curandeiros e curandeiras no recôncavo
TRANSCRIPT
-
8/17/2019 Curandeiros e Curandeiras No Recôncavo
1/17
CURANDEIROS/CURANDEIRAS E DOENTES NAS ENCRUZILHADAS DACURA. SANTO ANTÔNIO DE JESUS. RECÔNCAVO SUL – BAHIA (1940-
1980) [1
Denílson Lessa dos S ANTOS
UNEB/Campus V
Todo dia a gente aprende e nunca termina de aprender. O saber éuma coisa que vem do dom, e esse dom vem de Deus, dossantos, dos caboclos e orixás. O saber sem a prática fica sozinho
e a prática sem o saber, também fica sozinho.!"
Es#e #e$#o #em o ob%e#i&o de analisar aspec#os rela#i&os 's pr(#icas de
curas) o*iciadas pelos curandeiros e curandeiras no município de San#o An#+nio
de ,esus) si#uado na re-io Sul do ec+nca&o da Ba0ia) no período de 123451264. 7" A par#ir de rela#os orais e ou#ras *on#es documen#ais) pode ser
iden#i*icado 8ue em pleno s9culo :: di&ersas pr(#icas cura#i&as) cren;as e
saberes ainda dispu#a&am espa;os nas cidades) &ilas e po&oados do
ec+nca&o. Essas dispu#as coloca&am em $e8ue a 0e-emonia dos
procedimen#os na (rea de samicos na (rea de
sancias de #radi;es)
sobre#udo a8uelas resul#an#es do imbricamen#o cul#ural de &ariados saberes)
sobre#udo a8ueles oriundos das popula;es a*ro5brasileiras. or#an#o) nes#e
#e$#o discu#o) especi*icamen#e) a impor#ncia dos curandeiros nas &ariadasconcep;es e pr(#icas de cura) principalmen#e na8uelas em 8ue se e$i-iam
con0ecimen#o e sabedoria no empre-o de raí=es) plan#as e *ol0as medicinais
para se res#abelecer a sa
-
8/17/2019 Curandeiros e Curandeiras No Recôncavo
2/17
com as ca#e-orias #ericas) &imos 8ue mui#os es#udos rela#i&os ' 0is#ria social
deram um no&o sen#ido polí#ico e de re#omada de #emas a#9 en#o reclusos ou
mar-inais no campo da 0is#orio-ra*ia brasileira. is#oriadores da 0is#ria social
nos indicam elemen#os imprescindí&eis para se en#ender a 0is#ria das pr(#icas
cul#urais) possibili#ando Fre#irar do -ue#o ou da aldeia de camponeses) das ruasda classe #rabal0adora) dos bairros miser(&eis ou dos al#os edi*íciosG as
&i&>ncias e e$peri>ncias das camadas no 0e-em+nicas 8ue ainda
permanecem) se no ocul#as) encober#as por e&id>ncias ainda ine$ploradas.H"
Al9m dos m9dicos e dos curandeiros) o prprio doen#e poderia I a
depender do caso I #ecer suas es#ra#9-ias de cura) a e$emplo de um c0(
caseiro. Jui#os desses saberes poderiam se cru=ar e #er dei$ado o pmica)
8uan#o aos seus o*ician#es. Jui#os es#udiosos mesmo al-uns 8ue procuram
analisar as di*eren#es pr(#icas de cura no mbi#o da in#er5rela;o cul#uralM
ANAIS do III Encontro Estadual de História: Poder, Cultura e Diversidade – ST 10: Arquivos e ontes: a
!esquisa "istórica na #a"ia$ %
-
8/17/2019 Curandeiros e Curandeiras No Recôncavo
3/17
cos#umam classi*icar o con%un#o dessas pr(#icas cura#i&as como populares I a
medicina popular. Con*esso 8ue #en0o di*iculdade em de*inir o 8ue seria
medicina popular ou pr(#icas de cura populares. 6" O #ermo cura medicinaM
popular pode passar a *alsa id9ia de 8ue #odos os membros de uma sociedade
parecem apreci(5la. Es#a e$presso es#aria relacionada ' de*ini;o de popularli-ado ao consumo de FmassaG) como #amb9m pode si-ni*icar de 8ue al-o 9
irracional) a#rasado e pr95cien#í*ico) o 8ue pressupe 8ue de ou#ro lado es#e%a o
erudi#o) o cul#o e racional) mas) ainda) por8ue a e$presso popular 9
empre-ada no sen#ido *olclrico. 2"
Nes#e con#e$#o) ado#ei a e$presso) pr(#ica de cura al#erna#i&a) para
me re*erir ao campo -eral das di&ersas pr(#icas cura#i&as 8ue *o-em #an#o ao
ol0ar #9cnico e cien#í*ico da medicina acad>mica) 8uan#o ao ol0ar do aparel0o
%udicial e policial. Nes#e caso) no se #ra#a de aderir ao modismo do #ermo I
Fmedicina al#erna#i&aG) Fmedicina complemen#arG I corren#e na li#era#ura m9dica
con#empornea. A8ui as pr(#icas de cura al#erna#i&as so en#endidas como
pr(#icas #radicionais de sas
ncia em comum no campo das
curas #radicionais e) por#an#o) ado#ei o #ermo curandeiro e curandeira.14"
C!"#$%&'"/C!"#$%&'"#* C$+&,& %& S#%&/D&$#
No ec+nca&o da Ba0ia os curandeiros) ben=edeiras e rai=eiros para
curar os males das pessoas baseiam5se em um princípio de causalidade
m
-
8/17/2019 Curandeiros e Curandeiras No Recôncavo
4/17
causa. A mesma doen;a poder( ser o resul#ado de uma &ariedade de *a#oresK
e) uma mesma causa) por sua &e=) poder( pro&ocar as mais &ariadas
doen;as.11"
A doen;a no 9 resul#an#e apenas do es#ado biol-ico da pessoa) mas
a sua condi;o 9 cons#ruída como resul#an#e possí&el de uma &ariedade de
*a#ores pa#o->nicos abran-endo di*eren#es aspec#os) ní&eis e dimenses de
rela;es do indi&íduo em seu meio. As doen;as 8ue 0omens e mul0eres
ad8uirem es#o relacionadas ao mundo sobrena#ural e espiri#ual) ao mundo
na#ural e ao mundo social.1!" Doen;as como #osse) res*riado) #uberculose)
ce*al9ias) ar do &en#o) den#re ou#ras so pro&ocadas pela rela;o do 0omem
com seu mundo na#ural #empo) &en#o) poeira) *rio) umidade) calorM.17"
Ou#ras doen;as so resul#ados da in#er&en;o sobrena#ural ou
espiri#ual. En#idades espiri#uais #ais como -uias) caboclos) ori$(s) san#os)
espíri#os de mor#os podem) de al-uma *orma) pro&ocar al-um dese8uilíbrio na
pessoa a*e#ada. Nessa ca#e-oria insere5se o ol0o -ordo mau5ol0adoM e a
*ei#i;aria 8ue podem pro&ocar doen;as como dores no corpo) sonol>ncia)
cansa;o) dio) in&e%a) per#urba;es psí8uicas e ou#ras. 13"
Ou#ra ca#e-oria 8ue es#imula as causas possí&eis de doen;as 9 o
mundo social. Cer#as doen;as podem ser ori-inadas das rela;es do
compor#amen#o 0umano) de suas emo;es) sen#imen#os ou es#o associadas
's condi;es scio5econ+micas) como a pobre=a e a *ome 8ue en*ra8uecem o
corpoK a *al#a de saneamen#o b(sico e in-es#o de (-ua no #ra#ada pro&ocam
&ermes e diarr9ias. Da mesma *orma) o prprio compor#amen#o das pessoas
pode le&(5las a *icarem doen#es. O e$cesso de bebidas alcolicas pode
dani*icar o *í-adoK o uso cons#an#e do #abaco pro&oca doen;as pulmonaresK
peso e$cessi&o causa espin0ela caídaK1H" assim como o prprio 0(bi#o
alimen#ar pode pro&ocar dis#
-
8/17/2019 Curandeiros e Curandeiras No Recôncavo
5/17
e reli-iosa) mas a dimenso social do doen#e.1"
No pr$imo i#em es#arei discu#indo al-umas dimenses em #orno das
pr(#icas de cura em #orno da8uelas em 8ue se e$i-iam con0ecimen#o e
sabedoria no empre-o de raí=es) plan#as e *ol0as medicinais para se
res#abelecer a sau#icos.
Rarmac>u#icos) m9dicos) bo#nicos) 8uímicos es#o) cada &e= mais)
compro&ando a e*ic(cia de #ais medicamen#os na cura de doen;as. lan#as
como a aroeira myracrodruon urundeuvaM #>m se mos#rado e*ica=es no#ra#amen#o de *eridas) processo in*lama#rio do corpo e no processo de
cica#ri=a;o no ps5par#o) #radicionalmen#e empre-ados pelas par#eiras do
ec+nca&o ao #ra#ar uma mul0er rec9m parida16".
A arruda) ruta graveolensM *re8en#emen#e usada no #ra#amen#o de
mau5ol0ado) 8uebran#o e ban0os de descarre-o) cien#i*icamen#e #e&e
compro&ada sua e*ic(cia no #ra#amen#o de &ari=es) asma) pneumonia e
ce*al9ia12". Jui#as re=adeiras recomenda&am o uso de um -al0o de arruda
a#r(s da orel0a) pois acredi#a&a5se no poder da er&a em espan#ar ol0o -ordo)
in&e%a e maus *luídos. De&e5se considerar) #amb9m) 8ue o c0eiro e$alado da
arruda #in0a a capacidade de dila#ar os &asos san-íneos da cabe;a e)
conse8en#emen#e) ali&iar cer#as ce*al9ias so*ridas pelo doen#e.
No Brasil) par#icularmen#e) mui#os dos recursos #erap>u#icos ' base de
er&as) plan#as e raí=es *oram ao lon-o da 0is#ria empre-ados nas pr(#icascura#i&as e reli-iosas pelos pa%9s indí-enas) pelas re=adeiras e *ei#iceiras
pro&enien#es do Vel0o Jundo e) sobre#udo) pelos curandeiros e curandeiras de
popula;es ne-ras oriundas da *rica. l-ico 8ue esse saber 8ue persis#iu e
ainda persis#eM ao lon-o do s9culo :: nas cidades e &ilas do ec+nca&o
baiano no era e$a#amen#e o mesmo) mas a rai= desse &as#o con0ecimen#o
de&e5se aos a-en#es da cura 8ue *oram os deposi#(rios des#e saber man#ido e
reMa#uali=ado) ao lon-o do #empo) por uma *or#e #radi;o oral.
ANAIS do III Encontro Estadual de História: Poder, Cultura e Diversidade – ST 10: Arquivos e ontes: a
!esquisa "istórica na #a"ia$ (
-
8/17/2019 Curandeiros e Curandeiras No Recôncavo
6/17
ierre Ver-er) no seu es#udo sobre o cos#ume e o uso de plan#as na
sociedade orub() na *rica Ociden#al) re&elou 8ue o con0ecimen#o ad8uirido
pelos babala+s e curandeiros iorubanos era baseado num uni&erso cul#ural
e$clusi&amen#e oral. Esclareceu Ver-er) 8ue a F importncia dos valores de
transmiss!o oral é diferente da civiliza"!oG ociden#al cu%o saber decorre dedocumen#os escri#os.!4" O con0ecimen#o #erap>u#ico e m(-ico empre-ado nos
processos de cura pelos babala+s e curandeiros Worubanos eram #ransmi#idos
oralmen#e de uma -era;o a ou#ra. Es#a *orma de #ransmisso do
con0ecimen#o era considerada na #radi;o orub( como o F&eículo do a$9) o
poder) a *or;a das pala&ras) 8ue permanecer( sem e*ei#o em um #e$#o
escri#oG!1"
As obser&a;es de ierre Ver-er ser&em de re*le$o para se pensar
como as pr(#icas de cura *oram reMa#uali=adas no Brasil) especi*icamen#e no
ec+nca&o da Ba0ia) principalmen#e a8uelas nas 8uais o uso de plan#as
medicinais era imprescindí&el para o cuidado de cer#as ma=elas *ísicas e
espiri#uais. A#9 por8ue desde meado do s9culo :V) a Ba0ia recebera os
primeiros -rupos de a*ricanos pro&enien#es do #r(*ico #ransa#ln#ico) cu%o ciclo
se encerraria no s9culo :: com a c0e-ada dos a*ricanos Worubanos) #amb9m
con0ecidos como na-+. Jui#as das pr(#icas medicinais *oram ori-inalmen#e
rea#uali=adas pelos a*ro5brasileiros aliando5se e in#erpene#rando 's pr(#icas
indí-enas e dos coloni=adores. -ra;as ' #radi;o oral 8ue no s9culo ::
ainda 9 possí&el I apesar das #rans*orma;es econ+micas) urbanas e sociais I
iden#i*icar5se por #odo ec+nca&o baiano curandeiros) par#eiras e ben=edeiras
a#uando em al-um procedimen#o de cura) u#ili=ando5se de er&as) raí=es) den#re
ou#ros ri#uais.
Na #radi;o de mui#os curadores) apesar de e$is#ir um momen#o
especí*ico para se iniciar na ar#e de curar) no e$is#e uma da#a limi#e para se
encerrar a aprendi=a-em. ara o curandeiro) #odo e 8ual8uer con0ecimen#o 9
ines-o#(&el. A aprendi=a-em ocorreria) #amb9m) a par#ir de circuns#ncias da
&ida. Nesse caso) o curandeiro C0ap9u de Couro) por e$emplo) aprendeu a
con0ecer e dominar as propriedades cura#i&as de er&as) raí=es e plan#as
medicinais a par#ir de cer#os acon#ecimen#os do co#idiano ou de al-uma
ANAIS do III Encontro Estadual de História: Poder, Cultura e Diversidade – ST 10: Arquivos e ontes: a
!esquisa "istórica na #a"ia$ )
-
8/17/2019 Curandeiros e Curandeiras No Recôncavo
7/17
e$peri>ncia &i&ida. No momen#o de seu depoimen#o) den#re ou#ros e$emplos)
C0ap9u de Couro se ape-ou a um *a#o recen#e para e$plicar a impor#ncia de
seu saber e de sua pr(#ica. Ele 0a&ia di#o 8ue na8uela semana) Fl( em sua
casaG) os seus ne#os #eriam con#raído uns Fcaro;os e 8ue os caro;os co;a&am
pra dan(G) ele en#o u#ili=ou eucalip#o Fmis#uradoG com (lcool para curar aFcoceiraG dos meninos.!!" De#al0ou o rai=eiro 8ue #eria passado a8uele
rem9dio #r>s &e=es no corpo dos meninos) ob#endo a cura dese%ada.
ara Jaria da Concei;o dos San#os Tia JariaM) nascida em ! de
abril de 12H4) o #rabal0o de uma ben=edeira) de uma Forien#adora espiri#ualG
en&ol&e #oda uma prepara;o) desde a ida ao ma#o col0er cer#as *ol0as e
raí=es a#9 o ri#ual das re=as e ora;es para curar o doen#e. ara ela) no bas#a
con0ecer as *ol0as) as raí=es) en*im) o rem9dio para 8ue o mal se%a cor#ado)mas aliados a esses *a#ores) 9 preciso mui#a *9) pois sem *9 a cura no 9
reali=adaK os pedidos) as promessas) os c0(s) os ban0os) mesmo 8ue se%am
cumpridos) no #ero e*ei#o) pois nada poder( &encer o mal) a coisa ruim) as
*or;as ne-a#i&as se os en&ol&idos) nes#e caso a curandeira e o doen#e) no
#i&erem cren;a na8uilo 8ue *oram solici#ados e/ou orien#ados a cumprir.!7"
Tia Jaria esclarece 8ue #oda pessoa 8ue a%uda o ou#ro a se curar de
al-um mal de&e con0ecer e saber o 8ue es#( *a=endo) pois se a pessoa no
dominar as pr(#icas) no con0ecer a impor#ncia dos *undamen#os da cura) no
possuir o dom para a%udar os doen#es a curar seus males poder() ao in&9s de
resol&er os problemas do doen#e) complicar ainda mais a si#ua;o.
Considerando essas nuances) Tia Jaria e&idenciou em sua narra#i&a 8ue as
plan#as medicinais so impor#an#es nos processos de cura de cer#os males)
pois
Todas as folhas s!o santas, todas as folhas s!o santas, basta que as pessoas conhe"a e entenda e valorize. #ue muitas vezes voc$ tá di%unto&pr'ximo( de um remédio para dor de dente e n!o sabe. )uitas vezes voc$ tácom uma dor no est*mago, tá com o remédio +anto, voc$ passa, pisa e n!osabe. )uitas vezes voc$ tá com uma infec"!o intestinal, ent!o voc$ tá di%untodo remédio e é a folha que é santa e voc$ n!o sabe. nt!o, -s vez, limpa,arranca e %oga fora. Tá entendendo &...( , além disso, temos também é umremédio +anto que é o maioral né Dado por Deus. +' n's mesmo sabecomo fazer, como preparar que ele quem faz as limpeza das pessoas que tiraa coisa negativa. /ada um é um tipo de remédio..., no caso também há folhasque serve de remédio, pra banho, pra tudo, tem milh0es e milh0es de folhas
ANAIS do III Encontro Estadual de História: Poder, Cultura e Diversidade – ST 10: Arquivos e ontes: a
!esquisa "istórica na #a"ia$ *
-
8/17/2019 Curandeiros e Curandeiras No Recôncavo
8/17
que serve pra tudo, tudo na vida tem %eito basta que a pessoa conhe"a eentenda. !3"
Tia Jaria) apesar de saber 8ue o &alor empírico de mui#as plan#as
medicinais era de domínio p5las. Se-undo ela) *oram mui#os anos de
aprendi=a-em e pr(#ica para compreender e discernir 8ue #ipo de e*ic(cia
cer#as *ol0as produ=iriam. Ad&er#iu Tia Jaria 8ue o lei-o pode se encon#rar
pr$imo do rem9dio para dor de den#e) de es#+ma-o) uma in*ec;o in#es#inal e
no saber 8ue a8uelas *ol0as medicinais so ben9*icas no #ra#amen#o des#es e
de ou#ros males.
Acrescen#ou #ia Jaria) 8ue no 9 #odo #ipo de doen;a 8ue ela Fd( %ei#oG.
Al-umas so prprias para os m9dicos) a e$emplo das doen;as 8ue
e*e#i&amen#e precisam de in#er&en;es cirnciaG para saberem curar)
Fsaber clinicar uma pessoa) saber operar um doen#eG) pois e$is#em doen;as
8ue s o m9dico pode Fme#er a moG. En#re#an#o) ela de*ende 8ue mesmo nos
casos de doen;as em 8ue s o m9dico pode Fme$erG) a pessoa 8uerendo pode
ser au$iliada no #ra#amen#o com a a%uda da *or;a espiri#ual 8ue Deus l0e #eria
concedido.
As pr(#icas de cura com o uso de plan#as) *ol0as) raí=es e FcascasG de
(r&ores #ornaram5se corren#es no ec+nca&o) onde era comum *a=er uso de
recei#as caseiras para curar al-um #ipo de en*ermidade. Jui#as dessas
Frecei#asG eram apropriadas e sociali=adas en#re as popula;es) principalmen#e
en#re as mais caren#es cu%o acesso aos ser&i;os de sa
-
8/17/2019 Curandeiros e Curandeiras No Recôncavo
9/17
nascida em 1273) ben=edeira 0( mais de cin8en#a anos) in*ormou 8ue desde
%o&em aprendera a re=ar) a ben=er e con0ecer as *ol0as Fboas do ma#oG) 8ue
ser&iam para rem9dio. Con#ou Ben=in0a 8ue 8uando %o&em no sabia Fde
mui#a coisa no desse ne-cio de re=a e de *ol0asG) pois mui#as FcoisasG 8ue
aprendeu *oram ad8uiridas a par#ir de suas e$peri>ncias &i&enciadas no dia5a5dia. Ela a*irmou?
esse neg'cio de reza, benzer... eu s' fui aprendendo na vida... que eu n!osabia. #uando eu via que uma pessoa gostava de mim... esta pessoa meconversava e eu botava tudo na cachola e ali eu aprendi. Da1 por diante, emfiquei, eu fui ficando mais sabida. Oxente2 u fui aprendendo direitinho &...( 3banana de +anto mé, é boa pra barriga, pra barriga. +e uma pessoa tiveruma disenteria ou qualquer coisa assim. 4ra fazer quarquer remédio assim, pra um banho... a rosa branca, é bacana, na limpeza do corpo da pessoa,tem mais folhas a1... é porque agora a gente esquece. &...( 3quela losna pra
fazer um chá pra a pessoa tomar... é muito bom, é 'timo. +e a pessoativer...quiser um banho, se tiver precisando tomar um banho é s' sair assimno quintal, chegar - casa de um amigo e procurar uma folha fulana de tá,quer dizer que pega umas folhas e prepara aquele banho.!H"
den#i*ica5se no depoimen#o da ben=edeira Ben=in0a 8ue sua
aprendi=a-em nas pr(#icas de cura deu5se em &ir#ude da *or#e #radi;o oral
e$is#en#e na cidade de San#o An#+nio de ,esus e ec+nca&o. Ela #amb9m #eria
aprendido cer#as pr(#icas de cura a par#ir de con&ersas man#idas com ou#ras
e$perien#es ben=edeiras. A re=adeira ,ardilina) por e$emplo) moradora doJu#um) na cidade de San#o An#+nio de ,esus) ensinara a Ben=in0a inu#icas das plan#as
medicinais) as por;es m(-icas eram -uardadas na memria de mui#os
especialis#as nas pr(#icas de cura al#erna#i&as) para pos#eriormen#e serem
ANAIS do III Encontro Estadual de História: Poder, Cultura e Diversidade – ST 10: Arquivos e ontes: a
!esquisa "istórica na #a"ia$
-
8/17/2019 Curandeiros e Curandeiras No Recôncavo
10/17
reMsi-ni*icadas. Ben=in0a esclareceu 8ue no seu #empo mui#as pessoas no
aprenderam a re=ar) a ben=er por8ue no #i&eram paci>ncia para obser&ar)
nem mui#o menos para saber ou&ir uma re=adeira ensinar suas pr(#icas.
A #radi;o oral) respons(&el por essa reMa#uali=a;o do saber) no se
deu apenas de boca a ou&ido) saber *alar e saber escu#ar. Ou#ros aspec#os
sensoriais *a=iam par#e da #rama) da aprendi=a-em) en*im da oralidade. As
mos) o ol0ar) os -es#os poderiam ser u#ili=ados para sen#ir e di*erenciar uma
plan#a de uma ou#ra semel0an#e. O ol*a#o era empre-ado) por e$emplo) em
casos de saber di*erenciar um cer#o #ipo de plan#a medicinal de uma mesma
esp9cie. A re=adeira Ben=in0a di= con0ecer pelo c0eiro al-umas *ol0as de
laran%a. ara ela) a laran%a da #erra) laran%a dX(-ua) laran%a cra&o) laran%a lima)
den#re ou#ras #>m aromas dis#in#os. Como era *re8en#e a u#ili=a;o das *ol0asda laran%a para c0(s con#ra -ripes) res*riados e ou#ras doen;as respira#rias)
para es#es males) por e$emplo) ela recomenda&a 8ue se u#ili=asse as *ol0as da
laran%a dX(-ua.
A ben=edeira Jaria Berenice #an#o sabia de er&as) *ol0as e raí=es
medicinais para curar cer#as ma=elas) como #amb9m con0ecia *ru#as 8ue
poderiam au$iliar em al-um #ra#amen#o. Ela lembrou 8ue al-umas *ru#as
poderiam ser empre-adas em cer#os #ipos de doen;as. ara diarr9ia
cos#uma&a5se empre-ar #an#o a banana de Fsan#o m9G) 8uan#o o ara;( -oiaba
brancaM) pois es#as *ru#as de&eriam ser de-us#adas para 8ue o in#es#ino *osse
F#rancadoG e) conse8en#emen#e) parar com a Fdor de barri-aG.
Com rela;o ao poder das *ru#as) um ou#ro aspec#o *oi lembrado por
a8uela ben=edeira? 0( *ru#as 8ue a pessoa no de&e comer em demasia) pois
poder( *a=er mal) assim como a8uelas 8ue es#i&erem ensolaradas. A man-a e
a %aca eram *ru#as 8ue *re8en#emen#e pro&oca&am diarr9ias. Aconsel0a&a5se
8ue a pessoa no caso da man-a) -uardasse o caro;o e no caso da %aca a
casca ou o Fban-u;oG para 8ue o doen#e acome#ido de Fdisen#eriaG *i=esse um
c0( no in#ui#o de es#ancar as dores e os inc+modos.!"
Ou#ra dimenso re&elada no depoimen#o de D. Ben=in0a era a pr(#ica
de ban0os para limpe=a de corpo e descarre-o) cu%o empre-o de er&as e
plan#as medicinais era indispens(&el na prepara;o dos ban0os. Cada
ANAIS do III Encontro Estadual de História: Poder, Cultura e Diversidade – ST 10: Arquivos e ontes: a
!esquisa "istórica na #a"ia$ 10
-
8/17/2019 Curandeiros e Curandeiras No Recôncavo
11/17
curandeiro #in0a seu modo de preparar os ban0os. O orien#ador espiri#ual)
A-naldo dos San#os) *il0o da re=adeira D. Ben=in0a) in*ormou 8ue seu caboclo
Boiadeiro prescre&e) com *re8>ncia) ban0os aos seus clien#es. ( ban0os
para corpo cansado) ban0os para Fmo*inaG) 0( ban0os para abrir camin0os)
ban0os para *ec0ar o corpo de in*lu>ncias ne-a#i&as) den#re ou#ros!".
Se-undo sua me) a ben=edeira Jaria Berenice D. Ben=in0aM) os
ban0os so al#amen#e sa-rados) pois no seu preparo se e$i-e mui#a *or;a
dom) a$9M e concen#ra;o de 8uem os prepara especialis#as I os
curandeirosM. Embora os especialis#as de cura se%am as pessoas mais
recomendadas para preparar os ban0os) Ben=in0a admi#iu 8ue mui#os podem
ser preparados pela prpria pessoa 8ue &ai u#ili=(5los) desde 8uando es#a
saiba *a=>5los) se-uindo as recomenda;es de 8uem l0es indicou.
Jaria Berenice rememorou 8ue os ban0os so F*iníssimosG) e$i-indo5
se para al-uns casos 0or(rios e FmodosXG para #om(5los. E$is#em ban0os 8ue a
pessoa de&e #omar um pouco an#es do por do sol. Ou#ros de&em ser #omados
ao passar da noi#e) desde 8ue se%a an#es da meia5noi#e) assim como e$is#em
a8ueles ban0os para os 8uais no 0( impedimen#o de 0or(rio.
Da mesma *orma 8ue o cuidado com o 0or(rio) a maneira como se
u#ili=a&a os ban0os era mui#o impor#an#e para e*ic(cia do #ra#amen#o. ara o
caso de Fban0o de descarre-oG) mui#os FcuradoresG recomenda&am 8ue os
mesmos *ossem #omados Fda cabe;a aos p9sG) sem in#er*er>ncia de nen0um
ob%e#o) sabone#e) pen#e) a#9 mesmo de&ia se e&i#ar passar a mo na cabe;a e
no corpo duran#e o a#o.!6" En8uan#o isso) e$is#em ban0os 8ue de&em ser
usado apenas no corpo) e&i#ando5se mol0ar a cabe;a) assim como #>m
a8ueles 8ue so especialmen#e *ei#os apenas para serem usados em par#es
especí*icas do corpo 0umano. A depender do ban0o) al-umas pala&ras
consideradas Fencan#adasG podiam ser recomendadas pelo o*ician#e para 8ue o
usu(rio as repe#isse duran#e o ban0o.
Com rela;o 's *ol0as 8ue eram u#ili=adas nos ban0os) D. Ben=in0a
narrou 8ue cos#uma&a col0>5las no ma#o. Na 9poca 8ue #rabal0a&a na ro;a)
di=ia no #er #rabal0o para encon#rar as plan#as) as er&as mila-rosas e raí=es
8ue poderiam ser empre-adas para #udo 8uan#o era mal. Quando mi-rou para
ANAIS do III Encontro Estadual de História: Poder, Cultura e Diversidade – ST 10: Arquivos e ontes: a
!esquisa "istórica na #a"ia$ 11
-
8/17/2019 Curandeiros e Curandeiras No Recôncavo
12/17
a cidade de San#o An#+nio de ,esus) Ben=in0a in*ormou 8ue no dei$ara de
usar as plan#as e er&as medicinais. Con#udo) como na cidade no #in0a o
F-rande ma#oG I a Fma#a *ec0adaG) ela resol&era plan#ar no 8uin#al de sua
prpria casa boa par#e de er&as e plan#as 8ue eram usadas em socorros
imedia#os de al-umas en*ermidades) #ais como? uma diarr9ia) uma ce*al9ia)-ripe e para os ban0os 8ue ela mesma usa&a e prescre&ia para ou#ras
pessoas. Quando as *ol0as eram de di*ícil acesso) mui#as curandeiras
recorriam aos rai=eiros e er&an(rios da *eira p5las) caso con#r(rio poderiam no *a=er o e*ei#o
esperado.!2" Como o Fma#oG es#a&a sendo des#ruído) de&as#ado) como bem
assinalou a re=adeira Jaria ,o&ina que 5de uns tempos pra cá os fazendeiros
passaram a derrubar as matas e fazer manga6 [30] & *a=er pas#o) plan#ar capim
para o -adoM) en#o nes#e caso as pessoas 8ue precisassem de raí=es) deer&as e ou#ros &e-e#ais) 8uase sempre recorriam aos rai=eiros da FruaG do
mercado municipalM pois es#es encomendam as plan#as medicinais de Flon-eG e
le&a&am ' *eira li&re para serem &endidas.71"
A-naldo dos San#os #amb9m re-is#rou a dimenso da col0ei#a das
*ol0as sa-radas 8ue seu -uia I o caboclo Boiadeiro I recomenda&a a seus
clien#es. Narrou 8ue boa par#e das *ol0as usada nos ri#uais eram col0idas no
8uin#al de sua casa) en#re#an#o) ou#ros Fma#eriaisG #amb9m eramencomendados na *eira li&re com os rai=eiros. Se-undo ele) nes#e ramo de
&ender *ol0as #in0am mui#os Fclandes#inosG pessoa no con0ecedora dos
*undamen#os das er&asM 8ue comerciali=a&am os produ#os sem saber para 8ue
ser&ia. En#re#an#o) recon0ece 8ue mui#os eram Fen#endidosG no #ra#o das er&as)
raí=es e ou#ros elemen#os 8ue poderiam ser usados em al-um ri#ual cura#i&o ou
reli-ioso.
ANAIS do III Encontro Estadual de História: Poder, Cultura e Diversidade – ST 10: Arquivos e ontes: a
!esquisa "istórica na #a"ia$ 1%
-
8/17/2019 Curandeiros e Curandeiras No Recôncavo
13/17
3 maioria desses materiais que o benzedeiro, o curandeiro usa e que eutrabalho, é como a gente %á tivesse. #uer dizer, a gente tem o quintal aqui e amaioria das coisas %á tem aqui e eu tenho um quintal mais ou menos assim ese for para preparar um banho, alguma coisa eu %á tenho. 3gora, temalgumas coisas que a gente n!o tem aqui, vai precisar comprar na rua, porque realmente nem tudo temos no quintal. 3gora a maioria das folhas queeu passo tem no quintal. Dá pra arrumar no quintal . 7!"
Os curandeiros e curandeiras) a e$emplo de A-naldo) de*endem 8ue
para se #rabal0ar com er&as e con0ecer suas &ir#udes medicinais 9 preciso 8ue
a pessoa se%a con0ecedora do &alor #erap>u#ico das plan#as. Caso con#r(rio)
poderia ocorrer o risco de en&enenamen#o ou) no caso de uma mul0er -r(&ida)
pro&ocar um abor#o caso in-erisse um c0( de er&as com -rande propriedade
#$ica) a e$emplo da buc0in0a paulis#a.
Desde 8ue Le&i5S#rauss escre&eu o F*ei#iceiro e sua ma-iaG) al-uns
es#udiosos) se-uindo a car#il0a da8uele an#roplo-o) acredi#am 8ue a cura
produ=ida pelos $ams curandeirosM 9 de na#ure=a apenas simblica.77" A
e*ic(cia da cura se pau#a na cren;a de um poder mís#ico) por#an#o m(-ico) do
8ual par#icipam o curandeiro) o doen#e e o cole#i&o social) produ=indo5se dessa
*orma a #o esperada Fe*ic(cia simblicaG do processo cura#i&o) cu%o condu#or 9
o curandeiro. Como diria o prprio L9&i5S#rauss) o curandeiro Fno se #orna
-rande por8ue cura seu doen#eG) por9m es#e Fcura seus doen#es por8ue #in0a
#ornado um -randeG curandeiro e es#a le-i#ima;o do poder simblico
perpassaria pelo consenso social) en*im pela cren;a cole#i&a sobre o poder de
cura produ=ido pelo curandeiro.73" Ad&er#e) ainda) 8ue na cura m(-ica) o
*ei#iceiro *ala pelo doen#e) e es#e apenas se cala dian#e das e$plica;es
mís#icas produ=idos pelo a-en#e de cura.7H" A par#ir desse 8uadro) mui#os
ca#e-ori=am 8ue o pacien#e doen#eM no processo de cura 9 uma *i-ura passi&a
8ue escu#a e acei#a as e$plica;es do curandeiro 8ue 9 o su%ei#o a#i&o.7"
No 0( d
-
8/17/2019 Curandeiros e Curandeiras No Recôncavo
14/17
curador. Es#e possui #an#o con0ecimen#o simblico) m(-ico) 8uan#os
con0ecimen#os #9cnicos e empíricos) -eralmen#e) acumulados ao lon-o de sua
e$peri>nciaK se-undo) o doen#e no 9 apenas um su%ei#o passi&o) con*orme as
e$plica;es dos curandeiros e curandeiras.
Quan#o ao poder das *ol0as medicinais e o saber dos curandeiros) s
*oram possí&eis man#er5se &i&os para 0o%e ser recon0ecido pela ci>nciaM
-ra;as ' ar#e das ben=edeiras) re=adeiras) rai=eiros) candomble=eiros)
par#eiras I os curandeiros) 8ue duran#e s9culos repassaram seus
con0ecimen#os de -era;o a -era;o.
Sobre a dimenso do saber #radicional das pr(#icas de cura) sobre#udo
a8uelas nas 8uais eram empre-adas er&as e *ol0as medicinais) a ben=edeira
Jaria=in0a narrou?
tem gente, s' porque estudou muito, s' porque é doutor ou aquilo outro, masn!o tem prática naquelas plantas que serve de remédio. )etade dosremédios, todo eles veio da nossa medicina. 7 do mato, é do mato. &risos( 7meu filho, tudo... tem muitas plantas a1 que tudo é remédio. 8asta a pessoaconhecer .76"
Roi de&ido a essa #radi;o 8ue mui#os curandeiros e curandeiras
con#inuaram a reMa#uali=ar e reM#erri#oriali=ar seus saberes) no s no espa;o
*ísico) mas cul#uralmen#e na cidade de San#o An#+nio de ,esus e ec+nca&obaiano.
NOTAS
1" Es#e #e$#o) na sua &erso ori-inal compe apenas um dos aspec#osdiscu#ido na min0a disser#a;o de mes#rado) in#i#ulada NAS ENCUYLADASDA CUA? cren;as) saberes e di*eren#es pr(#icas cura#i&as I San#o An#+nio de,esus I ec+nca&o Sul I Ba0ia 123451264M) de*endida no ro-rama de sPradua;o em is#ria Social) da Uni&ersidade Rederal da Ba0ia I URBA) em!44H. ro*essor de is#ria da *rica) do curso de is#ria da Uni&ersidade do
Es#ado da Ba0ia I UNEB/Campus V!" Depoimen#o de An#+nio C0ap9u de Couro) concedido em ! de %un0o de!441.
7" Denomina5se ec+nca&o a re-io 8ue circunda a Ba0ia de Todos osSan#os.
3"Sobre dimenses da Jemria e Tradi;o Oral. Ver? BZ) Amadou amp#9.FA Tradi;o Vi&aG. n? [ YEBO) ,osep0 Coord.M is#ria Peral da *rica. Vol.Je#odolo-ia e pr950is#ria da *rica. So aulo? #ica/Unesco) 126!K is#riaOral) &er? RENELON) D9a ibeiro. O 4apel da 9ist'ria Oral na 9istoriografia)oderna. n? JE) ,os9 Carlos Sebe Bom. Or-.M Anais do Encon#ro
ANAIS do III Encontro Estadual de História: Poder, Cultura e Diversidade – ST 10: Arquivos e ontes: a
!esquisa "istórica na #a"ia$ 1'
-
8/17/2019 Curandeiros e Curandeiras No Recôncavo
15/17
e-ional de is#ria Oral Sudes#e/Sul. So aulo? 122H. SANTANA) C0arlesDXAlmeida. Rar#ura e Ven#ura Camponesa. So aulo? Annablume) 1226.REEA) Jarie#a de Joraes e e# ali. Or-.M is#ria oral I desa*ios para os9culo ::. io de ,aneiro? Riocru=/ CDOC. Runda;o Pe#ncia umanas da URBA) 12 disser#a;o de mes#radoMK SANTOS) ,uanaElbein dos. Os N'-+ e a mor#e? 'de) \s]s] e o cul#o -un na Ba0ia.
e#rpolis) Vo=es) 126K BAPA) ,ncia nos candombl9s da Ba0ia. Sal&ador? EDURBA) 122HK BASTDE)o-er. O Candombl9 da Ba0ia? ri#o na-+. So aulo? Compan0ia das Le#ras)!441K SANTOS) ,oc9lio Teles dos. O dono da Terra? o caboclo noscandombl9s da Ba0ia. Sal&ador? Sara0Le#ras) 122HK LJA) R(bio Ba#is#a.Candombl9 Tradi;o e Jodernidade? um es#udo de caso. Sal&ador? sPradua;o em Ci>ncias Sociais) URBA) !44!) den#re ou#ros.
"i#ualmen#e o sa-rado no se mani*es#a apenas na encru=il0ada) o sa-radopode se mani*es#ar no ma#o) nas (-uas do mar ou de um rio) en*im no mbi#oda cosmolo-ia das pr(#icas reli-iosas a*ro5brasileiras os ob%e#os na#urais
poderiam I a depender de sua *inalidade I cons#i#uir em espa;o onde osa-rado pode ser mani*es#ado.
6" Sobre o assun#o) &er en#re ou#ros? SAJAO) Pabriela dos eis. NasTrinc0eiras da Cura. As di*eren#es medicinas no io de ,aneiro mperial.Campinas) S? Edi#ora da Unicamp) Cecul#) *c0) !441K ^EBE) Bea#ri=Tei$eira. As Ar#es de Curar. Jedicina) eli-io) Ja-ia e osi#i&ismo naepncia em comum. Ver TOJSON. E. .Cos#umes em Comum. Op. Ci#. Escol0i o #ermo curandeiro por considerar maisabran-en#e do 8ue #odos os ou#ros #ermos. De&o ressal#ar 8ue mui#os a-en#esde cura no acei#a&am ser &is#os sob a denomina;o de curandeiro) is#o sede&e ao #eor deprecia#i&o a#ribuído ao #ermo) ins#i#uído ao lon-o do #empo #an#o
ANAIS do III Encontro Estadual de História: Poder, Cultura e Diversidade – ST 10: Arquivos e ontes: a
!esquisa "istórica na #a"ia$ 1(
-
8/17/2019 Curandeiros e Curandeiras No Recôncavo
16/17
pelos #e$#os %urídicos) 8uan#o pela ideolo-ia cris# se%a ela ca#lica oue&an-9lica. Ver) por e$emplo) o Cdi-o enal de 1234. Ar#s. !6!5!63.SCTYJEE) Ana Lncia. Um -uia de es#udo in#erdisciplinar.So aulo? Unesp) 122 p.H1.
17"NPO[^E. Op. Ci#. p. 131
13" A *al#a de Fobri-a;oG de um cren#e em rela;o ao seu san#o) -uia e ori$()pode #ra=er dis#
-
8/17/2019 Curandeiros e Curandeiras No Recôncavo
17/17
!" A-naldo dos San#os) depoimen#o concedido em !1 de *e&ereiro de !441. O#ermo Fmo*inaG ou Fmu*inaG) si-ni*ica a pessoa 8ue passa de*in0ar *isicamen#eou ma#erialmen#e. A-naldo in*ormou 8ue mui#as pessoas de repen#e come;ama perder seus bens ma#eriais como? casas) animais) empre-o ou come;am ade*in0ar) a *icar mui#o ma-ro) cansado para o #rabal0o) por#an#o) es#essin#omas podem indicar 8ue o su%ei#o es#e%a com Fmo*inaG. Se-undo ele) uma
das causas da mo*ina 9 a in&e%a de um 0omem mul0erM em rela;o ao ou#roou#raM.
!6" C*. Depoimen#o de Jaria Berenice da Sil&a) concedido em 46 de mar;o de!441.
!2" Jaria Am(lia dos eis) depoimen#o concedido em 1 de no&embro de!447.
74" Jaria ,o&ina de ,esus) depoimen#o concedido em 1! de *e&ereiro de !443.
71" Sobre a dimenso do com9rcio de *ol0as nas *eiras li&res. Ver? ACECO)Leonardo Jar8ues. 5=O 4>?=/@4?O O )>/3DO6: comércio de plantas para
fins medicinais e religiosos na Aeira de +!o Boaquim, +alvadorC8a. n? SEA)Ordep... e#.alM. O Jundo das Rol0as. Reira de San#ana? UERSK Sal&ador?URBA) !44!K NASCJENTO) Vilma Jaria do. FA Ba0ia 9 Trabal0o de Jui#a Ar#eG. n? Trabalho árduo e liberdade: O cotidiano dos vendedores ambulantesem +alvador &EFGHEEI M. So aulo? UC) 1222. Disser#a;o de Jes#radoM.
7!" A-naldo Sil&a dos San#os) depoimen#o concedido em !1 de *e&ereiro de!441
77" Den#re os es#udiosos 8ue compar#il0am com os pos#ulados de L9&i5S#rauss) Ver? JONTEO) aula. Da doen;a ' desordem? a cura m(-ica naumbanda. io de ,aneiro? Praal) 126HK QUNTANA) Alber#o Januel. 3 ci$ncia
da 8enzedura. mau olhado, simpatias e uma pitada de psicanálise. Bauru?EDUSC) 1222.
73" LV5STAUSS) Claude. FO *ei#iceiro e sua Ja-iaG. n? An#ropolo-iaEs#ru#ural. Op. Ci#. p.126
7H" bidem. p. !44
7" JONTEO) aula. Ja-ia e ensamen#o J(-ico. !_ ed. So aulo? #ica)1224 p.
7" LEV5STAUSS) Claude. FO *ei#iceiro...G Op. Ci#. p.163/16H
76" Jaria ereira Ara