F. de, LOPES, D.C., FERREIRA, A.S. and BARRETO, S.L. de T. Tabelas brasileiras para aves e suínos : composição de alimentos
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47
CAPÍTULO 3. DESEMPENHO DE POEDEIRAS SEMIPESADAS CRIADAS
EM DOIS SISTEMAS DE PRODUÇÃO NA FASE DE
POSTURA E DIETAS COM REDUÇÃO DOS NÍVEIS DE
PROTEÍNA BRUTA
Resumo
O efeito da suplementação de aminoácidos, a partir do conceito de
proteína ideal, utilizando-se dietas com 14, 15, 16 e 18% de proteína bruta, na
percentagem de ovos, peso dos ovos, consumo de ração, ganho de peso,
conversão alimentar(kg/dz e kg/kg) e índice de ovos sujos, trincados ou
quebrados de poedeiras semipesadas, criadas em gaiolas ou piso, entre 30 e
45 semanas de idade, foi o objeto de estudo deste trabalho. Foram utilizadas
400 aves (Hisex Brown), distribuídas em dois sistemas de produção (gaiola
convencional ou piso), contendo 200 aves cada. As aves foram manejadas
conforme descrito no Manual de criação da linhagem Hisex Brown. Os grupos
receberam os mesmos tratamentos (14,15,16 e 18% de proteína bruta). Foi
adotado um delineamento inteiramente casualizado, em esquema fatorial,
composto de dois sistemas de produção e quatro níveis de proteína bruta,
totalizando oito tratamentos. Foram utilizadas cinco repetições e dez aves por
unidade experimental. O consumo de ração e a percentagem de ovos foram
maiores para o sistema de criação no piso. O peso dos ovos não foi
influenciado pelos níveis protéicos e idade das aves. O ganho de peso não foi
influenciado pelos sistemas de criação. A conversão alimentar (kg/dz) foi
superior no sistema de criação em gaiola. A percentagem de ovos trincados ou
quebrados foi maior no sistema de criação em gaiola. E a de ovos sujos, no
sistema de criação no piso. O sistema de criação no piso se configura como
opção para a fase de postura.
Palavras–chave: aminoácidos, bem-estar, ovo, piso, produtividade
48
CHAPTER 3. PERFORMANCE OF BROWN-EGG HENS IN TWO RAISING
SYSTEMS IN THE EGG PRODUCTION PHASE AND FED
REDUCED PROTEIN LEVELS
Abstract
The effect of the digestible amino acid supplementation, based on the concept
of ideal protein using diets with 14, 15, 16 and 18% crude protein on the
percentage of egg (%), egg weight (g), feed intake (g/bird/day), weight gain (g),
feed conversion and index of egg cracked or broken of laying hens from 30 to
45 weeks of age, raised in cages and aviary system were evaluated in this
experiment. A total of 400 Hisex Brown laying hens were allotted in two
facilities, one in conventional cages and other in an aviary system, with 200
hens each. The birds were raised according to the manual recommendations.
The groups were fed the same nutritional treatments (14,15,16 e 18% of crude
protein). The experiment was designed as a completely randomized design in
factorial model, composed of two raising systems and four protein levels,
totaling eight treatments and five replicates of ten birds each. The percentage of
eggs was higher for the creation system in poultry litter. The egg weight was the
same for the two farming systems. Birds raised on poultry litter had a higher
feed intake. The weight gain was not affected by housing systems, protein
levels and age of the birds. Feed convertion was superior in the cage system.
The percentage of broken or cracked eggs was higher in cage rearing system.
And the dirty egg in creation system in poultry litter. The farming system in the
floor is configured as an option for the laying phase.
Keywords: aminoacids, egg, litter, produtivity, welfare
49
3.1. INTRODUÇÃO
Diferentes segmentos da sociedade tem valorizado, cada vez mais,
a promoção do bem-estar e da sustentabilidade na produção de ovos. Isto tem
motivado pesquisadores a implementarem mudanças nos sistemas de criação,
especialmente na promoção de condições para que as aves expressem seus
comportamentos naturais (BLOKHUIS et al., 2000).
Outro ponto são as mudanças nos hábitos de consumo nos países
desenvolvidos, em que a rastreabilidade dos alimentos e as condições de
criação são cada vez mais valorizadas pelos consumidores. Os sistemas de
criação devem evoluir para atender às necessidades dos consumidores atuais
(VON BORELL & VAN DEN WEGHE, 1999; VERBEKE & VIANE, 2000).
Entretanto, qualquer alteração nos sistemas de criação implica em alterações
nos custos de produção, no treinamento de pessoal, na reorganização do
trabalho e na implementação de novos procedimentos.
As principais vantagens do sistema de criação em gaiolas são a
facilidade na retirada das excretas, o melhor controle de parasitas e a
possibilidade de trabalhar com maior densidade. Neste sistema, as
desvantagens são a necessidade de maior investimento em instalações e
equipamentos. Em geral, aves criadas em sistemas abertos (piso com ou sem
acesso ás áreas livres) apresentam comportamentos naturais, como ciscar,
bater as asas e tomar banho de areia. Porém, não está claro o quanto estes
comportamentos são influenciados pelo sistema de criação.
ROLL et al. (2008), estudaram a adaptabilidade de poedeiras às
gaiolas enriquecidas, após cria e recria em piso ou gaiolas convencionais, e
afirmaram que os sistemas de criação não afetam o comportamento de modo
significativo. No entanto, observaram maior ocorrência de banhos de areia e
batimento de asas nas aves criadas nas gaiolas enriquecidas, após recria em
gaiolas, principalmente no início do período de postura. E que todas as aves,
independentemente do sistema de criação em que foram recriadas (piso ou
gaiola), se adaptaram à gaiola enriquecida.
Deste modo, é fundamental a condução de estudos sobre sistemas
de criação alternativos, em especial, comparar aves produzidas em gaiolas
convencionais e em piso.
50
A pesquisa voltada para as exigências nutricionais de poedeiras se
justifica pelo constante melhoramento genético das linhagens. As investigações
a respeito da utilização de aminoácidos sintéticos ou industriais, se iniciaram
ainda na década de 60, e vem evoluindo constantemente. Rações baseadas na
utilização de aminoácidos digestíveis, a partir do conceito de proteína ideal,
tem seus benefícios amplamente divulgados em estudos para frangos de corte.
No entanto, para poedeiras comerciais, poucos estudos estão disponíveis.
(SILVA, 1998; BAKER & HAN, 1994).
CASARTELLI et al. (2005) formularam rações para poedeiras
comerciais, utilizando diferentes recomendações de aminoácidos totais e
aminoácidos digestíveis, e observaram que a formulação com aminoácidos
totais promoveu melhores resultados para consumo de ração, produção de
ovos, conversão alimentar e gravidade específica dos ovos. O pior
desempenho das rações formuladas com aminoácidos digestíveis ocorreu em
função do menor nível de proteína bruta (12,5% comparado com 14,5% da
ração formulada com aminoácidos totais) ter ocasionado deficiência de
nitrogênio, o que compromete a síntese de aminoácidos não essenciais.
Utilizando poedeiras semipesadas, com 52 semanas de idade e
alimentadas com diferentes níveis de aminoácidos sulfurados totais e de
proteína bruta, PAVAN et al. (2005) observaram maior peso dos ovos das
poedeiras alimentadas com 0,71% de aminoácidos sulfurados totais para os
níveis de proteína de 14, 15,5 e 17%. A utilização de níveis reduzidos de
proteína dietética, suplementadas com aminoácidos essenciais apresenta a
vantagem de diminuir a excrecão de nitrogênio e o melhor aproveitamento
deste elemento pelas aves (ROMBOLA, 2008).
Objetivou-se com este trabalho, avaliar o desempenho de poedeiras
semipesadas, de linhagem comercial Hisex Brown, da 30° a 45° semana de
idade, em dois sistemas de criação, recebendo rações isoenergéticas e
isonutritivas com quatro níveis de proteína bruta (14,15,16 e 18%).
3.2. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado no Setor de Avicultura do Campus
Urutaí, do Instituto Federal Goiano. Foram utilizadas 400 poedeiras
51
semipesadas de linhagem Hisex Brown na fase de postura, entre a 30° e a 45°
semanas de idade, entre 23 de dezembro de 2011 a 06 de abril de 2012. Este
projeto de pesquisa foi aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais
(CEUA/UFG), da Universidade Federal de Goiás, sob protocolo 312/11.
Nesta fase, foram utilizadas as mesmas aves da fase de recria. O
experimento foi conduzido em dois galpões, simultaneamente, em que 200
aves foram alojadas em boxes forrados com serragem, e outras 200 em gaiolas
convencionais. As aves foram manejadas conforme recomendações propostas
no manual de criação da linhagem (GLOBOAVES, 2006). Foi adotada a
densidade de 500cm2/ave nas gaiolas, e 3.333cm2/ave no piso. O programa de
iluminação disponibilizava 16 horas de luz (natural + artificial), conforme
indicação do Manual de Manejo Hisex Brown (GLOBOAVES, 2006).
No galpão do sistema de criação em piso, as aves foram distribuídas
em 20 boxes. Cada boxe possuía um bebedouro, um comedouro e um ninho.
Os boxes apresentavam medida de 2,2 x 1,5 x 3 m (comprimento x largura x
altura) e foram forrados com serragem até a altura de 10 cm. O bebedouro
utilizado foi do tipo pendular com válvula acoplada, e o comedouro, de tipo
tubular, apresentava capacidade para 15 kg de ração. O ninho, construído em
madeira, apresentava três divisórias (33 x 40 x 45 cm) e elevação de 10 cm em
relação ao substrato.
As rações experimentais fareladas foram formuladas com base no
conceito de proteína ideal, isoenergéticas (2.900 kcal/kg de E.M) e isonutritivas,
utilizando-se, além dos ingredientes básicos (milho e farelo de soja),
aminoácidos industriais (Tabela 1), de modo a satisfazer às exigências
nutricionais indicadas por ROSTAGNO et al. (2011).
As variáveis estudadas foram percentagem de postura, peso dos
ovos, consumo de ração, ganho de peso total, conversão alimentar (kg/dz e
kg/massa de ovos) e percentagem de ovos sujos, trincados e quebrados. Ovos
sujos foram considerados aqueles que apresentavam sujidades em pelo menos
30% de sua superfície. Ovos trincados foram considerados os que
apresentavam trincas de qualquer extensão em sua superfície, visto que esta
condição afeta sua comercialização. Foram considerados quebrados, os ovos
que apresentavam qualquer rompimento da casca.
52
Foram adotados quatro períodos de postura (30° a 33° semanas de
idade, 34° a 37° semanas de idade, 38° a 41° semanas de idade e 42° a 45°
semanas de idade) e quatro coletas diárias (08h00m, 10h00m, 14h00m e
16h00m). O manejo dos ovos e dos ninhos foi realizado segundo
recomendações da EMBRAPA Suínos e Aves (EMBRAPA, 2005). A
percentagem de ovos foi obtida à partir da 30° semana de idade.
Tabela 1. Composição das rações experimentais
INGREDIENTES Ração 14% PB
Ração 15% PB
Ração 16% PB
Ração 18% PB
Milho grão 68,78 65,58 67,97 61,29 Soja farelo 45% 17,91 20,62 13,48 18,87 Calcário 9,18 9,18 9,20 9,20 Milho farelo de glúten 60% - 0,27 6,85 7,44 Óleo de soja 1,62 2,12 0,23 1,32 Fosfato bicálcico 1,05 1,03 1,04 0,99 Sal comum 0,47 0,47 0,48 0,48 Dl-metionina 0,29 0,27 0,18 0,12 L-lisina HCl 0,21 0,12 0,29 0,11 L-valina 0,14 0,09 0,03 - L-treonina 0,13 0,07 0,05 - L-triptofano 0,03 0,02 0,04 0,01 L-isoleucina 0,05 0,00 0,00 0,00 L-arginina 0,00 0,00 0,00 0,00 Suplemento vitamínico 0,10 0,10 0,10 0,10 Suplemento mineral 0,05 0,05 0,05 0,05 BHT 0,01 0,01 0,01 0,01 TOTAL 100,00 100,00 100,00 100,00
COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL
EM (Mcal/Kg) 2.900 2.900 2.900 2.900 Proteína bruta (%) 14,00 15,00 16,00 18,00 Lisina digestível (%) 0,75 0,75 0,75 0,75 Metionina+Cistina Digestível (%) 0,69 0,69 0,69 0,69 Metionina Digestível (%) 0,48 0,47 0,45 0,42 Valina digestível (%) 0,71 0,72 0,72 0,77 Treonina digestível (%) 0,57 0,57 0,57 0,60 Triptofano digestível (%) 0,17 0,17 0,17 0,17 Isoleucina digestível (%) 0,57 0,57 0,60 0,70 Arginina digestível (%) 0,81 0,89 0,80 0,95 Fenilalanina digestível (%) 0,63 0,69 0,80 0,91 Glicina+Serina (%) 1,32 1,43 1,45 1,67 Histidina digestível (%) 0,36 0,38 0,39 0,44 Leucina digestível (%) 1,24 1,32 1,79 1,96 Ácido Linoléico (%) 2,35 2,58 1,65 2,17 Cálcio (%) 3,85 3,85 3,85 3,85 Fósforo disponível (%) 0,28 0,28 0,28 0,28 Sódio (%) 0,21 0,21 0,21 0,21
PB = proteína bruta. Niveis de suplementação (quantidade por kg do produto) : 10.000 UI de Vit. A; 2.000 UI de Vit. D3; 1.833 mg de Vit. E; 2 mg de Vit. B1; 1,000 mg vit. B2; 3 mg de Vit B6; 0,015 mg vit.B12; 12 mg de Ac. Pantotênico; 3 mg de Vit. K3; 1 mg de Ácido fólico;0,25 mg de Selênio , 33.333 mg de Manganês ;6.567 mg de Ferro ;2.667 mg de Cobre ;250 mg de Iodo; 26.667 mg Zinco; 6.000 mg Niacina; 70000 mg Colina; 680 mg Etoxiquim; 8.333 mg Halquinol.
53
Os dados relativos à temperatura ambiente, no interior dos galpões
experimentais, foram obtidos por meio de termômetro de máxima e mínima, da
marca Incoterm, posicionado no centro dos galpões à altura das aves. A leitura
dos termômetros foi realizada diariamente, sempre às 08h00m da manhã.
Para obtenção do peso médio dos ovos, cada ovo foi pesado
individualmente nos quatro últimos dias de cada período de postura com
balança semi-analítica da marca Gehaka, modelo BK-4000, precisão de 0,01g.
O consumo (g/ave/dia) foi calculado pela diferença entre a
quantidade de ração fornecida e as sobras existentes nos últimos quatro dias
de cada período de produção (28 dias). Para pesagem, foi utilizada a balança
semi-analítica da marca Gehaka, modelo BK-4000 e precisão de 0,01g.
O ganho de peso foi calculado a partir da pesagem individual das
aves no primeiro dia do experimento (20ª semana de idade) e no último dia da
45° semana, para cada repetição e tratamento. O resultado foi expresso em
quilogramas. As aves foram pesadas em balança semi-analítica da marca
Gehaka, modelo BK-4000, com precisão de 0,01g.
A conversão alimentar foi obtida pela relação direta entre o consumo
de ração e o número de ovos produzidos (kg/dz), e entre o consumo de ração e
a massa dos ovos produzidos (kg/kg).
A percentagem de ovos sujos, trincados ou quebrados foi obtida
diariamente por observação direta, a partir da 30ª semana de idade das aves.
Foi adotado o delineamento inteiramente casualizado, em esquema
fatorial (2x4), com dois sistemas de criação (gaiola e piso) e quatro tratamentos
(rações com 14, 15, 16 e 18% de proteína bruta). Foram utilizadas cinco
repetições e dez aves por parcela. Para os níveis de proteína bruta, foi
ajustado o modelo de regressão polinomial, quando houve significância. As
análises estatísticas foram realizadas pelo programa SAEG 9.1. Os dados
foram submetidos à análise de variância e, quando estatisticamente diferentes,
os dois sistemas de criação foram comparados pelo teste de Tukey (5%).
3.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os valores de temperatura máxima e mínima observados na fase de
postura, e as respectivas médias, estão na faixa de temperatura esperada para
54
o local em que o experimento foi conduzido (Urutaí-GO), como apresentado na
Tabela 2. Segundo LEESON & SUMMERS (2005), as poedeiras expressam
seu potencial genético em temperaturas que se enquadram na zona de
conforto térmico (19°C a 27°C). De acordo com SILVA (2000), a temperatura
ideal para produção de ovos estaria entre 21°C e 26°C.
Tabela 2. Médias de temperatura ambiente para o período de postura no
sistema de criação no piso
Semanas de idade Temperatura (°C)
Máxima Mínima Médias
30 29,5 23,1 26,3 35 30,7 22,4 26,6 40 30,1 22,7 26,4 45 29,3 21,7 25,5
Médias 29,9 22,5
Tabela 3. Médias de temperatura ambiente para o período de postura no
sistema de criação em gaiolas
Semanas de idade Temperatura (°C)
Máxima Mínima Médias
30 29,6 23,0 26,3 35 30,9 22,4 26,6 40 30,4 22,1 26,3 45 29,3 21,5 25,4
Médias 30,1 22,3
3.3.1. Consumo de ração
Houve interação (P<0,01) dos níveis de proteína e dos sistemas de
criação no primeiro, segundo e quarto períodos de produção. O consumo de
ração foi influenciado pelos sistemas de criação em todos os períodos
(P<0,01). Esta variável também foi afetada pelos níveis protéicos (P<0,01) no
terceiro e quarto períodos (Tabela 3).
No primeiro período, ocorreu interação (P<0,04) dos níveis de
proteína bruta das rações e dos sistemas de criação. No piso, o consumo
aumentou de forma quadrática até 15,78% (Figura 1). Em relação ás gaiolas, o
consumo aumentou linearmente (Figura 2). Neste período, o consumo foi maior
55
no piso, para 14 e 15% de proteína bruta. Para 16 e 18%, não houve diferença
entre os sistemas.
No segundo período, ocorreu interação (P<0,03) dos níveis de
proteína bruta das rações e dos sistemas de criação. O consumo de ração no
piso aumentou de forma quadrática até 16,11% de proteína (Figura 3). Para as
gaiolas, o consumo aumentou de modo linear (Figura 4). Neste período, o
consumo foi maior no piso para 15% de proteína bruta. Para os demais níveis,
não houve diferença entre os sistemas.
Tabela 3. Consumo de ração (g/ave/dia) por período de produção e sistema de
criação
Período de postura PB Sistemas Média Probabilidades CV (%) Piso Gaiola PB PB S PBxS
30 – 33
14 118,48a 114,16b 116,32
0,18 0,01 0,04 2,40 15 120,68a 114,85b 117,76 16 119,51a 118,88a 119,19 18 117,55a 118,50a 118,03
Média 119,05 116,60
34 – 37
14 121,05a 117,56a 119,31
0,24 0,01 0,03 3,43 15 123,45a 115,36b 119,40 16 121,62a 116,90a 119,26 18 120,90a 124,02a 122,46
Média 121,76 118,46
38 – 41
14 120,13 117,94 119,03
0,01 0,01 0,56 2,55 15 121,84 116,87 119,35 16 127,39 121,61 124,5 18 120,65 115,32 117,98
Média 122,50a 117,93b
42 – 45
14 121,13a 117,02b 119,08
0,01 0,01 0,01 1,60 15 124,29a 117,71b 121,00 16 124,02a 118,75b 121,38 18 122,10a 116,36b 119,23
Média 122,88 117,46
Total
14 120,20 119,40 119,80
0,11 0,02 0,13 1,12 15 122,56 121,44 122,00 16 123,13 119,87 121,50 18 120,30 121,70 121,00
Média 121,55a 120,60b PB=proteína bruta; S= sistema de criação; NS = não significativo; CV = coeficiente de variação. *Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha, e maiúscula na coluna, não diferem pelo teste Tukey (P>0,05)
56
Y = - 1,05 + 15,47X – 0,49X2
FIGURA 1. Modelo quadrático para consumo de ração (g/ave/dia) no piso em
função dos níveis de proteína bruta no primeiro período de
produção
Y = 97,82 + 1,19X
FIGURA 2. Modelo linear para consumo de ração (g/ave/dia) nas gaiolas em
função dos níveis de proteína bruta no primeiro período de
produção
57
Y = 93,89 + 1,54X
FIGURA 3. Modelo linear para consumo de ração (g/ave/dia) nas gaiolas em
função dos níveis de proteína bruta no segundo período de
produção
Y = 38,85 + 10,63X – 0,33X2
FIGURA 4. Modelo quadrático para consumo de ração (g/ave/dia) no piso em
função dos níveis de proteína bruta no segundo período de
produção
Em relação ao terceiro período, não houve interação (P>0,05), mas
houve efeito (P<0,01) dos níveis protéicos e dos sistemas de criação de forma
58
isolada no consumo de ração. O consumo aumentou de forma quadrática até o
nível de 16,03% (Figura 5). Neste período, o consumo foi maior para as aves
criadas no piso, quando comparadas às aves criadas nas gaiolas.
Y = - 169,89 + 36,56X – 1,14X2
FIGURA 5. Modelo quadrático para consumo de ração (g/ave/dia) em função
dos níveis de proteína bruta no terceiro período de produção
No quarto período, também ocorreu interação (P<0,01) dos níveis de
proteína bruta e dos sistemas de criação. Neste período, o consumo de ração
no piso aumentou de forma quadrática até 16,60% de proteína (Figura 6). Nas
gaiolas, o consumo também aumentou de forma quadrática até 15,91% de
proteína (Figura 7) . Neste período, o consumo foi maior no piso, para todos os
níveis de proteína bruta avaliados.
59
Y = 4,78 + 14,32X – 0,45X2
FIGURA 6. Modelo quadrático para consumo de ração (g/ave/dia) nas gaiolas
em função dos níveis de proteína bruta no quarto período de
produção
Y = - 283,77 + 50,14X – 1,51X2
FIGURA 7. Modelo quadrático para consumo de ração (g/ave/dia) no piso em
função dos níveis de proteína bruta no quarto período de
produção
60
Em relação ao período total, não houve interação (P>0,05), e os
níveis protéicos na ração também não interferiram no consumo de ração. Mas
as aves criadas no piso, apresentaram maior consumo de ração (P<0,05),
devido à maior exigência de energia para mantença e condição ambiente
favorável à termorregulação (melhor dissipação de calor entre as aves).
NOVAK et al. (2006) afirmaram que, em geral, ao aumentar o teor de
proteína bruta nas rações, ocorre diminuição do consumo voluntário. No
entanto, neste estudo, foi observado que, no quarto período de produção, aves
criadas em piso apresentaram maior consumo com dietas contendo 18% de
proteína bruta (Figura 6), talvez pela troca de calor mais eficiente com o
ambiente. Não foram obtidos modelos de ajuste, para o consumo de ração em
relação aos níveis de proteína bruta, no primeiro e segundo períodos de
produção, para os sistemas de criação em piso e gaiola.
POOSUWAN et al. (2009) estudaram os efeitos a longo prazo de
dois níveis protéicos (14% e 18%) na produção, nos parâmetros sanguíneos,
na biometria de órgãos e na resposta imunológica de poedeiras comerciais
(Babcock B-308), alojadas em gaiolas, entre 21 e 48 semanas de idade. Os
autores observaram que o consumo de ração não foi afetado pelos níveis
protéicos das dietas, de 111,02 g/ave/dia e 112,92 g/ave/dia, para 14% e 18%
de proteína bruta, respectivamente. Estes valores, portanto, estão abaixo dos
verificados para as aves alojadas em gaiolas neste presente estudo.
VALKONEN et al. (2006) avaliaram a produção de ovos de
poedeiras leves e semipesadas criadas em gaiolas convencionais ou
enriquecidas (acesso à ninho, poleiro, caixa de areia e maior área disponível –
750 cm2/ave) alimentadas com dietas com reduzido (14,7%) ou alto (19%) teor
protéico, observaram que aves alojadas em gaiolas enriquecidas consumiram
menos ração (P<0,05) que aquelas alojadas em gaiolas convencionais.
GOMES et al. (2011), estudando o desempenho, as características
fisiológicas e a qualidade dos ovos de poedeiras semipesadas em diferentes
sistemas de produção, também observaram um maior consumo (P<0,05) para
aves alojadas em piso. Segundo os autores, neste sistema, o maior consumo
está relacionado à menor densidade em comparação às gaiolas, o que
proporciona um maior conforto ambiental e menor estresse. Neste sistema
61
ocorre uma menor dissipação de calor no meio de criação, permitindo às aves
regularem o centro da fome e saciedade.
De outro modo, SILVA et al. (2006) avaliaram a influência do sistema
de criação nos parâmetros comportamentais de duas linhagens submetidas a
duas condições ambientais, em relação ao comportamento ingestivo, no
sistema em gaiolas. Os autores notaram aumento deste comportamento,
característico de animais em confinamento, que não têm outra alternativa para
passar o tempo. Estes autores sugerem que talvez o sistema de criação em
cama, por proporcionar ambiente mais rico e oferecer outras opções, possa ter
contribuído para esta diferença, haja vista a maior distribuição nas
porcentagens de tempo gasto em outras atividades.
Segundo ANDRADE et al. (2004), o consumo de ração não é
necessariamente controlado pelo nível protéico da ração, no entanto,
condições ambientais podem influenciar esta variável. BAKER (1993) afirmou
que ocorre aumento no consumo alimentar em rações com baixo nível de
proteína bruta, entretanto, se o nível protéico for exageradamente alto ou baixo,
o consumo diário de proteína será estabelecido pelo mecanismo quimiostático
de controle (DUKE, 1996).
PAVAN et al. (2005), ao avaliar níveis de proteína bruta e de
aminoácidos sulfurados totais sobre o desempenho, a qualidade dos ovos e a
excreção de nitrogênio de poedeiras de ovos marrons, não detectaram
diferença (P>0,05) entre os níveis de proteína bruta dietéticos testados (14,
15,5 e 17%), para consumo de ração. MENDONÇA JÚNIOR E LIMA (1999)
compararam os efeitos de dois níveis protéicos (14,5 e 16,5%) sobre o
desempenho de poedeiras comerciais, obtiveram melhor consumo de ração
para 16,5% de proteína bruta na dieta.
3.3.2. Percentagem de postura
Não houve interação (P>0,05) dos níveis protéicos e dos sistemas
de criação para percentagem de postura, porém, houve efeito (P<0,01) dos
níveis de proteína bruta das rações na percentagem de postura, no primeiro,
terceiro e quarto períodos de produção. Nestes três períodos, a percentagem
62
de postura aumentou de forma quadrática até 16,22% de proteína bruta
(Figuras 8,9 e 10).
No segundo período, houve efeito (P<0,01) dos sistemas de
produção. Neste período, aves criadas no piso produziram mais ovos (76,75%).
Considerando o período total, a percentagem foi maior (80,47%) no sistema de
criação em piso (P<0,01). Entretanto, TANAKA & HURNIK (1992) e
ABRAHAMSSON & TAUSON (1995), ao estudarem estes dois sistemas de
criação, afirmaram que as percentagens de postura foram equivalentes.
Tabela 4. Percentagem de postura (%) por período de produção e sistema de
criação
Período de Postura
PB Sistemas Média Probabilidades CV (%) Piso Gaiola PB PB S PB x S
30 – 33
14 81,50 77,93 79,71
0,005 0,83 0,108 2,82 15 82,29 82,93 82,61 16 83,07 83,29 83,18 18 80,00 81,14 80,57
Média 81,71 81,32
34 – 37
14 73,89 66,11 70,00
0,300 0,001 0,093 10,43 15 70,00 63,33 66,67 16 83,11 62,77 72,94 18 80,00 61,66 70,83
Média 76,75a 63,47b
38 – 41
14 81,57 78,00 79,78
0,001 0,593 0,107 2,81 15 82,36 83,00 82,68 16 83,14 83,36 83,25 18 80,07 81,21 80,64
Média 81,79 81,39
42 – 45
14 81,43 77,86 79,64
0,001 0,593 0,107 2,82 15 82,22 82,86 82,53 16 83,00 83,22 83,11 18 79,93 81,07 80,50
Média 81,65 81,25
Total
14 79,59 74,98 77,28
0,09 0,002 0,10 1,52 15 79,21 78,03 78,62 16 83,08 78,16 80,62 18 80,00 76,27 78,13
Média 80,47a 76,86b PB = proteína bruta; S= sistema de criação; NS = não significativo; CV = coeficiente de variação. *Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha, e maiúscula na coluna, não diferem pelo teste Tukey (P>0,05)
63
Y = - 123,24 + 25,63X – 0,79X2
FIGURA 8. Modelo quadrático para percentagem de postura (%) em função
dos níveis de proteína bruta no primeiro período de produção
Y = - 123,30 + 25,70X – 0,80X2
FIGURA 9. Modelo quadrático para percentagem de postura (%) em função
dos níveis de proteína bruta no terceiro período de produção
64
Y = - 123,31 + 25,63X – 0,79X2
FIGURA 10. Modelo quadrático para percentagem de postura (%) em função
dos níveis de proteína bruta no quarto período de produção
TACTACAN et al. (2009) não observaram (P>0,05) efeitos dos
sistemas de criação na produção de ovos para poedeiras leves entre a 21° e a
60° semanas de idade alojadas em gaiolas convencionais ou enriquecidas.
Entretanto, alguns estudos tem reportado que a produção de aves alojadas em
gaiolas convencionais é maior que as criadas em sistemas alternativos
(ABRAHAMSSON & TAUSON et al., 1998; BLOKHUIS et al., 2000).
BINTAS et at. (2012), ao avaliarem os efeitos de dois sistemas de
criação (gaiolas convencionais e sistema orgânico) sobre desempenho,
qualidade dos ovos e resposta imunológica de poedeiras leves e semipesadas,
entre 23 e 70 semanas de idade, observaram que a percentagem de postura foi
maior para poedeiras leves nos dois sistemas avaliados. Poedeiras leves
produziram menos ovos (redução de 2,87%) no sistema orgânico (galpão com
acesso à áreas livres), quando comparadas às poedeiras leves criadas em
gaiolas convencionais. Por outro lado, poedeiras semipesadas apresentaram
maior percentual de postura no sistema orgânico (elevação de 4,23% em
relação à produção de poedeiras semipesadas em gaiolas).
PÉREZ-BONILLA et al. (2012), avaliando os efeitos dos níveis de
proteina bruta (16,5, 17,5 e 18,5%) e gordura na dieta (adição de 1,8 ou 3,6%),
65
na produção e na qualidade de ovo de poedeiras semipesadas, entre a 22° e a
50° semanas de idade e diferentes pesos vivos (1.592 g e 1.860 g),
observaram que não houve efeito dos níveis de proteína bruta na produção de
ovos, porém, aves com maior peso inicial (1.860 g) produziram mais ovos
(P<0,01) (92,5%), em relação aquelas com menor peso inicial (89,8%).
RAMA RAO et al. (2011) determinaram o desempenho produtivo de
poedeiras White Leghorn entre 21 e 72 semanas de idade, alimentadas com
dietas contendo três níveis de proteína bruta (15, 16,5 e 18%); e 2.350 e 2.600
kcal/kg de energia metabolizável e suplementadas com aminoácidos
digestíveis. Os autores observaram que os níveis de proteína bruta das dietas
não afetaram (P>0,01) a produção de ovos, o consumo de ração e o peso dos
ovos.
No segundo período de postura, houve efeito (P<0,01) dos sistemas
de criação para percentagem de postura, conforme análise de variância. Aves
criadas em piso apresentaram desempenho superior, mas o mesmo não
ocorreu nos demais períodos (Tabela 4).
Analisando os valores totais, houve efeito dos sistemas de criação
(P<0,01) para percentagem de postura. Aves criadas em piso apresentaram
melhor desempenho. Este resultado está relacionado à melhor condição de
bem-estar deste sistema (maior facilidade na troca de calor com o meio,
liberdade para realização de comportamentos naturais e conforto gerado pelo
substrato e pelos ninhos). ALVES et al. (2007) não observaram diferença entre
sistemas de criação no piso e em gaiolas, em relação à produção de ovos para
o período experimental total, utilizando-se aves Hy-Line W-36 e Isabrown.
A maior produção das aves alimentadas com rações contendo 16%
de proteína bruta, no primeiro, no terceiro e no quarto períodos de postura,
atesta a compatibilidade destes níveis à exigência nutricional de poedeiras
semipesadas na fase inicial do período de postura. Esse resultado difere do
observado por BRUGALLI et al. (1998) quando concluíram que poedeiras
semipesadas alimentadas com dietas com 14% de proteína bruta,
apresentaram o mesmo desempenho produtivo comparado às aves que
receberam dietas com 16% de proteína.
VALKONEN et al. (2006), avaliando a produção de ovos de
poedeiras leves e semipesadas, criadas em gaiolas convencionais ou
66
enriquecidas (acesso à ninho, poleiro, caixa de areia e maior área disponível –
750 cm2/ave) alimentadas com dietas com reduzido (14,7%) ou alto (19%) teor
protéico, observaram que a partir da 32° semana de idade, aves alojadas em
gaiolas enriquecidas produziram menos ovos (P<0,01) que aquelas alojadas
em gaiolas convencionais. Neste mesmo trabalho, não houve efeito (P>0,01)
dos níveis protéicos sobre a percentagem de postura. E os teores de proteína
afetaram a produção de ovos, independentemente do sistema de criação.
A percentagem de postura foi superior à obtida por COSTA et al.
(2004), avaliando o desempenho de poedeiras semipesadas criadas em
gaiolas e submetidas a diferentes níveis protéicos e energéticos entre a 43a e
55a semanas de idade, obtiveram média de 77,16% para dietas com 2.900
Mcal/Kg de EM. Neste trabalho, esta idade corresponde ao 3° e 4° períodos de
postura. GOMES et al. (2011), avaliando o desempenho de poedeiras Isa
Brown criadas em gaiolas convencionais e piso, obtiveram maior produção de
ovos para aves criadas em piso (82%).
Entretanto, POOSUWAN et al. (2009) estudaram os efeitos de
diferentes níveis protéicos (14% e 18%) a longo prazo no desempenho, na
resposta imunológica, na concentração de triglicérides no fígado e aminoácidos
plasmáticos em poedeiras (Babcock B-308), alojadas em gaiolas, entre a 21 e
48 semanas de idade. Os autores obtiveram percentagem de postura de
88,24% para aves alimentadas com 14% de proteína bruta na ração, e de
93,06% para rações com 18% PB. A dieta com 18% de proteína bruta
aumentou consideravelmente a produção das aves e a ingestão de
aminoácidos essenciais. Já FILARDI et al. (2006), obtiveram melhor
desempenho com poedeiras semipesadas alimentadas com 16% de proteína
bruta na ração comparado a 18% e 20% PB.
3.3.3. Peso do ovo
Não houve interação (P>0,05) entre os níveis protéicos e os
sistemas de criação para o peso do ovo. Os sistemas de criação influenciaram
(P<0,01) o peso dos ovos apenas no segundo período (Tabela 5), e o sistema
de criação em piso apresentou maior peso dos ovos (57,86 g). Isto se justifica
pelo maior peso vivo das frangas, recriadas neste sistema, ao início da postura
67
(1.691g), em relação aquelas recriadas em gaiolas (1.584g). O peso vivo das
frangas, ao início da produção, está associado ao peso do ovo durante o ciclo
produtivo (SUMMERS & LEESON, 1983; KESHAVARZ et al., 1995).
PÉREZ-BONILLA E ALTUNTAS (2012), avaliando os efeitos dos
níveis de proteina bruta (16,5, 17,5 e 18,5%) e gordura na dieta (adição de 1,8
ou 3,6%), sobre a produção de poedeiras semipesadas, entre 22 e 50 semanas
de idade, e diferentes pesos vivos ao início da postura (1.592 g e 1.860 g),
relataram que as aves mais pesadas produziram ovos mais pesados (P<0,01)
(64,9 g) que aquelas de menor peso inicial (62,4 g).
Tabela 5. Peso dos ovos (g) por período de postura e sistema de criação
Período de Postura
PB Sistemas Média Probabilidades CV (%) Piso Gaiola PB PB S PB x S
30 – 33
14 55,59 54,23 54,91
0,71 0,10 0,15 3,25 15 54,66 56,28 55,47 16 54,08 55,57 54,82 18 53,52 55,59 54,55
Média 54,46 55,41
34 – 37
14 57,27 54,63 55,95
0,06 0,01 0,60 2,92 15 57,55 56,24 56,89 16 57,83 57,17 57,50 18 58,80 57,06 57,93
Média 57,86a 56,27b
38 – 41
14 55,81 54,45 55,13
0,71 0,10 0,15 3,24 15 54,88 56,50 55,69 16 54,30 55,79 55,04 18 53,74 55,81 54,77
Média 54,68 55,63
42 – 45
14 55,94 54,15 55,04
0,80 0,18 0,06 3,21 15 55,01 56,20 55,60 16 54,43 55,49 54,96 18 53,61 56,20 54,90
Média 54,75 55,51
Total
14 56,23 54,17 55,20
0,06 0,08 0,06 2,98 15 54,81 55,83 55,32 16 55,13 55,25 55,19 18 55,49 56,47 55,98
Média 55,41 55,43 PB = proteína bruta; S= sistema de criação; NS = não significativo; CV = coeficiente de variação. *Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha, e maiúscula na coluna, não diferem pelo teste Tukey (P>0,05)
De acordo com SEKEROGLU et al. (2009), o peso do ovo é
influenciado por várias fatores, dentre eles, a linhagem, a hereditariedade, a
temperatura ambiente, a idade da ave, o peso vivo, a alimentação e a
68
sanidade. O peso do ovo, além de influenciar a altura e peso de gema e
albúmen, também afeta diretamente a qualidade da casca, visto que há
correlação positiva entre ovos grandes e maior incidência de trincas
(ABDALLAH et al.,1993).
Este resultado se assemelha ao observado por MASHALY et al.
(2004) que encontraram uma diferença de 7,5g entre ovos postos sob
condições de conforto e estresse. Estes autores observaram uma queda
expressiva do peso dos ovos para a condição de criação em gaiola,
especialmente em temperaturas acima de 29°C. Isto se explica, provavelmente,
pelo maior estresse que este sistema apresenta, tendo-se em vista o grau de
confinamento e a maior dificuldade das aves em perder calor.
Por outro lado, ANDERSON & ADAMS (1994), avaliando os efeitos
dos sistemas de criação em piso ou gaiolas convencionais no desenvolvimento
ósseo de poedeiras leves, observaram que poedeiras alojadas em gaiolas
produziram ovos mais pesados que aquelas alojadas em piso.
BARBOSA FILHO (2006), estudaram o bem-estar de poedeiras
comerciais em diferentes sistemas de produção e condições ambientais, e
obteve menor peso dos ovos no sistema de criação em gaiola. Estes autores
associaram este resultado ao maior nível de estresse e à maior dificuldade da
ave em perder calor, quando alojadas em gaiolas.
A qualidade dos ovos e o desempenho de poedeiras semipesadas
criadas em piso ou gaiolas convencionais em cinco períodos de postura, foram
avaliados por ALVES et al. (2007), os quais observaram maior peso dos ovos
para o sistema de criação em gaiola, entre a 40° e a 43° semanas de idade.
ROLL et al. (2009), avaliaram o desempenho produtivo, a qualidade
de ovos e a condição física de poedeiras semipesadas alojadas em dois
sistemas de criação (piso e gaiolas enriquecidas), e não detectaram influência
destes sistemas sobre o peso dos ovos.
MOSTERT et al. (1995) não observaram diferença (P<0,05) para o
peso dos ovos, entre os sistemas de criação em gaiola ou piso para poedeiras
comerciais em diferentes sistemas de criação. De mesmo modo, ROLL et al.
(2009) também não observaram efeito dos sistemas de criação (piso e bateria)
sobre o peso dos ovos de poedeiras semipesadas.
69
O peso dos ovos não foi afetado (P<0,05) pelo nível protéico das
rações em nenhum dos períodos de postura avaliados. Não foi detectado
modelo de ajuste para esta variável, sendo melhor representada pelas médias.
Entretanto, SILVA et al. (2010), estudando o desempenho, qualidade dos ovos
e balanço de nitrogênio de poedeiras comerciais alimentadas com rações
contendo diferentes níveis de proteína bruta (12, 14, 16 e 18%), também
formuladas com base no conceito de proteína ideal, concluíram que o peso dos
ovos e a massa de ovos aumentaram linearmente (P<0,05) com o aumento dos
níveis de proteína. Resultados semelhantes foram encontrados por PINHEIRO
et al. (1996) ao trabalharem com níveis de proteína bruta de 17 e 20%.
PAVAN et al. (2005) avaliaram o desempenho de poedeiras
semipesadas alimentadas com diferentes níveis protéicos (14, 15, 16 e 17%), e
observaram menor peso do ovo para dietas com 17% de proteína bruta às 52
semanas de idade.
ROMBOLA et al. (2004) que verificaram aumento no peso dos ovos
com a elevação do nível protéico da dieta, verificando que 18% de proteína
bruta na dieta proporcionou maior peso e maior quantidade de sólidos totais.
COSTA et al (2004), avaliando a qualidade interna e externa de ovos
de poedeiras semipesadas (Lohmann Brown) entre a 43° e a 55° semanas de
idade, recebendo rações com 15,5, 16,5 e 17,5% de proteína bruta, não
encontraram efeito (P<0,05) dos níveis protéicos sobre o peso dos ovos. No
entanto, PENZ JÚNIOR & JENSEN (1991) constataram que dietas com 13% de
proteína bruta para poedeiras de 28 a 34 semanas de idade colaboraram na
redução do peso dos ovos, principalmente do albúmen, o que não foi
minimizado pela suplementação de aminoácidos essenciais e não-essenciais,
quando comparadas à dieta contendo 16% PB.
Maiores níveis protéicos na dieta influenciam positivamente o peso
dos ovos, pois as poedeiras não são capazes de reservar proteína
eficientemente para a sua mantença, sendo dependentes do consumo diário
(SILVA et al., 2010).
POOSUWAN et al. (2009), avaliando os efeitos a longo prazo de
dois níveis protéicos (14 e 18%) na produção, nos parâmetros sanguíneos e na
resposta imunológica de poedeiras comerciais (Babcock B-308), alojadas em
gaiolas, entre 21 e 48 semanas de idade, observaram que aves alimentadas
70
com dieta contendo 18% de proteína bruta produziram ovos mais pesados
(61,74 g), em relação aquelas recebendo dieta com 14% de proteína bruta
(58,78 g).
ROMBOLOA et al. (2004) estudaram o desempenho de poedeiras
semipesadas alimentadas com diferentes níveis protéicos, verificaram que o
fornecimento de dietas com nível protéico mais elevado, proporcionou um
aumento no peso do albúmem, em que a dieta com 18% de proteína bruta
promoveu melhor peso de albúmem e maior quantidade de sólidos totais,
influenciando diretamente o peso do ovo.
PAVAN et al. (2005), avaliando o peso dos ovos de poedeiras
alimentadas com rações contendo diferentes níveis de proteína bruta,
obtiveram melhores resultados com 14, 15,5 e 17%. Entretanto, SILVA et al.
(2010) destacam que quando se realiza redução protéica muito acentuada,
como a estudada por SUMMERS et al. (1991), com 10% de proteína bruta, os
aminoácidos não são capazes de proporcionar desempenho semelhante a
dietas com níveis protéicos mais elevados. A resposta das aves à redução da
proteína na ração parece estar condicionada à extensão em que esse nutriente
é reduzido na ração.
Analisando os valores totais, não houve efeito dos sistemas de
criação (P>0,01) e dos períodos de produção sobre o peso dos ovos. Não foi
detectado modelo de ajuste para esta variável, sendo melhor representada
pelas médias.
COTTA (1997) afirmou que poedeiras em início de postura
produzem ovos pequenos, variando de 35 a 45 gramas. A idade que a poedeira
atinge a maturidade sexual influencia o peso do primeiro ovo. LARBIER &
LECLERCQ (1992) afirmam que, além dos fatores associados à ave (genética,
idade e precocidade sexual), a nutrição e o ambiente também influenciam o
peso do ovo. AKBAR et al. (1983) e AHN et al. (1997) afirmaram que o peso do
ovo incorpora três componentes: a gema, o albùmen e a casca. E também que
a proporção entre gema e albúmen é determinada pela linhagem e idade da
poedeira.
SILVERSIDES & SCOTT (2001) obtiveram peso médio dos ovos de
58,5 g, superior ao obtido neste trabalho. Já GOMES et al. (2011), trabalhando
com poedeiras semipesadas, em piso e gaiolas convencionais, obtiveram 52,8
71
g de peso médio dos ovos para o sistema de criação em gaiolas, e 57,9 g para
a criação em piso.
3.3.4. Ganho de peso total
Não houve interação (P>0,05) entre os níveis protéicos e os
sistemas de criação. Porém, houve efeito (P<0,01) dos níveis de proteína bruta
das rações sobre o ganho de peso em todo o período experimental (Tabela 6).
Neste período, aves alimentadas com ração contendo 16% de proteína bruta
apresentaram maior ganho de peso.
Tabela 6. Ganho de peso total (g) de poedeiras semipesadas em dois sistemas
PB=proteína bruta; S= sistema de criação; NS = não significativo; CV = coeficiente de variação. *Médias seguidas de mesma letra maiúscula na coluna, não diferem pelo teste Tukey (P>0,05)
Em relação ao ganho de peso total, o modelo ajustado não foi
significativo, sendo melhor representado pelas médias. SÁ et al. (2007),
trabalhando com poedeiras semipesadas no período de 34 a 50 semanas de
idade e TOGASHI et al. (2002), a partir de 51 semanas, não obtiveram efeito
dos níveis de proteína bruta no ganho de peso corporal, com pesagens
individuais realizadas no início e no final da fase experimental.
PÉREZ-BONILLA et al. (2012), avaliando os efeitos dos níveis de
proteina bruta (16,5, 17,5 e 18,5%) e gordura na dieta (adição de 1,8 ou 3,6%),
sobre produção e qualidade de ovo de poedeiras semipesadas, entre 22 e 50
semanas de idade e com diferentes pesos vivos na fase inicial (1.592 g e 1.860
g), observaram que o ganho de peso foi superior para as aves com maior peso
inicial (289 g), quando comparado com aves de menor peso vivo inicial (233 g).
TUMOVA E EBEID (2003), ao avaliarem os efeitos dos sistemas de
produção sobre desempenho e qualidade de ovos de poedeiras semipesadas
Período experimental (semanas)
PB Sistemas Média Probabilidades CV (%) Piso Gaiola PB PB S PBxS
30 – 45
14 289,80 291,60 290,70
0,01 0,05 0,41 3,27 15 295,80 282,80 289,30 16 297,60 289,20 293,40 18 293,00 290,40 291,70
Média 294,05 288,50
72
(Lohmann Brown) alojadas em piso ou gaiolas convencionais, observaram que
o peso vivo foi maior no piso.
As aves apresentaram peso superior ao indicado pelo Manual da
linhagem, em todo o período avaliado.
3.3.5. Conversão alimentar por dúzia (kg/dz) e por massa de ovos (kg/kg)
Não houve interação (P>0,05) entre os níveis protéicos e os
sistemas de criação. E os níveis de proteína bruta também não interferiram na
conversão alimentar (kg/dz). No entanto, ocorreu efeito (P<0,05) dos sistemas
de criação sobre a conversão alimentar por dúzia de ovos em todos os quatro
períodos avaliados. Em todos eles, aves criadas em gaiolas apresentaram
melhor conversão alimentar por dúzia de ovos (Tabela 7). De modo contrário,
ALVES et al. (2007) não observaram diferenças entre os sistemas de criação
em piso ou gaiola, em relação à esta variável.
Em todo o período experimental, houve efeito (P<0,05) dos sistemas
de criação e aves criadas em gaiolas também foram mais eficientes.
Em relação à conversão alimentar por massa de ovos, não houve
interação ou efeito isolado (P>0,05) para sistemas de criação e níveis
protéicos, em todos os quatro períodos avaliados (Tabela 8). Este resultado
está de acordo com o obtido por COSTA et al. (2004), quando estudaram o
efeito de diferentes níveis de proteína bruta (15,5%, 16,5% e 17,5%) na
produção e na qualidade de ovos de poedeiras semipesadas. Os autores
também não encontraram efeito (P<0,05) dos níveis protéicos na conversão
alimentar por massa de ovos.
VALKONEN et al. (2006), avaliando o desempenho de poedeiras
leves e semipesadas criadas em gaiolas convencionais ou enriquecidas
(acesso à ninho, poleiro, caixa de areia e maior área disponível – 750 cm2/ave)
alimentadas com dietas com proteína reduzida (14,7%) ou alta (19%), também
não observaram efeito dos sistemas de criação na conversão alimentar.
PÉREZ-BONILLA et al. (2012) verificaram os efeitos dos níveis de
proteina bruta (16,5%, 17,5% e 18,5%) e da gordura na dieta (adição de 1,8%
ou 3,6%), na produção e na qualidade de ovos de poedeiras semipesadas,
entre 22 e 50 semanas de idade e diferentes pesos vivos (1.592 g e 1.860 g),
73
observaram que as aves mais leves ao início do experimento (1.592 g)
apresentaram melhor (P<0,01) conversão alimentar por dúzia de ovos (1,52),
em relação ás mais pesadas, de 1,57.
Tabela 7. Conversão alimentar por dúzia de ovos por período de produção e
sistema de criação
Período de Postura
PB Sistemas Média Probabilidades CV (%) Piso Gaiola PB PB S PB x S
30 – 33
14 2,045 1,773 1,909
0,28 0,04 0,66 15,97 15 2,152 2,066 2,109 16 2,218 1,829 2,023 18 1,904 1,804 1,854
Média 2,079a 1,868b
34 – 37
14 2,106 1,911 2,008
0,11 0,01 0,74 8,56 15 2,165 2,106 2,135 16 2,143 1,942 2,042 18 1,994 1,893 1,943
Média 2,102a 1,963b
38 – 41
14 2,097 1,825 1,961
0,28 0,04 0,66 15,56 15 2,203 2,118 2,160 16 2,270 1,881 2,075 18 1,956 1,856 1,906
Média 2,131a 1,920b
42 – 45
14 2,067 1,795 1,931
0,21 0,01 0,77 12,51 15 2,173 2,038 2,105 16 2,139 1,850 1,994 18 1,925 1,826 1,875
Média 2,076a 1,877b
Total
14 2,079 1,821 1,950
0,08 0,02 0,09 13,12 15 2,168 2,080 2,124 16 2,190 1,867 2,028 18 1,938 1,839 1,888
Média 2,093a 1,901b PB = proteína bruta; S= sistema de criação; NS = não significativo; CV = coeficiente de variação. *Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha, e maiúscula na coluna, não diferem pelo teste Tukey (P>0,05)
74
Tabela 8. Conversão alimentar por massa de ovos por período de produção
e sistema de criação
Período de Postura
PB Sistemas Média Probabilidades CV (%) Piso Gaiola PB PB S PB x S
30 – 33
14 2,361 2,442 2,401
0,40 0,11 0,80 10,44 15 2,367 2,438 2,402 16 2,420 2,648 2,534 18 2,419 2,561 2,490
Média 2,391 2,522
34 – 37
14 2,493 2,501 2,497
0,38 0,09 0,66 10,59 15 2,286 2.508 2,397 16 2,389 2,416 2,402 18 2,341 2,232 2,286
Média 2,377 2,414
38 – 41
14 2,472 2,609 2,540
0,40 0,09 0,80 6,51 15 2,618 2,499 2,558 16 2,622 2,642 2,632 18 2,401 2,537 2,469
Média 2,528 2,571
42 – 45
14 2,527 2,718 2,622
0,41 0,09 0,81 6,77 15 2,547 2,572 2,559 16 2,631 2,573 2,602 18 2,626 2,611 2,618
Média 2,582 2,618
Total
14 2,462 2,501 2,481
0,36 0,10 0,66 6,89 15 2,451 2,457 2,454 16 2,458 2,531 2,494 18 2,412 2,336 2,374
Média 2,445 2,456 PB=proteína bruta; S= sistema de criação; NS = não significativo; CV = coeficiente de variação.
Analisando os valores do período total de produção, também não foi
observado efeito dos sistemas de criação (P>0,05) e dos níveis protéicos sobre
a conversão alimentar por massa de ovos.
GOMES et al. (2011), avaliaram o desempenho de poedeiras
semipesadas em dois sistemas de criação (piso e gaiolas convencionais), e
detectaram diferenças em relação à esta variável. Estes autores obtiveram uma
conversão alimentar superior no sistema de criação em piso, provavelmente
pelo maior peso dos ovos.
ALVES et al. (2007) testaram os efeitos de dois sistemas de criação
(gaiolas e cama) no desempenho e na qualidade de ovos e também não
observaram efeito para a conversão alimentar (kg/kg e kg/dz) em nenhum dos
cinco períodos de postura, a partir da 19° semana de idade.
75
3.3.6. Ovos sujos, trincados e quebrados
Ocorreu interação (P<0,05) dos níveis de proteína bruta das rações
e sistemas de criação em todos os períodos avaliados para ovos sujos. Houve
efeito (P<0,05) dos sistemas de criação na percentagem de ovos sujos em
todos os quatro períodos de produção (Tabela 9). Nos quatro períodos, aves
criadas em gaiolas apresentaram menor incidência de ovos sujos (P<0,05),
para todos os níveis de proteína das rações (Tabela 9).
Tabela 9. Percentagem de ovos sujos (%) por período de produção e sistema de criação
Período de Postura
PB Sistemas Média Probabilidades CV (%) Piso Gaiola PB PB S PB x S
30 – 33
14 13,98a 5,81b 9,89
0,13 0,01 0,02 7,13 15 15,15a 5,73b 10,44 16 15,19a 5,37b 10,28 18 15,77a 5,59b 10,68
Média 15,02a 5,62b
34 – 37
14 14,27a 6,10b 10,18
0,13 0,01 0,02 6,94 15 15,44a 6,02b 10,73 16 15,48a 5,66b 10,57 18 16,06a 5,88b 10,97
Média 15,31a 5,92b
38 – 41
14 14,00a 5,83b 9,91
0,13 0,01 0,02 7,12 15 15,17a 5,75b 10,46 16 15,21a 5,39b 10,30 18 15,79a 5,61b 10,70
Média 15,04a 5,64b
42 – 45
14 14,05a 5,88b 9,96
0,09 0,01 0,02 7,08 15 15,22a 5,80b 10,51
16 15,26a 5,44b 10,35
18 15,84a 5,66b 10,75
Média 15,09a 5,69b
Total
14 14,22a 5,79b 10,00
0,06 0,03 0,03 6,89 15 15,30a 5,81b 10,55 16 15,23a 5,38b 10,30 18 15,66a 5,70b 10,68
Média 15,10a 5,67b PB=proteína bruta; S=sistema de criação; NS=não significativo; CV = coeficiente de variação. *Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha, e maiúscula na coluna, não diferem pelo teste Tukey (P>0,05)
Este resultado está associado ao fato das aves, nas gaiolas, não
entrarem em contato com o substrato e suas excretas. E também pela
angulação do piso das gaiolas, que possibilita aos ovos rolarem até a grade
frontal, para posterior coleta.
76
Em relação ao período total, houve interação (P<0,05) dos níveis de
proteína bruta e dos sistemas de criação. Neste período, aves criadas no piso
apresentaram maior percentagem de ovos sujos (15,10%), quando
comparadas aquelas criadas nas gaiolas (5,67%), para todos os níveis de
proteína bruta das rações.
Em todo o período experimental, raramente observou-se postura em
cama, evidenciando a preferência da ave em realizar a postura no ninho.
ZUPAN et al. (2008) avaliaram a preferência de poedeiras
semipesadas, alojadas em boxes individualmente, pela postura em ninho ou
cama e verificaram que, das 24 aves monitoradas, 17 realizaram a postura
regularmente em ninhos e 7 no piso (maravalha). As aves que realizaram a
postura no piso, permaneceram mais tempo ciscando e revirando o substrato
nos momentos que antecedem a ovoposição. Enquanto aquelas que optaram
pelos ninhos, procuravam os ninhos pouco antes da postura. Estes autores
sugerem que existam pelo menos dois padrões de comportamento para
poedeiras comerciais em relação à preferência pelo local de postura, mesmo
para grupos de mesma idade e padrão genético.
Os efeitos das interações sociais sobre o tempo de permanência no
ninho e o número de acessos, para poedeiras semipesadas criadas em boxes,
foram avaliados por LUNDBERG E KEELING (1999). Estes autores afirmaram
que o nível de competição (agressões) influencia o tempo de permanência no
ninho. Aves mais agredidas permaneceram menos tempo no ninho, e aquelas
que mais agrediram, permaneceram mais tempo. Destacam ainda, que vários
fatores influenciam a decisão da poedeira pelo local a ser realizada a postura.
Além da qualidade e da segurança do ninho, o nível de interação social
também deve ser considerado. Em ambientes de criação comerciais, existem
condições mais propícias para a postura, no entanto, a condição social da ave
pode prejudicar este processo.
MOSTERT et al. (1995) observaram menor percentagem de ovos
sujos no sistema de criação em gaiolas. Este resultado está de acordo com as
observações de BARBOSA FILHO (2006), em que ovos das aves Isabrown em
cama foram os que mais apresentaram sujidades aderidas, o que pode ser
explicado pelo fato de que essas aves, por serem mais pesadas, consomem
77
mais ração e produzem mais excretas e ainda promovem maior compactação
da cama, favorecendo retenção de umidade.
ALVES et al. (2007), avaliaram os efeitos do sistema de criação e do
ambiente bioclimático no desempenho das aves e na qualidade de ovos, e
também verificaram maior ocorrência de ovos sujos no sistema de criação em
piso. De acordo com APPLEBY et al. (1992), na criação em piso, os ovos
tendem a apresentar sujidades aderidas a casca, pois entram em contato com
as aves ou com material de cama do piso ou do ninho.
De acordo com ROLL et al. (2009), quando comparada às aves
criadas em gaiolas, a percentagem de ovos sujos foi maior no sistema de
criação em piso na metade e na fase final do ciclo e produção.
Em estudos comparativos entre duas linhagens de postura em dois
diferentes sistemas de criação, cama x gaiola, observou-se incremento no
número de ovos sujos no sistema de cama (MOSTERT et al., 1995; ALVES et
al., 2007 BECKER et al., 2011). Isto está de acordo com observado nesta
pesquisa. Entretanto, esses resultados são contrários às observações de
BARBOSA FILHO et al. (2006) que, com área adequada, e respeitando as
dimensões para cada ave, o número de ovos sujos tende a diminuir.
BECKER et al. (2011) destacaram o fato que a maior percentagem
de ovos sujos está relacionada ao ambiente de criação. Aves criadas em
sistema de cama dispõem de maior área para locomoção e ninho, que pode
favorecer o contato direto dos ovos com as excretas.
HANNAH et al. (2011), estudaram o índice de contaminação
bacteriana das casca de ovos, lavados ou não lavados, produzidos por aves
criadas em gaiolas convencionais ou piso, e observaram que o nível de
contaminação foi semelhante para os dois sistemas, após lavagem com
solução comercial. No entanto, os ovos produzidos nas gaiolas, com esteira de
remoção de excretas, apresentaram menor contaminação, independentemente
se foram lavados ou não, em comparação a ovos produzidos no piso.
Não houve interação (P>0,05) entre os níveis protéicos e os
sistemas de criação, e também não houve efeito dos níveis de proteína bruta
na percentagem de ovos trincados. Houve efeito (P<0,01) dos sistemas de
criação em todos os períodos avaliados, e o número de ovos trincados foi
maior nas gaiolas. Isto ocorreu devido à irregularidades no fundo das gaiolas.
78
Nos sistemas avaliados, os ovos eram coletados quatro vezes ao dia, o que
pode ter contribuído para diminuir o pisoteio (Tabela 10). Em relação ao
período total, o sistema de criação em gaiolas apresentou maior incidência de
ovos trincados (P<0,01).
ROLL et al. (2009) avaliaram os efeitos dos sistemas de criação em
piso ou bateria na produção e na qualidade dos ovos de poedeiras
semipesadas, e obtiveram maior percentagem de ovos trincados para a criação
em piso, especialmente ao início do período de postura. Por outro lado,
ALVES et al. (2007) avaliaram os efeitos de sistemas de criação e ambiente
bioclimático no desempenho e na qualidade de ovos, e observaram maior
ocorrência de ovos trincados nas gaiolas.
Tabela 10. Percentagem de ovos trincados (%) por período de postura e
sistema de criação
Período de Postura
PB Sistemas Média Probabilidades CV (%) Piso Gaiola PB PB S PB x S
30 – 33
14 0,80 2,59 1,69
0,20 0,01 0,62 11,27 15 0,77 2,56 1,66 16 0,63 2,44 1,53 18 0,77 2,39 1,58
Média 0,74b 2,49a
34 – 37
14 0,77 2,72 1,74
0,20 0,01 0,63 10,93 15 0,74 2,69 1,71 16 0,60 2,57 1,58 18 0,74 2,52 1,63
Média 0,71b 2,62a
38 – 41
14 0,88 2,61 1,74
0,20 0,01 0,63 10,94 15 0,85 2,58 1,71 16 0,71 2,46 1,58 18 0,85 2,41 1,63
Média 0,82b 2,51a
42 – 45
14 0,75 2,63 1,69
0,20 0,01 0,63 11,31 15 0,72 2,60 1,66 16 0,58 2,48 1,53 18 0,72 2,43 1,57
Média 0,69b 2,53a
Total
14 0,76 2,60 1,68
0,18 0,01 0,58 10,97 15 0,74 2,58 1,66 16 0,60 2,46 1,53 18 0,75 2,43 1,59
Média 0,71b 2,51a PB = proteína bruta; S= sistema de criação; NS = não significativo; CV = coeficiente de variação. *Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha, e maiúscula na coluna, não diferem pelo teste Tukey (P>0,05)
79
Estes resultados estão de acordo com os observados por MERTENS
et al. (2006) ao avaliarem os efeitos de diferentes sistemas de produção
(baterias, gaiolas enriquecidas, galpão fechado e galpão com acesso à áreas
livres – free range) sobre a resistência da casca de ovos de poedeiras
semipesadas (Bovans Goldline) com 45 semanas de idade. Estes autores
observaram diferença em relação aos efeitos dos sistemas de produção sobre
este parâmetro, em que a incidência de trincas foi maior nas gaiolas
enriquecidas (10,72%) e nas baterias (6,73%). Os ovos provenientes do
sistema de produção com acesso á áreas livres (free range) apresentaram
menor incidência de ovos trincados (1,99%), provavelmente devido ao maior
consumo de ração, e consequentemente, de cálcio, verificado neste sistema.
Em relação à incidência de ovos quebrados, houve efeito (P<0,01)
dos sistemas para todos os períodos avaliados, e o número de ovos quebrados
foi maior nas gaiolas. Isto também pode ter ocorrido devido à irregularidades no
fundo da maioria das gaiolas, como ondulações e declividade excessivas
(BARBOSA FILHO et al., 2006). Os ovos eram coletados quatro vezes ao dia, o
que pode ter contribuído para a diminuição da ocorrência de pisoteio pelas
aves (Tabela 11). Em relação ao período total, o sistema de criação em gaiolas
apresentou maior incidência de quebras (P<0,01).
ALVES et al. (2007), em relação à percentagem de ovos quebrados,
observaram que, para poedeiras semipesadas, apesar de não terem sido
detectadas diferenças entre as médias, verificou-se ocorrência de maior
percentagem de quebras no sistema de criação em gaiolas.
De acordo com APPLEBY et al. (1992), uma das preocupações em
relação aos sistemas alternativos às gaiolas é a maior possibilidade de perdas
de ovos em decorrência de quebras, quando postos fora do ninho. Esse fator é
o maior responsável pelas diferenças produtivas entre os sistemas de criação.
Além disso, na criação em piso, os ovos tendem a apresentar sujeiras, pois
entram em contato com as aves ou com o substrato, sujando com mais
facilidade.
80
Tabela 11. Percentagem de ovos quebrados (%) por período de postura e
sistema de criação
Período de Postura
PB Sistemas Média Probabilidades CV (%) Piso Gaiola PB PB S PB x S
30 – 33
14 1,22 1,94 1,58
0,58 0,01 0,53 7,30 15 1,18 1,84 1,51 16 1,16 1,94 1,55 18 1,22 1,87 1,54
Média 1,19b 1,89a
34 – 37
14 1,24 1,97 1,60
0,58 0,01 0,53 7,19 15 1,20 1,87 1,53 16 1,18 1,97 1,57 18 1,24b 1,90 1,57
Média 1,21 1,93a
38 – 41
14 1,33 1,92 1,62
0,58 0,01 0,53 7,09 15 1,29 1,82 1,55 16 1,27 1,92 1,59 18 1,33 1,85 1,59
Média 1,30b 1,88a
42 – 45
14 1,25 2,01 1,63
0,58 0,01 0,53 7,07 15 1,21 1,91 1,56 16 1,19 2,01 1,60 18 1,25 1,94 1,59
Média 1,22b 1,96a
Total
14 1,24 1,95 1,59
0,55 0,01 0,50 7,12 15 1,23 1,85 1,54 16 1,22 1,95 1,58 18 1,26 1,86 1,56
Média 1,24b 1,90a PB = proteína bruta; S= sistema de criação; NS = não significativo; CV = coeficiente de variação. *Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha, e maiúscula na coluna, não diferem pelo teste Tukey (P>0,05)
3.4. CONCLUSÃO
O sistema de criação em piso se configura como opção na criação
de poedeiras semipesadas, de linhagem comercial Hisex Brown, no período
entre a 30° e a 45° semana de idade. E dietas com 16% de proteína bruta são
sugeridas para criação em piso ou gaiolas convencionais na fase de postura,
devido aos efeitos positivos na percentagem de postura, consumo de ração e
peso vivo da ave.
81
4. REFERÊNCIAS
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86
CAPÍTULO 4. QUALIDADE DE OVOS DE POEDEIRAS SEMIPESADAS
CRIADAS EM DOIS SISTEMAS DE PRODUÇÃO NA FASE DE
POSTURA E DIETAS COM REDUÇÃO DOS NÍVEIS DE
PROTEÍNA BRUTA
Resumo
A avaliação da qualidade dos ovos de poedeiras semipesadas, criadas em
gaiolas ou piso de 30 a 45 semanas de idade, suplementadas com
aminoácidos, a partir do conceito de proteína ideal, utilizando-se dietas com
14%, 15%, 16% e 18% de proteína bruta, foi o objeto de estudo deste trabalho.
Foram utilizadas 400 aves (Hisex Brown), distribuídas em dois sistemas de
criação (gaiola convencional ou piso), contendo 200 aves cada. As aves foram
manejadas conforme descrito no manual de criação. As variáveis avaliadas
foram o peso relativo de gema, altura de gema, peso relativo de albúmen,
altura de albúmen, gravidade específica, espessura de casca e peso de casca.
Os tratamentos consistiram de níveis reduzidos de proteína bruta, e foram
fornecidos para os dois grupos igualitariamente. Foi adotado um delineamento
inteiramente casualizado, em esquema fatorial, composto de 2 sistemas de
criação e 4 níveis de proteína bruta, totalizando 8 tratamentos. Foram utilizadas
5 repetições por tratamento e 10 aves por unidade experimental. O sistema de
criação em piso se configura como opção na criação de poedeiras
semipesadas, de linhagem comercial Hisex Brown, no período entre a 30° e a
45° semana de idade, visto que apresenta resultados equivalentes ao obtidos
no sistema de criação em gaiolas, tendo como parâmetro a qualidade dos
ovos.
Palavras–chave: bem-estar, gaiola, ovo, piso, qualidade
87
CHAPTER 4. EGG QUALITY OF BROWN-EGG HENS RAISED IN TWO
RAISING SYSTEMS AND FED REDUCED PROTEIN LEVELS
IN LAYING PHASE
Abstract
Assessment of egg quality of laying hens, caged or litter 30-45 weeks of age,
supplemented with amino acids from the ideal protein concept, using diets with
14%, 15%, 16% and 18% crude protein, was the object of this study. A total of
400 Hisex Brown laying hens were allotted in two facilities, one in conventional
cages and other in an aviary system, with 200 hens each. The birds were raised
according to the manual recommendations. The variables evaluated were yolk
weight, yolk height, albumen weight, albumen height, specific gravity, and shell
thickness and shell weight. The treatments consisted in reduced levels of crude
protein, and were provided to both groups equally. The experiment was
designed as a completely randomized design in factorial model, composed of
two farming systems and 4 protein levels, totaling 8 treatments and five
replicates of 10 birds each. The creation system is configured as a floor option
in the creation of laying hens in commercial line Hisex Brown, between 30 ° and
45 ° week of age, since it presents the results obtained in the equivalent system
in breeding cages, with parameter as the quality of the eggs.
Keywords: cage, egg, litter, quality, welfare
88
4.1. INTRODUÇÃO
A avicultura de postura apresentou um considerável
desenvolvimento na última década, graças à inovações tecnológicas nas áreas
de genética, nutrição, ambiência e manejo (BARBOSA FILHO, 2006). No
entanto, novas tecnologias e demandas de mercado, estimularam o
desenvolvimento de novos sistemas de criação, voltados para a promoção do
bem-estar animal e a manutenção da qualidade dos ovos e da produtividade.
As exigências de proteína e aminoácidos podem variar conforme o
peso corporal, a taxa de crescimento e a produção de ovos. No entanto, a
maioria das recomendações encontradas na literatura e divulgadas pelos
manuais de criação, têm como base estudos que consideram apenas o
desempenho da ave de acordo com determinados níveis de ingestão do
nutriente estudado, sem avaliar os efeitos do ambiente em que são criadas.
As exigências nutricionais podem não ser compatíveis com as
demandas dos diferentes sistemas de criação, o que justifica a implementação
de estudos para conhecer exigências nutricionais específicas e níveis de
nutrientes mais adequados (ANGELES & ROSALES, 2005).
SINGH & CHENG (2009) estudaram o desempenho e a qualidade
dos ovos de quatro linhagens de poedeiras comerciais, mantidas em gaiolas
convencionais ou piso de aviários, e relataram que a qualidade dos ovos
também são influenciadas pelo sistema de criação, assim como a idade das
aves. Neste estudo, a produção de ovos das linhagens leves e das linhagens
semipesadas foram semelhantes, porém, observaram efeitos dos sistemas de
criação sobre o consumo de ração e a eficiência alimentar.
TACTACAN et al. (2009) avaliaram o desempenho e o bem-estar de
poedeiras comerciais em gaiolas convencionais e enriquecidas (acesso ao
ninho e areia), e concluíram que não houve diferenças na produção e na
qualidade dos ovos entre os dois tipos de gaiolas, exceto para a percentagem
de ovos sujos. Este resultado está de acordo com os obtidos por SMITH et al.
(1993) e ABRAHAMSSON & TAUSON (1997).
HOOREBEKE (2010) determinou os fatores que potencializam o
risco de contaminação por Salmonella sp. em poedeiras comercias, utilizando
amostras coletadas em 4 países (Bélgica, Alemanha, Itália e Grécia) e em
89
diferentes sistemas de criação (baterias convencionais, cama sobre piso,
produção orgânico e em galpões com acesso a áreas livres), afirma que nos
sistema de criação em gaiolas ou baterias a ocorrência de infecções por
Salmonella sp é mais intensa que em sistemas alternativos de criação.
A maioria das recomendações protéicas divulgadas pelos manuais
de criação, tem como base estudos realizados em condições diferentes das
encontradas pelas aves nos locais em que são exploradas. A escolha do nível
adequado de proteína é favorável tanto para a ave, que poderá desempenhar
suas funções metabólicas de forma potencializada, quanto para o produtor, que
poderá maximizar seus recursos financeiros através de economia com fontes
protéicas (SAKOMURA et al., 2002).
De acordo com ZANG & COON (1997) e MIZUMOTO et al. (2008), a
nutrição e o sistema de criação influenciam a qualidade dos ovos. Para
poedeiras, o nível de proteína na dieta é importante para a formação da gema
e, especialmente, do albúmem. Uma vez que a habilidade das poedeiras em
estocar proteína é limitada, a concentração de proteína na ração deve estar
equacionado para atingir a produção de ovos desejada (PESTI, 1992).
O estudo de diferentes níveis protéicos em rações para poedeiras
em fase de produção é de fundamental importância, uma vez que a produção e
o tamanho dos ovos são dependentes da ingestão de proteínas (SAKOMURA
et al., 2002). A avaliação da qualidade de ovos de poedeiras semipesadas, de
linhagem comercial Hisex Brown, criadas em piso ou gaiolas, da 30° a 45°
semana de idade, recebendo dietas com redução dos níveis de proteína bruta,
foi o objeto de estudo deste trabalho.
4.2. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado no Setor de Avicultura do Campus
Urutaí, do Instituto Federal Goiano. Foram utilizadas 400 poedeiras
semipesadas de linhagem Hisex Brown, na fase de postura, entre a 30° e a 45°
semana de idade, entre 23 de dezembro de 2011 a 06 de abril de 2012. Este
projeto de pesquisa foi analisado pela Comissão de Ética no Uso de Animais
(CEUA/UFG), da Universidade Federal de Goiás, sob protocolo 312/11.
90
Foram utilizados dois galpões, simultaneamente, em que 200 aves
foram alojadas em boxes forrados com serragem, e outras 200 em gaiolas
convencionais. Foi realizada a pesagem individual das aves para distribuição
em um delineamento inteiramente ao acaso. As aves foram manejadas
conforme recomendações propostas no manual de criação da linhagem
(GLOBOAVES, 2006). Foi adotada a densidade de 500cm2/ave nas gaiolas, e
3.333cm2/ave no piso.
No galpão do sistema de criação em piso, as aves foram distribuídas
em 20 boxes. Cada boxe possuía um bebedouro, um comedouro e um ninho.
Os boxes foram forrados com serragem até a altura de 10 cm e apresentavam
uma medida de 2,2 x 1,5 x 3 m (comprimento x largura x altura).
O bebedouro utilizado foi do tipo pendular com válvula acoplada, e o
comedouro, de tipo tubular, apresentava capacidade para 15 Kg de ração. O
ninho, construído em madeira, apresentava três divisórias (33 x 40 x 45 cm) e
elevação de 10 cm em relação ao substrato.
O manejo dos ovos e dos ninhos foi realizado de acordo com as
recomendações da EMBRAPA Suínos e Aves (EMBRAPA, 2005).
As rações experimentais foram formuladas com base no conceito de
proteína ideal, isoenergéticas (2.900 kcal/Kg de E.M) e isonutritivas, utilizando-
se, além dos ingredientes básicos (milho e farelo de soja), aminoácidos
industriais (Tabela 1), de modo a satisfazer às exigências nutricionais indicadas
por ROSTAGNO et al. (2011).
As variáveis estudadas foram unidade Haugh, peso relativo de
gema, altura de gema, peso relativo de albúmen, altura de albúmen, gravidade
específica, espessura de casca e peso relativo de casca. Foram adotados
quatro períodos de postura de 28 dias (30° a 33° semana de idade, 34° a 37°
semana de idade, 38° a 41° semana de idade e 42° a 45° semana de idade).
Os dados relativos à temperatura ambiente, no interior dos galpões
experimentais, foram obtidos por meio de termômetro de máxima e mínima, da
marca Incoterm, posicionado no centro dos galpões à altura das aves. A leitura
dos termômetros foi realizada diariamente, sempre às 08h00m da manhã.
91
Tabela 1. Composição das rações experimentais
INGREDIENTES Ração 14% PB
Ração 15% PB
Ração 16% PB
Ração 18% PB
Milho grão 68,78 65,58 67,97 61,29 Soja farelo 45% 17,91 20,62 13,48 18,87 Calcário 9,18 9,18 9,20 9,20 Milho farelo de glúten 60% - 0,27 6,85 7,44 Óleo de soja 1,62 2,12 0,23 1,32 Fosfato bicálcico 1,05 1,03 1,04 0,99 Sal comum 0,47 0,47 0,48 0,48 Dl-metionina 0,29 0,27 0,18 0,12 L-lisina hcl 0,21 0,12 0,29 0,11 L-valina 0,14 0,09 0,03 - L-treonina 0,13 0,07 0,05 - L-triptofano 0,03 0,02 0,04 0,01 L-isoleucina 0,05 0,00 0,00 0,00 L-arginina 0,00 0,00 0,00 0,00 Suplemento vitamínico 0,10 0,10 0,10 0,10 Suplemento mineral 0,05 0,05 0,05 0,05 BHT 0,01 0,01 0,01 0,01 TOTAL 100,00 100,00 100,00 100,00
COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL
EM (Mcal/Kg) 2.900 2.900 2.900 2.900 Proteína bruta (%) 14,00 15,00 16,00 18,00 Lisina digestível (%) 0,75 0,75 0,75 0,75 Metionina+Cistina digestível (%) 0,69 0,69 0,69 0,69 Metionina digestível (%) 0,48 0,47 0,45 0,42 Valina digestível (%) 0,71 0,72 0,72 0,77 Treonina digestível(%) 0,57 0,57 0,57 0,60 Triptofano digestível (%) 0,17 0,17 0,17 0,17 Isoleucina digestível (%) 0,57 0,57 0,60 0,70 Arginina digestível (%) 0,81 0,89 0,80 0,95 Fenilalanina digestível (%) 0,63 0,69 0,80 0,91 Glicina+Serina (%) 1,32 1,43 1,45 1,67 Histidina digestível(%) 0,36 0,38 0,39 0,44 Leucina digestível (%) 1,24 1,32 1,79 1,96 Ácido Linoléico (%) 2,35 2,58 1,65 2,17 Cálcio (%) 3,85 3,85 3,85 3,85 Fósforo disponível (%) 0,28 0,28 0,28 0,28 Sódio (%) 0,21 0,21 0,21 0,21 PB = proteína bruta. Niveis de suplementação (quantidade por kg do produto) : 10.000 UI de Vit. A; 2.000 UI de Vit. D3; 1.833 mg de Vit. E; 2 mg de Vit. B1; 1,000 mg vit. B2; 3 mg de Vit B6; 0,015 mg vit.B12; 12 mg de Ac. Pantotênico; 3 mg de Vit. K3; 1 mg de Ácido fólico;0,25 mg de Selênio , 33.333 mg de Manganês ;6.567 mg de Ferro ;2.667 mg de Cobre ;250 mg de Iodo; 26.667 mg Zinco; 6.000 mg Niacina; 70000 mg Colina; 680 mg Etoxiquim; 8.333 mg Halquinol.
Uma amostra de quatro ovos por unidade experimental foi colhida
pela manhã (08h00m), identificada e utilizada para determinação do peso de
gema, peso de albúmen e peso relativo de casca, nos últimos quatro dias de
cada período experimental. Para tanto, foi utilizada uma balança semi-analítica
da marca Gehaka, modelo BK-4000, com precisão de 0,01g.
92
A partir das mesmas amostras, foram medidos altura de gema,
altura de albúmen e espessura de casca, utilizando-se micrômetro analógico
modelo AMES S-6428 e paquímetro digital, respectivamente.
A medida da espessura de casca foi realizada sem a remoção da
membrana interna das cascas. Após os ovos serem quebrados, as cascas
foram cuidadosamente lavadas em água corrente para a retirada dos restos de
albúmen que ainda permaneciam em seu interior. Depois de lavadas, as
cascas foram separadas para secagem de um dia para outro, à temperatura
ambiente. Depois de devidamente secas, estas eram medidas em três pontos
diferentes na região centro-transversal para obtenção da espessura média.
A gravidade específica foi determinada pelo método de flutuação
salina, conforme metodologia descrita por HAMILTON (1982). Ao final de cada
período experimental, foram selecionadas amostras representativas de quatro
ovos por parcela; em seguida, foram feitas imersões dos ovos em soluções
salinas (NaCl) com os devidos ajustes para o volume de 10 litros de água com
densidades que variavam de 1,065 a 1,100 com intervalo de 0,005, calibradas
com densímetro da marca Incoterm. Os ovos foram colocados nos baldes com
soluções, da menor para a maior densidade e foram retirados ao flutuarem,
sendo registradas as densidades correspondentes às soluções dos recipientes.
A unidade Haugh foi calculada por meio da expressão UH = 100 Log
(h – 1,7 p + 7,6), sendo: UH = unidade Haugh, h = altura de albúmen denso
(mm) e p = peso do ovo (g).
Os dados foram analisados em delineamento inteiramente
casualizado em esquema fatorial 2x4, com dois sistemas de criação (gaiola e
piso) e quatro tratamentos (rações com 14, 15, 16 e 18% de proteína bruta).
Foram utilizadas cinco repetições e dez aves por parcela. Para os níveis de
proteína bruta foi ajustado o modelo de regressão polinomial quando houve
significância. As análises estatísticas foram realizadas por meio do programa
SAEG 9.1. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância, e
quando estatisticamente diferentes, foram comparados pelo teste de Tukey
(5%).
93
4.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os valores de temperatura máxima e mínima observados, e suas
respectivas médias, estão na faixa de temperatura esperada para o local em
que o experimento foi conduzido (Urutaí-GO), como apresentado na Tabela 2.
Tabela 2. Médias de temperatura ambiente para o período de postura no
sistema de criação no piso
Semanas de idade Temperatura (°C)
Máxima Mínima Médias
30 29,5 23,1 26,3 35 30,7 22,4 26,6 40 30,1 22,7 26,4 45 29,3 21,7 25,5
Médias 29,9 22,5
Tabela 3. Médias de temperatura ambiente para o período de postura no
sistema de criação em gaiolas
Semanas de idade Temperatura (°C)
Máxima Mínima Médias
30 29,6 23,0 26,3 35 30,9 22,4 26,6 40 30,4 22,1 26,3 45 29,3 21,5 25,4
Médias 30,1 22,3
4.3.1. Peso relativo de gema
No segundo período de produção, houve efeito (P<0,01) dos
sistemas de criação (Tabela 4). Neste período, ovos provenientes do sistema
de criação no piso, apresentaram maior peso relativo de gema. No quarto
período, houve efeito (P<0,01) dos níveis de proteína bruta no peso relativo de
gema. Neste período, o peso relativo de gema aumentou de forma linear com o
aumento da suplementação de proteína bruta na ração (Figura 1).
94
Tabela 4. Peso relativo (%) de gema por período de produção e sistema de
criação
Período de produção
PB Sistemas Média Probabilidades CV (%) Piso Gaiola PB PB S PB x S
30 – 33
14 25,45 25,14 25,29
0,12 0,29 0,35 4,49 15 27,35 25,72 26,53 16 26,12 25,66 25,89 18 25,74 26,57 26,15
Média 26,16 25,77
34 – 37
14 26,46 25,18 25,82
0,29 0,01 0,76 4,39 15 27,39 26,49 26,94 16 27,96 26,07 27,01 18 27,44 25,98 26,71
Média 27,31a 25,93b
38 – 41
14 26,45 25,48 25,96
0,55 0,46 0,09 2,91 15 27,01 25,99 26,50 16 26,00 25,85 25,92 18 25,83 26,29 26,06
Média 26,32 25,90
42 – 45
14 25,59 25,34 25,46
0,01 0,06 0,60 2,87 15 26,98 26,21 26,59 16 26,63 25,56 26,09 18 26,73 26,25 26,48
Média 26,48 25,84 PB = proteína bruta; S= sistema de criação; NS = não significativo; CV = coeficiente de variação. *Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha, e maiúscula na coluna, não diferem pelo teste Tukey (P>0,05)
Os resultados observados não estão de acordo com os obtidos por
MOUSAVI et al. (2013) ao pesquisarem os efeitos de diferentes níveis de
proteína bruta (15,5, 16,5, 17,5 e 18,5%) na qualidade de ovos das linhagens
Lohmann LSL e Hy-Line W-36 entre 25 e 33 semanas de idade. Estes autores
utilizaram dietas formuladas à partir do conceito de proteína ideal, e afirmaram
que houve interação dos níveis protéicos e das linhagens comerciais, e que o
peso relativo de gema diminuiu ao reduzir o nível protéico de 18,5 para 15,5%.
95
Y = 23,09 + 0,19X
FIGURA 1. Modelo linear para peso relativo de gema (%) em função dos
níveis de proteína bruta no quarto período de produção
Os resultados deste trabalho também divergem dos obtidos por
MONTERO et al. (2012), que ao trabalharem com poedeiras semipesadas
(Rhode Island Red) criadas em sistemas alternativos (galpão com acesso à
áreas livres, galpão fechado ou gaiolas convencionais) em região de clima
quente (Península de Yucatán, México). Os autores avaliaram os efeitos dos
sistemas sobre qualidade de ovos e desempenho produtivo em dois períodos
(30 a 35 semanas e 40 a 45 semanas de idade). E relataram que o peso
relativo de gema foi maior para o sistema de criação em gaiolas convencionais.
Neste trabalho, os valores obtidos para percentual de gema foram
menores que os observados por VAN DEN BRAND et al. (2004) ao avaliarem
os efeitos de dois sistemas de produção (gaiolas convencionais e galpão com
acesso à áreas livres) sobre características internas e externas de ovos de
poedeiras semipesadas (Isa Brown), entre 25 e 59 semanas de idade. Estes
autores obtiveram 31,42% para a 33° semana de idade, 33,01% para a 37°,
32,58% para a 41°, e 34,39% para a 45° semana, respectivamente.
ROLL et al. (2009) avaliaram a qualidade de ovos de poedeiras
semipesadas alojadas em dois sistemas de criação (piso e gaiolas enrique
cidas), e não detectaram efeito dos sistemas no peso relativo de gema.
96
A qualidade interna e externa de ovos de poedeiras semipesadas
(Lohmann Brown), entre 43 e 55 semanas de idade,foram avaliadas por
COSTA et al. (2004), onde obtiveram pesos relativos de gema superiores aos
obtidos neste trabalho, sendo 20; 19,37 e 19,16 g, para 15,5; 16,5 e 17,5% de
proteína bruta, respectivamente.
HAN E THACKER (2011), ao avaliarem os efeitos da suplementação
de Glicina (0,05 e 0,10%) no desempenho e na qualidade de ovos de poedeiras
semipesadas (Lohmann Brown) a partir de 30 semanas de idade, observaram
redução linear do peso relativo de gema quando a ingestão de glicina cresceu.
4.3.2. Altura de gema
Houve efeito (P<0,05) dos níveis de proteína bruta na altura de
gema no primeiro e no quarto períodos de produção (Tabela 5).
Tabela 5. Altura de gema (mm) por período de produção e sistema de criação
Período de Produção
PB Sistemas Média Probabilidades CV (%) Piso Gaiola PB PB S PB x S
30 – 33
14 14,07 14,12 14,09
0,045 0,53 0,72 4,71 15 14,55 14,65 14,60 16 13,89 13,87 13,88 18 13,80 14,21 14,00
Média 14,07 14,21
34 – 37
14 13,65 13,91 13,78
0,63 0,98 0,44 8,43 15 14,20 14,25 14,22 16 13,81 13,85 13,83 18 14,50 13,65 14,07
Média 14,04 13,91
38 – 41
14 14,22 13,80 14,01
0,86 0,15 0,61 3,15 15 14,27 14,25 14,26 16 14,17 13,77 13,97 18 14,05 13,99 14,02
Média 14,18 13,95
42 - 45
14 13,66 13,62 13,64
0,03 0,85 0,55 3,45 15 14,26 14,20 14,23 16 13,56 13,59 13,57 18 13,67 13,82 13,74
Média 13,78 13,80 PB = proteína bruta; S= sistema de criação; NS = não significativo; CV = coeficiente de variação. *Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha, e maiúscula na coluna, não diferem pelo teste Tukey (P>0,05)
97
No primeiro período, não houve diferença na altura de gema, para
todos os níveis protéicos testados. Em relação ao quarto período, aves
alimentadas com ração contendo 15% de proteína bruta apresentaram maior
altura de gema (14,23 mm). Para o primeiro e quarto períodos de produção, os
modelos ajustados para altura de gema, em relação aos níveis de proteína
bruta, não foram significativos, sendo melhor representados pelas médias.
Neste trabalho, o peso do ovo foi influenciado pelos sistemas de
criação apenas no segundo período de produção (34° a 37° semana de idade),
não sendo possível verificar sua relação com outros parâmetros de qualidade.
Entretanto, SEKEROGLU E ALTUNTAS (2009), ao avaliarem os efeitos do
peso dos ovos de poedeiras semipesadas (Lohmann Brown), criadas em
gaiolas convencionais, no período entre 33 e 45 semanas de idade, sobre
parâmetros de qualidade interna dos ovos, constataram efeito direto do peso
do ovo sobre a altura de gema. Estes autores relataram que para ovos mais
pesados (Grande – 64,17g e Jumbo – 71,51g) houve maior altura de gema,
17,43 mm e 17,87 mm, respectivamente.
De mesmo modo, não foi detectada relação entre os períodos
(diferentes idades) e a altura de gema. Porém, GHARAHVEYSI et al. (2012),
avaliando os efeitos da idade sobre a qualidade de ovos, observaram aumento
da altura de gema com o avançar da idade, bem como, sua diminuição a partir
da 43º semana de idade.
4.3.3. Peso relativo de albúmen
No quarto período, houve efeito (P<0,05) dos sistemas de criação no
peso relativo de albúmen. Neste período, ovos provenientes de aves criadas
nas gaiolas, apresentaram maior peso relativo de albúmen (Tabela 6).
Estes resultados estão de acordo com os obtidos por VAN DEN
BRAND et al. (2004), ao avaliarem os efeitos de dois sistemas de produção
(gaiolas convencionais e galpão com acesso à áreas livres) sobre
características internas e externas de ovos de poedeiras semipesadas (Isa
Brown), entre 25 e 59 semanas de idade. Estes autores obtiveram 60,05% para
peso relativo de albúmen na 33° semana de idade, 58,39% para a 37°, 58,95%
para a 41°, e 57,39% para a 45° semana, respectivamente.
98
Tabela 6. Peso relativo de albúmen (%) por período de produção e sistema de
criação
Período de Produção
PB Sistemas Média Probabilidades CV (%) Piso Gaiola PB PB S PB x S
30 – 33
14 61,13 63,07 62,10
0,50 0,11 0,41 4,96 15 57,84 62,54 60,19 16 61,65 62,11 61,88 18 62,04 62,74 62,39
Média 60,66 62,61
34 – 37
14 59,58 61,18 60,37
0,08 0,09 0,51 1,90 15 59,26 59,05 59,15 16 58,69 59,53 59,10 18 59,62 60,06 59,84
Média 59,28 59,95
38 – 41
14 59,17 59,28 59,22
0,65 0,90 0,30 1,99 15 58,86 60,66 59,76 16 59,90 60,49 60,19 18 60,19 59,90 60,04
Média 59,53 60,08
42 – 45
14 60,51 61,41 60,96
0,09 0,02 0,06 2,13 15 59,29 60,55 59,91 16 59,56 62,71 61,13 18 59,84 60,27 60,05
Média 59,80b 61,23a PB=proteína bruta; S=sistema de criação; NS=não significativo; CV = coeficiente de variação. *Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha, e maiúscula na coluna, não diferem pelo teste Tukey (P>0,05)
COSTA et al. (2004) observaram efeito dos níveis protéicos (15,5%,
16,5% e 17,5% de proteína bruta) sobre o peso relativo de albúmen. Neste
trabalho, aves alimentadas com ração contendo 17,5% de proteína bruta
apresentaram maiores valores para esta variável.
ROMBOLOA et al. (2004) também verificaram que o peso relativo do
albúmen aumentou com a elevação do nível protéico da dieta. Neste estudo, o
nível de 18% de proteína bruta proporcionou melhor resultado, com maior
quantidade de sólidos totais.
4.3.4. Altura de albúmen
Houve efeito (P<0,05) dos níveis de proteína bruta sobre a altura de
albúmen no terceiro período de produção. No entanto, o modelo ajustado não
foi significativo, sendo melhor representado pelas médias. Aves alimentadas
com ração de 16% de proteína bruta apresentaram menor altura de albúmen
99
quando comparadas com as aves dos outros tratamentos. Houve efeito
(P<0,01) dos sistemas de criação no quarto período de produção (Tabela 7) e
as aves criadas em gaiolas apresentaram maior altura de albúmen (P<0,01).
Tabela 7. Altura de albúmen (mm) por período de produção e sistema de
criação
Período de Produção
PB Sistemas Média Probabilidades CV (%) Piso Gaiola PB PB S PB x S
30 – 33
14 5,60 5,89 5,74
0,719 0,782 0,547 13,99 15 5,57 5,62 5,59 16 5,71 6,38 6,04 18 5,69 5,99 5,84
Média 5,64 5,97
34 – 37
14 5,13 4,93 5,03
0,95 0,98 0,71 21,39 15 5,27 4,90 5,08 16 4,40 5,14 4,77 18 5,21 4,57 4,89
Média 5,00 4,88
38 – 41
14 5,67 4,91 5,29
0,02 0,98 0,06 7,44 15 5,75 4,74 5,24 16 5,62 4,64 5,13 18 5,96 4,81 5,38
Média 5,75 4,77
42 – 45
14 4,91 5,81 5,36
0,92 0,01 0,38 9,43 15 4,74 5,84 5,29 16 4,64 5,91 5,27 18 4,81 5,40 5,10
Média 4,77b 5,74a PB = proteína bruta; S= sistema de criação; NS = não significativo; CV = coeficiente de variação. *Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha, e maiúscula na coluna, não diferem pelo teste Tukey (P>0,05)
A qualidade interna do ovo vai decrescendo à medida que avança a
idade da poedeira, sendo este um fenômeno irreversível (LLOBET et al.,1989).
VAN DEN BRAND et al. (2004), avaliando os efeitos de dois sistemas de
produção (gaiolas convencionais e galpão com acesso à áreas livres) sobre
características internas e externas de ovos de poedeiras semipesadas (Isa
Brown), entre 25 e 59 semanas de idade, observaram diminuição da altura de
albúmen com o avançar da idade (entre a 30° e a 45° semanas de idade), e
maior altura de albúmen para o sistema de criação no piso com acesso á áreas
livres (free-range).
SILVERSIDES et al. (2004), ao estudarem as relações entre
parâmetros de qualidade e propriedades funcionais do albúmen, em ovos de
100
poedeiras semipesadas (Isa Brown) coletados com 32, 50 e 68 semanas de
idade, e estocados por 5 ou 10 dias, observaram que a altura de albúmen
diminui com o aumento da idade e tempo de estocagem.
4.3.5. Unidade Haugh
Não houve interação (P>0,05) dos níveis de proteína bruta das
rações e dos sistemas de criação. Também não houve efeito (P>0,05) dos
níveis de proteína bruta e sistemas de criação na unidade Haugh (Tabela 3).
Tabela 3. Unidade Haugh por período de produção e sistema de criação
Período de produção
PB Sistemas Média Probabilidades CV (%) Piso Gaiola PB PB S PB x S
30 – 33
14 86,69 85,68 86,18
0,28 0,33 0,41 4,18 15 85,10 84,31 84,70 16 85,02 85,78 85,40 18 86,49 85,01 85,75
Média 85,82 85,19
34 – 37
14 86,87 85,57 86,22
0,13 0,24 0,37 4,17 15 85,28 84,20 84,74 16 85,20 85,67 85,43 18 86,59 84,90 85,74
Média 85,98 85,08
38 – 41
14 84,11 85,49 84,80
0,22 0,18 0,25 5,12 15 85,58 84,72 85,15 16 84,81 83,93 84,37 18 84,02 85,40 84,71
Média 84,63 84,88
42 – 45
14 84,63 83,75 84,19
0,19 0,08 0,17 4,98 15 83,84 85,22 84,53 16 85,31 84,45 84,88 18 84,54 83,66 84,10
Média 84,58 84,27 PB = proteína bruta; S= sistema de criação; NS = não significativo; CV = coeficiente de variação.*Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha, e maiúscula na coluna, não diferem pelo teste Tukey (P>0,05)
O parâmetro mais usado para expressar a qualidade do albúmen é a
unidade Haugh. HAUGH (1937) verificou que a qualidade do ovo varia com o
logaritmo da altura da clara espessa. Deste modo, desenvolveu um fator de
correção para o peso do ovo, que multiplicado pelo logaritmo da altura da clara
espessa, corrigida por 100, resultou na unidade Haugh (BRANT et al., 1951). A
unidade Haugh é uma expressão matemática que relaciona o peso do ovo com
101
a altura da clara espessa. De modo geral, quanto maior o valor da unidade
Haugh, melhor a qualidade do ovo (RODRIGUES, 1975).
No entanto, SILVERSIDES & VILLENEUVE (1994) afirmaram que a
correção do peso do ovo na fórmula da unidade Haugh é inadequada,
especialmente quando forem comparados ovos frescos de diferentes
linhagens, como também, se for avaliada a qualidade do albúmen de ovos
armazenados por diferentes períodos.
ALLEONI E ANTUNES (2001) afirmaram que a composição da
ração e a linhagem das aves podem afetar os valores da unidade Haugh.
Entretanto, a estação do ano e o sistema de produção não parecem afetar este
parâmetro.
Os efeitos de diferentes níves de proteína bruta (14, 15, 16 e 17%)
no desempenho de poedeiras semipesadas (Bovans) na fase inicial de postura
(20 a 40 semanas), foi estudado por ABIOYE ET al. (2012), que obtiveram
maiores valores para unidade Haugh utilizando ração com 17% de proteína
bruta.
DONALDSON E O’CONNELL (2012), estudaram os efeitos da
utilização de poleiros suspensos sobre o bem-estar e desempenho de
poedeiras semipesadas criadas em galpão com acesso à áreas livres (free-
range), e afirmaram que o acesso aos poleiros possibilitou um maior bem-estar
às aves, porém, não afetou a qualidade dos ovos, permanecendo inalterados
os valores de unidade Haugh.
Em relação á densidade populacional, ONBASILAR E AKSOY
(2005), ao estudarem parâmetros de estresse e respostas imunológicas de
poedeiras semipesadas (Hy-Line Brown) alojadas em gaiolas ou piso, sob
diferentes densidades (1968, 656 e 393,8 cm2), afirmaram que a unidade
Haugh foi menor para o grupo de aves alojado com densidade de 393,8 cm2.
4.3.6. Gravidade específica
Não houve (P>0,05) interação dos níveis de proteína bruta das
rações e dos sistemas de criação. Também não houve efeito isolado dos níveis
de proteína bruta e dos sistemas de criação sobre a gravidade específica
durante todo o período experimental (Tabela 8)
102
Tabela 8. Gravidade específica por período de postura e sistema de criação
Período de Postura
PB Sistemas Média Probabilidades CV (%) Piso Gaiola PB PB S PB x S
30 – 33
14 1,080 1,080 1,080
0,98 0,21 0,85 5,28 15 1,080 1,080 1,080 16 1,080 1,080 1,080 18 1,070 1,070 1,070
Média 1,077 1,077
34 – 37
14 1,080 1,080 1,080
0,45 1,00 0,45 7,45 15 1,080 1,080 1,080 16 1,080 1,080 1,080 18 1,070 1,070 1,070
Média 1,077 1,077
38 – 41
14 1,080 1,070 1,075
0,92 1,00 0,54 3,41 15 1,080 1,070 1,075 16 1,070 1,070 1,070 18 1,070 1,080 1,075
Média 1,075 1,072
42 – 45
14 1,080 1,080 1,080
0,92 0,94 0,69 4,99 15 1,080 1,080 1,080 16 1,070 1,070 1,070 18 1,070 1,070 1,070
Média 1,075 1,075 PB = proteína bruta; S= sistema de criação; NS = não significativo; CV = coeficiente de variação. *Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha, e maiúscula na coluna, não diferem pelo teste Tukey (P>0,05)
A gravidade específica é altamente relacionada com a qualidade da
casca, especialmente em relação à espessura (HAMILTON, 1982). No entanto,
esta relação não foi observada neste estudo. PEEBLES E MCDANIEL (2004)
consideraram o valor de 1,080 como referência para se classificar a casca
como boa ou ruim. Porém, BARBOSA FILHO (2006), ao estudarem o bem-
estar de poedeiras comerciais em diferentes sistemas de produção e condições
ambientais, observaram que este limite foi válido apenas para a condição de
conforto térmico (26°C). KOELKEBECK et al. (1993) também não observaram
efeito dos níveis protéicos sobre a gravidade específica de ovos.
Em estudo comparando dois sistemas de criação (piso x gaiolas),
ALVES et al. (2007) observaram que ovos provenientes de gaiolas
apresentaram casca mais fina, e conseqüentemente, menor gravidade
específica, o que implicou em diferenças entre os sistemas de criação.
JUNQUEIRA & FILHO (2000), trabalhando com poedeiras Hy-line de 54
semanas de idade, encontraram valores de 1,085 para gravidade específica,
103
confirmando que ao avançar a idade das aves, os valores de gravidade
específica tendem a diminuir e o peso dos ovos a aumentar.
TACTACAN et al. (2009) avaliaram a produção e o bem-estar de
poedeiras comerciais alojadas em gaiolas convencionais ou enriquecidas, no
período entre 21 e 61 semanas de idade, e observaram que a gravidade
específica foi equivalente para os dois sistemas de produção.
4.3.7. Espessura da casca e peso relativo de casca
Não houve (P>0,05) interação dos níveis de proteína bruta das
rações e os sistemas de criação. Também não houve efeito isolado dos níveis
de proteína bruta e dos sistemas de criação sobre a espessura da casca,
durante todo o período experimental (Tabela 9).
Entretanto, ALVES et al. (2007), ao avaliarem o desempenho e a
qualidade dos ovos de poedeiras semipesadas e poedeiras leves, criadas em
piso ou gaiolas convencionais, observaram menor espessura de casca nos
ovos de poedeiras semipesadas criadas em gaiolas. Estes autores atribuem
esta condição ao maior estresse e a dificuldade das aves em perder calor nas
gaiolas. Esclarecem também que as poedeiras semipesadas, devido ao seu
maior porte, apresentam maior intolerância ao calor.
104
Tabela 9. Espessura da casca (mm) por período de produção e sistema de
criação
Período de Produção
PB Sistemas Média Probabilidades CV (%) Piso Gaiola PB PB S PB x S
30 – 33
14 0,389 0,389 0,389
0,72 0,99 0,73 4,68 15 0,391 0,390 0,390 16 0,391 0,390 0,390 18 0,389 0,391 0,390
Média 0,390 0,390
34 – 37
14 0,381 0,389 0,385
0,74 0,28 0,63 3,52 15 0,380 0,381 0,380 16 0,380 0,391 0,385 18 0,381 0,379 0,380
Média 0,380 0,385
38 – 41
14 0,390 0,380 0,385
0,76 0,10 0,72 25,75 15 0,400 0,391 0,395 16 0,411 0,370 0,390 18 0,401 0,391 0,396
Média 0,400a 0,383b
42 – 45
14 0,370 0,370 0,370
0,56 0,58 0,37 19,09 15 0,368 0,361 0,365 16 0,360 0,359 0,360 18 0,359 0,360 0,360
Média 0,364 0,362 PB = proteína bruta; S= sistema de criação; NS = não significativo; *Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha, e maiúscula na coluna, não diferem pelo teste Tukey (P>0,05)
VAN DEN BRAND et al. (2004), ao avaliarem os efeitos de dois
sistemas de produção (gaiolas convencionais e galpão com acesso à áreas
livres) sobre características internas e externas de ovos de poedeiras
semipesadas (Isa Brown), entre 25 e 59 semanas de idade, obtiveram valores
menores para espessura de casca na 33° (0,310 mm), 37° (0,318 mm), 41°
(0,321 mm) e 45° semanas de idade (0,320 mm), respectivamente.
ABRAHAMSSON E TAUSON (2009), ao avaliarem a produção e a
qualidade dos ovos de poedeiras leves e semipesadas, alojadas em dois
sistemas de produção (gaiolas convencionais ou piso), observaram menor
produção e conversão alimentar para aves criadas no piso, quando
comparadas aquelas criadas em gaiolas. Em relação à qualidade interna dos
ovos, não houve diferenças (P>0,05) entre os sistemas de produção. De
mesmo modo, não houve diferença (P>0,05) para espessura de casca entre
estes sistemas.
De acordo com BARBOSA FILHO (2006), o sistema de criação em
gaiola proporciona menor espessura da casca, especialmente para poedeiras
105
semipesadas em condição de estresse térmico. Outro ponto relevante é
apresentado por JACOB et al. (2000), que alertam para o fato de que
problemas na casca poderão resultar em baixa classificação dos ovos,
afetando seu valor de mercado.
Em relação ao peso relativo de casca houve efeito (P<0,01) dos
sistemas de criação no segundo período de produção. Neste período, aves
criadas em gaiolas apresentaram maior peso relativo de casca (Tabela 10).
COSTA et al. (2004), avaliando a qualidade interna e externa de
ovos de poedeiras semipesadas (Lohmann Brown) entre a 43° e a 55° semana
de idade, observaram efeito dos níveis de proteína bruta (15, 16, 17 e 18%)
sobre o peso da casca, em que os ovos de poedeiras semipesadas
alimentadas com ração contendo 16% de proteína bruta apresentaram o maior
peso da casca.
Tabela 10. Peso relativo (%) de casca por período de produção e sistema de
criação
Período de produção
PB Sistemas Média Probabilidades CV (%) Piso Gaiola PB PB S PB x S
30 – 33
14 10,83 10,91 10,87
0,40 0,99 0,83 5,20 15 10,65 10,36 10,50 16 10,79 10,83 10,81 18 10,63 10,82 10,72
Média 10,72 10,73
34 – 37
14 10,27 10,87 10,57
0,29 0,01 0,30 3,00 15 10,14 10,42 10,28 16 10,46 10,43 10,44 18 10,30 10,54 10,42
Média 10,29b 10,56a
38 – 41
14 11,02 11,17 11,09
0,39 0,29 0,91 3,30 15 10,68 10,85 10,76 16 10,73 10,85 10,79 18 10,83 10,92 10,87
Média 10,81 10,94
42 - 45
14 10,57 10,39 10,48
0,77 0,81 0,85 4,72 15 10,78 10,53 10,65 16 10,66 10,49 10,57 18 10,23 10,35 10,29
Média 10,56 10,44 PB = proteína bruta; S= sistema de criação; NS = não significativo; CV = coeficiente de variação. *Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha, e maiúscula na coluna, não diferem pelo teste Tukey (P>0,05)
106
Sobre o peso relativo de casca, VAN DEN BRAND et al. (2004)
obtiveram valores diferentes dos encontrados neste estudo, ao avaliarem os
efeitos de dois sistemas de produção (gaiolas convencionais e galpão com
acesso à áreas livres) sobre características internas e externas de ovos de
poedeiras semipesadas (Isa Brown), entre 25 e 59 semanas de idade. De
12,43% para a 33° semana de idade, 12,86% para a 37°, 12,45% para a 41°, e
12,65% para a 45° semana, respectivamente.
GOMES et al. (2011) estudaram diversas propriedades físico-
quimicas de ovos oriundos dos sistemas de produção convencional e orgânico,
utilizando ovos coletados em diferentes localidades no início, meio e fim do
ciclo de postura de poedeiras semipesadas (Hy-line Brown). Os autores
relataram menor peso relativo de casca no sistema de produção orgânico,
quando comparado ao sistema convencional (gaiolas).
4.4. CONCLUSÃO
O sistema de criação em piso se configura como opção na criação
de poedeiras semipesadas, de linhagem comercial Hisex Brown, no período
entre a 30° e a 45° semana de idade, visto que apresenta resultados
equivalentes ao obtidos no sistema de criação em gaiolas, tendo como base as
variáveis referentes à qualidade dos ovos e aos níveis de proteína bruta.
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111
CAPÍTULO 5. PARÂMETROS BIOQUÍMICOS SÉRICOS E MORFOMETRIA
DO TRATO DIGESTÓRIO DE POEDEIRAS SEMIPESADAS
CRIADAS EM DOIS SISTEMAS DE PRODUÇÃO NA FASE DE
POSTURA E DIETAS COM REDUÇÃO DOS NÍVEIS DE
PROTEÍNA BRUTA
Resumo
A avaliação de parâmetros bioquímicos séricos e da morfometria do
trato digestório de poedeiras semipesadas, criadas em gaiolas ou piso, de 30 a
45 semanas de idade, alimentadas com dietas com redução do nível protéico
(14, 15, 16 e 18%), a partir do conceito de proteína ideal, foi o objeto de estudo
deste trabalho. Foram utilizadas 400 aves (Hisex Brown), distribuídas em dois
sistemas (gaiola ou piso), contendo 200 aves cada. As aves foram manejadas
conforme descrito no Manual de manejo Hisex Brown. Foram avaliadas as
concentrações de proteína total sérica, albumina plasmática, ácido úrico
plasmático e colesterol total plasmático. As variáveis estudadas foram
comprimento e peso relativo do intestino delgado, comprimento e peso relativo
do oviduto, peso da gordura abdominal, peso relativo de fígado, moela e
pâncreas, e peso relativo de crista e barbela. Os tratamentos consistiram de
níveis reduzidos de proteína bruta. Foi adotado um delineamento inteiramente
casualizado, em esquema fatorial, composto de dois sistemas e quatro níveis
de proteína bruta, totalizando oito tratamentos. Foram utilizadas cinco
repetições e dez aves por unidade experimental. Aves alimentadas com rações
contendo 16% de proteína bruta, apresentaram metabolismo mais adequado,
em relação ás variáveis avaliadas, para os dois sistemas de criação.
Poedeiras semipesadas (Hisex Brown), com idade entre 30 e 45 semanas,
criadas no piso, apresentam parâmetros bioquímicos séricos (proteína total
sérica, albumina plasmática, ácido úrico plasmático e colesterol plasmático) e
morfometria de órgãos (intestino delgado, oviduto, fígado, moela, pâncreas,
gordura abdominal, barbela e crista) compatíveis com aqueles obtidos em
gaiolas convencionais.
Palavras–chave: gaiola, órgãos, piso, plasma, soro
112
CHAPTER 5. SERUM BIOCHEMICAL PARAMETERS AND
MORPHOMETRY OF DIGESTIVE TRACT OF BROWN-EGG
HENS IN TWO RAISING SYSTEMS IN THE EGG
PRODUCTION PHASE AND FED REDUCED PROTEIN
LEVELS
Abstract
Serum biochemical parameters and morphometry of digestive tract of laying
hens, caged or litter 30-45 weeks of age, supplemented with amino acids from
the ideal protein concept, using diets with 14, 15, 16 and 18% crude protein,
was the object of this study. A total of 400 Hisex Brown laying hens were
allotted in two facilities, one in conventional cages and other in an aviary
system, with 200 hens each. The birds were raised according to the manual
recommendations. Was evaluated the serum concentrations of total plasma
protein, albumin, uric acid and cholesterol. Regarding the morphology of the
digestive tract, the variables analyzed were weight of the digestive tract, the
weight of the oviduct, the length of the digestive tract, the length of the oviduct,
percentage of abdominal fat and weight of liver, pancreas and gizzard. The
treatments consisted in reduced levels of crude protein, and were provided to
both groups equally. The experiment was designed as a completely randomized
design in factorial model, composed of two farming systems and four protein
levels, totaling eight treatments and five replicates of ten birds each. Birds fed
diets containing 16% crude protein, metabolism showed more appropriate
versus ace variables, for both farming systems. Laying hens (Hisex Brown),
aged between 30 and 45 weeks, raised floor, feature serum biochemical
parameters (serum total protein, plasma albumin, plasma uric acid and plasma
cholesterol) and morphometry of organs (small intestine, oviduct, liver, gizzard,
pancreas, abdominal fat, and barb ridge) consistent with those obtained in
conventional cages.
Keywords: cage, litter, organs, plasma, serum
113
5.1. INTRODUÇÃO
O desenvolvimento de linhagens com velocidade de crescimento
elevada e alta produção de ovos, associado ao desenvolvimento tecnológico
em nutrição, manejo e sanidade, propiciaram ganho de escala e aumento da
eficiência econômica dos sistemas de produção (FURLAN et al., 2004). PAVAN
et al. (2005) ressaltaram que além do aspecto econômico, há crescente
preocupação da sociedade com o meio ambiente e o bem-estar animal.
Provas laboratoriais do sangue podem auxiliar no monitoramento de
variáveis de interesse para a nutrição e a produção animal. SCHMIDT et al.
(2006) afirmaram que as análises de parâmetros bioquímicos séricos podem
servir como ferramentas importantes na avaliação das condições de saúde e
bem-estar das aves.
As análises bioquímicas disponibilizam informações sobre o sistema
imune das aves, o qual está associado às condições ambientais. Podem
também auxiliar na avaliação de sistemas de criação, a partir de parâmetros
relativos à produção de ovos. A necessidade de viabilizar a produção em
sistemas de criação alternativos, leva à necessidade do conhecimento de
valores bioquímicos de referência (KRAL & SUCHY, 2000).
A composição bioquímica do plasma sangüíneo reflete a situação
metabólica dos tecidos, sendo possível avaliar alterações no funcionamento de
órgãos e a adaptação do animal à desafios nutricionais e fisiológicos, em
alguns casos, impostos por situações de estresse (GONZÁLEZ & SCHEFFER,
2003). Deste modo, a análise das concentrações de proteína total, albumina,
ácido úrico e colesterol podem auxiliar na avaliação do desempenho e da
qualidade de ovos de poedeiras consumindo rações com diferentes níveis de
proteína bruta, na fase de produção.
JARDIM FILHO et al. (2008) afirmaram que a proteína plasmática
total está associada ao estado nutricional da ave, principalmente no momento
da formação do ovo.
STRINGHINI (1998) sugeriu que, para análises sanguíneas, deve-se
adotar grande número de repetições, pois o coeficiente de variação costuma
ser alto para estas análises. O autor ainda citou que medidas de parâmetros
sanguíneos, como ácido úrico, albumina, proteínas totais e glicose, são bons
114
indicadores da condição de saúde das aves. A bioquímica sanguínea tem a
importância de nos fornecer informações de como se apresenta o estado de
saúde do ser vivo estudado (MIRANDA E ANTUNES, 2011).
A melhor utilização dos alimentos está diretamente relacionada com
a estrutura do aparelho digestório, principalmente a do intestino delgado, tendo
em vista que parte dos processos digestivos, bem como a absorção de
nutrientes, ocorrem nos enterócitos. Do ponto de vista nutricional, o tamanho
dos intestinos poderia afetar a taxa de passagem do alimento pelo trato
digestivo e, com isso, afetar a eficiência da digestão e absorção dos nutrientes
da dieta (REZENDE et al., 2004).
O bom desempenho das aves depende da obtenção de energia e de
compostos químicos absorvidos pelo organismo. Para que isso ocorra é
necessário que o trato digestório apresente características estruturais
funcionais desde a ingestão de alimentos até a sua absorção (BLIKSLARGER
& ROBERTS, 1997).
Objetivou-se com este estudo avaliar parâmetros sanguíneos
(proteína total, albumina, colesterol e ácido úrico) e morfometria do trato
digestório de poedeiras semipesadas alojadas em dois sistemas de criação
(piso e gaiola), recebendo dietas com redução dos níveis de proteína bruta no
segundo (34° a 37°semanas de idade) e quarto (42° a 45° semanas de idade)
períodos de postura.
5.2. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado no Setor de Avicultura do Câmpus
Urutaí, do Instituto Federal Goiano, após aprovação da Comissão de ética no
uso de animais (C.E.U.A) da Universidade Federal de Goiás, sob protocolo
312/11. Foram utilizadas 400 poedeiras semipesadas de linhagem comercial
Hisex Brown, na fase de postura, entre a 30° e a 45° semana de idade.
Foram utilizados dois galpões, simultaneamente, em que 200 aves
foram alojadas em boxes forrados com serragem, e outras 200 em gaiolas
convencionais. As aves foram manejadas conforme recomendações propostas
no manual de criação da linhagem (GLOBOAVES, 2006). Foi adotada a
densidade de 500cm2/ave nas gaiolas, e 3.333cm2/ave na piso.
115
No galpão do sistema de criação em piso, as aves foram distribuídas
em 20 boxes. Cada boxe possuía um bebedouro, um comedouro e um ninho.
Os boxes foram forrados com serragem até a altura de 10 cm e apresentavam
uma medida de 2,2 x 1,5 x 3 m (comprimento x largura x altura). O bebedouro
utilizado foi do tipo pendular com válvula acoplada, e o comedouro, de tipo
tubular, apresentava capacidade para 15 kg de ração. O ninho, construído em
madeira, apresentava três divisórias (33 x 40 x 45 cm) e elevação de 10 cm em
relação ao substrato.
As rações experimentais foram formuladas com base no conceito de
proteína ideal, isoenergéticas (2.900 kcal/kg de E.M) e isonutritivas, utilizando-
se, além dos ingredientes básicos (milho e soja), aminoácidos industriais
(Tabela 1), de modo a satisfazer às exigências nutricionais indicadas por
ROSTAGNO et al. (2011).
Uma ave por repetição foi escolhida, aleatoriamente, e sacrificada
por meio de deslocamento cervical, no segundo (34° a 37° semana de idade) e
quarto (42° a 45° semana de idade) períodos de postura.
Os parâmetros bioquímicos sanguíneos foram obtidos após 6h de
jejum, sempre no mesmo horário (13h00m). Foram retirados 5,0 mL de sangue
por punção intracardíaca de cinco aves por tratamento, para cada sistema de
criação estudado (piso e gaiola). Parte do sangue foi vertida em frascos
contendo anticoagulante (fluoreto de sódio) e centrifugada para obter o plasma.
As análises foram realizadas no Laboratório Clínico do
Departamento de Medicina Veterinária da UFG, e as leituras foram feitas em
Espectrofotômetro com kits reagentes comerciais. Foram obtidas as
concentrações plasmáticas de proteína total, albumina, ácido úrico e colesterol.
Foram avaliados parâmetros bioquímicos sanguíneos (proteína total,
albumina, ácido úrico e colesterol), morfometria do intestino delgado (peso
relativo e comprimento), peso de órgãos (fígado, pâncreas e moela), peso de
crista e barbela, morfometria do oviduto (peso e comprimento) e percentual de
gordura abdominal. A retirada das vísceras, para posterior pesagem e medição
do comprimento, foi realizada logo após o abate. A pesagem foi realizada em
balança de precisão. A medida do comprimento dos intestinos foi realizada da
porção inicial do duodeno até o reto, e a do oviduto, do infundíbulo à vagina,
por meio de fita métrica.
116
Tabela 1. Composição das rações experimentais
INGREDIENTES Ração 14% PB
Ração 15% PB
Ração 16% PB
Ração 18% PB
Milho grão 68,78 65,58 67,97 61,29 Soja farelo 45% 17,91 20,62 13,48 18,87 Calcário 9,18 9,18 9,20 9,20 Milho farelo de glúten 60% - 0,27 6,85 7,44 Óleo de soja 1,62 2,12 0,23 1,32 Fosfato bicálcico 1,05 1,03 1,04 0,99 Sal comum 0,47 0,47 0,48 0,48 Dl-metionina 0,29 0,27 0,18 0,12 L-lisina hcl 0,21 0,12 0,29 0,11 L-valina 0,14 0,09 0,03 - L-treonina 0,13 0,07 0,05 - L-triptofano 0,03 0,02 0,04 0,01 L-isoleucina 0,05 0,00 0,00 0,00 L-arginina 0,00 0,00 0,00 0,00 Vitpos-ave 0,10 0,10 0,10 0,10 Min-aves 0,05 0,05 0,05 0,05 BHT 0,01 0,01 0,01 0,01 TOTAL 100,00 100,00 100,00 100,00
COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL
EM (Mcal/Kg) 2.900 2.900 2.900 2.900 Proteína bruta (%) 14,00 15,00 16,00 18,00 Lisina digestível (%) 0,75 0,75 0,75 0,75 Metionina+Cistina Digestível (%) 0,69 0,69 0,69 0,69 Metionina digestível (%) 0,48 0,47 0,45 0,42 Valina digestível (%) 0,71 0,72 0,72 0,77 Treonina digestível (%) 0,57 0,57 0,57 0,60 Triptofano digestível (%) 0,17 0,17 0,17 0,17 Isoleucina digestível (%) 0,57 0,57 0,60 0,70 Arginina digestível (%) 0,81 0,89 0,80 0,95 Fenilalanina digestível (%) 0,63 0,69 0,80 0,91 Glicina+Serina (%) 1,32 1,43 1,45 1,67 Histidina digestível (%) 0,36 0,38 0,39 0,44 Leucina digestível (%) 1,24 1,32 1,79 1,96 Ácido Linoléico (%) 2,35 2,58 1,65 2,17 Cálcio (%) 3,85 3,85 3,85 3,85 Fósforo disponível (%) 0,28 0,28 0,28 0,28 Sódio (%) 0,21 0,21 0,21 0,21
PB = proteína bruta. Niveis de suplementação (quantidade por kg do produto) : 10.000 UI de Vit. A; 2.000 UI de Vit. D3; 1.833 mg de Vit. E; 2 mg de Vit. B1; 1,000 mg vit. B2; 3 mg de Vit B6; 0,015 mg vit.B12; 12 mg de Ac. Pantotênico; 3 mg de Vit. K3; 1 mg de Ácido fólico;0,25 mg de Selênio , 33.333 mg de Manganês ;6.567 mg de Ferro ;2.667 mg de Cobre ;250 mg de Iodo; 26.667 mg Zinco; 6.000 mg Niacina; 70000 mg Colina; 680 mg Etoxiquim; 8.333 mg Halquinol.
Os dados relativos à temperatura ambiente, no interior dos galpões
experimentais, foram obtidos por meio de termômetro de máxima e mínima, da
marca Incoterm, posicionado no centro dos galpões à altura das aves. A leitura
dos termômetros foi realizada diariamente, sempre às 08h00m da manhã.
Os dados foram analisados em delineamento inteiramente
casualizado, em esquema fatorial (2x4), sendo dois sistemas de criação (gaiola
e piso) e quatro tratamentos (rações com 14, 15, 16 e 18% de proteína bruta).
117
Foram utilizadas cinco repetições e dez aves por parcela. Para os níveis de
proteína bruta, foi ajustado modelo de regressão polinomial quando houve
significância. As análises estatísticas foram realizadas por meio do programa
estatístico SAEG 9.1. Os dados obtidos foram submetidos à análise de
variância, e quando estatisticamente diferentes, foram comparados pelo teste
de Tukey (5%).
5.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os valores de temperatura máxima e mínima observados, e suas
respectivas médias, estão na faixa de temperatura esperada para o local em
que o experimento foi conduzido (Urutaí-GO), como apresentado na Tabela 2.
Tabela 2. Médias de temperatura ambiente para o período de postura no
sistema de criação no piso
Semanas de idade Temperatura (°C)
Máxima Mínima Médias
30 29,5 23,1 26,3 35 30,7 22,4 26,6 40 30,1 22,7 26,4 45 29,3 21,7 25,5
Médias 29,9 22,5
Tabela 3. Médias de temperatura ambiente para o período de postura no
sistema de criação em gaiolas
Semanas de idade Temperatura (°C)
Máxima Mínima Médias
30 29,6 23,0 26,3 35 30,9 22,4 26,6 40 30,4 22,1 26,3 45 29,3 21,5 25,4
Médias 30,1 22,3
5.3.1. Proteína total sérica
Houve interação (P<0,05) dos níveis protéicos e dos sistemas de
criação no segundo e quarto períodos de produção (Tabela 3). No segundo
período, no piso, a concentração de proteína total sérica aumentou de forma
118
quadrática até o nível de 15,95% de proteína bruta (Figura 1). Enquanto nas
gaiolas, diminuiu de forma quadrática até o nível de 16,11% (Figura 2). No
quarto período, aumentou de forma linear no piso (Figura 3), e diminuiu,
também de forma linear, nas gaiolas (Figura 4).
No segundo período, nos dois sistemas avaliados, a concentração
de proteína total sérica foi a mesma, independentemente do nível de proteína
bruta. No quarto período, no piso, aves alimentadas com rações contendo 16
ou 18% de proteína bruta, apresentaram maior concentração.
TABELA 3. Concentração de proteína total sérica (g/dL) no segundo e quarto
períodos de produção em dois sistemas de criação
Período de postura
PB Sistemas Média Probabilidades CV (%) Piso Gaiola PB PB S PB x S
34 – 37
14 4,24a 4,72a 4,48
0,83 0,07 0,02 20,54 15 5,73a 3,84b 4,78 16 4,93a 3,93a 4,43 18 4,46a 4,71a 4,58
Média 4,84 4,30
42 – 45
14 3,61b 5,29a 4,45
0,44 0,62 0,01 19,37 15 3,75a 4,83a 4,29 16 5,17a 4,50a 4,83 18 5,42a 4,20b 4,81
Média 4,49 4,71 PB = proteína bruta; S= sistema de criação; NS = não significativo; CV = coeficiente de variação. *Médias seguidas de mesma letras minúscula na linha, e maiúscula na coluna, não diferem pelo teste Tukey (P>0,05)
JARDIM FILHO et al. (2008), trabalharam com aves alojadas em
gaiolas consumindo rações com 16% de proteína bruta, e obtiveram
concentrações de proteína total de 3,7 a 3,9 g/dL, menores que as
concentrações obtidas neste trabalho para o mesmo nível protéico.
119
Y = - 45,97 + 6,38X - 0,20X2
FIGURA 1. Modelo quadrático para concentração de proteína total sérica
(g/dL) no piso em função dos níveis de proteína bruta no segundo
período de produção
Y = 60,43 - 7,09X + 0,22X2
FIGURA 2. Modelo quadrático para concentração de proteína total (g/dL) nas
gaiolas em função dos níveis de proteína bruta no segundo
período de produção
120
Y = - 3,37 + 0,49X
FIGURA 3. Modelo linear para concentração de proteína total (g/dL) no piso
em função dos níveis de proteína bruta no quarto período de
produção
Y = 8,85 - 0,26X
FIGURA 4. Modelo linear para concentração de proteína total (g/dL) nas
gaiolas em função dos níveis de proteína bruta no quarto período
de produção
121
Segundo SWENSON (1996), as proteínas séricas contribuem para
que a pressão sangüínea se mantenha dentro dos limites normais. Além disso,
ajudam a regular o equilíbrio ácido-básico do sangue e participam do transporte
de nutrientes. Sua mensuração é um indicador útil do estado de saúde das
aves. De acordo com CAMPBELL & DEIN (1984), a concentração das
proteínas plasmáticas nas aves corresponde ao intervalo entre 3,0 e 6,0 g/dL-1.
O soro de poedeiras comerciais contém 5,40±0,71g de proteína por
decilitro, sendo as concentrações das proteínas séricas totais nas aves
menores do que os mamíferos (REECE, 2007). A albumina representa de 40 a
50% da proteína sérica total das aves. A albumina se liga e transporta ânions,
cátions, ácidos graxos e hormônios.
De forma geral, os principais fatores que afetam as concentrações
das proteínas totais nas aves são idade, sazonalidade, manejo e doenças
(KANEKO et al., 1997; LUMEIJ, 1997).
Em poedeiras, o maior nível de proteínas séricas pode ser explicado
pela exigência protéica para formação do ovo, o qual é constituído em média
por 12,5% de proteína (GONÇALVES et al., 2008).
As proteínas sintetizadas no fígado são precursoras da gema
(vitelogenina e lipoproteínas), sendo transportadas para o ovário para serem
incorporadas ao oócito. As fêmeas antes da postura podem apresentar
hiperproteinemia induzida por estrógenos (LUMEIJ, 1997; CAMPBEL, 2004).
5.3.2. Albumina plasmática
Ocorreu interação (P<0,01) dos sistemas de criação e os níveis de
proteína bruta dietética no quarto período de produção para o conteúdo de
albumina plasmática (Tabela 4). Neste período, a concentração de albumina
plasmática aumentou de forma linear, no piso (Figura 5). E nas gaiolas,
diminuiu também de forma linear (Figura 6).
No quarto período, nos dois sistemas de criação avaliados, a
concentração de albumina plasmática foi a mesma para todos os níveis de
proteína bruta. Porém, a concentração foi maior (P<0,05) nas gaiolas, para o
nível de 14% de proteína bruta.
122
Tabela 4. Concentração de albumina plasmática (g/dL) no segundo e quarto
períodos de postura em dois sistemas de criação
Período de postura
PB Sistemas Média Probabilidades CV (%) Piso Gaiola PB PB S PB x S
34 – 37
14 2,12 1,88 2,00
0,24 0,12 0,60 24,41 15 1,95 1,97 1,96 16 1,97 1,99 1,98 18 1,96 1,96 1,96
Média 2,00 1,95
42 - 45
14 1,86b 2,58a 2,22
0,61 0,86 0,01 21,64 15 1,78a 2,29a 2,03 16 2,53a 2,09a 2,31 18 2,50a 2,01a 2,25
Média 2,16 2,24 PB = proteína bruta; S= sistema de criação; NS = não significativo; CV = coeficiente de variação. *Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha, e maiúscula na coluna, não diferem pelo teste Tukey (P>0,05)
Y = - 0,85 + 0,19X
FIGURA 5. Modelo linear para concentração de albumina plasmática (g/dL)
no piso em função dos níveis de proteína bruta no quarto período
de produção
123
Y = 4,38 - 0,13X
FIGURA 6. Modelo linear para concentração de albumina plasmática (g/dL)
nas gaiolas em função dos níveis de proteína bruta no quarto
período de produção
Estes resultados são semelhantes aos obtidos por JARDIM FILHO et
al. (2008), que trabalharam com aves alojadas em gaiolas, em diferentes
idades e nível protéico de 16% na ração.Estes autores obtiveram 1,9 g/dL de
albumina sérica para aves com 34 semanas de idade, e 2,0 g/dL para aves
com 42 semanas.
RIBEIRO et al. (2010), trabalharam com níveis de proteínas
plasmáticas totais, albumina e colesterol séricos em poedeiras comerciais
(Hisex Brown) em diferentes fases de produção de ovos, e observaram
diferenças entre as fases produtivas, apresentando maiores valores no pico de
produção (2,05 g/dL), reflexo de uma taxa de metabolismo mais elevada nesta
fase, já que a albumina plasmática é responsável pelo transporte de cálcio,
hormônios e ácidos graxos na corrente sangüínea.
POOSUWAN et al. (2009), ao estudarem os efeitos de diferentes
níveis protéicos (14 e 18%) sobre a resposta imunológica, concentração de
triglicérides no fígado e aminoácidos plasmáticos em poedeiras (Babcock B-
308), alojadas em gaiolas, entre a 21 e 48 semanas de idade, observaram que
a dieta com 18% de proteína bruta aumentou consideravelmente a
124
concentração de albumina sérica, de 1,47 g/dL para o nível de 14% de proteína
bruta, e 1,82 g/dL para o nível de 18%.
5.3.3. Colesterol plasmático
Houve interação (P<0,05) dos níveis de proteína bruta e dos
sistemas de criação, no segundo e quarto periodos de produção, para a
concentração de colesterol plasmático (Tabela 5). No segundo período, no
piso, a concentração aumentou de forma linear (Figura 7). E nas gaiolas,
diminuiu de forma quadrática até o nível de 16,23% (Figura 8). No quarto
período, no piso, a concentração aumentou de forma linear (Figura 9). O
modelo ajustado para concentração de colesterol total plasmático (mg/dL) em
relação aos níveis protéicos, nas gaiolas, não foi significativo.
Tabela 5. Concentração de colesterol total plasmático (mg/dL) no segundo e
quarto períodos de postura em dois sistemas de criação
Período de postura
PB Sistemas Média Probabilidades CV (%) Piso Gaiola PB PB S PB x S
34 – 37
14 103,00a 140,20a 121,60
0,16 0,23 0,02 26,88 15 143,00a 97,96b 120,48 16 108,60a 108,44a 108,52 18 163,70a 121,00a 142,35
Média 129,58 116,90
42 - 45
14 69,88b 106,00a 87,94
0,01 0,99 0,01 25,68 15 84,96a 113,80a 99,38 16 139,00a 108,20a 123,60 18 139,60a 108,04a 123,82
Média 108,36 109,01 PB = proteína bruta; S= sistema de criação; NS = não significativo; CV = coeficiente de variação. *Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha, e maiúscula na coluna, não diferem pelo teste Tukey (P>0,05)
125
Y = - 64,78 + 12,34X
FIGURA 7. Modelo linear para concentração de colesterol plasmático (mg/dL)
no piso em função dos níveis de proteína bruta no segundo
período de produção
Y = 2054,71 - 241,13X + 7,43X2
FIGURA 8. Modelo quadrático para concentração de colesterol plasmático
(mg/dL) nas gaiolas em função dos níveis de proteína bruta no
segundo período de produção
126
Y = - 143,95 + 16,21X
FIGURA 9. Modelo linear para concentração de colesterol plasmático (mg/dL)
no piso em função dos níveis de proteína bruta no quarto período
de produção
O colesterol é o componente lipídico de maior concentração nas
membranas celulares, além de ser precursor de hormônios esteróides e ácidos
biliares (ATTIE et al., 2007). As concentrações plasmáticas para a maioria das
espécies de aves variam de 100 a 250 mg/dL (LUMEIJ, 1997; CAMPBEL,
2004).
ULKU GULCIHAN et al. (2009) avaliaram os efeitos de boxes
enriquecidos com poleiros e caixa de areia (banho) sobre desempenho, bem-
estar, composição da carne e colesterol de frangos (Ross), e concluíram que
frangos criados em boxes forrados com maravalha e com acesso a banho de
areia e poleiros, apresentam maior concentração de colesterol plasmático,
menor concentração de colesterol na carne, maior bem-estar e melhor
qualidade da carne, quando comparados à aves criadas em sistema
convencional.
KLASING (1998), trabalhando com poedeiras leves (Lohmann LSL)
e semipesadas (Lohmann Brown), afirmou que poedeiras leves apresentaram
concentrações mais elevadas de colesterol total e de triglicerídios no sangue
quando comparadas às semipesadas. Isso se deve, possivelmente, ao
127
metabolismo mais acelerado das poedeiras leves em relação às semipesadas,
que exigem maior mobilização de ácidos graxos e hormônios esteróides para
síntese de gema que poedeiras pesadas e semipesadas.
A hipercolesterolemia pode ser causada pela dieta ou também por
insuficiência hepática (KANEKO et al., 1997). Como o colesterol é eliminado na
forma de ácidos biliares, o aumento da sua concentração no plasma pode estar
associado com obstrução biliar extra-hepática, fibrose hepática e hiperplasia de
ductos biliares nas aves.
5.3.4. Ácido úrico plasmático
No segundo período, houve efeito (P<0,01) dos níveis de proteína
bruta das rações na concentração de ácido úrico. A concentração aumentou de
forma linear (Figura 10) e as aves alimentadas com rações contendo 18% de
proteína apresentaram maior concentração de ácido úrico no plasma. Ainda no
segundo período, ocorreu efeito (P<0,05) isolado dos sistemas de criação, em
que aves criadas no piso apresentaram maior concentração.
Ocorreu interação dos níveis protéicos e sistemas de criação
(P<0,01) no quarto período de produção (Tabela 6). Neste período, no piso, a
concentração de ácido úrico plasmático aumentou de forma linear (Figura 11).
Nas gaiolas, houve aumento de forma quadrática até 16,79% de proteína bruta
(Figura 12). Ainda neste período, aves alimentadas com rações contendo 16 ou
18% de proteína bruta, apresentaram maior concentração de ácido úrico no
plasma. Analisando cada sistema, isoladamente, no piso, as aves alimentadas
com rações contendo 18% de proteína bruta apresentaram maior concentração
de ácido úrico. E nas gaiolas, as aves alimentadas com rações contendo 15, 16
ou 18% de proteína, apresentaram a mesma concentração.
Como esperado, o nível de ácido úrico no sangue foi aumentando à
medida que se elevava o nível protéico das dietas, conseqüência do
metabolismo protéico mais intenso. De acordo com LECLERCQ (1996), o
excesso de proteína é catabolizado na forma de ácido úrico, havendo um custo
energético para que tal processo ocorra.
128
Tabela 6. Concentração de ácido úrico (mg/dL) no segundo e quarto períodos
de produção em dois sistemas de criação
Período de postura
PB Sistemas Média Probabilidades CV (%) Piso Gaiola PB PB S PB x S
34 – 37
14 3,40 2,88 3,14
0,01 0,02 0,61 38,09 15 3,04 2,96 3,00 16 4,80 2,96 3,88 18 4,89 5,13 5,01
Média 4,03a 3,48b
42 - 45
14 2,09a 2,43a 2,26
0,01 0,74 0,01 28,49 15 2,10a 3,13a 2,61 16 3,75a 4,64a 4,19 18 6,69a 3,58b 5,13
Média 3,65 3,44 PB = proteína bruta; S= sistema de criação; NS = não significativo; CV = coeficiente de variação. *Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha, e maiúscula na coluna, não diferem pelo teste Tukey (P>0,05)
Y = - 4,34 + 0,51X
FIGURA 10. Modelo linear para concentração de ácido úrico (mg/dL) em
função dos níveis de proteína bruta no segundo período de
produção
129
Y = - 15,73 + 1,23X
FIGURA 11. Modelo linear para concentração de ácido úrico (mg/dL) no piso
em função dos níveis de proteína bruta no quarto período de
produção
Y = - 87,19 + 11,08X – 0,33X2
FIGURA 12. Modelo quadrático para concentração de ácido úrico (mg/dL) nas
gaiolas em função dos níveis de proteína bruta no quarto período
de produção
130
Em geral, as espécies de aves apresentam concentração plasmática
de ácido úrico, três vez maior que a encontrada em humanos, agindo como
antioxidante nestas espécies (SIMOYI, 2003). SON (2012), ao estudar os
efeitos da cectomização na excreção de ácido úrico e o metabolismo de
nitrogênio em poedeiras comerciais, alimentadas com dietas contendo 5 ou
14% de proteína bruta, afirma que, independentemente do nível de proteína e
das fontes de proteínas, a colostomização diminuiu a excreção de ácido úrico e
potencializou a absorção e o balanço de nitrogênio. Demonstrando a eficiência
metabólica do ácido úrico nas aves.
CELLA et al. (2009) trabalharam com níveis de lisina digestível em
dietas baseadas no conceito de proteína ideal para frangos de corte, e
relataram que embora a concentração de ácido úrico não tenha variado, foi
constatado aumento gradativo nos níveis de ácido úrico no sangue, a partir do
nível de 1,18% de lisina digestível. Este resultado contribui para um maior
catabolismo protéico, e decorre, provavelmente, do excesso de aminoácidos.
RODRIGUEIRO et al. (2000), trabalhando com níveis crescentes de
metionina+cistina em dietas de frangos de corte na fase de acabamento, não
verificaram efeito destes níveis na concentração de ácido úrico plasmático.
O ácido úrico é o principal produto catabólico de proteínas, de
nitrogênio protéico e das purinas em aves. Sua concentração aumenta quando
a função renal está prejudicada. Valores normais encontram-se na faixa de 2-
15mg/dL (BENEZ, 2004). Os valores de ácido úrico para aves são estudados
por estarem relacionados ao metabolismo renal e hepático revelando a
principal forma de excreção de bases nitrogenadas (BELL, 1971).
Em poedeiras semipesadas, ROSS et al. (1978) obtiveram variação
de 0,27 a 4,93 mg/dL, tendo ainda observado aumento dos valores do ácido
úrico sanguíneo com o avançar da idade das aves.
5.3.5. Comprimento e peso relativo do intestino delgado
Em relação ao comprimento do intestino delgado, ocorreu interação
(P<0,05) entre os níveis de proteína bruta das rações e os sistemas de criação,
no segundo período de produção (Tabela 7). Neste período, o comprimento do
intestino delgado aumentou de forma quadrática até o nível de 16,91% de
131
proteína bruta, nas gaiolas (Figura 13). O modelo ajustado para comprimento
do intestino delgado, no piso, no segundo período, em relação aos níveis de
proteína bruta, não foi significativo.
Os valores médios obtidos, para os dois sistemas de criação, no
segundo período de produção, estão de acordo com os obtidos por NUMAZAKI
(2008), ao trabalhar com poedeiras Bovans White ás 36 semanas de idade,
alojadas em gaiolas. Porém, para o quarto período de postura (42 a 45
semanas), nos dois sistemas avaliados, os resultados obtidos foram inferiores
aos obtidos por NUMAZAKI (2008) ás 46 semanas de idade.
No quarto período de produção, houve efeito (P<0,01) dos níveis
protéicos para esta variável e o comprimento do intestino delgado, em função
dos níveis de proteína bruta das rações, aumentou de forma quadrática até
15,70% (Figura 14). Neste período, amostras oriundas de aves alimentadas
com rações contendo 18% de proteína bruta, apresentaram o menor
comprimento de intestino delgado. Os demais níveis não diferiram entre si. O
modelo ajustado para comprimento do intestino delgado, em relação aos níveis
de proteína bruta, no quarto período, não foi significativo.
132
Tabela 7. Comprimento e peso relativo do intestino delgado no segundo e
quarto períodos de produção em dois sistemas de criação
Período de postura
PB Sistemas Média Probabilidades CV (%) Piso Gaiola PB PB S PB x
S
Comprimento do intestino delgado (cm)
34 – 37
14 138,80a 116,80b 127,80
0,01 0,23 0,04 11,01 15 159,20a 141,00a 150,10 16 129,40a 140,40a 134,90 18 130,40a 136,60a 133,50
Média 139,45 133,70
42 - 45
14 125,00 113,40 119,2
0,03 0,40 0,27 8,25 15 121,60 128,00 124,80 16 127,40 124,20 125,80 18 115,20 111,00 113,10
Média 122,30 119,15 Peso relativo do intestino delgado (%)
34 – 37
14 4,99 4,38 4,68
0,01 0,01 0,39 10,18 15 4,64 3,70 4,17 16 4,41 3,98 4,19 18 4,14 3,85 3,99
Média 4,54a 3,98b
42 - 45
14 4,14 4,35 4,24
0,02 0,86 0,84 10,29 15 3,77 3,93 3,85 16 4,54 4,64 4,59 18 4,20 4,04 4,12
Média 4,16 4,24 PB = proteína bruta; S= sistema de criação; NS = não significativo; CV = coeficiente de variação. *Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna, não diferem pelo teste Tukey (P>0,05)
Para peso relativo do intestino delgado em relação ao peso vivo, no
segundo período de produção, houve efeito dos sistemas de criação (P<0,01) e
dos níveis de proteína bruta isoladamente (P<0,01). Neste período, o peso
relativo do intestino delgado, em relação aos níveis de proteína bruta das
rações, diminuiu de forma linear (Figura 15). Ainda neste período, aves criadas
em piso apresentaram maior peso relativo do intestino delgado.
133
Y = - 1010,11 + 140X – 4,24X2
FIGURA 13. Modelo quadrático para comprimento do intestino delgado (cm)
nas gaiolas em função dos níveis de proteína bruta no segundo
período de produção
Y = - 464,96 + 75,35X – 2,40X2
FIGURA 14. Modelo quadrático para comprimento do intestino delgado (cm)
em função dos níveis de proteína bruta no quarto período de
produção
134
No quarto período, houve efeito isolado (P<0,05) dos níveis de
proteína bruta, em que aves alimentadas com rações contendo 16% de
proteína bruta, apresentaram o maior peso relativo de intestino delgado. Os
demais níveis não diferiram entre si. Não foi obtido modelo de ajuste para peso
relativo do intestino delgado em relação à proteína bruta das rações, no quarto
período de produção.
Y = 6,57 - 0,14X
FIGURA 15. Modelo linear para peso relativo do intestino delgado (%) em
função dos níveis de proteína bruta no segundo período de
produção
Os valores obtidos para peso relativo do intestino delgado no
segundo período de produção (34 a 37 semanas de idade) diferem dos obtidos
por NUMAZAKI (2008) trabalhando com poedeiras Bovans White às 36
semanas de idade, alimentadas com dietas contendo Alquinol e MOS em
diferentes níveis de inclusão. Esta autora obteve o valor médio de 3,61%,
provavelmente, devido à microflora intestinal desbalanceada, ocasionada pelos
aditivos utilizados.
JARDIM FILHO et al. (2005) avaliaram poedeiras Lohmann de 17 a
20 semanas de idade e constataram que o peso corporal das aves e o peso
135
relativo dos órgãos foram afetados pela idade, mas não houve efeito da dieta
com diferentes relações entre proteína e energia.
GOMIDE JÚNIOR et al. (2004) ressaltam que a capacidade
absortiva dos intestinos é aumentada significativamente em aves alimentadas
com rações formuladas com aminoácidos digestíveis. Afirmam ainda, que os
aminoácidos não são mais considerados apenas como facilitadores de
desempenho animal, mas sim, alimentos funcionais, por promoverem
alterações histológicas importantes.
5.3.6. Comprimento e peso relativo do oviduto
Em relação ao comprimento do oviduto, não houve (P>0,05) efeito
dos níveis protéicos e sistemas de criação. Também não ocorreu interação
(P>0,05) entre estes fatores (Tabela 8).
Tabela 8. Comprimento (cm) e peso relativo (%) do oviduto no segundo e
quarto períodos de produção em dois sistemas de criação
Período de postura
PB Sistemas Média Probabilidades CV (%) Piso Gaiola PB PB S PB x S
Comprimento do oviduto (cm)
34 – 37
14 67,20 62,00 64,60
0,16 0,98 0,18 12,99 15 54,00 63,80 58,90 16 63,40 65,00 64,20 18 69,40 65,20 67,30
Média 63,50 64,00
42 - 45
14 53,20 61,20 57,20
0,23 0,07 0,75 17,84 15 54,20 57,00 55,60 16 44,20 53,80 49,00 18 50,90 52,60 51,75
Média 50,62 56,15
Peso relativo do oviduto (%)
34 – 37
14 6,13 6,08 6,10
0,61 0,01 0,31 14,53 15 5,83 6,06 5,94 16 6,15 6,07 6,11 18 6,32 5,75 6,03
Média 6, 10a 5,99b
42 - 45
14 6,54 7,68 7,11
0,26 0,85 0,44 12,96 15 7,13 7,52 7,32 16 7,61 7,35 7,48 18 7,22 7,25 7,23
Média 7,12 7,45 PB = proteína bruta; S= sistema de criação; NS = não significativo; CV = coeficiente de variação. *Médias seguidas de mesma letra minúscula na mesma linha, e maiúscula na mesma coluna, não diferem pelo teste Tukey (P>0,05)
136
SANTOS (2008), avaliando características reprodutivas de poedeiras
semipesadas na fase de recria e na fase de postura, obteve 68,8 cm de
comprimento de oviduto. Este valor está de acordo com o encontrado por
ROMANOF & ROMANOF (1949), que afirmaram que a espécie Gallus gallus
apresenta comprimento de oviduto estimado entre 14 e 19 cm na fase de não
postura e de 42 a 86 na fase de postura.
Para o peso relativo do oviduto, no segundo período, houve efeito
dos sistemas de criação (P<0,01), e as aves criadas em piso apresentaram
maior peso relativo em relação ao peso vivo. Não foi obtido modelo de ajuste
para peso do oviduto em relação à proteína bruta das rações para o quarto
período de produção para os dois sistemas de criação estudados.
Os valores obtidos estão de acordo com os observados por JARDIM
FILHO et al. (2008) que avaliaram o desenvolvimento do aparelho reprodutor
de poedeiras comerciais Lohmann LSL alimentadas com níveis crescentes de
lisina digestível e afirmaram que as mensurações para oviduto não foram
influenciadas pelos níveis de lisina digestível, entretanto, observou-se aumento
do peso do oviduto da 25ª à 33ª semana de idade.
5.3.7. Peso relativo de fígado, moela e pâncreas
Em relação ao peso relativo de fígado, não houve (P>0,05) efeito dos
níveis protéicos nos dois períodos de produção avaliados. Também não
ocorreu interação (P>0,05) entre os níveis protéicos e os sistemas de criação
(Tabela 9). Entretanto, no quarto período, houve efeito (P<0,01) dos sistemas
de criação sobre o peso relativo de fígado, e aves criadas em gaiolas
apresentaram maior peso relativo.
POOSUWAN et al. (2009) estudaram os efeitos de diferentes níveis
protéicos (14% e 18%) sobre a produção de ovos, parâmetros bioquímicos
sanguíneos, biometria de órgãos internos e resposta imunológica de poedeiras
(Babcock B-308) alojadas em gaiolas, entre a 21 e 48 semanas de idade. E
obtiveram peso relativo do fígado de 2,78% para dieta com 14%, e 2,90% para
dieta com 18%, portanto, superiores aos obtidos neste trabalho.
137
Tabela 9. Peso relativo de fígado no segundo e quarto períodos de
produção em dois sistemas de criação
Período de Postura
PB Sistemas Média Probabilidades CV (%) Piso Gaiola PB PB S PB x S
Peso relativo do fígado
34 – 37
14 2,33 2,55 2,44
0,97 0,56 0,94 14,48 15 2,24 2,30 2,27 16 2,27 2,39 2,33 18 2,22 2,14 2,18
Média 2,26 2,34
42 – 45
14 1,99 2,62 2,30
0,42 0,01 0,90 16,49 15 1,88 2,58 2,23 16 2,06 2,74 2,40 18 1,98 2,64 2,31
Média 1,97b 2,64a PB = proteína bruta; S= sistema de criação; NS = não significativo; CV = coeficiente de variação. *Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha, e maiúscula na coluna, não diferem pelo teste Tukey (P>0,05)
O fígado é um órgão vital para a ave devido às funções que exerce,
como por exemplo: remoção de moléculas de glicose no sangue,
armazenamento de ferro e vitaminas, síntese de proteínas, gorduras e
substâncias transportadoras de oxigênio. Segundo CARLSON (1996), o
desenvolvimento do fígado não é apenas questão de aumento de sua massa e
complexidade estrutural. Enquanto se formam, suas células vão adquirindo
gradativamente a capacidade para executarem as funções relatadas
anteriormente.
Em relação ao peso relativo da moela, houve efeito (P<0,01) dos
níveis de proteína bruta das rações nos dois períodos de produção. No
segundo período de produção, os valores para esta variável diminuíram de
forma linear (Figura 16). Já no quarto período de produção, o peso relativo da
moela aumentou de forma quadrática até o nível de 17,33% de proteína bruta
(Figura 17). Neste mesmo período, aves criadas no piso apresentaram maior
peso relativo.
Segundo RIBEIRO et al. (2002), que estudaram os efeitos da
granulometria do milho em frangos de corte, o peso da moela está relacionado
à massa muscular, que por sua vez é obtida pelo trabalho mecânico da moela
quando recebe partículas médias ou grossas para fazer a maceração dos
alimentos e, possivelmente, ao teor de proteína bruta da dieta.
138
Para o peso relativo do pâncreas, houve efeito dos sistemas de
criação (P<0,05) no segundo período, e, novamente, as aves criadas em
gaiolas apresentaram valores superiores.
Tabela 9. Peso relativo de moela e pâncreas no segundo e quarto períodos
de postura em dois sistemas de criação
Período de postura
PB Sistemas Média Probabilidades CV (%) Piso Gaiola PB PB S PB x S
Peso relativo da moela
34 – 37
14 2,32 1,66 1,99
0,01 0,01 0,66 13,83 15 1,87 1,40 1,63 16 1,65 1,43 1,53 18 1,61 1,35 1,48
Média 1,86a 1,46b
42 - 45
14 1,63 1,61 1,61
0,01 0,97 0,08 11,32 15 1,87 1,60 1,73 16 1,57 1,91 1,74 18 1,40 1,50 1,45
Média 1,61 1,65
Peso relativo do pâncreas
34 – 37
14 0,16 0,21 0,18
0,36 0,02 0,43 17,19 15 0,19 0,21 0,20 16 0,20 0,21 0,20 18 0,17 0,19 0,18
Média 0,18b 0,20a
42 - 45
14 0,21 0,22 0,21
0,26 0,07 0,53 16,92 15 0,23 0,24 0,23 16 0,20 0,24 0,22 18 0,19 0,21 0,20
Média 0,20b 0,22a PB = proteína bruta; S= sistema de criação; NS = não significativo; CV = coeficiente de variação. *Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha, e maiúscula na coluna, não diferem pelo teste Tukey (P>0,05)
FARIA et al. (1995) ao trabalharem com poedeiras leves consumindo
rações com diferentes níveis protéicos, obtiveram maior peso relativo do
pâncreas (P<0,05) em aves alimentadas com ração contendo 17% de proteína
bruta. Estes autores destacam ainda que o nível de proteína da dieta atua
como mecanismo regulador da secreção de enzimas pancreáticas (LIENER,
1980).
139
Y = 3,27 - 0,10X
FIGURA 16. Modelo linear para peso relativo da moela (%) em função dos
níveis de proteína bruta no segundo período de produção
Y = - 6,28 + 1,04X – 0,03X2
FIGURA 17. Modelo quadrático para peso relativo da moela (%) em função dos
níveis de proteína bruta no quarto período de produção
140
5.3.8. Peso relativo da gordura abdominal, crista e barbela
Para peso relativo da crista e gordura abdominal, não ocorreu
interação (P>0,05) dos níveis de proteína bruta e dos sistemas de criação.
Também não houve efeito (P>0,05) dos níveis de proteína bruta e dos sistemas
de criação isoladamente, nos dois períodos avaliados (Tabela 10).
MORRIS (2004) afirmou que as dietas devem apresentar a correta
proporção de aminoácidos, bem como o equilíbrio entre eles e o nível
energético para reduzir a deposição de gordura abdominal em excesso.
Segundo POCH et al. (2002), em dietas contendo entre 12% e 21%
de proteína bruta, ocorre diminuição da lipogênese e da atividade enzimática.
Esta condição pode estar associada à baixa expressão gênica. Dietas de
elevado ou reduzido nível protéico, afetam o metabolismo lipídico. Uma dieta
rica em proteína irá diminuir a síntese de lípidos. De modo contrário, dietas
com reduzido teor protéico estimulam a síntese de lipídios, como observado em
aves alimentadas após jejum. Entretanto, apesar de haver o estímulo á síntese
de gordura nestas condições, esta estimulação dura apenas três dias. Em
contraste, a troca de uma dieta de alto teor protéico, para uma de baixo teor,
provoca aumento permanente da capacidade de síntese de gordura.
WHITEHEAD et al. (1990) avaliaram a composição corporal, a
concentração de lipoproteína plasmática e a produção inicial de ovos de
matrizes pesadas alimentadas com dietas contendo diferentes níveis de
proteína bruta em duas fases (0 a 3 semanas – 18%, 22%, 26% e 32%; e 3
semanas em diante – 14%, 18%, 22% e 32%), e observaram que os níveis de
proteína bruta afetaram o teor de gordura abdominal nas duas fases de
criação. Os autores afirmam também que o teor de proteína corporal é
inversamente proporcional ao de gordura corporal, declinando com o avançar
da idade da ave.
MUSA et al. (2007) avaliaram as relações existentes entre gordura
abdominal, colesterol sérico, triglicérides e concentrações de lipoproteínas em
poedeiras comerciais, em que se observou que a gordura abdominal foi afetada
por todos estes parâmetros sanguíneos avaliados.
HERMIER E DILLON (1992) indicaram que o crescimento do tecido
adiposo em aves depende diretamente do nível de colesterol. A gordura
141
abdominal é influenciada pelo extrato etéreo da dieta. Excesso de peso e
obesidade estão relacionados à distúrbios severos no metabolismo de lipídeos
e lipoproteínas (ZOLLITSCH ET al., 1997).
Segundo GRIFFITHS et al. (1978), existem diferenças na
capacidade de deposição de gordura abdominal entre as linhagens e
geralmente é mais acentuada em linhagens de maior potencial de ganho de
peso, como é o caso das linhagens semipesadas. De acordo com MICHELAN
FILHO (1986), a deposição de gordura é uma característica herdável, mas a
dieta e condições ambientais também contribuem.
De acordo com KESSLER et al. (2000), a medida que o animal
cresce, a participação da energia metabolizável de mantença aumenta, pois é
positivamente correlacionada ao aumento do peso vivo. Com a estabilização da
deposição protéica e a posterior redução nas taxas de deposição, a energia
líquida de produção passa a ser essencialmente direcionada para lipogênese.
Na fase de pré-postura, ocorre aumento da crista e barbela,
permanecendo túrgida na fase inicial de postura. Recomenda-se, portanto,
para este período, o fornecimento de dietas com níveis adequados de
aminoácidos para atender às demandas fisiológicas e permitir adequado
desenvolvimento do aparelho reprodutor (LEESON & SUMMERS, 2005).
A relação entre características morfológicas da crista e
comportamento social de poedeiras semipesadas (Hy-line), alojadas em boxes
contendo ninhos e poleiros, no início de postura, foi avaliada por O´CONNOR
et al. (2011). Estes autores verificaram que há associação positiva entre
tamanho da crista e competitividade da ave no grupo, e aves com maior peso
relativo da crista apresentaram comportamento social de dominância com
maior freqüência (P<0,01). CLOUTIER & NEWBERRY (2000), sugerem que
uma diferença mínima de 25% nos pesos médios das cristas em um grupo de
aves é normal, devido à hierarquia de grupo.
Para peso relativo da barbela, no quarto período, ocorreu interação
(P<0,05) entre os níveis protéicos das dietas e os sistemas de criação (Tabela
10). Neste período, o peso relativo de barbela, no piso, diminuiu de forma linear
com a elevação da proteína bruta nas dietas. (Figura 18 ). De outro modo, nas
gaiolas, aumentou de forma quadrática até o nível de 15% (Figura 19).
142
No segundo período, houve efeito (P<0,01) dos sistemas de criação.
Neste período, aves criadas em gaiolas apresentaram maior peso relativo de
barbela (Tabela 13). Também houve efeito (P<0,05) dos níveis de proteína
bruta das rações no segundo período de produção. Neste periodo, o peso
relativo da barbela diminuiu de forma linear, em relação ao aumento dos níveis
protéicos das dietas (Figura 20).
Tabela 10. Peso relativo de gordura abdominal, crista e barbela no segundo e
quarto períodos de postura em dois sistemas de criação
Período de postura
PB Sistemas Média Probabilidades CV (%) Piso Gaiola PB PB S PB x S
Peso relativo de gordura abdominal
34 – 37
14 1,64 2,60 2,12
0,25 0,50 0,28 21,66 15 1,99 2,02 2,05 16 2,36 2,29 2,32 18 2,28 2,09 2,18
Média 2,06 2,25
42 – 45
14 2,09 2,24 2,16
0,46 0,46 0,19 19,66 15 1,95 2,08 2,01 16 2,27 2,19 2,23 18 2,05 1,72 1,88
Média 2,09 2,05
Peso relativo de crista
34 – 37
14 0,24 0,30 0,27
0,10 0,99 0,32 28,92 15 0,28 0,22 0,26 16 0,26 0,24 0,25 18 0,19 0,19 0,19
Média 0,24 0,23
42 – 45
14 0,23 0,31 0,27
0,17 0,15 0,17 25,93 15 0,24 0,28 0,26 16 0,22 0,26 0,24 18 0,23 0,19 0,21
Média 0,23 0,26
Peso relativo de barbela
34 – 37
14 0,18 0,28 0,23
0,04 0,01 0,55 25,46 15 0,18 0,21 0,19 16 0,15 0,22 0,18 18 0,13 0,20 0,16
Média 0,16b 0,22a
42 – 45
14 0,13a 0,10a 0,11
0,48 0,92 0,03 33,96 15 0,13a 0,10a 0,11 16 0,08b 0,13a 0,10 18 0,08a 0,11a 0,09
Média 0,10 0,11 PB = proteína bruta; S= sistema de criação; NS = não significativo; CV = coeficiente de variação. *Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha, e maiúscula na coluna, não diferem pelo teste Tukey (P>0,05)
143
Y = 0,42 – 0,01X
FIGURA 18. Modelo linear para peso relativo da barbela (%) no piso em função
dos níveis de proteína bruta no segundo período de produção
Y = - 0,90 + 0,12X – 0,004X2
FIGURA 19. Modelo quadrático para peso relativo da barbela (%) nas gaiolas
em função dos níveis de proteína bruta no quarto período de
produção
144
Y = 0,35 – 0,01X
FIGURA 20. Modelo linear para peso relativo da barbela (%) no piso em função
dos níveis de proteína bruta no quarto período de produção
6. CONCLUSÃO
Aves alimentadas com rações contendo 16% de proteína bruta,
apresentaram metabolismo mais adequado, em relação ás variáveis avaliadas,
para os dois sistemas de criação. Poedeiras semipesadas (Hisex Brown), com
idade entre 30 e 45 semanas, criadas no piso, apresentam parâmetros
bioquímicos séricos (proteína total sérica, albumina plasmática, ácido úrico
plasmático e colesterol plasmático) e morfometria de órgãos (intestino delgado,
oviduto, fígado, moela, pâncreas, gordura abdominal, barbela e crista)
compatíveis com aqueles obtidos em gaiolas convencionais.
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149
CAPITULO 6. CONSIDERAÇÔES FINAIS
A concepção da sociedade em relação ao bem-estar animal está
mudando, e existe uma crescente preocupação com valores éticos relativos à
animais de produção. Isto tem ocorrido devido à rápida urbanização da
população e aumento de seu poder aquisitivo. Em virtude dessas mudanças,
as pessoas não mais consomem produtos de origem animal baseadas apenas
no preço de venda, mas também por várias características qualitativas
adicionais, dentre elas, o bem-estar animal.
Neste contexto, sistemas alternativos de criação são desenvolvidos
com o objetivo de disponibilizar maior área às aves, e oportunizar a
manifestação de comportamentos naturais, e apresentam melhor conexão com
a aceitação pública. No entanto, sob a ótica científica, as pesquisas ainda se
encontram em fase preliminar, não havendo, ainda, recomendações que
assegurem uma plena adoção na cadeia produtiva.
A cadeia produtiva de ovos deverá ajustar-se a um novo cenário, no
qual melhorias em infra-estrutura, manejo, monitoramento do plantel, novas
responsabilidades sociais e ambientais, entre outros, serão essenciais para
agregação de valor, beneficiando o consumidor e garantindo sustentabilidade à
atividade de postura comercial.
Outro ponto estratégico é a inserção de indicadores de
sustentabilidade nos sistemas de produção, de modo planejado e de acordo
com as necessidades da sociedade, tendo como objetivo a garantia da
produção de alimentos no longo prazo. Programas de capacitação dos
diferentes atores da cadeia produtiva devem ser constantes e são
fundamentais dentro do contexto de sustentabilidade.
No entanto, estas ações sustentáveis, só poderão ser executadas
quando conceitos e práticas estiverem harmonizados em toda cadeia produtiva,
e fomentados por políticas governamentais. Para isso, uma legislação para
proteger e melhorar o bem-estar dos animais é essencial para ampliar nossa
atuação no mercado internacional. E antes de implementar a legislação, é
importante que avaliações de custo-benefício sejam realizadas.
Este trabalho objetivou avaliar o desempenho, a qualidade de ovos,
e o perfil metabólico de aves criadas no piso, através das concentrações de
150
parâmetros bioquímicos sanguíneos e da biometria de órgãos do trato
digestório de poedeiras semipesadas (Hisex Brown), alimentadas com rações
formuladas com base no conceito de proteína ideal na fase de produção.
Os resultados atestam a adaptação destas aves à criação no piso e
a viabilidade técnica da utilização de dietas com redução dos níveis protéicos
em sistemas alternativos, indicando este sistema como opção às granjas
comerciais que buscam ingressar, ou ampliar sua atuação, em mercados
pautados pela valorização do bem-estar animal. No entanto, o maior custo de
produção, e a elevada percentagem de ovos sujos, ainda necessitam ser
equacionados.
Na fase de recria, aves criadas no piso apresentaram maior peso
vivo, ganho de peso e uniformidade do lote. E menor consumo de ração e
conversão alimentar, em comparação às aves criadas em gaiolas. Na fase de
postura, aves criadas no piso apresentaram percentagem de postura, consumo
de ração e peso do ovo superiores àquelas criadas em gaiolas. Entretanto,
apresentaram maior percentagem de ovos sujos e menor conversão alimentar.
Em relação à qualidade dos ovos, os dois sistemas de criação apresentaram
resultados equivalentes.
Avaliando alguns parâmetros bioquímicos sanguíneos (proteína total
sérica, albumina plasmática, colesterol plasmático e ácido úrico plasmático), as
aves criadas no piso apresentaram maiores concentrações de proteína total
sérica e ácido úrico plasmático. Em relação à biometria de órgãos (intestino
delgado, oviduto, fígado, moela e pâncreas) e peso relativo de gordura
abdominal, novamente, os dois sistemas foram equivalentes. A utilização de
dietas formuladas com base na proteína ideal (com redução dos níveis de
proteína bruta) afetou o desempenho e a qualidade de ovos.
Deste modo, uma vez asseguradas, todas as premissas citadas
anteriormente sobre sistemas alternativos, a criação de poedeiras semipesadas
no piso, se configura como opção segura e comprometida com as novas
tendências do mercado de ovos no Brasil e no mundo.
As poedeiras semipesadas apresentam maior adaptabilidade aos
sistemas alternativos de criação (especialmente quando criadas no piso), se
comparadas às poedeiras leves, devido principalmente à maior rusticidade.
Estas aves podem ser utilizadas em diferentes sistemas alternativos,
151
possibilitando desenvolver e explorar sistemas que maximizem as condições
de bem-estar.
O conhecimento das exigências nutricionais, das interações sociais,
da resposta imunológica, dos efeitos do bem-estar sobre desempenho e
qualidade de ovos, e a economicidade do sistema, devem ser priorizados pela
pesquisa científica brasileira.