curso de extensão em educação especial na perspectiva da educação inclusiva: estratégias...
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Curso de Extensão em EducaçãoEspecial na perspectiva da
Educação Inclusiva: estratégiaspedagógicas para favorecer a
inclusão escolar Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Decanato de Extensão
setembro 2010
O Plano de DesenvolvimentoPsicoeducacional Individualizado
(PDPI): uma estratégia para favorecer o
atendimento educacionalespecializado em salas de recursos
multifuncional
Professoras Márcia Marin [email protected]ícia [email protected]
“Se, a princípio, a ideia não é absurda,
então não há esperança para
ela.”Albert Einstein
“Se, a princípio, a ideia não é absurda,
então não há esperança para
ela.”Albert Einstein
O que é normal???
Nosso ponto de partida
INCLUSÃO ESCOLAR
O PAPEL DA ESCOLA É
ENSINARComo?
Quando?
A quem?
COMO ENSINAR A TODOS?
DIFERENCIAÇÃO NO ENSINO (ANDRÉ, 1999, p.22)
Diferenciar é dispor-se a encontrar estratégias para
trabalhar com os alunos mais difíceis. Se o arranjo
habitual do espaço de sala não funciona com esses
alunos, se os livros e materiais didáticos não são
adequados para eles, se, enfim, as atividades
planejadas não os motivam, é preciso modificá-las,
inventar novas formas, experimentar, assumir o risco
de errar e dispor-se a corrigir.
Diferenciar é:
- aceitar o desafio de que não existem
respostas prontas, nem soluções únicas;
- aceitar as incertezas, a flexibilidade, a
abertura das pedagogias ativas que em grande
parte são construídas na ação cotidiana, em
um processo que envolve negociação, revisão
constante e iniciativa de seus atores.
- não se trata de favorecer uns em detrimento
de outros,
- os próprios estudantes podem ter a
oportunidade de compreender que a
diversidade humana é algo inerente, que todos
têm limites e possibilidades, que dá para
aprender com o outro e que existem caminhos e
linguagens variadas para a aprendizagem e
para o ensino.
O QUE SUSTENTA ESTA IDEIA?PESRPECTIVAS TEÓRICAS
PRECISAM SUSTENTAR A NOSSA PRÁTICA
RELAÇÃO DESENVOLVIMENTO/APRENDIZAG
EM O que o sujeito faz
com autonomia
O que o sujeito pode fazer com
ajuda
desenvolvimento potencial
desenvolvimento real
Zona de Desenvolvimento
Proximal(ZDP)
ou Zona do Próximo Desenvolvimento
Compreender os processos de cada momento
para implementar ações que favoreçam o avanço,
em diferentes tempos da vida do sujeito
- para isso, devemos avaliar sua atividade independente e sua atividade colaborativa, ou seja o que faz sozinho e o que faz com ajuda;
- introduzindo tarefas novas, perguntas, desequilíbrios e elementos estratégicos que favoreçam a solução de desafios;
- a colaboração do mediador mais experiente leva o indivíduo a avançar no seu desenvolvimento por meio da aprendizagem;
- essa mediação opera na ZDP.
COMO RECONHECER O DESENVOLVIMENTO POTENCIAL? COMO
SABER O NÍVEL DE POTENCIAL DE APRENDIZAGEM (PA) DE UM SUJEITO?
A sala de recursos multifuncional: a proposta oficial
e suas implicações Resolução nº 4, de 2 de outubro de 2009
- atendimento realizado em salas de recursos multifuncionais,
locadas na escola regular ou ainda, em centro de
Atendimento Educacional Especializado da rede pública ou
de instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas
sem fins lucrativos, conveniadas com a Secretaria de
Educação ou órgão equivalente dos Estados, Distrito Federal
ou dos Municípios.
-o atendimento deve ser oferecido no contraturno do aluno
matriculado em escola regular,
- tem “função complementar ou suplementar à formação do
aluno por meio da disponibilização de serviços, recursos de
acessibilidade e estratégias que eliminem as barreiras para
sua plena participação na sociedade e desenvolvimento de
sua aprendizagem.”
(BRASIL, 2009)
Atendimento Educacional Especializado está
descrito desde a Constituição Federal de 1988,
em seu artigo 208, inciso III e traz na sua
redação que o mesmo deve acontecer
“preferencialmente na rede regular de ensino.”
??preferencialmente??
Atendimento Educacional Especializado
tem um percurso de mais de duas
décadas e exige uma rede de ações
entre profissionais e os sistemas de
ensino especial e regular, os quais ainda
estão se adaptando às demandas da
proposta de educação inclusiva.
Com a rediscussão do espaço do Atendimento
Educacional Especializado...
-cursos de formação continuada de professores têm sido
realizados na modalidade semipresencial, sendo a maior parte a
distância;
- financiados pelo MEC
- iniciaram em 2007 como curso de aperfeiçoamento e, logo
depois, como especialização lato sensu.
- na última edição, ainda em vigor, no ano de 2009 foram
selecionadas 11 Instituições públicas de Educação
Superior, conforme o Edital nº 01 de 02 de março de 2009,
as quais ofertaram 5.000 vagas em cursos de
especialização na área do atendimento educacional
especializado - AEE e 8.000 vagas em cursos de
extensão/aperfeiçoamento contemplando professores que
atuam no AEE e na sala de aula comum.
(BRASIL, 2009)
O trabalho e o ensino colaborativo: estratégia de ação coletiva entre professor da sala
de recursos e da sala de aula comum
- finalidade: a colaboração entre professores e profissionais
no desenvolvimento das atividades desenvolvidas no
cotidiano escolar, mais especificamente da sala de aula;
- todos os envolvidos no processo educacional compartilham
as decisões tomadas e são responsáveis pela qualidade das
propostas efetivadas.
- não há uma sobreposição ou uma hierarquia entre os
profissionais envolvidos e sim relações que intentam
“atingir objetivos comuns negociados pelo coletivo” e a
“liderança compartilhada, confiança mútua e co-
responsabilidade pela condução das ações”
(DAMIANI, 2008, p. 214- 215)
Plano de Desenvolvimento Psicoeducacional Individualizado (PDPI): uma estratégia para favorecer o
atendimento educacional especializado
O que é?Como fazer?
Para quê?Necessidades educacionais especiais pedem
respostas educativas adequadas.
O PDPI é uma alternativa de trabalho que individualiza e personaliza processos de ensino para um determinado sujeito, é elaborado em conjunto.
I) Avaliar/conhecer
Inicialmente é preciso ter clareza das reais demandas do sujeito.
Conhecer sua história, considerando aspectos sociais, experiência escolar, interesses, conhecimentos, necessidades.
Interagir com profissionais que acompanham.
Entrevistar a família, apresentando uma pergunta básica: o que espera da instituição em relação ao processo educativo do filho? O que espera que o filho aprenda?
• II) Estabelecer metas para aquele sujeito (de longos e de curtos prazos).
• III) Elaborar um cronograma com data de início e término do PDPI.
• IV) Organizar os procedimentos para avaliação do Plano: observação dos professores e da família, “testagens”, experiências, registros.
• O PDPI, em sua elaboração, vai definir:
• capacidades, interesses
• necessidades e prioridade
• metas
• recursos
• profissionais envolvidos na aplicação do plano
Quem é o aluno?
O que ele sabe?
O que precisa aprender?
O que vai ser ensinado?
Por que vai ser ensinado?
Para que vai ser ensinado?
Por quem vai ser ensinado?
Onde vai ser ensinado?
Quando vai ser ensinado?
Como vai ser ensinado?
Que recursos serão utilizados no ensino?
De que maneira vai ser avaliado o ensino?
Questões que acompanham a elaboração do PDPI
Fonte: Braun & Pletsch (2008)
PDPI
Avaliação com equipe multidisciplinar.
Análise da história individual e familiar do aluno.
Elaboração de objetivos para um tempo demarcado.
Elaboração de estratégias para alcançar os objetivos.
Fonte: Pletsch (2009)
Como elaborar esse plano?
Inserir questões sobre os interesses do aluno e a rotina.
Entrevistas com a família. Analisar documentos
e registros existentes (avaliação descritiva, pareceres e outros...)
Entrevistas para ouvir o aluno.
Estratégia importante, pois o aluno tem muito a nos dizer sobre si mesmo.
Fonte: Pletsch (2009)
O Desafio: ter informação sobre os potenciais
de aprendizagem e sobre a qualidade das
funções cognitivas, que permitam a
compreensão significativa da causa das
dificuldades, capacidades; e também a
visualização das recomendações mais úteis que
possam ter implicações positivas no processo
de ensino e aprendizagem.
Passos: [executados pelos profissionais]
- listar objetivos importantes (prazos longos ou curtos)
- listar todos os que precisam saber dos objetivos
- análise dos objetivos por todos os envolvidos
- registro dos obstáculos que impedem a participação acadêmica e
social na turma
- elaboração por pares, de estratégias que solucionem os obstáculos
- escolha das estratégias a serem efetivadas [3 estratégias]
- elaboração de como implementar as estratégias/mudanças
[soluções, descrição do método, participantes, período, recursos necessários,
critérios para os resultados, descrição de como obter os resultados]
- Listar tudo o que intensifique a participação ativa de todos os
alunos em seu trabalho, com eles, com os pais e com seus colegas
[diário de campo da sala de aula]
- voltar a sentar em pares e debater sobre o que foi registrado sobre
como foram intensificadas as atividades por cada profissional para a
turma, observando principalmente estratégias diferentes das suas,
saber como foi efetivada e ver a possibilidade de aplicação da
mesma estratégia em sala de aula
- avaliação [ver o que precisa ser melhorado e estabelecer as estratégias para
isso]
Exemplo de um formulário para o PDPINome: Período:
Componentes a priorizar: 1.
2.
3.
Metas para o semestre/período: 1.
2.
3.
Modos/métodos:
Constituição do quadro de pessoal e responsabilidades:
Recursos:
Critérios para os resultados:
Modos de avaliar os resultados:
Plano de desenvolvimento psicoeducacional individualizadoAluno(a):Professor:Demais colaboradores:Nome/ função:Nome/ função:Nome/ função:Nome/ função:Área: ( ) Acadêmica ( ) Habilidades Sociais ( ) Inclusão LaboralPrazo:Conteúdo:Objetivo para a turma:Objetivo para o aluno:Atividade individualizada:Local:Recursos utilizados:Participação dos colaboradores:Avaliação:Observações:
Para a elaboração das metas a serem focadas no PDPI, podemos apresentar situações de ensino ao aluno com a seguinte preocupação:
- Focar mais os processos que as respostas
- Colocar questões sobre o processo e extrair as respostas dele
- Solicitar explicações e fundamentação, inclusive para respostas corretas
- Comunicar entusiasmo no processo de aprendizagem
- Transferir princípios sobre os domínios do contexto
familiar e escolar (o modelo de aprendizagem familiar)
- Relatar experiências familiares novas
- Extrair regras e princípios das experiências cotidianas
- Enfatizar a ordem e a previsibilidade das situações
vividas (lembrar processos em que o aluno teve
sucesso)
- Estabelecer hábitos lógicos e criar insatisfação por
causa da imprecisão, incoerência, falta de evidências
Algumas questões para pensar o planejamento individualizado,
a partir de situações de ensino com o aluno:
1. O que é que precisa fazer a seguir?
2. Diga-me como é que se faz isso?
3. O que é que pensa que aconteceria se....?
4. Quando é que fez alguma coisa como esta antes?
5. Como é que você se sentiria se...?
6. Sim, está correto, mas como é que você sabe que está correto? Mostra-me?
7. Quando será a próxima vez que vai precisar de...?
8. Pára, pensa, escuta e olha com cuidado para o que está fazendo.
9. O que pensa que é problema?
10.Consegue pensar em outra forma de podermos fazer isso?
11. Por que é que esta solução é melhor que qualquer outra?
12. Onde é que fez isso antes para ajudá-lo a resolver o problema?
13. Vamos fazer um plano para nós não nos esquecermos de nada.
14. Como é que você pode descobri-lo?
15. Como é que...diferente se....?
16. E se pensássemos em outro jeito de fazer, isso é possível?
Como?
17. O que pensa que é........?
18. Como imaginaria ......?
19. Se pudesse escolher, qual seria a escolha para essa situação?
20. O que pensa sobre.....?
A prática uniformizadora da escola vem comprometendo a pluralidade e a diacronicidade de aprendizagem, anulando ou minimizando a importância do respeito à diversidade e, dessa forma, desconsiderando as peculiaridades dos alunos com necessidades educacionais especiais, como sujeitos que merecem um olhar diferenciado (não preconceituoso ou discriminatório).
(SILVA, CASTRO & CASTELO BRANCO, 2006, p.23)
Temos o direito a sermos iguais quando a diferença nos inferioriza; temos o direito a sermos diferentes
quando a igualdade nos descaracteriza.
(BOAVENTURA DE SOUZA SANTOS)
Mãos à obra
Elaboração de um alfabeto personalizado
Caso 1 – uma menina de 8 anos de idade, que reside em
um grande centro urbano e estuda em uma escola
pública, cursando o 3º ano do ensino fundamental
Caso 2 – um adulto de 45 anos, que reside em uma
pequena cidade próxima a uma capital, trabalha em uma
empresa de transportes e estuda a noite na EJA