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CURSO DE REDAÇÃO OFICIAL COM ENFOQUE NA PADRONIZAÇÃO DOS DOCUMENTOS DA UDESC Florianópolis 2015

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CURSO DE REDAÇÃO OFICIAL COM

ENFOQUE NA PADRONIZAÇÃO DOS

DOCUMENTOS DA UDESC

Florianópolis

2015

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CURSO DE REDAÇÃO OFICIAL

Profª Drª Priscylla Campos

[email protected]

Ementa: Redação Oficial e suas formas de linguagem; tipos de correspondência

(particular, organizacional e oficial); Atos Oficias: ofícios, exposição de motivo; ato

administrativo, alvará, atestado, certidão, circular, decreto, despacho, edital, instrução

normativa, ordem de serviço.

Objetivo: Proporcionar conhecimentos referentes à elaboração de atos e textos oficiais,

pautados nas normas cultas da língua portuguesa e no Manual de Redação da

Presidência da República, visando subsidiar a atuação dos servidores da Universidade

do Estado de Santa Catarina (UDESC) no desempenho de suas funções administrativas

com enfoque na padronização dos documentos da UDESC.

Organização do Programa do Curso em 10 tópicos

1. Divisão da gramática (morfologia, sintaxe e semântica) – as classes gramaticais

são fixas e as funções são diversas (pronomes, preposições e conjunções) –

norma padrão, norma culta, preconceito linguístico.

2. Operadores do discurso na língua escrita – acentuação e pontuação.

3. O verbo como centro de uma oração – formação de frases, orações e períodos

4. Relações sintáticas: regência verbal

5. Aplicação no texto escrito: coerência e coesão, concisão, impessoalidade,

objetividade e clareza

6. Relações semânticas entre o significado e o significante – figuras e vícios de

linguagem (ambiguidade, cacofonia, chavões, eco, obscuridade, pleonasmo ou

redundância.

7. Redação oficial: tipos de correspondência (particular, organizacional e oficial)

8. Tipos de correspondência oficial – ofícios, exposição de motivo.

9. Atos oficiais: ato administrativo, alvará, atestado, certidão,

10. Atos oficiais: circular, decreto, despacho, edital, instrução normativa, ordem de

serviço; instrumentais de trabalho (email, redes sociais e aplicativos)

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TÓPICO 1: Divisão da gramática (morfologia, sintaxe, semântica) – As

classes gramaticais são fixas e as funções são diversas (pronomes,

preposições e conjunções) – norma padrão, norma culta, preconceito

linguístico.

Antes de adentrarmos no estudo da gramática da Língua Portuguesa e o seu uso formal,

é preciso refletir sobre conceitos que se relacionam à sociolinguística. A sociolinguística

pode ser entendida como uma corrente da linguística que estuda a relação entre a

linguística e a sociedade e, nesse sentido, aspectos extragramaticais devem ser

observados sob pena de extrair a língua do seu contexto de produção. Sendo assim, a

língua, definida como um código de signos linguísticos, sofre variação (idade, sexo,

região, classe social, etc), fugindo da concepção tradicional de erro.

O que há, portanto, são normas. A norma padrão é aquela descrita e prescrita pela

gramática normativa, que tende a ser homogênea e consensual, já que está presente nas

gramáticas. A norma culta, por sua vez, representa o conjunto das práticas linguísticas e

dos modelos de uso encontrados em textos formais, e que, justamente por pertencerem à

esfera do uso, variam de um autor para outro.

O preconceito linguístico é marcado justamente pela imposição da norma padrão ou

culta da língua, desprezando a sua função mais primordial: a comunicação.

Há várias abordagens de estudo da gramática, que tem a função de normatizar a língua a

fim de padronizá-la. A que adotaremos foi escolhida tendo em vista o caráter do curso e

sua objetividade: o manejo das normas de redação oficial considerando as regras do

novo acordo ortográfico.

De maneira simplificada, a gramática pode ser observada a partir de três grandes linhas

de estudo, que se relacionam: a morfologia, a sintaxe e a semântica. A morfologia se

ocupa da menor parte significativa da palavra: as formas, os morfemas. A sintaxe

combina as palavras em frases e orações que fazem sentido para o falante. Esse sentido,

por sua vez, é conferido através da relação significado/significante, objeto de estudo da

semântica.

Classes gramaticais são fixas. Há que se fazer a diferença, no entanto, entre classe e

função, um equívoco linguístico bastante comum. As funções variam conforme o uso de

determinada classe gramatical, de acordo com o seu contexto e comportamento na

oração.

Classes gramaticais: artigo, numeral, substantivo, adjetivo, verbo, preposição,

conjunção, advérbio e pronome.

Funções que essas classes podem exercer na oração: adjunto adnominal, adjunto

adverbial, núcleo do sintagma nominal, núcleo do sintagma verbal, dentre outras.

Para esse curso, serão definidas brevemente as classes gramaticais e destacadas aquelas

que exercem a função de conectivos, operadores do discurso que facilitam a

concatenação de ideias tanto na língua falada quando na língua escrita.

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1.1 ARTIGO

São palavras que antecedem os substantivos, determinando a definição ou a indefinição

dos mesmos. Sendo flexionados em gênero (masculino e feminino) e número (singular e

plural), indicam também o gênero e o número dos substantivos que determinam. Podem

ser classificados em: Artigos definidos: o, a, os, as.

Artigos indefinidos: um, uma, uns, umas.

1.2 NUMERAL

Numerais são palavras que indicam quantidades de pessoas ou coisas, bem como a

ordenação de elementos numa série. Alguns numerais podem ser flexionados em gênero

(masculino e feminino) e número (singular e plural), outros são invariáveis. Podem ser

classificados em: Numerais cardinais: um, sete, vinte e oito, cento e noventa, mil,…

Numerais ordinais: primeiro, vigésimo segundo, nonagésimo, milésimo,…

Numerais multiplicativos: duplo, triplo, quádruplo, quíntuplo,…

Numerais fracionários: um meio, um terço, três décimos,…

Numerais coletivos: dúzia, cento, dezena, quinzena,…

1.3 SUBSTANTIVO

Os Substantivos são as palavras que designam seres – visíveis ou não, animados ou não

– ações, estados, sentimentos, desejos, ideias.

FORMA – substantivo FUNÇÃO – sujeito, objeto, vocativo, etc.

Função sintática dos substantivos

Núcleo das seguintes funções sintáticas: sujeito, objeto direto/indireto, predicativo, do

sujeito e do objeto, complemento nominal, adjunto adverbial, agente da passiva, aposto

e vocativo. Precedido de preposição, pode formar uma locução adjetiva, que funciona

como adjunto adnominal. Ex.:Um amor de mãe. Materno – mãe é substantivo e núcleo

do adjunto adnominal.

Classificação geral Comuns: qualquer ser, qualquer espécie, não específicos. Ex.: bolo, cama.

Próprios: Um ser em particular. Ex.: Japão, Camila.

Concretos: seres com existência própria. Ex.: lápis, carta.

Abstratos: nomeia ações, qualidades, estados, sentimentos. Existem a partir da existência de

outros seres. Ex.: bravura, ensino.

Coletivos: Para uma pluralidade de seres da mesma espécie.

Quanto à formação Primitivos: Aqueles que dão origem a outras palavras. Ex.: pedra, livro.

Derivados: Os que se o originam de outras palavras. Ex.: livraria, pedregulho.

Simples: Formados apenas por uma palavra. Ex.: terra, homem.

Compostos: Formados por mais de uma palavra. Ex.: beija-flor, lobisomem.

Quanto à Flexão

Gênero: Considerar a diferença entre gênero e sexo. É usado tanto para seres providos

de sexo (gato/gata), como para “coisas” (o banco, a cadeira). Gênero não é flexão, é

opção do falante.

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Sobre gênero Sobrecomuns: Um só gênero gramatical para pessoas de um e outro sexo. Ex.: o algoz – o

cônjuge – a criatura – a vítima – a testemunha.

Epicenos: Apresentam um só gênero gramatical para designar animais de um e outro sexo. Ex.: o

albatroz – o gavião – a pulga. *Apresentam um só gênero gramatical para designar coisas. Ex.: o

livro – a rosa – a faca.

Comum-de-dois-gêneros: Uma só forma para os dois gêneros. O artigo ou a terminação do

[determinativo acompanhante] é o que os apontarão como masculino ou feminino. Ex.: o/a artista

– o/a cliente. *Pelo uso: infanta –parente – presidenta.

Particularidades

1. Substantivos de duplo gênero ou gênero vacilante: Acauã- personagem- faringe-

pijama- preá- laringe.

2. Etimologicamente, O GRAMA. No uso corrente, a grama. Ex.: duzentas gramas.

3. Mantém- se, contudo, o masculino nos múltiplos. Ex.: o quilograma.

Nestes, vacilação:

Masculino: Alvará

Gengibre

Champanha

Lança-perfume

Clã

Praça (soldado)

Diabete(s)

Sabiá

Eclipse

Sanduíche

Soprano

Suéter

Tapa

Feminino: Análise Cal Hélice

Omoplata

Ordenança

Sentinela

Sucuri

Usucapião

Substantivos cuja significação varia com a mudança de gênero

Cabeça Caixa Capital Cisma Crisma Cura Guarda Guia Lente Língua Moral

Escapam às regras mencionadas: Ator-atriz Aviador-aviadora Bode-cabra

Cantor-cantora,cantarina,cantariz Cavalheiro-dama Cavalo-égua

Cavaleiro-cavaleira, amazona Conde-condessa Elefante-elefanta

Czar-czarina Diácono-diaconisa Compadre-comadre

Deus-deusa e deia Cantador-cantadeira Embaixador-embaixadora/embaixatriz

Número: Normalmente, o plural dos substantivos se faz pelo acréscimo da desinência –

s, mas pode ser feito de outras maneiras: a) terminados em –r, - s, ou –z, acrescentando-

se – es. Ex.: açúcares/meses/vezes; b) terminados em – l, substituindo o –l por –is. Ex.:

canais/lençóis.

Plural dos substantivos compostos a) vão para o plural as palavras variáveis (subst e adj) e não vão para o plural as

invariáveis (verbos, adv, interjeições). Ex.: tententes-coroneis; pequeno-burgueses;

Beija-flores.

b) pode ir para o plural apenas o primeiro substantivo se o segundo funcionar como

especificador, com ou sem o auxílio de preposição. Ex.: pés-de-cabra; pombos-correio.

c) nos compostos formados por palavras repetidas ou onomatopeias, o segundo vai para

o plural. Ex.: corre-corres; tico-ticos.

d) não vai para o plural o adj contraído “grão”. Ex.: Grão-duques; grão-cruzes.

e) nos dias da semana os dois vão para o plural. Ex.: terças-feiras; quartas-feiras.

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Quanto ao grau

Por meio de adjetivos ou sufixos. Ex.: homem grande/enorme/imenso: homenzarrão.

Às vezes, denotam um valor pejorativo ou depreciativo. Ex.: livreco. Às vezes, simpatia

e afeição. Ex.: filhinha, benzinho.

1.4 ADJETIVO

Características que diferenciam os seres e que lhe são próprias. Refere-se a um

substantivo explícito ou subentendido na frase e concorda com ele em gênero e número.

Restringe a significação ampla e geral do substantivo, caracterizando-o e atribuindo-lhe

qualidades ou defeitos e modos de ser, ou indicando-lhe aspecto ou estado. Caracteriza-

se por constituir a delimitação, por caracterizar as possibilidades designativas do

substantivo. Faz referência a uma parte ou a um aspecto do denotado. Pertence a um

inventário aberto, que pode ser aumentado. Para que seja diferenciado do substantivo é

necessário observar o contexto.

Locução adjetiva

Tem valor adjetivo formado pela preposição + substantivo. Ex.: do Brasil: brasileiro.

Outros exemplos de locuções adjetivas: o andar de cima, as patas de trás, gente de fora,

floresta a perder de vista, rapaz sem vergonha, produto de primeira, olhar de espanto,

homem à toa, estar com fome, desculpas sem pés nem cabeça.

Maneiras de caracterizar o substantivo: Homem corajoso – homem de coragem –

homem que tem coragem. Gente serrana – gente de serra – gente que mora na serra.

Formação Primitivos – em contraposição aos derivados. Ex.: liso.

Derivados – São originários de um substantivo primitivo. Ex.: brasileiro.

Simples – Compostos por um só vocábulo. Ex.: perigoso.

Compostos – Compostos por dois ou mais vocábulos. Ex.: azul-marinho

Adjetivos pátrios – Referentes a países, estados, regiões, cidades ou localidades.

Adjetivos pátrios compostos – euro-asiático, anglo-americano, ítalo-francês.

Função sintática dos adjetivos

Tanto o adjetivo quanto a locução adjetiva exercem a função de adjunto adnominal,

predicativo do sujeito e predicativo do objeto.

Pode ainda passar a advérbio e funcionar como adjunto adverbial. Será, neste caso,

masculino singular e, quanto à forma, invariável.

Pode substantivar-se. Ex.: Estranhei-lhe o desalinhado do cabelo.

Flexão

O adjetivo flexiona-se: em gênero, número e grau.

Gênero

Em geral, formam o feminino da forma padrão (o/a). Alguns possuem uma forma para

os dois gêneros. Ex.: exercício fácil / questão fácil. Os compostos formam o feminino

variando apenas o segundo elemento. Ex.: político – econômico (a). Nos adjetivos

compostos, só o segundo elemento vai para o feminino. EXCETO: surdo-mudo: surda-

muda.

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Atenção para:

Trabalhador (substantivo) – trabalhadora.

Trabalhador (adjetivo) – trabalhadeira.

Número

Plural de forma padrão.

Os que terminam em vogal oral ou ditongo recebem o acréscimo do s. Ex.: forte, mau.

Naqueles terminados em vogal ou ditongo nasal (im, om, um, em), troca-se o m por n

antes do acréscimo do s. Ex.: ruim, comum, virgem.

Para os terminados em consoante, acrescenta-se es. Ex.: regular e capaz. EXCETO:

simples, que é invariável. Para os terminados em l, deve-se observar a vogal que o

precede. Se terminados em al, ol, ul, troca-se por ais, ois, uis. Ex.: fatal.

Se terminados em el, troca-se por eis ou eis. Ex.: cruel, amável.

Se terminados em il, troca-se, se for tônico, por eis. Se for átono, por eis. Ex.: gentil, fácil.

Para os terminados em ão acentuado, deve-se trocar por ões. EXCETO: Plural em ães:

alemão, charlatão, catalão. Plural em ãos: cristão, chão, são, vão.

Compostos:

Plural no último elemento. Seja:

Palavra invariável + adjetivo: sobre-humano (s)

Adjetivo + adjetivo: técnico- administrativo (s)

Adjetivo de cor (adjetivo + adjetivo): paredes azul-claras.

EXCEÇÕES:

Surdo-mudo: surdos-mudos ou surdo-mudos; Claro-escuro: claros-escuros;

Azul-marinho e azul celeste: invariáveis.

Invariáveis

Adjetivo de cor + substantivo: amarelo-ouro, verde-mar, furta-cor, ultravioleta,

infravermelho.

Adjetivo de cor (quando funcionar como adjetivo): luvas-cinza, sapatos-gelo.

Grau

Comparativo

de igualdade: tão fácil quanto.

de superioridade: mais fácil do que.

de inferioridade: menos fácil do que.

Superlativo

Relativo:

de superioridade: o mais fácil de

de inferioridade: o menos fácil de.

Superlativo

Absoluto:

Analítico: muito fácil

Sintético: facílimo

ATENÇÃO:

A tendência da língua à fuga ao hiato faz com que apareçam formas com fusão dos dois ii. Em

alguns casos a eufonia impede a mudança: fríssimo, raríssimo. Na língua literária, insistem em

usar: cheíssimo, cheinho, feíssimo, seríssimo. Para a língua padrão, usa-se os dois ii.

Depois dos comparativos em or (superior, inferior, anterior, posterior, ulterior) usa-se a

preposição a: superior a, inferior a.

Repetição de adjetivo com valor superlativo – utilizado na linguagem coloquial. Ex.: lindo

lindo.

Outras comparações podem ser feitas para traduzir a ideia de comparação. Ex.: esperto como ele

só, escuro como breu.

Formas diminutivas de adjetivos podem – precedidas ou não de muito, mais, tão, bem – adquirir

valor superlativo. Ex.: feiozinho, bonitinho.

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1.5 VERBO

Correspondência temporal

Emprego dos tempos e modos

a) São três os modos que indicam a maneira como o fato se realiza: indicativo,

subjuntivo e imperativo; b) São três os tempos que indicam o momento, a época em que

o fato se realiza: presente, pretérito e futuro.

MODO INDICATIVO

O modo indicativo indica um fato certo, real, verdadeiro. É utilizado nas orações

coordenadas e nas orações principais.

Presente

O presente é usado quando:

a) Acontece no momento em que se fala. É o chamado presente pontual ou

momentâneo. Muitas vezes, é empregado com o verbo auxiliar estar junto ao gerúndio.

Ex.: Nós conversamos. Nós estamos conversando.

b) Começa em um passado mais ou menos distante e perdura ainda no momento em que

se fala. É o chamado presente durativo. Ex.: Eu trabalho nesta empresa desde 1970.

Estou trabalhando nesta empresa desde 1970.

c) Indica um fato permanente, universal ou uma verdade científica, religiosa ou

filosófica. É o presente universal, encontrado nos provérbios e no enunciado de leis e

verdades permanentes. Ex.: A Terra gira em torno do Sol.

d) Emprega-se nas narrações em lugar do pretérito perfeito, para tornar mais atual

algum fato do passado. É o presente histórico ou narrativo. Ex.: Pedro Álvares Cabral

descobre o Brasil em 1500.

e) Emprega-se pelo futuro do presente, para exprimir um fato que ocorrerá em breve. É

preciso que haja na frase um elemento que dê ideia de tempo. Ex.: Amanhã vou a São

Paulo. (vou = irei)

f) Usa-se na linguagem coloquial, em lugar do pretérito imperfeito do subjuntivo. Ex.:

Se ela não corre, perdia o ônibus. (corre = corresse, tivesse corrido)

g) Substitui o futuro do subjuntivo na linguagem emotiva, quando há uma ruptura com

as normas gramaticais. Ex.: Se erras, serás castigado. (erras = errares)

i) Para que haja uma uniformidade temporal, deve-se usar o presente do indicativo na

oração principal. Ex.: Se erras, és castigado.

j) Na linguagem culta e mais formal é mais adequado utilizar-se do futuro do subjuntivo

para a oração subordinada e futuro do presente para a oração principal. Ex.: Se errares,

serás castigado.

k) Pode-se usar em lugar do imperativo, para dar uma ordem menos impositiva. Ex.:

Ninguém sai da sala. (sai = saia)

Presente do Indicativo

O presente do indicativo é usado para:

Exprimir uma ação habitual: Não trabalho aos sábados; Dar atualidades a fatos

ocorridos no passado (presente histórico): Deodoro proclama a República em 1889;

Indicar fato futuro bastante próximo, quando se tem certeza de que ele ocorrerá:

Amanhã telefono para você.

Pretérito perfeito

O pretérito perfeito simples indica um fato passado já concluído ou um fato passado já

concluído, mas cujos efeitos ainda perduram. Ex.: Não entendi tais fatos.

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Pretérito imperfeito

a) Indica um fato passado, porém não concluído. Pode ser um fato que se prolongou.

Ex.: Enquanto escrevia, pensava o que falar.

b) Traduz um fato prolongado no passado. É o imperfeito durativo, cursivo ou

progressivo. Ex.: Ela estava sempre quieta.

c) Pode indicar que o fato passado é permanente. É o imperfeito universal. Ex.: Érico

Veríssimo era gaúcho.

d) Acontecia habitualmente no passado. É o imperfeito habitual. Ex.: Dormiam sempre

à mesma hora.

e) Indica um fato passado de maneira vaga. É muito usado nas lendas, contos e histórias

infantis. É o imperfeito histórico ou narrativo. Ex.: Era uma vez ...

f) Emprega-se pelo presente para indicar um pedido de forma cortês. Ex.: Eu precisava

falar contigo.

g) Pode substituir o futuro do pretérito numa forma coloquial. Ex.: Se eu fosse você,

não saía com um frio desses. (saía = sairia)

Na linguagem culta e formal, deve-se respeitar a correspondência temporal. Usa-se o

pretérito imperfeito do subjuntivo para as orações subordinadas e o futuro do pretérito

do indicativo para as orações principais. Ex.: Se eu fosse você, não sairia com um frio

desses.

Pretérito-mais-que-perfeito

a) Exprime um fato passado anterior a outro, da mesma forma, passado. Ex.: Quando

chegamos, ele já lera a carta. (ou igualmente: já tinha lido).

b) Indica um fato vagamente situado no passado. Ex.: Ele obtivera o perdão dos amigos.

(ou: tinha obtido).

c) Pode indicar um fato passado em referência ao momento presente, quando o fato não

é certo. Ex.: Pensáramos que vocês não viessem. (ou: tínhamos pensado)

d) Traduz desejo em frases optativas. Ex.: Quisera eu ter dinheiro.

e) Emprega-se pelo futuro do pretérito. Ex.: Fora injustiça, culpá-lo pelo fato. (fora =

seria).

f) Emprega-se pelo pretérito imperfeito do subjuntivo. Ex.: Não fora o frio, sairíamos.

(fora = fosse).

g) Normalmente usa-se o pretérito-mais-que-perfeito composto. Ex.: Naquele dia, ela

tinha levantado mais cedo. (tinha levantado = levantara)

Futuro do presente

a) Este emprego é mais comum nas frases interrogativas.

b) Anuncia um fato certo no futuro. Ex.: Amanhã viajaremos para a Europa.

c) Indica um fato duvidoso. Ex.: Vocês não estarão enganados?

d) É usado como imperativo e também é muito comum nos enunciados das leis,

contratos e ordens judiciais. Ex.: Art. 28. O condutor deverá, a todo momento, ter

domínio de seu veículo, dirigindo-o com atenção e cuidados indispensáveis à segurança

do trânsito. (Código Brasileiro de Trânsito).

e) Pode indicar um pedido ou uma ordem de forma cortês. É o chamado futuro

apelativo. Ex.: Se eu sair, ficarás aqui.

Futuro do pretérito

a) Exprime um fato futuro que está condicionado a outro. Ex.: Eu viajaria, se tivesse

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dinheiro.

b) Indica um fato posterior a certo momento no passado. Ex.: Vocês disseram que me

apoiariam.

c) Exprime um fato futuro situado no passado. Ex.: Os alunos, naquela ocasião,

afirmaram que me apoiariam.

d) Mostra um fato futuro duvidoso. As frases quase sempre são interrogativas. Ex.:

Seria possível uma coisa dessas?

e) Emprega-se, em lugar do presente, em frases que indicam polidez. Ex.: Pediria que

vocês fizessem silêncio. (pediria = peço)

f) Pode indicar surpresa ou repulsa, em frases exclamativas ou interrogativas. Ex.:

Vocês pensariam mal de mim? Eu lá diria uma coisa dessas!

MODO SUBJUNTIVO

O modo subjuntivo serve para exprimir um fato duvidoso, hipotético, possível, incerto

ou dependente de outro. É empregado nas orações optativas e nas orações subordinadas.

Presente

a) O presente do subjuntivo é o tempo das orações coordenadas alternativas (quer...

quer), e das orações subordinadas substantivas e adjetivas.

b) Indica dúvida, possibilidade. Ex.: Talvez seja ele o criminoso.

c) Emprega-se nas orações optativas e imprecativas. Ex.: Deus lhe pague! Maus ventos

o levem!

Pretérito imperfeito

a) Emprega-se em frases optativas e imprecativas. Ex.: Tivesse eu essa sorte!

b) Forma orações subordinadas substantivas e adjetivas, exprimindo um fato passado,

subordinado a outro simultaneamente passado. Ex.: Pedi que me dessem o dinheiro.

c) Usa-se nas orações subordinadas adverbiais causais, concessivas, finais, condicionais,

etc. Ex.: Se estudassem mais, seriam bons alunos.

d) Exprime um fato hipotético, irreal. Ex.: Falasse a verdade, prejudicar-nos-ia.

Futuro

a) Emprega-se nas orações subordinadas adjetivas. Ex.: Somente será aprovado o

participante que tiver 80% de presenças.

b) É usado em orações subordinadas adverbiais condicionais, conformativas, temporais,

proporcionais, etc. Ex.: Virem-se como puderem.

MODO IMPERATIVO

O modo indicativo indica um fato certo, real, verdadeiro. É utilizado nas orações

coordenadas e nas orações principais.

1.6 PREPOSIÇÃO

Chama-se preposição uma unidade linguística desprovida de independência. Junta-se a

substantivos, adjetivos, verbos e advérbios para marcar as relações gramaticais que elas

desempenham no discurso. Sua função é sempre ser índice da função gramatical do

termo que ela introduz. São conhecidos também como “termos relacionais”. Palavra que

liga duas outras palavras, de forma que o sentido da primeira é completado pela

segunda.

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Principais preposições: a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para,

perante, por, sem sob, sobre, trás.

1. Ela gosta de Belo Horizonte. (une os termos) – imposição do uso, índice de função

sintática.

2. Homem de coragem - aqui a preposição de permite que o substantivo exerça outra

função: adjetivo. Por isso pode ser chamada de transpositor, que é o elemento que faz

com que uma determinada unidade linguística exerça um papel gramatical que não lhe é

próprio. O antecedente, neste caso, é o subordinante, o consequente, o subordinado.

Outros exemplos: livro de história, útil a todos, necessito de ajuda, etc.

Traços semânticos das preposições:

Dinâmico Aproximação ao seu término (a, até, contra, para) Chegada ao limite (a, até, contra)

Mera direção (para)

Afastamento (de, desde) Origem (de)

Afastamento (desde)

Estático ou dinâmico Situação definida e concreta (ante – perante, trás,

sobre, sob)

Horizontal (ante, perante, trás)

Vertical (superior –sobre/inferior -

sob

Situação imprecisa

(com, em, entre,

sem)

Concomitância Positiva (com)

Negativa (sem)

Imprecisão Imprecisão (em)

Posição Intermediária (entre)

Locução prepositiva

Duas ou mais palavras empregadas com valor de preposição. Sempre termina por

preposição. Algumas: ao lado de, além de, depois de, através de, dentro de, abaixo de, a

par de.

a) As preposições podem sofrer combinação e contração.

A combinação ocorre quando não há perda no som (ou fonema) entre:

Preposição + artigo: enviou a carta ao namorado. Preposição + advérbio: Aonde ela quer

chegar?

A contração ocorre quando há perda de som (ou fonema) entre:

Preposição + artigo: A bolsa nova da sua irmã. Preposição + pronome pessoal: Não para

de falar nele. Preposição + pronome demonstrativo: As fotos estão nesta caixa.

Preposição + advérbio: Você estuda daí para frente.

De

Combina-se com: a) Artigo definido masculino e feminino (do, da, dos, das); b) Com

artigo indefinido, mas é menos frequente (dum, duns, duma, dumas); c) Com o pronome

demonstrativo (daquele (s) daquela (s), daquilo, desse (s), dessa (s), disso e disto); d)

Com o pronome pessoal (dele (s), dela (s)); e) Com o pronome indefinido (doutro(s)

doutra (s)); f) Com advérbio (daí, daqui, dali...).

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Em

Combina-se com: a) com o artigo definido: no (s), na (s); b) com o artigo indefinido:

num (s), numa (s); c) com o pronome demonstrativo: naquele (s), naquela (s) naquilo; d)

com o pronome pessoal: nele (s), nela (s).

Per

Combina-se com: a) com as formas antigas do artigo definido: pelo (s), pela (s).

Posição na oração

Graças a disponibilidade de disposição das palavras dentro de uma oração, às vezes a

preposição se localiza em outra posição que não entre o termo subordinado e o

subordinante. Ex.: Por lá todos passaram. (subordinado e subordinante); Os primos

estudaram com José. (subordinante e subordinado); Com José os primos estudaram.

(subordinado e subordinante).

1.7 CONJUNÇÃO

São palavras que relacionam entre si: dois elementos da mesma natureza – substantivos,

adjetivos, advérbios, orações; duas orações de natureza diversa, das quais a que começa

pela conjunção completa a outra ou lhe junta uma determinação. As conjunções são

palavras invariáveis que unem termos de uma oração ou unem orações. Elas podem

relacionar termos de mesmo valor sintático ou orações sintaticamente equivalentes –

orações coordenadas – ou podem relacionar uma oração com outra que nela

desempenha função sintática – uma oração principal e outra subordinada. As conjunções

são unidades que reúnem orações num mesmo enunciado. Podem ser chamadas também

de conectores.

Conjunções coordenadas

a) Reúnem orações que pertencem ao mesmo nível sintático: são independentes umas

das outras e podem, por isso, aparecer em enunciados separados. Ex.: Pedro fez

concurso para medicina e Maria se prepara para a mesma profissão.

b) Podem unir duas unidades menores que a oração, desde que do mesmo valor

funcional dentro de mesmo enunciado. Ex.: Pedro e Maria; ontem e hoje; com e sem

dinheiro; saiu e voltou.

Aditivas: positivos (e) negativos (nem). Ex.: O velho teme o futuro e se abriga no

passado; não emprestes o seu nem o alheio.

Deve-se observar a relação semântica desses conectivos: Rico e inteligente; Rico e

desonesto (ideia de contradição).

Alternativas: por excelência (ou) valor alternativo, quer para exprimir a

incompatibilidade de conceitos envolvidos, quer para exprimir a equivalência desses

termos. Ex.: Quando a cólera ou o amor nos visita, a razão se despede.

Outras classificações incluem os advérbios (já, bem, ora) ou formas verbais

imobilizadas (quer... quer, ora... ora, seja... seja), mas que não são conectores, portanto

não são conjunções. Os verbos inclusive flexionam. Ex.: Sempre discordam de tudo,

sejam as discordâncias ligeiras, sejam de peso.

Adversativas: por excelência (mas, e, porém – oposição; senão - incompatibilidade).

As conjunções adversativas unem apenas duas relações, ao contrário das aditivas e

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alternativas, que unem até mais de duas relações. Ex.: Acabou-se o tempo das

ressurreições, mas continua o das insurreições.

Nesse caso, não seriam conjunções coordenativas as seguintes unidades adverbiais:

(Pois, logo, portanto, entretanto, contudo, todavia, não obstante), além das explicativas

(pois, porquanto), das conclusivas (pois, [posposto], logo, portanto, então, assim, por

conseguinte) e contudo, entretanto, todavia como adversativas.

Conjunções subordinadas

a) Seu objetivo é assinalar que a oração que poderia ser sozinha no enunciado se insere

em outro mais complexo e perde a característica de enunciado independente. Ex.:

Soubemos que vai chover.

b) Passa de oração à condição de palavra, objeto direto do núcleo verbal soubemos.

c) Pelo fato de fazer com que um termo passe a funcionar como outro termo, a

conjunção subordinativa é um transpositor, como o pronome relativo que, fazendo com

que uma determinada construção passe de oração a adjetivo e a preposição, como em

“Ninguém é de ferro”, fazendo com que substantivo passe a adjetivo. Prova disso é a

compatibilidade em exemplos como: Não foram ao mesmo cinema e, portanto, não se

poderiam encontrar; não queremos pensar na morte, e por isso nos ocupamos tanto da

vida.

Locuções conjuntivas

Causais: que (porque), porque, como (porque) – sempre anteposta a sua oração

principal – visto que, visto como, já que, uma vez que (com verbo no indicativo), desde

que (com o verbo no indicativo). Ex.: A memória dos velhos é menos pronta porque o

seu arquivo é muito extenso; como ia de olhos fechados, não via o caminho.

Comparativas: como ou qual, podendo estar em correlação com assim ou tal postos na

oração principal, ou ainda aparecer assim como. Ex.: O medo é arma dos fracos, como a

bravura a dos fortes; o jogo, assim como o fogo, consome pouco; nada incomoda tanto

os homens maus como a luz; o orgulho do saber é talvez o mais odioso que o do poder;

tempos há em que é menos perigoso mentir que dizer verdades.

Concessivas: ainda que, embora, posto que, se bem que, apesar de que. Ex.: Ainda que

perdoemos aos maus, a ordem moral não lhes perdoa, e castiga a nossa indulgência.

Condicionais: se, caso, sem que, uma vez que (com o verbo no subjuntivo), desde que,

dado que, contanto que. Ex.: Se os homens não tivessem alguma coisa de loucos, seriam

incapazes de heroísmo; se as viagens simplesmente instruíssem os homens, os

marinheiros seriam os mais instruídos.

Conformativas: como, conforme, seguindo, consoante. Ex.: Tranquilizei-a como pude;

fez os exercícios conforme o professor determinou.

Consecutivas: tal, tanto, tão, tamanho. Ex.: Os povos exigem tanto dos seus validos,

que estes em breve tempo se cansam; os vícios são tão feios que, ainda enfeitados, não

podem inteiramente dissimular.

Finais: para que, a fim de que, que (para que), porque (para que). Ex.: Levamos ao

Japão os nossos sonhos, para que outros fossem mais felizes.

Proporcionais: à medida que, à proporção que, ao passo que, (tanto mais)... quanto

mais, (tanto mais)... quanto menos, (tanto menos)... quanto mais, (tanto mais), menos.

Ex.: O anão quanto mais alto sobe, mais pequeno se afigura.

Temporais: antes que, primeiro que, depois que, quando, logo que, assim que, desde

que, eis que, (eis) senão quando, eis senão que, quando, todas as vezes que, (de) cada

vez que, sempre que, enquanto, até que, agora que, hoje que, a primeira vez que. Ex.:

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Quando disse isso, ninguém acreditou; logo que saíram, o ambiente melhorou; passeou

até que se sentisse esgotado; agora que tudo acabou, poso pensar mais tranquilamente.

* Que excessivo: enquanto que, apenas que, embora que, mal que. Ex.: Porque a ciência

é mais lenta, enquanto que a imaginação é mais vaga.

Ou depois de expressões temporais. Ex.: Desde aquele dia que o procuro.

1.8 ADVÉRBIO

Palavras que se referem principalmente ao verbo, dando ideia de lugar, tempo, modo,

causa. Indica as circunstâncias em que se dá a ação verbal. São classificados de acordo

com seu valor semântico. Não modifica apenas o verbo. Os de intensidade podem

acompanhar, além de verbos, substantivos, adjetivos e advérbios. Podem, ainda, se

referir a uma oração inteira. Ex.: O menino tem olhos muito expressivos; a vida lhe

corre muito bem; hoje não irei lá.

Expressão modificadora que por si só denota uma circunstância e desempenha na oração

a função de adjunto adverbial. Constituído por uma palavra de natureza nominal ou

pronominal e se refere geralmente ao verbo, mas não só: dentro de um grupo unitário

pode se referir a um adjetivo ou advérbio (neste caso como intensificador), ou mesmo a

uma declaração inteira. Ex.: José escreve bem – ao verbo; José é muito bom – ao

adjetivo; José escreve muito bem – ao advérbio; Felizmente, José chegou – a toda

declaração, revelando o juízo pessoal do enunciador do discurso.

Circunstâncias do advérbio ou da locução

Em geral o advérbio não se refere somente ao verbo, daí sua mobilidade na oração.

Alguns são mais determinados pela relação léxico-semântica (caso dos advérbios de

tempo e lugar), outros pela colocação na oração (caso dos demonstrativos, relativos e

interrogativos).

Tempo: ontem,

hoje

Modo: bem, mal

Lugar: aqui, acolá

Dúvida:

possivelmente, quiçá

Condição: só com

autorização

Afirmação:

efetivamente, decerto

Causa: morrer de fome Negação: não, nem,

tampouco

Concessão: apesar

do escuro

Intensidade: mais

depressa

Conformidade:

conforme lhe indicou

Assunto: conversar

sobre

Companhia: sair

com

Instrumento:

escreve com lápis

Fim: para a festa

A depender do uso, estes também se incluem:

Inclusão: Ninguém veio,

mesmo o irmão.

Exclusão: Só Deus é imortal.

Situação: mas que felicidade,

pois não é que ele veio...

Retificação: Comprei cinco,

aliás, três galinhas.

Designação: eis o projeto de

homem.

Realce: nós é que somos

baianos.

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Expletivo (partícula

expletiva): Eu sei lá o que foi

que ela disse. Veja só isso!

Explicação: Era três, a saber:

Carla, Paula, Luana.

Flexão

Invariáveis em gênero e número. Ex.: Menos pessoas naquela fila.

Podem sofrer variação de grau – grau de qualidade como os adjetivos.

ATENÇÃO PARA:

As formas verbais mais bem e mais mal, podem ser empregadas desde que juntas a adjetivos

representados por particípios. Ex.: Os meninos estavam mais bem informados do que há um

ano.

Locução adverbial

Prep + subst (claro ou subentendido). O que acontece, na realidade, é que a preposição

prepara o substantivo para uma função que não lhe é própria: o valor e o emprego de

advérbio. Esses substantivos podem estar no masculino ou feminino, singular ou plural,

de acordo com o uso tradicional. Alguns: Com efeito, de graça, às vezes, em silêncio,

por prazer, sem dúvida.

Em alguns casos, o substantivo vem acompanhado de outro elemento, e, em expressões

fixas, pode ser omitido. Alguns usos: Na (referência anterior) verdade, de nenhum

(outro) modo, em (tempo) breve, à direita, à francesa.

Em outros casos, a preposição é que é omitida. Ex.: Esta semana teremos prova. (nesta

semana); Mochila ao ombro, percorreu o salão. (de mochila).

Função sintática dos advérbios

Alguns se comportam como modificador de substantivo, não tanto quanto substância,

mas como qualidade dessa substância. Ex.: Chico é verdadeiramente cantor; Pessoas

assim não merecem a nossa atenção. Alguns funcionam como predicativo, assim como

os adjetivos. Ex.: A vida é assim.

1.9 PRONOME Conectivos são elementos importantes na escrita, visto que seu uso adequado pode

definir o sentido de um texto. Praticamente todas as classes gramaticais podem exercer

essa função, no entanto as preposições, conjunções e pronomes efetivamente

estabelecem uma relação sintática indispensável para a construção discursiva.

Os pronomes podem ser definidos como referentes de pessoa. São palavras que

substituem ou acompanham outras palavras, principalmente os substantivos. Elementos

essenciais para a coesão, e, consequentemente, a coerência de um texto. Podem, ainda,

remeter a palavras, orações e frases expressas anteriormente. Pronomes substantivos

funcionam como substantivos. Pronomes adjetivos funcionam como adjetivos.

Ex.: Esta caneta é mais durável que a outra.

Pron. Adj. Pron. Subst.

Pronomes Pessoais

Designam diretamente uma das pessoas do discurso. Classificam-se em:

Retos: eu, tu, ele(a), nós, vós, eles(as). Exercem a função de sujeito ou predicativo do sujeito.

Ex.: Eu não cansei de gritar.

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Oblíquos: me, te, o, a, lhe, se, nos, vos, os, as, lhes, se, etc. Exercem a função de complemento.

Ex.: Há anos ele não se move tão rápido.

EQUIVALÊNCIA

Pronomes Pessoais

Número Pessoa Retos

Oblíquos

Átonos - usados sem prep. Tônicos - usados com prep.

Singular

1ª eu Me mim, comigo

2ª tu Te ti, contigo

3ª ele/ela o, a, lhe, se si, ele, ela, consigo

Plural

1ª nós nos nós, conosco

2ª vós vos vós, convosco

3ª eles/elas os, as, lhes, se si, eles, elas, consigo

Atenção para:

O pronome reflexivo é o pronome oblíquo que se refere ao mesmo ser indicado pelo pronome

reto. Ex.: Feri-me com a tesoura.

Os pronomes oblíquos o, a, os, as passam a lo, la, los, las, após formas verbais

terminadas em r, s, z. Quanto às formas no, na, nos, nas, após fonemas nasais – am, em,

õe, etc. Ex.: Põe os livros ali – Põe-nos ali; Vou fazer uma brincadeira – Vou fazê-la.

Quando, numa oração, ocorrem dois pronomes átonos, um objeto direto e outro indireto,

eles podem combinar-se. Ex.: Devolveram-me o lápis. Devolveram-mo.

Atenção para:

Eu – mim Eu – tu: função de sujeito Mim e ti: outras funções

Portanto, deve-se, além de observar o verbo, considerar que EU e TU não podem vir regidos de

preposição e desempenhar função de complemento. Ex.: O senhor diz para eu estudar. Já no

caso de mim e ti, observar que, quando na função de complemento, são regidos por uma

preposição. Ex.: Compra para mim aquele carro; Não há mais nada entre mim e você. (adj adv);

Os meninos trouxeram pão para ti. (O.I.)

Si e consigo só podem ser utilizados como reflexivos na terceira pessoa. Ex.: Ela só fala

de si mesma./ Trouxe o cachorro consigo.

Quanto a comigo, contigo, conosco, convosco, são utilizados normalmente. Ex.: Ela

saiu comigo/conosco.

Com vós e com nós são empregados quando reforçados por OUTROS, MESMOS,

PRÓPRIOS, TODOS, AMBOS, ou qualquer numeral. Ex.: Ela já saiu com nós todos.

Função sintática dos pronomes pessoais

Os pronomes pessoais são sempre pronomes substantivados. Os retos: sujeito e

predicativo do sujeito. Os oblíquos – átonos ou tônicos – objeto direto ou indireto.

Como objeto direto: o, a, os, as. Indireto: lhe, lhes. Direto e indireto: me, ti, se, nos, vos,

dependendo da predicação do verbo que completam. Ex.: Convidou-me/os a sair. –

Direto; Emprestaram-me/lhe os livros – Indireto.

Os tônicos são sempre precedidos de preposição. Sua função é determinada a partir da

predicação do verbo ou nome ao qual servem de complemento. Ex.: Carla é fiel a ele.

(C.N.); A aula foi ministrada por mim. (ou eu ministrei a aula) – Agente da passiva

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Quando o pronome oblíquo equivaler a um pronome possessivo, exercerá a função de

adjunto adnominal. Ex.: Rasgara-me o livro (adj. adn.)/ Rasgaram o meu livro. (adj.

adn.).

Pronomes de tratamento

São palavras e expressões empregadas para tratar familiar ou interlocutor de maneira

mais formal. Exigem verbo e pronome na terceira pessoa, apesar de se referirem a

segunda pessoa. Ex.: Você se esqueceu do nosso encontro./ Vossa Ex.ª trouxe os

documentos?

Sua – vossa: Quando estiver falando diretamente com o interlocutor, utilize VOSSA.

Quando se referir a ele, SUA.

Tu – você: Na norma padrão, o importante é não misturar.

Formas de tratamento

Tratamento Abrev. Usado para

Você V. pessoas com quem temos intimidade

Vossa Alteza V.A. príncipes, duques

Vossa Eminência V. Em.ª Cardeais

Vossa Excelência V. Ex.ª altas autoridades do governo e das forças armadas

Vossa Magnificência

V.

Mag.ª reitores de universidades

Vossa Majestade V. M. reis, imperadores

Professor, (a)

Prof.

Prof.a -

Vossa Senhoria V. S.ª func. púb. graduados, oficiais - até Cel, pessoas de cerimônia

Senhor, senhora Sr. Sra. geralmente pessoas mais velhas- senhorita caiu em desuso

Pronomes possessivos

São aqueles que indicam posse às três pessoas do discurso. Pode ser pronome

possessivo adjetivo ou pronome possessivo substantivo. Ex.: Sua inteligência vai ficar

maior ainda. – adjetivo; Minha mochila é mais nova que a sua. – substantivo.

Pronomes possessivos

Singular Plural

Número Pessoa Masc. Fem. Masc. Fem.

Singular

1ª meu minha meus minhas

2ª teu tua teus tuas

3ª seu sua seus suas

Plural

1ª nosso nossa nossos nossas

2ª vosso vossa vossos vossas

3ª seu sua seus suas

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Pronomes demonstrativos

Situam pessoas ou coisas em relação às três pessoas do discurso, que pode ser dar no

tempo, espaço, ou no próprio texto. Podem ser pronomes demonstrativos substantivos

ou pronomes demonstrativos adjetivos. Ex.: O que é isto?/ Você deveria usar esta

roupa hoje.

Pronomes demonstrativos

Pessoas Variáveis

Invariáveis

Masc. Fem.

Sing. Plural Sing. Plural

1ª Este estes esta estas Isto

2ª esse esses essa essas Isso

3ª aquele aqueles aquela aquelas Aquilo

Atenção para:

São demonstrativos, também, o, a, os, as, quando equivalem a isto, isso, aquele, aquela,

aqueles, aquelas.

Mesmo e próprio quando reforçam pronomes pessoais ou fazem referência a algo expresso

anteriormente.

Tal e semelhante quando equivalem a esse, essa, aquela. Ex.: Imagino o que ela já conseguiu:

aquilo./ Eu mesma vi./ Em tais casos é preciso atenção: esses.

IMPORTANTE!!!

Para não errar no emprego dos pronomes, considerar ao quê ou a quem se refere. Seja espaço,

tempo, em relação ao falado ou escrito ou ao que se vai falar ou escrever: este (a, s) esse (a, s)

aquele (a, s), isto, isso.

Pronomes indefinidos

Aqueles que se referem a substantivos de modo vago, impreciso ou genérico. Variáveis

flexionam em gênero e número. Invariáveis não flexionam. Podem ser pronomes

indefinidos substantivos ou adjetivos.

Ex.: Certos meninos agem como se nada fosse lhes acontecer.

Adj. Subst.

Aparecem, ainda, na forma de locuções: cada um, cada qual, qualquer um, seja qual for,

seja quem for, todo aquele que, etc.

Pronomes Indefinidos

Variáveis Invariáveis

algum, nenhum, todo, alguém, ninguém, tudo,

outro, muito, pouco, certo, outrem, nada, cada, algo

vário, tanto, quanto, qualquer

Pronomes Interrogativos

São os pronomes indefinidos que, quem, qual e (o) que, quando em frases

interrogativas. Podem ser substantivos ou adjetivos e aparecer tanto em perguntas

diretas quanto em indiretas. Ex.: Que horas são?

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Função sintática dos pronomes interrogativos

Possessivos, demonstrativos, indefinidos e interrogativos, quando são adjetivos,

exercem a função de adjunto adnominal. Quando substantivos, as funções dos

substantivos.

Ex.: Ninguém imaginava quem era aquele ilustre visitante.

Suj./pron. sub. Suj./ pron. Subst. ad.adn./pron. Dem. adj.

Pronomes relativos

Aqueles que ligam duas orações, substituindo na segunda um termo já citado na

primeira.

Pronomes Relativos

Variáveis Invariáveis

Masc. Fem.

Sing. Plural Sing. Plural Que

o qual os quais a qual as quais Quem

cujo Cujos cuja Cujas Onde

quanto Quantos . quantas

Podem ser precedidos ou não por preposições. Ex.: Enviei a eles coisas que eu mesma

fiz./ O menino a quem você pediu favores morreu.

Função sintática dos pronomes relativos

Eles representam um antecedente e servem de elemento de subordinação na oração que

iniciam. Por isso, podem ser: sujeito, objeto direto, indireto, predicativo, adjunto

adnominal, adverbial, complemento nominal e agente da passiva.

O pronome relativo cujo funciona geralmente como adjunto adnominal, o relativo onde,

como adjunto adverbial. Ex.: O carro custa caro. Eu preciso do carro. (O.I.); O carro de

que preciso custa caro. (O.I.)

COLOCAÇÃO PRONOMINAL

Os pronomes átonos são os seguintes: me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, os, as, lhes,

servindo de complemento para o verbo. Ocupam três posições: próclise, mesóclise e

ênclise.

Próclise

Em frases negativas. Ex.: Não me viram na rua.

Em orações interrogativas. Ex.: Quem o viu ontem?

Com pronomes indefinidos. Ex.: Muitos se candidataram ao cargo de prefeito.

Com pronomes pessoais, do caso reto. Ex.: Eu os vi caminhando.

Após pronomes relativos. Ex.: Não me satisfiz com o que me disseram.

Com conjunções subordinativas. Ex.: Disseram que, quando se deu conta do crime, se

arrependeu amargamente.

Em frases exclamativas. Ex.: Como se cansou!

Mesóclise

Com verbos no futuro do presente. Ex.: Dar-lhe-emos o dinheiro.

Com verbos no futuro do pretérito. Ex.: Dar-me-iam o dinheiro, se pudessem.

Ênclise

Com verbos que iniciam uma oração. Ex.: Dei-lhe o dinheiro.

Com verbos no imperativo afirmativo. Ex.: Por favor, traga-me o livro.

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Colocação Pronominal com locuções verbais

Se o segundo verbo estiver no infinitivo ou no gerúndio, pode-se usar o pronome antes

do verbo auxiliar, ou depois dele, ou depois do principal. Ex.: O candidato se deve

retirar do recinto. O candidato deve-se retirar do recinto. O candidato deve retirar-se do

recinto. Os candidatos se foram retirando do recinto. Os candidatos foram-se retirando

do recinto. Os candidatos foram retirando-se do recinto.

Se o segundo verbo estiver no particípio, o pronome pode vir antes do verbo auxiliar ou

depois do verbo auxiliar. Ex.: O aluno se tem comportado bem. O aluno tem-se

comportado bem.

Conjugação dos verbos com pronome em ênclise

Com o pronome lhe(s), o verbo, na primeira pessoa do plural, não sofre modificação.

Ex.: Enviamos-lhe(s) ... Informamos-lhe(s) ...

Com o pronome reflexivo, elimina-se o s da primeira pessoa do plural, mas o s da

segunda pessoa do plural permanece. Ex.: Subscrevemo-nos ... Esquecemo-nos ...

Subscreveis-vos ... Comprometeis-vos ...

Com os pronomes átonos o(s) e a(s), há as seguintes modificações:

Se o verbo terminar em r, s ou z, essas consoantes caem e o pronome toma a forma de

lo(s) ou la(s). Ex.: informar + o = informá-lo; quis + o = qui-lo; refiz + o = refi-lo.

Se o verbo terminar em m, ão ou õe, o pronome muda para no(s) ou na(s). Ex.:

comunicaram + o = comunicaram-no; dão + o = dão-no; põe + o = põe-no.

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TÓPICO 2: Operadores do discurso na língua escrita – acentuação e

pontuação

Alguns operadores discursivos são transpostos da língua falada para a língua escrita.

Esse vetor é importante, mas não pode ser utilizado como regra, já que a língua escrita

obedece à norma padrão regida pela gramática. A pronúncia pode balizar a redação de

um texto, mas não é possível reproduzi-la com exatidão.

Desse modo, a acentuação e pontuação representam, no texto, o papel primordial de

conferir-lhe um sentido específico, no caso da pontuação, e um significado preciso, no

caso da acentuação.

Sobre a acentuação, a regra geral é simples e partem da tonicidade das palavras. É

importante esclarecer que TODAS as palavras são acentuadas, no entanto apenas

algumas recebem acento gráfico. Isso acontece porque é preciso, em cada caso, marcar

mais fortemente essa tonicidade.

Regras gerais de acentuação gráfica

1. Proparoxítonas - todas são acentuadas: número, próximo, rápido.

2. Paroxítonas - são acentuadas as terminadas em: ps - bíceps,

fórceps

i, is – táxi(s), biquíni(s),

júri(s), lápis

us, uns, um - bônus, vírus,

álbuns, álbum

en, on - hífen, pólen,

nêutron, elétron

ã(s), ão(s) -

ímã(s), órgão(s)

r - mártir, repórter,

líder, flúor

l - nível, fácil, móvel,

elegível

x - tórax, fênix, látex

ons - elétrons,

íons, nêutrons

ditongos crescentes

seguidos ou não de s -

injúria(s), lírio(s),

colégio(s), série(s)

ditongos decrescentes

terminados em ei ou eis -

jóquei, úteis, lêsseis,

mísseis

Observação:

Não são acentuadas as palavras terminadas em ens. Ex.: jovens, hifens, itens.

3. Oxítonas - são acentuadas as terminadas em: a(s) – gambá(s), sabiá(s),

alvará(s), atrás

e(s) – você(s), café(s), revés,

clichê(s), inglês

o(s) - após, avô, avó(s),

propôs, bibelô(s)

em: armazém, alguém, também

ens - reféns, parabéns, reténs

Observação:

Não são acentuadas as palavras terminadas em i(s) ou u(s) (antecedidas de consoantes ou com

som de consoantes). Ex.: aqui, saci(s), zebu(s), bambu(s).

Monossílabos tônicos

São acentuados os monossílabos tônicos terminados em:

a(s) – má(s), pá(s), chá, dá(s),

vá(s)

e(s) - fé, pé(s), dê(s), vê(s),

mês

o(s) - pó, nós, vós, pôs

Observação:

Não são acentuados os monossílabos tônicos terminados em i(s) ou u(s) (antecedidos de

consoantes). Ex.: vi, ri(s), bis, cru(s), tu.

Ditongos abertos São sempre acentuados os ditongos abertos éi, éu e ói em palavras oxítonas e nos

monossílabos tônicos. Ex.: anéis, fiéis, papéis, céu, ilhéu, chapéu, anzóis, herói(s),

constrói(s), dói.

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Observação:

Com o novo Acordo Ortográfico, não são mais acentuados os ditongos abertos ei e oi nas

palavras paroxítonas. Ex.: assembleia, ideia, plateia, boia, heroico, jiboia, paranoico.

Hiatos

a) As vogais i e u tônicas são acentuadas quando, antecedidas de outra vogal, formam

sílaba sozinhas ou seguidas de s em palavras paroxítonas e oxítonas. Ex.: baú(s), caí,

Camboriú, destruí, gaúcho(s), Itajaí, Luís, país, saúde.

b) São acentuadas as palavras oxítonas quando as vogais i e u tônicas são precedidas de

ditongo. Ex.: Piauí.

Observações:

1- Não são acentuadas as vogais i e u, seguidas de nh. Ex.: tainha, moinho.

2- Não são acentuadas quando formam sílaba com l, m, n, r ou z. Ex.: Raul, ruim, ainda, ruir,

juiz.

3- Em palavras paroxítonas, a partir de 2009, não são acentuadas as vogais i e u quando

precedidas de ditongo. Ex.: feiura, baiuca.

Atenção!

Com o novo Acordo Ortográfico, quando há hiato das vogais idênticas ee e oo, a primeira vogal

é tônica, no entanto não são mais acentuadas. Ex.: creem, deem, leem, veem, perdoo, voo.

Acentuação de verbos

Verbos ter e vir, terceira pessoa (presente do indicativo, singular e plural).

Singular Plural

Ele tem

Ele vem Eles têm

Eles vêm

Verbos derivados de ter e vir, terceira pessoa

(presente do indicativo, singular e plural).

Verbos crer, dar, ler e ver (e seus derivados).

Singular Plural Singular Plural

Ele retém

Ele mantém

Ele contém

Ele provém

Ele intervém

Eles retêm

Eles mantêm

Eles contêm

Eles provêm

Eles intervêm

Ele crê

Ele lê

Ele vê

Que ele dê

Eles creem

Eles leem

Eles veem

Que eles deem

As formas verbais seguidas dos pronomes pessoais oblíquos -lo, -la, -los e -las seguem

as regras de acentuação gráfica. Ex.: amá-la, dizê-lo, compô-lo, vê-las, pô-lo, atraí-la,

substituí-los.

Acento diferencial

Com o novo Acordo Ortográfico, somente mantiveram o acento diferencial nas

seguintes palavras: pôr (verbo) - por (preposição); pôde (v. pret. perfeito) - pode

(presente do indicativo)

Trema e acento agudo abolidos com o novo Acordo

Nos grupos gue, gui, que e qui, quando o u é pronunciado e átono, não se usa mais o

trema. Ex.: aguentar, arguir, enxágue(s), consanguíneo, ensanguentado, delinquência,

iniquidade.

Atenção!

Se o u é pronunciado e tônico, o acento agudo deixa de ser usado. Ex.: averigue, apazigue,

arguem. Não se pronuncia o u depois de g e q nas seguintes palavras: distinguir, exangue,

extinguir, adquirir, equiparar, equívoco, extorquir, inquérito, inquirir, sequioso. Dos verbos

terminados em guir, somente pronuncia-se o u em arguir e redarguir.

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Dúvidas de pronúncia quanto à acentuação:

a) São oxítonas as seguintes palavras: cateter, chanceler, condor, hangar, Nobel, recém,

refém, ruim, sutil.

b) São paroxítonas as palavras: algaravia, avaro, batavo, caracteres, circuito, edito (lei,

decreto), erudito, filantropo, gratuito, ibero, intuito, maquinaria, misantropo,

necromancia, perito, pudico, recorde, rubrica.

c) São proparoxítonas as seguintes palavras: álibi, antídoto, bígamo, crisântemo, édito

(ordem judicial), epíteto, êxodo, ímprobo, ínterim, pântano, protótipo.

d) As seguintes palavras admitem dupla tonicidade: Acróbata ou acrobata; autópsia ou

autopsia; hieróglifo ou hieroglifo; homília ou homilia; necrópsia ou necropsia; Oceânia

ou Oceania; projétil ou projetil; réptil ou reptil.

Acentuação de nomes próprios

Os nomes próprios seguem as regras de acentuação. Ex.: Cláudio, Antônio, José, Luís,

Luísa, Cármen, Álvaro, César, Patrícia, Aníbal, Válter, André, Nélson, Estêvão, Taís.

Abreviaturas

Mantém-se o acento gráfico nas sílabas de palavras abreviadas. Ex.: séc. (século), Álg.

(Álgebra), Mús. (Música), Exérc. (Exército), Quím. (Química).

ORIENTAÇÕES SOBRE PONTUAÇÃO

Os sinais de pontuação têm por finalidade assinalar pausas, separar expressões que

devem ser destacadas e esclarecer o sentido da frase.

Vírgula

Usa-se a vírgula nos seguintes casos:

a) Para separar termos de mesma função sintática. Ex.: Comprou doces, chocolates,

balas e frutas.

b) Para separar o vocativo. Ex.: Acreditamos, meus amigos, que tudo vá se resolver.

c) Para separar aposto. Ex.: Érico Veríssimo, famoso escritor gaúcho, é autor de O

Tempo e o Vento.

d) Para separar expressões explicativas. Ex.: Este trabalho, por exemplo, está

incompleto. Li o livro, isto é, reli-o.

e) Para separar, nas datas, o nome de lugar. Ex.: Florianópolis, 20 de setembro.

f) Para marcar a supressão intencional de um verbo. Ex.: Uns trabalham pela manhã;

outros, à noite.

g) Para isolar orações intercaladas. Ex.: Acredito, afirmou a mulher, que ele voltará.

h) Para marcar adjuntos adverbiais antecipados. Ex.: Dois anos atrás, viajou para a

Itália.

i) Para separar conjunções adversativas e conclusivas deslocadas. Ex.: Estudou muito;

não pôde, porém, fazer a prova.

j) Para separar orações coordenadas assindéticas. Ex.: Chegou, olhou para os lados, não

disse nada, saiu.

k) Para separar orações coordenadas sindéticas adversativas. Ex.: Chegou, mas já saiu.

l) Para separar orações sindéticas explicativas. Ex.: Fique aqui, pois não vai demorar.

m) Para separar orações coordenadas sindéticas alternativas. Ex.: Ora conversam, ora

trabalham.

A conjunção ou não apresenta um padrão quanto ao uso da vírgula, que pode ser

facultativo.

a) Para separar orações coordenadas sindéticas aditivas iniciadas pela conjunção e,

quando houver sujeitos diferentes. Ex.: Ele prometeu que viria, e eu acreditei.

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b) Para separar orações subordinadas adverbiais desenvolvidas ou reduzidas. Ex.:

Oração desenvolvida → Quando apagaram as luzes, as crianças adormeceram. Oração

reduzida → Apagadas as luzes, as crianças adormeceram.

c) Para separar orações subordinadas adjetivas explicativas. Ex.: O leão, que é um

animal feroz, vive na floresta.

Sem vírgula

a) Separando verbo do sujeito. Ex.: O Ministro da Educação chega a Florianópolis.

b) Separando verbo dos complementos. Ex.: Solicitou ao Ministro da Agricultura mais

subsídios para o plantio do trigo.

c) Antes da oração subordinada substantiva. Ex.: Os jornais afirmam que a crise do

petróleo está chegando ao final.

d) Antes de complemento nominal. Ex.: Sempre insiste na obediência às normas de

trânsito.

e) Antes de orações adjetivas restritivas. Ex.: O homem que fala a verdade é quase

perfeito.

Pontuação com etc.

[...] pode-se omitir a pontuação antes de etc., mas a praxe é empregá-la.

Ponto e vírgula

Emprega-se ponto e vírgula para os seguintes casos:

a) Separar os diversos itens de considerandos, decretos, sentenças, leis, portarias,

petições e enumerações. Ex.: “As penas se dividem em: privativas de liberdade;

restritivas de direito; pena de multa; medida de segurança.” (BOLOGNESI, 2002, p.

348).

b) Separar orações coordenadas com sentidos opostos. Ex.: Uns dormiam; outros

acordavam.

c) Separar, numa série, orações que já tenham vírgula. Ex.: Inicialmente, houve algumas

reclamações; já todos, sem exceção, esperavam briga; depois, aos poucos, tudo se

acalmou.

Dois-pontos

a) Para anunciar a fala de alguém. Ex.: A mulher disse: – Não gosto de trabalhar.

b) Antes de uma citação. Ex.: Disse Francis Bacon: “O dinheiro é como o esterco: só é

bom se for espalhado”.

c) Antes de uma enumeração explicativa. Ex.: Duas coisas te perturbam a vida: o jogo e

a bebida.

d) Antes de uma reflexão ou resumo. Ex.: Acaba com essas explicações: estás perdendo

tempo.

e) Depois do vocativo, nas correspondências. Ex.: Senhor Diretor:

Aspas

Usam-se as aspas:

a) Na transcrição literal de um texto. Ex.: “Todo mal é desarmonia entre o homem e a

natureza, o homem e os homens ou o homem e ele mesmo” (PLATÃO).

b) Para denotar ironia. Ex.: Ele é uma pessoa “muito inteligente”.

c) Quando já se faz uso das aspas e outra citação se faz necessária, deve-se usar as aspas

simples. Ex.: Segundo aquele pedagogo, “os erros e falhas ‘do paciente’ resguardam

uma má formação escolar”.

Parênteses

Os parênteses são usados:

a) Para isolar palavras ou orações explicativas. Ex.: Após o ocorrido (que espero não se

repetir), todos devem ter mais cuidado.

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b) Para ocupar o lugar de vírgulas, dando mais ênfase à expressão e evitando

ambiguidade. Ex.: O homem (em oposição aos animais) também desenvolve na

linguagem uma forma de arte.

Travessão

Usa-se o travessão:

a) Para indicar que alguém está falando. Ex.: A criança dizia: – Gosto de doces.

b) Para separar palavras ou frases explicativas, intercaladas. Ex.: O governador de Santa

Catarina – o Estado mais afetado pelas chuvas – declarou que a situação era grave.

c) Para destacar a parte final de um enunciado. Ex.: Era uma noite de gala – entrega de

prêmios.

d) Para indicar rotas. Ex.: A estrada Porto Alegre – Florianópolis.

Reticências

As reticências são usadas:

a) Para indicar uma hesitação na frase ou mesmo a falta de conclusão de uma ideia. Ex.:

Ela não sabia...

Colchetes

a) Entre [...] para indicar que uma citação foi interrompida e depois retomada. Ex.: “A

escrita, que parece dever fixar a língua, é justamente o que a altera; [...]; substitui a

expressão pela exatidão. ” (ROUSSEAU)

b) Para isolar o termo latino [sic] (= assim) que indica algo estranho ou errado no texto

original.

c) Na transcrição, indica interpolação, inclusão de palavras. Ex.: É de Stanislaw Ponte

Preta [pseudônimo de Sérgio Porto] a obra Rosamundo e outros.

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TÓPICO 3: O verbo como centro de uma oração – formação de frases,

orações e período

Frase É um enunciado que possui sentido completo. Seu propósito é gerar comunicação. Pode,

portanto, ser formada por uma palavra ou várias, ter verbos ou não. Ex.: O amor é

eterno.

Oração

A oração, por sua vez, necessariamente requer a presença do verbo. A partir das

perguntas que se faz ao verbo, é possível identificar os demais elementos que compõem

a oração. Ex.: Camila terminou a leitura do livro.

Período

Constituído de uma ou mais orações, o período pode ser simples ou composto. O

período simples é constituído de uma só oração, a oração absoluta. O período composto

é constituído por duas ou mais orações. Ex.: Cheguei, jantei e fui dormir; Quando você

partiu minha vida ficou sem alegrias.

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TÓPICO 4: Relações sintáticas: regência verbal

A regência verbal estuda a relação dos verbos com seus complementos, que podem vir

ligados direta ou indiretamente (com o auxílio de uma preposição).

Preposição é uma palavra que liga uma palavra ou expressão a outra. São elas: a, ante,

após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, per, perante, por, sem, trás.

Em princípio, é necessário conhecer a predicação verbal, que é o modo pelo qual o

verbo forma o predicado. Os verbos podem ter predicação completa ou incompleta.

Verbos intransitivos (vi) são os que têm sentido completo. Ex.: As flores murcharam.

Verbos transitivos (vt) são os que não têm sentido completo. Ex.: Ela não fez o

trabalho.

Os verbos transitivos subdividem-se em: diretos, indiretos, diretos e indiretos.

a) Verbo transitivo direto (vtd) são os que pedem objeto direto (od), isto é, um

complemento sem preposição. Ex.: Ela comprou uma casa.

b) Verbos transitivos indiretos (vti) são os que pedem objeto indireto (oi), isto é, um

complemento ligado por preposição. Ex.: As mulheres gostam de perfumes.

c) Verbos transitivos diretos e indiretos (vtdi) são os que pedem objeto direto (od) e

objeto indireto (oi). Ex.: O assessor deu a notícia (od) para o governador (oi).

Somente os verbos transitivos diretos podem ter voz passiva, pois o objeto direto da

ativa será o sujeito da passiva. Ex.: Os candidatos preencheram os formulários (objeto

direto). Os formulários (sujeito) foram preenchidos pelos candidatos.

Atenção!

Os pronomes o, a, os, as servem de objeto direto. Os pronomes lhe, lhes funcionam como

objeto indireto. Ex.: Eu não a vi. (a = objeto direto) Obedecia-lhe cegamente. (lhe = objeto

indireto)

Há verbos que mudam de sentido quando mudam de regência. Agradar (vtd) = acarinhar, afagar. Ex.: A mãe agradou os filhos. A mãe os agradou (ou A mãe

agradou-os).

Agradar (vti) = ser agradável a, satisfazer. Ex.: Suas declarações agradaram aos funcionários.

Suas declarações lhes agradaram.

Aguardar (vtd ou vti) = Ex.: Aguardamos sua resposta. Aguardamos pela sua resposta.

Aspirar (vtd) = sorver, tragar, cheirar. Ex.: Aspirava a brisa do mar.

Aspirar (vti) = desejar, ambicionar. Ex.: Aspirava a um cargo de chefia.

Assistir (vtd) = ajudar, auxiliar. Ex.: A enfermeira assiste o médico na cirurgia.

Assistir (vti) = presenciar. Usa-se a forma pronominal a ele. Ex.: Assistimos à inauguração da

empresa. Houve jogo, mas não pudemos assistir a ele.

Assistir (vti) = pertencer o direito. Pede objeto indireto de pessoa. Ex.: Assiste ao chefe punir os

responsáveis.

Assistir (pede preposição em) = morar, residir, intervir (em processo) como parte interessada.

Ex.: Eles assistem em Florianópolis.

Atender (vti) pede objeto indireto de coisas. Ex.: Atenda ao telefone. Ele atendeu ao chamado

dos amigos.

Atender (vtd) com o sentido de acolher alguém com atenção, ouvir, responder ou servir a quem

se dirige a nós. Ex.: Atendeu o amigo.

Atender (vtd) = deferir, receber, acolher, despachar. Ex.: Não atenderam o nosso pedido.

Atender (vti) quando significa prestar atenção, levar em consideração, satisfazer. Ex.: Os carros

modernos atendem às exigências de segurança nas estradas.

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Observação: Estão corretas as duas construções: Atender o telefone e Atender ao telefone.

Chegar (vi) com o sentido de vir, atingir algum lugar, usa-se a preposição a. Ex.: Chegaram a

Florianópolis depois do jantar. Chegamos a um consenso.

Chegar com sentido de tempo, usa-se a preposição em. Ex.: Chegaram em cima da hora.

Comparecer a ou em. Ex.: Eles compareceram à (ou na) sessão.

Comunicar (vtdi) Ex.: Comunicamos o fato ao gerente.

Constar (vti) ser composto, constituído ou formado; compor-se, constituir-se. Ex.: A obra consta

de três volumes.

Constar = com o sentido de estar escrito, registrado ou mencionado, segundo Luft, podem ser

usadas as preposições de ou em. Ex.: As informações constam do (ou no) relatório.

Custar = ser difícil. Ex.: Custa-nos entender o assunto.

Encontrar (vtd ou vti). Ex.: Encontramos uma amiga. Nós nos encontramos com uma amiga.

Esquecer, lembrar (vtd ou vti). Ex.: Eu esqueci o livro. Eu me esqueci do livro. Esqueceu-me o

livro. Lembrei a data da matrícula. Eu me lembrei da data da matrícula. Lembrou-me a data da

matrícula.

Morar é usado com a preposição em sempre que aparecer o nome de ruas, logradouros. Ex.: Moro

na rua XYZ.

Obedecer, desobedecer (vti). Ex.: Os bons motoristas obedecem aos sinais de trânsito.

Pagar alguma coisa (vtd). Ex.: Pagou a mensalidade da escola.

Pagar a alguém (vti). Ex.: Paguei ao médico.

Pagar alguma coisa a alguém (vtdi). Ex.: Paguei a consulta ao médico.

Pagar por alguma coisa. Ex.: Pagou caro pelo crime.

Preferir (vtdi) usa-se sempre a preposição a. Ex.: Prefiro doces a salgados.

Presidir (vtd ou vti) Ex.: Presidiu o inquérito. Presidiu ao inquérito.

Pisar (vtd). Ex.: Não pise a grama.

Querer (vtd) = desejar. Ex.: Ele deseja aquele carro.

Querer (vti) = amar, ter afeto. Ex.: A mãe queria ao filho.

Renunciar (vtd ou vti). Ex.: Ele renunciou o cargo. Ele renunciou ao cargo.

Responder (vtdi) = responder alguma coisa a alguém. Ex.: Respondi-lhe as perguntas.

Responder (vti) = Ex.: Respondi a todas as perguntas.

Visar (vtd) = pôr o visto em, apontar arma. Ex.: O banco visou o cheque. O caçador visou o alvo.

Visar (vti) = ter em vista. Ex.: Visava ao cargo de presidente.

Regência de pronomes relativos

Ao se construir uma frase com pronome relativo, a preposição exigida pelo verbo deve

ficar antes do pronome. O pronome relativo, por definição, relaciona na oração

subordinada um termo antecedente. Ora, ele se prende ao verbo da oração que une,

ficando, então, subordinado à sua regência. Ex.: Estes são os filmes a que assistimos;

Não sabemos a que cargo ele aspira; Desconhece a que leis deve obedecer.

Para verbos de regências diferentes, não se empregam complementos idênticos.

Ex.: Errado: Vi e simpatizei logo com aquele homem.

Certo: Vi aquele homem e simpatizei logo com ele.

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TÓPICO 5: Aplicação no texto escrito: coerência e coesão, concisão,

impessoalidade, objetividade, clareza

Coesão Textual

O que torna um texto atrativo para o leitor é a coesão textual, ou seus “elos invisíveis”.

Por que elos invisíveis? Porque são eles que vão ligar uma frase a outra formando o

corpo de texto, tornando de fácil leitura e prendendo a atenção do leitor. Para assegurar

a coesão são necessários alguns fatores que devem ser obedecidos, tais como: “a

referência pronominal, a repetição, as substituições e a elipse”. Assim, a principal

qualidade de um bom texto é o encadeamento de todas as ideias apresentadas, dando ao

leitor uma sensação de unidade e coesão. Quem fizer isso certamente não vai deixar de

ser lido.

Pronome no lugar de substantivo

No caso de um substantivo que será substituído por um pronome, seja pessoal (retos ou

oblíquos), demonstrativo, possessivo, relativo, etc., o pronome sempre se refere a um

termo antecedente. Ex.: Quase todos os desembargadores votaram contra a posição do

relator; apenas Fulano resolveu apoiá-lo; Muitos eleitores tiveram dificuldade de operar

a urna eletrônica, o que prejudicou alguns candidatos populares. O candidato da

oposição, contudo, afirmou que isso não ocasionou nenhuma diferença relevante.

Entretanto, ao se fazer a substituição de um substantivo por um pronome, é necessário

um cuidado especial para evitar ambiguidade, pois, deve ficar claro a qual dos itens

anteriores se faz referência. Ex.: O síndico comunicou ao zelador que ele precisava se

apresentar na delegacia; A operadora telefônica não revelou ao consumidor que seu

equipamento estava apresentando falhas intermitentes.

Repetição ou substituição de termo já empregado

Em redações de cunho técnico, algumas vezes, é necessário que se repita um dos termos

da oração, sem que isso redunde em defeito do texto. Ao repetirmos um vocábulo,

podemos aproveitar a oportunidade para complementá-lo de várias maneiras

significativas”. Abaixo, podem ser verificados exemplos em que há repetição do termo

com a troca de determinante (artigo, numeral, etc.). Ex.: Um eleitor investiu ontem

contra o juiz eleitoral. Esse eleitor alegou razões altamente pessoais; A entrevista foi

gravada em três fitas, fitas essas que estão desaparecidas até hoje.

Nos exemplos abaixo, há a repetição parcial ou qualificada:

O prefeito concedeu a José Antônio Carvalho a medalha de honra ao mérito. Na

ocasião, o lendário comandante da Patrulha Rodoviária Estadual fez um breve

discurso de agradecimento; Foi lançada ontem à noite a edição japonesa do romance

Cabeça de Papel, de Paulo Francis. O famoso romance já foi traduzido para o inglês e o

francês; Foi apresentado ontem à noite um novo programa para controle de adoções. O

moderníssimo programa já foi repassado para diversos outros estados.

Outro uso para as substituições são os sinônimos:

Ex.: Ele foi acusado de manter um pit-bull solto nas dependências do condomínio.

Segundo os vizinhos, este cão agressivo já havia atacado duas pessoas, felizmente sem

maiores danos; O reconhecimento do corpo pela arcada dentária feito pelo perito foi

fundamental para o esclarecimento do crime; o dentista foi, inclusive, arrolado como

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testemunha; Havia apenas uma pessoa no canteiro de obras no momento do

desmoronamento. O guarda viu, de longe, o infeliz operário ser atingido por tijolos e

caliça.

Verifica-se, também, a troca de um substantivo por um termo generalizante, isto é, um

“vocábulo-curinga” para substitui-lo, ou até mesmo orações inteiras. Ex.: O promotor

de Justiça acha que dois depoimentos bastam, mas o conselho de sentença não pensa

assim; O advogado passou a usar um computador portátil nas audiências criminais;

todos os seus colegas fizeram o mesmo.

Há casos de substituição de um verbo por sua forma nominal, como se observa no

período a seguir e acrescentam que o redator não deve deixar de explorar essa técnica:

Ex.: O diretor da Faculdade de Direito anunciou ontem que o Conselho Universitário

pretende diminuir o número de créditos em Direito Constitucional. O anúncio pegou de

surpresa os professores do departamento que já preparavam o cronograma de

apresentação da matéria para o ano seguinte.

O último aspecto a ser observado é deixar um substantivo subentendido, obrigando

assim o leitor a lembrar-se dele (elipse). Ex.: A argumentação do advogado da outra

parte era apenas jurídica. A minha [argumentação], ao contrário, era política e

antropológica; A perícia vai determinar se a máquina de escrever usada para o

preenchimento do cheque é a mesma [máquina de escrever] que o sequestrador usou

para os bilhetes de resgate.

Com todos os exemplos acima analisados, infere-se que a coesão é o elemento de

ligação entre as frases de um texto, dando uma ideia de unidade.

Coerência Textual

A coerência é uma característica textual que depende da interação do texto, seu produtor

e aquele que procura compreendê-lo. Entretanto, tudo isso depende da compreensão do

receptor do texto, do domínio dos elementos linguísticos do texto. A coerência depende

de uma rede de fatores de ordem linguística, semântica, cognitiva, pragmática e

interacional.

A coerência está, ainda, diretamente ligada à possibilidade de estabelecer um sentido

para o texto, ou seja, ela é que faz com que o texto faça sentido para os usuários,

devendo, portanto, ser entendida como um princípio de interpretabilidade, ligada à

inteligibilidade do texto numa situação de comunicação e à capacidade que o receptor

tem para calcular o sentido do texto.

Entende-se então que a preocupação é com o leitor e que o texto deva ser redigido de

forma coerente e entendível para seu público. É necessário que haja uma adequação do

texto ao destinatário. Também é preciso que se obedeçam à ordem de introdução,

desenvolvimento e conclusão para que o texto tenha uma unidade.

A coerência consiste em ordenar e interligar as ideias de maneira clara e lógica e de

acordo com um plano definido. É a coerência que dá unidade e clareza ao texto. É,

portanto, necessário planejar o desenvolvimento das ideias, pondo-as numa ordem

adequada ao propósito da comunicação e interligando-as por meio de conectivos e

partículas de transição.

Concisão

Ser conciso é dizer o necessário com o mínimo de palavras, sem prejudicar a clareza no

processo de comunicação, seja oral ou escrita. Em suma, consiste em ser objetivo e

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direto. A prolixidade é, de fato, um dos grandes problemas redacionais. São textos

longos e repetitivos que, ao final da leitura, não cumprem o papel a que se propuseram

no início.

Os exemplos abaixo foram retirados de jornais de grande circulação:

Ex.: A largada será no Leme. A chegada acontecerá no mesmo local de partida. Quando

poderia ser: A largada e a chegada serão no Leme.

A posição do Governo brasileiro é de que esgotem todas as possibilidades de

negociação para que se alcance uma solução pacífica. Quando poderia ser: O Brasil é a

favor de uma solução pacífica.

A concisão, no entanto, não se limita a um texto mais curto, não significa escrever

pouco, mas evitar redundâncias e o excesso sem comprometer a eficácia da

comunicação. Assim, é necessário considerar o objetivo do texto e seu contexto de

produção. Em qualquer informe que emitimos, um comunicado sobre um desastre, por

exemplo, pode ser muito breve quando ainda não se tem mais detalhes sobre o fato. Mas

o espaço para textos longos - com detalhes - deveria ser condicionado ao desejo natural

de um leitor ter acesso a informações ampliadas.

Muitos leitores estão acostumados a textos curtos em algumas esferas, como a do

jornalismo e da publicidade, e tendem a preferir textos desse feitio em outras áreas. No

entanto, em excesso, tal prática diminui a dimensão expressiva de um texto.

Isso pode ser evitado: Eliminando certas expressões e jogos verbais que parecem

dispensáveis do ponto de vista informativo; Evitando pontos cegos.

O risco de condensar frases e cortar dados, sem critério outro que encurtar um texto a

fórceps, é criar pontos cegos no texto em vez de obter maior facilidade no

entendimento. É preciso revisar o material já escrito para, se for o caso, até devolver o

que foi retirado, desde que se evite tornar o texto muito esquemático ou sem graça,

devido à falta de contexto.

Impessoalidade

A impessoalidade é caracterizada pelo emprego de verbos e pronomes em terceira

pessoa do singular, no intuito de conferir ao texto uma isenção, imparcialidade maior.

No entanto, é preciso considerar o seu emprego, visto que tanto o emprego exagerado

quanto a sua ausência podem causar prejuízos imensuráveis ao texto. Por exemplo, em

uma dissertação argumentativa essa impessoalidade é indispensável, em um artigo ou

carta, no entanto, ela não deve existir.

Texto escrito em primeira pessoa do singular:

A meu ver, o que acontece no Brasil é uma corrupção generalizada e não me admira que

isso não mude daqui a cem anos. Percebo o nosso país caracterizado pela falta total de

perspectivas e, por isso, nada mais convence de que um dia viveremos de forma

igualitária.

Convertendo esse texto para uma forma mais impessoal, teríamos:

Pode-se afirmar que acontece no Brasil uma corrupção generalizada e é possível que

isso não mude daqui a cem anos. O país está caracterizado pela falta total de

perspectivas e, por isso, é improvável que um dia se viva de forma igualitária aqui.

No caso abaixo, há um certo grau de imparcialidade pelo uso da primeira pessoa do

plural:

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Podemos afirmar que acontece no Brasil uma corrupção generalizada e não nos admira

que isso venha a mudar daqui a cem anos. Percebemos que o nosso país é caracterizado

pela total falta de perspectivas e, por isso, nada nos convence de que um dia viveremos

de forma igualitária.

Objetividade

A objetividade refere-se às ideias que são expressas em toda situação de comunicação

há inúmeras ideias que permeiam a informação e todas elas estão, direta ou

indiretamente, ligadas ao assunto. Mas, para se expressar com objetividade, deve-se

estar atento para expor ao destinatário as ideias relevantes, ou seja, as principais,

retirando do texto todas as informações consideradas supérfluas, que levam o leitor a

perder o foco do assunto tratado. A questão principal, quando se fala em objetividade, é

saber definir quais são as informações relevantes que desejamos transmitir naquele

momento.

Clareza

Para a obtenção da clareza, dois procedimentos são fundamentais:

• Educar a nossa capacidade de organização mental.

• Aprender a colocar convenientemente em execução o material idiomático. Para aquele

que emite a mensagem a ideia, quase sempre, parece clara em sua mente.

Frases ambíguas, isto é, que possuem duplo sentido, são um típico problema de falta de

clareza. Para escrever com clareza, precisamos ter cuidado com a escolha das palavras e

emprega-las em construções sintáticas simples, coordenadas, de preferência.

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TÓPICO 6: Relações semânticas entre o significado e o significante -

figuras e vícios de linguagem (ambiguidade, cacofonia, chavões, eco,

obscuridade, pleonasmo ou redundância)

Da relação entre o significado e o significante ocupa-se a semântica. Na escrita, é

preciso que essa relação seja estabelecida de maneira a evitar o segundo sentido das

palavras e expressões utilizadas. Constituem-se exemplo de figuras e vícios de

linguagem que devem ser evitados a ambiguidade, cacofonia, chavões, eco,

obscuridade, pleonasmo e redundância.

Ambiguidade

Se a frase apresentar mais de um sentido, isso significa que ela é ambígua. Uma frase

(ou parte dela) é ambígua quando pode dar lugar a duas interpretações legítimas. Às

vezes, a ambiguidade acontece com a posição do adjunto adverbial, com as orações

adjetivas, com orações reduzidas ou com o antecedente dos pronomes, como nos

exemplos abaixo:

Ambiguidade com a posição do adjunto adverbial

AMBÍGUO – Vacas que comem junco frequentemente ficam doentes.

CLARO – Vacas que frequentemente comem junco ficam doentes.

CLARO – Vacas que comem junco ficam frequentemente doentes.

Ambiguidade nas orações adjetivas

AMBÍGUO – Roubaram a cadeira do gabinete em que eu costumava trabalhar.

CLARO – Roubaram a cadeira do gabinete no qual eu costumava trabalhar.

CLARO – Roubaram a cadeira do gabinete na qual eu costumava trabalhar.

Ambiguidade com orações reduzidas

AMBÍGUO – Enterrado no quintal, meu cachorro tentava recuperar o osso.

CLARO – Meu cachorro tentava recuperar o osso que estava enterrado no quintal.

CLARO – Meu cachorro tentava recuperar o osso que enterrara no quintal.

Ambiguidade com o antecedente dos pronomes

AMBÍGUO – Jorge disse a seu irmão que ele não ia ganhar um cavalo naquele Natal.

CLARO – Jorge disse a seu irmão que ele (Jorge) não ia ganhar um cavalo naquele Natal.

Cacofonia

É o som desagradável ou palavra de sentido obsceno ou ridículo. Ex.: Ela tinha um

carro. Mande-me já o relatório. A boca dela está suja.

Chavões

Frase repetitiva e sem originalidade; expressão conhecida por muitas pessoas cujo

conteúdo é banal; lugar-comum. Ex.: Caixinha de surpresas, inflação galopante, vitória

esmagadora, esmagadora maioria, silêncio sepulcral.

Eco

Ocorre quando há palavras na frase com terminações iguais ou semelhantes, provocando

dissonância. Ex.: A divulgação da promoção não causou comoção na população.

Obscuridade

Vício de linguagem pelo qual a frase torna-se ininteligível. O emaranhado da construção

frasal, a falta da oração principal para completar o significado de subordinadas, a má

colocação das palavras, pontuação defeituosa e a inadequação vocabular podem

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dificultar ou mesmo impedir que se apreenda o significado do que se quer dizer. O

trecho "Uma vez que se aferiram os resultados da pesquisa, trabalho de muitos meses e

destinatária de elevados recursos" é obscuro, pois falta a oração principal para

completar o significado da subordinada.

A homonímia também pode produzir obscuridade, como neste exemplo: "No porto de

Santos, o navio grego entrava o navio inglês". Se "entrava" for considerado pretérito

imperfeito do verbo entrar, a frase tornar-se-á obscura. Na verdade, a forma verbal

assinalada deve ser considerada flexão do presente do indicativo do verbo entravar.

Pleonasmo/Redundância

Diferentemente do pleonasmo tradicional, tem-se pleonasmo vicioso quando há

repetição desnecessária de uma informação na frase. Exemplos: Entrei para dentro de

casa quando começou a anoitecer; Hoje, fizeram-me uma surpresa inesperada.

Encontraremos outra alternativa para esse problema.

Observação: o pleonasmo é considerado vício de linguagem quando usado

desnecessariamente, no entanto, quando usado para reforçar a mensagem,

constitui uma figura de linguagem.

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TÓPICO 7: Redação Oficial: tipos de correspondência oficial (particular,

organizacional e oficial)

O Manual de Redação da Presidência da República1 define redação oficial como “a

maneira pela qual o Poder Público redige atos normativos e comunicações”. Sendo

assim, a Redação Oficial deve caracterizar-se pela impessoalidade, uso padrão culto da

linguagem, clareza, concisão, formalidade e uniformidade.

Há que se acrescentar que a própria Constituição, em seu artigo 37, frisa que “A

administração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes da

União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de

legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (...)”. Sendo a

publicidade e a impessoalidade princípios fundamentais de toda administração pública,

fica claro que devem nortear a elaboração dos atos e comunicações oficiais.

O Manual ainda é preciso ao enfatizar que “não se concebe que um ato normativo de

qualquer natureza seja redigido de forma obscura, que dificulte ou impossibilite sua

compreensão”. Assim, a transparência do sentido dos atos normativos, bem como sua

inteligibilidade, são requisitos do próprio Estado de Direito, portanto é inaceitável que

um texto legal não seja entendido pelos cidadãos. A publicidade implica, desse modo,

necessariamente, clareza e concisão.

Fica claro, por tudo isso, que as comunicações oficiais são uniformes, pois há sempre

um único comunicador (o Serviço Público) e o receptor dessas comunicações ou é o

próprio serviço público (no caso de expedientes dirigidos por um órgão a outro) – ou o

conjunto dos cidadãos ou instituições, tratados de forma homogênea (o público).

Apesar dessa uniformidade, isso não quer dizer que os textos oficiais não acompanham

o próprio processo de evolução da língua, mas sua finalidade básica impõe certos

parâmetros em relação ao uso que se faz da língua, o que o diferencia de outros textos,

com outros fins. A linguagem, como já foi dito, deve ser clara e precisa. Para que isso

aconteça é preciso observar alguns aspectos de ordem gramatical e linguística.

A linguagem de atos e comunicações oficiais

As comunicações que partem dos órgãos públicos devem ser compreendidas por todos

os cidadãos brasileiros. Para tanto, é preciso evitar o uso de uma linguagem restrita a

determinados grupos. Não há dúvida que um texto marcado por expressões de

circulação restrita, como a gíria, os regionalismos vocabulares ou o jargão técnico, tem

sua compreensão dificultada.

Por tudo isso, é importante frisar que as regras de uso regulamentadas pelo Manual de

Redação Oficial da Presidência da República são fundamentadas na norma padrão da

língua portuguesa e, sendo assim, todos os aspectos relacionados à língua falada devem

ser evitados.

1 O curso foi elaborado a partir das normas estabelecidas pelo Manual de Redação da Presidência da

República – 2ª edição revisada e atualizada em 2002), regimento máximo da Redação Oficial no Brasil.

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Tipos de correspondência

A correspondência entre servidores públicos pode acontecer de acordo com sua

aplicabilidade, motivo, destinatário, e passa por etapas que vão desde um email simples

a uma exposição de motivos, ato externo direcionado ao Chefe do Poder Executivo. O

objetivo primordial é a comunicação e, nesse sentido, a linguagem formal deve sempre

ser priorizada.

A correspondência particular é aquela que utilizamos para uma comunicação ampla.

A linguagem é, em geral, mais emotiva, porque informal, visto que pressupõe certo grau

de intimidade entre aqueles que se comunicam.

A correspondência organizacional é característica dos comunicados internos. Em

qualquer tipo de comunicação decorrente das relações de trabalho entre servidores de

um determinado órgão ou repartição, a linguagem deve ser formal.

As correspondências oficiais, por sua vez, são definidas, de acordo com o Manual

citado, como “instrumentos pelos quais o Poder Público se comunica formalmente com

órgãos e servidores públicos, e com particulares”.

No caso do Governo do Estado de Santa Catarina, podemos identificar e descrever

algumas formas de comunicação que fazem parte do cotidiano dos servidores:

1. A primeira e mais comum via de comunicação escrita entre servidores é o email

profissional.

2. A formalização de uma correspondência impressa apresenta diferenças no que

diz respeito ao destinatário. A comunicação interna é feita internamente entre

servidores de um mesmo órgão, o ofício é direcionado a um órgão externo, entre

órgãos, e a exposição de motivos é destinada única e exclusivamente ao Chefe

do Poder Executivo, o Governador do Estado e, em outra instância, apenas ao

Presidente da República ou Vice-Presidente.

3. No caso de uma correspondência do tipo ofício ou exposição de motivos, esta

deve sempre ser protocolada pelo órgão competente para que esteja,

posteriormente, disponível para consulta e acompanhamento de processos

administrativos.

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TÓPICO 8: Tipos de Correspondência Oficial: ofícios, exposição de

motivos e comunicados internos (memorandos)

A correspondência oficial deve ser escrita respeitando a norma padrão da língua. Além

disso, deve obedecer a um formato e a uma configuração específicos dos programas de

edição de texto. Serão apresentadas aqui as definições, especificidades e logo após o

modelo de cada uma dessas correspondências.

Ofício

Definição: O ofício “é a comunicação externa escrita que as autoridades fazem entre si,

com instituições públicas e privadas, e com particulares, em caráter oficial. O ato de

expedir ofícios compete aos titulares do órgãos, diretores, gerentes e chefes de serviço”.

(p 186).

Conteúdo: Quanto ao conteúdo, trata-se, segundo o Manual, de matéria administrativa

ou de mero encaminhamento. Os assuntos são os mais variados, mas “de caráter social,

oriundo do relacionamento da autoridade com particulares, em virtude do cargo ou

função”. (p 186). Há, contudo, o ofício circular, que recebe essa alcunha por se tratar

de um ofício que exige que mais receptores tomem-lhe ciência.

Especificidades: Quanto ao tipo de ofício e número, deve ser iniciado a cada ano. Além

disso, deve respeitar as seguintes orientações de formatação:

Marca da Universidade seguida logo abaixo e no mesmo alinhamento do nome

do Centro, Departamento e Curso, nessa ordem;

Tipo do ofício e número apresentados à margem esquerda em negrito; A

sequência numérica deve ser crescente e iniciada a cada ano; O controle de

distribuição da sequência numérica é centralizado pelo protocolo de cada

Secretaria ou Pasta.

O local e a data devem ser escritos por extenso, alinhados à margem na mesma

linha em que se encontra o tipo e o número do documento;

Quanto ao vocativo, constitui-se de pronome de tratamento seguido de vírgula e

obedece à linha de parágrafo.

É dividido em introdução, desenvolvimento e conclusão. À exceção do primeiro

parágrafo, os demais são numerados a partir do número 2; A primeira linha do

parágrafo possui adentramento.

Alinhado à direita e a um espaço duplo do último parágrafo, escreve a expressão

de encerramento (Respeitosamente ou Atenciosamente), de acordo com as

devidas hierarquias.

Alinhado também à direita e a dois espaços duplos do encerramento, o nome e o

cargo do signatário, com iniciais maiúsculas. Quando for assinado por mais de

um signatário, deve-se observar a hierarquia do maior par ao menor, nessa

ordem.

No caso de ofícios mais extensos, não se deve deixar a assinatura em página

isolada. Se for o caso, deve-se transferir para a próxima página a última linha

anterior ao desfecho. As páginas, por sua vez, devem trazer a seguinte

designação: Fl. 2 do Of. nº 0000/00, de 0/00/00. Fl, 1 do Anexo 1 do Of. nº

0000/00, de 0/00/00.

Quanto ao tratamento designativo, o cargo ou função do destinatário, seguido de

localidade de destino, são colocados na primeira folha, próximo à margem

inferior, junto à margem esquerda, mesmo que o ofício tenha mais de uma folha.

O nome do destinatário será em letra maiúscula e o local só com inicial

maiúscula, sem sublinhar. O cargo ou função deve vir depois do nome.

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Comunicação Interna

Definição

A comunicação Interna (CI) ou memorando é uma modalidade de comunicação entre

unidades administrativas de um mesmo órgão, que podem estar hierarquicamente no

mesmo nível ou em níveis diferentes.

Conteúdo

É utilizada em caráter meramente administrativo, para encaminhar relatórios, comunicar

a ausência de funcionários, solicitar diárias, solicitar a compra de material, expor

projetos a serem executados, ou ideias e diretrizes a serem adotadas por determinado

setor do serviço público.

Especificidades

Suas características principais são a agilidade na tramitação e a simplicidade de

procedimentos burocráticos. Compete aos titulares dos órgãos, diretores e gerentes, ou a

quem detiver a autorização destes, expedir comunicações internas, observando sempre a

hierarquia. Quando for necessário, a CI poderá ter o preenchimento manuscrito. Não há

vocativo obrigatório.

Geralmente a CI é enviada a um único receptor, mas o assunto de que trata pode exigir

que mais receptores tomem-lhe ciência. Quando assim for, a CI terá tantas cópias

quantos forem os receptores e se chamará comunicação interna circular – CIC.

A numeração da CI é determinada pela unidade geradora do documento, devendo ser

sequencial, crescente e iniciada a cada ano.

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Exposição de Motivos

Definição

É um ato externo expedido exclusivamente pelo titular da Pasta ao Chefe do Executivo

para sugerir, justificar ou expressar a necessidade de se tomar alguma providência, ou,

ainda, submeter a sua consideração projeto de ato normativo, relatório ou parecer.

Conteúdo

O assunto da exposição de motivos deve ser resumido em parágrafos argumentados.

Quando estiver amparado em ato normativo, a parte legal (artigo, parágrafo...) que

respalda a matéria deverá ser transcrita em forma de citação. A conclusão deve ser clara

e objetiva, submeter o assunto à apreciação da autoridade e reforçar a expectativa de

aprovação.

Especificidades

A exposição de motivos segue a estrutura do ofício e deve apontar: o assunto ou o

problema; as circunstâncias do assunto ou o motivo que gerou a medida proposta; a

medida que deve ser tomada, ou o ato normativo que deve ser editado para solucionar o

problema.

Obs.: Na exposição de motivos não se indica destinatário, visto só haver um: o

Governador do Estado, ou, em outra instância, o Presidente ou Vice-Presidente da

República.

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TÓPICO 9: Atos oficiais: ato administrativo, alvará, atestado, certidão

Os atos oficiais são citados pelo Manual como atos administrativos, comunicações

oficiais e requerimento à administração pública (ato privado).

Os atos administrativos não produzem efeito jurídico em si mesmos. São apenas atos

materiais, e caracterizam-se por: provocarem a criação, a modificação ou a extinção de

direitos e deveres; serem praticados pela Administração Pública ou por quem lhes façam

as vezes; estarem sujeitos ao regime jurídico-administrativo; estarem sujeitos ao

controle de legitimidade pelo Poder Judiciário.

Neste tópico, sertão caracterizados e exemplificados os seguintes atos oficiais: alvará,

atestado, certidão.

Alvará

Definição

Fórmula pela qual a autoridade administrativa ou judicial expede autorizações e licenças

em geral (conteúdos). Vindo de autoridade administrativa, equivale a uma licença.

Possuem duas modalidades: licença (têm caráter definitivo e só podem ser revogados

por motivo de interesse público); autorização (têm caráter instável e podem ser

cassados.

Atestado

Definição

Ato enunciativo, declara a verdade de um fato ou situação transitória, ou, ainda, passível

de modificação frequente, de que a Administração tenha conhecimento oficial. É o

documento firmado por uma pessoa a favor de outra, atestando determinado fato.

Especificidades

Como as declarações referem-se a algo permanente e os atestados a fatos

transitórios, as repartições públicas fornecem atestados e não declarações.

O atestante deverá sempre especificar os dados pessoais do indivíduo em

questão. Isso porque atestados impõem responsabilidade a quem os fornece.

Certidão

Definição

Através da certidão, o Poder Público transfere ao interessado um documento sobre algo

que consta em seus arquivos. Pode ser de inteiro teor ou resumida, mas deve sempre

reproduzir fielmente o conteúdo original.

Especificidades

Deve ser escrita em linhas corridas, sem emendas ou rasuras.

Deve ser datada e assinada pelo servidor que a lavrou, conferida pelo chefe da

seção e revisada pelo diretor.

Quando é passada em formulário pronto, os espaços em branco devem ser

preenchidos com pontos ou outros sinais.

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TÓPICO 10: Atos oficiais: circular, decreto, despacho, edital, instrução

normativa, ordem de serviço; instrumentais de trabalho (email, redes

sociais e aplicativos)

Neste tópico, sertão caracterizados e exemplificados os seguintes atos oficiais: circular,

decreto, despacho, edital, instrução normativa e ordem de serviço.

Circular

Definição

A circular é o instrumento de que se valem as autoridades para transmitir ordens

internas, de caráter uniforme, não relativas às atividades sistêmicas, expedidas a

determinados servidores incumbidos de certos serviços ou do desempenho de certas

atribuições em circunstâncias especiais.

Conteúdo

Seu conteúdo pode consistir de regras novas a serem adotadas no serviço público ou de

instruções interpretativas de princípios instituídos nos regulamentos ou nas Leis.

Especificidades

A fórmula da circular é usada exclusivamente pelos órgãos centrais de sistema.

Decreto

Definição

É a designação constitucional para os atos de competência dos Chefes do Poder

Executivo, nos planos federal, estadual e municipal.

Especificidades

Por meio do decreto, tanto podem ser expedidos regulamentos e regimentos, como atos

executivos, de efeitos concretos imediatos, e atos de pessoal.

Compõem-se dos seguintes elementos:

Preâmbulo (título, autoria e fundamento legal, os considerandos da autoridade, a

expressão DECRETA).

Texto ou corpo do decreto (desdobramento em artigos);

Encerramento (Determinação da vigência, cláusula de revogação);

Fecho (local e data);

Assinatura e nome.

Despacho

Definição

É fórmula que expressa a decisão ou ordem que a autoridade administrativa, com base

no parecer ou na informação, escreve em expedientes diversos, como requerimentos e

processos sujeitos à sua apreciação. É, geralmente, manuscrito.

Especificidades

Está sujeito ao princípio da publicidade. É obrigatória sua comunicação aos

interessados.

Podem ser classificados em: ordinários, quando se limitam a ordenar o expediente;

interlocutórios, os que decidem questões incidentes no processo; e decisórios, quando

resolvem a questão principal, encerrando o processo.

Devem ser dados no próprio documento.

Não são numerados, apenas datados e assinados pela autoridade que os emitiu.

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Edital

Definição

É o instrumento de que se vale a Administração para tornar público o fato que deve ser

de conhecimento das pessoas nele mencionadas, bem como outros assuntos de interesse

público.

Especificidades

São instaurados por edital os procedimentos licitatórios, os concursos para provimento

de cargos públicos, as intimações, convocações, notificações e comunicação em geral.

São publicados de forma integral ou resumida.

Após sua publicação, ninguém pode alegar desconhecimento do seu teor. Seu número é

fornecido pela Gerência de Ingresso e Movimentação de Pessoal, da Diretoria de

Administração de Recursos Humanos, da Secretaria de Estado da Administração. É

constituído de:

Preâmbulo;

Corpo;

Localidade e Data;

Nome e cargo de quem assina o edital, abaixo da data.

Instrução Normativa

Definição

É ordem e fórmula escrita e geral a respeito do modo e da forma de execução de

determinado serviço público, expedida pelo superior hierárquico, com o objetivo de

orientar os subalternos no desempenho das atribuições que lhes são inerentes. No estado

de Santa Catarina, é o documento utilizado por órgãos centrais de sistemas, objetivando

a normatização e a coordenação central das atividades.

Especificidades

A instrução normativa compete aos titulares dos órgãos centrais de sistemas. Na

estrutura básica do Governo do Estado de Santa Catarina, são onze os sistemas:

Da secretaria de Estado de Administração – SEA: Sistema de Administração de

Recursos Humanos, Sistema de Administração Patrimonial, Sistema de

Administração Organizacional e Sistema de Administração de Material e

Serviços;

Da secretaria de Estado da Fazenda – SEF: Sistema de Orçamentação e

Administração Financeira, Sistema de Administração Contábil e Auditoria e

Sistema de Informática e Automação;

Da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico – SDE: Sistema de

Estatística e Planejamento;

Da Secretaria de Estado do Governo – SEG: Sistema de Comunicação Social;

Da Procuradoria Geral do Estado da Qualidade e Produtividade – SQP: Sistema

de Qualidade e Produtividade;

Quanto à estrutura, devem ser observadas as seguintes orientações:

O tipo e o número do documento devem ser datilografados ou digitados à

margem esquerda;

O número das instruções normativas é único para cada órgão central de sistemas,

devendo ser zerado a cada ano;

A ementa ou resumo da matéria é datilografada ou digitada em espaço simples, a

partir do centro em direção à direita do papel;

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O cargo da autoridade a quem compete a emissão do ato e o nome da Diretoria

Sistêmica e Gerência responsável são digitados em caixa alta;

Os considerandos e a fundamentação legal são datilografados ou digitados em

sequência ao último dado, no primeiro parágrafo;

A palavra RESOLVE, seguida de dois-pontos, é datilografada ou digitada em

caixa alta, em linha nova e em parágrafo;

A exposição do conteúdo é constituída de tantos artigos quantos forem

necessários, todos numerados, que poderão estar subdivididos em parágrafos,

alíneas e itens, sendo aceito o uso de algarismos arábicos, cardinais e letras

minúsculas para bem caracterizar a hierarquia dos assuntos;

Quando a instrução normativa revogar outra, deve-se citar o número e data de

publicação da que estiver sendo revogada.

Ordem de Serviço

Definição

É a designação do ato que contém determinação especial dirigida aos responsáveis por

obras ou serviços públicos e que poderá consistir de autorizações, imposições de caráter

administrativo ou especificações técnicas da realização das obras ou dos serviços de que

trata. É válida para tratar de assuntos normativos, administrativos, e de pessoal.

Especificidades

Em relação à forma e à estrutura da ordem de serviço, ela é composta dos seguintes

elementos:

Designação do órgão, dentro de sua respectiva ordem hierárquica;

Denominação do ato – ORDEM DE SERVIÇO, número e ano;

Local e data;

Ementa – resumo do assunto principal; deve iniciar a 8,5cm da margem

esquerda;

Texto – inicia com a designação do cargo do signatário, seguindo da

fundamentação legal e da ordem de execução – DETERMINA que...; se

necessário, poderá ser desdobrado em parágrafos numerados e em alíneas;

Assinatura da autoridade que a expediu;

Nome;

Cargo do signatário.

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Redação Oficial nos meios eletrônicos

Cada vez se utilizam mais os meios eletrônicos nas comunicações pessoais,

empresariais e oficiais. Por influência do internetês, consagrada maneira utilizada

especialmente entre os jovens para imitar a fala na sua rapidez de expressão, vêm sendo

usadas muitas formas, em particular abreviaturas, indevidas nas comunicações oficiais

que utilizam os meios eletrônicos. Caso elas sejam utilizadas, devem ser feitas de

maneira adequada. Ex.: atenciosamente: Atte.,

Apesar do desenvolvimento entre seus usuários de uma cultura – inconsciente, é

verdade – da pressa, da superficialidade, ela é inaceitável nas comunicações que se

caracterizam pela formalidade e pelo padrão culto de linguagem, como é o caso da

Redação Oficial. As comunicações oficiais não mudam suas características e qualidades

pelo simples fato de passarem do papel para a tela do computador.