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Título: Cultura(s), Cidadania e Desenvolvimento
Autor: Tatiana Freitas
Coimbra, 2013
Imagem de capa: Francisco Neto, Flickr (2006)
http://www.flickr.com/photos/chicow/150053573/in/photolist‐eg4Gz‐eg4Ht‐eg5sf‐scCno‐wdCYd‐xjDLv‐KTyrb‐2Hfx9X‐491ggK‐4qpMDj‐4qXevt‐4riVc4‐4L2Av4‐4UtvpB‐55hMKv‐566Tug‐58kyP9‐5kG5t6‐5ncd5i‐5nTu7z‐5qJDQ6‐5qNF6g‐5tcUyJ‐5xxtid‐5zjEna‐5zoXkN‐5HhNZs‐5XWVk2‐61K6G2‐61K8zH‐61Kasx‐61Kb6T‐61Kddn‐61KdMr‐61Kev8‐61KhSv‐61KigB‐61KjFK‐61Kkca‐61PoxC‐61PsQy‐61PuSW‐64ogpt‐67EUwn‐6f2p8X‐6oX4SV‐6p2MoU‐6p2Xx9‐6p4Ygu‐6p5uXG‐6p61Uq/
Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra
Trabalho realizado no âmbito da unidade curricular de Fontes de Informação Sociológica sob orientação da Professora Dra. Paula Abreu e Professor Dr. Paulo Peixoto (Ano Letivo: 2013/2014)
Índice
1. Introdução ................................................................................................................................. 1
2. Estado das Artes ........................................................................................................................ 2
2.1 Cultura(s) ............................................................................................................................. 2
2.2 Cultura dominante e cultura dominada .............................................................................. 4
2.3 Cidadania e Cidadão ............................................................................................................ 7
3. Descrição detalhada da pesquisa .............................................................................................. 9
4. Ficha de Leitura ....................................................................................................................... 10
5. Avaliação da Página da Internet .............................................................................................. 17
6. Conclusão ................................................................................................................................ 18
7. Referências Bibliográficas ....................................................................................................... 19
Anexo A ‐ Página na Internet Avaliada
Anexo B ‐ Texto Suporte à ficha de leitura
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1. Introdução
No âmbito da unidade curricular de Fontes de Informação Sociológica,
lecionada pelo Professor Doutor Paulo Peixoto e pela Professora Doutora Paula Abreu,
foram propostos vários temas de modo a que fossem desenvolvidos pelos alunos.
No meu caso, escolhi o tema Cultura(s), Cidadania e Desenvolvimento por ser
um tema interessante, atual e de vasta dimensão.
No desenvolvimento do meu trabalho, irei fazer uma pequena contextualização
do que é a cidadania e a cultura nos dias de hoje, assim como, o desenvolvimento e
transformação dos mesmos, assim como, a problematização da perda de práticas
culturais nos dias de hoje.
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2. Estado das Artes
Cultura(s), Cidadania e Desenvolvimento
2.1 Cultura(s)
O conceito de cultura tem evoluído ao longo dos anos assim como os
significados que são atribuídos ao mesmo. Vejamos o exemplo dos Humanistas que
consideravam a cultura como um padrão ideal de desenvolvimento intelectual, moral e
artístico (Pires, 2004). Passando por diversas transformações, hoje, considera‐se que
“as culturas nascem de relações sociais, que são sempre relações inigualitárias. À
partida, há portanto, uma hierarquia de facto entre as culturas, que resulta da
hierarquia social” (Cuche, 1999).
Sucintamente, e como refere a autora Maria Pires (2004), a cultura diz respeito
aos componentes simbólicos e apreendidos do comportamento humano. São
exemplos destes comportamentos a língua, a religião, os hábitos de vida e as
convenções. A referida autora considera também que, por ser o oposto do instinto, a
cultura é por vezes o que nos distingue dos animais. Seguindo esta linha de
pensamento, a cultura que é apenas característica dos homens e mulheres, pode
corresponder ao desenvolvimento intelectual e a um refinamento de atitudes.
É importante também realçar a noção de cultura que nos chega através de
Edward Burnett Tylor, em 1871, contida na sua obra Primitive Culture, “a cultura ou
civilização, entendida no seu sentido etnográfico mais amplo, é o conjunto complexo
que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, o direito, o costume e toda a
demais capacidade ou hábito adquiridos pelo homem enquanto membro de uma
sociedade” (apud Infopédia, 2003‐2013). Esta definição de cultura é considerada como
clássica.
Seguindo a ordem de ideias da autora Maria Pires (2004), e tendo em
consideração as transformações e evoluções relacionadas com a cultura, pode‐se
organizar o referido conceito em várias categorias. A primeira delas, a categoria
3
cognitiva, onde está implicada uma ideia de perfeição como sendo o objetivo da
realização humana. Por este motivo, a cultura era vista como a questão mais
importante tanto nas obras de Thomas Carlyle (1795‐1881), assim como nas de
Matthew Arnold (1822‐1888). Este último designava o estudo da cultura como o
“estudo da perfeição”, que realizava a ideia de a cultura ser a procura da perfeição
total através do conhecimento. A segunda, a categoria coletiva, resume‐se a um
“estado de desenvolvimento intelectual e moral de uma sociedade influenciada pelas
teorias evolucionistas de Darwin (1809‐1882)”, tal como refere a autora. Já a terceira
categoria, designa‐se por categoria descritiva, considera a cultura como um conjunto
de obras de arte e intelectuais. A quarta, a categoria do social, remete para uma ideia
de um modo de vida a pensar mais no outro e o modo de vida dos indivíduos como
grupos, assim como as relações que são estabelecidas entre os mesmos. A quinta, a
categoria ideológica, tem em consideração o modo de pensar, de acreditar e de
avaliar, principalmente em áreas como as crenças, os valores e os ideais. Por fim, a
sexta categoria, a material, dá mais atenção à tecnologia.
A cultura torna‐se importante na medida em que o seu estudo torna possível a
compreensão de outros domínios do saber assim como a criação de novas abordagens
inovadoras.
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2.2 Cultura dominante e cultura dominada
Tal como Denys Cuche refere na sua obra, “num espaço social específico, existe
sempre uma hierarquia cultural”. Esta ideia vai de encontro com o que tinha sido
referido anteriormente tanto por Karl Marx como por Max Weber, na sociedade existe
sempre uma cultura dominante que é sempre a cultura da classe dominante. Assim
sendo, opõem‐se duas culturas: a cultura popular, como cultura dominada e a cultura
de elite, como a cultura dominante.
A cultura popular é vista de diferentes maneiras por diversos autores, e
portanto existem duas teses, no domínio das ciências sociais que devem ser evitadas.
A primeira, a tese minimalista, refere que a cultura popular são apenas “marginais” e
“más cópias”, uma vez que não possuem quaisquer características dinâmicas próprias
que as sobreponham às outras culturas. Assim sendo, seriam apenas produtos
derivados da cultura de elite que é vista como sendo a única verdadeira.
Por outro lado, há a tese maximalista, que por oposição à referida
anteriormente, considera que as culturas populares devem ser vistas como iguais, e
por vezes superiores à cultura de elite. Seriam então culturas autênticas e autónomas.
Alguns autores referem ainda que a cultura popular deve ser encarada como superior
à de elite uma vez que deriva da “criatividade do povo”.
A cultura popular não é completamente independente e autónoma, assim
como não é de pura imitação nem de criação pura. Seguindo esta ideia, e tal como é
referido por Cuche, “qualquer cultura particular é uma reunião de elementos originais
e de elementos importados, de invenções próprias e de empréstimos”, isto é,
nenhuma cultura é completamente e verdadeiramente original nem completamente
cópia de outra. Deste modo, não se deve considerar a cultura popular como dominada
por ser inferior. Esta é apenas uma cultura de grupos subalternos e, portanto, são
construídas em ambientes de dominação. É vista como uma forma de lidar com a
dominação.
Outro ponto observável na obra do referido autor, é o conceito de cultura de
massas. Esta cultura é vista e tida em consideração relacionada com os meios de
5
comunicação e com a produção industrial de massa. Deste modo, é possível haver uma
certa confusão com dois termos, a cultura para as massas com a cultura das massas.
Assim sendo, não é pelo facto de uma massa de indivíduos ser recetora de uma
mensagem que essa mesma irá ser interpretada de igual forma por todos esses
indivíduos. Portanto, não é certo realizarmos uma uniformização da mensagem. Outro
aspeto a ter em conta é as condições de receção. Assim sendo, uma mensagem de
grande dimensão, recebida por um público também ele de grande dimensão não
significa que a mensagem seja geral e que todos a interpretem da mesma maneira.
Após a análise de tudo o referido, é de considerar a cultura como um aspeto
importante da vida em sociedade. Isto deve‐se ao facto de, tudo o que nos rodeia ter
um impacto na nossa vida e na nossa formação enquanto cidadãos. Na nossa vida
quotidiana, somos bombardeados por várias demonstrações de cultura, seja ela vista
como música, cinema, arte, teatro e até os costumes e tradições de cada terra. Ao
longo dos anos tem sido observável uma oscilação de percentagem na adesão dos
portugueses nas práticas culturais.
Por comparação com outros países, Portugal apresenta, de facto, números
muito baixos na adesão das atividades culturais. Apesar de, no geral, os europeus
terem assumido uma diminuição na frequência com que assistem a diversos
espetáculos culturais, Portugal fica “na cauda” com valores de 6% na participação dos
mesmos (Carvalho, 2013). A grande queda de vendas nas bilheteiras é um exemplo, ao
revelar que mais 70% dos cidadãos não frequentaram uma única vez o cinema nos
últimos 12 meses. O mesmo estudo revela também que o ballet, a dança e a ópera
mantêm‐se com uma adesão igual e que a queda de dez pontos percentuais, em
relação à Europa no que diz respeito ao ano anterior, da leitura de um livro deve‐se,
maioritariamente, à falta de interesse.
Contudo, não é correto afirmar que apenas a falta de interesse é motivo para o
fraco consumo das práticas culturais por parte dos portugueses. Assim sendo, existem
outros fatores que não dizem respeito propriamente ao cidadão mas sim à sociedade
em geral. São exemplos a fraca aposta por parte das entidades privadas no que diz
respeito à dinamização da cultura, a crescente taxa de tendência da privatização da
atividade cultural, o atraso na educação, a atividade cultural se encontrar
6
maioritariamente nas grandes cidades e por fim, as dificuldades económicas sentidas
por uma grande parte da população.
Estes fatores estão todos relacionados, uma vez que a privatização da atividade
cultural faz com que os preços para aceder à mesma sejam cada vez mais altos,
enquanto que a população tem um poder de compra cada vez mais fraco. Assim, há
uma certa seleção nas pessoas que assistem às práticas culturais, porque só irão as
que possuírem maiores rendimentos. Associada a esta ideia, surge o facto de as
pessoas classificarem várias atividades culturais como o teatro e a ópera como elitista.
Posto isto, é possível distinguir três fatores que podem ser considerados como
principais: a fraca aposta na educação, a falta de investimento e o baixo poder de
compra. Não é certo atribuir a culpa apenas à crise económica que se faz sentir na
atualidade, é necessário fazer alterações a nível interno, como estimular o ensino da
cultura nas escolas. É também necessária a existência de um maior investimento,
assim como a tomada de medidas por parte dos políticos que apelem ao interesse
cultural dos cidadãos.
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2.3 Cidadania e Cidadão
A cidadania é, e segundo T. H. Marshall, “uma evolução de direitos civis,
políticos e sociais” (apud Direito e Docência, s.d.). Assim sendo, e de acordo com o
mesmo, a cidadania é composta por três direitos: o direito civil, o direito político e o
direito social. Assim, o autor referido disponibiliza uma pequena definição de cada
direito, como irá ser referido seguidamente. O direito civil é assim composto pelo
direito à liberdade individual – liberdade de ir e vir, liberdade de imprensa,
pensamento e fé, o direito à propriedade e de concluir contratos válidos e o direito à
justiça. Já pelo direito político entende‐se a participação no exercício do poder político,
como um membro de um organismo investido da autoridade política ou como um
eleitor dos membros de tal organismo. Por sua vez, o direito social engloba, desde o
direito a um bem‐estar mínimo, caraterizado pela estabilidade económica e pessoal,
até ao direito de participar, completamente, na herança social e assegurar que os seus
comportamentos vão de encontro com os padrões que são estabelecidos pela
sociedade.
Relacionado com o conceito de cidadania surge o conceito de cidadão. Assim
sendo, designa‐se por cidadão todo aquele que vive inserido num país e
consequentemente numa determinada sociedade, protegido pelas leis, possuindo
direitos mas, ao mesmo tempo tem uma série de deveres que devem ser cumpridos.
Resumidamente, é um cidadão quem pertence a um país politicamente organizado.
“A integração de uma pessoa na sociedade e na natureza é mediada por três
esferas de existência, que complementam‐se e relacionam‐se: a material, que permite
ao indivíduo a sobrevivência física; a cultural, que dá ao indivíduo valores, crenças,
maneira de pensar, agir, interpretar o mundo; a social, que refere‐se às relações que
se estabelecem entre as pessoas, que são também relações de poder, seja de
igualdade, opressão ou exploração” (Portugal & Almeida, 2001/2002).
Deste modo, e referindo os autores acima citados, pode‐se considerar o
cidadão como aquele que supera a condição de pobreza sócio‐económica e política,
que tem noção da posição que ocupa na sociedade e que tem conhecimento dos
conflitos de poder que existem na mesma.
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O conceito de cidadania estabelece fronteiras e margens entre sociedades e
grupos sociais. Uns são considerados os “incluídos” e outros os “excluídos”. Estas
margens são estabelecidas tendo em consideração os “nossos” valores, em
contraposição com os valores “deles”. Apesar disto, há uma cidadania de “direitos
estabelecidos”, isto é, uma cidadania onde todos os direitos são considerados como
igualitários e estáveis. Vejamos como exemplo o direito de voto, considerado assim
como estabelecido, uma vez que todos os cidadãos podem (e devem) exercer esse
mesmo direito. Mas também existe uma cidadania de novos “direitos conquistados”,
cuja sua permanência é justificada pelas circunstâncias ou necessidades mutáveis da
vida (Pais, 2005).
De um modo geral, e como referem Heloisa Portugal e Mark Almeida
(2001/2002), a cidadania é a transformação social para a conquista de uma sociedade
mais justa, igualitária e solidária.
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3. Descrição detalhada da pesquisa
Para a realização deste trabalho recorri a livros, à internet e a várias revistas
científicas. Ao ler vários excertos de alguns textos relevantes no que diz respeito ao
meu tema, pude referenciar alguns pontos importantes e esclarecedores no que diz
respeito a uma melhor compreensão do que é a cultura e a cidadania.
Da Internet, utilizei um artigo do Jornal Público que achei bastante interessante
para o tema deste trabalho, uma vez que retratava o modo como as práticas culturais
têm vindo a se alterarem a nível europeu.
Para, de uma forma mais rápida, conseguir encontrar alguns documentos,
utilizei o motor de busca Google.
Após ter recolhido todo o material que considerei necessário para a realização
do trabalho, fiz uma leitura atenta dos diversos documentos, retirei a informação mais
importante e de seguida fiz também um tratamento cuidado da mesma.
Em relação à estrutura do trabalho, inicialmente tinha idealizado um esquema
de trabalho e de ideias que tiveram que ser alteradas consoante a informação que
tinha em mãos de forma a elaborar um trabalho lógico.
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4. Ficha de Leitura
Título da publicação: Políticas para a sociedade da informação em Portugal: da
concepção à implementação
Autora: Lurdes Macedo
Local (url):
http://www.lasics.uminho.pt/ojs/index.php/comsoc/article/viewFile/1210/1153
Data de consulta: Outubro 2013
Data de publicação: 2005
Número de páginas: 71‐93
Palavras‐chave: sociedade da informação, políticas, POSI (Programa Operacional para
a Sociedade da Informação).
Resumo:
Neste texto, a autora procura apresentar uma noção sobre a “Sociedade da
Informação” ao analisar as várias perspetivas teóricas de autores de maior importância
e relevo. Ao realizar um estudo crítico e estruturado sobre o Programa Operacional
para a Sociedade da Informação (POSI), assim como a sua contextualização na
atualidade em questão, um dos objetivos é a identificação e compreensão dos desafios
que esta nova sociedade pode colocar a um país como Portugal.
Deste modo, este estudo procura validar as políticas para a Sociedade da
Informação como possíveis fatores para não estar a ocorrer uma contínua evolução no
sentido de tornar a sociedade “informacionalizada”.
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Estrutura:
A inovação e os avanços tecnológicos associados à comunicação e aos modos
como a informação é tratada, explorada e lançada para o mundo têm sido cada vez
mais crescentes. A este facto, associam‐se tanto aspetos positivos como negativos que
são referidos pela autora. Realçando alguns dos aspetos positivos mais importantes,
tem‐se, por exemplo, o fato de estes novos meios de comunicação deixarem à
disposição das sociedades mais avançadas, tecnologicamente falando, uma
oportunidade de encurtar as distâncias ao haver um avanço no sentido de aperfeiçoar
a rapidez e eficácia da difusão da informação. Por outro lado, o aspecto negativo
realçado pela autora é o ceticismo associado a estes progressos na tecnologia, uma vez
que estes acarretam diversas mudanças na vida quotidiana.
Ao longo do texto, é referido por diversas vezes o conceito de “Sociedade da
Informação”, que a autora define como sendo o que “tem maior alcance” uma vez que
contém em si todas as outras ideias associadas a esta mudança na vida da sociedade.
Assim, a mesma permite esclarecer esta ideia ao realizar um percurso nas várias
hipóteses já formuladas por “diversos pensadores e atores institucionais relevantes”
sobre o que é esta nova realidade, a “Sociedade da Informação”.
Analisando então as distintas definições, encontram‐se alguns aspetos em
comum que são referidos pela autora, tais como a transformação da informação em
matéria primordial e o decisivo desenvolvimento das tecnologias de informação e de
comunicação (TIC), assim como as suas consequências na reconfiguração do modelo
de organização social. Apesar disto, ainda é prematuro falar em “sociedade da
informação” uma vez que os fatores que a caraterizam, sejam eles qualitativos ou
quantitativos, são ainda considerados discutíveis e pouco explorados, tal como refere a
autora no texto.
Assim sendo, e de modo a observar as modificações que ocorrem na sociedade,
verificou‐se a existência de duas grandes diferentes posições em relação ao assunto.
Por um lado, há autores que defendem que é necessário haver uma quebra na forma
como a sociedade se costuma organizar nas gerações passadas de modo a poder
ocorrer um avanço no sentido de surgir a nova sociedade, mas por outro lado há
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autores que consideram que para haver uma mudança não é necessário ocorrer uma
rutura e que a informatização da sociedade ocorre nos padrões tidos como normais,
seguindo uma organização específica.
No sentido de fazer uma distinção clara da “sociedade da informação”, foi
porposta uma classificação em cinco dimensões analíticas que definem as várias
posições sobre o tema em causa. São elas a definição tecnológica, a definição
económica, a definição ocupacional, a definição espacial e a definição cultural, tal
como é referido no texto.
A definição tecnológica sublinha que o fato de ocorrer uma redução dos preços
do material técnico e informático, fez com que os mesmos ficassem à disponibilidade e
ao alcance de todos os campos da sociedade. Outro aspeto que conduziu a uma célere
inovação das tecnologias de informação foi o fato de o setor informático e o setor das
telecomunicações se terem “fundido” e terem permitido uma ligação de rede entre
espaços físicos diferentes. Apesar de estes aspetos serem todos aceitáveis e dados
como certos Webster questiona se “será aceitável que um fenómeno associal como a
tecnologia determine a definição de um novo modelo de sociedade”.
Já a definição económica remete como o próprio nome indica, para uma visão
mais económica da sociedade. Deste modo, quanto maior for o produto nacional bruto
(PNB), mais próxima se encontrará uma sociedade da “economia da informação”. No
entanto, são vistas várias dificuldades na associação das categorias uma vez que há
uma tendência a homogeneizar atividades com diferentes conteúdos, trasmitindo a
ideia descrita na página 74‐75.
A definição ocupacional defende que uma sociedade passa a ser “sociedade da
informação” quando o número de trabalhadores com serviços que lidem diretamente
com a informação assim como à sua base, for maior que o número dos trabalhadores
com atividades produtivas.
Por outro lado, a definição espacial remete para a importância associada à
aproximação entre espaços geograficamente distantes, através dos meios de
comunicação. Este fator tem impactos na economia global, pois faz com que as
ligações espaciais deixem de ser vistas como um obstáculo.
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Por fim, a definição cultural, afirma que quantidade de informação que circula
nos dias de hoje é superior a qualquer tempo da História. Contudo, coloca‐se uma
grande questão, “mais informação resulta em pessoas mais informadas”.
Assim sendo, as tecnologias de informação e de comunicação e a sua
competência de utilização serão determinantes na distinção entre um Estado forte e
fraco, sendo este último caraterizado pelo não acompanhamento da evolução
tecnológica.
Posto isto, são apresentados diversos desafios a esta nova sociedade, a
“sociedade da informação”. O desafio do combate à “info‐exclusão” é um dos mais
importantes, pois como é notável em todas as sociedades, há claramente uma
distinção entre os mais pobres e os mais ricos. Esta situação também será possível de
ser verificada nos meios tecnológicos uma vez que os com maiores posses irão estar
aptos a obter as “infotecnologias” enquanto que os mais pobres não. Outro desafio
colocado é o da “alfabetização informacional”. Este desafio remete para o fato de mais
informação não significar necessariamente mais alfabetização. Assim sendo, é
necessário haver uma educação dirigida a informar os cidadãos a tratar e a interpretar
a informação de que são alvo e poder usá‐la para poderem concluir os seus fins. Por
fim, tem‐se o “desafio da profissionalização para a sociedade da informação”. Neste
desafio verifica‐se que até as profissões mais rudimentares e tradicionais estão a ser
“informacionalizadas”, como a agricultura. Assim sendo, os serviços que possuírem um
trabalho menos específico irão perder a sua “importância estratégica”, como é
referenciado pela autora.
Ao enquadrar Portugal no contexto da sua integração na União Europeia, e ao
analisar o país a meados dos anos 90, verificou‐se uma série de adversidades que
poderiam explicar o atraso do país no que toca à informatização, entre o quais, a fraca
educação ou até mesmo falta dela no que toca à “literacia funcional”, tal como é
referido pela autora no texto. Contudo, são também realçados alguns pontos positivos,
tais como a adesão acima do previsto da TV Cabo e até mesmo da subscrição da
Internet. Seguindo o raciocínio da autora, a partir da análise feita e acima descrita, é
possível questionar que práticas e políticas é que o governo está a realizar de modo a
promover esta sociedade.
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Posto isto, a autora refere uma série de medidas que foram tomadas por várias
entidades no sentido de elevar a sociedade da informação. Assim, remete para um
Portugal no ano de 1995, onde refere que as medidas que eram desejadas tomar pelo
governo de então, não foram totalmente cumpridas. Por consequente, o governo
precedente tomou medidas mais efetivas uma vez que foram definidos objetivos em
concreto, tais como a criação do “Livro Verde para a Sociedade da Informação”, que
toma em consideração as especifidades da realidade nacional na construção de uma
“sociedade da informação” em Portugal, ideia referida no texto. Outros planos foram
definidos, tanto na Europa como em Portugal, que permitiram a expansão da
sociedade da informação.
Assim sendo, foi criado o Programa Operacional Sociedade da Informação
(POSI), coma duração prevista de seis anos, cujo objetivo é dinamizar a sociedade
“enquanto prioridade transversal de outras intervenções operacionais, bem como a
disseminação de boas práticas nesta área”, tal como refere a autora. Apesar disto, é
necessário questionar se o programa está a cumprir, efetivamente, o que era suposto,
assim como a maneira sob a qual está a tratar os desafios da sociedade da informação.
De modo a poder responder a estas questões, foram feitos novos estudos em
relação ao desenvolvimento da sociedade da informação, o que comprovou que
Portugal estava aquém do que era expectado, continuando a apresentar um atraso a
esse nível. Isto fez com que houvesse um adequamento do programa operacional
sociedade da informação, de modo a poder ocorrer a inovação digital no país. Assim,
foram definidos quinze objetivos gerais, que a autora categorizou em cinco grupos,
primeiro grupo – democratização dos acessos (objetivos 1, 2, 3, 4, 5 e 13), segundo
grupo – colocação de conteúdos portugueses na internet (objetivo 6), terceiro grupo –
desenvolvimento de competências (objetivos 6 e 7), quarto grupo – modernização da
administração pública (objetivos 9, 10, 11, e 12) e por fim, o quinto grupo – promoção
de atividades de I&D (objetivo 14 e 15). A análise feita a estes objetivos por parte da
autora revela que apesar de tentarem dar resposta aos desafios propostos pela
sociedade da informação, há uma exagerada “enfâse na multiplicação de acessos às
TIC”, entre outras falhas.
Outra forma de responder às questões suscitadas pela autora foi a realização
de uma “análise à estrutura de programa que resultou da definição dos objetivos
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gerais do POSI”, pela mesma. Dessa mesma análise surgiram três “Eixos Prioritários”,
que se estendem em outras medidas específicas.
O eixo prioritário 1 – Desenvolver Competências apresenta uma definição de
vários objetivos que não apresentam uma linha certa de orientação, pois apelam a
diversas áreas que pouco contribuem para o desenvolvimento de competências. As
medidas mais específicas elaboradas neste eixo têm como principal alvo o combate
aos “ileterados”, uma vez que dá uma grande importância a uma educação mais virada
para uma sociedade mais informacionalizada. Isto irá fazer com que haja um aumento
na qualificação da população o que, por sua vez, trará mais empregabilidade. Contudo,
estão associadas “algumas limitações”, tais como a educação promovida ser apenas a
um campo tecnológico, “sem qualquer preocupação com a literacia para o tratamento
da informação”, tal como explicita Lurdes Macedo.
O eixo prioritário 2 – Portugal Distrital tem como principais objetivos o
aumento da qualidade de vida dos cidadãos, quer a nível tecnológico, como a um nível
básico, como os cuidados de saúde. Novamente, a autora concretiza a ideia de os
objetivos propostos serem muito gerais. Apesar disto, as medidas mais específicas
permitem esclarecer e objetivar as ideias propostas. A medida 2.1, remete para a
explicação do modo como os cidadãos irão ver as suas vidas melhoradas com a
introdução e generalização das tecnologias de informação e comunicação. Já a medida
2.2, identifica os conteúdos, isto é, o que está na base e ao “nível da produção”. Por
sua vez, na medida 2.3, é referida a expansão na área dos acessoas às redes, com a
continuação de programas, ao serem constituídas “parcerias a nível local”, tal como
expressa a autora. Por fim, a medida 2.4 é formada por um complemento com a
medida anterior, da formação relacionada com as TIC. Assim, este eixo permite
combater a exclusão informacional a que alguns indivíduos seriam alvo, como
também, de forma não direta, o combate ao desafio da profissionalização.
No eixo prioritário 3 – Estado Aberto – Modernizar a Administração Pública,
apesar de os objetivos não se encontrarem totalmente perscetíveis, é de referir, que
segundo a autora, “existe uma intenção de introduzir a utilização das modernas TIC no
processo de modernização administrativa (…)”. A medida 3.1, apresenta um conjunto
de objetivos distintos em áreas igualmente distintas.
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Concluida a análise ao programa, Lurdes Macedo afirma que a resposta à
questão inicial “não é definitiva” uma vez que ainda são encontrados pontos fracos
como o fato de os “objetivos terem sido formulados de forma confusa”. No entanto, a
autora apresenta uma explicação de como é possível concretizar algumas das medidas
criticadas no contexto da análise dos eixos do POSI.
No sentido de melhor compreender “o contributo do POSI para o
desenvolvimento “informacional” da sociedade portuguesa”, foram realizadas pela
autora três entrevistas a três personalidades relevantes assim como uma leitura crítica
do relatório da OCDE “Measuring the Information Economy 2002”. Assim, nas
entrevistas realizadas foi possível verificar que os entrevistados corroboram com os
aspetos referidos pela autora, tais como “a confusão na definição dos objetivos do
programa” assim como “a excessiva ênfase na questão infra‐estrutural dos acessos
como condicionantes internas desta intervenção operacional”. Os entrevistados
concordam também que na mudança política que ocorreu em 2002, ocorreu um atraso
na efetivação do programa. Já na análise do relatório da OCDE, foi possível observar
que, apesar de o desenvolvimento das TIC em Portugal não ser comparável com o dos
outros países, apresenta um crescimento considerável. Contudo, a análise deste
mesmo relatório refere que deve ocorrer uma reformulação das políticas para o
desenvolvimento da “sociedade da informação” tal como sugere a autora.
Assim, e citando Lurdes Macedo, “o impacto do POSI na indução da
empregabilidade em atividades competitivas ligadas às novas TIC parece, assim, ficar
aquém das expectativas.”.
Em suma, a autora defende uma vez mais que as políticas associadas a este
campo, devem ser “reformuladas”, pois “ainda que bem intencionadas, parecem não
estar a resultar nos efeitos esperados”, tal como a mesma enfatiza ao longo do texto.
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5. Avaliação da Página da Internet
O site que escolhi para fazer a avaliação foi o site do jornal Público uma vez que
dei importância a uma notícia que teve bastante peso no meu trabalho.
Por ser o formato eletrónico de um jornal, este site apresenta informações
sobre variadíssimos temas, quer nacionais como internacionais. A página apresenta‐se
dividida em várias secções tais como cultura, desporto, economia, etc., o que facilita a
procura do utilizador. O site apresenta também em destaque as notícias mais
importantes e de última hora, o que mostra a versatilidade do mesmo. Assim, ao
estarmos a pesquisar num determinado tema, podemos deparar‐nos com alguma
notícia que possa vir a ser útil para a pesquisa.
Em relação ao meu tema, houve uma notícia em particular que me ajudou visto
que tratava da participação cultural de Portugal em relação ao resto da Europa. Este
notícia serviu para suportar a minha problematização, no sentido em que diz que as
práticas culturais têm vindo a diminuir no nosso país. Esta notícia pode ser consultada
no seguinte endereço: http://www.publico.pt/cultura/noticia/portugal‐na‐cauda‐da‐
europa‐no‐que‐diz‐respeito‐a‐participacao‐cultural‐1611336.
Considerando a página em geral, posso considerar como apelativa pois aposta
nos vermelhos, pretos e brancos. É também um site que não apresenta nenhum custo
nem nenhum recurso especial para que seja possível ter acesso.
De um modo geral, considero que este site está bem organizado o que permite
uma fácil navegação por parte dos utilizadores. Contém também informação
pertinente e fiável. Este site e em particular esta notícia foram importantes para o meu
trabalho.
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6. Conclusão
A realização deste trabalho permitiu‐me adquirir novos conhecimentos
importantes como o que é a cultura de um ponto de vista mais abrangente e científico.
Foi também através da realização deste trabalho que pude aperceber‐me que
as práticas culturais têm vindo a diminuir cada vez mais. A principal causa deste facto é
apontada para a crise, mas ao realizarmos uma análise mais aprofundada do assunto,
verificamos a existência de outros fatores que realmente apresentam um grande peso
para a dinamização das práticas culturais, tal como realizo no estado das artes. Estes
fatores são mais difíceis de combater porque para resolvê‐los são necessárias medidas
que implicam uma mudança mais a nível interno e que consequentemente, não está
ao acesso de qualquer um, sendo então imprescindível uma intervenção
governamental.
Assim sendo, devemos olhar para este assunto de forma crítica e de modo a
que seja possível resolvê‐lo, visto que representa um ponto importante nas dinâmicas
das sociedades.
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7. Referências Bibliográficas
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Ciências Sociais Brasileiras (s. d.), “A dimensão social da cidadania”. Acedido a 29 de
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