da escola pÚblica paranaense 2007 - … · quilômetros da fronteira com o iraque. países como...

18
O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE Produção Didático-Pedagógica 2007 Versão Online ISBN 978-85-8015-038-4 Cadernos PDE VOLUME II

Upload: lythu

Post on 11-Nov-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2007 - … · quilômetros da fronteira com o Iraque. países como Canadá ... e educação além de programas sociais do ... impérios que submetiam

O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

Produção Didático-Pedagógica 2007

Versão Online ISBN 978-85-8015-038-4Cadernos PDE

VOLU

ME I

I

Page 2: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2007 - … · quilômetros da fronteira com o Iraque. países como Canadá ... e educação além de programas sociais do ... impérios que submetiam

PROJETO FOLHAS – ENSINO MÉDIO

AUTOR: Anselmo PilatiNRE: GuarapuavaESCOLA: Colégio Estadual Edite Cordeiro Marques – Ensino Fundamental

e MédioDISCIPLINA: História ENSINO MÉDIODisciplina de relação interdisciplinar 1: GeografiaDisciplina de relação interdisciplinar 2: SociologiaTÍTULO: O Conflito Palestino-IsraelenseConteúdos Estruturantes: Relações de Poder e Relações CulturaisConteúdo Específico: Imperialismo, Resistência, Luta pela Terra Série a que se destina: Séries Finais do Ensino Médio

O Conflito Palestino-Israelense no Oriente Médio

Leia a notícia dada pelo jornal Folha de São Paulo de

21/09/2007:

Grupo de refugiados palestinos chega ao Brasil

LORENNA RODRIGUES da Folha Online, em Brasília

21/09/2007 17h41

Um grupo de 35 refugiados palestinos chegou nesta sexta-feira ao Brasil. Eles serão abrigados em cidades do interior de São Paulo e do Rio Grande do Sul.

O termo refugiado palestino designa as pessoas que fugiram ou deixaram a Palestina em razão da guerra árabe-isralense de 1948 e se estende a seus descendentes. Na época, palestinos se estabeleceram em países como Líbano, Síria, Iraque e outros.

Os refugiados que o Brasil acolhe atualmente estavam no Iraque e saíram do país devido ao conflito iniciado em 2003. Eles acabaram por se estabelecer no campo de refugiados de Ruweished, na Jordânia, a 70 quilômetros da fronteira com o Iraque.

países como Canadá e Nova

Os recém-chegados correspondem a quatro famílias que receberão documentação brasileira e poderão ter acesso aos serviços públicos de saúde e educação além de programas sociais do governo.

Além disso, as famílias receberão ajuda do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados de até um salário mínimo por pessoa por mês, moradia, cursos de português e auxílio para integração no mercado de trabalho.

"Estas pessoas estavam em uma situação muito precária, no meio do deserto em um campo infestado de escorpiões", disse o presidente do Comitê Nacional para Refugiados do Ministério da Justiça, Luiz Barreto.

Até o fim do ano, outros 65 refugiados do mesmo campo serão asilados no Brasil. De acordo com Barreto, as próprias famílias escolheram vir para o Brasil, já que outros

1

1

Page 3: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2007 - … · quilômetros da fronteira com o Iraque. países como Canadá ... e educação além de programas sociais do ... impérios que submetiam

Zelândia também ofereceram abrigo. Os refugiados podem trabalhar no Brasil.

"São engenheiros, professores universitários e comerciantes. A possibilidade de absorção pelo mercado de trabalho é ampla", disse o representante do Alto Comissariado no Brasil, Luis Varese.

De acordo com o Ministério da Justiça

existem cerca de 3.400 refugiados no

Brasil de 69 nacionalidades. A maioria

deles vem de Angola, na África.

QUE EXPLICAÇÃO PODE-SE DAR AO FATO NOTICIADO?

QUEM SÃO, POR QUE EXISTEM E QUAL A RELAÇÃO DESSES

REFUGIADOS COM O BRASIL?

A PALESTINA

A Palestina é um território que se localiza no Oriente Médio, entre a

margem oeste do Rio Jordão e o Mar Mediterrâneo, ao sul do Líbano e a

nordeste da península do Sinai. Seu nome vem de “Pelistin” (terra dos

filisteus), uma antiga província romana. Desde a Antiguidade essa região

foi sendo ocupada por vários povos, principalmente de pastores nômades.

Por volta do século XVIII a.C. , quando os hebreus foram chegando à

região, já aí viviam outros povos que também queriam dominá-la. Entre

eles, os cananeus e os filisteus (é conhecida a história bíblica da luta entre

Davi, que se tornou um rei hebreu, e Golias, um “gigante” filisteu).

Ao longo da Antiguidade, a região foi sendo ocupada

sucessivamente por vários impérios que submetiam os povos que aí

viviam: assírio, babilônico, persa, macedônico e romano. Depois de

freqüentes revoltas dos judeus contra o seu domínio, os romanos

impuseram a saída definitiva dos judeus (hebreus) da Palestina, a partir do

ano 70 d.C. Essa dispersão dos judeus pelo mundo ficou conhecida como

Diáspora.

Depois da Diáspora judaica e até o início do período medieval, a

Palestina ocupada pelos romanos foi habitada, principalmente, por

cristãos. No século VII, com a expansão do Império Árabe Islâmico, a

2

2

Page 4: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2007 - … · quilômetros da fronteira com o Iraque. países como Canadá ... e educação além de programas sociais do ... impérios que submetiam

região passou a ser ocupada pelos árabes. O controle da Palestina passou

por diversos grupos até que foi incorporada definitivamente pelo Império

Turco Otomano, no século XVI.

A expansão imperialista européia, a partir da segunda metade do

século XIX, fez com que as potências imperialistas passassem a interferir

na região. Em 1916, durante a Primeira Guerra Mundial, um acordo entre a

Grã-Bretanha, França, Rússia e Itália, que previam a queda do Impero

Otomano, estabeleceu a divisão dos seus territórios no Oriente Médio, em

esferas de influência destas potências. Isto foi feito mesmo depois que o

governo inglês tenha pedido ajuda aos chefes das tribos árabes para

expulsar os turco-otomanos da região, em troca da promessa de apoiar a

formação de um grande reino árabe (filme Lawrence da Arábia, de David

Lean, 1962). A intenção inicial de se estabelecer na Palestina um regime

internacional, por ser um local sagrado para três grandes religiões

monoteístas, foi substituída pelo efetivo domínio Britânico a partir de

1918. Entre 1922 e 1948, esse domínio se deu através do Mandato

Britânico na Palestina.

O MOVIMENTO SIONISTA

Os atuais conflitos entre árabes e israelenses na Palestina, tem sua

origem no processo que resultou na formação do atual Estado de Israel. A

criação do Estado de Israel, por sua vez, decorre do movimento sionista

(de Sion, colina onde se encontra Jerusalém), organizado no final do século

XIX, na Europa. Seu principal objetivo era a criação de “um lar judeu na

Palestina”.

TEXTO 1

De acordo com alguns analistas de origem judaica (...), o sionismo dividiu-se em duas

correntes. O sionismo burguês, associado a Theodor Herzl, aproximou-se do

governo inglês, garantindo que iria criar um ‘bolsão de cultura européia’ no Oriente

Médio, uma ‘barreira contra a barbárie oriental’. O caráter colonialista e etnocêntrico

contra os povos árabes parecia claro. Entretanto, havia também o sionismo

3

3

Page 5: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2007 - … · quilômetros da fronteira com o Iraque. países como Canadá ... e educação além de programas sociais do ... impérios que submetiam

socialista, que queria “levar a revolução socialista para a Palestina e de lá para todo o

Oriente Médio”.

(SCHIMIDT, 2005, p. 616)

O sionismo, como um movimento nacionalista judaico, pode ser

compreendido e interpretado de diversas maneiras. Segundo Aura Gomes,

alguns autores defendem que a motivação do movimento se deve ao

medo que alguns judeus tinham de serem assimilados pelas sociedades no

meio das quais viviam perdendo sua identidade como povo. Isso era

reforçado pela consideração de alguns grupos de judeus ortodoxos de que

o movimento sionista seria o único meio de preservação da fé judaica

(GOMES, p.11).

No século XIX, a maioria dos judeus concentrava-se no Leste

Europeu e dedicava-se ao comércio. Com o desenvolvimento das

burguesias nacionais e da Revolução Industrial, os judeus foram sendo

confinados em guetos, ocorrendo a emigração para a Europa Ocidental.

Nesse contexto, encontram-se outros motivos para o sionismo:

TEXTO 2

No entanto, outros estudiosos (Pinsk, Weinstock, Rodinson) consideram que o principal fator para o surgimento desse movimento foi a perseguição anti-semita aos judeus da Europa Oriental, principalmente, da Rússia, região onde se encontrava a maior parte desse povo. Os ‘pogroms’, que promoveram muitos massacres em vilas de população judaica, eram conduzidos não só pela população russa, que culpava os judeus por sua miséria, mas principalmente pelos governos locais e pelo poder central, que difundia uma política anti-judaica para desviar a atenção de sua ineficiência em solucionar os graves problemas sociais. Além da Rússia, a Polônia e outros países também foram palco desses massacres. A intensificação da perseguição aos judeus, que em princípio dirigia-se às massas miseráveis vindas dos campos para os centros urbanos, disputando o mercado de trabalho operário com a população não-judaica, passou a atingir os judeus emancipados – profissionais liberais, classe média e alta – que, buscando a integração às sociedades locais, viam-se identificados, de fora para dentro, como judeus e, dessa forma, também eram discriminados.(GOMES, 2001, p. 11)

A partir dos textos 1 e 2, em 4 grupos, elaborar em um painel um

quadro comparativo entre os interesses do sionismo burguês do

sionismo socialista e relacionar as principais motivações do movimento

sionista.

4

4

Page 6: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2007 - … · quilômetros da fronteira com o Iraque. países como Canadá ... e educação além de programas sociais do ... impérios que submetiam

A definição de que a Palestina deveria ser o local da criação de um

Estado judeu, ocorreu no Primeiro Congresso Sionista, em 1897, na

Basiléia (Suíça), organizado por Theodor Hertzl, que se tornou o Primeiro

Presidente da Organização Sionista Mundial. A partir daí se organizou a

criação do Fundo Nacional Judaico, com a finalidade de obter recursos

para a aquisição de terras na Palestina e sua colonização com imigrantes

judeus. Apoiado pelos britânicos, ondas imigratórias tornaram o

assentamento judaico na Palestina cada vez mais forte. Em 1909 foi

implantado o primeiro kibbutz, assentamento coletivo inspirado pelo

socialismo. Em 1914, já havia 14 kibbutzin, uma cidade judaica (Tel-Aviv).

A Palestina tinha, nessa época, 500.000 árabes e entre 60.000 e 85.000

judeus (GATTAZ).

A chegada desses imigrantes à região, em princípio, se deu de

forma pacífica. Com o tempo começaram a surgir problemas no

relacionamento entre árabes e judeus na Palestina, até por conta de

costumes, como o exemplo seguinte:

Estes novos imigrantes, que se estabeleceram em assentamentos no campo, eram europeus ignorantes e insensíveis aos costumes árabes na Palestina. Por exemplo, após estabelecer suas colônias, bloqueavam os direitos costumeiros de pastagem às vilas adjacentes, tomavam os carneiros que ultrapassavam as fronteiras e multavam os árabes que eram seus donos. Tais condutas levaram a violentos conflitos entre árabes e judeus. Os árabes sentiam-se alienados das terras que cultivaram por séculos. (Muslih, in GATTAZ)

Além disso, a desconfiança dos árabes aumentou quando o

ministro do governo inglês, em 1917, assinou a famosa Declaração Balfour

apoiando a criação de um Estado judeu na Palestina, aumentando a

hostilidade dos árabes-palestinos contra as colônias e cidades judaicas.

A CRIAÇÃO DO ATUAL ESTADO DE ISRAEL

5

5

Page 7: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2007 - … · quilômetros da fronteira com o Iraque. países como Canadá ... e educação além de programas sociais do ... impérios que submetiam

Por volta do início da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), mais de

200 mil judeus já tinham se transferido para a Palestina. Ao seu término, a

comoção e o grande número de refugiados judeus na Europa causados

pelo Holocausto, fortaleceu o sionismo e a imigração para a região.

Nessa época os judeus já possuíam organizações armadas de origem

sionista: o Hagana e o Irgun. Enquanto a primeira apoiava a imigração

ilegal, a segunda passou a promover ações terroristas contra árabes e

ingleses na região (filme Exodus, de Otto Preminger, 1960).

Apoiada pelo governo norte-americano, a ONU aprovou, em 1947, a

Partilha da Palestina entre árabes e judeus. O mandato Britânico sobre a

região terminaria em 15 de maio de 1948 e, no dia 14, o líder sionista

David Bem Gurion declarou a criação do Estado de Israel. Os árabes,

acreditando terem sido injustiçados com a proposta de partilha das terras

e vendo a criação de Israel como parte do imperialismo ocidental, não

aceitaram a proposta. Iniciou-se um conflito armado entre árabes (Egito,

Iraque, Líbano, Síria e Transjordânia) e israelenses que só vai terminar em

1949, com a vitória de Israel. Esse conflito foi chamado pelos israelenses

(que haviam se preparado anteriormente com exército e armas) de Guerra

da Independência. Os árabes (mais fracos militarmente e desorganizados)

o chamaram de “Nakba” (“catástrofe”, “desastre”) que deixou milhares de

refugiados palestinos em vários países árabes da região.

Observar os mapas da Palestina e relatar por escrito, que mudanças

ocorreram com os territórios Árabe e Judaico propostos pela ONU na

região?

6

6

Page 8: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2007 - … · quilômetros da fronteira com o Iraque. países como Canadá ... e educação além de programas sociais do ... impérios que submetiam

Fontes: Georges Duby- Grand atlas historique. Paris: Larousse, 1999; Quid 2005. Paris, Robert Laffont, 2004. (in AZEVEDO, 2005, p. 507)

Ao final da guerra, Israel passou a dominar um território duas vezes

maior do que o previsto pela ONU, com exceção da Cisjordânia e da Faixa

de Gaza. O Estado palestino previsto não se realizou e seu território foi

dividido entre Israel, Transjordânia (que formou a Jordânia) e Egito. A

partir daí, a relação entre árabes e israelenses passou a ter um padrão de

conflito permanente, embora várias tentativas de acordo de paz tenham

sido feitas.

Os árabes atribuíram a Israel a exclusiva responsabilidade pela

situação dos cerca de 700 mil refugiados palestinos e, por isso, deveria

arcar com o ônus de sua solução (indenização, direito ao retorno). O

governo israelense, por sua vez, afirmava que os árabes criaram o

problema dos refugiados ao recusar a Resolução da ONU para a partilha

da Palestina. Cerca de 160 mil árabes que permaneceram em Israel

tiveram garantidos os direitos de cidadania, embora muitos se

considerassem discriminados. O terrorismo passou a ser sistematicamente

7

7

Page 9: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2007 - … · quilômetros da fronteira com o Iraque. países como Canadá ... e educação além de programas sociais do ... impérios que submetiam

utilizado por radicais palestinos, que formaram grupos guerrilheiros, como

o Al Fatah (“reconquista”), que teve como líder Yasser Arafat, provocando

retaliações de Israel, atingindo indistintamente civis palestinos e judeus.

Durante o período da Guerra Fria, o governo de Israel era aliado dos

Estados Unidos, enquanto as lideranças palestinas aproximaram-se da

União Soviética.

OUTROS CONFRONTOS

Além dos palestinos, outros povos árabes também conflitavam com

Israel, cuja tensão constante, várias vezes, se transformou em guerra. Em

1956 ocorreu a chamada Guerra de Suez, quando o governo Egito,

chefiado por Gamal Abdel Nasser, nacionaliza o Canal de Suez, impedindo

a navegação israelense na área. Eclodiu nova guerra na qual Israel teve

apoio da Grã-Bretanha e da França. Israel vence, mas, pressionados por

EUA e URSS, os três países saíram do Egito, depois que a livre navegação

no canal foi garantida.

O movimento nacionalista palestino se mostrava esparso, fraco,

desorganizado e somente aparecia em contraposição ao sionismo.

Somente se organizou e tomou corpo com a criação da Organização

para a Libertação da Palestina (OLP), em 1964 em sua luta para

construir um Estado Nacional.

Uma das guerras que mais se destacou foi a Guerra dos Seis Dias,

em 1967. Desde 1956, tropas de paz da ONU procuravam manter a paz na

região, até que foram retiradas, à pedido do Egito, em 1967. A tensão

crescia entre Israel e Egito, Jordânia e Síria, depois que forças de Israel

mataram soldados jordanianos na localidade de Samu, em 1966. Os três

países árabes passaram a ameaçar militarmente Israel que, numa ação de

surpresa e fulminante, aniquilou as forças egípcias, sírias e jordanianas.

Com isto Israel anexou a península do Sinai e a faixa de Gaza (Egito), a

Cisjordânia (Jordânia) e as colinas de Golã (Síria).

8

8

Page 10: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2007 - … · quilômetros da fronteira com o Iraque. países como Canadá ... e educação além de programas sociais do ... impérios que submetiam

Entre 1969 a 2004, a OLP foi comandada por Yasser Arafat. Depois

da Guerra dos Seis Dias, muitos palestinos que viviam nos territórios

ocupados ligaram-se à OLP, que procurou chamar a atenção internacional

para a questão dos refugiados, intensificando e radicalizando ataques

terroristas contra Israel. A radicalização dos atos terroristas praticados

pela OLP (filme Hanna K, de Costa Gravas, 1983) fez com que alguns

governos árabes questionassem a sua atuação e, até mesmo, entrassem

em conflito militar com a organização, como foi o caso da Jordânia, em

1970. A partir daí, a OLP exilou-se no sul do Líbano de onde passou a

atacar Israel.

Fonte: Georges Duby- Grand atlas historique. Paris: Larousse, 1999 (in AZEVEDO, 2005, p. 508).

TEXTO 3

GUERRA CIVIL NO LÍBANO

A presença da OLP no Líbano abalou o frágil equilíbrio de forças vigente no país. Enquanto grupos de esquerda, nacionalistas e muçulmanos apoiavam a organização, grupos conservadores cristãos se opunham à sua presença em território libanês. Em 1975 teve início uma violenta guerra civil entre as milícias cristãs e os grupos árabes, que se estendeu até 1991.Em 1976, durante a guerra civil, o país foi invadido por forças da Síria, cujo governo temia dos grupos que lhes eram hostis. Em 1982 foi a vez do exército de Israel invadir o Líbano, chegando a ocupar Beirute, com o objetivo de eliminar a resistência palestina. Arafat exilou-se na Tunísia e só retornou à Palestina em 194.Durante a guerra civil libanesa, o grupo muçulmano Hezbollah passou a promover ataques contra o exército de Israel para forçar sua retirada do Líbano, o que veio a ocorrer em 2000. No ano seguinte, teve início a retirada das tropas sírias, processo que só se completou no primeiro semestre de 2005.

(AZEVEDO, 2005, p. 508)

9

9

Page 11: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2007 - … · quilômetros da fronteira com o Iraque. países como Canadá ... e educação além de programas sociais do ... impérios que submetiam

Entre dezembro de 1968 e julho de 1970, ocorreu entre Egito e

Israel a chamada “guerra de atrito” que se caracterizava por ataques

esporádicos do Egito em pontos ocupados por Israel na região do Sinai que

respondia com ataques em território egípcio.

Em 1973 se desenvolve um novo conflito entre o Egito e a Síria

contra Israel. Foi chamado de Guerra do Yom Kippur (Dia do Perdão, para

os judeus). O Egito e a Síria atacaram Israel que só conseguiu se defender

com o apoio dos EUA. Depois de dezenove dias de combate, um acordo de

paz foi assinado e não ocorreram mudanças territoriais.

Entre 1978 e 1979 a assinatura dos Acordos de Camp David entre

Israel e Egito, intermediado pelos EUA, resultou na devolução da península

do Sinai ao Egito e na promessa da retirada, em cinco anos, das tropas

israelenses da Faixa de Gaza e da Cisjordânia, que não foi cumprida. O

assassinato do presidente do Egito, Anuar Sadat, em 1981, por árabes

extremistas que discordavam do acordo, praticamente paralisou novos

acordos de paz durante a década de 1980.

Em 1982 inicia-se a Guerra em que Israel invade o Líbano e ocorre o

massacre de Sabra e Shatila.

Em 1987 iniciou-se uma rebelião de palestinos que ficou conhecida

como Intifada (“levante”), que se caracterizou por um movimento que luta

contra a ocupação israelense da Faixa de Gaza e Cisjordânia. Seu início se

deu em dezembro quando palestinos participavam de um enterro de

moradores de do campo de refugiados de Jabaliya, na Faixa de Gaza,

mortos em um acidente com um caminhão israelense. Devido a boatos de

que o acidente poderia ter sido intencional, um sentimento de revolta

tomou conta da cerimônia fúnebre. A presença de um grande aparato

militar israelense em torno do cemitério indignou um jovem palestino que

atirou uma pedra em um soldado e foi morto. A ira fez com que milhares

de pessoas começassem a atirar pedras contra tropas israelenses (“guerra

10

10

Page 12: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2007 - … · quilômetros da fronteira com o Iraque. países como Canadá ... e educação além de programas sociais do ... impérios que submetiam

das pedras”). Sem qualquer combinação prévia, esse tipo de ação se

espalhou não só pela Faixa de Gaza, mas também, pela Cisjordânia.

Esses acontecimentos provocariam mudanças na organização do

poder no movimento político palestino. Surgiu o Hamas (“zelo”),

Movimento de Resistência Islâmica, grupo religioso que cresceu favorecido

pela fúria popular que facilita o surgimento de extremistas. Além disso,

houve aumento de representantes no Conselho Nacional Palestino que,

em 1988, proclamou a criação de um Estado Palestino. Desse ato surgiu a

Autoridade Nacional Palestina, chefiada por Yasser Arafat, que obteve

reconhecimento internacional para negociar uma solução para o problema

palestino, embora não tenha efetivado o Estado Palestino. A Intifada durou

até 1993, e provocou boicote de trabalhadores e de consumo de produtos

israelenses, além do desgaste das ações de Israel frente à população civil

palestina, principalmente mulheres e crianças.

Em 1993, israelenses e palestinos assinaram um acordo (Acordo de

Oslo, por ter-se iniciado com a mediação da Noruega), que previa a

retirada de tropas de Israel na faixa de Gaza e em partes da Cisjordânia.

Além disso, previa o reconhecimento mútuo entre Israel e a Autoridade

Palestina. A retirada dos israelenses sofreu várias interrupções,

principalmente pelo assassinato, em 1995, do primeiro-ministro

israelense, Ytzhak Rabin, por um extremista judeu contrário ao acordo.

Assumiu Netanyahu, contrário à desocupação. Em 2000, tem início uma

nova Intifada, depois que o primeiro-ministro israelense Ariel Sharon, num

gesto simbólico de provocação, “visitou” um dos principais lugares santos

para os muçulmanos em Jerusalém, resultando na morte de centenas de

civis e militares de ambos os lados.

Entre 2001 e 2004, Yasser Arafat foi mantido cercado pelo exército

israelense, na Cisjordânia. Nesse período um novo plano de paz (“Mapa da

Estrada”) foi proposto pelo EUA, apoiado pela União Européia, pela Rússia

e pela ONU, que previa a criação de um Estado Palestino, desde que os

11

11

Page 13: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2007 - … · quilômetros da fronteira com o Iraque. países como Canadá ... e educação além de programas sociais do ... impérios que submetiam

israelenses deixassem as colônias agrícolas em territórios ocupados e que

os ataques terroristas contra Israel cessassem. Além desses entraves não

resolvidos, esse plano enfrentou outro problema: a construção de um

muro de aproximadamente 650 km, visando separar Israel da Cisjordânia,

construído dentro do território palestino.

É POSSÍVEL A CONVIVÊNCIA PACÍFICA ENTRE PALESTINOS E

ISRAELENSES?

Dividir a classe em dois grupos, sendo um representante dos

israelenses e outro dos palestinos e, a partir dos textos a seguir,

estabelecer um debate sobre as possibilidades de convivência

pacífica na Palestina.

HISTÓRIAS EM COMUM

Os palestinos estão na Palestina porque esta é a sua terra natal. Da mesma forma que a Holanda é a terra natal dos holandeses e a Suécia a dos suecos. Os judeus israelenses estão em Israel porque não há nenhum outro país no mundo ao qual os judeus, como povo, como nação, possam chamar de seu lar.

Os palestinos tentaram, involuntariamente, viver em outros países árabes. Foram rejeitados, às vezes até humilhados e perseguidos, pela chamada "família árabe”; Tomaram conhecimento, da maneira mais dolorosa, de sua "palestinidade”; pois não eram desejados como libaneses, como sírios, como egípcios ou como iraquianos. Eles tiveram de aprender pelo caminho mais difícil que são palestinos e que este é o único país em que podem viver.

De maneira estranha, o povo judeu teve uma experiência histórica de alguma forma paralela a esta do povo palestino. Os

CAMINHOS PARA A PAZ

A situação palestina em si é remediável, já que são os seres humanos que fazem a História, e não o contrário. Para isso, precisamos de uma definição real de metas e objetivos. Estes devem incluir, em primeiro lugar, o fim da ocupação militar por Israel e o fim dos assentamentos (colônias agrícolas judaicas nos territórios ocupados). Nenhum outro caminho pode levar a paz e a justiça aos palestinos.

Deve haver mudanças de atitude também nas duas outras sociedades que têm um impacto central na Palestina: em primeiro lugar, os Estados Unidos, cujo governo dá a Israel um apoio sem o qual os eventos que hoje ocorrem na Palestina não poderiam ocorrer. O contribuinte norte-americano envia diretamente a Israel 3 bilhões de dólares em ajuda, além do constante fornecimento de armas, que somam um total de quase 5 bilhões de dólares. Essa ajuda deve ser interrompida

12

12

Page 14: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2007 - … · quilômetros da fronteira com o Iraque. países como Canadá ... e educação além de programas sociais do ... impérios que submetiam

judeus foram expulsos da Europa. Meus pais foram expulsos da Europa há cerca de setenta anos. Exatamente da mesma for-ma que os palestinos foram expulsos da Palestina.

Quando meu pai era menino, na Polônia, as ruas da Europa estavam cobertas de pichações: "Judeus, vão para a Palestina”; Quando meu pai voltou, em visita à Europa, cinqüenta anos mais tarde, os muros estavam cobertos de pichações: "Judeus, saiam da Palestina”;

(Adaptado de: Amós Oz*. Contra o fanatismo. 2. ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004. p.

46-7.) In Azevedo, p. 510

* Amós Oz, escritor israelense.

ou radicalmente modificada. Em segundo lugar, a sociedade

israelense, que vem endossando passivamente as políticas racistas contra os palestinos ‘inferiores’; ou as vem apoiando ativamente, ao colaborar com o exército, para implementar essa política imoral e humanamente inaceitável”.

Também é verdade que os ataques de homens-bomba suicidas praticados por palestinos em Telavive não servem a ne-nhum propósito político ou ético. Eles são igualmente inaceitáveis. Há uma enorme diferença entre, de um lado, apoiar a desobediência organizada - ou protestos de massa - e, de outro, simplesmente explodir a si mesmo e a alguns poucos inocentes. Essa diferença tem de ser afirmada clara e enfaticamente e incluída de uma vez por todas em qualquer programa palestino sério.

(Adaptado de: Edward W. Said**. Cultura e

política. São Paulo: Boitempo, 2003. p. 67-8.)

In Azevedo, p. 510

**Edward Said, escritor

palestino.

REFERÊNCIAS

ARCHELA, Rosely Sampaio; BARROS, Mirian Vizintim Barros. Geografia

Bíblica: para compreender os conflitos do Oriente Médio. UEL, 2004. In

www.uel.br/projeto/geografiadooriente, acessado em 06/08/2007.

AZEVEDO, Gislane Campos; SERIACOPI, Reinaldo. História: volume único/

ensino médio, 1ª edição. São Paulo, Ática, 2005.

JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO ON LINE. Grupo de refugiados

palestinos chega ao Brasil. In

http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u330440.shtml , acessado

em 22/09/2007.

GATTAZ, André. A Questão Palestina. In

http://terrornapalestina.home.sapo.pt/ historia/11.htm, acessado em

10/09/2007.

13

13

Page 15: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2007 - … · quilômetros da fronteira com o Iraque. países como Canadá ... e educação além de programas sociais do ... impérios que submetiam

GOMES, Aura Rejane. A Questão da Palestina e a Fundação de Israel.

Dissertação de Mestrado. Universidade de São Paulo – Departamento de

Ciência Política. São Paulo, 2001.

http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8131/tde-24052002-163759/,

acessado em 05/09/2007.

SCALÉRCIO, Márcio. Oriente Médio: uma análise reveladora sobre dois

povos condenados a conviver. Rio de Janeiro, Campus, 2003.

SCHIMIDT, Mario Furley. Nova História Crítica. 1ª ed., São Paulo, Editora

Nova Geração 2005.

_________. Raízes do Conflito Palestino. Adaptado de

www.cosmo.com.br\Guerra e paz no Oriente Médio.htm. In

http://br.geocities.com/geografiadooriente/1raizes, acessado em

05/09/2007.

PARECER DE VALIDAÇÃO NA ESCOLA:O CONFLITO PALESTINO-ISRAELENSE

A problematização do folhas do professor Anselmo, procura chamar a atenção dos alunos, pois, é um recorte de um jornal famoso onde a notícia dada parece ter mais credibilidade na visão dos mesmos. Dessa forma o professor começa o assunto ouvindo relatos de outras reportagens já vistas ou lidas por eles. Visto que, estamos trabalhando com alunos com uma considerável bagagem, que estão no último ano do ensino Médio. Dessa forma entendo que a provocação e mobilização indicada estão de acordo com o grau de instrução dos alunos.

Quanto ao desenvolvimento teórico interdisciplinar, o professor faz uma retrospectiva histórica da região e do povo que viveu e dos que ainda vivem lá. Com base nisso o professor analisa os diversos conflitos que aconteceram e porque aconteceram na região.

Posso constatar também que os conteúdos propostos estão de acordo com os conteúdos estruturantes e com as diretrizes curriculares do Ensino Médio. O professor utiliza uma forma de abordagem condizente com a capacidade cognitiva dos alunos. Entendo também que contribuiu

14

14

Page 16: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2007 - … · quilômetros da fronteira com o Iraque. países como Canadá ... e educação além de programas sociais do ... impérios que submetiam

bastante para a compreensão do problema, pois, além do material escrito o professor juntou vídeos, mapas, slides além de outras reportagens feitas por diferentes meios de comunicação. Dessa forma foi possível constatar uma interação entre os recursos áudios-visuais e o texto escrito pelo professor.

Devo ainda salientar que o professor teve uma conduta estremamente ética sendo imparcial no que diz respeito a gênero, religião, idade, origem étnica, condição sócio-econômica ou política partidária. Essa insenção faz parte da prática cotidiana do professor. Vou concluir dizendo que as atividades propostas no decorrer do trabalho proporcionaram um melhor entendimento para os alunos fazendo com que ampliassem seus conhecimentos.

Roberto Dimas Garcia CorrëaRG. 5.378.936-6

Professor de Geografia do Colégio Estadual Edite Cordeiro Marques – Turvo

Junho/2008

O Conflito Palestino-Israelense no oriente Médio

O (Projeto Folhas) apresentado pelo professor tem como característica dar enfoque ao problema do Conflito Palestino-Israelense na qual mostra

historicamente as lutas que ocorreram na região. Penso que a compreensão do trabalho ficou de forma clara, apesar de sabermos que as implicações referentes ao conflito são diversos, por isso a necessidade de

tantas informações quanto ao conflito. A compreensão do projeto por parte do aluno é possível. Ele terá aí nesse trabalho, o que aconteceu e

continua ocorrendo em relação ao conflito Palestino-Israelense nos dias de hoje.

“ Eclodiu nova guerra na qual Israel teve da Grã-Bretanha e da França.” Página 07 . Esta frase me pareceu um pouco confusa.

Prof.: Sergio Engelmann– Disciplina de HistóriaColégio Estadual Edite Cordeiro Marques –Turvo

15

15

Page 17: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2007 - … · quilômetros da fronteira com o Iraque. países como Canadá ... e educação além de programas sociais do ... impérios que submetiam

RG. 3.929.698-5

16

16

Page 18: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2007 - … · quilômetros da fronteira com o Iraque. países como Canadá ... e educação além de programas sociais do ... impérios que submetiam

17

17