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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2008
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-040-7Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ
CAMPUS DE CORNÉLIO PROCÓPIO
NICÉIA APARECIDA DOMINGUES DE MORAES
CADERNO DE APOIO PEDAGÓGICO
CORNÉLIO PROCÓPIO, PARANÁ 2008
GOVERNO DO PARANÁ
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
COORDENAÇÃO DO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
NICÉIA APARECIDA DOMINGUES DE MORAES
CADERNO DE APOIO PEDAGÓGICO Proposta de Ação na escola em forma de Caderno de Apoio Pedagógico apresentado à Coordenação Estadual do Programa de Desenvolvimento Educacional da Secretaria do Estado da Educação do Paraná, como requisito parcial à obtenção de título de Professor/PDE. Orientadora: Professora Ms. Silvana Rodrigues Quintilhano Ferreira.
CORNÉLIO PROCÓPIO, PARANÁ 2008
CADERNO DE APOIO PEDAGÓGICO
1. IDENTIFICAÇÃO
1.1. PROFESSORA PDE: Nicéia Aparecida Domingues de Moraes
1.2. ÁREA PDE: Língua Portuguesa
1.3. NRE: Ibaiti
1.4. PROFESSORA ORIENTADORA: Silvana Rodrigues Quintilhano
Ferreira
1.5 IES: UENP
2. TEMA DE ESTUDO
Formação do leitor crítico - O Papel da Mulher na Sociedade
3. TÍTULO
A Leitura Literária como Construtora do Conhecimento
CADERNO DE APOIO PEDAGÓGICO
INTRODUÇÃO_____________________________________________04 UNIDADE I - Determinação do horizonte de expectativas____________06
Música: Ela é bamba________________________________________ 06
Filme: O sorriso de Monalisa__________________________________ 06
Conto: I Love my husband____________________________________ 09
Estratégias________________________________________________ 09
UNIDADE II - Atendimento do horizonte de expectativas____________ 10
Música: Mulheres de Atenas__________________________________ 10
Música: Sexo frágil__________________________________________12
Tela de Renoir: Mulheres amamentando_________________________13
Conto: Amor_______________________________________________14
Estratégias________________________________________________ 14
UNIDADE III - Ruptura do horizonte de expectativas________________15
Romance: Senhora__________________________________________15
Estratégias________________________________________________ 16
UNIDADE IV – Questionamento do horizonte de expectativas_________17
Estratégias_________________________________________________18
UNIDADE V – Ampliação do horizonte de expectativas______________ 19
Livro: A asa esquerda do anjo__________________________________19
Livro: Vozes do deserto_______________________________________19
Livro: As três Marias_________________________________________ 19
Avaliação__________________________________________________20
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS_____________________________21
INTRODUÇÃO
Esse Caderno Pedagógico aqui proposto tem como objetivo auxiliar o
professor PDE na implementação do seu projeto em sala de aula no terceiro
período do Programa de Desenvolvimento da Educação.
Visto que os alunos do Ensino Médio encontram dificuldades em ler e
interpretar textos literários, o trabalho visa à formação do leitor, proporcionar a
ampliação dos horizontes, transformar a visão de mundo através da Leitura
Literária. Embora todos os tipos textuais sejam importantes, a obra literária traz
uma intertextualidade através dos temas, das épocas diferentes, há o diálogo entre
obra/autor/receptor, isso demonstra o quanto ela é ativa e está sempre em
transformação.
O método a ser utilizado será o Recepcional, organizado por Bordini &
Aguiar (1988), pois este atende às perspectivas das Diretrizes Curriculares de
Língua Portuguesa e Literatura. Algumas etapas serão desenvolvidas para que o
horizonte de expectativa do aluno, em relação à Literatura, seja ampliado. Os
objetivos desse método, com relação ao estudante, são: de ler, compreender,
interpretar e interferir nos textos; ser aberto a novas leituras, de acordo com o seu
universo; analisar os textos lidos; mudar seu horizonte de expectativa e também
dos que o rodeiam. Desse modo, sugerem cinco etapas a serem desenvolvidas:
- Determinação do horizonte de expectativas;
- Atendimento do horizonte de expectativas;
- Ruptura do horizonte de expectativas;
- Questionamento do horizonte de expectativas;
- Ampliação do horizonte de expectativas.
Para que o método seja eficaz e que o aluno alcance uma postura mais
consciente quanto à Literatura, os textos selecionados devem referir-se ao
universo do aluno, e em seguida romper com ele. Deve-se desenvolver a reflexão,
transformando o aluno em um agente de aprendizagem, que dará continuidade ao
processo, enriquecendo-se intelectualmente.
Pretende-se fazer a implementação do projeto com alunos da terceira série
do Ensino Médio, matutino, no terceiro período do Programa de Desenvolvimento
Educacional (PDE), quando do retorno às salas de aula. O Caderno Pedagógico
será constituído de unidades, com abordagem centrada em um tema específico,
contendo textos de fundamentação com sugestões de atividades a serem
trabalhadas com os alunos. Neste Caderno constarão todos os encaminhamentos,
passo a passo, do trabalho a ser realizado a partir do Método Recepcional, Bordini
& Aguiar (1988).
Objetivamos desenvolver em nossos alunos o espírito crítico e a
compreensão dos textos literários para que se tornem sujeitos atuantes na
sociedade contemporânea.
O tema escolhido para a realização desse trabalho é: O papel da mulher
na sociedade contemporânea, pois nesse momento a mulher está tentando
conquistar seu espaço e buscando construir sua identidade. É importante fazer
com que o jovem discuta sobre esse papel da mulher, reflita e descubra através de
pesquisas e leituras o porquê de haver essa desigualdade entre homens e
mulheres, pensar se sempre foi assim ou houve alguma sociedade em que não
havia hierarquia, questionar que mesmo conquistando o seu espaço, exercendo
funções que até pouco tempo atrás só pertencia aos homens, mas continuam
sendo esposas, mães, educadoras dos filhos, tendo dupla jornada de trabalho.
Pretende-se levar os alunos a ampliação dos seus horizontes, alterando a sua
maneira de ver a mulher e conscientizando-se de que em pleno século XXI não
deve haver mais lugar para discriminação, e que homens e mulheres são iguais em
direitos e deveres.
UNIDADE I
DETERMINAÇÃO DO HORIZONTE DE EXPECTATIVAS
Neste primeiro capítulo, conforme ressaltam Bordini & Aguiar (1988), será
realizada uma investigação, através do diálogo e trabalhos em classe, para
detectar os horizontes de expectativas trazidos pelos alunos, estes estarão
recheados de valores, crenças, preconceitos, mostrarão, nesta fase, o grau de
interesse quanto à Literatura.
Para atrair os alunos e motivá-los para trabalharem o tema, o professor trará
para a sala de aula a música Ela é bamba, de Ana Carolina e também o filme O
sorriso de Monalisa, filme dirigido por Mike Newell, Columbia Pictures.
A partir da música e do filme pretende-se que os alunos analisem o enfoque
dado ao papel que a mulher representa na sociedade hoje.
Ela é Bamba
Ana Carolina Composição: Totonho Villeroy
Ela é bamba!
Ela é bamba!
Ela é bambá!
Ela é bamba!
Ela é bamba!
Ela é bambá!...
Ela é bamba!
mulher universal
quatro filhos pequenos
Prá criar
Passa o dia no trampo
Pau e pau
Ainda arranja um tempinho
Prá sambar...
Quando cai na avenida
Ela é demais
Todo mundo de olho
Ela nem aí
Fantasia bonita
Ela mesmo faz
Manda todas
Não erra a mira...
Mãe, passista, atleta
Manicure, diplomata
Dona da boutique
Enfermeira, acrobata...
(Bailábailá)
Bamba!
Ela é bamba!
Ela é bamba
Ela é bambá!
(Balábalá)
Bamba!
(Bailábailá)...
Ela é bamba
Essa índia da central
Vai no ombro
Um cestinho com neném
Oito quilos de roupa no varal
Ainda vende cocada nesse trem
Toda sexta
Ela fica mais feliz
Vai dançar numa boate do Jaú
Faz um jeito
E já pensa que é atriz
Cada dia inventa um nome...
Flor Rosalva Emilia
Terezinha e Marina
Ana, Rita, Joana
Iracema e Carolina...
Ela é bamba!
Ela é bamba!
Ela é bamba!
Ela é bamba!
Ela é bamba!
Ela é bamba!...(2x)
Dora, Isaura, Emília
Terezinha e Marina
Ana, Rita, Joana
Iracema e Carolina
Laura, Lígia, Luma
Lucineide, Luciana
Quer seu nome escrito
Numa letra bem bacana...
Ela é bala
A mestiça é todo gás
Cada braço é uma viga do país
Abre o olho com ela meu rapaz
Ela é quase tudo que se diz...
Quando compra uma briga
Ela é demais
Vai no groove
E não deixa desandar
Ela é pop, ela é rap
Ela é blues e jazz
E no samba é primeira linha...
"Vamo lá":
Laura, Ligia, Luma
Lucineide, Luciana)
Ela é bamba!
Ela é bamba!
Ela é bambá!
Ela é bamba!
Ela é bamba!
Ela é bambá!...(2x)
Disponível em: http://letras.terra.com.br/ana-carolina/44122/ Acesso em 21/10/08.
Após ouvir a música e assistir ao filme, serão feitos comentários
comparativos a partir dos assuntos evidenciados nos mesmos:
a) MÚSICA: mulher, trabalho, bamba, sustentação, verossimilhança,
valores.
b) FILME: sociedade dos anos 50, submissão, mentalidade liberal,
machismo, crenças, papel da mulher na educação.
- Propor aos alunos um GVGO (grupo de verbalização, grupo de
observação) para discutirem o nível de abordagem sobre o tema, na música Ela é
bamba e no filme O sorriso de Monalisa. Através dessa tarefa, será possível a
identificação da intencionalidade dos produtores em relação ao papel ocupado
pelas mulheres em contextos sociais diferenciados. A música mostra a mulher
trabalhando fora, mas também com a responsabilidade dentro de casa, sendo vista
de forma discriminada. O filme mostra a problemática do papel da mulher na
sociedade, sua submissão em relação com o homem, a relevância na sustentação
da sociedade, ao mesmo tempo em que não lhe é conferido poder algum. Nesse
sentido, os alunos perceberão que nos dois contextos a mulher ainda não assumiu
uma identidade, pois é marginalizada.
Após essa atividade, o professor deverá pedir aos alunos que selecionem
reportagens, notícias, atualidades que envolvam o tema MULHER e, em sala de
aula, organizem um painel com o material trazido pelos mesmos. Em seguida será
feita a leitura do conto I love my husband, de Nélida Piñon, para discutir a
problemática da submissão feminina, relacionando passado e presente.
Pretende-se que, a partir dessas atividades, os alunos estejam motivados
e/ou interessados a discutir sobre o tema MULHER.
UNIDADE II
ATENDIMENTO DO HORIZONTE DE EXPECTATIVAS
Após as atividades relativas ao perfil da mulher, e tendo despertado nos
alunos o interesse pelo assunto, a segunda etapa do método iniciará com textos de
músicas um pouco mais exigentes, pois segundo as autoras Bordini & Aguiar,
(1988), uma vez detectadas as aspirações, valores e familiaridades dos alunos
com respeito à Literatura, após essa sondagem, a segunda etapa consiste no
atendimento do horizonte de expectativas - etapa em que serão levados para a
classe textos literários que os alunos apreciem, e as estratégias deverão ser
trabalhadas na forma que eles conheçam e não tenham dificuldades. Para que isso
ocorra, foram escolhidas duas músicas: Mulheres de Atenas de Chico Buarque e
Sexo Frágil de Erasmo Carlos.
Mulheres de Atenas
Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Vivem pros seus maridos, orgulho e raça de Atenas
Quando amadas, se perfumam
Se banham com leite, se arrumam
Suas melenas
Quando fustigadas não choram,
Se ajoelham, pedem, imploram
Mais duras penas
Cadenas
Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Sofrem pros seus maridos, poder e força de Atenas
Quando eles embarcam, soldados
Elas tecem longos bordados
Mil quarentenas
E quando eles voltam, sedentos
Querem arrancar, violento
Carícias plenas, obscenas
Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Despem-se pros maridos, bravos guerreiros de Atenas
Quando eles se entopem de vinho
Costumam buscar o carinho
De outras falenas
Mas no fim da noite, aos pedaços
Quase sempre voltam pros braços
De suas pequenas
Helenas
Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Geram pros seus maridos os novos filhos de Atenas
Elas não têm gosto ou vontade,
Nem defeito, nem qualidade,
Têm medo apenas,
Não têm sonho, só têm presságios
Pro seu homem apenas,
Seu homem, mares, naufrágios,
Lindas sirenas, morenas
Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Temem por seus maridos, heróis e amantes de Atenas
As jovens viúvas marcadas e as gestantes abandonadas
Não fazem cenas, vestem-se de negro
Se encolhem, se conformam e se recolhem
Fazem-se suas novenas, serenas
Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Secam-se por seus maridos
Orgulho e raça de Atenas.
(Chico Buarque de Holanda e Augusto Boal, 1976). Letra extraída do livro: Redação para o 2º grau, Ernani & Nicola, Pensando, Lendo e Escrevendo, editora scipione. Página 35.
SEXO FRÁGIL
Dizem que a mulher é o sexo frágil,
Mas que mentira absurda.
Eu que faço parte da rotina de uma delas
Sei que a força está com elas.
Vejam como é forte a que eu conheço,
Sua sapiência não tem preço.
Satisfaz meu ego, se fingindo submissa
Mas no fundo me enfeitiça.
Quando eu chego em casa à noitinha
Quero uma mulher só minha
Mas quem deu luz não tem mais jeito
Porque um filho quer seu peito
O outro já reclama a sua mão
E o outro quer o amor que ela tiver
Quatro homens dependentes e carentes
Da força da mulher.
Mulher, mulher
Do barro em que você foi gerada
Me veio inspiração
Pra decantar você nesta canção
Mulher, mulher
Na escola em que você foi ensinada,
Jamais tirei um dez
Sou forte, mas não chego aos seus pés.
(Erasmo Carlos) Disponível em http://vagalume.uol.com.br/erasmo-
carlos/mulher-sexo-fragil.html Acesso em 22/10/08.
Após ouvirem e refletirem sobre as músicas, será apresentada a imagem
da tela Mulheres amamentando de Renoir:
upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/...
Em seguida será proposta aos alunos uma discussão em grande grupo
sobre os seguintes tópicos:
- O papel da mulher no passado;
- Que tipos de mulheres são focalizados nas músicas e na tela;
- Discutir sobre o trabalho doméstico ser considerado obrigação do sexo
feminino, e certas profissões serem exercidas somente pelas mulheres.
- Estabelecer comparações e diferenças entre as mulheres representadas
nas músicas e na tela.
Feita a discussão, os alunos poderão fazer a produção escrita de uma ficha
sobre a rotina de uma mulher da família (mãe, avó, irmã...), relatar o trabalho
realizado no espaço doméstico e fora dele. Os resultados serão apresentados em
painéis, com cartazes, recortes de jornais, revistas, fotos e outros recursos. Esse
trabalho será exposto oralmente através de uma assembléia em que serão
divididos em pequenos grupos, em que cada grupo discutirá um ponto com relação
ao tema mulher, se forem seis grupos, três abordarão a mulher no passado, e três,
a mulher no presente: situação da mulher no trabalho, na sociedade, em casa,
visão da igreja, preconceito.
Dessa atividade surgirão aspectos conflitantes sobre o tema, pois os alunos
se depararam com a figura feminina e o seu real papel na sociedade, percebendo
conseqüentemente que o preconceito ainda existe em muitos aspectos sociais. De
posse dos resultados obtidos, o professor desafiará os seus alunos a uma ruptura
em relação à leitura, proporcionando-lhes uma obra mais exigente e complexa
tanto no nível de linguagem e estilo quanto ao tipo de contexto histórico. No
entanto, em sala de aula, o professor organizará uma roda de leitura e fará com os
alunos a leitura do conto Amor, de Clarice Lispector – é aconselhável que se divida
em capítulos, devido a extensão do conto. Amor traz a história de uma mulher
chamada Ana, dona de casa, como qualquer outra, e que um dia sai para fazer
compras e cumprir com suas obrigações domésticas, e algo inusitado acontece,
fazendo com que ela não seja mais a mesma a partir desse fato.
UNIDADE III
RUPTURA DO HORIZONTE DE EXPECTATIVAS
Neste capítulo, de acordo com a metodologia das autoras Bordini & Aguiar,
(1988), os textos a serem trabalhados, bem como as atividades a serem propostas,
deverão abalar as certezas dos alunos, apresentando maiores exigências, porém
devem assemelhar-se no tema, tratamento, estrutura ou linguagem; tendo em vista
que nessa proposta de trabalho optamos pela semelhança temática. O aluno
deverá perceber que está adentrando um campo ainda desconhecido, pois o
mesmo tema passa a ser abordado de maneira mais complexa. Foi escolhida a
obra Senhora, de José de Alencar. Este romance apresenta a história de Aurélia
Camargo, mulher pobre que se apaixona por Seixas, este a deixa por outra mulher
com melhores condições financeiras. Aurélia, depois de algum tempo, já órfã de
mãe e pai, recebe uma grande herança do avô, passando a ser mulher de
destaque na sociedade carioca. Ela manda oferecer um dote a Fernando, e casa-
se com ele, mas deixa claro que o comprou. Durante meses, vivem uma relação
cheia de ironias e ofensas. Ele trabalha e consegue devolver o dinheiro do dote em
troca da separação, ela é vencida pelo amor e ficam juntos
No livro escolhido, os alunos deverão focar na personagem Aurélia, sua
personalidade, suas atitudes, farão a análise comportamental das mulheres do
século XIX.
O professor poderá introduzir a estética literária a qual pertence o livro,
Romantismo, analisando o contexto histórico, social e político. Os alunos
verificarão, através desse estudo, como as mulheres eram vistas nesse contexto
social.
Um prazo será dado para que todos os alunos possam ler o livro. Terminado
o prazo para a leitura e compreensão da obra de José de Alencar, o professor
pedirá para que os alunos produzam uma caricatura de Ana, protagonista do conto
Amor e uma de Aurélia, protagonista do romance Senhora.
Após a apresentação das caricaturas, os alunos serão divididos em grupos
e convidados a mostrar a trajetória feminina, expondo a discriminação sofrida pelas
mulheres na sociedade, as conquistas feitas por elas. Um grupo montará uma peça
com a história de Ana, outro, com a personagem Aurélia, e outro com a mulher
(não tem nome) do conto I Love my husband.
Cada grupo representará essas personagens, com todas as características
presentes nas obras, trajados de acordo com a época, mostrará as semelhanças e
diferenças entre as realidades vividas pelas mulheres das obras literárias:
a) A relação de desigualdade social entre homens e mulheres.
b) A postura de Aurélia quanto ao casamento.
c) Os estereótipos masculinos que aparecem.
d) As atitudes das personagens em relação aos homens de suas vidas.
e) A epifania que se revela na personagem Ana e os conflitos psicológicos
que ela carrega.
f) A superficialidade da personagem do conto de Nélida Piñon, a essência
versus aparência.
g) A visão de mundo do narrador de cada obra.
h) O contexto sócio-político-econômico dos séculos XIX ao XXI.
i) Pesquisar sobre as lutas feministas que promoveram a emancipação
feminina.
Ao final dessa etapa, os alunos deverão ser capazes de retomar as
diferenças e semelhanças fundamentais das personagens, trazê-las para a vida
real e compará-las com mulheres atuais, observando quais problemas elas
enfrentam hoje.
UNIDADE IV
QUESTIONAMENTO DO HORIZONTE DE EXPECTATIVAS
A próxima etapa a ser desenvolvida com os alunos é, conforme citam
Bordini & Aguiar (1988), de questionamento do material literário trabalhado. Quais
textos exigiram um nível mais alto de reflexão, farão análise e comparações das
leituras realizadas, através disso detectarão as dificuldades que ainda existirem, e
perceberão que o conhecimento e a experiência que tinham ajudaram na
compreensão dos textos vistos.
O professor pedirá que os alunos montem uma pesquisa – com questionário
semi-estruturado - nos bairros da cidade para detectar qual o grau de preconceito
existente em relação à mulher, buscará dados estatísticos junto à polícia militar
sobre ocorrências de violência sofrida por mulheres, o machismo, presente nos
jornais locais e toda forma de exclusão no mercado de trabalho, inclusive com
depoimento de mulheres.
Os alunos se organizarão em equipes e sairão a campo.
Feita a pesquisa, os resultados serão analisados pelas equipes e
comparados com os estudos realizados no decorrer do trabalho e demonstrados
através de relatórios e exposição desses à comunidade escolar. Em seguida, os
dados serão confrontados, os alunos se reunirão em um grande grupo e será
proposto a eles montarem uma amostra sobre o papel da mulher na sociedade do
século XIX, XX e contemporânea.
Os trabalhos serão distribuídos de acordo com as habilidades de cada
aluno.
- Os alunos com facilidade em desenhos ficarão com a parte artística:
desenhos, caricaturas, histórias em quadrinhos sobre a condição das mulheres do
passado e de hoje.
- Os que tiverem aptidão para redigir, elaborarão uma Declaração dos
Direitos Femininos, contendo as idéias fundamentais para que não exista mais
discriminação com o sexo feminino. Outros farão paródias, poemas enfocando o
tema estudado para serem declamados
- Os alunos que tiverem facilidade em expor opiniões, defenderão a posição
da mulher hoje, e os textos escritos serão apresentados pelos alunos com
desenvoltura em retórica na amostra.
- Capacidade de análise, levantarão as características básicas para a
mulher ideal.
- Criatividade e dinamismo, farão sugestões de como a mulher poderá
conquistar plenamente a sua identidade.
- Senso de justiça, discutirão em que os homens precisam mudar para haver
igualdade e respeito às diferenças, e o que as mulheres podem fazer para garantir
essa igualdade de direitos e esse respeito às diferenças.
- Habilidade em comunicação e integração, os alunos apresentarão para a
escola, em local a ser definido, através de uma amostra literária, o resultado obtido
com esse estudo.
Após esse trabalho, serão discutidos os pontos encontrados nas pesquisas,
e o que a sociedade pode fazer para contribuir com a diminuição do preconceito e
da discriminação ainda, mesmo que veladamente, sofrida pelas mulheres. Será
organizado um folder ilustrativo e distribuído para toda comunidade escolar.
UNIDADE V AMPLIAÇÃO DO HORIZONTE DE EXPECTATIVAS
Nesta última etapa, conforme afirmam Bordini & Aguiar (1988), os alunos
perceberão que os textos literários não são apenas tarefas da vida escolar, mas
estarão conscientes das aquisições feitas e das alterações vividas por meio da
experiência com a Literatura, assim sendo, eles buscarão outras leituras, isso
ampliará ainda mais os seus horizontes. A partir dessa etapa, o processo se
reinicia com uma nova aplicação do método.
O professor poderá sugerir ainda a leitura de outras obras sobre o tema: 1- LUFT, Lia. A asa esquerda do anjo. Gisela conta a história de sua família,
seus segredos, é criada em uma rígida família alemã, comandada por sua avó.
Dividida entre a obrigação de seguir as duras normas da educação e a vontade de
ser como as outras crianças, a menina cresce censurada pelo olhar crítico da avó e
sofre por ser a imagem da exclusão e pelo autoritarismo da matriarca da família e
depois de adulta refaz sua trajetória em busca de sua identidade.
2- PIÑON, Nélida. Vozes do deserto. Este romance revela a mulher que está
por trás da visão mítica da famosa contadora de história da literatura oriental,
Scherezade. Ela se comunica com o Califa com a sua habilidade de contar
histórias. Almeja envolvê-lo em uma teia de palavras, para que não mate mais
nenhuma mulher.
3- QUEIROZ, Rachel. As três Marias. O romance é em primeira pessoa, Guta, a
protagonista do enredo, é quem conta a história. Ela vai para um internato aos
doze anos, faz amizade com mais duas meninas, Maria José e Maria da Glória, e
ficam conhecidas como As três Marias. Juntas, ajudavam as outras colegas em
seus problemas. Quando adultas, cada uma segue seu caminho, mas a amizade
prevalece. Glória logo se casa; Maria José torna-se professora; e Guta volta para o
interior, mas não se acostuma. Retornando à Fortaleza, mora com Maria José,
conhece Raul, depois Aluísio, e, nas férias no Rio, conhece Isac. No final das
férias, volta para a casa de seus pais e pensa estar grávida.
AVALIAÇÃO A aplicação desse método obterá sucesso e eficácia desde que nossos
estudantes sintam-se motivados a ir além, ultrapassem o seu horizonte de
expectativas ao encontro de novas leituras, as quais contribuirão para que a visão
de mundo do aluno possa ser ampliada. Também deverão estar aptos para
analisar os textos literários lendo nas entrelinhas, comparando-os com o mundo
real e questionando as situações vividas pelos personagens com senso crítico.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGUIAR, V.T. de; B., M. da G. Literatura: a formação do leitor – alternativas metodológicas. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1988. ALENCAR, J. de; Senhora. Série Bom Livro. São Paulo: Ática, 27ª ,1997. BOSI, A. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 41ª , 1997. CAMPAGNOLI, A. de F. P. F.; COSTA, A. C.; FIGUEIREDO, A. M.de S.; KOVALESKI,
N. V. J. A mulher, seu espaço e sua missão na sociedade. Análise crítica das diferenças entre sexos. Disponível em
http://www.uepg.br/emancipacao/pdfs/Emancipa%E7%E3o%203.pdf#page=127 . Acesso em 13/11/2008.
FERNANDES, M. M. O papel da mulher na sociedade brasileira. Disponível em: www.monteirolobato.com.br/material/palestra_miriam.doc. Acesso em 16/11/2008. IGNÁCIO, R. A mulher na sociedade: entre sempre e jamais. Revista Mundo Jovem, p.11, mar 2008. LAJOLO, M. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. Educação em ação. 5ª São Paulo: Ática, 2002. LUFT, L. A asa esquerda do anjo, 11ª, São Paulo: Record, 2003. MACEDO, J. R.; OLIVEIRA, M. W. Brasil – Uma história em construção. p. 124 a 128, 272 a 280, cap. 14, Guarulhos: Ed. do Brasil S/A. 1996. MARTINS, A. A.; BRANDÃO, H. M. B.; MACHADO M.Z.V. Escolarização da leitura literária. Belo Horizonte: Autêntica, 1999. MARTINS, M. H. O que é leitura. São Paulo: Brasiliense, 2006. MATTOS, M. L.B. Caminhos de emancipação da mulher. Revista mundo Jovem, p. 8, mar 2006. MELO, C. Leitura literária na escola e valores. Inovar a tradição. in Puertas a la lectura, n° 3, novembro de 2000, Cáceres, Universidade de Extremadura. MORICONI, I. Os cem melhores contos brasileiros do século. p. 212- 451, Rio de Janeiro:Objetiva, 2001. MÚSICA, Sexo frágil, (Erasmo Carlos). Disponível em http://vagalume.uol.com.br/erasmo-carlos/mulher-sexo-fragil.html. Acesso em 22/10/08.
MÚSICA, Ela é bamba. (Ana Carolina). Disponível em: http://letras.terra.com.br/ana-carolina/44122/ Acesso em 21/10/08. OLIVEIRA, R. S. de. Mulher e homem, as diferenças que impedem a igualdade. Revista Mundo Jovem, p. 3, mai. 2006. O SORRISO de Monalisa. EUA: Colúmbia Pictures. Direção de Mike Newell, 125min. 2003. PARANÁ, Secretaria do Estado da Educação. Superintendência da Educação. Livro Didático Público de História do Estado. p. 88 a 92, 272 a 280. Vários autores. Curitiba. 2006. PARANÁ. Secretaria do Estado da Educação. Superintendência da Educação. Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa. Curitiba, 2008. Disponível em: <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/diaadia/diadia/arquivos/File/livro_e_diretrizes/diretrizes/diretrizeslinguaportuguesa72008.pdf>. Acesso em: 15 ago. 2008. PIÑON, N. Vozes do deserto. São Paulo: Record, 2004. QUEIROZ, R. As três Marias. São Paulo: José Olímpio, 1956. RENOIR, Mulheres amamentando, Disponível em : uplo ad.wikimedia.org/Wikipédia/commons/thumb/... Acesso em: 24/11/2008. REVISTA ÉPOCA. Mulheres. São Paulo: n° 95, Globo, mar. 2000. Edição especial. REVISTA VEJA. Mulher. São Paulo: n° 2062, Abril, mai. 2008. Edição especial. TAMARINI, M. Cosmologia e o mundo das deusas. As raízes da desigualdade. In apostila I Grupo de Estudos de Sexualidade, Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação. Departamento da Diversidade. Coordenação de Desafios Educacionais Contemporâneos. Curitiba, 2008. TERRA, E. NICOLA, J. Redação para o 2° grau. São Paulo: Scipione, p.35, 1996. ZILBERMAN, R. Estética da Recepção e História da Literatura. Série Fundamentos 41. São Paulo: Ática, 1989.