cursos de pós, mba, licenciatura e extensão - universidade … · 2010-09-08 · 2.1 conceito de...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
CURSO DE LOGÍSTICA EMPRESARIAL
LOGÍSTICA REVERSA DE EMBALAGENS DE AGROTÓXICOS: um estudo das estratégias de inversão sobre os impactos
econômicos e ambientais causados pelo descarte indevido de embalagens de agrotóxicos.
Por : Favia Bauer de Oliveira
Orientador: Professor Jorge Tadeu Vieira Lourenço D.Sc
Rio de Janeiro(RJ) 2010
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
CURSO DE LOGÍSTICA EMPRESARIAL
LOGÍSTICA REVERSA DE EMBALAGENS DE AGROTÓXICOS: um estudo das estratégias de inversão sobre os impactos
econômicos e ambientais causados pelo descarte indevido de embalagens de agrotóxicos.
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Logística
Empresarial.
Por : Favia Bauer de Oliveira
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AGRADECIMENTOS
A DEUS, ser supremo, sem ele, não poderia estar aqui neste momento.
Aos meus pais, pelo amor e carinhos dispensados em toda minha vida.
A toda minha família, pelo apoio e incentivo.
Aos meus professores e em especial ao meu orientador, pela paciência e atenção dispensados neste particular.
A todos os amigos e colegas, que de alguma maneira contribuiram para que eu chegasse até aqui.
Minha eterna gratidão!
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DEDICATÓRIA
Aos meus pais, pela dedicação e apoio em toda minha vida.
A minha família, fonte de eterna inspiração e incentivo.
E, em especial (COMPLETAR)........
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EPÍGRAFE “A única segurança verdadeira consiste numa
reserva de sabedoria, de experiência e de
competência.”
( Henry Ford)
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RESUMO
O problema ambiental vem assumindo importância crescente nas operações logísticas. Tal problema é normalmente tratado no âmbito da denominada logística reversa. Entende-se logística reversa como sendo o processo de planejamento, implementação, e o controle eficiente do fluxo da matéria prima, estoque em giro e de produto acabado e seu fluxo de informação desde o ponto de consumo até o ponto de origem, com o intuito de reutilizar ou refugar. O atual estágio das cadeias logísticas reversas no Brasil e em diversos países em desenvolvimento, pode ser comparado a da logística no início dos anos 70 e 80, quando as empresas já realizavam todas as atividades necessárias, porém de forma desorganizada e com resultados globais muito ineficientes. Maximizavam-se então as partes em detrimento do todo. O objetivo deste artigo é apresentar os conceitos de logística reversa e os aspectos econômicos e ambientais envolvidos nos processos e atividades relevantes na implantação de um fluxo reverso, de uma forma sustentável, visando a promoção e preservação do meio ambiente.
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METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa qualitativa de caráter descritivo, que utiliza
como base a revisão bibliográfica sendo essa diferenciada entre si quanto ao
método, à forma e aos objetivos (Godoy,1995, p.57-63). A expressão “pesquisa
qualitativa” assume diferentes técnicas interpretativas que visam a descrever e
a decodificar os componentes de um sistema complexo de significados. Tem
por objetivo traduzir e expressar o sentido dos fenômenos do mundo social e
reduzir a distância entre indicador e indicado, entre teoria e dados, entre
contexto e ação. (SILVA, 2001)
Pesquisas descritivas, segundo Trivinos, “exigem do pesquisador uma
série de informações sobre o que se deseja pesquisar.” Há aprofundamento da
descrição da realidade em questão, descrevendo “com exatidão” os fatos e
fenômenos. O autor reforça dizendo que a pesquisa descritiva :
“Visa descrever as características de determinada população, fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Envolve o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados: questionário e observação sistemática. Assume em geral, a forma de levantamento.” (SILVA &MENEZES, 2001, p.38-43)
A pesquisa foi elaborada mediante um levantamento e seleção de
materiais já publicados: revistas especializadas, periódicos , artigos científicos
disponibilizados na Internet sobre o tema. Fez-se então uma análise dos
conteúdos e fichamentos, articularam-se conceitos, os quais foram
sistematizados dentro da área de conhecimento , acerca dos referenciais
teóricos pesquisados.
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SUMÁRIO
1 – INTRODUÇÃO 2 – DESENVOLVIMENTO CAPÍTULO 1 Histórico CAPÍTULO 2 2.1 Conceito 2.2 Fundamentação Teórica 2.3 Legislação 2.4 – Criação do InPEV CAPÍTULO 3 Os impactos econômicos e ambientais causados pelo descarte indevido de embalagens de agrotóxicos CAPÍTULO 4 4.1Como a logística reversa coopera na redução do impacto ambiental e se transforma num recurso econômico para a comunidade? 4.2 Desenvolvimento sustentável a partir de novas práticas metodológicas e ninchos de mercado. 3 – CONCLUSÃO 4 – REFERÊNCIAS
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1 – INTRODUÇÃO Os recursos do planeta são bens limitados e exauríveis. A preocupação
com o esgotamento dos recursos naturais alarga a responsabilidade da
logística em organizar fluxos com menores custos econômicos e sociais
possíveis, mas também com o menor custo ecológico. A industrialização
interrompeu o equilíbrio homem-natureza pois hoje se consome muito mais do
que a natureza consegue repor.
Uma das conseqüências do uso intensivo de agrotóxicos é a geração de
grande quantidade de embalagens vazias contaminadas desses produtos. Em
2000 foi promulgada a Lei Federal nº 9.974, que disciplina o recolhimento e a
destinação final das embalagens vazias de agrotóxicos. A partir dessa lei, foi
criado o programa de destinação final de embalagens vazias de agrotóxicos, de
grande importância para a saúde e o meio ambiente. É nesse contexto que foi
desenvolvido este trabalho, cujo objetivo foi verificar a efetividade da
implementação desse programa, contribuir com sugestões para seu
aperfeiçoamento e, portanto, para a melhoria da gestão socioambiental. Para
tanto, foi desenvolvido um estudo de caso exploratório no município de Três
Pontas em Minas Gerais, que envolveu um levantamento de informações
primárias através de entrevistas com produtores rurais, revendedores de
agrotóxicos e com o responsável pela unidade de recebimento de embalagens
vazias de agrotóxicos.
Segundo o Relatório de Brundtland (1987), também conhecido como o
Nosso Futuro Comum, o desenvolvimento sustentável é: “modelo de
desenvolvimento que permite satisfazer às necessidades da geração presente
sem comprometer a possibilidade das gerações futuras atenderem às suas
próprias necessidades.” Para atender às estas necessidades é imprescindível o
uso racional dos recursos naturais, limitados e exauríveis, permitindo a sua
conservação e renovação natural. O uso racional dos recursos pelas indústrias
pode ser alcançado com a reformulação do processo produtivo minimizando o
impacto no ambiente com a utilização de novas tecnologias mais limpas, com o
desenvolvimento da prática de reciclagem e reuso de materiais e com a
precaução dos desastres ecológicos.
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A logística vem discutindo as melhores práticas para comprar,
armazenar, produzir, entregar e comercializar os produtos, mas o que fazer
com os itens que se danificam, vencem, não são vendidos, sobram nos
processos de transformação, não podem ser utilizados para a atividade fim
designada ou a sua destinação depois que são utilizados?
Por isto, o objetivo deste trabalho de monografia será o de investigar os
impactos causados pelos descartes das embalagens de agrotóxicos
indevidamente e discutir estratégias relevantes dentroda logística reversa
capaz de minimizar estes impactos.
A delimitação deste estudo está intríseca ao auxílio aos pequenos
agricultores na aplicação da logística reversa no interior do estado do Rio de
Janeiro.
Como metodologia, optou-se pela revisão bibliográfica, cujo método foi o
qualitativo, através de pesquisas em revistas especializadas, livros,
publicações períodicas , artigos sobre o assunto e outros anais de pesquisa.
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2 – DESENVOLVIMENTO CAPÍTULO 1 Histórico
O uso de substâncias químicas para o controle de pragas e doenças na
agricultura remonta aos primórdios da civilização. Registros de 3 mil anos atrás
apontam o uso de enxofre no combate de pragas e doenças da produção
agrícola. No século XVI os chineses usavam o arsênico como inseticida, e no
século XVII já se usava a nicotina, extraída das folhas de tabaco, com essa
finalidade. Também são dessa época os primeiros registros de uso de mercúrio
e sulfato de cobre como fungicidas (SILVA & FAY, 2004).
A intensificação da busca sistemática de substâncias inorgânicas para a
proteção de plantas aconteceu a partir do início do século XX. O
desenvolvimento da síntese orgânica no período da Segunda Guerra Mundial e
a descoberta das notáveis propriedades inseticidas do organoclorado DDT
(dicloro-difenil-tricloretano) marcaram o início da chamada era moderna dos
agrotóxicos, dando-se a partir de então profunda mudança nas técnicas de
controle fitossanitário das culturas agrícolas.
Com o crescimento populacional e econômico do pós-guerra, as
demandas por alimentos e matérias-primas aumentaram, estimulando em todo
mundo, especialmente nos países fornecedores de produtos agrícolas, um
expressivo crescimento das áreas cultivadas com lavouras. A partir de 1950,
países de economias desenvolvidas da Europa e os Estados Unidos, visando à
elevação dos índices de produtividade, adotaram um padrão tecnológico
agrícola baseado no uso intensivo de agroquímicos (fertilizantes, corretivos e
agrotóxicos), mecanização, cultivares de alto potencial de rendimento, e de
irrigação. Na década de 1960 esse modelo agrícola se expandiu também para
os países do Terceiro Mundo, num processo que ficou conhecido como
‘Revolução Verde’ . (MOREIRA et al., 2002).
A adoção desse padrão tecnológico trouxe aumentos expressivos para a
produtividade dos cultivos agrícolas. No Brasil essa intensificação ganhou
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expressão na década de 1970, provocando grandes transformações na
produção agrícola. A política de estímulo do crédito rural, associada às novas
tecnologias, impulsionou várias culturas, principalmente aquelas destinadas à
exportação. Pacotes tecnológicos ligados a financiamento bancário estavam
vinculados à aquisição de equipamentos e de insumos, e entre esses insumos
estavam os agrotóxicos, recomendados para o controle de pragas e doenças,
como forma de ampliar o potencial produtivo das lavouras. (RUEGG et al.,
1991).
Desde a década de 1970 as conseqüências ambientais do uso intensivo
de agrotóxicos vêm despertando interesses e preocupações de técnicos,
cientistas e órgãos de controle e fiscalização. Vários estudos e pesquisas têm
sido desenvolvidos focalizando possíveis contaminações provocadas por essas
substâncias. Organizações internacionais e nacionais relacionadas à saúde e
ao meio ambiente e outros segmentos da sociedade, de forma crescente,
passaram a exercer pressões, especialmente sobre os governos e indústrias,
no sentido de se adotar um controle mais efetivo dos processos de produção e
uso desses produtos.
No Brasil, adotam-se diferentes terminologias para tais produtos:
defensivos agrícolas, produtos fitossanitários, pesticidas, biocidas e
agrotóxicos. Do ponto de vista legal, no Decreto 4074/2002 está expressa a
definição mais recente do termo ‘agrotóxico’: produtos e agentes de processos
físicos, químicos ou biológicos destinados ao uso nos setores de produção, no
armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na
proteção de florestas, nativas ou implantadas, e de outros ecossistemas e
também de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja
alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação
danosa de seres vivos considerados nocivos; substâncias e produtos
empregados como desfolhantes, dessecantes, estimulantes e inibidores de
crescimento.
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CAPÍTULO 2 2.1 Conceito de Logística Reversa A logística reversa é o processo de planejamento, implementação, e o
controle eficiente do fluxo da matéria-prima, estoque em giro e de produto
acabado e seu fluxo de informação desde o ponto de consumo até o ponto de
origem, com o intuito de reutilizar ou refugar (Rogers,1998). Pode também
significar o processo pelo qual as empresas podem se tornar ambientalmente
mais eficientes através da reciclagem, reuso e redução os materiais utilizados
(Carter e Ellram, 1998).
Stock (1998) também a define como o termo mais usado para as
atividades de logística no retorno de produtos, redução na fonte, reciclagem,
substituição de materiais, reuso de materiais, disposição de resíduos, reforma,
reparo e remanufatura de produtos nas atividades de aquisição, transporte,
estocagem e movimentação.
A logística relaciona-se com o processo de distribuição de bens e
serviços desde o fornecimento de matérias-primas até a entrega dos produtos
finais ao consumidor. Em contrapartida, as empresas têm se deparado com a
necessidade de realizar um processo inverso, desde o cliente até o fornecedor,
que recebeu a denominação de “logística reversa” e também cumpre um papel
muito importante para a competitividade empresarial. Barbieri e Dias (2002)
distinguem dois tipos de logística reversa, a tradicional e a sustentável. A
logística reversa tradicional refere-se ao fluxo de materiais para retorno de
embalagens ou mercadorias que não atendem as especificações dos
compradores. Por isso, para esses autores, ainda continua sendo tradicional a
logística que acrescenta o retorno de produtos com defeito, desde os pontos de
vendas, de uso ou consumo, para atender as reclamações de clientes ou para
efeito de recuperar produtos ou peças com defeito antes que eles comecem a
dar problemas.
Lambert, Stock e Ellram (1998) consideram que o conceito de logística
reversa trata de questões muito mais amplas que o simples recalls, tais como a
redução na quantidade de matérias-primas ou energias usadas, principalmente
em se tratando de recursos naturais não renováveis, proporcionando condições
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para a implementação da reciclagem, substituição e reutilização de
embalagens e disposição adequada de resíduos.
Segundo Barbieri e Dias (2002), a logística reversa sustentável é uma
ferramenta importante para implementar programas de produção e consumo
sustentáveis, ou seja, sua preocupação é a recuperação de materiais pós-
consumo para ampliar a capacidade de suporte do Planeta, sendo, portanto,
um instrumento de gestão ambiental. É desse segundo tipo de logística reversa
que estaremos tratando nesse trabalho. A partir desse momento, por logística
reversa se entende a do tipo sustentável.
Esta afirmação pode ser verificada pelas diversas normas internacionais
de caráter voluntário, como as normas ISO 14000 e pela vasta legislação
ambiental que tem proporcionado maiores responsabilidades às empresas
quanto ao ciclo de vida total de seus produtos, desde a sua utilização até os
possíveis impactos ambientais causados pelo seu descarte.
Assim, ao considerar os aspectos relativos do comportamento do
consumidor e as restrições legislativas, Leite (2003) considera que as
organizações buscam relacionar os aspectos ecológicos em suas estratégias
de negócios. Pode-se notar que a percepção organizacional diante dos
elementos que norteiam os seus mercados, faz com que as empresas
busquem uma mudança conceitual de gestão sobre a comercialização de um
produto, considerando todo o seu ciclo de venda, desde a entrega direta ao
consumidor até o retorno e o recolhimento efetivo das embalagens utilizadas.
Para Barbieri e Dias (2002) a implementação desta concepção de
logística reversa, voltada para o desenvolvimento sustentável e para a gestão
ambiental com vistas a melhorar o uso dos recursos escassos distribuídos pela
natureza, necessita do envolvimento de todos os membros da cadeia de
suprimentos para sua efetivação. Além das questões relativas à importância da
gestão ambiental responsável, um outro aspecto a ser considerado é o nível de
relacionamento entre os diversos agentes desse processo (proprietários rurais,
comerciantes e fabricantes e o poder público).
Pode-se inferir que os processos de logística reversa, ao buscarem
integrar todos os elos da cadeia de suprimento do produto, necessitam integrar
todos esses agentes, tornando-os responsáveis pela organização e
operacionalização dos fluxos inversos dos materiais e das embalagens
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comercializadas. Para que essa logística possa ser eficiente e eficazmente
utilizada, o processo necessita ser dimensionado adequadamente diante de
uma perspectiva que envolva a integração de todos os agentes envolvidos em
uma visão de reverse supply chain. Em outras palavras, o fator competitivo
deverá ser determinado em uma visão de cadeia integrada de suprimento
concebida para operar nos dois fluxos de distribuição.
Devido à complexidade do tema que envolve uma diversidade de
proposições acerca dos retornos dos vários tipos de embalagens e, procurando
delineá-lo de acordo com os objetivos traçados neste estudo, será discutido
exclusivamente sobre o retorno das embalagens de agrotóxicos usadas com a
gestão ambiental e o desenvolvimento sustentável, buscando identificar as
dificuldades em se implantar um adequado sistema de coleta e de
recolhimento.
Para Radrigán (2000), a logística reversa é a logística inversa ou
simplesmente a gestão de devoluções, intitulando-a como um elo fundamental,
porém ainda desconhecido. As atividades envolvidas na logística reversa
podem ser definidas de acordo com três áreas críticas:
- O motivo do retorno (devolução ou desistência);
- A origem do retorno (cliente final ou empresa), e;
- O tipo de material retornado (produto ou embalagem).
As atividades mais comuns na logística reversa, segundo Rogers (1999) são:
- Retorno ao vendedor;
- Desistência;
- Liquidação;
- Recuperação;
- Recondicionamento;
- Refugo;
- Reforma;
- Reciclagem;
- Reutilização;
- Descarte;
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Para tratar todas as atividades de logística reversa, Fleischamm et al.
(2000) destacou os seguintes processos:
A.Coleta A coleta abrange todas as atividades necessárias para o recolhimento
de um produto usado. Em geral inclui a compra, transporte e estocagem dos
materiais recolhidos. Em alguns casos existe a imposição legal para a coleta de
produtos, como por exemplo, as embalagens na Alemanha ou os produtos
eletro-eletrônicos na Holanda.
B. Inspeção/Separação Esta fase determina se o produto pode realmente ser reutilizado e qual
será o processo para isto. Evidentemente se o produto não for reaproveitado
indicará também qual será a sua melhor disposição final. As atividades incluem
a desmontagem/desmanche, teste, separação e armazenagem.
C. Reprocessamento Consiste na transformação de um produto usado de diversas formas
incluindo a reciclagem, reparação e remanufatura transformando-o em um item
reutilizável. Pode também envolver as atividades de limpeza, substituição ou
remontagem.
D. Disposição Final A disposição final é necessária quando um produto não pode ser
reutilizado seja por motivos técnicos seja por motivos econômicos. No processo
de triagem podem ser identificados itens que necessitariam de uma quantidade
excessiva de reparos, produtos com pouco potencial de vendas, obsoletos ou
produtos perigosos.
E. Redistribuição Esta fase é a responsável por direcionar o produto a um mercado
potencial e entregá-lo fisicamente aos seus novos consumidores. As atividades
envolvem as vendas, transportes e armazenagem.
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O reaproveitamento de produtos descartados será então realizado com a
construção de um modelo de logística reversa, mas para isto devem ser
considerados os aspectos econômicos e ambientais.
2.2 Os objetivos econômicos e ambientais da Logística Reversa
Em 1994, Cooper destacou a importância dos impactos ambientais nas
atividades logísticas de uma empresa. A redução do desperdício foi a primeira
iniciativa tomada pelos países industrializados, pois o incremento do uso de
aterros e incineradores e as políticas de proteção ambiental, fizeram com que
as industrias também se preocupassem com o reaproveitamento de produtos
nos processos industriais. A responsabilidade das indústrias consistia na
entrega do produto ao cliente final, mas hoje essa visão mudou e elas são
responsáveis por todo o ciclo de vida do seu produto, desde a compra de
matérias primas até o último rejeito produzido pelo seu produto.
2.3 Legislação
A responsabilidade civil ambiental visando à prevenção e reparação de
danos ambientais causados pelos resultados de um dado processo produtivo
que já tenham deixado à esfera do produtor ou fabricante por sua assimilação
como produtos pelo mercado de consumo (e subseqüente descarte pelo
consumidor). Trata-se, portanto, de fazer com que a responsabilidade do
fabricante abranja todo o ciclo de vida do produto, desde a origem, ao longo de
sua cadeia de produção, até a destinação final apropriada dos resíduos
gerados pela atividade - neste caso o produto regularmente
consumido/utilizado - descartados no meio ambiente. Na qualidade de
geradores dos resíduos equiparam-se aos produtores e fabricantes os
importadores, posto serem eles os introdutores do produto estrangeiro no
mercado nacional.
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Justifica-se tal ampliação na proteção necessária em função da própria
natureza do dano ambiental e de seu grande potencial de intensificação, a
partir das características de periculosidade intrínsecas a certos resíduos e/ou
pelos efeitos de seu acúmulo e interação com o meio ambiente.
A determinação do dano ambiental é complexa. Ele se instaura ao longo
de um horizonte de tempo de difícil ou impossível delimitação, a partir de uma
intrincada rede de causas e efeitos múltiplos, cujas conexões não são
evidentes do ponto de vista fático, em função tanto das reações em cadeia
provocadas no meio que afeta, quanto do prazo ao longo do qual se propaga.
Sua origem é coletiva e incerta, resultante de riscos agregados de
causadores múltiplos ou de causa única produtora de múltiplos efeitos. Esta
difusão de causas, por sua vez, inviabiliza a apuração precisa de efeitos e a
determinação ex ante dos sujeitos atingidos, bem como da magnitude do dano,
tanto mais pela possibilidade de manifestação retardada deste e por seu
caráter, não raro, cumulativo, atingindo a integridade física e patrimonial de
indivíduos/gerações presentes e futuras (caracterizando dano futuro),
interesses da sociedade em geral ou simplesmente a realidade do meio
ambiente. Observe-se ainda que o dano ambiental é, muitas vezes, resultado
indesejado advindo de atividades lícitas e mesmo necessárias à sociedade,
mas que, não obstante, alteram o equilíbrio ambiental.
A responsabilização pós-consumo, anteriormente à questão da
causalidade múltipla e dispersa entre diferentes agentes relacionados a um
mesmo dano ambiental, envolve a extensão do nexo causal verticalmente, ao
longo de todo o ciclo de vida do produto, desde sua linha de fabricação e
distribuição do produto, passando pela geração do resíduo (eventualmente o
próprio produto final), transporte, armazenamento e destinação final do mesmo.
Para determinados produtos, portanto, o nexo não se estabelece apenas em
relação aos dejetos do processo produtivo, extinguindo-se com a chegada do
produto aos consumidores finais. Da mesma forma, a solidariedade entre co-
autores do dano ocasionado pela má disposição de resíduos é verticalizada,
diz respeito àqueles envolvidos na cadeia de produção, distribuição, geração e
manipulação dos resíduos, ou seja, gerador, transportador, armazenador e
depositário final. Esta concepção é apresentada pela doutrina como solução à
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problemática de identificação e delimitação dos sujeitos responsáveis pelo
dano ambiental decorrente da destinação inadequada dos resíduos.
A aceitação de excludentes em matéria de responsabilidade ambiental
pós-consumo pode limitar sensivelmente o âmbito de atuação do instituto, não
apenas pelas peculiaridades do dano em si, mas pela extensão do nexo causal
ao longo de todo o ciclo de vida do produto. Isto porque, no decorrer deste
ciclo, a relação do produtor/gerador com o objeto causador do dano (o resíduo)
se distancia, ao mesmo tempo em que é permeada pela atuação e influência
de outros agentes (consumidores, poder público nas atividades de coleta,
manipuladores informais em lixões etc.), além da eventual exposição aos
elementos naturais e intempéries.
Assim sendo, em não se adotando a teoria do risco integral, a alternativa
razoável é a aplicação da teoria do risco criado em moldes mais restritivos
quanto aos excludentes, que, como coloca Annelise Steigleder “(...) admite a
força maior e o fato de terceiro (...) que consistam em fatos externos,
imprevisíveis e irresistíveis, nada tendo a ver com os riscos intrínsecos ao
estabelecimento ou atividade. “E desde que não se trate de empresa
exploradora de atividade de risco.”. É nestes moldes que a legislação ambiental
federal norte-americana sobre resíduos sólidos (CERCLA), como apresentado
no item 3 a seguir, admite os referidos excludentes. (STEIGLEDER, 2006)
A definição de resíduos sólidos oferecida pelo mesmo dispositivo é
extraída da Resolução CONAMA nº 5, de 1993, citada:
Art. 1º Para os efeitos desta Resolução definem-se: I - Resíduos Sólidos: conforme a NBR nº 10.004, da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT - "Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades da comunidade de origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d'água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis, em face à melhor tecnologia disponível”. A norma NBR 10.004 classifica os resíduos sólidos de acordo com sua periculosidade, ou seja, quanto aos potenciais riscos representados por suas propriedades físicas, químicas ou infecto-contagiosas:
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a) risco à saúde pública, provocando ou acentuando, de forma significativa, um aumento de moratlidade ou incidência d doenças, e/ou; b)riscos ao meio-ambiente, quando o resíduo é manuseado ou destinado de forma inadequada. (NORMA NBR, 10004, 2004)
A destinação final dos resíduos deve ser feita de acordo com esta
classificação, sendo os principais processos os aterros industriais, aterros
sanitários, usinas de compostagem, incineradores e o reaproveitamento
(reutilização e reciclagem).
Em meio aos resíduos sólidos definidos pela NBR 10.004, que sejam
gerados nas atividades urbanas, destacam-se como objeto da responsabilidade
pós-consumo, para efeito do presente artigo, os resíduos inorgânicos que, de
acordo com a supracitada classificação de periculosidade, representem risco
de dano ambiental: plásticos, embalagens de produtos químicos, papel, vidros,
pilhas, pilhas, baterias, lâmpadas, aparelhos eletro-eletrônicos e seus
componentes, borrachas, metais etc. Tais produtos, pelo desprendimento das
substâncias tóxicas que os compõem, trazem em si elevado potencial de
contaminação do solo e lençóis freáticos. O ordenamento brasileiro prevê
expressamente a responsabilidade pós-consumo de fabricantes e distribuidores
de alguns destes produtos:
a) Pilhas e baterias – Resolução CONAMA 257/99: Art. 1º - As pilhas e baterias que contenham em suas composições chumbo,
cádmio, mercúrio e seus compostos (...), bem como os produtos eletro-
eletrônicos que as contenham integradas em sua estrutura de forma não
substituível, após seu esgotamento energético, serão entregues pelos usuários
aos estabelecimentos que as comercializam ou à rede de assistência técnica
autorizada pelas respectivas indústrias, para repasse aos fabricantes ou
importadores, para que estes adotem, diretamente ou por meio de terceiros, os
procedimentos de reutilização, reciclagem, tratamento ou disposição final
ambientalmente adequada.
O art. 5º da mesma resolução prevê ainda limites máximos de
composição por mercúrio, cádmio, zinco, chumbo e seus compostos e prazo de
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adequação aos mesmos, já devidamente atendidos pela indústria. Segundo
dados da ABINEE - Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica,
“[as] empresas investiram em pesquisa e tecnologia e reduziram a quantidade
de metais potencialmente perigosos na maioria dos seus produtos”, o que
comprova a eficácia preventiva da legislação.
b) Pneus – Resolução CONAMA 258/99:
Art.1º - As empresas fabricantes e as importadoras de pneumáticos ficam obrigadas a coletar e dar destinação final, ambientalmente adequada, aos pneus inservíveis existentes no território nacional, na proporção definida nesta Resolução relativamente às quantidades fabricadas e/ou importadas. (RESOLUÇÃO CONAMA, 258, 1999)
c) Lâmpadas, pilhas e baterias – Lei estadual 11.237/00 (SC):
Art. 2º - Os produtos discriminados no artigo anterior, após sua utilização ou esgotamento energético, deverão ser entregues pelos usuários, aos estabelecimentos que as comercializam ou à rede de assistência técnica autorizada para repasse aos fabricantes ou importadores, para que estes adotem diretamente ou por meio de terceiros, os procedimentos de reutilização, reciclagem, tratamento ou disposição final ambientalmente adequada. (RESOLUÇÃO CONAMA, 258, 1999)
d) Embalagens PET – Lei estadual 3.369/00 (RJ) As empresas associadas à ABINEE representam as seguintes marcas:
Duracell, Panasonic, Philips, Rayovac e Varta. O Grupo Técnico de Pilhas e
Lanternas é constituído pelas empresas que representam as seguintes marcas:
Duracell, Energizer, Eveready, Kodak, Panasonic, Philips, Rayovac e Varta.
Art. 1º - Todas as empresas que utilizam garrafas e embalagens plásticas na comercialização de seus produtos são responsáveis pela destinação final ambientalmente adequada das mesmas. Parágrafo único - Considera-se destinação final ambientalmente adequada para os efeitos desta Lei : I - a utilização das garrafas e embalagens plásticas em processos de reciclagem, com vistas à fabricação de embalagens novas ou a outro uso econômico; II - a reutilização das garrafas e embalagens plásticas, respeitadas as vedações e restrições estabelecidas pelos órgãos federais competentes da área de saúde. Art. “2º - As empresas de que trata o art. 1º estabelecerão e manterão, em conjunto, procedimentos para a recompra das garrafas plásticas após o uso do produto pelos consumidores. (ABINEE, 2000)
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A jurisprudência nacional já apresenta alguns julgados sobre a
responsabilidade ambiental pós-consumo, cujos acórdãos discutem ou
apresentam algumas das questões prementes em torno do tema. Neste
sentido, é emblemática a decisão do Desembargador Ivan Bortoleto, em
05/08/2002, na Apelação Cível nº 118.652-1, de Curitiba - 4ª Vara Cível, citada:
1. Se os avanços tecnológicos induzem o crescente emprego de vasilhames de matéria plástica tipo PET (polietileno tereftalato), propiciando que os fabricantes que delas se utilizam aumentem lucros e reduzam custos, não é justo que a responsabilidade pelo crescimento exponencial do volume do lixo resultante seja transferida apenas para o governo ou a população. 2. A chamada responsabilidade pós-consumo no caso de produtos de alto poder poluente, como as embalagens plásticas, envolve o fabricante de refrigerantes que delas se utiliza, em ação civil pública, pelos danos ambientais decorrentes. Esta responsabilidade é objetiva nos termos da Lei nº 7347/85, artigos 1º e 4º da Lei Estadual nº 12.943/99, e artigos 3º e 14, § 1º da Lei nº 6.938/81, e implica na sua condenação nas obrigações de fazer, a saber: adoção de providências em relação a destinação final e ambientalmente adequada das embalagens plásticas de seus produtos, e destinação de parte dos seus gastos com publicidade em educação ambiental, sob pena de multa. (BORTOLETO, 2002)
O magistrado identifica a atuação sobre os setores de produção e
consumo como sendo fundamental na limitação contra os efeitos do progresso
econômico desenfreado, sem que se lhes contraponham medidas de
adequação. A aplicação do princípio poluidor-pagador na responsabilidade pós-
consumo visa desestimular (ou mesmo impedir, conforme seu potencial
poluidor), a produção degradadora (aspecto preventivo), bem como a
orientação do consumidor em prol do consumo ambientalmente sustentável
(aspecto educativo).
A decisão não perde de vista, entretanto, os limites e desafios impostos
pela realidade cultural e econômica da sociedade moderna quanto à esfera de
aplicação do instituto.
(...) não se pode simplesmente impedir o ato de envase de bebidas e refrigerantes em embalagens plásticas tipo PET, como quer a apelante. Tal pretensão é juridicamente impossível, pois seu acolhimento afrontaria as normas constitucionais que asseguram o respeito aos valores sociais do trabalho, da livre iniciativa, e do livre exercício de qualquer atividade econômica. (CF, art. 1º, IV e 170, § único).
23
2.3.1 Aspectos econômicos da responsabilidade pós-consumo O uso dos recursos ambientais gera custos e benefícios que não são
captados pelo sistema de mercado (i.e., sistema que estabelece os preços dos
bens e produtos a partir das interações entre a oferta e a demanda destes bens
e produtos, com base em seu custo de oportunidade). Embora estes recursos
(...) possuam valor intrínseco, não lhes são atribuídos preços adequados. Seu
custo ou benefício privado, percebido pelas empresas e indivíduos não reflete o
seu custo ou benefício econômico ou social.
Isto ocorre porque o meio ambiente provê bens e serviços que são de
propriedade comum. A ausência de direitos de propriedade assinalados a um
indivíduo ou grupo específico não permite estabelecer-lhes um custo de
oportunidade capaz de restringir ou controlar seu uso, remunerando e
estimulando sua conservação. Por outro lado, direitos de propriedade definidos
e assegurados dão margem ao estabelecimento de um preço de mercado e ao
controle de acesso e uso de bens caracterizados privados.
Assim sendo, a degradação ambiental é conseqüência do uso excessivo
ou indevido dos recursos ambientais, o que determina ineficiência na alocação
destes recursos. Esta superexploração decorre do fato de que quando
indivíduos ou empresas se utilizam de um bem público de uso comum, não
arcam com a totalidade dos custos de suas ações; se cada um tenta maximizar
o uso e beneficio individua l, ignora o custo a terceiros assim impingido.
Sempre que uma ação ou atividade econômica de indivíduos ou
organizações gera um subproduto que afete positiva ou negativamente a esfera
de interesses de terceiros que não participam da referida atividade, diz-se que
tal atividade produz uma externalidade. As externalidades são falhas no
sistema de mercado, impedindo a alocação socialmente eficiente de recursos,
na medida em que sua existência significa que os agentes desconhecem os
custos ou benefícios sociais acarretados por suas ações (impactos negativos
ou positivos criados para a sociedade), em decorrência da não definição de
direitos de propriedade, conforme acima explicado. Como resultado, do ponto
de vista da sociedade, a produção e o consumo do bem em questão serão
excessivos (no caso de externalidades negativas) ou insuficientes (em se
24
tratando de externalidades positivas), o que implicará em perda de bem estar
pela sociedade
As externalidades estão presentes quando terceiros ganham sem pagar
por seus benefícios marginais ou perdem sem serem compensados por
suportar o malefício adicional. A poluição é o mais representativo exemplo de
externalidade negativa. A degradação ambiental não pode ser totalmente
eliminada, mas pode ser encontrado seu nível ótimo (econômica e socialmente
eficiente) através da correção da falha de mercado em estabelecer o devido
preço econômico dos recursos ambientais.
O preço ambiental atua no sentido de induzir uma alteração na demanda individual do recurso, considerando tanto a realidade econômica do usuário quanto um nível agregado de uso ambientalmente desejado. (GRUTZMACHER, 2006)
A correção das deseconomias externas e obtenção da eficiência
alocativa dos recursos se dá pela alteração dos níveis de produção e consumo
na economia, através dos seguintes mecanismos.
a)Transações entre os próprios participantes do mercado, na busca de uma
solução eficiente que compatibilize seus interesses individuais ;
b) Intervenção do Estado: b.1) Políticas de comando-e-controle: instrumentos
não econômicos que operam como incentivos positivos e negativos ao
comportamento causador do prejuízo (exemplo: regulamentação direta sobre o
comportamento dos agentes, impondo cotas ou limites de emissão de gases e
efluentes); b.2) Mecanismos baseados em instrumentos de mercado:
instrumentos econômicos que também operam negativa ou positivamente em
relação ao comportamento poluidor (imposição de impostos, tarifas, subsídios,
sistema de devolução de depósitos, criação de mercados).
c) Combinação de mecanismos de mercado e de políticas de comando-e-controle. Para a aplicação de instrumentos econômicos deve ser calculado o
preço econômico do recurso ambiental cujo uso se deseje limitar. Uma das
formas de determinação deste preço é o cálculo do preço da externalidade,
25
assim definido por Ronaldo Seroa da Motta, em se tratando da gestão de
resíduos sólidos, o instrumento econômico de aplicação mais lógica seria a
cobrança direta ao gerador, elevando os custos de geração de resíduos
proporcionalmente ao volume gerado. De fato:
(...) os custos decorrentes da coleta e disposição final de lixo são [geralmente] cobertos por receitas independentes de tais custos, ou seja, o valor que o consumidor deste tipo de serviço paga por ele não está ligado à quantidade de lixo gerada, (...) fazendo com que uma quantidade ineficiente [excessiva] de resíduos seja levada à disposição final. (MULLER, 2007)
Esta alternativa, entretanto, apresenta duas limitações básicas à sua
implementação: estimula à disposição ilegal de lixo e implica custos de controle
por parte da autoridade pública.
Dentre os mecanismos citados, destaca-se o sistema de depósito-
retorno, que consiste no pagamento de um sobrepreço (depósito) pelo
consumidor na compra de um produto, em vista de sua embalagem, a ser
devolvido (retorno) quando a embalagem é recolhida para reaproveitamento. O
sistema combina um tributo sobre o uso de embalagens com potencial
poluente, induzindo à menor utilização da mesma, a um subsídio auferido na
devolução da mesma, objetivando incentivar seu reaproveitamento. Observe-se
que, “caso o valor do depósito seja diferenciado pelo material da embalagem,
de acordo (...) com seu potencial de dano (...), haverá incentivo para que o
produtor utilize aquela [cujo valor do depósito é mais baixo”. É o mais vantajoso
dentre os mecanismos citados, pois:
a) estimula, concomitantemente, a redução na geração de resíduos e o
aumento da reciclagem daqueles materiais;
b) é o de mais simples implementação (o valor do depósito retorno é único para
todas as empresas geradoras de determinado resíduo, não se altera pelas
especificidades dos processos produtivos individuais de cada empresa, já que
o custo social da disposição final é o mesmo por classe de resíduo);
c) representa a melhor relação custo-benefício entre o valor do depósito
(tributo) exigido e o montante de redução dos resíduos ;
26
d) é o mais eficiente, pois permite atingir a quantidade ótima social de lixo
gerado (o reaproveitamento da embalagem descaracteriza-a como resíduo);
e) é particularmente interessante como garantia de destinação
final adequada de resíduos e como mecanismo de prevenção do dano
ambiental, contornando ainda as dificuldades da controversa atribuição de
responsabilidade em situações de origem incerta de embalagens.
2.4 Criação do INPEV O uso dos agrotóxicos gera uma categoria específica de resíduos, as
embalagens vazias dos mesmos. Que há um tempo atrás eram indicadas, pela
Legislação Federal, a serem depositadas em covas a camadas geologicamente
estáveis. Porém, na prática imperava o erro, a maior parte das embalagens era
descartada nos corpos hídricos, queimadas a céu aberto sem nenhum controle,
abandonadas no local da lavoura, enterradas sem nenhum critério, inutilizando
áreas férteis e possibilitando a contaminação de lençóis freáticos, quando não
era reciclado sem controle ou até utilizadas por pessoas do campo sem
instrução para entender os alertas dos rótulos das embalagens e evitar o
reaproveitamento destas que em alguns casos eram atrativas e serviam para o
acondicionamento de água e alimentos (PELISSARI et al., 1999).
De acordo com o INPEV - Instituto Nacional de Processamento de
Embalagens Vazias (2006a), objetivando atendimento às novas exigências
legais da Lei Federal 9.974/00, que passou a distribuir responsabilidades
dentro da cadeia produtiva agrícola, ou seja, agricultor, fabricante e sistema de
comercialização, uma consultoria foi contratada, em meados de 2001, para
avaliar os principais processos de trabalho, chegando-se à conclusão de que
seria necessária a criação de uma entidade capaz de coordenar todo o
processo de destinação final das embalagens vazias. Assim, em 14 de
dezembro de 2001 foi fundado o Instituto Nacional de Processamento de
Embalagens Vazias (INPEV), uma iniciativa da indústria como forma de
atender às responsabilidades sociais e ambientais no que se refere à
destinação final das embalagens dos agrotóxicos comercializados.
27
Em 1999 foi elaborada a Lei Federal 9.974 que visa dar uma destinação
ambientalmente adequada as embalagens vazias de agrotóxicos utilizadas no
Brasil. Esta Lei estipula obrigações a todos os segmentos envolvidos
diretamente com os agrotóxicos, que são os fabricantes que produzem estes
produtos, as revendas que são os canais de comercialização e os agricultores
que são os usuários.
Segundo esta lei cabe ao agricultor realizar a triplice lavagem das
embalagens vazias e posteriormente encaminhar estas embalagens com as
respectivas tampas a uma unidade de recebimento no prazo de um ano apartir
da data de compra do produto. Já o revendedor deve disponibilizar e gerenciar
as unidades de recebimento de embalagens vazias, informar aos agricultores
sobre os procedimentos de lavagem no ato da venda do produto e informar o
endereço da unidade de recebimento de embalagens vazias mais próxima para
o usuário. A indústria tem como obrigação recolher as embalagens devolvidas
pelo agricultor, dando um destino adequado a este material, implementando em
colaboração com o Poder Público, programas educativos de controle e
estímulo à lavagem e à devolução das embalagens vazias por parte dos
usuários (INPEV, s.d.).
Com o objetivo de atender a nova legislação as indústrias se
organizaram e criaram um órgão a nível nacional chamado de INPEV (Instituto
Nacional de Processamento de Embalagens Vazias) que cuida unicamente da
destinação adequada das embalagens vazias de agrotóxicos.
O INPEV foi instalado formalmente no dia 14 de dezembro de 2001,
durante assembléia nos salões da Casa da Fazenda, no Bairro do Morumbi,
em São Paulo-SP, e entrou em operação em janeiro de 2002. Com a criação
do Instituto, a história dos produtos fitossanitários no Brasil ganhou um novo
capítulo, marcado pela união de forças de todos os agentes ligados ao
agronegócio em torno de um objetivo comum, implantar um sistema ágil e
eficiente de processamento de embalagens vazias de defensivos agrícolas.
A meta do INPEV e de seus parceiros como órgãos públicos,
agricultores, revendedores, entidades e empresas privadas, cooperativas,
ONGs, associações de classe, patronais e de trabalhadores é oferecer apoio
logístico a essa ação de âmbito nacional, fazendo com que todos os elos
28
envolvidos na cadeia do agronegócio contribuam, de maneira efetiva, para a
sustentabilidade ambiental.
O Instituto nasceu como resultado de um amplo processo de debates
entre os representantes do setor, enfatizando a importância de uma
organização específica para tratar da questão das embalagens vazias de
formaestrutura especializada, focada exclusivamente no tema do
processamento de embalagens (RANDO, 2004).
Participaram ativamente das discussões para a criação do INPEV as
empresas produtoras e revendedores de fitossanitários, representantes de
órgãos públicos, universidades, cooperativas, entidades de classe e escritórios
de advocacia. A - Missão do INPEV: O inpEV é uma entidade sem fins lucrativos dedicada a gerir o processo
de destinação de embalagens vazias de fitossanitários no Brasil, dar apoio e
orientação à indústria, canais de distribuição e agricultores no cumprimento das
responsabilidades definidas pela legislação, promover a educação e a
consciência de proteção ao meio ambiente e à saúde humana e apoiar o
desenvolvimento tecnológico de embalagens de fitossanitários.
B - Investimento:
Com investimento previsto de US$ 25 milhões ao longo do período
2002-2006, o inpEV já está conseguindo antecipar algumas de suas metas. O
Instituto já terá implantadas e em funcionamento mais de 250 unidades de
recebimento, situadas nas regiões de maior consumo até final do ano de 2005,
meta que havia sido estabelecida anteriormente para o ano de 2006 (RANDO,
2004 e RANDO, 2004).
Para assegurar o cumprimento de sua missão, o inpEV segue uma linha
de atuação clara e bem definida de modo a abranger com eficácia todas as
etapas do processo de gerenciamento de embalagens vazias. A entidade
funciona como um Centro de Inteligência que coordena os fluxos e ações,
fornecendo orientação sobre normas, leis e procedimentos, coletando e
analisando informações, incentivando e premiando as melhores práticas e
29
garantindo o bom funcionamento de toda a logística reversa das embalagens
vazias de produtos fitossanitários no País.
Para isto o inpEV apresenta diversas gerências, distribuídas da seguinte maneira: C - Administrativa e Financeira: Acompanha as execuções orçamentárias do inpEV, fornecendo
subsídios a todas as demais áreas para seu melhor gerenciamento e controle.
D - Desenvolvimento Tecnológico: Incentiva o desenvolvimento tecnológico das embalagens de produtos
fitossanitários, por meio da busca e da criação de estímulos internos e
externos, identificando oportunidades de inovação tecnológica.
E - Destinação Final Indica os requisitos de segurança e armazenamento quanto a aspectos
toxicológicos dos produtos e embalagens de fitossanitários. Mantém os
associados informados sobre a destinação das embalagens vazias recolhidas
nas unidades de recebimento e audita, em conjunto com o Departamento
Jurídico, a conformidade das licenças ambientais das unidades de destino final
em relação ao recebimento das embalagens vazias de fitossanitários.
F - Educação e Comunicação Desenvolve um extenso programa de treinamento e comunicação
visando alcançar os técnicos, vendedores, proprietários rurais, agricultores em
geral e aplicadores, com a finalidade de capacitar a todos para o uso correto e
seguro de produtos e as práticas adequadas de lavagem e devolução das
embalagens vazias. Elabora campanhas educativas de alcance nacional e
programas de formação de instrutores e multiplicadores que atuam diretamente
junto aos aplicadores dos produtos no campo.
G - Logística
30
Está organizada de modo a abranger todos os aspectos envolvidos na
operacionalização da logística reversa ou seja na questões relacionadas ao
transporte das embalagens vazias.
H - Jurídica Atua proativamente junto aos legisladores, órgãos reguladores,
fiscalizadores e Ministério Público no desenho e na aplicação da legislação,
procurando adequá-la à realidade. Analisa as solicitações de associados e de
auditores internos e externos e analisa permanentemente a legislação.
I - Gerência de Operações Auxilia no licenciamento, construção, manutenção, segurança e normas
legais para as Centrais e Postos, bem como gerir as atividades dos
Coordenadores do inpEV nas diferentes regiões do Brasil.
J - Visão do inpEV Ser referência mundial como centro de excelência na recuperação e
destinação final de embalagens vazias de produtos fitossanitários, preservação
do meioambiente e da saúde humana. Isto mostra a responsabilidade social e
ambiental que o setor de agroquímicos apresenta. Nenhum outro setor faz com
tanta eficiência o que este setor esta fazendo, e a grande beneficiaria de tudo
isto é a natureza. (GRUTZMACHER et al, 2005)
31
CAPÍTULO 3
Os impactos econômicos e ambientais causados pelo
descarte indevido de embalagens de agrotóxicos
Os agrotóxicos são definidos como quaisquer produtos que têm a
finalidade de combater pragas e doenças presentes em culturas agrícolas, tais
como: pesticidas, fungicidas e herbicidas.
Os agrotóxicos mais utilizados são os organo-sintéticos, cuja toxidade é
considerável à saúde e persiste por vários anos nos ecossistemas (PLANETA
ORGÂNICO, 2005).
O Brasil, na década de 1950, iniciou a utilização de inseticidas
organofosforados em substituição aos organoclorados. Os agrotóxicos
organofosforados são mais tóxicos do que os organoclorados, no entanto,
degradam mais rapidamente no meio ambiente e não se acumulam nos tecidos
gordurosos das espécies animais. Ao contrário, os agrotóxicos organoclorados
são menos tóxicos à espécie animal, porém uma vez liberado no meio
ambiente, são persistentes e penetram na cadeia alimentar, podendo causar
efeitos patológicos a longo prazo. O pesticida DDT (Dicloro Difenil
Tricloroetano) faz parte do grupo dos organoclorados. Proibido, era utilizado no
combate à pragas e formigas na agricultura.
Ao contrário da agricultura ecológica na qual qualquer tipo de agrotóxico
é proibido, para evitar que o seu uso possa causar morte de pequenos animais
terrestres, aquáticos e desfolhamento de plantas, as monoculturas de soja,
trigo e arroz utilizam-se intensivamente dos agrotóxicos. Associados à
liberação do crédito bancário rural, a produção, a comercialização e o uso de
agrotóxicos dependem de registros prévios no governo federal que exigem
especificações, dentre elas a identificação, como a colocação nas embalagens
de um rótulo, indicando com base em cores a toxicologia dos agrotóxicos.
Em 2003, as vendas de defensivos agrícolas foram da ordem de US$
3,1 bilhões, o equivalente a 170 mil toneladas. Esse volume de vendas
representou um crescimento de 63% em relação ao ano anterior. Com relação
ao mesmo período, 2003, as importações cresceram em 55% (ABIQUIM,
32
2004). Considerando as outras empresas que atuam em fases intermediárias
da cadeia produtiva dos agrotóxicos, como os fornecedores de insumos,
embalagens e de serviços, conservadoramente, são da ordem de US$ 400
milhões, estimados em bases anuais e líquidos de impostos, taxas e
contribuições (SINDAG, 2005).
Tendo em vista que o Brasil é um país de grande extensão de áreas
agrícolas, o consumo de defensivos agrícolas é bastante elevado, significando
um número alto de embalagens utilizadas e, por conseguinte, a serem
retornadas e recicladas. Na safra 2000/01, foram utilizadas no campo 130
milhões de embalagens de agrotóxicos ou cerca de 27 mil toneladas. Na safra
2001/02, o consumo de agrotóxico atingiu a quantidade de 32 mil toneladas
(INPEV, 2005). Grande parte dessas embalagens teve destino incerto. Os
problemas ambientais causados por essas embalagens têm sido estudados por
várias organizações governamentais e não governamentais. Diversas visões
teóricas têm sido desenvolvidas tentando estabelecer relações entre
crescimento econômico, exploração dos recursos naturais, herança das futuras
gerações, qualidade de vida, distribuição de renda e pobreza (SOUZA FILHO,
2001, p. 590).
Entretanto, uma grande maioria de autores desse campo de
conhecimento trabalha com o conceito do “desenvolvimento sustentável”, isto
é, satisfazer as necessidades presentes sem comprometer a capacidade das
gerações futuras de satisfazer suas próprias necessidades. Na direção da
preservação do meio ambiente, em junho de 2001, o Brasil promulgou a lei
9.974, complementada pelo decreto-lei 4.074, entrou em vigor em 2002,
regulamenta dentre outras atividades, o transporte e a destinação final das
embalagens vazias.
Atualmente, a produção mundial de agrotóxicos representa cerca de 34
bilhões de dólares por ano. No Brasil, representa 4 bilhões de dólares, e
apresentou, entre 1990 e 2005, a maior taxa de crescimento médio anual de
toda a indústria química nacional: 9% ao ano frente a 5,4% ao ano do setor
como um todo (ABIQUIM, 2006).
Entre as culturas que mais consomem agrotóxicos no país destacam-se
a soja, a cana-de-açúcar, o algodão, o milho e o café. Do valor total de vendas
de agrotóxicos em 2006, a cultura da soja respondeu por 39%, a da cana-de-
33
açúcar por 13%, a do algodão por 10%, a do milho por 7% e a do café por 5%
(SINDAG, 2007). Com o crescimento da atividade agrícola em área e em
produtividade, esses números são cada vez mais expressivos.
Em quantidades de ingredientes ativos, o consumo de agrotóxicos no
Brasil passou de 128 mil toneladas em 1998 para de 210 mil toneladas em
2004 (AENDA, 2006). Nesse mesmo período as áreas com as principais
lavouras, temporárias e permanentes, evoluíram dos 50 milhões de hectares
plantados para perto de 60 milhões de hectares. Ou seja, enquanto a área
cultivada cresceu cerca de 20%, o consumo de agrotóxicos aumentou cerca de
60%. Da mesma forma, também cresceu o consumo médio de agrotóxicos por
unidade de área plantada: 2,6 kg i.a./ha, em 1998, para 3,5 kg i.a./ha em 2004.
Estima-se que cerca de 135 milhões de embalagens de agrotóxicos são
vendidas por ano no Brasil. Essas embalagens têm de ser recolhidas,
incineradas ou recicladas de forma segura, uma vez que constituem resíduos
potencialmente perigosos (INPEV, 2006).
A questão da destinação das embalagens de agrotóxicos passou a ter
um tratamento mais adequado a partir da promulgação da Lei Federal
9.974/2000, regulamentada pelo Decreto 4.074/2002, que define regras para
recolhimento, transporte e destinação final dessas embalagens vazias. Essa lei
disciplina a destinação final das embalagens vazias de agrotóxicos,
determinando responsabilidades específicas para todos os elementos
relacionados à cadeia de produção e consumo desses produtos no país,
envolvendo agricultores, canais de distribuição e vendas dos produtos
comerciais, empresas fabricantes e o próprio poder público. Estabelece
responsabilidades para todos os atores desse processo: agricultores,
revendedores, produtores e órgãos públicos.
Os agricultores têm a responsabilidade de fazer a ‘tríplice lavagem’ das
embalagens vazias e encaminhá-las, com as respectivas tampas, a uma
unidade de recebimento dentro do prazo máximo de um ano a partir da data da
compra do agrotóxico.
O revendedor de agrotóxicos deve disponibilizar e gerenciar as unidades
de recebimento das embalagens vazias, informar aos agricultores sobre os
procedimentos de lavagem das embalagens e, no ato da venda, informar o
endereço da unidade de recebimento mais próxima para as devoluções.
34
A indústria fabricante de agrotóxicos tem como obrigação recolher as
embalagens devolvidas pelos agricultores, dar um destino adequado àquelas
embalagens e, em colaboração com o poder público, implementar programas
educativos de controle e estímulo à lavagem e à devolução.
Para gerir o processo de destinação final das embalagens vazias de
agrotóxicos, estabelecido pela Lei 9.974/00, os representantes da indústria
fabricante criaram em 2001 o Instituto Nacional de Processamento de
Embalagens Vazias (Inpev), entidade sem fins lucrativos que representa a
indústria dos fabricantes de agrotóxicos em sua responsabilidade de conferir a
correta destinação final às embalagens vazias daqueles produtos.
35
CAPÍTULO 4 4.1 Como a logística reversa coopera na redução do
impacto ambiental e se transforma num recurso
econômico para a comunidade?
Usualmente a logística é entendida como o gerenciamento do fluxo de
materiais, estoque em processo de fabricação, produtos acabados, distribuição
e informações, desde a origem da matéria-prima até o ponto de consumo, com
o propósito de atender às exigências dos clientes (BALLOU, 2001;
ROGERS,2004).
No entanto, a preocupação com a devastação dos bens ambientais,
devido à explosão demográfica, à industrialização sem precedentes e à
competitividade desenfreada por mercados, verificada nas últimas décadas, as
empresas compreenderam que o gerenciamento logístico deveria ir além do
ponto de consumo final. Elas entenderam que a competição real para a
conquista dos consumidores deveria incluir em suas estratégias empresariais o
meio ambiente. Nesse enfoque, o gerenciamento da logística reversa deve ser
entendido como uma extensão do gerenciamento logístico.
Em uma perspectiva de negócios, enquanto o gerenciamento logístico
está preocupado com o fluxo de materiais e informações da montante para a
jusante da cadeia produtiva, o gerenciamento da logística reversa está
preocupado com o retorno dos resíduos de produtos, tornando-os inertes ao
meio ambiente, ou das embalagens vazias e seus acessórios para serem
reciclados, retornando-os ao processo produtivo.
Segundo Lacerda (2002), o reaproveitamento dos produtos e
embalagens tem aumentado nos últimos anos, principalmente ocasionados
pelas questões ambientais, pela concorrência-diferenciação por serviço e pela
redução de custo. Analisando a afirmação desse autor, pode-se verificar que a
aplicabilidade de mecanismos de logística reversa se torna vital para os
processo de gestão ambiental, na medida que em que agiliza o fluxo de
36
mercadorias já utilizadas, iniciando-se no consumidor até o fabricante da
embalagem.
O conceito de logística reversa é apresentado por Lacerda (2002) ao
afirmar: o processo de planejamento, implementação e controle do fluxo de
matériasprimas, estoque em processo e produtos acabados (e seu fluxo de
informação) do ponto de consumo até o ponto de origem, com o objetivo de
recapturar valor ou realizar um descarte adequado (LACERDA, 2002, p. 47).
Leite (2003) corrobora a afirmação de Lacerda, ao definir logística
reversa: A logística reversa é a área da logística empresarial que planeja,
opera e controla o fluxo e as informações logísticas correspondentes, do
retorno dos bens de pós-venda e de pós-consumo ao ciclo de negócios ou ao
ciclo produtivo, por meio dos canais de distribuição reversos, agregando-lhes
valor de diversas naturezas: econômico, ecológico, legal, logístico, de imagem
corporativa, entre outros (LEITE, 2003, p. 17).
As definições de logística reversa apresentadas por Lacerda (2002) e
Leite (2003) reafirmam a definição vista anteriormente de Lambert, Stock e
Elllram (1998), em que há a visão de agregação de valor a estes produtos
descartados para reintegrá-los ao ciclo produtivo e de negócios, ou então
estabelecer um descarte adequado. Dessa maneira, pode-se inferir que o
processo logístico reverso também depende fundamentalmente dos
mecanismos de ação estratégicos que irão nortear e até justificar os propósitos
organizacionais. Podemos citar como exemplo, o aumento da preocupação de
amplos segmentos da sociedade em busca do equilíbrio ecológico sustentado
no mundo, como um dos principais elementos impulsionadores da percepção e
aceitação da logística reversa das organizações. Muitas delas já estão
desenvolvendo ações voltadas à preservação do meio ambiente como uma das
principais diretrizes sobre suas estratégias de negócios.
Em alguns setores industriais, o gerenciamento da logística reversa é
uma prática de longa data. Cada uma com suas peculiaridades. Os fabricantes
de bebidas gerenciam o retorno das garrafas de vidro dos pontos de venda ao
consumidor até seus centros de distribuição. As siderúrgicas usam como
insumo de produção em grande parte a sucata gerada por seus clientes e para
isso usam centros coletores de carga. Na indústria de latas de alumínio é
significativo o grande aproveitamento de matéria-prima reciclada, tendo
37
desenvolvido meios inovadores na coleta de latas descartadas, como as
cooperativas.
Por outro lado, existem setores que procuram minimizar ou mesmo
evitar a logística reversa. A indústria automobilística procura utilizar matéria-
prima, obtida de fontes renováveis, na fabricação de componentes como a fibra
de coco, juta e sisal nos revestimentos e estofamentos dos bancos. Essas
matérias primas, além de favorecer a reciclabilidade e não agredir o meio
ambiente após o descarte, possui a vantagem de proporcionar maior conforto
térmico e ser mais resistente do que a habitual resina, derivada do petróleo.
Com recursos naturais disponíveis, área para plantio e variadas
espécies de plantas, o Brasil tem chances de liderar pesquisas que substituam
as matérias-primas derivadas de produtos sintéticos utilizadas na fabricação de
componentes ou produtos, cujo processo produtivo ou descarte agridem o meio
ambiente, por outra de fontes renováveis. Dessa forma, o agronegócio pode
assumir uma importância relevante, não só para a produção de alimentos, mas
também para o fornecimento de matérias-primas essenciais para as diferentes
indústrias.
No entanto, essa importância significativa requer cuidados essenciais no
gerenciamento, para evitar os tradicionais problemas sociais como o
surgimento de doenças para o ser humano e animais e ambientais como a
contaminação do solo e das águas. Representando cerca de 30% do PIB, o
agronegócio brasileiro consumiu em 2003, 170 mil toneladas de defensivos
agrícolas (ABIQUIM, 2005).
Embora o Brasil não seja um dos grandes consumidores de agrotóxico
por hectare cultivado, a reciclagem das embalagens através de um processo
de logística reversa é uma tarefa necessária e importante.
O processo de logística reversa depende do tipo de material e do motivo
pelo qual retornam ao sistema produtivo. O tipo de material pode ser dividido
em dois grandes grupos: produtos e embalagens. No caso de produtos, os
fluxos de logística reversa podem ser dados pela necessidade de reparo,
reciclagem ou porque simplesmente os clientes os devolvem.
De acordo com Lacerda (2004), o fluxo reverso de produtos também tem
sido utilizado como forma de administração de estoques, procurando-se
minimizar os custos decorrentes de baixa rotatividade de determinados itens
38
como nos casos de produtos da indústria fonográfica, editoras de jornais e
revistas, que trabalham com grande número de itens e de lançamentos. O risco
dos varejistas, ao adquirirem esses produtos, é o de ter uma baixa rotatividade
de vendas e, por conseguinte, formar estoques. Com o objetivo de incentivar a
compra de todo um mix de produtos, essas empresas têm como estratégia,
aceitar a devolução dos itens não vendidos. Acredita-se que com esta prática
que, embora o custo da devolução seja elevado, sem ela, as perdas de vendas
seriam bem maiores.
No caso de embalagens, os fluxos da logística reversa acontecem
basicamente em função da sua reutilização ou devido a restrições legais
relacionadas ao meio ambiente. Como as restrições ambientais no Brasil com
relação a embalagens não são tão rígidas, exceto às embalagens de
agrotóxicos, a decisão sobre a utilização de embalagens retornáveis ou
reutilizáveis leva em consideração os fatores econômicos. Além disso, existe
uma grande variedade de containers e embalagens retornáveis, com um custo
de aquisição consideravelmente maior que as embalagens oneway. Entretanto,
quanto maior o número de vezes que se usa a embalagem retornável, menor o
custo por viagem, que tende a ficar menor que o custo da embalagem oneway
(LACERDA, 2004).
Segundo Kumar e Tan (2003), alguns fatores têm forçado as empresas a
assumirem a logística reversa como estratégia de gerenciamento, tais como: a)
legislação governamental. A legislação disciplina a destinação final de
embalagens vazias de agrotóxicos e determina as responsabilidades para o
agricultor, o revendedor, o fabricante e para o Governo na questão de
educação e comunicação. O não cumprimento dessas responsabilidades
poderá implicar penalidades previstas na legislação específica e na lei de
crimes ambientais (Lei 9.605, de 13/02/98), como multas e até pena de
reclusão; b) ciclo de vida dos produtos. A logística reversa deve ser
considerada dentro de um conceito mais amplo que é o do ciclo de vida do
produto. A vida de um produto, do ponto de vista logístico, não termina com
sua entrega ao cliente. Os produtos se tornam obsoletos, podem ser
danificados, ou não funcionam e devem retornar ao seu ponto de origem para
serem adequadamente descartados, reparados ou reaproveitados. Do ponto de
vista financeiro, além dos custos de compra de matéria-prima, de produção, de
39
armazenagem e estocagem, o ciclo de vida de um produto inclui também
outros custos que estão relacionados a todo o gerenciamento do seu fluxo
reverso. Existe uma clara tendência de que a legislação ambiental caminhe no
sentido de tornar as empresas cada vez mais responsáveis por todo ciclo de
vida de seus produtos. Isso significa ser legalmente responsável pelo seu
destino após a entrega dos produtos aos clientes e do impacto que produzem
no meio ambiente; c) novos canais de distribuição. Novos canais de
distribuição como o e-commerce tem sido explorados para servir melhor e mais
rapidamente os clientes. Estes novos canais de distribuição diretos devem se
preparar para gerenciar uma rede de logística reversa à medida que a
comercialização torna-se globalizada. Para gerenciar o produto que não chega
em boas condições para o consumidor é necessária uma logística reversa para
atender adequadamente o cliente; d) forças de mercado.
Os varejistas acreditam que os clientes valorizam as empresas que
possuem políticas mais liberais de retorno de produtos. Essa é uma vantagem
percebida onde os fornecedores ou varejistas assumem os riscos pela
existência de produtos danificados. Isso envolve, é claro, uma estrutura para
recebimento, classificação e expedição de produtos retornados. Essa é uma
tendência que se reforça pela existência de legislação de defesa dos
consumidores, garantindo-lhes o direito de devolução ou troca. As iniciativas
relacionadas à logística reversa têm trazido consideráveis retornos para as
empresas.
Economias com a utilização de embalagens retornáveis ou com o
reaproveitamento de materiais para produção, têm trazido ganhos que
estimulam a utilização da logística reversa. Além disso, os esforços em
desenvolvimento e melhorias nos processos de logística reversa podem
produzir retornos consideráveis, que justificam os investimentos realizados; e
e) mudanças de forças dentro da cadeia de suprimentos. Segundo Lacerda
(2004) fatores como, bons controles de entrada, processos padronizados e
mapeados, tempo de ciclo reduzidos, sistemas de informação, planejamento da
rede logística e relações colaborativas entre clientes e fornecedores, podem
contribuir positivamente para o desempenho do gerenciamento logístico
reverso.
40
No contexto dos fluxos reversos que existem entre varejistas e
indústrias, onde ocorrem devoluções causadas por produtos danificados,
surgem questões relacionadas ao nível de confiança entre as partes
envolvidas. São comuns conflitos relacionados à interpretação de quem é a
responsabilidade sobre os danos causados aos produtos. Os varejistas tendem
a considerar que os danos são causados por problemas no transporte ou por
defeitos de fabricação. Os fornecedores podem inferir que está havendo abuso
por parte do varejista ou que seja conseqüência de um mau planejamento.
Em situações extremas, este fator pode gerar disfunções como recusa
para aceitar devoluções, o atraso para creditar as devoluções e a adoção de
medidas de controle dispendiosas. Portanto, as práticas da logística reversa só
poderão ser implementadas se as organizações envolvidas desenvolverem
relações mais colaborativas.
Um outro aspecto importante para a adoção do gerenciamento da
logística reversa é o aumento de consciência ecológica dos consumidores que
esperam que as empresas reduzam os impactos negativos de sua atividade ao
meio ambiente. Isso tem gerado ações por parte de algumas empresas que
visam transmitir ao público uma imagem institucional "ecologicamente correta".
A adoção de um gerenciamento que se ocupa da destinação final das
embalagens vazias de agrotóxicos é um procedimento complexo que requer a
participação efetiva de todos os agentes envolvidos na fabricação,
comercialização, utilização, licenciamento, fiscalização e monitoramento das
atividades relacionadas com manuseio, transporte, armazenamento e
processamento dessas embalagens.
41
4.2 A logística reversa das embalagens de agrotóxicos
contribuindo para o desenvolvimento sustentável a partir de
novas práticas metodológicas e ninchos de mercado.
Atualmente, o mundo vive uma situação de alerta, o planeta esta
aquecendo cada vez mais, especialista afirmam que a temperatura aumentará
em 5 graus centígrados nos próximos 100 anos, uma afirmação assustadora,
pois a última elevação deste nível durou 10.000 anos. A questão ambiental,
então, deixou de ser uma preocupação exclusiva de ambientalistas e passou a
ser objeto de estudo e debate nas universidades, nas empresas e na
sociedade.
Uma das maneiras de se tentar reverter ou diminuir os impactos desse
aquecimento global e da devastação que o próprio homem causou ao meio
ambiente a partir do desenvolvimento sustentável, que concilia crescimento
econômico, preservação do meio ambiente e melhoria das condições sociais. A
definição mais comumente aceita, criada em 1987, na Comissão Brundtland,
determina que o desenvolvimento sustentável aquele que satisfaz as
necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as futuras
gerações satisfazerem suas próprias necessidades, ou seja, a sociedade
precisa deixar o antropocentrismo e começar a pensar na vidas futuras, utilizar
os recursos que ainda estão disponÃveis pensando em como economizá-los
para prolongar o seu uso.
Outra maneira de contribuir para o desenvolvimento do planeta é com a
sustentabilidade empresarial, que segundo o Instituto Ethos, consiste em
"assegurar o sucesso do negócio a longo prazo e ao mesmo tempo contribuir
para o desenvolvimento econômico e social da comunidade, um meio
ambiente saudável e uma sociedade estável”.
Segundo URSINI e BRUNO (2002, pg. 32) espera-se cada vez mais que
as organizações sejam capazes de reconhecer seus impactos ambientais,
econômicos e sociais e que construam relacionamentos com os chamados
stakeholders (sociedade, público interno, fornecedores, clientes).
42
É necessário uma nova postura diante do meio ambiente, tratá-lo como
participante da sociedade e não como um meio exploratório, denunciar o
desmatamento e as queimadas, economizar ao máximo os recursos que são
finitos,como água e energia elétrica, elaborar projetos que façam com que o
meio ambiente cresçam e com que o nosso planeta se torne um planeta
sustentável.
O aumento da competitividade evidenciado especialmente pelos
processos de globalização e integração dos mercados tem contribuído para
que as organizações busquem cada vez mais alternativas de gestão que
possam torná-las aptas a sobreviver neste cenário de constantes mudanças.
Para Laudon e Laudon (2001), três grandes mudanças globais estão
alterando o mundo dos negócios: o surgimento e o fortalecimento de uma
economia global, a transformação de economias e sociedades industriais em
economias baseadas em serviços e a transformação das empresas, por meio
de novas concepções de gestão como downsizing, Total Quality Management,
Gestão por Objetivos e outras.
Quando se fala em competição, refere-se aos diversos aspectos que
influenciam o modo de gerenciar uma organização, como a concorrência
acirrada, a disputa pelo mercado, a complexidade dos sistemas econômicos,
as rápidas mudanças de cenários, a preocupação ambiental, as questões
relacionadas à responsabilidade social, dentre outros. Desse modo, a análise
dos fatores, principalmente aqueles relacionados à questão ambiental, tem
conduzido as empresas a buscarem uma nova filosofia de gerenciamento
responsável.
Essa concepção moderna de administração deve contemplar uma
gestão focada em estratégias e operações que estimulem a preservação do
meio ambiente e a adequada gestão de seus recursos e que garantam também
uma sustentabilidade organizacional e econômico-social para os principais
agentes do processo.
As definições de logística reversa apresentadas por Lacerda (2002) e
Leite (2003) reafirmam a definição vista anteriormente de Lambert, Stock e
Elllram (1998), em que há a visão de agregação de valor a estes produtos
43
descartados para reintegrá-los ao ciclo produtivo e de negócios, ou então
estabelecer um descarte adequado.
A gestão ambiental e a logística reversa no processo de retorno de
embalagens de agrotóxicosvazias
Dessa maneira, pode-se inferir que o processo logístico reverso também
depende fundamentalmente dos mecanismos de ação estratégicos que irão
nortear e até justificar os propósitos organizacionais. Podemos citar como
exemplo, o aumento da preocupação de amplos segmentos da sociedade em
busca do equilíbrio ecológico sustentado no mundo, como um dos principais
elementos impulsionadores da percepção e aceitação da logística reversa das
organizações. Muitas delas já estão desenvolvendo ações voltadas à
preservação do meio ambiente como uma das principais diretrizes sobre suas
estratégias de negócios.
Esta afirmação pode ser verificada pelas diversas normas internacionais
de caráter voluntário, como as normas ISO 14000 e pela vasta legislação
ambiental que tem proporcionado maiores responsabilidades às empresas
quanto ao ciclo de vida total de seus produtos, desde a sua utilização até os
possíveis impactos ambientais causados pelo seu descarte.
Assim, ao considerar os aspectos relativos do comportamento do
consumidor e as restrições legislativas, Leite (2003) considera que as
organizações buscam relacionar os aspectos ecológicos em suas estratégias
de negócios. Pode-se notar que a percepção organizacional diante dos
elementos que norteiam os seus mercados, faz com que as empresas
busquem uma mudança conceitual de gestão sobre a comercialização de um
produto, considerando todo o seu ciclo de venda, desde a entrega direta ao
consumidor até o retorno e o recolhimento efetivo das embalagens utilizadas.
Para Barbieri e Dias (2002) a implementação desta concepção de
logística reversa, voltada para o desenvolvimento sustentável e para a gestão
ambiental com vistas a melhorar o uso dos recursos escassos distribuídos pela
natureza, necessita do envolvimento de todos os membros da cadeia de
suprimentos para sua efetivação.
Além das questões relativas à importância da gestão ambiental
responsável, um outro aspecto a ser considerado é o nível de relacionamento
entre os diversos agentes desse processo (proprietários rurais, comerciantes e
44
fabricantes e o poder público). Pode-se inferir que os processos de logística
reversa, ao buscarem integrar todos os elos da cadeia de suprimento do
produto, necessitam integrar todos esses agentes, tornando-os responsáveis
pela organização e operacionalização dos fluxos inversos dos materiais e das
embalagens comercializadas. Para que essa logística possa ser eficiente e
eficazmente utilizada, o processo necessita ser dimensionado adequadamente
diante de uma perspectiva que envolva a integração de todos os agentes
envolvidos em uma visão de reverse supply chain.(LEITE, 2003)
Em outras palavras, o fator competitivo deverá ser determinado em uma
visão de cadeia integrada de suprimento concebida para operar nos dois fluxos
de distribuição.
Devido à complexidade do tema que envolve uma diversidade de
proposições acerca dos retornos dos vários tipos de embalagens e, procurando
delineá-lo de acordo com os objetivos traçados neste estudo, será discutido
exclusivamente sobre o retorno das embalagens de agrotóxicos usadas com a
gestão ambiental e o desenvolvimento sustentável, buscando identificar as
dificuldades em se implantar um adequado sistema de coleta e de
recolhimento. (BARBIERI & DIAS, 2002)
45
3 – CONCLUSÃO Como vimos, uma consciência ecológica crescente da sociedade,
exercendo pressão sobre as empresas e sobre o governo, a tendência de uma
legislação ambiental cada vez mais rigorosa tanto nos países em
desenvolvimento quanto nos países desenvolvidos, a premência das empresas
de se diferenciarem no mercado através de uma política de serviços mais
liberais para os consumidores e de reduzirem custos, dado o acirramento da
competitividade em uma sociedade globalizada, são fatores que estão
acelerando a importância da logística reversa tanto de pós-consumo como de
pós-venda.
Neste cenário a área da logística empresarial toma um novo foco de
importância. Os aspectos puramente logísticos irão influenciar no equilíbrio
entre os fluxos reversos e diretos.
Os desafios da logística reversa são ainda maiores comparados à
logística convencional. As fontes de produtos de pós-consumo ficam, em geral,
próximas aos grandes centros e irão alimentar indústrias que estão distantes
destes centros, próximas às matérias primas novas, gerando dificuldades
logísticas.
Além disso, com a diversidade dos canais de distribuição, a estruturação
da logística reversa torna-se a cada dia uma atividade mais desafiadora. No
entanto, as organizações estão sendo cada vez mais pressionadas a
posicionarem-se quanto a sua contribuição para preservação do meio
ambiente.
Os impactos da alta competitividade mundial já estão sendo percebidos,
através de problemas como aquecimento global, desmatamento e poluição. E
por esta razão, os consumidores estão cada vez mais exigentes quanto à
responsabilidade social empresas, que não devem mais ter foco no curto
prazo, e sim como o futuro.
46
4 – REFERÊNCIAS ABIQUIM (Associação Brasileira da Indústria Química) <htpp://abiquim.org.br> Acessado em Julho, 2010. ANDEF (Associação Nacional de Defesa Vegetal). Utilização dos Defensivos Agrícolas no Brasil: Análise de seu Impacto sobre o Ambiente e a Saúde Humana. <http://andef.com.br/util_defensivos/capitulo01.htm> Acessado em julho, 2010.. ANDRADE, Maria Lúcia Amarante; CUNHA, Luiz Maurício da Silva; GANDRA, Guilherme Tavares. A indústria do alumínio: Desempenho e impactos da crise energética.Disponível em <http://www.bndes.gov.br/ em agosto/2010 ANUÁRIO ANDA (Associação Nacional para Difusão de Adubos). São Paulo.2003 BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Edições 70: Lisboa, Portugal, 1977. BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos. Porto
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