curso de pÓs-graduaÇÃo lato sensu instituto...
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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO EDUCACIONAL ALFA
APOSTILA ESTUDOS HUMANOS
MINAS GERAIS – 2012
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DEFINIÇÃO E LUGAR DA GEOGRAFIA
HUMANA
Geografia, no sentido etimológico, significa descrição da Terra. E, com um
consenso geral, da Terra, com tudo o que contém e do que é inseparável, de tudo o que
vive na superfície e a anima, da humanidade que a transforma e enriquece com traços
novos. Pensando nesta última, os gregos falavam do ecúmeno. Enquanto a Geografia
Física estuda os elementos inertes e a Geografia Biológica se ocupa dos seres vivos, a
Geografia Humana é a parte da Geografia Geral que trata dos homens e suas obras desde
o ponto de vista de sua distribuição na superfície terrestre. É a descrição do ecúmeno.
Formas do relevo, estado da atmosfera e cursos dos rios, obras dos homens, se
inscrevem em cada ponto da paisagem, enquanto expressão fisionômica de sua
combinação. Esta imagem é cambiante. A imperceptível descida de cada grão de solo ao
longo da encosta por efeito da gravidade ou as enxurradas modelam o perfil da paisagem.
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Sem dúvida, a paisagem guarda sua individualidade dado uma aparente permanência à
escala de nossa observação. E deve-a as relações sobre as quais descansa.
Há mesmo uma relação entre a atividade agrícola e a natureza do solo e do clima.
Por tudo isto, a paisagem se presta a uma descrição científica. Diremos, pois, também,
que a Geografia Humana é uma descrição cientifica das paisagens humanas e de sua
distribuição no globo. São duas definições que se correspondem e se completam.
Porém cada elemento da paisagem é, por sua vez, o objeto de outras ciências, que
também estudam os fenômenos de localização e distribuição. Um botânico ou um zoólogo,
por exemplo, completam a descrição de uma espécie ou de um grupo mencionando o seu
habitat, sua extensão geográfica. Donde vem a questão dos relacionamentos.
Iria a Geografia fragmentar-se, incorporando-se a Geografia Humana à Sociologia e
demais ciências do homem, como a morfologia responderia à chamada da Geologia, ou
como a Geografia Biológica se integraria na Botânica ou na Zoologia?
Este perigo parece ilusório se interpretam corretamente as definições iniciais. Duas
características permitem que a Geografia e os ramos de sua divisão conservem sua
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autonomia. Em primeiro lugar, entre as ciências da natureza e do homem nenhuma outra
situa em primeiro plano a localização dos fenômenos. A Geografia é a disciplina dos
espaços terrestres. Sua originalidade reside na natureza dos objetos que descreve, se não
na atitude mental que implica: é um estado de ânimo, um ponto de vista (H. Baulig). A
representação cartográfica é um instrumento específico de expressão e de investigação. A
Geografia traça, comenta e compara mapas. Em segundo lugar, o homem da Geografia é
o homem das conexões e dos conjuntos.
Conexões próximas entre os elementos das combinações locais (relevo, clima,
vegetação, obras do homem), conexões remotas entre fatos de toda classe na superfície
da Terra - a prosperidade das semeaduras europeias depende da marcha das depressões
oriundas da América -. Hoje, mais que nunca, a Geografia Humana registra a repercussão
em todas as partes dos acontecimentos que ocorrem nos países mais distantes, a
interdependência que envolve todos os pontos do ecúmeno. Sua tendência sintética nos
convida a não separar jamais os traços de ordem humana do seu contexto físico e vivo.
Este imperativo é, junto com a preocupação com a localização, o fundamento da unidade
da Geografia. Por meio da unidade da Geografia adquirimos a consciência da unidade de
nosso universo terrestre. O contexto físico e vivo representa o meio natural, ao passo que
o meio humano é definido com a ajuda das ciências do homem, à frente da qual se
encontra a Sociologia.
Deste modo, estabelecidos os laços originais e indissolúveis da Geografia Humana
com todos os ramos da Geografia, nos damos conta de suas correspondências com o
grupo das ciências do homem. Antropologia Somática e Fisiológica, Patologia, Psicologia
Coletiva, Etnologia, Sociologia em todos os seus aspectos, inclusive o econômico.
Estas ciências aclaram-lhe as condições de atividade dos grupos que integram o
tecido do ecúmeno. Por sua parte, a Geografia fornece-lhes os elementos de localização e
de síntese, a visão de mundo que acresce seu alcance e as fecunda. Tal é o caráter
complexo da Geografia Humana, terra marginal dentro do campo do conhecimento.
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NOÇÕES FUNDAMENTAIS DA GEOGRAFIA
HUMANA
O primeiro problema da Geografia Humana consiste em elucidar as relações entre o
homem e o meio, a partir do ângulo espacial. Trata-se de uma relação recíproca, posto que
por meio da técnica os homens modificam o ambiente natural, ao tempo que adaptam-se a
ele. Recriamos a cada momento nosso meio ao tempo que estamos submetidos a ele.
Excetuando alguns casos, cada dia mais raros, a imagem do meio que descrevemos
encerra uma parte considerável do esforço humano. Encontra-se ela humanizada por um
jogo de ações mútuas. Este jogo é, propriamente, a matéria da Ecologia, ciência das
relações entre os seres vivos e o meio, segundo Haeckel. Em boa parte, a Geografia
Humana apresenta-se como uma ecologia do homem. Examinemos cada um dos termos
dessa relação.
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Em primeiro lugar, o conjunto dos grupos humanos, isto é, o horno sapiens,
utilizando a linguagem dos naturalistas, que deve sua originalidade entre os seres vivos a
quatro caracteres:
1°.) Sua notável plasticidade é o segredo da ubiquidade na qual Darwin viu um privilégio
único. Só a compartilham as espécies que evoluem a ele associadas, como o cachorro.
2º.) Seu alto grau de desenvolvimento mental faz dele um inesgotável criador de
técnicas, produto, primeiramente, do empirismo, a seguir de uma razão cada vez mais
refinada. Uma forma específica de memória assegura a conservação da experiência
adquirida, ao tempo que o aperfeiçoamento da ferramenta intelectual impede sua
esclerose e dá origem a olhos vistos ao processo em cadeia do progresso técnico que é
característico de nossa era. O homem é um ser capaz de adaptação ao meio. É mente, e
por isto o domina.
3º.) Este progresso se mostra especialmente eficaz no tocante à satisfação da
necessidade da mobilidade espacial. As descobertas da arqueologia pré-histórica
confirmam quão antiga é a aspiração da conquista dos espaços. Nosso triunfo nesse
terreno supera todos os sonhos de ontem, diante da conquista dos espaços impossíveis.
4º.) Por fim, nem a acumulação dos avanços e nem as vitórias da circulação podem ser
imaginados fora das sociedades organizadas. Os naturalistas descrevem espécies
vegetais e animais, às quais qualificam de sociais. Nenhuma delas apresenta um grau de
sociabilidade tão alto quanto o gênero humano, um animal político (Aristóteles).
No só vivem em grupos, mas no homem os elementos sociais estão incorporados a
tal ponto à sua personalidade básica, que é inútil tratar de dissociá-los.
Estas quatro peculiaridades se manifestam em distintos graus na atividade dos
homens. Representam a trama essencial do nosso ser. De modo que o geógrafo
preocupar-se-á muito mais em por em relevo a importância delas que em fundamentar a
Geografia Humana nas distinções a elas externas. Correria o risco de fragmentá-la numa
poeira de geografias, cada qual pretendendo ser autônoma. Nunca se deve perder de vista
a profunda unidade do homem, do homem inteiro em cada um dos seus atos e inclusive
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em suas contradições. O fato de reconher-se a unidade da Geografia Humana elimina o
falso e fastidioso problema das geografias especiais.
A noção de ambiente ou meio cobrou toda sua significação com o triunfo das
doutrinas evolucionistas e da ideia da adaptação. Todavia, sua análise nos põe de
manifesto toda sua riqueza. Num primeiro momento, aparentemente o meio se define
como uma combinação de traços elementares isolados: situação geográfica,
características do relevo, elementos do clima (temperatura, pressão, etc.), composição da
cobertura vegetal, estabelecimentos humanos, etc. Raramente o inventário desses traços é
completo e seu significado varia com o uso que deles faz cada grupo humano.
Sucede que eles não atuam de maneira isolada, mas em combinação uns com os
outros: formam conjuntos ou, para sermos mais precisos, complexos elementares.
Assim, por exemplo, seja qual for a tolerância térmica do homem da umidade, vemos à
nossa frente um complexo hidrotémico. Num outro exemplo, os seres vivos encontram-
se incorporados em graus extremos a combinações determinadas pelo parasitismo e as
simbioses, isto é, os complexos biológicos. Por fim, indústrias de diversa natureza
aglomeram-se em associações regionais: são os complexos industriais, que os
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geógrafos analisam vendo as forças de atração que os agrupam e fazem deles verdadeiras
unidades vivas. A noção de complexo geográfico elementar, cuja generalidade não foi
posta até hoje em relevo no grau devido, possui uma fecunda aplicação em todas as
esferas da Geografia Humana. Na eterna luta pela vida, o homem não só não se defronta
com forças isoladas, mas ele mesmo intervém para formar novos núcleos em proveito
próprio, como na associação de plantas de cultivo.
O pensamento de nossos predecessores esteve dominado pela prepotência do meio
físico sobre o homem. Não temos mais entretanto porque nos preocupar com o problema
do determinismo, que tanta tinta inútil fez correr. As vitórias da técnica sobre a natureza
vêm concentrando nossos pensamentos na capacidade do homem, e isto no momento em
que as análises dos sociólogos constituem a ciência das sociedades.
Todas as análises do meio encontram-se dominadas por considerações relativas ao
espaço. Desde que existe uma Geografia Humana, põem-se em primeiro plano as noções
de situação e área de extensão dos fenômenos. A situação pode ser absoluta,
determinada pelas coordenadas geográficas, latitude, longitude, altitude, ou relativa,
descrita em relação a outras características do desenho geográfico - grau de
continentalidade, situação de enclave, posição frente às correntes de circulação, etc.
Já a ideia de área de extensão inclui a de limite, inseparável dela e que apresenta
diversos graus de determinação, desde o limite linear até a zona limite, com suas faixas de
degradação (o mesmo valendo para a Geografia Natural).
Outra noção é a que proporciona um termo de trânsito entre a atividade dos grupos
humanos e as propriedades do meio: o gênero de vida . Entende-se gênero de vida por
um conjunto coletivo de atividades transmitidas e consolidadas pela tradição, graças às
quais um grupo humano assegura sua existência em um meio determinado. Um conjunto
de técnicas adaptativas do homem e do meio, no que comportam de elementos mentais e
intelectuais. O gênero de vida oferece o máximo de estabilidade em sociedades
submetidas à tirania de um meio natural muito especificado (criadores nômades do
deserto, esquimós). A medida que os homens vão se emancipando dessa sujeição à
natureza, o centro da vida se desloca, a noção de gênero de vida se preenchendo - como
acabamos de sugerir - de elementos sociais. Assim falar-se-á do gênero de vida dos
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operários das áreas de mineração, ou dos agentes das atividades de circulação, etc. Mas
nem por isso o conceito perderá seu interesse.
O MÉTODO DA GEOGRAFIA HUMANA
O respeito à unidade essencial da Geografia Humana exige que se rechace toda
tendência à dispersão. Se, por motivos de comodidade didática orientada para uma
preparação profissional, é permitido agrupar as manifestações das atividades econômicas
sob um mesmo termo, convém saber que a expressão não tem mais que um valor de uso.
O homo economicus é um fantasma. O objeto de nosso estudo é o homem em si.
Provaremos que as características essenciais da espécie humana atuam em uma
diversidade de meios, que se transformam com a diversidade dos modos de vida, para
desembocar na formação das paisagens humanas, isto é, no ecúmeno.
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O HUMANISMO DA GEOGRAFIA HUMANA
Esforcei-me por dar à Geografia Humana o grau de rigor de que é susceptível,
assim como o da serenidade. Espero que se reconheça o livre esforço de um pensador
desejoso de desterrar do seu campo de estudo tudo aquilo que possa vedar a sua visão.
Devo muito a amigos estrangeiros, ingleses, alemães, italianos, norte americanos,
escandinavos, russos, japoneses, brasileiros e tantos outros. No universo inteiro, as
escolas geográficas nacionais estão no auge já de alguns decênios, com o correspondente
aumento dos que seguem nossas especulações. Quiséramos oferecer ao mundo o
espetáculo de uma unidade espiritual de que tanto se necessita.
Os princípios da Geografia Humana citados por Christofoletti (1985) fazem desta
uma ciência, pois a referida ciência tem no homem o ser que causa modificações no meio
natural, criando o espaço geográfico sobre uma base territorial, fruto de suas relações de
trabalho num dado momento da história. Fazendo do homem um ser histórico, pois, no seu
dia-a-dia o homem se cria e recria socialmente e culturalmente. E é a Geografia Humana
que compreende e explica todo esse processo histórico-social do homem.
Para Christofoletti (1993) sendo a Geografia a disciplina que estuda as organizações
espaciais, dois componentes básicos entram em sua estruturação e funcionamento,
representados pelas características do sistema ambiental físico e pelas do sistema
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socioeconômico. O primeiro constitui o campo da Geografia Física enquanto o segundo
corresponde ao da Geografia Humana. Trudgill (1992) apud Chistofoletti (1993 p. 11)
entende que os geógrafos físicos contribuem para o conhecimento adequado dos
processos e restrições ambientais físicas relevantes, e, os geógrafos humanos encontram-
se habilitados para implementar políticas sociais ambientalmente fundamentadas, que
sejam realistas a respeito das restrições humanas, sociais, econômicas e políticas.
A questão ou questões que distinguem a Geografia de outras ciências não são tão
importantes. Mas, nenhuma outra ciência, além da Geografia, preocupa-se, de modo
consistente, com distribuições de fenômenos no espaço terrestre. Para Abler, Adams e
Gould (1971) apud Chisholm (1979 p. 07), “nenhuma outra ciência preocupa-se,
consistentemente, com a estrutura espacial. As questões sobre localização, estrutura e
processos espaciais que formulamos e respondemos, distinguem a Geografia de outras
ciências”. Por isso, a Geografia tem a responsabilidade de ver o mundo como um todo.
Sendo esta a ciência que estuda o espaço geográfico e tudo o que nele está
inserido, não há como negar a abrangência de seu objeto de estudo.
Para Chisholm (1979 p. 06) pode-se dar à Geografia a abrangência de três temas
relacionados:
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1- O registro e a descrição dos fenômenos sobre a superfície terrestre ou próximos a ela
(este é o sentido literal da palavra Geografia).
2- O estudo das inter-relações dos fenômenos em localizações específicas.
3- O exame de problemas que possuam dimensão espacial (territorial), especialmente para
identificar a significação do espaço como uma variável.
OS CAMPOS EM QUE A GEOGRAFIA
HUMANA MAIS ATUA SÃO:
Demografia
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O termo democracia surgiu na Antiguidade clássica, em Atenas, na Grécia, para
designar a forma de governo que caracterizava a administração política dos interesses
coletivos dos habitantes das cidades-estados. Na Idade Média, o termo caiu em desuso.
Só reapareceria por volta do século 18, durante as revoluções burguesas que eclodiram no
mundo ocidental.
No século 20, a democracia voltou a ser objeto de grande interesse. Isso aconteceu
especificamente a partir da década de 1950, quando as sociedades ocidentais haviam
passado por períodos de violência armada entre vários Estados, em decorrência das duas
guerras mundiais.
A "vontade do povo"
A democracia teve diferentes significados em cada um dos períodos históricos
mencionados. Na Antiguidade clássica, o critério utilizado pelos gregos para definir um
governo democrático foi a "fonte" ou "origem" da autoridade política.
Para os gregos "demos" significa povo e "kratos" significa poder. Na concepção idealista
da democracia grega, o poder ou "vontade do povo" se manifestava nas assembleias
públicas das cidades-estados. Era quando os cidadãos reuniam-se para tomar decisões
políticas de interesse da comunidade.
Nesta modalidade de governo, também chamada democracia direta, os cidadãos
gregos (as mulheres, os escravos e os estrangeiros não eram considerados cidadãos)
participavam das discussões em torno de determinado assunto e tomavam decisões, sem
necessidade de escolher representantes.
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A ideia moderna de democracia
A concepção moderna de democracia surgiu a partir do século 18, com as
revoluções burguesas que derrubaram as monarquias absolutistas (as principais
referências são a Revolução Americana de 1776 e Revolução Francesa de 1789). A
democracia recuperou o princípio da cidadania: os homens deixaram de ser súditos
(subordinados a um rei) para se transformar em cidadãos.
O princípio básico do funcionamento da democracia moderna é o direito dos
cidadãos de participarem dos assuntos de interesse coletivo a partir do voto. A principal
função do voto é a escolha de representantes. Os representantes eleitos dispõem de
poderes que lhes foram delegados pelos cidadãos para cuidar dos assuntos políticos da
comunidade.
O bem comum
Quando a democracia moderna foi instituída, o direito de voto ficou restrito a uma
pequena parcela da população. Somente alguns dos homens adultos tinham direitos
políticos. Durante muito tempo, restrições, ou critérios censitários, impediram que todos os
homens de uma mesma comunidade pudessem votar.
Foi então que inúmeros filósofos e teóricos elaboraram doutrinas que discutiam o
"propósito" ou "finalidade" do governo constituído pelos representantes políticos dos
cidadãos. Surgiu então a concepção utópica de "bem comum", que deveria guiar a política
governamental.
A partir da década de 1950, travou-se um amplo debate acadêmico sobre as
concepções de democracia existentes. Surgiu um novo conceito de democracia,
contraposto às concepções idealistas e utópicas que se referiam à "vontade do povo" e ao
"bem comum".
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Urbanização
Urbanização é um conceito geográfico que representa o desenvolvimento das
cidades. Neste processo, ocorre a construção de casas, prédios, redes de esgoto, ruas,
avenidas, escolas, hospitais, rede elétrica, shoppings, etc.
Este desenvolvimento urbano é acompanhado de crescimento populacional, pois
muitas pessoas passam a buscar a infraestrutura das cidades. A urbanização planejada
apresenta significativos benefícios para os habitantes.
Porém, quando não há planejamento urbano, os problemas sociais se multiplicam
nas cidades como, por exemplo, criminalidade, desemprego, poluição, destruição do meio
ambiente e desenvolvimento de sub-habitações.
A urbanização é uma das responsáveis pelo êxodo rural (saída das pessoas do
meio rural para as grandes cidades). A disciplina destinada ao estudo da urbanização
chama-se urbanismo.
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Industrialização
A Industrialização é o processo de modernização pelo qual passam os meios de
produção de uma sociedade. É acompanhada pela ampliação tecnológica e
desenvolvimento da economia.
A Industrialização é um processo antigo na humanidade. Ainda durante a Idade
Média, novas técnicas marcaram o avanço dos meios de produção e de produtividade.
Mas isso não quer dizer que houvesse indústrias como conhecemos atualmente ou
características do capitalismo. O progresso passou por várias fases tecnológicas. Técnicas
mais aprimoradas de agricultura, artesanato e manufatura deram suas contribuições para o
desenvolvimento pleno da indústria.
O primeiro país a passar por uma industrialização efetiva foi a Inglaterra. Isso
porque a indústria altera não só os meios de produção, mas são impactantes nas relações
sociais também. É no século XVIII que ocorre o que é chamado de Primeira Revolução
Industrial, quando a Inglaterra baseia seu desenvolvimento econômico nas indústrias,
promovendo o cercamento dos campos e empurrando os trabalhadores para as áreas que
se urbanizavam através da produção industrial. Karl Polanyi chama o processo iniciado
pela industrialização de “O Moinho Satânico”, pois é nesse período que ocorre uma
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desarticulação da sociedade, transformando a economia em economia de mercado e
estabelecendo o capitalismo como sistema. A Industrialização causa impactos que vão
muito além da utilização de máquinas, representa novas formas de organização social pela
lógica de lucro que introduz, fazendo com que as relações sociais passem a fazer parte da
economia, e não o contrário.
A implantação de um maquinário próprio transforma a sociedade e a forma de
trabalho com o intuito de produzir maior riqueza e lucro. A burguesia é a classe que se
consolida com o processo de industrialização e, em muitos casos, homens são
substituídos por máquinas nos meios de produção. O impacto da industrialização gera um
grande aumento na divisão do trabalho, grandes progressos em produtividade industrial,
assim como o crescimento da classe média e dos padrões de consumo.
A Inglaterra foi o grande símbolo da Primeira Revolução Industrial, ocasião
caracterizada pela própria invenção da máquina a vapor, com aumento da produtividade,
maior exploração do trabalho e estabelecimento do sistema capitalista na economia.
Outros dois momentos marcantes de industrialização ocorreram posteriormente no mundo.
A Segunda Revolução Industrial expandiu o grupo de países detentores de
tecnologias e produções industriais. É uma fase caracterizada pela descoberta e uso da
energia elétrica, além do uso e valorização do petróleo como fonte de energia. Essa
industrialização do século XIX esteve inserida no contexto do Neocolonialismo ou
Imperialismo, no qual os países buscavam por áreas de influência no mundo, onde
pudessem vender seus produtos industrializados e obter as matérias-primas necessárias
para o sustento de suas indústrias. Essa disputa pelos países industrializados há mais
tempo e os que ingressavam no capitalismo ocorreu, sobretudo, nos territórios da África e
da Ásia. O clima de tensão, contudo, pairou na Europa, e o aumento das hostilidades entre
os países que concorriam por regiões de influência acarretou na Primeira Guerra Mundial.
Já a Terceira Revolução Industrial é mais recente e vivemos constantemente sob
seus impactos. Essa fase é caracterizada pelo grande avanço da informática e da
telemática. É conhecida também como Revolução do Silício, a qual informatizou e tornou
mais rápida as relações de produção, econômica e social.
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O Brasil entrou com atraso no processo de Industrialização. Ainda no período
Imperial, no decorrer do reinado de Dom Pedro II, houve um surto industrial promovido
pelo Barão de Mauá. A situação desagradava os ingleses, que viam com maus olhos seus
empreendimentos, e a iniciativa do Barão de Mauá acabou quebrando. Ao longo da
Primeira República, outros surtos industriais também aconteceram. Em alguns casos por
iniciativas particulares e, mais expressivamente, por conta da Primeira Guerra Mundial que
interrompeu o fluxo de produtos industrializados para o Brasil, o qual teve que investir em
produção própria para dar conta de suas demandas durante o conflito. Entretanto a
industrialização brasileira só se desenvolveu mesmo a partir do governo de Getúlio Vargas
que promoveu industrialização de base e a urbanização do país. Juscelino Kubitscheck
ampliou a industrialização abrindo espaço para a produção dos bens de consumo e as
indústrias internacionais.
Meio ambiente
O meio ambiente, comumente chamado apenas de ambiente, envolve todas as
coisas vivas e não-vivas ocorrendo na Terra, ou em alguma região dela, que afetam os
ecossistemas e a vida dos humanos. É o conjunto de condições, leis, influências e infra-
estrutura de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas
as suas formas.
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Política
P
Política é a ciência da governação de um Estado ou Nação e também uma arte de
negociação para compatibilizar interesses. O termo tem origem no grego politiká, uma
derivação de polis que designa aquilo que é público. O significado de política é muito
abrangente e está, em geral, relacionado com aquilo que diz respeito ao espaço público.
Na ciência política, trata-se da forma de atuação de um governo em relação a
determinados temas sociais e econômicos de interesse público: política educacional,
política de segurança, política salarial, política habitacional, política ambiental, etc.
O sistema político é uma forma de governo que engloba instituições políticas para
governar uma Nação. Monarquia e República são os sistemas políticos tradicionais. Dentro
de cada um desses sistemas podem ainda haver variações significativas ao nível da
organização. Por exemplo, o Brasil é uma República Presidencialista, enquanto Portugal é
uma República Parlamentarista.
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Num significado mais abrangente, o termo pode ser utilizado como um conjunto de
regras ou normas de uma determinada instituição. Por exemplo, uma empresa pode ter
uma política de contratação de pessoas com algum tipo de deficiência ou de não
contratação de mulheres com filhos menores. A política de trabalho de uma empresa
também é definida pela sua visão, missão, valores e compromissos com os clientes.
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BIBLIOGRAFIA
BOTELHO, C. L. A Filosofia e o Processo Evolutivo da Geografia. Fortaleza/CE: Ed. da
Universidade Federal do Ceará. 1987. Pág. 47 – 92.
CASSETI, V. Ambiente e Apropriação do Relevo. São Paulo: Contexto, 1991. 146 p.
CHISTOFOLETTI, A. Perspectivas da Geografia. São Paulo/SP: Difel, 1985. 317
páginas.
__________________. A Inserção da Geografia na Política de Desenvolvimento
Sustentável. Geografia, Rio Claro/SP, 18 (1): 1 – 22. 1993b.
__________________. Modelagem de Sistemas Ambientais. São Paulo: Ed. Edgard
Blücher. 1999. Pág. 1 – 50.
CHISHOLM, M. Geografia Humana: Evolução ou Revolução. Tradução de Lenora
Franco Machado de Cortellazzi. Rio de Janeiro: Interciência, 1979. 170 p.
NUNES, J. O. R.; SUERTEGARAY, D. M. A. A Natureza da Geografia Física na
Geografia. São Paulo: Terra Livre - AGB – Associação dos Geógrafos Brasileiros. N. 17, p.
11 – 24. 2º semestre/ 2001.
22
SANTOS, B. de S. A Crítica da Razão Indolente. São Paulo: Cortez, 2001. Pág. 55- 117.
VICENTE, L. E; PEREZ FILHO, A. Abordagem Sistêmica e Geografia. GEOGRAFIA –
Associação de Geografia Teorética. Rio Claro/SP. V. 28, n. 3 set. a dez. 2003. Pág.: 323 –
344.
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ATIVIDADES DE FIXAÇÃO
OBS: TODAS AS QUESTÕES ABAIXO SÃO DE CONCURSOS ANTERIORES
REALIZADOS NO BRASIL.
1- (ENEM / 2006) – Tendência nas Migrações Internacionais - O relatório anual (2002) da
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) revela
transformações na origem dos fluxos migratórios. Observa-se aumento das migrações de
chineses, filipinos, russos e ucranianos com destino aos países-membros da OCDE.
Também foi registrado aumento de fluxos migratórios provenientes a América Latina. As
migrações citadas estão relacionadas, principalmente, à:
(A) Ameaça de terrorismo e países pertencentes à OCDE.
(B) Política dos países mais ricos de incentivo à imigração.
(C) Perseguição religiosa em países muçulmanos.
(D) Repressão política em países do Leste Europeu.
(E) Busca de oportunidades de emprego.
2- A análise da charge abaixo, associada aos conhecimentos sobre urbanização, permite
afirmar que:
(A) A expansão do setor primário nas grandes cidades funciona como fator de atração
populacional, devido à maior oferta de emprego nesse setor.
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(B) O processo de urbanização ainda não ocorreu nos países subdesenvolvidos que
apresentam inexpressiva industrialização, já que todas as atividades econômicas se
relacionam ao setor secundário.
(C) A urbanização não eliminou a pobreza, mas melhorou consideravelmente a qualidade
de vida da população migrante, já que os direitos trabalhistas nas cidades são totalmente
assegurados.
(D) O processo industrial é um fenômeno que ocorreu de forma homogênea em todas as
regiões do Brasil, provocando a urbanização.
(E) A especulação imobiliária, a metropolização e a hipertrofia do setor terciário são as
principais causas da situação retratada na ilustração.
3- (FASA - 2006) – Quanto aos setores da economia, das alternativas a baixo, quais são
verdadeiras (V) e quais são falsas(F).
( ) O setor primário engloba as atividades que estão diretamente relacionadas à natureza:
a agricultura, a pecuária, a caça, a pesca e a silvicultura, extrativismo mineral e vegetal.
( ) O setor secundário agrupa as atividades que supõem uma transformação, ou seja: as
indústrias.
( ) O setor terciário reúne os serviços e as trocas comerciais.
( ) O chamado terciário inferior agrupa o serviço doméstico, o comércio varejista e o
artesanato.
( ) O terciário superior está relacionado aos serviços de alto nível técnico (bancos, seguros
e profissionais liberais).
( )O terciário tecnológico agrupa a pesquisa, a informática, o ensino e a informação.
(A) F-V-V-V-V-F
(B) V-V-V-V-V-V
(C) F-F-F-F-V-V
(D) F-V-V-F-V-F
(E) F-V-F-V-V-V
4- (UNISA - 2007) - Com relação ao número total de brasileiros, a projeção de que a
população brasileira nos próximos anos
(A) diminuirá, visto que a taxa de natalidade tende a diminuir.
(B) aumentará, uma vez que a taxa de crescimento aumenta.
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(C) diminuirá, pois a população absoluta vem aumentando.
(D) diminuirá, visto que a taxa de natalidade tende a aumentar.
(E) aumentará, embora a taxa de crescimento demográfico venha diminuindo.
5- (ENEM) - Qual dos slogans abaixo poderia ser utilizado para defender o ponto de vista
dos reformistas?
(A) “Controle populacional já, ou o país não resistirá.”
(B) “Com saúde e educação, o planejamento familiar virá por opção!”
(C) “População controlada, país rico!”
(D) “Basta mais gente, que o país vai para frente!”
(E) “População menor, educação melhor!”
6- (ULSA – 2007) - “Nas últimas décadas do século XX, outras inovações tecnológicas
transformaram profundamente a economia industrial”. O uso do computador pessoal, o
conhecimento de fontes de energia alternativas (solar, eólica, biomassa, das marés), a
mudança na organização do trabalho (pós-fordismo) e o crescente emprego da informática
na produção industrial deram uma nova concepção ao termo indústria”. ALVES DE
ALMEIDA, Lúcia Marina – RIGOLIN, Tércio Barbosa. Fronteiras da globalização, Geografia
Geral e do Brasil. Ed. Ática, São Paulo / 2004 – Pagina 359 e 288. Assinale com V
(verdadeiro) ou F (falso) as afirmações abaixo, referentes à chamada Terceira Revolução
Industrial.
( ) As principais indústrias da Segunda Revolução Industrial ainda são importantes, mas as
atividades econômicas que mais crescem são aquelas que “vendem” serviços e são
chamadas de “industrias inteligentes” ou setor terciário moderno.
( ) Os antigos fatores de localização industrial perdem um pouco sua força. As indústrias
buscam outras vantagens como incentivos fiscais, mão-de-obra barata e mercados
consumidores. Facilidades de transporte e comunicação. Por isso ocorreu uma
reorganização do espaço industrial no mundo.”
( ) Nas telecomunicações destacam-se os satélites artificiais, os telefones celulares de
alcance mundial e a telemática, que selou de vez uma separação entre a informática e as
telecomunicações.
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( ) Outros campos também apresentam novidades, como a biotecnologia, que é aplicada à
medicina, à agricultura e a produção de alimentos. As palavras genoma e transgênico já
foram incorporadas ao vocabulário da mídia e das pessoas em geral.”
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima pra baixo, é:
(A) F - V - V - F.
(B) V - F - V - F.
(C) F - F - V - V.
(D) V - V - F - V.
(E) F - V - F - F.
7- (UFMS) - Leia as Assertivas abaixo:
I. Regiões inóspitas do planeta Terra, como o Saara ou a Sibéria, são reconhecidas como
ecúmenas, pois são desfavoráveis a ocupação do homem;
II. A Índia, apesar de ter uma densidade demográfica que se assemelha a alguns países
da Europa, é considerada um país Superpovoado, pois ocorrem nesse espaço geográfico
situações desfavoráveis, como carência de recursos alimentares e de saúde.
III. Países que dispõem de situação econômica favorável, e com excedentes de recursos,
mesmo apresentando população numerosa, serão considerados como Subpovoados.
Quais estão corretas:
(A) Alternativa I;
(B) Alternativa II;
(C) Alternativa III;
(D) I, II e III;
(E) Alternativas II e III.
8- (UFPS – 2007) - A explosão demográfica do período pós-Segunda Guerra Mundial
ressuscitou as ideias de Malthus. Conhecidos como Neomalthusianos, os novos adeptos
dessa teoria assumiram novas posturas e aprimoraram a teoria Malthusiana. Fazem parte
do pensamento neomalthusiano todas as afirmativas abaixo, exceto:
(A) Atribuíam a culpa pela situação de miséria dos países subdesenvolvidos ao acelerado
crescimento populacional.
(B) Concordavam que a agricultura era capaz de produzir alimentos suficientes para todos.
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(C) Defendiam programas rígidos e oficiais de controle de natalidade, em geral rotulados
de planejamento familiar, com emprego de diversos métodos, como pílulas
anticoncepcionais, ligadura e vasectomia.
(D) Caso não fosse detida por obstáculos (guerras, epidemias, etc.), a população tenderia
a crescer segundo uma progressão geométrica, duplicando a cada 25 anos.
(E) Alegavam que a elevada fecundidade era causa e não consequência do
subdesenvolvimento.
09. (ULSA-2007) - “Ao contrario de outras teorias, este grupo defende teorias demográficas
marxistas. Consideram a própria miséria responsável pelo acelerado crescimento da
população, por isso defendem a necessidade de reformas socioeconômicas que permitam
a elevação do padrão de vida, melhorando, entre outros pontos, a distribuição de renda e
de alimentos e propiciando um aumento na escolaridade, que resultaria num planejamento
familiar e na diminuição da natalidade e do crescimento vegetativo.” O texto acima se
refere à teoria
(A) alarmista.
(B) malthusiana.
(C) neomalthusiana.
(D) reformista.
(E) transição demográfica.
10. (UFMG) - A taxa de natalidade, no Brasil, vem declinando continuamente, e esse
declínio se acelerou a partir da década de 60. Sobre esse assunto, é correto dizer:
(A) A variação no número de nascimentos está relacionada às implicações
socioeconômicas do processo de urbanização.
(B) No meio urbano, a idade média para o casamento é menor que no meio rural.
(C) A integração da mulher no mercado de trabalho não tem interferido na taxa de
natalidade.
(D) Desde os anos 60, a taxa brasileira de natalidade deixou de estar entre as mais altas
do mundo.
(E) A taxa de natalidade é representada pelo número de nascimentos em cada cem
habitantes.