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  • 7/28/2019 Curso Teoria_da_Justia FGV

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    GRADUAO2011.1

    TEORIA DA JUSTIA

    2 EDIO

    PROF. GUILHERME FIGUEIREDO LEITE GONALVES

  • 7/28/2019 Curso Teoria_da_Justia FGV

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    Sumrio

    Teori d Justi

    I. InTRO DU O ..............................................................................................................................................................................71.1. Viso Geral ............................................................................................................................71.2. Objetivos Gerais ...................................................................................................................101.3. Metodologia .........................................................................................................................111.4. Desaos e Diculdades .........................................................................................................121.5. Mtodos de Avaliao ...........................................................................................................141.6. Programa .............................................................................................................................14

    II. PlanO DE aUlaS .....................................................................................................................................................................19

    1. Bloco I: Justia: Conceitos e Teorias .................................................................................. 19Introduo ..................................................................................................................................19Objetivos ....................................................................................................................................19

    1.1. Aula 1: eoria da Justia: entre a Filosoa do Direito e a Filosoa Poltica .............................20

    1.1.1. Introduo .........................................................................................................................201.1.2. Objetivos ...........................................................................................................................201.1.3. Bibliograa Obrigatria ....................................................................................................201.1.4. Bibliograa Complementar ................................................................................................ 201.1.5. Atividade de Aproveitamento da Leitura ............................................................................211.1.6. Concluso .........................................................................................................................21

    1.2. Aula 2: O que Justia? ........................................................................................................221.2.1. Introduo .........................................................................................................................221.2.2. Objetivos ...........................................................................................................................221.2.3. Bibliograa Obrigatria ....................................................................................................221.2.4. Bibliograa Complementar ................................................................................................ 221.2.5. Atividade de Aproveitamento da Leitura ............................................................................221.2.6. Concluso .........................................................................................................................23

    1.3. Aula 3: Conceitos e eorias da Justia....................................................................................241.3.1. Introduo .........................................................................................................................241.3.2. Objetivos ...........................................................................................................................241.3.3. Bibliograa Obrigatria ....................................................................................................241.3.4. Bibliograa Complementar ................................................................................................ 241.3.5. Atividade de Aproveitamento da Leitura ............................................................................241.3.6. Concluso .........................................................................................................................25

    1.4. Aula 4: A Justia entre o Direito e a Sociedade ..................................................................... 26extos base ................................................................................................................................... 26

    1.4.1. Introduo .........................................................................................................................261.4.2. Objetivos ...........................................................................................................................261.4.3. Bibliograa Obrigatria ....................................................................................................261.4.4. Bibliograa Complementar ................................................................................................ 261.4.5. Atividade de Aproveitamento da Leitura ............................................................................271.4.6. Concluso .........................................................................................................................27

    2. Bloco II: Justia como Equidade ....................................................................................... 28Introduo ...................................................................................................................................28Objetivos .....................................................................................................................................28

    2.1. A Perspectiva Liberal ............................................................................................................. 30

    2.1.1. Aula 5: A Justia como Equidade .......................................................................................312.1.1.1. Introduo ......................................................................................................................31

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    2.1.1.2. Objetivos ........................................................................................................................ 332.1.1.3. Bibliograa Obrigatria ..................................................................................................332.1.1.4. Bibliograa Complementar .............................................................................................332.1.1.5. Atividade de Aproveitamento da Leitura .........................................................................332.1.1.6. Concluso .......................................................................................................................34

    2.1.2. Aula 6: Os Princpios de Justia e a Prioridade das Liberdades Bsicas ................................352.1.2.1. Introduo .....................................................................................................................352.1.2.2. Objetivos ........................................................................................................................ 372.1.2.3. Bibliograa Obrigatria .................................................................................................382.1.2.4. Bibliograa Complementar ............................................................................................382.1.2.5. Atividade de Aproveitamento da Leitura .........................................................................382.1.2.6. Concluso ......................................................................................................................38

    2.1.3. Aula 7: Justia, Pluralismo e Democracia ......................................................................... 40

    2.1.3.1. Introduo ......................................................................................................................402.1.3.2. Objetivos ........................................................................................................................ 432.1.3.3. Bibliograa Obrigatria .................................................................................................442.1.3.4. Bibliograa Complementar .............................................................................................442.1.3.5. Atividade de Aproundamento da Leitura .......................................................................442.1.3.6. Concluso ......................................................................................................................44

    2.2. A Perspectiva Libertria .........................................................................................................45

    2.2.1. Aula 8: Justia, Liberdade e Mrito .............................................................................462.2.1.1. Introduo ......................................................................................................................462.2.1.2. Objetivos ........................................................................................................................ 46

    2.2.1.3. Bibliograa Obrigatria .................................................................................................472.2.1.4. Bibliograa Complementar .............................................................................................472.2.1.5. Atividade de Aproveitamento da Leitura .........................................................................472.2.1.6. Concluso ......................................................................................................................48

    2.2.2. Aula 9: Uma eoria da Justia para um Estado Mnimo .....................................................492.2.2.1. Introduo ......................................................................................................................492.2.2.2. Objetivos ........................................................................................................................ 492.2.2.3. Bibliograa Obrigatria .................................................................................................492.2.2.4. Bibliograa Complementar .............................................................................................502.2.2.5. Atividade de Aproveitamento da Leitura .........................................................................502.2.2.6. Concluso ......................................................................................................................50

    2.3. A Perspectiva Utilitarista .......................................................................................................51

    2.3.1. Aula 10: Justia Utilitarista .................................................................................................522.3.1.1. Introduo ......................................................................................................................522.3.1.2. Objetivos ........................................................................................................................ 522.3.1.3. Bibliograa Obrigatria .................................................................................................522.3.1.4. Bibliograa Complementar .............................................................................................522.3.1.5. Atividade de Aproveitamento da Leitura .........................................................................532.3.1.6. Concluso ......................................................................................................................53

    2.4. A Perspectiva Comunitarista ................................................................................................54

    2.4.1. Aula 11: A Prioridade do Bem ...........................................................................................552.4.1.1. Introduo ......................................................................................................................552.4.1.2. Objetivos ........................................................................................................................ 55

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    2.4.1.3. Bibliograa Obrigatria .................................................................................................562.4.1.4. Bibliograa Complementar .............................................................................................562.4.1.5. Atividade de Aproveitamento da Leitura .........................................................................562.4.1.6. Concluso ......................................................................................................................56

    2.4.2. Aula 12: Igualdade Complexa ............................................................................................ 572.4.2.1. Introduo ......................................................................................................................572.4.2.2. Objetivos ........................................................................................................................ 592.4.2.3. Bibliograa Obrigatria .................................................................................................602.4.2.4. Bibliograa Complementar .............................................................................................602.4.2.5. Atividade de Aproveitamento da Leitura .........................................................................602.4.2.6. Concluso ......................................................................................................................60

    2.5. Aula 13: Primeira avaliao: Princpios de Justia para a Sociedade Brasileira ........................622.5.1. Introduo .........................................................................................................................62

    2.5.2. Objetivos ...........................................................................................................................622.5.3. Bibliograa Obrigatria ....................................................................................................622.5.4. Bibliograa Complementar ................................................................................................ 622.5.5. Atividade de Aproveitamento da Leitura ............................................................................622.5.6. Metodologia ......................................................................................................................632.5.7. Concluso .........................................................................................................................64

    3. Bloco III: Justia como Bem-Estar .................................................................................... 65Introduo ...................................................................................................................................65Objetivos .....................................................................................................................................65

    3.1. A Perspectiva Igualitria ........................................................................................................66

    3.1.1. Aula 14: Igualdade de Bem-Estar .......................................................................................663.1.1.1. Introduo .....................................................................................................................663.1.1.2. Objetivos .......................................................................................................................673.1.1.3. Bibliograa Obrigatria ..................................................................................................673.1.1.4. Bibliograa Complementar .............................................................................................673.1.1.5. Atividade de Aproveitamento da Leitura .........................................................................673.1.1.6. Concluso .......................................................................................................................68

    3.1.2. Aula 15: Igualdade de Recursos ..........................................................................................693.1.2.1. Introduo .....................................................................................................................693.1.2.2. Objetivos .......................................................................................................................703.1.2.3. Bibliograa Obrigatria ..................................................................................................703.1.2.4. Bibliograa Complementar .............................................................................................703.1.2.5. Atividade de Aproveitamento da Leitura .........................................................................703.1.2.6. Concluso .......................................................................................................................70

    3.2. A Perspectiva Capacitria .....................................................................................................72

    3.2.1. Aula 16: Capacidade e Bem-Estar ...................................................................................... 733.2.1.1. Introduo .....................................................................................................................733.2.1.2. Objetivos .......................................................................................................................753.2.1.3. Bibliograa Obrigatria ..................................................................................................763.2.1.4. Bibliograa Complementar .............................................................................................763.2.1.5. Atividade de Aproveitamento da Leitura .........................................................................76

    3.2.1.6. Concluso .......................................................................................................................76

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    3.2.2. Aula 17: Bem-Estar e Desenvolvimento ............................................................................773.2.2.1. Introduo .....................................................................................................................773.2.2.2. Objetivos .......................................................................................................................783.2.2.3. Bibliograa Obrigatria ..................................................................................................783.2.2.4. Bibliograa Complementar .............................................................................................783.2.2.5. Atividade de Aproveitamento da Leitura .........................................................................793.2.2.6. Concluso .......................................................................................................................79

    3.3. A Perspectiva Econmica .....................................................................................................80

    3.3.1. Aula 18: Justia e Ecincia ..............................................................................................813.3.1.1. Introduo .....................................................................................................................813.3.1.2. Objetivos .......................................................................................................................823.3.1.3. Bibliograa Obrigatria ..................................................................................................823.3.1.4. Bibliograa Complementar .............................................................................................82

    3.3.1.5. Atividade de Aproveitamento da Leitura .........................................................................823.3.1.6. Concluso .......................................................................................................................82

    3.3.2. Aula 19: Justia e Bem-Estar Econmico ...........................................................................843.3.2.1. Introduo .....................................................................................................................843.3.2.2. Objetivos .......................................................................................................................843.3.2.3. Bibliograa Obrigatria ..................................................................................................843.3.2.4. Bibliograa Complementar .............................................................................................853.3.2.5. Atividade de Aproveitamento da Leitura .........................................................................853.3.2.6. Concluso .......................................................................................................................85

    4. Bloco IV: Justia como Reconhecimento ........................................................................... 87

    Introduo ...................................................................................................................................87Objetivos .....................................................................................................................................87

    4.1. Aulas 20 e 21: Redistribuio ou Reconhecimento? ...............................................................884.1.1. Introduo ........................................................................................................................884.1.2. Objetivos ..........................................................................................................................884.1.3. Bibliograa Obrigatria .....................................................................................................894.1.4. Bibliograa Complementar ................................................................................................ 894.1.5. Atividade de Aproveitamento da Leitura ............................................................................894.1.6. Concluso ..........................................................................................................................89

    4.2. Aula 22: Justia e Multiculturalismo .....................................................................................904.2.1. Introduo ........................................................................................................................904.2.2. Objetivos ..........................................................................................................................904.2.3. Bibliograa Obrigatria .....................................................................................................904.2.4. Bibliograa Complementar ................................................................................................ 914.2.5. Atividade de Aproveitamento da Leitura ............................................................................914.2.6. Concluso ..........................................................................................................................91

    4.3. Aula 23: Justia e Feminismo ................................................................................................ 924.3.1. Introduo ........................................................................................................................924.3.2. Objetivos ..........................................................................................................................924.3.3. Bibliograa Obrigatria ....................................................................................................934.3.4. Bibliograa Complementar ...............................................................................................934.3.5. Atividade de Aproveitamento da Leitura ............................................................................93

    4.3.6. Concluso ..........................................................................................................................93

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    5. Bloco V: Brasil: Aplicaes da Teoria da Justia ................................................................. 95Introduo ...................................................................................................................................95Objetivos .....................................................................................................................................95

    5.1. Aula 24: A Questo Racial ..................................................................................................965.1.1. Introduo ........................................................................................................................965.1.2. Objetivos ..........................................................................................................................965.1.3. Bibliograa Obrigatria .....................................................................................................965.1.4. Bibliograa Complementar ................................................................................................ 965.1.5. Atividade de Aproveitamento da Leitura ............................................................................975.1.6. Concluso ..........................................................................................................................97

    5.2. Aula 25: Poltica de Cotas e Ao Armativa ......................................................................... 985.2.1. Introduo ........................................................................................................................985.2.2. Objetivos ..........................................................................................................................98

    5.2.3. Bibliograa Obrigatria .....................................................................................................985.2.4. Bibliograa Complementar ................................................................................................ 985.2.5. Atividade de Aproveitamento da Leitura ............................................................................995.2.6. Concluso ..........................................................................................................................99

    5.3. Aula 26: Desigualdade e Pobreza .........................................................................................1005.3.1. Introduo ......................................................................................................................1005.3.2. Objetivos ........................................................................................................................1005.3.3. Bibliograa Obrigatria ...................................................................................................1005.3.4. Bibliograa Complementar ..............................................................................................1005.3.5. Atividade de Aproveitamento da Leitura ..........................................................................1015.3.6. Concluso ........................................................................................................................101

    5.4. Aula 27: Cidadania e Excluso Social .................................................................................1025.4.1. Introduo ......................................................................................................................1025.4.2. Objetivos ........................................................................................................................1025.4.3. Bibliograa Obrigatria ...................................................................................................1025.4.4. Bibliograa Complementar .............................................................................................1025.4.5. Atividade de Aproveitamento da Leitura ..........................................................................1035.4.6. Concluso ........................................................................................................................103

    5.5. Aulas 28 e 29: A eoria da Justia nos ribunais ..................................................................1045.5.1. Introduo .......................................................................................................................1045.5.2. Objetivos .........................................................................................................................1045.5.3. Bibliograa Obrigatria ...................................................................................................1045.5.4. Bibliograa Complementar ..............................................................................................1045.5.5. Concluso ........................................................................................................................104

    5.6. Aula 30 Segunda Avaliao ...............................................................................................106

    III. BIBlI OgRaf Ia .......................................................................................................................................................................108

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    7FGV DIREITO RIO

    TEORIa Da jusTIa

    i. introduo

    A eoria da Justia constitui certamente a disciplina de maior interace entrea Filosoa do Direito e a Filosoa Poltica. Enquanto objeto comum destes doiscampos do saber, a eoria da Justia largamente responsvel por t-los reavivadonas ltimas dcadas, constituindo-se em um dos principais temas da agenda tericacontempornea.

    Acompanhando a natureza da prpria disciplina, este curso de eoria da Jus-tia busca azer uma interace entre a Filosoa do Direito e a Filosoa Poltica econcentra-se embora no de orma exclusiva nos debates contemporneos quenorteiam e orientam a sua consolidao temtica.

    Este material didtico destina-se a introduzir os alunos do curso de eoria da Jus-tia nesta to instigante disciplina, possibilitando que eles estabeleam as conexesnecessrias entre a Filosoa do Direito e a Filosoa Poltica a partir das discussestericas contemporneas que lhes so comuns.

    1.1. Viso Geral

    O curso de eoria da Justia divide-se em cinco partes, quais sejam: 1) Justia:Conceitos e eorias; 2) Justia como Equidade; 3) Justia como Bem-Estar; 4) Jus-

    tia como Reconhecimento; e 5) Brasil: Aplicaes da eoria da Justia. A segundae a terceira parte do curso apresentam subdivises temticas que sero explicitadasa seguir.

    A primeira parte do curso, intitulada Justia: conceitos e teorias, pretende in-troduzir a disciplina, apresentando os principais conceitos e teorias associadas idia de justia. Justia um conceito complexo, passvel de um grande nmero dedenies, assim como so muitas as teorias que tentam dar conta dele, associando-o a perspectivas e abordagens bastante diversas entre si.

    Ao apresentar a amplitude semntica do conceito de justia, o curso busca apon-tar para a necessria interdisciplinaridade que o seu estudo impe. Com eeito,

    alm de constituir-se especicamente como o principal ponto de conexo entre aFilosoa do Direito e a Filosoa Poltica, a eoria da Justia vem revelando-se, con-temporaneamente, de um modo geral, como um orte ponto de interseo entre oDireito, a Filosoa, as Cincias Sociais e a Economia.

    Ao preocupar-se em mostrar precipuamente como a justia pode sobretudoconstituir-se seja em critrio para avaliar normas seja em critrio para ordenar socie-dades, inicia-se o curso com um resgate do conceito de justia desde a sua origemna antiguidade clssica a m de apresentar e discutir alguns dos diversos signicadosque o mesmo veio a assumir ao longo do tempo.

    Embora o oco do curso seja a contemporaneidade, a sua primeira parte busca,por conseguinte, cumprir a imposio necessria de expor as principais concepesde justia que prevalecem, desde as obras de Plato e Aristteles, como reerncias

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    TEORIa Da jusTIa

    inevitveis de qualquer teorizao sobre o assunto. Assim, os alunos tomaro conta-to com os signicados das concepes comutativa, retributiva, distributiva, proce-

    dimental, ormal e material de justia a m de tornarem-se capazes de identic-lase operacionaliz-las ao longo do curso.

    Por m, a primeira parte do curso anunciar algumas das diversas teorias que seormam a respeito da justia a partir daquelas dierentes concepes, revelando seuintento primordial de mostrar como a justia serve sobretudo de parmetro avalia-tivo para a construo e reconstruo permanente do direito e da sociedade, bemcomo das instituies que os compem.

    A segunda parte do curso, intitulada Justia como Equidade, busca apresentaralgumas das mais importantes perspectivas da eoria da Justia que vm sendo ar-madas nas ltimas trs dcadas. So elas: a perspectiva liberal, a perspectiva libert-

    ria, a perspectiva utilitarista e a perspectiva comunitarista.A primeira destas a perspectiva liberal, que tem em John Rawls o seu principal

    expoente. Com eeito, Rawls certamente o principal nome associado teoria dajustia, tendo sido o seu livro homnimo publicado em 1971 o principal ponto departida para retomada das losoas poltica, jurdica e moral aps um longo pero-do de predomnio da losoa analtica no cenrio acadmico.

    Com a obra de Rawls, aquilo que se chama hoje de teoria da justia entra de-nitivamente em cena, passando a ganhar corpo com as diversas respostas e crticasque seu trabalho passou a receber. A perspectiva libertria justamente uma destasrespostas, apesar de o seu principal expoente, Robert Nozick ormulador de

    uma teoria de justia distributiva que busca azer rente teoria da justia comoequidade rawlsiana , ter sido precedido, no que tange ao libertarianismo de suaconcepo de justia, por Friedrich Hayek, ainda alguns anos antes da obra bali-zadora de Rawls.

    Ao ormular sua teoria da justia, Rawls buscava na verdade oerecer uma al-ternativa terica ao utilitarismo. Os amosos princpios de justia que ormuladestinavam-se inicialmente a serem escolhidos em detrimento de uma concepoutilitarista de justia como a melhor orma de ordenao da sociedade. Evidente-mente, os utilitaristas no deixam por menos e revigoram a sua abordagem a m deazer ace a Rawls. Nesta segunda parte do curso ser abordado o novo utilitarismo

    que surge a partir da dcada de setenta como uma nova ormulao de uma antigamaneira de conceber-se a justia.

    O comunitarismo constitui a quarta perspectiva a ser analisada nesta segundaparte do curso. Certamente uma das tendncias mais ortes do pensamento con-temporneo seja pelo nmero de autores que a proessam, seja pelo nmero deadeptos que conquista , o comunitarismo ope-se ao universalismo rawlsiano, in-vertendo a relao de prioridade entre o bem e o direito por meio de uma concep-o de justia relativista e centrada na idia de comunidade e no compartilhamentopor ela propiciado. Avolumam-se nas ltimas trs dcadas as abordagens comunita-ristas, porm este curso oca em duas das mais importantes delas representadas porautores como Michael Sandel e Michael Walzer.

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    TEORIa Da jusTIa

    A terceira parte do curso intitula-se Justia como Bem-Estar e busca apresentara noo de bem-estar (welare) como uma alternativa s perspectivas que encaram a

    justia como equidade (airness). So trs as principais perspectivas que permitiroazer essa passagem, nomeadamente a perspectiva igualitria, a perspectiva capacit-ria e a perspectiva econmica.

    A perspectiva igualitria ser ilustrada com base nos estudos de Ronald Dworkinsobre a igualdade. A concepo de igualdade de bem-estar, de um lado, e a concep-o de igualdade de recursos, de outro, propiciam que Dworkin erija uma teoriada justia que busca competir com as principais perspectivas contemporneas queproessam, de uma maneira ou de outra, a justia como equidade.

    Sob o nome de perspectiva capacitria, a importante contribuio de AmartyaSen ao debate sobre a teoria da justia ser em seguida estudada. A concepo de

    justia de Sen ser abordada em um duplo aspecto, seja relacionando a sua inovado-ra idia de capacidade ao bem-estar ou relacionando estes dois aos problemas maisamplos do desenvolvimento e da liberdade.

    Por m, a terceira abordagem a ser discutida nesta terceira parte do curso aperspectiva propriamente econmica das concepes de justia como bem-estar.Em um primeiro momento, a justia ser relacionada com a idia de ecincia, e,para tanto, a anlise econmica do direito (law and economics),que muito se popu-larizou atravs da obra de Richard Posner, servir de ponto de apoio para o debate.Em um segundo momento, o curso adentrar uma perspectiva propriamente eco-nmica da justia como bem-estar por meio da obra conjunta de Louis Kaplow e

    Steven Shavell, que busca justamente avorecer esta concepo em detrimento dasdiversas concepes de justia como equidade.

    Uma vez estudado aquilo que constitui o cnone da eoria da Justia, o cursopassar para a sua quarta parte trazendo a lume algumas concepes de justia queno se encaixam nas teorias da justia como equidade, nem nas teorias da justiacomo bem-estar. Com este intuito, o curso abre espao para uma das discussesmais ortes do cenrio contemporneo, o reconhecimento. O conhecido debate en-tre Nancy Fraser e Axel Honneth ser abordado a m de relacionar a justia pro-blemtica do reconhecimento. Seja como distribuio, seja como reconhecimento,a justia revela-se neste debate apontando para a importante questo da justia

    social em um contexto ps-liberal e multicultural, no qual o papel dos movimentossociais ganha cada vez mais ora.

    Ainda no intuito de mapear as principais tendncias crticas suscitadas pela e-oria da Justia nos ltimos anos, sero abordados nesta parte do curso os crescen-tes debates suscitados pelo multiculturalismo e pelo eminismo. Duas importantesexpoentes destas rentes que se opem s tradicionais concepes da justia comoequidade, Iris Marion Young e Martha Minow, sero estudadas a m de relacionara justia com os problemas que vm sendo colocados recentemente pelo cosmopo-litismo cultural e pelas polticas de gnero.

    A ltima parte do curso destina-se a aplicar a teoria da justia ao caso bra-sileiro, valendo-se de estudos de socilogos, cientistas polticos e economistasnacionais, alm da anlise de jurisprudncia dos tribunais superiores. Com uma

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    TEORIa Da jusTIa

    abordagem mais emprica do que aquela adotada anteriormente, esta parte docurso busca reetir sobre a questo racial, a poltica de cotas e a ao armativa,

    alm dos problemas da desigualdade, da pobreza e da excluso social. As lti-mas duas aulas antes da avaliao nal sero dedicadas anlise e discusso da

    jurisprudncia brasileira que trate dos temas e concepes de justia discutidasao longo do curso, aplicando o instrumental terico e conceitual aprendido aocaso concreto.

    1.2. objetiVos Gerais

    O curso de eoria da Justia destina-se a prover aos alunos uma introduo

    crtica e comparativa das principais tendncias do debate contemporneo em tor-no do conceito de justia, propiciando, assim, que os mesmos amiliarizem-secom uma parte importante da atual agenda da Filosoa do Direito e da FilosoaPoltica.

    O contedo programtico do curso ser apresentado de tal modo que os alunospossam analisar, comparar, contrastar e criticar diversas concepes alternativas de

    justia. O objetivo precpuo disso tornar o aluno apto a encarar a idia de justiasimultaneamente como: a) um parmetro para a tomada de decises; b) um crit-rio para a produo de normas; c) um critrio para a aerio da legitimidade e davalidade de normas e decises; d) um princpio norteador da organizao e da or-

    denao da sociedade; e e) um parmetro para a denio, elaborao e consecuode polticas pblicas.

    Espera-se que os alunos, ao nal do curso, tenham acumulado um instrumentalterico que lhes permita pensar e resolver problemas prticos concernentes justiaem uma perspectiva interdisciplinar. Eles sero instigados a perceber que o conceitode justia, mesmo quando ormulado sob uma perspectiva losca, demanda umaaplicao prtica que no pode prescindir de uma abordagem simultaneamente ju-rdica, social, poltica e econmica.

    Deste modo, ao longo do curso, os alunos sero incentivados a desenvolver umraciocnio prtico com base nos temas mobilizados a partir dos textos selecionados

    para suscitar a discusso em sala de aula. Cada estudante deve perceber como as di-versas teorias da justia estudadas permitem o aproundamento de uma perspectivaanaltica e crtica em relao ao direito e sociedade. Ao desenvolver a capacidadeanaltica dos alunos, o curso os auxiliar a ormar uma abordagem descritiva quepossibilite a ormulao de um diagnstico sobre algumas instituies jurdicas esociais, antecipando potenciais para a sua transormao e apereioamento. Aomesmo tempo, ao omentar a capacidade crtica dos alunos, o curso propiciar queos mesmos reitam prospectiva e normativamente a respeito de alternativas poss-veis s instituies existentes, instigando o seu imaginrio e direcionando-o rumo aum uturo a ser compartilhado e construdo por eles.

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    1.3. MetodoloGia

    A m de prover um panorama geral do debate contemporneo sobre a teoria dajustia e trat-la interdisciplinarmente no contexto da interseo entre a Filosoa doDireito e a Filosoa Poltica, o curso abordar um conjunto extenso de perspectivasalternativas sobre o conceito de justia. Para dar conta desta diversidade de aborda-gens, a literatura que acompanhar o curso deve ser necessariamente diversicada, oque implica em um rol grande de autores e textos a serem lidos como reerncia.

    As aulas no consistiro em estudos dirigidos de textos. Contudo, dado o graude complexidade e sosticao de algumas argumentaes, em alguns casos a aulaassumir um tom mais analtico e centrado nos textos. Mas estes casos pretendemcongurar a exceo. Como regra, as aulas partiro de temas e problemas a serem

    discutidos participativamente em sala, e os textos serviro para que estes temas eproblemas possam ser identicados e associados s dierentes perspectivas tericasque representam.

    Portanto, ao abordar os textos, preciso que os alunos tenham em mente que ocurso no consiste em um estudo de autores. Ao prepararem-se ao longo do curso,eles no devem, por exemplo, preocupar-se em saber identicar as perspectivas deRawls, Dworkin ou Posner, pois no isso que se espera deles. Para este curso, im-porta menos o que pensam os autores estudados e mais o que o prprio aluno pen-sa. Portanto, os alunos no devem se preocupar em meramente identicar as prin-cipais idias de cada texto (ou autor), mas sim em utiliz-los instrumentalmente de

    orma a associar estas idias e, a partir disso, construir as suas prprias. Os textos que naturalmente oram escritos por autores servem, por conseguinte, apenasde reerncia, indicando para os alunos possibilidades alternativas de se pensar sobrequestes semelhantes e abordar problemas similares.

    A orma pela qual o curso oi montado implica necessariamente a construoprogressiva de uma reexo crtica a respeito dos temas abordados. O carter multi-acetrio do curso (que se estrutura a partir de dierentes modos de conceber a jus-tia e de aplic-la como critrio para a produo, legitimao e validade de normas,decises e polticas pblicas) propicia que a cada aula as perspectivas estudadas nasaulas anteriores sejam permanentemente questionadas e revisadas. Esta empreitada

    largamente acultada pela existncia de um dilogo real travado entre diversosdos autores cujas abordagens sero estudadas no curso. H um verdadeiro debateacadmico sendo travado nos ltimos trinta anos em torno da teoria da justia, e asegunda e a terceira partes do curso seguem, em alguma medida, a construo destedebate. Isso propiciar que os alunos sejam expostos a abordagens muito dierentesque buscam corrigir umas s outras, apereioando e sosticando o tema de quetratam em comum.

    absolutamente imprescindvel que os alunos preparem-se para a aula lendo ostextos obrigatrios indicados no programa e reeridos na bibliograa. Os estudan-tes sero constantemente chamados a participar da aula e isso ser eito de modosistemtico, sem que se aa necessrio um aviso prvio. Ao incio de cada aula, osalunos sero indagados a respeito de suas impresses acerca do texto lido. A partir

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    disso, a proessora indicar uma questo, um tema ou um problema a ser discutidocom reerncia ao texto lido. Por mais que as aulas no tendam a assumir a orma

    de leituras dirigidas, os textos sempre ormaro o seu material bsico e todas elastero, dentre seus objetivos, a identicao e discusso dos principais argumentoscontidos nos textos, bem como dos principais conceitos neles enunciados.

    A participao dos alunos nesse processo essencial. Eles sero chamados a par-ticipar da reconstruo dos argumentos contidos nos textos e sero instigados acompar-los com argumentos aprendidos nas aulas anteriores. Alm disso, seroconstantemente interpelados ao longo das aulas a m de enunciarem suas prpriasvises, opinies e pensamentos a respeito do tema tratado. Uma vez que o cursotem como eixo central a apresentao de perspectivas dspares a respeito da justia,os alunos sero permanentemente chamados a posicionarem-se a respeito destas.

    Neste contexto, a proessora assumir um papel provocador, incitando os alunos aum ceticismo a respeito de suas prprias crenas e valores (os quais so inaastveisquando o que est em jogo so modos de conceber-se e aplicar-se a justia) e a res-peito das prprias convices que orem ormando ao longo do curso.

    Por mais que este seja um curso de teoriada justia, o carter prtico de seuestudo muito evidente. As teorias da justia so elaboradas para serem eetiva-mente aplicadas, e no apenas para explicar, descrever ou revisar um conjunto deconceitos. Alguns textos a serem utilizados no curso descrevem casos reais ou nar-ram situaes hipotteticas (esta costuma ser a regra), as quais sero utilizadas emsala, solicitando-se que os alunos posicionem-se a respeito. Portanto, a preparao

    prvia para a aula de undamental importncia. Os alunos devem necessariamen-te ler com antecedncia os textos indicados e esorar-se, na medida do possvel,para realizar as atividades de aproundamento da leitura sugeridas neste materialdidtico.

    1.4. desafios e dificuldades

    eoria da Justia um curso novo, que ser ministrado pela segunda vez na gradecurricular da Escola de Direito do Rio de Janeiro da Fundao Getlio Vargas, e

    que usualmente no encontra espao nos currculos de graduao das aculdadesde Direito brasileiras. A opo de no oerecer um curso de Filosoa do Direitotradicional, mas sim um que enoque em um de seus principais eixos temticos ateoria da justia, reete a proposta da Escola de estar sempre um passo a rente noensino jurdico, de orma inovadora e criativa. Este curso oi concebido de maneiraa reorar este esprito e garantir a sua continuidade.

    O principal desao deste curso, portanto, reside em seu carter experimental.Disciplinas de teoria da justia vm sendo usualmente dadas apenas no mbito doscursos de ps-graduao, de modo que o acesso aos autores e textos concernentescostuma ser restrito a alunos que se encontram em estgios mais avanados da or-mao acadmico-universitria. Em casos menos reqentes, o contedo temticoda teoria da justia tambm objeto de ncleos ou grupos institucionais de pesquisa

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    que eventualmente envolvem alunos de graduao. Ao inserir a disciplina de eoriada Justia entre seus cursos obrigatrios, a DIREIO-RIO, mais uma vez, rompe o

    padro do ensino jurdico tradicional e inova, lanando seus alunos em um patamar rente do conhecimento e do ensino.

    Estas vantagens naturalmente podero assumir a orma de desvantagens, sobre-tudo para as primeiras turmas que orem expostas ao curso e ao material didticoque o acompanha. Como todo objeto novo, necessrio um tempo at que se en-contre o ponto justo, o tom adequado, a medida certa. O equilbrio a ser buscadoenvolver um esoro e um engajamento conjunto dos alunos e da proessora, demodo que se possa encontrar, coletivamente, seno um modelo ideal de curso, aomenos seu ponto timo.

    Este ponto timo, evidentemente, depender de circunstncias contingentes.

    Cada turma sempre reagir de orma dierente ao curso e ao material, e apenas asua aplicao no mdio prazo permitir que se encontre o ormato mais adequadoe, assim, que o curso seja consolidado. Mas isso no deve, contudo, jamais dirimirseu carter experimental. O experimentalismo um desao do curso, na medidaem que ele recente; mas o experimentalismo tambm um de seus objetivos, mamedida em que pretende ser permanente.

    Os nus e os bnus deste desao sero naturalmente compartilhados entre osalunos e a proessora. Deseja-se que este compartilhamento seja eetivamente de-mocrtico e que os alunos possam ativamente engajar-se na construo permanentedo curso. Deste modo, muito importante que os alunos apresentem abertamente

    as suas dvidas e diculdades, opinies e sugestes, as quais sero sinceramente con-sideradas pela proessora na reviso contnua do contedo programtico do curso ede seu material didtico. A aprendizagem denitivamente um processo coletivo, eele no exclui o proessor.

    A principal diculdade do curso reside em que uma relevante parte de sua bi-bliograa no se encontra ainda traduzida para o portugus. A maioria dos textosutilizados reere-se a um debate em curso, e, no contexto acadmico brasileiro, a suanatureza recente e o seu pblico restrito ainda no propiciaram a consolidao deuma bibliograa nacional abrangente.

    Alm disso, o debate sobre a teoria da justia envolve a elaborao de diversos

    conceitos e categorias novas, de modo que a traduo destas no constitui objetopacco e encontra-se em permanente disputa. Isso az com que muitas traduesno sejam dignas de credibilidade, uma vez que podem dicultar ainda mais a com-preenso do aluno e induzi-los a uma leitura equivocada.

    Por essas razes, nem todos os textos que compem a bibliograa do curso serodisponibilizados no vernculo. Certamente este problema ser mitigado nos pr-ximos anos, tendo em vista que recentemente um nmero crescente de obras quecompem a bibliograa do curso vem sendo traduzido para o portugus. Enquantoisso no acontece, pede-se aos alunos que empreguem algum esoro e pacincia naleitura dos textos em ingls.

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    1.5. Mtodos de aValiao

    Os alunos sero permanentemente avaliados por sua participao em sala de aulae por seu engajamento no curso. Por mais que esta participao no seja avaliada naorma objetiva de pontos a serem somados ou subtrados, ela se ar reetir nas duasnotas que compem a mdia nal do curso.

    Alm desta avaliao permanente da participao, alguns mtodos avaliativossero empregados ao longo do semestre, a m de compor as duas notas que levaro mdia nal. Passo a descrev-los.

    Aprimeira nota ser composta por duas partes. A primeira parte, que com-putar 30% da nota, reere-se elaborao de um ensaio sobre o tema O que

    justia?e que deve ser entregue at a data da aula 7. A segunda parte, que equivale-

    r 70% da nota, reere-se a um debate que ser realizado em sala na data da aula13. O tema do debate Princpios de Justia para a Sociedade Brasileira. Os alu-nos devero produzir previamente um pequeno texto sobre o assunto, mobilizandotoda a literatura estudada no curso at a aula anterior. Desnecessrio dizer, comono caso do ensaio anterior, que os alunos no devem azer resumos de cada um dostextos ou autores estudados. Este no o objetivo da avaliao. Seu objetivo queos alunos possam instrumentalizar os textos e autores estudados, recorrendo aosconceitos e argumentos deles na medida em que isso os acultar a desenvolver umarrazoado prprio e original sobre o tema em questo. Os alunos sero avaliadospelo texto escrito e por sua participao no debate. Mais detalhes sobre a elabora-

    o do trabalho e a organizao do debate encontram-se neste material didtico,na descrio da aula 13.

    Asegunda notatambm ser composta por duas partes. A primeira delas, queequivaler a 20% do total, consistir em uma apresentao oral, a ser eita em gru-po, sobre pesquisa de jurisprudncia relativa ao tema do curso.. Detalhes sobre aelaborao da pesquisa e da apresentao encontram-se neste material didtico, nadescrio das aulas 28 e 29. A segunda parte, que computar 80% da nota nal,consistir em uma prova escrita a ser realizada no ltimo dia de aula do curso.

    A prova englobar todo o contedo ensinado da primeira avaliao (aula 13) emdiante.

    1.6. ProGraMa

    P i: j: c t

    aula01 teoriadajustia: entreafilosofiadodireitoeafilosofiapoltica

    exto base: RAPHAEL, D. D. Problems o Political Philosophy. Humanities Press,Atlantic Highlands, 1990, pp. 113 a 119.

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    aula02 oquejustia?

    exto base: PERELMAN, Cham. tica e Direito. Editora Martins Fontes, SoPaulo, 1996, pp. 3 a 33.

    aula03 conceitoseteoriasdajustia

    exto base: ARISELES. tica a Nicmacos. Editora UNB, Braslia, 1985,livro V.

    PLAO.A Repblica. Editora Perspectiva, So Paulo, 2006, livro I.

    aula04 ajustiaentreodireitoeasociedade

    extos base: 1) MILLER, David. Principles o Social Justice. Harvard UniversityPress. Cambridge, 2001, pp. 1 a 20.

    2) PERELMAN, Cham. tica e Direito. Editora Martins Fontes, So Paulo,1996, pp. 68 a 84.

    P ii j m eq

    2.1. aperspectivaliberal

    aula05 ajustiacomoequidade

    exto base: RAWLS, John. Justia como Equidade: Uma Reormulao. EditoraMartins Fontes, So Paulo, 2003, parte1 (1 a 11) e parte 3 (23 a 25).

    aula06 osprincpiosdejustiaeaprioridadedasliberdadesbsicas

    exto base: RAWLS, John. Justia como Equidade: Uma Reormulao. EditoraMartins Fontes, So Paulo, 2003, parte 2 (12-18) e parte 3 (30 e 33).

    aula07 justia, pluralismoedemocracia

    exto base: RAWLS, John. Liberalismo Poltico. Editora tica, So Paulo, 2000,caps. IV (1-7) e VI (1-6).

    2.2. aperspectivalibertria

    aula08 justia, liberdadeemrito

    exto base: HAYEK, Friedrich A. Te Constitution o Liberty. University o Chi-cago Press, Chicago, 1960, cap. 6.

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    aula09 umateoriadajustiaparaumestadomnimo

    exto base: NOZICK, Robert.Anarquia, Estado e Utopia, Editora Jorge Zahar,Rio de Janeiro, pp. 149 a 182.

    2.3. aperspectivautilitarista

    aula10 justiautilitarista

    exto base: KYMLICKA, Will. Contemporary Political Philosophy. Oxord Uni-versity Press, Oxord, 1990, cap. 2.

    2.4. aperspectivacomunitarista

    aula11 aprioridadedobem

    exto base: SANDEL, Michael. Justice and the Good In: SANDEL, Micha-el (ed.). Liberalism and its Critics. New York University Press, New York,1984.

    aula12 igualdadecomplexa

    exto base:WALZER, Michael. Eseras da Justia. Editora Martins Fontes, SoPaulo, 2003, cap. 1.

    aula 13 primeiraavaliao princpiosdejustiaparaasociedadebra-sileira

    P iii j m bm-e

    3.1. aperspectivaigualitria

    aula14 igualdadedebem-estar

    exto base: DWORKIN, Ronald.AVirtude Soberana. Ed. Martins Fontes, SoPaulo, 2005, cap.1.

    aula15 igualdadederecursos

    exto base: DWORKIN, Ronald.AVirtude Soberana. Ed. Martins Fontes, SoPaulo, 2005, cap.2.

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    3.2. aperspectivacapacitria

    aula16 capacidadeebem-estar

    exto base: SEN, Amartya. Desigualdade Reexaminada. Editora Record, Rio deJaneiro, 2001, caps. 3 e 4.

    aula17 bem-estaredesenvolvimento

    exto base: SEN, Amartya. Desenvolvimento como Liberdade. Companhia das Le-tras, So Paulo, 1999, cap. 3.

    3.3. aperspectivaeconmica

    aula18 justiaeeficincia

    exto base: POSNER, Richard. Te Economics o Justice. Harvard UniversityPress, Cambridge, 1981, cap. 4.

    aula19 justiaebem-estareconmico

    exto base: KAPLOW, Louis e SHAVELL, Steven. Fairness versus Welare. Har-

    vard University Press, Cambridge, pp. 15 a 38 e 52 a 62.

    P iV: j m rhm

    aulas 20 e 21 redistribuiooureconhecimento?

    extos base: FRASER, Nancy. Da redistribuio ao reconhecimento? Dilemasda Justia na era ps-socialista. In: SOUZA, J. (org.). Democracia hoje: no-vos desaos para a teoria democrtica contempornea. Editora UNB, Braslia,

    2001.HONNEH, Axel. Redistribution as Recognition In: FRASER, Nancy e

    HONNEH, Axel (eds.). Redistribution or Recognition?. Verso, London,2003, pp. 160 a 189.

    aula22 justiaemulticulturalismo

    exto base: YOUNG, Iris Marion. Polity and Group Dierence: A Critique othe Ideal o Universal Citizenship In: GOODIN, Robert e PEI, Phi-lip (eds.).Contemporary Political Philosophy. Blackwell Publishing, Oxord,2006, pp. 248 a 263.

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    P V: b: ap t j

    aula24 aquestoracial

    exto base: COSA, Sergio e WERLE, Denlson. Reconhecer as Dierenas.Liberais, Comunitaristas e as Relaes Raciais no Brasil. In: eoria Social e

    Modernidade no Brasil. AVRIZER, Leonardo e DOMINGUES, Jos Mau-rcio (orgs.). Editora UFMG, Belo Horizonte, 2000.

    aula25 polticadecotaseaoafirmativa

    exto base: Waltenberg, Fabio D. Cotas nas Universidades Brasileiras. A Con-

    tribuio das eorias de Justia Distributiva ao Debate. In: Revista SinaisSociais, SESC, v. 2, n 4, 2007.

    aula26 desigualdadeepobreza

    exto base: PAES DE BARROS, Ricardo. Desigualdade e Pobreza no Brasil.Retrato de uma Estabilidade Inaceitvel. In: Revista Brasileira de CinciasSociais, Vol. 15, n 42, 2000.

    aula27 cidadaniaeexclusosocial

    exto base: REIS, Elisa e SHWARZMAN, Simon. Pobreza e Excluso Social:Aspectos Scio-Polticos In:As Causas da Pobreza. Editora da FGV, Rio deJaneiro, 2004, cap. 3.

    aula28 ateoriadajustianostribunais

    exto base: Acrdos selecionados

    aula29 ateoriadajustianostribunais

    exto base: Acrdos selecionados

    aula30 segundaavaliao

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    ii. Plano de aulas

    1. Bloco i: justia: conceitos e teorias

    introduo

    Com intuito de mostrar como a justia pode revelar-se tanto em critrio paraavaliar normas como em critrio para ordenar sociedades, o curso inicia-se com umresgate do conceito de justia desde a sua origem na antiguidade clssica, a m deapresentar e discutir alguns dos diversos signicados que o mesmo veio a assumirao longo do tempo.

    Embora o oco do curso como um todo seja a contemporaneidade, esta primeira

    parte busca cumprir a imposio necessria de expor as principais concepes dejustia que prevalecem, desde as obras de Plato e Aristteles, como reerncias ine-vitveis de qualquer teorizao sobre o assunto. Assim, os alunos tomaro contatocom os signicados das concepes comutativa, retributiva, distributiva, procedi-mental, ormal e material de justia a m de tornarem-se capazes de identic-las eoperacionaliz-las ao longo do curso.

    Por m, a primeira parte do curso anunciar algumas das diversas teorias que seormam a respeito da justia a partir daquelas dierentes concepes, revelando seuintento primordial de mostrar como a justia serve de parmetro avaliativo para aconstruo e reconstruo permanente do direito e da sociedade, bem como das

    instituies que os compem.

    objetiVos

    Constituem objetivos deste bloco:

    Deniroobjetodateoriadajustia; ApontarcomoateoriadajustiapropiciaumainterfaceentreaFilosoado

    Direito e a Filosoa Poltica;

    Denir,emcarterprovisrio,oqueajustia; Indicaramultiplicidadedeconceitoseteorizaesqueaidiadejustiaadmite; Investigaralgunsdosprincipaissignicadosatribudosaoconceitodejustia

    desde a antiguidade clssica; Anunciarasprincipaisconcepesdejustiaeasteoriasquedelasemanam; Apresentarateoriadajustiacomoumadisciplinainterdisciplinar,apontan-

    do seu uso e relevncia em dierentes disciplinas; Mostrarcomoateoriadajustiarelevanteparadesenvolvercritriospara

    embasar a produo, legitimao e validade do direito; Mostrarcomoateoriadajustiarelevanteenquantocritrioparaoesta-

    belecimento de princpios organizativos e ordenadores da sociedade, bemcomo para a denio e implementao de polticas pblicas.

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    1.1. aula 1: teoria da justia: entre a FilosoFia do direito e aFilosoFia Poltica

    exto base: RAPHAEL, D. D. Problems o Political Philosophy. Humanities Press,Atlantic Highlands, 1990, pp. 113 a 119.

    1.1.1. introduo

    A eoria da Justia constitui certamente a disciplina de maior interace entre

    a Filosoa do Direito e a Filosoa Poltica. Enquanto objeto comum destes doiscampos do saber, a eoria da Justia largamente responsvel por t-los reavivadonas ltimas dcadas, constituindo-se em um dos principais temas da agenda tericacontempornea. tendo isso em mente que esta primeira aula introduzir os alunos eoria da Justia.

    1.1.2. objetiVos

    So objetivos desta aula:

    Apresentarocurso,seuprograma,metodologiaemtodosdeavaliao; Denircomosalunosocronogramadocursoeocalendriodasaulaseava-

    liaes; Deniroobjetodateoriadajustia; Apresentarateoriadajustiacomoumadisciplinainterdisciplinar,apontan-

    do seu uso e relevncia em dierentes disciplinas; ApontarcomoateoriadajustiapropiciaumainterfaceentreaFilosoado

    Direito e a Filosoa Poltica;

    1.1.3. biblioGrafia obriGatria

    RAPHAEL, D. D. Problems o Political Philosophy. Humanities Press, AtlanticHighlands, 1990, pp. 113 a 119.

    1.1.4. biblioGrafia coMPleMentar

    RAPHAEL, D. D. Concepts o Justice. Oxord University Press, Oxord, 2001,

    pp. 1 a 7.

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    1.1.5. atiVidade de aProVeitaMento da leitura

    endo em vista que esta a primeira aula do curso e que o seu objetivo principal apresent-lo, a leitura da bibliograa no ser exigida dos alunos, assim como noh atividade prvia que vise a apround-la.

    1.1.6. concluso

    Espera-se que com esta aula os alunos sintam-se vontade com o curso e in-teiramente inormados a respeito de sua estrutura, uncionamento, metodologiae organizao. Espera-se ainda que os alunos compreendam a importncia da dis-

    ciplina no contexto acadmico contemporneo e que percebam a relevncia que amesma possui em sua ormao prossional e pessoal, tanto no plano da aquisio eacmulo de inormaes tericas como no plano da aquisio e instrumentalizaode conhecimentos prticos.

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    1.2. aula 2: o que justia?

    exto base: PERELMAN, Cham. tica e Direito. Editora Martins Fontes, SoPaulo, 1996, pp. 3 a 33.

    1.2.1. introduo

    Na aula de hoje sero apresentados e discutidos alguns dos diversos signicadosque o conceito de justia veio a assumir ao longo do tempo. A importante dierenaentre justia ormal e justia material ser explicitada, e diversos sentidos correntes

    do conceito de justia sero discutidos.

    1.2.2. objetiVos

    So objetivos desta aula:

    Denir,emcarterprovisrio,oqueajustia; Indicaramultiplicidadedeconceitoseteorizaesqueaidiadejustiaad-

    mite;

    1.2.3. biblioGrafia obriGatria

    PERELMAN, Cham. tica e Direito. Editora Martins Fontes, So Paulo, 1996,pp. 3 a 33.

    1.2.4. biblioGrafia coMPleMentar

    OPPENHEIM, Felix. Justia In: BOBBIO, Norberto et alli. Dicionrio de Po-ltica. Editora UNB, Braslia, pp. 660 a 666.

    1.2.5. atiVidade de aProVeitaMento da leitura

    Aps realizar a leitura do texto, o aluno deve tentar responder as seguintes ques-tes:

    1. Qual a diculdade de se denir o conceito de justia?2. Quais so os seis exemplos de sentidos mais correntes do conceito de justia?3. Por que esses seis sentidos apresentam um carter inconcilivel?

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    TEORIa Da jusTIa

    4. O que a justia ormal? Como possvel deni-la de orma unvoca?5. O que a justia concreta (material)?

    6. Qual a relao entre justia ormal e concreta (material)?7. Pode a justia opor-se ao direito?8. H um direito injusto?

    1.2.6. concluso

    Espera-se que ao nal desta aula os alunos possam dierenciar as concepes or-mal e material de justia. Alm disso, espera-se que os alunos possam manejar comtranqilidade alguns dos principais signicados atribudos idia de justia desde

    a sua primeira ormulao na antiguidade clssica. Entre esses signicados encon-tram-se aqueles que denem a justia a partir dos seguintes princpios: 1) a cadaqual a mesma coisa; 2) a cada qual segundo seus mritos; 3) a cada qual segundosuas obras; 4) a cada qual segundo suas necessidades; 5) a cada qual segundo suaposio; 6) a cada qual segundo o que a lei lhe atribui.

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    1.3. aula 3: conceitos e teorias da justia

    exto base: ARISELES. tica a Nicmacos. Editora UNB, Braslia, 1985,livro V.

    PLAO.A Repblica. Editora Perspectiva, So Paulo, 2006, livro I.

    1.3.1. introduo

    Esta aula apresentar as concepes comutativa, retributiva, distributiva e proce-dimental de justia, bem como algumas teorias que se desenvolveram com base nelas.Neste contexto, ser discutida a importncia dessas concepes na atividade dos juzes

    e dos advogados. Ao se resgatar as concepes aristotlicas de justia, buscar-se- ana-lisar sua inuncia na ormulao das concepes de justia que conhecemos hoje.

    1.3.2. objetiVos

    So objetivos desta aula:

    Investigaralgunsdosprincipaissignicadosatribudosaoconceitodejustiadesde a antiguidade clssica;

    Anunciaralgumasdasprincipaisconcepesdejustiaeasteoriasquedelasemanam;

    1.3.3. biblioGrafia obriGatria

    ARISELES. tica a Nicmacos. Editora UNB, Braslia, 1985, livro V.PLAO.A Repblica. Editora Perspectiva, So Paulo, 2006, livro I.

    1.3.4. biblioGrafia coMPleMentar

    POSNER, Richard. Problemas de Filosoa do Direito. Editora Martins Fontes,So Paulo, 2007, cap. 11.

    1.3.5. atiVidade de aProVeitaMento da leitura

    Aps a leitura do texto indicado, os alunos devem esorar-se para responder sseguintes questes:

    1. O que a justia comutativa? Qual a sua importncia na atividade dosjuzes e advogados?

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    2. Qual a contribuio de Aristteles na ormulao das concepes de justiaque conhecemos hoje?

    3. Como o conceito aristotlico de justia corretiva explica o sistema jurdicotal como o conhecemos?

    4. Qual a relao entre a justia comutativa e o Estado de Direito?5. O que justia retributiva?6. Em que medida a idia de direito constitui um limite para a justia retribu-

    tiva?7. O que justia distributiva?8. De acordo com o texto, qual a relao entre a concepo aristotlica de jus-

    tia distributiva e as teorias distributivistas contemporneas.9. O que justia procedimental?

    1.3.6. concluso

    Espera-se que os alunos, ao nal desta aula, possam identicar e manejar ossignicados das concepes comutativa, retributiva, distributiva e procedimentalde justia. Espera-se ainda que eles possam identicar algumas das diversas teoriasque se ormam a respeito da justia a partir daquelas dierentes concepes. Emparticular, espera-se que os alunos j possam reconhecer os undamentos de algu-mas perspectivas contemporneas que sero vistas ao longo do curso, especialmente

    aquelas que tomam a idia de justia distributiva como base.

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    1.4. aula 4: a justia entre o direito e a sociedade

    textos base:

    MILLER, David. Principles o Social Justice. Harvard University Press. Cambrid-ge, 2001, pp. 1 a 20.

    PERELMAN, Cham. tica e Direito. Editora Martins Fontes, So Paulo, 1996,pp. 68 a 84.

    1.4.1. introduo

    Esta aula destina-se a mostrar como a justia deve servir de parmetro avaliativopara a construo e reconstruo permanente do direito e da sociedade, bem comodas instituies que os compem.

    1.4.2. objetiVos

    Constituem objetivos desta aula:

    Apontarcomoateoriadajustiarelevanteparadesenvolvercritriosparaembasar a produo, legitimao e validade do direito;

    Mostrarcomoateoriadajustiarelevanteenquantocritrioparaoesta-belecimento de princpios organizativos e ordenadores da sociedade, bemcomo para a denio e implementao de polticas pblicas.

    1.4.3. biblioGrafia obriGatria

    MILLER, David. Principles o Social Justice. Harvard University Press. Cambrid-

    ge, 2001, pp. 1 a 20.PERELMAN, Cham. tica e Direito. Editora Martins Fontes, So Paulo, 1996,

    pp. 68 a 84.

    1.4.4. biblioGrafia coMPleMentar

    HAR, Herbert L. A. O Conceito de Direito. Editora Fundao Calouste Gul-benkian. Lisboa, 1994, cap. 8.

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    1.4.5. atiVidade de aProVeitaMento da leitura

    Aps realizar a leitura dos textos selecionados, os alunos devero tentar respon-der s seguintes perguntas:

    1. Quais so os trs aspectos da justia, de acordo com Perelman?2. Qual o escopo da justia social? De que se trata, quando se ala em justia

    social?3. Qual a relao entre justia distributiva e justia social?4. Como a idia de justia social aeta a estrutura institucional das sociedades?5. Qual a relao entre a justia social e a liberdade individual, de acordo com

    Miller?

    6. Quais so os trs aspectos da comunidade poltica que tornam a aplicaodos princpios de justia viveis e ruteros? Explique-os.

    1.4.6. concluso

    Espera-se que com esta aula os alunos possam compreender a importncia da jus-tia para se pensar tanto o direito como a sociedade. Os alunos devem perceber quea justia no um conceito que importa apenas aos operadores do direito. A idiade justia pode ter um undamento jurdico, mas ela tem um enorme impacto so-

    cial. Por isso, sua aplicao prtica transcende em muito os limites do direito. Comesta aula, espera-se que os alunos possam desde j perceber o papel undamental dateoria da justia na reestruturao institucional das sociedades contemporneas.

    ConCluso do BloCo:

    Espera-se que, ao nal deste primeiro bloco do curso, os alunos j possam ope-rar com as principais denies, concepes e teorias da justia. Neste momento,os alunos j devem ter alguma amiliaridade com o objeto da disciplina e com as

    preocupaes que a cercam. Eles devem tambm j se revelar capazes de distinguiras principais concepes de justia e desenvolver uma curiosidade acerca das teoriascontemporneas que buscam dar conta delas. As relaes entre justia e direito, deum lado, e justia e sociedade, de outro e em particular entre justia comutativa e

    justia distributiva , tambm devem estar bem denidas na cabea de cada aluno,de modo que eles possam adentrar a segunda parte do curso cientes dos pressupos-tos compartilhados no debate contemporneo acerca da teoria da justia.

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    2. Bloco ii: justia como equidade

    noTAs Ao Aluno

    introduo

    A publicao de Uma eoria da Justia, por John Rawls, em 1971, levou aorenascimento da losoa do direito, da losoa poltica e da losoa moral norte-americanas. H muito adormecido nas malhas da losoa analtica, o meio aca-dmico daquele pas tornou-se palco de um longo debate que ainda no se calou.

    Para alm do Atlntico, inmeras instituies universitrias e publicaes cient-cas, alm dos maiores tericos em atividade, viram-se envolvidos nas indagaessuscitadas por Rawls. o relevante quanto a enorme produo intelectual desen-cadeada pelo uxo de respostas e de crticas o ressurgimento e a reormulao deantigas ormas e modelos de pensamento a partir da proposta de Rawls. Assim que se pode perceber, por exemplo, a partir da dcada de setenta, um movimentono sentido de um neocontratualismo e de um novo utilitarismo. Alm dos limitesdo pensamento liberal por excelncia, as proposies rawlsianas indubitavelmentetambm contriburam para o resgate e aproundamento de outros temas, tais comoo reconhecimento, o multiculturalismo e o eminismo.

    omando esse marco terico como reerncia, esta segunda parte do curso, in-titulada Justia como Equidade, busca apresentar algumas das mais importantesperspectivas do debate acerca da eoria da Justia que vm sendo armadas ao lon-go das trs ltimas dcadas. So elas: a perspectiva liberal, a perspectiva libertria, aperspectiva utilitarista e a perspectiva comunitarista.

    objetiVos

    Constituem objetivos deste bloco:

    ApresentaromarcotericoapartirdoqualaTeoriadaJustiacomeaaga-nhar corpo;

    IndicaromovimentodeidiaspormeiodoqualaTeoriadaJustiaconso-lida-se como um dos principais eixos temticos da Filosoa do Direito e daFilosoa Poltica contemporneas;

    Estabelecer a relao entre as diversas perspectivas quedenema justiacomo equidade, quais sejam as perspectivas liberal, libertria, utilitarista ecomunitarista;

    Apontaracontinuidadeexistenteentreessasdiversasperspectivas;

    Revelarodilogointerno travadoentreos expoentesdecadaumadessasmaneiras de conceber-se a justia;

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    Esclarecero fundamentocrticoquemoveepermeiaodebatesobreaTe-oria da Justia desde a publicao do livro homnimo por John Rawls, em

    1971; Contrastarasdiferentesmaneirasdeseabordarummesmoobjeto,ajustia,

    dentro de uma mesma abordagem terica, o liberalismo; Evidenciarcomocadaumadasperspectivasanalisadasconfereumpapeldis-

    tinto para o direito e para o Estado; Explicitarcomocadaumadasperspectivasanalisadasatribuiumlugardife-

    rente para a liberdade e a igualdade; Incentivarosalunosaadotaremumaposturacrticaemfacedecadaumadas

    perspectivas estudadas e posicionarem-se a respeito delas.

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    2.1. A PersPeCTivA liBerAl

    A perspectiva liberal tem o prprio John Rawls como seu principal expoente.Rawls denitivamente o principal nome associado teoria da justia, tendo sidoo seu livro homnimo publicado em 1971, o principal ponto de partida para reto-mada das losoas jurdica, poltica e moral aps um longo perodo de predomnioda losoa analtica no cenrio acadmico norte-americano.

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    2.1.1. aula 5: a justia como equidade

    exto base: RAWLS, John. Justia como Equidade: Uma Reormulao. EditoraMartins Fontes, So Paulo, 2003, parte1 (1 a 11) e parte 3 (23 a 25).

    2.1.1.1. introduo

    Ao publicar Uma eoria da Justia, Rawls esclarece no precio que o seu objetivo generalizar e elevar a uma ordem mais alta de abstrao a teoria tradicional docontrato social representada por Locke, Rousseau e Kant (Uma eoria da Justia,

    p. xxii). O objetivo desta retomada do modelo contratualista propor um sistemade justia, ou seja, oerecer uma determinada concepo de justia como a melhordentre as alternativas conhecidas pela sociedade.

    Segundo Rawls, no se deve pensar no contrato original [a posio original]como um contrato que introduz uma sociedade particular ou que estabelece umaorma particular de governo. Pelo contrrio, a idia norteadora que os princpiosde justia para a estrutura bsica da sociedade so o objeto do consenso original(Uma eoria da Justia, p.12). Rawls acredita que o procedimento caracterstico dasteorias contratualistas ornece um mtodo analtico geral para o estudo comparativode dierentes concepes de justia. So vrios os autores que viro posteriormente

    a concordar com isso e valer-se do mtodo contratualista para elaborar e deendersuas concepes de justia.

    O procedimento contratualista que Rawls elabora para demonstrar como a suaconcepo de justia (a justia como equidade) a melhor alternativa existentepara organizar a sociedade baseia-se na idia deposio original.A posio original(ou situao inicial) representa o prprio momento contratual. rata-se de umasituao puramente hipottica. Vale dizer, no se requer que sua descrio ocorraconcretamente, basta que a simulemos. Como arma Rawls, no se pretende quea concepo da posio original explique a conduta humana, exceto na medidaem que ela tenta dar conta de nossos juzos morais e nos ajuda a explicar o ato de

    termos um senso de justia (Uma eoria da Justia, p.130). Rawls se vale de umademonstrao que se pretende dedutiva para mostrar que o reconhecimento dosdois princpios de justia que ormam a concepo de justia como equidade anica escolha consistente com a descrio completa da posio original.

    Como se verica este processo de escolha? Em primeiro lugar, as partes na posiooriginal no se conrontam com todas as concepes de justia possveis e existentes,alm de no serem capazes de, por si s, gerarem essas alternativas atravs de suasdeliberaes.1 Rawls admite estes atos e acredita que essas limitaes ragilizam etornam incompleto o procedimento de escolha, porm arma que isso inevitvel.Para lidar com esse problema, recorre ento a uma lista das concepes tradicionaisde justia. Esta pequena lista ser apresentada s partes, que devero, unanimemente,escolher, como a melhor, uma nica concepo dentre as enumeradas. Rawls supe

    1 Rwl preent prte npoio originl eencilmentecomo ere rcioni. so pe-o qe bem qe tm mplno rcionl de vid, m qedeconhecem concepode bem, im como o intere-e e o obetivo prticlreqe obetivm promover. Rwlpe qe per det retri-e, et peo eto pt decidir ql concepo de

    ti lhe trr mi benecio,m vez qe el prememqe gerlmente preerem term qntidde mior de benocii primrio, o inv dem menor. aim, embor notenhm nenhm inormo repeito de e obetivo prti-clre, prte tm conheci-mento fciente pr clifcr lterntiv exitente. Etrcionlidde d prte, Rwldenomin de rcionlidde

    mtmente deintered.a prte no o peo ego-t e preme-e qe eltm m eno de ti, e qeee to comprtilhdo en-tre el. Ee eno de tiignifc qe prte podemconfr m n otr e qetod entendem e gem con-orme o princpio corddo,qiqer qe em ele. Vledizer, m vez reconhecido oprincpio, prte podem term confn mt qnto obedinci. aim, prteo rcioni no entido de nozerem cordo qe bemqe no poderim mnter, oqe poderim mnter comgrnde difcldde.

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    que essa deciso alcanada aps uma srie de comparaes eitas em pares. O ob-jetivo demonstrar que os dois princpios da justia como equidade so preerveis,

    uma vez que todos na posio original concordam que eles devem ser escolhidos emdetrimento de todas as demais alternativas.

    Qual o raciocnio que as partes empregam para chegar aos dois princpios dejustia? Rawls descreve este raciocnio a partir da suposio do comportamento deuma pessoa qualquer na posio original. Submetida s restries ormais do concei-to de justo, alm daquelas impostas pelo vu da ignorncia, Rawls acredita que no razovel que essa pessoa espere mais do que uma parte igual na diviso dos benssociais primrios, alm de no ser racional que concorde em obter menos.2 Logo,essa pessoa deveria escolher de antemo um princpio que preveja uma distribuioigual, vale dizer, um princpio que garanta liberdades bsicas iguais para todos, bem

    como outro que assegure uma igualdade equitativa de oportunidades.Porm, preciso tambm lidar com a suposta existncia de desigualdades econ-

    micas e institucionais. As partes na posio original so mutuamente desinteressa-das, no so seres altrustas ou egostas, mas esto cobertas pelo vu da ignorncia.Devem, assim, lidar com o ato da desigualdade, prevendo um princpio que apermita contanto que ela venha a melhorar a situao de todos, inclusive daquelesque podem vir a ser, uma vez levantado o vu da ignorncia, os menos avorecidos.Chegam ento, as partes, ao princpio da dierena.

    Rawls acredita que atravs deste raciocnio as partes no apenas concluem pelosdois princpios, como tambm pela sua ordem serial. Na posio original as partes

    no sabem que ormas particulares seus interesses assumiro; mas elas supem quetm esses interesses e tambm que as liberdades bsicas exigidas para proteg-los sogarantidas pelo primeiro princpio. Como precisam assegurar esses interesses, clas-sicam o primeiro princpio como prioritrio em relao ao segundo (Uma eoriada Justia, p.163).

    Demonstrar esse processo de raciocnio pode parecer simples; dicil provar re-almente que as partes chegariam a essa escolha, principalmente considerando todasas restries a que esto impostas. Rawls sabe disso e, para reorar seu argumentoem avor dos dois princpios, aasta justicaes de cunho probabilstico e submeteo raciocnio das partes regra maximin.3 Rawls parte ento para uma descrio

    paradigmtica da posio original, reorando a situao de incerteza em que seencontram as partes, a m de mostrar que os dois princpios de justia seriam ee-tivamente escolhidos, pois representam um mnimo que as partes no colocariamem risco em nome de maiores vantagens econmicas e sociais. Conorme acreditao autor: h uma relao entre os dois princpios e a regramaximin para a escolhaem situaes de incerteza. Isso ca evidente luz do ato de que os dois princpiosde justia so aqueles que uma pessoa escolheria para a concepo de uma socie-dade em que o seu lugar lhe osse atribudo por seu inimigo (Uma eoria da Justi-a, p.165). assim, nalmente, que Rawls demonstra que os princpios da justiacomo equidade consistem na melhor entre as piores alternativas existentes paraordenar-se a sociedade.

    2 Com o intito de egrr mponto de prtid de iglddee grntir netrlidde e imprcilidde de teori d

    ti, Rwl cobre prte npoio originl com m vqe bc nlr o eeito dcontingnci epecfc qecolocm o homen em poi-e de dipt, tentndo-o explorr circntnci nt-ri e ocii em e prprio be-necio (Uma Teoria da Justia,p.147). aim, prte devemvlir o princpio de tipen com be em conide-re geri, deconhecendocomo cd concepo de ti- lterntiv preentd npoio originl pode etr o

    e co prticlr. a retrieimpot pelo v d ignorn-ci podem er coniderd prtir de doi nglo. a prtedeconhecem circntnciprticlre de prpripessoa, bem como de sociedade. Qnto i prpri, prte n poio originlno conhecem: e lgr nociedde, poio e statusocil, e dote ntri ehbilidde, intelignci eor, concepo de bem,e nem memo crcterticpicolgic peoi como ohmor. Qnto ociedde emqe vivem, prte ignorm ito econmic e pol-tic, e gr de cltr e civi-lizo, lm de no poremnenhm inormo obre ql gero pertencem. Ov d ignornci, portnto,excli o conhecimento de todoe qlqer to p,com exceo do to qe ociedde et eit cir-cntnci d ti e ql-qer coneqnci qe podecorrer dio (Uma Teoria daJustia, p.147-148). No entnto, prte no eto excld do

    conhecimento de ddo geraisobre ntrez hmn e ociedde. Nee entido, elentendem rele poltice o princpio d teori eco-nmic, be d orgnizoocil, bem como lei qeregem picologi hmn. aidi do v d ignornci con-ite, portnto, em egrr ti do princpio eco-lhido. afnl, e n ecridoe incertez do v podemoidentifcr o princpio de ti- qe no o mi deevei,o e, preerir determindorrno em detrimento de o-tro, ento no ecolh temm bom motivo pr er tidcomo ecolh t.

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    2.1.1.2. objetiVos

    So objetivos desta aula:

    DiscutiraconcepodejustiacomoequidadetalcomoformuladaporJohn Rawls;

    Explicaroprocedimentocontratualistaqueseencontranabasedaidiadejustia como equidade;

    Esclareceropapeleafunodoconceitodeposiooriginal; Observarqueaconcepodejustiacomoequidaderepresentaumcasode

    justia procedimental pura; Revelarocarteruniversalistaea-histricodaidiadejustiacomoequidade;

    Ressaltaragarantiadaigualdadedepontodepartidanaformulaodajus-tia como equidade;

    Questionaradesconsideraodapluralidadedaspessoasnaformulaodajustia como equidade;

    Incentivarosalunosareetiremsobreumaeventualaplicabilidadedomodelocontratualista de Rawls para redesenhar as instituies da sociedade brasileira.

    2.1.1.3. biblioGrafia obriGatria

    RAWLS, John.Justia como Equidade: Uma Reormulao. Editora Martins Fon-tes, So Paulo, 2003, parte1 (captulos 1 a 8) e parte 3 (captulos 23 a 25).

    2.1.1.4. biblioGrafia coMPleMentar

    DE VIA, lvaro.Justia Liberal, Editora Paz e erra, Rio de Janeiro, 1993.OLIVEIRA, Nythamar de. Rawls. Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro, 2003.RAWLS, John. Uma eoria da Justia. Editora Martins Fontes, So Paulo, 1989.ROUANE, Luis Paulo. Rawls e o Enigma da Justia. Editora Unimarco, So

    Paulo, 2003.

    2.1.1.5. atiVidade de aProVeitaMento da leitura

    Os conceitos desenvolvidos por Rawls so reerncias centrais em todo o debatesobre a teoria da justia, desde o incio da dcada de setenta at os dias de hoje. Omtodo contratualista desenvolvido por Rawls e os conceitos criados para explic-loso discutidos por quase todos os autores que sero estudados ao longo deste curso.endo em vista, portanto, a importncia capital do contedo desta e das prximasduas aulas, recomenda-se aos alunos que realizem, como atividade de aproveita-mento da leitura, um chamento da bibliograa obrigatria desta aula.

    3 Maximin brevio demaximum minimorum; trt-ed idi de qe em itede ecolh n incertez deve-e optr pel lterntiv copior reltdo povel me-lhor qe o piore reltdopovei d demi lternti-v. precio ter ciddo prno conndir o princpio (oregr) maximin de decio emcondie de incertez com oprincpio maximin de ti

    ocil, qe tmbm m de-nomino mito d pr oprincpio d dieren.

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    Os alunos que realizarem o chamento podem, se quiserem, entreg-lo proes-sora que o corrigir de bom grado.

    2.1.1.6. concluso

    Espera-se que ao nal desta aula os alunos j consigam identicar as principaiscaractersticas da concepo de justia como equidade. Em particular, espera-se queeles tenham apreendido o signicado da sociedade como um sistema justo de co-operao, da idia de sociedade bem-ordenada, da idia de estrutura bsica, doconceito de posio original e do conceito de vu da ignorncia.

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    2.1.2. aula 6: os PrincPios de justia e a Prioridade dasliBerdades Bsicas

    exto base: RAWLS, John. Justia como Equidade: Uma Reormulao. EditoraMartins Fontes, So Paulo, 2003, parte 2 (12-18) e parte 3 (30 e 33).

    2.1.2.1. introduo

    O primeiro objeto dos princpios da justia como equidade a estrutura bsicada sociedade, isto , a ordenao das principais instituies sociais em um esquema

    de cooperao. Os princpios de justia tm, portanto, a uno de orientar a atri-buio de direitos e deveres nessas instituies e determinar a distribuio adequadados benecios e encargos da vida social. importante risar que Rawls reere-se aduas espcies de princpios: os princpios de justia para instituies e os princpiosque se aplicam aos indivduos.

    Os princpios de justia para instituies constituem os dois amosos princpiosescolhidos pelas partes na posio original. Em Uma eoria da Justia, Rawls cons-tri e elabora a denio dess