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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
“O poeta não á o portador do fogo sagrado, mas o precavido possuidor de uma lanterna de bolso, que abre
caminho entre as trevas do dicionário”.
Carlos Drummond de Andrade
Curitiba
2010
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APRESENTAÇÃO 04 1. FALANDO DE POESIA 06 1.1 O QUE É POESIA 06 1.2 O QUE É UM POEMA 06 1.3 A AFINIDADE ENTRE MÚSICA E POESIA 08 1.4 LINGUAGEM POÉTICA CARREGADA DE SIGNIFICADOS 12 1.5 O PODER DA POESIA 13 2. TRABALHANDO COM A POESIA 15 2.1 LEITURA E ANÁLISE DE POEMAS 15 2.2 A ARTE DE DECLAMAR 19 2.3 A CRIAÇÃO DO TEXTO POÉTICO 20 3. DICAS E SUGESTÕES 24 4. COMO ANALISAR UM POEMA 25 5. DICAS E MACETES PARA DECLAMAR POESIAS 26 6. REFERÊNCIAS 27
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Caros professores e professoras,
Para iniciar essa unidade temática escolhi esse trecho do romance “A Peste”,
por acreditar que somente pela educação e especialmente pelas ações dos
educadores é que se podem gerar ações contra-hegemônicas, testemunhar a
esperança e ser feliz. Nesse texto, de Albert Camus sugere uma fidelidade ética com
a vida, num contexto de morte. Parece ser pessimismo começar este diálogo com tal
passagem, mas pensar em implementação de um projeto pedagógico sem pensar
em romper as barreiras de comodismo, de rotina cristalizada, de silêncios, de
descrédito e de individualismo é terreno fértil para matar os sonhos. Por isso a
importância do estudo e da pesquisa que orientem os educadores a desenvolver e
implementar projetos que realmente promovam a melhoria do trabalho de ensino-
aprendizagem e, quiçá, abram caminhos para a transformação dessa sociedade.
É importante registrar, aqui, que estamos vivendo um clima político e
ideológico favorável aos professores do Paraná, pois nos oferece a oportunidade de
praticar a autocrítica necessária em relação à natureza e finalidade do fazer
educativo. A preparação dos professores PDE, a partir da re-inserção no mundo
As lições de Camus: “A peste varria a ilha. Morriam no desespero muitos, que não tinham encontrado sentido para a vida, menos ainda para a morte antecipada. Rieux era um cético feliz. Contentava-se com o destino traçado de suas escolhas. Deixara de lado muitas ambições para viver intensamente o cotidiano. As embarcações, com a notícia de morticínio, multiplicavam viagens para o continente onde não havia notícia de um único contaminado. A ilha estava sitiada. Sua passagem estava em seu bolso, era o passaporte para continuação de sua vida, em outro lugar, longe da dor e da morte precoce. Estava inquieto. Seria a melhor opção, salvar-se? Contaram-lhe a história de muitos que morriam no desespero, com medo da morte, aterrorizados com o que iriam passar. Voltava-lhe uma tentação: “Se vejo a morte com naturalidade, não tenho medo, poderia quem sabe ajudar a passagem daqueles que a temem, será justo partir? Tomou na mão, com medo mas com intensa felicidade, e destruiu seu passe para a vida. Sabia que estava certo. Afinal de contas, disse alto para si:
! É vergonhoso a gente se sentir feliz sozinho!” (A Peste, romance do filósofo argelino Albert Camus, 1923 –1961)
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acadêmico, proporciona o pensar e discutir, coletivamente, a educação e, então, a
idealização de projetos de aprendizagem e sua implementação nas escolas públicas
paranaenses, haja vista constituírem-se em instituições essenciais para a
manutenção e o desenvolvimento de consciência democrática e crítica. Além disso,
pode-se afirmar que se constituem em espaços para a defesa dos professores,
como intelectuais transformadores, que combinam a reflexão e prática acadêmica a
serviço da educação dos jovens, com o intuito de que assumam posturas de
cidadãos reflexivos e ativos, social e politicamente. Essencial, portanto, para a
categoria de intelectual transformador é a necessidade de tornar o pedagógico mais
político e o político mais pedagógico, possibilitando o ampliar da visão do coletivo
sobre a unidade e da unidade que gesta o coletivo.
A transformação da sociedade evoca a necessidade de práticas educativas
pautadas no exercício da solidariedade contra a ganância, o individualismo e a
competição. A solidariedade advém da construção coletiva, propiciada por uma
pedagogia libertadora, humanista e humanizadora.
Essa escola, que se pretende transformadora e libertadora, deve fazer a
ligação entre o que propõe o currículo e as propostas de mudança para aperfeiçoar
a prática pedagógica. Daí a importância de que o trabalho em sala de aula aconteça
num espaço de interlocução e produção de situações favoráveis para a
aprendizagem.
É importante, a partir dessa premissa, que, a cada dia, a cada ano letivo, o
professor repense e reinvente sua prática pedagógica, ampliando, pela crítica
produtiva, o potencial do olhar que lança ao horizonte do fazer didático, de forma
que a diversidade de linguagens seja campo em que possa semear e colher os
frutos da educação e reflexão diária.
Portanto, no desenrolar das ações/tarefas, ele deve se deslocar do papel
tradicional para ouvir e responder, mediando a busca de informações e pontos de
vista na preparação de um trabalho que se torne sedutor, produtivo e eficiente para
todos e, principalmente, para que a transformação em todos os níveis se concretize.
Esse movimento do professor em direção à mudança de postura
pedagógico/didática é o que se entende por educação em processo mediado, o quê,
em análise clara, pode ser entendido como processo político.
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1.1
Poesia, do grego “poesis”, significa “criar” / “fazer” e é anterior à alfabetização.
Ela permaneceu por um longo tempo na oralidade, usada como método mnemônico
de guardar e transmitir a história (feitos políticos e guerreiros) e cultura dos povos
antigos, de sua genealogia e leis. Ligada às tradições musicais, à religião – nos
mantras, sutras e orações – e à mitologia, a poesia está presente nas obras
Gilgamesh (épico de 3000 a.C.) no Vedas (1700-1200 a.C.) e nas famosas epopéias
criadas por Homero, entre 800 e 675 a.C., por exemplo, que foram organizadas em
versos e eram, comumente, declamadas com acompanhamento musical.
A linguagem poética cria painéis elaborados metaforicamente para além do
tempo cronológico. Ela possibilita a transcendência, na qual apresenta um universo
que existe na dimensão dos sonhos em que estão refletidos os anseios do ser
humano.
Essa linguagem amplia o horizonte do leitor e permite o dialogismo da leitura
literária com outras manifestações artísticas.
1.2 O que é um poema?
Poema: entidade sonora e orgânica. Possui estrutura externa (FORMA) e
estrutura interna (CONTEÚDO) concretizados em linguagem poética, cuja
organização (FORMA) se pauta pela utilização de figuras de estilo e vocábulos
capazes de produzir efeitos de ritmo e musicalidade inerentes ao gênero e à
intenção inicial da criação poética.
O que é poesia?
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Na tentativa de explicar e definir a poesia, de forma não pragmática, utilizo e
transcrevo algumas “idéias” de escritores e/ou poetas que já falaram com muita
propriedade a respeito do assunto.
No discurso proferido na entrega do Prêmio Nobel, Pablo Neruda afirmou que
não aprendeu nos livros nenhuma receita para compor um poema, assim como não
deixou impresso nenhum conselho ou receita para que outros poetas recebam dele
algum ensinamento. Ele, durante a vida toda, utilizou palavras para explicar a si
próprio.
Segundo Jorge Luis Borges, ao folhear livros de estética, sentia a
desconfortável sensação de estar lendo obras de astrônomos que nunca
contemplavam as estrelas. Escreviam sobre poesia como se a poesia fosse uma
tarefa, e não o que é em realidade: uma paixão e um prazer. Ele afirma que leu e
aprendeu num livro sobre estética de Benedetto Croce, que poesia e linguagem são
uma expressão (grifo meu). Ao pensamos na expressão de algo, caímos no velho
problema de forma e conteúdo, e se pensamos sobre expressão de nada em
particular, isso de fato não nos rende nada. Poesia é vida. E a vida é feita de poesia.
A poesia não é alheia, a poesia está logo ali, à espreita: pode saltar sobre nós a
qualquer instante. (BORGES, 2000, p. 10)
Ainda em Borges, lê-se que
POÉTICA II
Com as lágrimas do tempo E a cal do meu dia Eu fiz o cimento Da minha poesia E na perspectiva Da vida futura Ergui em carne viva Sua arquitetura. Não sei bem se é casa Se é torre ou se é templo. (Um templo sem Deus.) Mas é grande e clara Pertence ao seu tempo ... Entrai, irmãos meus! (Vinicius de Moraes, in “O operário em Construção”)
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Emerson escreveu que uma biblioteca é um tipo de caverna mágica cheia de mortos. E aqueles mortos podem ser ressuscitados, podem ser trazidos de volta à vida quando se abrem as suas páginas”. O livro de poesia é um objeto físico e quando chega à mão do leitor, as palavras que eram meros símbolos – saltam para a vida, e assim temos a ressurreição da palavra. (BORGES, 2000, p. 17.)
“Poesia é a expressão do belo por meio de palavras habilmente entretecidas”.
Uma definição suficiente para dicionários ou manuais de instrução, embora bastante
frágil quanto ao real valor semântico da palavra.
Borges argumenta que não podemos definir poesia em palavras, “tal como
não podemos definir o gosto do café, a cor vermelha, nem o significado da raiva, do
amor, do ódio, do pôr-do-sol. Essas coisas estão tão entranhadas em nós que
podem ser expressas por aqueles símbolos comuns que partilhamos”. (Borges,
2000, p. 27)
1.3 A afinidade entre Poesia e Música
“É convicção do autor, neste dia de Ano-Novo, que a música começa a se atrofiar quando se afasta muito da dança; que a poesia começa a se atrofiar quando se afasta muito da música; mas isto não quer dizer que toda a boa música deva ser música de dança ou toda a poesia, lírica. Bach e Mozart nunca se distanciam muito do movimento corporal” (Abc da Literatura, de Ezra Pound, 2006, p.22)
Nunc est bibendum
Nunc pede libero
Pulsanda tellus1
A relação entre música e poesia vem desde a antiguidade. Na cultura da
Grécia Antiga, por exemplo, a poesia e a música eram praticamente inseparáveis: a
poesia era feita para ser cantada. De acordo com a tradição, a música e a poesia
nasceram juntas. De fato, a palavra “lírica” significava, originalmente, certo tipo de
composição literária feita para ser cantada, com acompanhamento de uma lira.
Na verdade, a fusão conceitual entre poesia e canção tem uma longa história
e em nossa cultura literária, como a tradição poética na língua portuguesa iniciada
1 É hora de beber, / De tanger a terra / com o pé liberto (versos extraídos da Ode 37, Livro I, de Horácio)
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com as medievais cantigas de amor e de amigo, que inauguram a poesia
sentimental lusa.
Na arte brasileira da palavra, a poesia está, em boa parte, nas letras da
música popular, no cordel nordestino, recitado por cantadores nas feiras e nas ruas,
no rock dos anos 80 e no Hip Hop dos 90.
Em todas as literaturas do mundo, a poesia literária encontra na canção
popular uma matriz inspiradora, fornecedora de temas e motes.
O entrelaçamento entre o popular e o erudito, entretanto, pauta-se por
medidas preventivas, de forma que o erudito mantenha-se, sempre, como tal –
apesar das possíveis permissividades – e o popular continue o que sempre foi:
popular.
Em nenhum outro país do mundo a canção popular atingiu um status tão
intelectual quanto no Brasil. Nosso país é um dos poucos em que se empregam
largamente letras de música como parte do ensino de literatura nas escolas.
A originalidade do entrelaçamento entre popular e erudito, de fato, é marca
brasileira, uma vez que, depois da Bossa Nova e da MPB, a canção popular tem-se
alimentado da literatura. Nossa canção popular tem letras de alta voltagem
intelectual, por isso, na educação à brasileira, acabaram ficando bem liberais as
fronteiras entre o popular e o erudito.
É consenso entre profissionais da área que os maiores poetas do século XX
foram Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto e
Cecília Meireles; assim como há uma solidificada opinião de que depois desses
grandes nomes, nas últimas décadas do século XX, Caetano Veloso e Chico
Buarque se destacaram como poetas de primeira ordem. Para a geração que
cresceu ouvindo Caetano e Chico, foi como se a letra de música tivesse roubado o
lugar cultural do poema literário ou como se tivesse descido a um novo patamar
artístico. Se por um lado a letra de música roubara, temporariamente, a cena do
poema literário, por outro, agregá-la ao patrimônio da literatura não deixava de
representar um enriquecimento da cultura ilustrada ou erudita. Com a liberação das
fronteiras, além de Caetano-Chico, passaram a fazer parte do panteão poético
brasileiro, as letras de Noel Rosa, de Lupicínio Rodrigues e de sambistas de raiz,
como Cartola.
Integrou-se à literatura a produção de poetas-letristas, como Vinícius de
Moraes, Torquato Neto e Cacaso, no passado e, no presente, Geraldo Carneiro,
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Arnaldo Antunes e letristas de rock, como Cazuza e Renato Russo, considerados
meteoritos poéticos. (MORICONI, 2002, p. 13)
Há aqueles que defendem a letra de música como poesia. Em contrapartida,
há aqueles que defendem a poesia contra a letra de música, dizendo que esta
jamais se sustenta como autêntica poesia de livro. Na opinião de Ítalo Moriconi,
quando o poema vira canção, ele ganha, porque adquire uma nova dimensão. A
letra, no entanto, perde quando tratada somente como poema literário, pois, sozinha,
é menos da metade do valor estético de uma canção, visto ser ela representação
daquele “a mais” que se agrega como valor adicional à soma letra + melodia. Ao
virar poema – na página – não apenas perde a melodia da letra, mas adquire novo
valor, um exemplo disso é o refrão ou repetições que, ao serem lidas podem se
tornar chatas. Do ponto de vista do criador todo letrista é poeta, mas nem todo poeta
é, ou quer ser, letrista. Em qualquer dos dois casos, o poeta letrista e o poeta
literário serão ambos mais poetas quando a letra, assim como o poema,
conseguirem conjugar emoção. Poesia é emoção inteligente, inteligência
emocionada. (MORICONI, 2002, p. 14-15)
Chico Buarque, nos seus poemas-canção, além de usar elementos formais,
como a métrica, utiliza nas suas letras-canção vários recursos estilísticos, como:
onomatopéias, elipses, rimas ricas, neologismos, metáforas, personificações,
aliterações etc. Um exemplo disso é a canção “Pedro Pedreiro”
Pedro pedreiro penseiro esperando o trem
Manhã, parece, carece de esperar também
Para o bem de quem tem bem
De quem não tem vintém
Pedro Pedreiro fica assim pensando
Assim pensando o tempo passa
E a gente vai ficando pra trás
Esperando, esperando, esperando
Esperando o sol
Esperando o trem
Esperando o aumento
(…)
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Nessa canção, o que se percebe é a afinidade direta entre o nome (Pedro) e
o adjetivo que o qualifica (pedreiro), estabelecido pelo morfema PEDR que remete a
pedra, ao que é sólido fixo e imóvel, convergindo à história de um migrante
nordestino em busca do sonho de mudança de vida, nas grandes capitais do
Sul/Sudeste, e cujo destino assemelha-se ao que há de mineralidade na pedra, na
sua impossibilidade de mover-se para uma existência de sim-sujeito-capaz-de...
Pedro pedreiro espera o carnaval
E a sorte grande do bilhete pela federal
Todo mês
Esperando, esperando, esperando
Esperando o sol
Esperando o trem
Esperando o aumento
Para o mês que vem
Esperando a festa
Esperando a sorte
E a mulher de Pedro
Está esperando um filho
Pra esperar também.
A repetição presente na construção da canção é um recurso importantíssimo,
utilizado pelo compositor para dar a sensação da espera angustiada e a idéia da
imobilidade, de tentativa de alcançar melhoria de vida.
Para a tribo dos letrados, ler um romance permite viajar sem sair de onde se
está de maneira intensa e interiorizada. A filosofia ensina a pensar, indagar sobre o
real significado das palavras e, para a tribo dos leitores, a poesia traz, sobretudo,
promessa de prazer. É gostoso ler poesia. Poesia respira, joga com pausas, alterna
silêncios e frases (os versos). Poesia é bonito na página, é festa tipográfica. Festa
para os olhos. Ritmo visual que vira sonoro, quando lemos o poema em voz alta.
Imaginação e sabedoria combinadas, numa certa vertigem, à velocidade das
estrofes. A palavra poesia abrange sentidos que vão além da linguagem verbal, oral
ou escrita.
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O poema, ao ser lido sobre a página, ou ouvido com atenção, aproxima o
leitor do poeta. Todo leitor de poesia é um pouco poeta também, mesmo que não
profissional. O ato criador do poema sobre a linguagem evoca a criação poética
implícita na própria existência dela, linguagem, que é de todos. Como disse o poeta
anglo-americano T. S. Eliot, a leitura é, em si, uma experiência de vida. Somos feitos
daquilo que vivemos e daquilo que lemos.
A Linguagem Poética é rica na significação semântica, explorando muito a
linguagem metafórica. Bachelard reconhece que as metáforas são muito mais que
supérflua vestimenta do pensamento que se quereria rigoroso e límpido, na verdade,
a encantação das metáforas atua na intimidade mesma do pensamento, envolve e
compromete a própria fonte racional. Por isso ele conclui: “Não se pode confinar as
metáforas, tão facilmente quanto se pretende, apenas no reino da expressão. Quer
se queira ou não, as metáforas seduzem a razão”. (BACHELARD, in PESSANHA,
1994, p. 10)
1.4 Linguagem Poética Carregada de Significados Começo com a poesia porque é a mais condensada forma de expressão verbal. Basil
Bunting2, ao folhear um dicionário alemão-italiano, descobriu que a idéia de poesia como concentração é quase tão velha como a língua germânica. “Dichten” é o verbo alemão correspondente ao substantivo “Dichtung”, que significa “poesia” e o lexicógrafo traduziu-o pelo verbo italiano que significa “condensar”. (POUND, Ezra. ABC da literatura, 1885-1972, p.40)
Dada a concisão de sua forma, a poesia é, muitas vezes, considerada por
muitos, como um gênero literário difícil ou possível somente para os iniciados nos
mistérios da criação poética.
Toda a poesia parte das emoções experimentadas pelos seres humanos nas
relações consigo próprios, com os outros ou com sonhos que povoam o pensamento
e as ações de todos. A poesia joga com recursos semânticos e visuais que se
transformam em recursos sonoros, melódicos. Ritmo visual que vira sonoro. Quando
lemos o poema em voz alta, são os cinco sentidos traduzidos por meio de palavras.
A poesia é onde a linguagem está mais em pauta. Explora a sonoridade das
palavras. “Fabrica identidades por analogia, por imagens ou metáforas: mulher é flor,
2 Basil Bunting, poeta inglês, autor do Redimiculum Matellarum (1930) e Poems (1951). A ele e a Louis Zukofsky, “lutadores no deserto”, E.P.H. dedicou o seu livro de ensaios Guide to Kulchur (1938).
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rapaz é rocha, amor é tocha. Nuvem é pluma. Pedra é sono”. (MORICONI, Ítalo,
2002, p.8)
A poesia abrange sentidos que vão além da linguagem verbal, oral ou escrita.
Ela está presente num filme, num gesto, numa paisagem... É uma arte específica
das palavras, mas vai além-livro.
A leitura e a análise de poemas exigem do leitor um olhar atento, pois os
mesmos têm significados complexos e oscilantes. Não podemos perder de vista que
nas análises focalizamos os aspectos relevantes de cada poema: às vezes, a
correlação dos segmentos, às vezes, a função estrutural dos dados biográficos, às
vezes, o ritmo, a oposição dos significados, o vocabulário etc.
A respeito da importância das palavras na literatura, quer em prosa ou em
versos, Pablo Neruda afirma:
(NERUDA, Pablo, in Confesso que Vivi, p. 57) 1.5 O Poder da Poesia Pablo Neruda afirmou ter sido um privilégio na sua época, entre guerras,
revoluções e grandes movimentos sociais, desenvolver a fecundidade da poesia até
limites insuspeitados. O homem comum tem podido confrontá-la de maneira que fere
ou é ferida, na solidão, ou na massa montanhosa das reuniões públicas.
Ele disse que nunca pensou, quando escreveu seus primeiros livros solitários,
que com o passar dos anos se encontraria em praças, ruas, fábricas, salas de aula,
teatros e jardins, dizendo seus versos, percorrendo todos os rincões do Chile,
derramando sua poesia entre a gente de seu povo.
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Transcrevo aqui um relato seu que justifica sua afirmação a respeito do poder
que a poesia pode exercer, em acordo com a experiência vivida nos diversos
espaços em que esteve.
(NERUDA, Pablo. Confesso que Vivi p. 267-268)
O professor-leitor, também não pode ser o mesmo depois de ter lido a obra
desse magnífico poeta, assim como não poderá ser o mesmo após comungar com
seus alunos momentos como esse, de troca, de graça, de radiante beleza e
compreensão da poesia entranhada na vida.
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A literatura é uma competência que deve ser desenvolvida na escola. É
importante que o aluno tenha contato com a literatura e pratique a leitura de todos os
gêneros, principalmente no lírico com o objetivo de estimular e promover o gosto por
esse gênero literário.
A importância da poesia na vida dos seres humanos é fundamental, pois ela
foi a primeira manifestação artística quando o homem ainda estava nos primórdios
de toda a cultura que elaborou com o correr dos séculos.
Ela está presente na vida humana desde a mais tenra infância, nas cantigas
de ninar, nas cantigas de roda, advinhas, parlendas e trava línguas. Por isso faz-se
necessário que nós, educadores, trabalhemos com a poesia na sala de aula ou fora
dela.
Infelizmente, a prática da leitura de poesia nas escolas está muito esquecida,
ou, quando praticada, cai no velho relativismo cultural de apresentá-la somente nas
datas comemorativas, tais como: dia dos pais, mães, Natal etc. Trabalhada dessa, a
declamação de poesia se torna enfadonha, pouco proveitosa, sem criatividade e,
principalmente, longe do objetivo primeiro que é a aproximação do leitor com a
realidade social, o que diminui e empobrece a literatura.
Faz-se necessário, antes de iniciar atividades com a poesia, preparar um
ambiente adequado, para que o aluno se sensibilize e adquira interesse em ler e
interpretar poemas de autores nacionais e/ou estrangeiros.
Além da preparação do ambiente – a sala de aula com as carteiras afastadas,
por exemplo, formando uma arena para leituras expressivas – é preciso oferecer um
vasto repertório de autores, para que o aluno não só perceba a multiplicidade de
linguagens poéticas possíveis, mas, também, se dê conta das possibilidades de
linguagens sinestésicas e sonoras traduzidos pelos poemas.
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Nossa mãe, o que é aquele vestido, naquele prego?
Minhas filhas, é o vestido de uma dona que passou.
Passou quando, nossa mãe? Era nossa conhecida?
O poema “A valsa”, de Casimiro de Abreu, permite uma experiência de
trabalho que extrapola o simplesmente recitar, uma vez que a estrutura rítmica
elaborada pelo autor induz a movimentos que remetem aos passos elaborados da
valsa. Ao perceberem isso, os alunos realizam ligações com outros campos
artísticos e aventuram-se a coreografar os movimentos daquela dança na
apresentação declamatória.
A valsa Casimiro de Abreu Tu, ontem, Na dança Que cansa, Voavas Co’as faces Em rosas Formosas De vivo, Lascivo Carmim. Na valsa Tão falsa, Corrias Fugias, Ardente, Contente, Tranqüila Serena, Sem pena De mim. (...) Assim como é possível trabalhar a arte da dança com a declamação poética,
pode-se, também, encenar trechos poéticos que remetem a diálogos dramáticos. O
poema O caso do vestido, de Carlos Drummond de Andrade, é um exemplo desses.
O caso do vestido
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Minhas filhas, boca presa. Vosso pai evém chegando.
Nossa mãe, dizei depressa que vestido é esse vestido.
Minhas filhas, mas o corpo ficou frio e não o veste.
O vestido, nesse prego, está morto, sossegado.
Nossa mãe, esse vestido tanta renda, esse segredo!
Minhas filhas, escutai palavras de minha boca.
Era uma dona de longe, vosso pai enamorou-se.
E ficou tão transtornado, se perdeu tanto de nós,
se afastou de toda vida, se fechou, se devorou,
chorou no prato de carne, bebeu, brigou, me bateu,
me deixou com vosso berço, foi para a dona de longe,
mas a dona não ligou. Em vão o pai implorou.
Dava apólice, fazenda, dava carro, dava ouro,
beberia seu sobejo, lamberia seu sapato.
Mas a dona nem ligou. Então vosso pai, irado,
me pediu que lhe pedisse, a essa dona tão perversa,
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que tivesse paciência e fosse dormir com ele…
Nossa mãe, por que chorais? Nosso lenço vos cedemos.
Minhas filhas, vosso pai chega ao pátio. Disfarcemos.
Nossa mãe, não escutamos pisar de pé no degrau.
Minhas filhas, procurei aquela mulher do demo.
E lhe roguei que aplacasse de meu marido a vontade.
Eu não amo teu marido, me falou ela se rindo.
Mas posso ficar com ele se a senhora fizer gosto,
só pra lhe satisfazer, não por mim, não quero homem. (...) É possível muito mais, uma vez que a poesia trata dos mais diversos temas,
com as mais diversas expressões de sentimento.
Na obra de Antonio Candido “Na Sala De Aula - Caderno de Análise Literária”
– o autor sugere ao professor, maneiras possíveis de trabalhar com poemas. Para
tanto, serve-se de seis obras, das quais analisa, didaticamente, alguns poemas com
o propósito de auxiliar os professores em sua lida diária.
Os poemas analisados são:
• Caramuru, de Frei José de Santa Rita Durão. Poema épico que versa sobre o descobrimento da Bahia;
• Lira 77, das Obras Completas, de Tomás Antônio Gonzaga. Vol. I: Poesias. Cartas chilenas;
• Meu sonho, das Obras Completas, de Álvares de Azevedo; • Fantástica e O ídolo, de Poesias, de Alberto de Oliveira; • O rondó dos cavalinhos, de Estrela da Vida Inteira, de Manuel
Bandeira; • O pastor pianista e Idéias rosas, de Poesias, de Murilo Mendes.
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A arte de declamar está intrinsecamente relacionada a questões lingüísticas e
de gêneros textuais. Bakhtin oferece uma perspectiva do texto como uma unidade
de linguagem social e historicamente construída. Sob essa perspectiva, a
conceituação de gênero pressupõe interconexão entre fatores textuais – a
linguagem – e fatores contextuais – as relações sociais envolvidas. As práticas
discursivas – processo de produção, consumo e distribuição de textos – podem ser
percebidas sob dois aspectos: a sócio-construtivista – cuja ênfase se apóia na
construção do sujeito como resultado de forças e relações estabelecidas na
comunidade em que se insere – e a sociointeracionista que se estrutura sob o
ângulo das trocas simbólicas da comunicação em tempo real, num dado evento
discursivo. (BAKHTIN, M., 1986, p. 76-77)
Para Meurer, “Nesse sentido, o texto acadêmico é construído como reflexo da
interação projetada entre autor e leitor”. (MEURER, 2002, p. 79) Citando
Wittgenstein, o autor considera que
O ser humano, ao envolver-se em jogos de linguagem; engaja-se em uma forma de vida; uma atividade significativa em que compartilhamos atenção sobre um mesmo objeto/objetivo, que pressupõe uma forma, conteúdo e função específicos, recriáveis a partir da experiência humana em uma dada cultura. (idem, p. 79-80)
Assim, é perfeitamente possível o encaixe da atividade declamatória como
momento em que o autor, declamador/leitor e platéia/leitor inserem-se num mesmo
plano de compartilhamento e percepção do objeto/poesia.
O verbete declamar, no Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da
Academia das Ciências de Lisboa, (p. 1075), conceitua esse verbo como: “1. falar
com entoação e gestos apropriados ao conteúdo do que se diz, procurando produzir
determinado efeito no ouvinte. 2. falar de forma teatral, em tom enfático ou solene. 3.
falar com violência contra qualquer coisa ou qualquer pessoa”.
A conceituação, análoga àquela do Dicionário Houaiss de Língua Portuguesa,
(p. 920), em que se lê: “1. dizer (texto poético ou retórico) em voz alta, dramatizando
o conteúdo com gestos, expressões faciais e modulação de voz (...) – conduz ao
entendimento de que a atividade declamatória estabelece um vínculo entre autor,
declamador e platéia, no qual o objeto/poesia é liame que envolve os protagonistas
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da ação poética ao tempo em que é enriquecido com contornos plásticos advindos
da performance do declamador.
Infere-se que a atividade de declamação deverá estar carregada de símbolos
decorrentes da comunicação lingüística entre objeto/poesia e sujeito/declamador
para que a platéia – terceiro vértice do triângulo de comunicação – integre-se ao
compartilhamento do objeto/texto social e historicamente produzido, de maneira que,
estabelecida a estrutura comunicativa, os sujeitos dessa ação serão acrescidos de
novos valores na arquitetura que os compõem.
A prática de ensino da Língua Portuguesa, nas últimas décadas, contrapõe-se
àquela em que os jovens deveriam aprender todo o manual da gramática e
posiciona-se frontalmente a favor de incentivar nossos alunos a manifestar-se
oralmente e por escrito. Para tanto, busca resgatar o gosto pela leitura de obras
clássicas e modernas com o intuito de restaurar a tessitura de textos em prosa e em
versos, ou seja, a criação literária voltada para textos de opinião, memórias literárias,
crônicas, contos e poemas.
O texto poético, tanto a prosa poética quanto o poema estruturado em versos
e estrofes, proporciona oportunidade de brincar com as palavras, com os sons, com
o significado, com a forma. A linguagem poética poderá ser ótima cúmplice no
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processo de revalorização da expressão linguística, pois oferece liberdade de
criação, permitindo licenças poéticas que extrapolam regras e normas estabelecidas
por estruturas gramaticais; pode-se fugir de padrões e alçar voos coloquiais
estimulados desde o início do Modernismo em nossa literatura, como se pode ver
em Oswald de Andrade (CEREJA, William R., 1999, p. 102)
Foi o conde d'Eu que disse
Pra Dona Benvinda
Que farinha de Suruí
Pinga de Parati
Fumo de Baependi
É comê bebê pitá e caí.
Quando se interage com pessoas, no dia a dia, transmite-se opiniões, desejos
e emoções combinando e organizando palavras que resultem em texto com
significação. Na elaboração de um texto literário, além da significação, as palavras
são escolhidas de forma que evidencie a sonoridade, a melodia, a ambiguidade, o
conflito e essas sugerem imagens, formas, cores, odores, sons, permitindo múltiplas
sensações, leituras e interpretações. Oswald de Andrade nos oferece a percepção
da possibilidade plástica comprobatória da afirmação acima:
O capoeira
_ Qué apanhá sordado?
_ O quê?
_ Qué apanhá?
Pernas e cabeças na calçada.
O poema é um gênero textual que se constrói com ideias e sentimentos cuja
abrangência alcança campos temáticos diversos; para tanto utiliza recursos como:
métrica, ritmo, rima,aliteração, assonâncias e outros tantos que emprestam coloridos
e significados em acordo com a intenção temática. Encontra-se, já desde o
Modernismo, incidência bastante acentuada de prosa com características da poesia:
a prosa poética. Exemplo disso encontra-se na obra de Guimarães Rosa, como
atesta o depoimento de Graciliano Ramos
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(…) a vigilância na observação, que o leva a não desprezar minúcias na aparência insignificantes, uma honestidade quase mórbida ao reproduzir os fatos. Já em 1938, eu havia atentado nesse rigor, indicava a Prudente de Moraes numerosos versos para efeito onomatopaico intercalados na prosa. Vou reencontrá-los. Lá estão, à página 25, fixando a marcha dos bois nos caminhos sertanejos, dois períodos (o primeiro feito de adjetivos aplicáveis ao gado) composto de quatorze pentassílabos: 'Galhudos, gaiolos, estrelos, espacios, combucos, cubetos, lobunos, lompardos, caldeiros, cambraias, chamurros, churriados, corombos, cornetos, bocalvos, borralhos, chumbados, chitados, vareiros, silveiros... E os tocos da testa do mocho machado, e as armas antigas do boi cornalão...' Notem que temos aí dez aliterações. O rumor dos cascos no chão duro se prolonga – e à página 26 ainda é martelado em dezesseis versos de cinco sílabas: 'As ancas balançam, e as vagas de dorsos das vacas e touros, batendo com as caudas, mugindo no meio, na massa embolada, com atritos de couros, estralos de guampas, estrondos e baques, e o berro queixoso do gado junqueira, de chifres imensos, com muita tristeza, saudade dos campos, querência dos pastos de lá do sertão...' (ROSA, G., in TUFANO, D., 1998, p. 204)
Para concluir o tópico referente à criação poética, será transcrito o texto de
apresentação de um dos livros do Projeto Sedução Poética.
Escrever: redigir, compor, rabiscar, garatujar. Definições frias sobre o romper do envoltório da emoção – qualquer que seja – e o espalhá-la na folha em branco. É preciso doses enormes de coragem, o destemor ingênuo de criança e a sabedoria de que escrever/compor poemas é enfrentar o desconhecido de peito aberto, é esmiuçar a alma e apresentá-la, nua, sobre o papel em branco. Soma-se o exercício permanente de aprendizado da linguagem, tomar nas mãos as rédeas da forma, domar o verso em suas diversas possibilidades métricas e afinar os ouvidos para as sutilezas melódicas, porque, só assim será possível libertar a palavra e forjar o poema. Mário de Andrade, no ensaio 'A escrava que não é Isaura', registra a concepção de que a soma de “lirismo puro + crítica + palavra = poesia”, donde se depreende que a poesia é fruto do trabalho artesanal realizado com a palavra, a partir da intuição, da emoção despertada por um objeto, pessoa, fato, gesto, lembrança, cheiro, cor, o que seja... Ao se iniciar o projeto, há sete anos, não se imaginava sua durabilidade, sequer se pensava sobre isso. O sentimento, então, era abrir espaço para que a sedução da palavra ocorresse, para que os jovens ousassem a composição poética e desnudassem suas emoções, pensamentos e anseios românticos, políticos, sociais. Enfim, abrir espaço para o aprendizado e confecção da mágica linguagem poética, em qualquer de suas formas, prosa ou verso. Duro e penoso aprendizado que, se conduz a estudos formais, conduz, também, a mergulhos nas águas do auto-conhecimento e ao conhecimento do outro, do mundo, do universo humano – misterioso e inextinguível poço de descobertas. O espaço aberto – rico, fértil e pleno de possibilidades – gerou milhares de poemas e formas plásticas inusitadas que, acredito, têm colaborado para que seus autores percebam-se, de alguma forma, diferentes do que eram antes, porque acrescentaram, em sua vida, a ousadia de desnudar a emoção, parte da massa com que um ser estrutura a própria existência. Assim são forjados os poetas, contistas, romancistas... Neste livro, o sétimo da 'Sedução Poética', novos brotos, tentativas de lavoura. Darão frutos? Não sabemos. Como sabê-lo?
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Não somo profetas. Somos aqueles que oferecem a semente. Estendemos a mão e mostramos como amansar a terra, como acariciá-la, fertilizá-la com húmus, suavizá-la com água, prepará-la para receber a semente ofertada. Somos os que orientam, indicam possibilidades de caminho e propiciam condições para que os jovens criem asas, adquiram confiança em si mesmos e voem, definido suas próprias rotas. É essa nossa missão, e se, lá no final, pudermos olhar para trás e sussurrar a “Consoada” do Bandeira, poderemos fechar os olhos com tranquilidade e dormir.
Curitiba, novembro de 2005
Professora Joana Amélia Sant'Ana Profª. de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
(Coord. da Biblioteca Prof. Edson Luiz de Oliveira, no CEP)
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O Carteiro e o Poeta:Mário é um carteiro que, ao fazer amizade com o grande poeta Pablo Nerudo(conhecido como o poeta do amor), vira seu carteiro particular e acredita que ele pode conquistar o coração de uma donzela.
Direção: Michael Rodford. Itália, 1994. 109 min.
http://recantodasletras.uol.com.br/atigos/1250846
NA SALA DE AULA – Caderno de Análise Literária – Antonio Candido
Este caderno
contém seis
Análises de
Poemas, que
Procuram
Sugerir ao professor maneiras possíveis de trabalhar o texto.
• A - Considere o poema corno um todo implicações do contexto - O que aprendemos sobre a situação dentro do poema? É imaginário ou pessoal? Qual a natureza do discurso?
• B - Consideres os padrões perceptíveis (recorrências) nos diferentes níveis do poema - (forma e conteúdo) padrão desvio
Características:- estrofes (comprimento dos versos, número de linhas)- coesão estrutural (nível sintagmático = grau de complexidade
sintética, tipo de orações)- coesão não-gramatical (nível paradigmático) – repetições - funções gramaticais (substantivos, verbos, desvios
gramaticais)- léxico (escolha de palavras, paralelismos de sentido,
neologismos, ambiguidades, figuras de linguagem)- características fonológicas (padrão fonêmico, recursos
fonológicos, métrica, ritmo e rima)- características grafológicas (forma, diagramação, pontuação)- considerações interpretativasComo estes elementos são combinados no poema - ̂efeitos para que se atinja o SIGNIFICADO TOTAL DO POEMA
(denotação + conotação)
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DECLAMAÇÃO DE POEMASA poesia é uma das mais completas formas de expressão artística. Ela nos fala de sentimentos, de acontecimentos, de pessoas, de lugares, enfim nos fala de conhecimentos.A declamação é a verbalização ou interpretação da poesia, ou seja: o declamador dá voz ao autor da poesia.Ao pretender declamar, uma pessoa tem que tomar alguns cuidados, sem os quais corre o risco de cometer erros, que podem comprometer a qualidade artística de seu trabalho.
ESCOLHA DO POEMAO primeiro cuidado que o declamador deve ter é com relação à escolha do poema. Se o mesmo estiver na 1a pessoa do singular ou do plural, deve ser compatível com a situação do declamador: sexo e idade.
COMPREENSÃOO declamador deve compreender perfeitamente o que está dizendo, isto é conhecer o poema, saber o que significa cada termo do poema, bem como sua correta pronúncia. Também dever entender a pontuação, para poder fazer as pausas adequadamente. É comum ver-se um declamador recitando um poema verso a verso, quebrando o sentido da frase, ou da expressão.
MEMORIZAÇÃOMemorizar um poema, não é apenas decorar os seus termos. È recomendável que a memorização ocorra simultaneamente com a interpretação. Outro detalhe importante é a memorização gradual, ou seja, memoriza a 1a estrofe, depois a 2a, antecedida da 1a, depois da terceira, antecedida da 1a e das 2 a e assim sucessivamente. A tentativa de memorização simultânea de todas pode ocasionar o esquecimento de parte de parte e daí não saber como continua.
POSTURA CÉNICAPor postura cênica entende-se a gesticulação que deve acompanhar a recitação do poema. Os gestos não devem ser muitos, nem exagerados, devendo ser coerentes.
INTERPRETAÇÃOÉ na interpretação que o declamador tem a oportunidade de mostra a sua arte. A interpretação deve ser comedida, porém não pode ser pobre.
IMPOSTAÇÃO DE VOZImpostação de voz é do que a interpretação de um poema, sob o aspecto da voz. Deve ser observado com muito cuidado o texto, para não se dramatizar passagens neutras, ou não apresentar de maneira neutra passagem dramáticas.
IDENTIFICAÇÃO DO POEMANecessariamente tem de ser indicados o nome de seu autor e o titulo do poema , antes de iniciar a declamação. Porém não os dizer já declamando.
AGRADECIMENTOAlguns declamadores ao terminar sua interpretação acrescentam agradecimentos ou a expressão!"Tenho dito". Não cabe. Para indicar que terminou sua recitação o declamador deve usar um pequeno estratagema,
DECLAMAÇÃO DE POEMASA poesia é uma das mais completas formas de expressão artística. Ela nos fala de sentimentos, de acontecimentos, de pessoas, de lugares, enfim nos fala de conhecimentos.A declamação é a verbalização ou interpretação da poesia, ou seja: o declamador dávoz ao autor da poesia.Ao pretender declamar, uma pessoa tem que tomar alguns cuidados, sem os quais corre o risco de cometer erros, que podem comprometer a qualidade artística de seu trabalho.ESCOLHA DO POEMAO primeiro cuidado que o declamador deve ter é com relação à escolha do poema. Se o mesmo estiver na 1a pessoa do singular ou do plural, deve ser compatível com a situação do declamador: sexo e idade.COMPREENSÃOO declamador deve compreender perfeitamente o que está dizendo, isto é conhecer o poema, saber o que significa cada termo do poema, bem como sua correta pronúncia. Também dever entender a pontuação, para poder fazer as pausas adequadamente. Écomum ver-se um declamador recitando um poema verso a verso, quebrando o sentido da frase, ou da expressão.MEMORIZAÇÃOMemorizar um poema, não é apenas decorar os seus termos. È recomendável que a memorização ocorra simultaneamente com a interpretação. Outro detalhe importante é a memorização gradual, ou seja, memoriza a 1a estrofe, depois a 2a, antecedida da 1a, depois da terceira, antecedida da 1a e das 2 a e assim sucessivamente. A tentativa de memorização simultânea de todas pode ocasionar o esquecimento de parte de parte e daí não saber como continua.POSTURA CÉNICAPor postura cénica entende-se a gesticulação que deve acompanhar a recitação do poema. Os gestos não devem ser muitos, nem exagerados, devendo ser coerentes.INTERPRETAÇÃOÉ na interpretação que o declamador tem a oportunidade de mostra a sua arte. A interpretação deve ser comedida, porém não pode ser pobre.IMPOSTAÇÃO DE VOZImpostação de voz é do que a interpretação de um poema, sob o aspecto da voz. Deve ser observado com muito cuidado o texto, para não se dramatizar passagens neutras, ou não apresentar de maneira neutra passagem dramáticas.IDENTIFICAÇÃO DO POEMANecessariamente tem de ser indicados o nome de seu autor e o titulo do poema , antes de iniciar a declamação. Porém não os dizer já declamando.AGRADECIMENTOAlguns declamadores ao terminar sua interpretação acrescentam agradecimentos ou a expressão!"Tenho dito". Não cabe. Para indicar que terminou sua recitação o declamador deve usar um pequeno estratagema,http://recantodasletras.uol.com.br/artigos/1250846
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BACHELARD, Gastón. O Direito de Sonhar. 4ª ed. Rio de Janeiro: Editora Bertrand Brasil, 1994. BAKHTIN, Mikhail (Voloshinov). Marxismo e Filosofia da Linguagem. 4ª ed. São Paulo: Hucitec, 1998. --------------------------. Estética da Criação Verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1992. BORGES, Jorge Luiz. Esse Ofício do Verso. Organização: Calin Andrei Mihailescu; tradução José Marcos Macedo. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. CÂNDIDO, Antonio. Na Sala de Aula. 8ª ed. São Paulo: Ática. 2009. --------------------------. Literatura e Sociedade. 8ª ed. São Paulo: T. A. Queiroz / Publifolha, 2000 (Coleção Grandes nomes do pensamento brasileiro). CEREJA, William Roberto. Português: literatura, produção de texto e gramática. Volume 3, 3ª ed. São Paulo: Atual, 1999. GIROUX, Henry. A teoria e a Resistência em Educação. Petrópolis: Vozes, 1986. --------------------------. Rumo a uma pedagogia crítica da aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 1997. MORICONI, Italo. Como e por que Ler a Poesia brasileira do século XX. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002. NERUDA, Pablo. Confesso que vivi. São Paulo: Círculo do Livro S.A., s/d. POUND, Ezra. ABC da Literatura. Tradução de Augusto de Campos e José Paulo Paes. 11 ed. São Paulo: Cultrix, 2006 SANTOS, Milton. Por uma outra Globalização. Rio de Janeiro: Record, 2002. --------------------------. O País distorcido: o Brasil, a Globalização e a Cidadania. São Paulo: Publifolha, 2002. TUFANO, Douglas. Estudos de Língua e Literatura. Volume 3, 5ª ed. São Paulo: Moderna, 1998.