crianÇas vitimizadas - a sindrome do pequeno poder - resumo
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Livro: CRIANÇAS VITIMIZADAS – A SÍNDROME DO PEQUENO PODER.
Autores: Adalberto Bolleta Oliveira, Avaro Rodrigues Bueno, Heleieth Saffioti, Lia
Junqueira, Maria Amélia Azevedo, Maria Amélia Azevedo, Mario Santoro Jr., Nelson
Vitiello e Viviane Nogueira de Azevedo Guerra.
Publicação: Iglu Editora LTDA, 2007.
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(Maria Amélia Azevedo e Viviane Nogueira de Azevedo Guerra)
“(...) a vitimização é uma forma e aprisionar a vontade e o desejo da criança, de
submetê-la, portanto, ao poder do adulto, a fim de coagi-la a satisfazer os
interesses, as expectativas ou as paixões deste.
(...) ela exige que a vítima seja ‘cúmplice’, num ‘pacto de silêncio’.” (pág. 35)
“O abuso-vitimização de crianças consiste, pois, num processo de completa
objetalização destas, (...) objeto de maus-tratos.
(...) três formas privilegiadas de abuso-vitimização: a física, a psicológica e a
sexual.” (pág. 36)
Julgamento feito pelo observador. Fonte do critério para julgamento
- “(...) alguns pesquisadores veem o abuso como uma etiqueta culturalmente
determinada que se aplica ao comportamento e aos danos. (...) determinados
eventos extraem o seu significado do contexto em que ocorrem.” (pág. 39)
- “(...) a vitima é o individuo indefeso, sem poder, passivo, sob jugo de seu algoz. A
imagem social do adolescente desmente esses aspectos (...). Por isso a sociedade
não tem nutrido grande preocupação com os adolescentes vitimizados fisicamente
(...) muitas vezes não são consequências de ordem física, mas o são de ordem
emocional e muito graves.” (pág. 40)
“(...) dois tipos de abuso: (...) O incesto (...) agressor todo aquele que tenha vinculo
de responsabilidade para com a criança (...) e cujas relações sexuais seriam
interditas por lei ou costume. A exploração sexual (...) criança menor de 18 anos em
atividades de prostituição e pornografia infantis (...). (pág. 42)
1.4 Uma conclusão inconclusiva
- “(...) estamos diante de uma relação de poder, caracterizada num pólo pela
dominação e no outro pela coisificação (...) o que varia é a natureza da relação de
poder envolvida: macropoder, no caso da vitimação; micropoder, no caso da
vitimização.” (pág. 46)
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(Heleieth I. B. Saffioti)
- “(...) Quanto à violência sexual, raramente se tem noticias deste tipo de violência
sendo praticado por mulher. (...) Ainda que a mulher possa ser verbalmente muito
violenta, é bem menos preparada do que o homem para ser física e sexualmente
violenta.” (pág. 56)
“(...) o homem se vale de qualquer meio. (...) é a autoridade suprema da família,
merece a confiança dos filhos. Ou seja, é a pessoa respeitada, que só deseja o
‘bem’ dos filhos. Nestas circunstancias quer o pai adote a abordagem sedutora, quer
prefira a abordagem agressiva para manter relações libidinosas de toda sorte, com
sua filha, tem pouquíssimas probabilidades de fracasso.
Muitas vezes, a menina ainda não sabe que certas caricias são próprias do amor
sexual e não do amor filial. Ademais, se é o pai que as pratica, deve tratar-se de
algo bom e socialmente aprovado, (...). Outras vezes, a filha sabe que ‘não é certo’
praticar determinados atos com seu pai, mas (...). O constrangimento cobre largo
espectro indo da sedução e da cumplicidade no segredo ate a violência física
extrema, provocando fratura de pélvis e rupturas do tecido vaginal.” (pág. 60/61)
2.5 Prostituição de menores
- “(...) a lei tenta evitar que o menor seja encaminhado para atividades socialmente
reprovadas do ponto de vista moral. Não se trata de coibir atividades (...)
moralmente condenáveis. Trata-se de preservar o menor, posto que este não tem
discernimento para escolher (...).” (pág. 72)
- “(...) As meninas muito novas cobram menos. Não tem coragem de pedir mais. É a
exploração ao máximo.” (pág. 74)
- “(...) Condições de miserabilidade material geram miséria psicológica e pressionam
no sentido da obtenção de qualquer recurso para minorar sofrimentos.” (pág. 74/75)
- “(...) A reação do medico da policia é paradigmática: representa a opinião das
autoridades e de toda a ‘gente de bem’ que prima pelo moralismo, sem ter nenhuma
moralidade.” (pág. 78)
- “(...) o agressor não é movido pela atração sexual quando vitimiza crianças, e muito
menos pelo amor, mas sim pelo poder de que desfruta face aos menores (...).” (pág.
78)
- “(...) o adulto desenvolve na criança sentimentos que (...) dificultam uma atitude de
desafio (...) tornando-a presa fácil, de vários gêneros, do agressor.” (pág. 78)
- “(...) Na definição de Ricardo de Castro, ‘a prostituição é um espaço de
transgressão consentida; ela existe para existir a família.” (pág. 80)
- “(...) O desaparecimento de crianças vincula-se à prostituição, como se liga
também à pornografia. Exploradores nacionais de crianças podem estar associados
a outros exploradores em outras partes do mundo, realizando o tráfico internacional
de menores.” (pág. 81)
- “(...) Há uma importante distinção entre erotismo infantil e pornografia infantil. (...),
a pornografia infantil tem como pré-requisito (...) a exploração sexual direta da
criança.
Pornografia infantil diz respeito ao registro - fotografia e filmes – de atividades
sexuais desenvolvidas por crianças com adultos (...) a exploração sexual de crianças
constitui pré-requisito para a elaboração de matéria pornográfico (...).” (pág. 82)
- “(...) a crianças desenvolve o sentimento de culpa, na medida em que se vê muito
mais como co-responsável do que como vitima. A ambivalência da criança (...)
dificulta extraordinariamente a comunicação do fato a quem possa tomar
providenciais legais ou de outra ordem para libertar o menor.” (pág. 82/83)
- “(...) Embora do ponto psicológico tais pessoas possam ser portadoras de sérios
problemas, do ângulo social são criaturas acima de qualquer suspeita.” (pág. 83)
“(...) Enquanto o homem for educado para o exercício do poder, para a manifestação
incontida de sua agressividade e para o embotamento feminino de sua
personalidade, continuará a agredir os direitos de mulheres e de crianças, seres
subprivilegiados nessa correlação de forças (...). Necessário se faz intervir na
realidade social (...) mudanças serão requeridas também das mulheres.” (pág. 89)
- “(...) É justo que as obrigações do cidadão variem segundo sua idade. Não se pode
exigir de um menor o que se obriga a um maior executar. Mas, no que tange a
direitos humanos, as crianças são tão titulares deles quanto os adultos. Talvez o
sejam mais, na medida em que devem ser protegidas ate completarem a maior
idade. (p. 89)
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Dr.ª Lia Junqueira
“(...) ‘nem a lei, nem a medicina, nem a ciência tem poderes mágicos e, que não
existe consenso social a cerca do que constitui a melhor ou pelo menos uma boa
solução para todas as crianças’. Considerando que o núcleo familiar tem uma
proteção prioritária do Estado e considerando que cabe aos adultos deste núcleo a
defesa e a proteção da criança, entendemos porque existe um temor de encorajar o
Estado a violar a integridade familiar e nesse sentido quando se faz necessário a
presença do Estado para defender uma criança, ele chega sempre tarde.” (pág. 171)
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Dr. Joseph Goldstein / Dr.ª Anna Freud / Dr. Albert J. Solnit
“(...) os tribunais e os serviços sociais costumam ser acusados de não fazer ‘o
bastante’ ou de intervir ‘tarde demais’ para proteger o desenvolvimento das novas
gerações.” (pág. 176)
- “ (...) no contexto atual de intervenção, as autoridades administrativas são levadas
a intervir muito, muito frequentemente e muito cedo, sem provas suficientes. (...)
uma intervenção brutal, dispersando a família antes mesmo de estudar os laços que
unem seus membros e o infortúnio que pode ser desencadeado pela ruptura dos
mesmos.” (pág. 176)