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Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
Campus de São José do Rio Preto
Curso: Bacharelado em Letras com Habilitação em Tradutor
Disciplina: Cultura Brasileira II
Docente: Lúcia Granja
Discente: Yasmin Alexandra de Sales Teles da Fonseca
Trabalho
Em “Cortiços” (1999), Sidney Chalhoub inicia sua argumentação citando o
Cabeça de Porco, célebre cortiço carioca do final do século XIX, que foi interditado
pela Inspetoria Geral de Higiene do Rio de Janeiro para demolição. Em 1893, inicia-se a
destruição do cortiço, mesmo com famílias se recusando a sair de suas casas. Em um dia
o Cabeça de Porco desapareceu e o destino daqueles que moravam ali foi totalmente
ignorado pelo poder público. O prefeito da cidade na época foi aclamado pela imprensa
carioca que o toma como um héroi mitológico que destrói uma criatura maligna, como
pode ser observado no artigo (corte 1) publicado na Gazeta de notícias, em 27 de
janeiro de 1893, no qual o cortiço é relacionado à Cabeça de Medusa que é derrotada
por Perseu, papel heróico assumido pelo poder público. Desse modo, é possível
relacionar a política de reformas do governo do Rio de Janeiro com um dos pontos
fundamentais para lidar com a diversidade urbana, citado por Chalhoub, que consiste na
noção de que as classes pobres equivalem a classes perigosas. Na época (e hoje com as
favelas), o cortiço era visto como um local de cultivo de malfeitores e refúgio de
criminosos e, portanto, extremamente nocivo à integridade da sociedade. Era um
“monstro” perigoso que crescia longe do controle público. Além disso, era moradia de
escravos e alforriados, e após a abolição da escravatura, lar das famílias de ex-escravos.
Assim, com o passar do tempo, os cortiços se tornaram um local de formentação das
lutas dos negros pela a sua liberdade, o que acrescentaria mais uma justificativa para a
ação violenta do poder público na eliminação do Cabeça de Porco.