da escola pÚblica paranaense 2009 · foram planejadas e desenvolvidas várias atividades de ......
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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE
VOLU
ME I
BRINQUEDOS, BRINCADEIRAS E JOGOS: a arte de criar e brincar nas aulas de
Educação Física
Autora: Tomoko Ito1
Orientadora: Ilse Lorena von Borstel Galvão de Queirós2
Resumo
O presente artigo é um trabalho de conclusão do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE (2009 a 2011), da Secretaria Estadual de Educação do Paraná, o qual buscou aprofundar conhecimentos sobre brinquedos, brincadeiras e jogos enquanto conteúdo da Educação Física Escolar, no Ensino Fundamental, em uma escola pública do Paraná, visando compreender sua importância, aspectos técnicos e pedagógicos do ensino-aprendizagem. Consiste na combinação de uma pesquisa bibliográfica e de campo, que envolveu um estudo bibliográfico, a elaboração de um Objeto de Aprendizagem Colaborativo – OAC e, a Implementação de Atividades na Escola. O público alvo foi alunos de 6ª série, de um Colégio Estadual da cidade de Cascavel-PR, contemplando as seguintes atividades: realização de dois diagnósticos, um os alunos realizaram com pais/avós/responsáveis e o outro, a pesquisadora investigou através dos relatos dos alunos, o instrumento utilizado foram dois questionários similares, os resultados são apresentados e analisados através da estatística descritiva. Além disso, foram desenvolvidas aulas sobre a construção de brinquedos e realização de brincadeiras e jogos, o instrumento de coleta de dados foi o registro de algumas propostas através de fotografias. Conclui-se que foi um conteúdo importante para os alunos, pois demonstraram grande interesse e participaram efetivamente das atividades de forma lúdica e criativa, melhorando o desenvolvimento dos domínios motor, cognitivo e afetivo-social de forma simultânea. Possibilitou também, maiores conhecimentos para professores de Educação Física da rede pública do Paraná, pois estimulou discutições e reflexões para novas ações no cotidiano das escolas públicas. Sugere-se, que este conhecimento seja integrado de forma regular e sistematizada através de um trabalho interdisciplinar da Educação Física com outras disciplinas.
1 Professora PDE/NRE de Cascavel – PR, licenciada em Educação Física – ESEFAP, especialista
em Treinamento Desportivo, UNIOESTE/UEM.
2 Mestre em Educação Física, Estudos do Lazer, FEF/UNICAMP. Docente do Curso de Educação
Física da Universidade Estadual do Oeste do Paraná / UNIOESTE, campus de Marechal Cândido Rondon, PR, pesquisadora do CNPq, Grupo de Extensão e Pesquisa em Educação Física Escolar da UNIOESTE - GEPEFE, e membro da Confraria do Lazer do Paraná.
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Palavras–chaves: Construção; brinquedos; brincadeiras; jogos; Educação Física .
1 Introdução
Este artigo atende à solicitação da Secretaria Estadual de Educação do
Paraná, pois, trata-se de trabalho de conclusão de curso da pesquisadora enquanto
participante do Programa de Desenvolvimento da Educação – PDE, no período de
2009 a 2011, busca servir de conhecimento para novas reflexões e ações na prática
pedagógica cotidiana dos professores de Educação Física da rede pública do
Paraná.
É decorrente da elaboração do projeto intervenção pedagógica na escola
que envolveu a construção de um material didático em formato de objeto de
aprendizagem colaborativo – OAC, e a implementação de atividades didático-
pedagógicas em um colégio estadual do município de Cascavel, PR. Com o intuito
de aliar o caráter teórico ao prático de uma pesquisa, realizou-se uma pesquisa
bibliográfica e de campo, com a intenção de aprofundar conhecimentos sobre
brinquedos, brincadeiras e jogos enquanto conteúdo da Educação Física Escolar, no
Ensino Fundamental, em uma escola pública do Paraná, visando compreender sua
importância, aspectos técnicos e pedagógicos no ensino-aprendizagem.
O conteúdo Jogos e Brincadeiras é uma boa oportunidade teórico/prática
para a organização coletiva e solidária da escola, pois, através do mesmo, é
possível promover a interdisciplinaridade da Educação Física com as disciplinas de
História, Artes e Matemática no sentido de promover a educação dos alunos.
Justifica-se este tema, considerando que é fundamental resgatar e
enriquecer a Educação Física e de propostas de lazer na escola, as quais podem
integrar atividades motoras envolvendo a confecção de brinquedos e a realização de
jogos e brincadeiras tradicionais e modernos, para que os alunos possam brincar na
companhia de seus pares, amigos, familiares, e vizinhos, pois este conteúdo
estimula o desenvolvimento dos domínios motor, cognitivo e afetivo-social de forma
simultânea.
Atualmente, o consumismo distrai a atenção das crianças e jovens,
desviando-as do seu desejo maior que é o de brincar e inventar, participando da
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vida e dos riscos do mundo.
O ato de brincar tão necessário à formação e ao desenvolvimento da
criança e do adolescente, tem se alterado nas últimas décadas, pois o avanço
tecnológico provocou várias modificações nos hábitos da sociedade. Hoje, a
televisão e outros meios virtuais ocupam a maior parte de seu tempo livre que
os impedem de se dedicarem às atividades motoras, no entanto, tempos atrás,
eles exercitavam naturalmente todo o corpo e a imaginação.
E, na escola, muitas vezes, os jogos, brinquedos e brincadeiras são
relacionados como algo para o aluno fazer em casa e durante o recreio. Além
disso, para a maioria dos professores de Educação Física, ainda não se
constitui em um conteúdo regular e sistematizado desta disciplina. Por isso, é
necessário resgatar esse conteúdo para que seja discutido, refletido, e
vivenciado no contexto de trabalho da Educação Física escolar.
Nesse sentido, a problemática que fo i o eixo dessa investigação, é saber
se a confecção de brinquedos e a realização de brincadeiras e jogos no
ambiente escolar, contribuem para que a disciplina de Educação Física, no
Ensino Fundamental, torne-se mais interessante e colabore de forma mais efetiva
com o desenvolvimento integral do aluno.
Pois, atualmente, estudos demonstram que por meio da confecção e da
experimentação do próprio brinquedo a criança e o jovem elaboram uma situação
real de aprendizagem, tornando-se sujeitos participativo/ativos na construção do seu
processo de conhecimento, além disso, ampliam suas relações e experiências com
o outro e, consequentemente com o mundo que o cerca.
2 Caminhos Trilhados: a metodologia
Caracterizou-se na combinação de uma pesquisa bibliográfica com a de
campo, que envolveu as seguintes etapas:
a) Pesquisa bibliográfica, foi feita a identificação, leituras e análises de artigos
científicos sobre conhecimentos teórico/práticos mais pertinentes ao objeto de
estudo, que foi fundamental para a construção do projeto de intervenção pedagógica
na escola, elaboração do OAC, embasamento na implementação de atividades na
escola, e elaboração do artigo em questão.
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b) Material Didático: foi elaborado um Objeto de Aprendizagem Colaborativo – OAC,
que abordou temáticas teóricas e práticas sobre brinquedos, brincadeiras e jogos na
Educação Física, o qual foi divulgado em rede para os professores do Estado do
Paraná. Utilizado para o desenvolvimento de um curso à distância, com formato de
GTR, atendendo os professores públicos interessados sobre esta temática.
c) Implementação de atividades na escola: foi realizado no Colégio Estadual Profª
Julia Wanderley, Ensino Fundamental e Médio, na cidade de Cascavel-PR, com 30
alunos de uma 6ª série do Ensino Fundamental, envolvendo as atividades abaixo
descritas:
Um diagnóstico com 30 alunos da 6ª série, sendo que o instrumento utilizado
foi um questionário que versava sobre brinquedos, brincadeiras e jogos. Os
resultados foram apresentados em tabelas e analisados através da estatística
descritiva.
Com a intenção de demonstrar a importância do tema para os alunos, foi
organizada uma atividade/diagnóstica em que eles tiveram que entrevistar seus pais
ou avós ou responsáveis no sentido de conhecer sobre o tema em outras épocas,
utilizando um questionário. Assim, foram entrevistadas 30 pessoas, com idades
entre 24 e 56 anos. E o instrumento utilizado um questionário similar ao da atividade
anterior. Os resultados foram apresentados em tabelas e analisados através da
estatística descritiva.
Foram planejadas e desenvolvidas várias atividades de agosto a novembro de
2010 com estes alunos sobre construção de brinquedos e realização de
brincadeiras e jogos. O instrumento de coleta de dados utilizado foi o registro de
algumas aulas através de fotos conforme pode se observar abaixo.
3 Reflexões sobre o tema de estudo
Primeiramente, precisamos compreender alguns conceitos, significados e
importância sobre o tema brinquedos, brincadeiras e jogos, para que possamos
entender e trabalhar de forma mais efetiva no cotidiano da Educação Física e no
lazer no ambiente das escolas, principalmente, se quisermos promover a educação
e felicidade do ser humano, para tanto, torna-se importante abordar estudos sobre
estes fenômenos.
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Cavallari (2005), relata que o brinquedo é o objeto usado para brincar ou
jogar. E a brincadeira uma atividade voluntária, espontânea e auto-organizada, com
características recreativas, nem sempre apresenta uma evolução regular, marcada
principalmente pela imaginação, fantasia, motivação e interesse, não tem final pré-
determinado. Enquanto que o jogo, para o autor, é uma atividade humana com
características lúdicas, mas apresenta uma evolução regular tendo inicio, meio e fim,
tem sempre um vencedor, seja por pontos, tempo, número de repetições ou tarefas
cumpridas.
Sobre a relação entre brincadeira, jogo e esporte, Pimentel (2003), relata
que existe um movimento de mão dupla, por exemplo, uma brincadeira pode virar
um jogo, um jogo pode virar um esporte; em outra direção, um esporte, por sua vez,
pode virar um jogo, e um jogo pode virar uma brincadeira.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (Brasil,1998) o
conteúdo brincadeiras e jogos traz benefícios à qualidade de vida, pois, contribui de
forma efetiva no desenvolvimento motor, cognitivo, emocional e social do aluno.
Além do que, auxilia na formação de um cidadão mais crítico e criativo, fazendo com
que produza, recrie e consuma cultura. Assim, é necessário instrumentalizar o aluno
para que possa usufruir de jogos e brincadeiras mais diversificadas que o auxiliem
no desenvolvimento da sua linguagem corporal, socialização, iniciativa e auto-
estima, preparando-o para os desafios na participação e construção de uma
formação qualitativa, tornando-o mais educado, feliz vivendo em um mundo melhor.
E as Diretrizes Curriculares Estaduais de Educação Física - Paraná, do
Ensino Fundamental e Médio (Paraná, 2008), relatam que nas brincadeiras e jogos
os alunos conseguem estabelecer conexões entre o imaginário e o real, além de
refletirem sobre os papéis assumidos nas relações em grupo. Valoriza e reconhece
como um conteúdo estruturante desta disciplina, além disso, demonstra a forma
particular como o brinquedo, a brincadeira e o jogo aparecem em diferentes
momentos históricos, nas várias comunidades e grupos sociais.
Além do que, a cultura corporal e ludicidade como um dos elementos
articuladores da Educação Física Escolar, alargam a compreensão dessa
manifestação corporal, indicando múltiplas possibilidades de intervenção pedagógica
que podem surgir e serem criadas no cotidiano escolar.
Segundo estudos recentes, brincar incentiva as pessoas a participarem mais
livremente da vida, ao possibilitarmos a vivência de jogos e brincadeiras
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vislumbramos uma parcela considerável de diferentes atividades lúdicas que
envolvem diferentes códigos e linguagens, ou seja, em relação a expressão
corporal, linguagem verbal, musical, e motora, etc.
Melo (1997), em pesquisa realizada com alunos do Ensino Médio, propôs o
conteúdo jogos nas aulas de Educação Física, entre vários foram propostos os
seguintes tipos: queimada, hand sabonete, pique-bandeira, quatro cantos e outros.
No final da proposta, os alunos avaliaram positivamente as aulas e ressaltaram que
esse conteúdo deveria estar presente sempre que possível nas aulas regulares de
Educação Física, o que mostra o bom trânsito que os jogos podem ter, inclusive com
alunos do Ensino Médio.
Queirós (2010, p. 54), em seu estudo sobre lúdico, recreação e Educação
Física, como contribuição para incrementar o lúdico no âmbito da Educação Física e
no lazer nos educandários, sugere uma variedade de atividades recreativas
relacionadas aos diversos conhecimentos da cultura corporal, entre diversas,
podemos destacar sobre a temática em questão “Pesquisas de campo com pessoas
ou grupos sociais sobre brinquedos (tradicionais e modernos); construção de
brinquedos; circuito de vivências com os brinquedos; ou visita á uma instituição
social para a doação dos brinquedos”.
Nesse sentido, observa-se que podemos atualizar a prática pedagógica na
Educação Física, também através da construção de brinquedos e a vivência de uma
diversidade de brincadeiras e jogos com eles, sendo uma forma para que a
Educação Física seja mais efetiva e objetiva quanto ao aprimoramento da
motricidade humana.
4 A importância do brinquedo, da brincadeira e jogo
Há muito tempo se discute o tema brinquedos, jogos e brincadeiras na
educação.
Especificamente, sobre brinquedos, brincadeiras e jogos tradicionais são
considerados como parte da cultura popular, transmitidos de geração para
geração. Muitos deles permanecem como eram antigamente, outros sofrem
modificações de acordo com a época e sociedade e outros surgem como
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novidades.
Faria Junior (1996, p. 59), afirma que “jogos populares foram sendo
perdidos ou transformados nos últimos cinqüenta anos, possivelmente como
conseqüência dos processos de urbanização e de industrialização”.
Para Queirós (2007, p.151)
Uma série de fatores da sociedade contemporânea tem contribuído para o desaparecimento gradativo dos brinquedos, brincadeiras e jogos tradicionais, enquanto expressão da cultura popular infantil e juvenil, entre os quais se destaca a influência crescente da mídia, a indústria cultural de brinquedos, os avanços e a popularização da informática. Entre várias consequências negativas que se apresentam uma delas é a eliminação, quase total, da construção dos brinquedos pela criança e o adolescente. Aspecto de grande importância para seu desenvolvimento, pois além de promover a diversão, é uma oportunidade de aprendizagem e aprimoramento das suas habilidades motoras, manuais, intelectuais e criativas, despertando ainda a curiosidade, a emoção e a cooperação, outrossim os brinquedos construídos estimulam o desenvolvimento de várias brincadeiras e jogos recreativos e esportivos.
Nas brincadeiras e jogos tradicionais as crianças e os jovens traduzem
valores, costumes, formas de pensamento e aprendizagens da cultura popular ou
folclórica. É uma possibilidade de serem sujeitos ativos construindo seu próprio
conhecimento a t ravés do brincar e jogar, sendo este conteúdo um mediador
de novas aprendizagens na educação formal e não formal.
Para Vaz et al (2002, p. 75),
deve-se organizar e estruturar a ação pedagógica da Educação Física Escolar, de maneira que o jogo e brinquedo sejam entendidos, apreendidos, refletidos e reconstruídos como um conhecimento que constitui acervo cultural, ao qual devem ter acesso na escola.
Nos dias de hoje, pela modernidade e facilidade de acesso à tecnologia,
os brinquedos tradicionais foram substituídos pelos modernos, devido
principalmente a praticidade e estética visual que oferecem. Particularmente, os
virtuais não exigem esforço físico do jogador e são atrativos por se aproximarem
cada vez mais do real, nem mesmo parecendo pertencer ao mundo virtual.
As crianças e jovens dos dias atuais perdem muito, pois não sentem
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mais prazer em criar os seus brinquedos e suas atividades lúdicas,
consequentemente não desenvolvem a socialização, levando-os a viverem cada
vez mais isoladas.
Segundo Oliveira (2008), é importante que a criança se divirta, seja
jogando vídeo game ou qualquer outro tipo de brincadeira ou jogo virtual, mas
ressalta que, deve-se estipular o horário pois o uso excessivo é prejudicial ao
desenvolvimento psicomotor, tornando-as muitas vezes violenta, agitada ou
apática.
O artigo 227, da Constituição Federal (1988), aborda que é dever da
família, do estado e da sociedade, zelar pelo bem estar da criança e do
adolescente, priorizando dentre várias coisas o direito de brincar, bem como,
protegê-la de todo e qualquer tipo de violência, sejam elas físicas, psíquicas,
emocionais ou sociais.
Um dos grandes riscos nos jogos virtuais são as cenas de violências com
as quais as crianças e os jovens entram em contato e que passam a banalizar,
ferindo assim a lei maior. Dessa maneira, pais, escola, e principalmente a
Educação Física Escolar, devem ter a preocupação em resgatar as brincadeiras e
jogos motores, sejam eles t radic ionais e/ou modernos, garantindo ao aluno
o direito de brincar de maneira saudável e construtiva.
A Educação Física escolar deve colaborar para tirar as crianças e os
adolescentes do sedentarismo, motivando-os e fazendo participar de diferentes
atividades motoras, entre elas, a construção de brinquedos e a realização de
brincadeiras e jogos que contribuam com o desenvolvimento da sua motricidade.
Haja vista que, este conteúdo estimula a criação, a imaginação, o cálculo, a
interpretação, desenvolve a coordenação motora, entre outros aspectos. Brincando
a criança e o jovem, alimentam-se melhor, dormem bem, são mais felizes, têm mais
confiança em si e nos outros, criam e inventam novas atividades, contribuindo de
forma mais efetiva com o seu crescimento e desenvolvimento.
Entretanto, na escola os jogos, brinquedos e brincadeiras são relacionados
como algo para o aluno fazer em casa ou durante o recreio, ou ainda na Educação
Física como atividade complementar ou passatempo predominando alguns esportes
como o futsal, o voleibol e o basquetebol.
Nessa direção, jogo e brincadeira é um conhecimento que deveria ser
integrado de forma mais efetiva na prática pedagógica dos profissionais da
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Educação Física, de forma específica ou integrada aos outros conteúdos da cultura
corporal como nos esportes, nas lutas, ginásticas e danças. Também, em relação
aos seus elementos articuladores, como: o corpo, a saúde, o mundo do trabalho, a
desportivização, o lazer, a diversidade e a mídia, os quais deveriam nortear o
trabalho do profissional nessa área.
De acordo com Queirós (2006, p.2),
(...) a Educação Física ainda tem como finalidade exclusiva o esporte, segundo os critérios do sistema esportivo, seguindo os princípios de maior rendimento e produtividade, ou seja, busca-se o resultado/produto e não o processo formativo na vivência das atividades.
Complementa ainda, dessa forma, deixa de lado os jogos e as brincadeiras
que envolvem uma variedade enorme de possibilidades de movimentos e
experiências, que podem perpassar nos diversos conteúdos da Educação Física
escolar.
Santos (1997, p.9), explica sobre a relação entre o lúdico e jogo afirmando:
A palavra lúdico vem do latim “ludus” e significa brincar. Neste brincar estão incluídos os jogos, brinquedos e outros divertimentos. E é relativa também a conduta daquele que joga, que brinca e que se diverte. A função educativa dos jogos, oportunizam a aprendizagem do individuo, seu saber, seu conhecimento e sua compreensão de mundo.
Dessa maneira, lúdico significa brincar, assim, a forma de desenvolver
um jogo é fundamental, no sentido de estimular o comportamento lúdico, a
criatividade e n o v o s conhecimentos, com intuito de educar, ensinar, integrar
com o outro, divertindo-se e contribuindo na aprendizagem de crianças e jovens.
De acordo com Friedmann apud Schwartz (2004, p.114),
a atividade lúdica de posse de seus conteúdos, envolve uma gama de elementos que faz despertar na criança suas disposições motoras, cognitivas, sociais e emocionais. Daí a necessidade de valorizar esse conteúdo para que se apresente nas várias atividades de lazer e na Educação Física Escolar.
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Os PCNs (Bras i l , 1998 p.47), demonstram que as atividades lúdicas
ainda eram vistas como necessárias, satisfatórias e como sinônimo de ausência
de técnica ou, no mínimo, como descompromisso com a eficiência.
Em oposição a essa idéia, se de fato, as atividades lúdicas contêm um
caráter de fruição, liberdade, prazer e improvisação, também é fato que
constituem um universo de desafios na direção da eficiência e do
aperfeiçoamento técnico e vice-versa. Todo esforço seja em que grau for, pode e
deve ser fonte de satisfação, prazer e aprendizagem. Assim, o educador
deve dar importância às atividades lúdicas em qualquer modalidade de ensino
no contexto escolar, buscando no processo de aprendizagem dos alunos o
desenvolvimento de suas potencialidades físicas, psíquicas, emocionais e
intelectuais.
De acordo com Costa apud PCNs (2005 p,6), jogo e a brincadeira reúne
experiências fantásticas para a aprendizagem, pois o processo de repetir, imitar,
representar e inventar é mais do que um ato de brincar, nesse movimento o aluno
nos revela uma parte de si, como pensa, como é, e o que sente.
Segundo Oliveira (2009, p.2),
brincando e jogando a criança ordena o mundo a sua volta, assimilando experiências e informações incorporando atividades e valores. A atividade lúdica revela-se como instrumento facilitador da aprendizagem, possuindo valor educacional intrínseco, criando condição para que a criança e o adolescente explorem seus movimentos, manipule materiais, interaja com seus companheiros e resolva situações problema.
Neste contexto, a Educação Física escolar tem a função pedagógica de
introduzir este conteúdo de forma regular e sistematizada para alunos do Ensino
Fundamental e Médio, utilizando diferentes temas e estratégias pedagógicas com
níveis diferentes de complexidade. Com intuito de contribuir e promover a
educação pelo movimento, criatividade e socialização, através de novas
aprendizagens lúdicas.
Enfim, entende-se que também deveria ser uma tarefa do professor de
Educação Física através de um trabalho interdisciplinar com outras disciplinas na
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escola, garantir aos alunos a confecção de brinquedos e jogos para vivenciarem
diferentes experiências, seja na educação formal ou no tempo de lazer na escola.
Pois, brincar é uma atividade importante no desenvolvimento do ser humano, e
contribui no seu crescimento e formação cognitiva, emocional e física.
5. Resultados e Discussões
5.1 Grupo de Trabalho em Rede – GTR – Participação de professores para a
construção e enriquecimento da Educação Física
A atividade com o Grupo de Trabalho em Rede (GTR) possibilitou
compartilhar conhecimentos sobre o projeto de intervenção pedagógica na escola,
envolvendo um grupo de dezoito professores da disciplina de Educação Física, de
diversas cidades, da Rede Pública do Estado do Paraná através de encontros
virtuais, aonde podiam discutir, opinar, e refletir sobre os temas contidos nas
unidades.
Estabeleceram-se relações teórico-práticas sobre o tema em questão no
ensino/aprendizagem dos alunos, o que possibilitou um enriquecimento
teórico/metodológico/instrumental por meio de leituras, reflexões, trocas de idéias, e
experiências.
A participação dos professores foi bastante significativa para a construção e
direcionamento da proposta através da análise das críticas e sugestões sobre o
tema. Os professores consideraram de suma importância para a disciplina de
Educação Física, como forma de balizar, fomentar e orientar este tema nesta área
educacional, considerando que apresentou um referencial teórico-prático que
realmente poderia ser aplicado no cotidiano da Educação Física nas escolas
públicas. Esta experiência de trabalho de grupo em rede, proporcionou-me também
momentos de reflexão sobre o fazer pedagógico em relação a este conteúdo, assim
estudos, pesquisas e implementações são necessários para todos que trabalham
com a educação, principalmente, para que se efetive e valorize o brincar e aprender
nas aulas de Educação Física.
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5.2 Objeto de Aprendizagem Colaborativo – OAC: Contribuições na prática
pedagógica dos professores
O OAC abordou uma sequência de conhecimentos através de textos de
fundamentação teórica e sugestões de atividades práticas a serem desenvolvidas
pelos professores, com o objetivo de que os mesmos compreendessem as
características, significados e importância do brinquedo, brincadeira e jogo no
contexto da Educação Física Escolar, consistindo assim, em um material de apoio
ao trabalho docente na rede pública do Paraná, tentando influenciar novas reflexões
e ações na prática pedagógica no cotidiano das escolas públicas.
A referida publicação foi intitulada “Construção e vivência de brinquedos,
jogos e brincadeiras arte de criar e brincar” a qual trouxe uma sequência de
atividades pretendendo aprofundar o conhecimento sobre as diferentes
possibilidades de se estimular a criatividade através da construção de brinquedos,
refletindo, questionando, e analisando os aspectos históricos, sociais e culturais,
presentes na disciplina de Educação Física.
5.3 Diagnóstico sobre brincadeiras e jogos dos alunos com
pais/avós/responsáveis
Primeiramente, foi perguntado se quando eram crianças ou adolescentes
construíram algum brinquedo, os dados são apresentados na tabela 01.
Categorias Quantidades
SIM
NÃO
Total
27
3
30
Tabela 1 – Construção de brinquedos na infância Fonte: Dados da pesquisadora, 2010
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Desta maneira, das 30 pessoas pesquisadas pelos alunos, 27 afirmaram que
haviam construído algum tipo de brinquedo na sua infância ou adolescência e,
apenas 03, disseram que não, nunca haviam confeccionado nenhum tipo de
brinquedo ou jogo.
Em seguida, os alunos questionaram seus informantes sobre os tipos de
brinquedos que foram construídos por eles, como podemos ver na tabela 2.
Brinquedos Quantidades
Carrinho de rolemã
Peteca
Pipa
Bola de meia
Bonecos de milho
Bonecos de pano
Jogo de bets
Mini carrinho
Casinha
Cavalo de madeira
Futebol de prego
Bola de papel
Vai vem
Balanço
Telefone sem fio
Outros
10
8
7
5
4
4
3
3
1
1
1
1
1
1
1
0
Tabela 2 – Brinquedos construídos Fonte: Dados da pesquisadora, 2010
Observa-se que a maioria dos pesquisados (10) construíram carrinho de
rolemã; 08, peteca; 07, pipa e, outros 10 informantes, construíram outros tipos de
brinquedos, mostrando uma diversidade de brinquedos que foram confeccionados
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por eles. O item “outros” representa que alguns entrevistados não se lembravam o
tipo específico de brinquedo que haviam construído devido ao tempo decorrido.
Perguntaram também, sobre a forma como eram construídos os brinquedos,
neste sentido, de uma forma geral, a maioria dos entrevistados demonstraram que
utilizavam tábuas, ripas e rolamentos de carro para confeccionar o carinho de
rolemã; usavam também, escondidos da mãe, meias, retalhos de roupas velhas
para criar suas bolas; construíam peteca com pena de ganso ou de pato e palha de
milho; mini carrinho com tábua pequena, fazendo a entrada da roda com carretel de
linha e também com lata de óleo e tampinha de garrafa ou rolha.
Outro aspecto levantado, foi de quem auxiliava na construção de seus
brinquedos, revelando os resultados abaixo:
Alternativas Quantidades
Irmão
Amigos
Pais
Avôs
Outros
15
7
5
1
1
Tabela 3 – Quem auxiliava na confecção Fonte: Dados da pesquisadora, 2010
Observa-se assim, que a participação dos irmãos e amigos naquela época
foi muito importante para que os brinquedos fossem construídos. É importante aqui
ressaltar a resposta de 02 entrevistados, denominados como A e B. O “A”, disse que
“possuo vários irmãos e então, eles ajudam a construir e, também que na maioria
das vezes, brincavam na rua com os colegas”. E “B” disse que “tinha um irmão mais
velho e este construía os brinquedos e todos brincavam, porém, para alguns amigos
meus não era bem assim, porque era filho único”.
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Na sequência, foi questionado quanto ao local utilizado para a construção
dos brinquedos, as respostas são apresentadas na tabela 4.
Alternativas Quantidades
Em casa
Na escola
Na rua
No vizinho
Outros
24
4
7
3
0
Tabela 4 – Local de construção Fonte: Dados da pesquisadora, 2010
A grande maioria dos pesquisados construiu os brinquedos em sua própria
residência, e como observado anteriormente, na companhia e com a ajuda dos
irmãos e amigos, o que caracteriza a educação não formal daquela época.
Em seguida, os alunos perguntaram aos adultos e idosos quais eram as
principais brincadeiras e jogos realizados com os brinquedos construídos. De uma
maneira geral, predominou que brincavam de várias maneiras, em espaços livres
com bola de meia chutando ou arremessando, correndo, soltando pipas, construíndo
estradinha para brincar de carrinho, colocavam uma linha no carrinho construído por
eles e saíam puxando, subiam o morro para brincar ou na rua com os amigos e,
outros disseram que brincavam muito com eles.
Observou-se que as mulheres quando meninas, a maioria brincava com
bonecas que eram confeccionadas pela mãe ou por elas mesmas, brincavam de
casinha e, geralmente com irmãs ou amigas e, apenas duas entrevistadas citaram
que brincavam de futebol e empinavam pipas com os irmãos.
Vale salientar o que um entrevistado relatou que naquela época não existia
computador, vídeo-game e muito menos internet, portanto, a única saída era de
brincar com o que tinha.
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Com base nestes resultados, pode-se concluir que os pais ou avós ou
responsáveis dos alunos quando crianças ou adolescentes sabiam construir e
brincar com seus brinquedos, geralmente, brincavam com seus irmãos e amigos, em
casa e ao ar livre.
Os brinquedos eram confeccionados com restos de construção, tecidos, ou
objetos da natureza. Hoje, ainda existem crianças que constroem com estes
materiais e dessa forma seus brinquedos, mas a grande maioria utiliza sucatas das
indústrias, e geralmente é uma atividade realizada na escola, e não na residência ou
rua onde mora. Entretanto, observou-se que na hora de brincar, a forma de brincar,
suas normas ou regras são muito parecidas com as dos dias de hoje.
5.4 Diagnóstico sobre brinquedos, brincadeiras e jogos com os alunos:
Com a intenção de verificar o conhecimento que os alunos tinham sobre o
tema e demonstrar a sua importância, foi realizada uma atividade diagnóstica
aplicando um questionário para 30 alunos, da 6ª série, com idades entre 11 e 15
anos.
Primeiramente, foi perguntado se tinham construído ou confeccionado algum
tipo de brinquedo, os dados são apresentados na tabela 5.
Categorias Quantidades
SIM
NÃO
Total
24
6
30
Tabela 5 – Construção/confecção de brinquedos Fonte: Dados da pesquisadora, 2010
A tabela acima mostra que das 30 pessoas pesquisadas, 24 disseram “sim”,
haviam construído algum tipo de brinquedo e, apenas 06, disseram que “não” ,
nunca haviam construído nenhum tipo de brinquedo.
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Em seguida, foi questionado sobre quais eram os brinquedos construídos
por eles, as respostas dadas são apresentadas na tabela 6.
Brinquedos Quantidades
Pipas
Avião de papel
Bilboquê
Carrinho de rolemã
Jogo de bets
Mini carrinho
Peteca
Jogo de memória
Carrinho reciclável
Chocalho
Futebol de prego
Bola de meia
Bonecos de milho
Bonecos de pano
Casinha
Cavalo de madeira
Futebol de prego
Vai vem
Bola de papel
Pião
Origame
Cata vento
Cestobol
Barquinho
Outros
12
8
5
5
5
3
2
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
0
Tabela 6 – Brinquedos construídos Fonte: Dados da pesquisadora, 2010
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Observa-se assim, que a maioria dos pesquisados (12) construíram pipas;
08, aviãozinho de papel; houve empate no bilboquê, no carrinho de rolemã e no bets
com 05; e, os demais informantes construíram outros tipos de brinquedos,
mostrando uma diversidade de brinquedos confeccionados.
Na seqüência, perguntou-se de que maneira foram construídos ou
confeccionados estes brinquedos.
As respostas foram várias predominando a criação dos brinquedos utilizando
sucatas industriais, destacando-se garrafas pet para o carrinho, bilboquê, vai vem,
cai cai. Também, utilizaram tampinhas de garrafas de refrigerante, palito de pirulito,
CDs, vidrinho de remédio (dipirona), jornal, palito de churrasco, tábua, rolamento de
carro, EVA, bolinhas de gude, meias para confeccionar brinquedos como o peão,
carrinho de rolimã, N”Txuva, Xadrez africano, boneco de meia, bolas e outros.
Observa-se assim, grande diversidade de material para a construção dos
brinquedos.
Outro aspecto levantado, com quem construía os brinquedos, revelando os
resultados abaixo:
Alternativas Quantidades
Amigos
Pais
Irmãos
Vizinhos
Avós
Outros
11
7
6
4
3
5
Tabela 7 – Quem auxiliou na confecção Fonte: Dados da pesquisadora, 2010
19
Verifica-se que houve predominância da participação dos amigos, seguida
dos pais e irmãos, observa-se assim, que compartilhar com amigos o construir e
brincar, é muito importante considerando que proporciona interação, socialização e
diversão.
Na sequência, questionou-se sobre o local utilizado para a construção dos
brinquedos, as respostas são apresentadas na tabela 8.
Alternativas Quantidades
Em casa
Na rua
Na escola
No vizinho
Outros
19
7
4
3
2
Tabela 8 – Local de construção Fonte: Dados da pesquisadora, 2010
Desta maneira, observa-se que a maioria dos pesquisados confeccionam
seus brinquedos brincando em sua residência, em seguida da rua, e conforme os
resultados anteriores na companhia de amigos e dos pais.
Após, perguntamos sobre quais eram as principais brincadeiras e jogos que
realizaram com os brinquedos construídos, as respostas que predominaram foram:
brincavam de carrinho, empinavam pipa, carrinho bate-bate e corridas para ver
quem chegava primeiro ao objetivo (um brinquedo).
É importante relatar a resposta de dois entrevistados com sentidos opostos
que de destacaram, os quais são denominados como A e B. O “A” disse “que não
construía e nem brincava porque a mãe não deixava sair para brincar na rua ou no
vizinho”. E o “B” relatou que “sempre brincava na rua, em casa, e nos vizinhos
porque a mãe deixava, e achava importante eu brincar”.
20
Em relação às meninas, observou-se que brincavam de boneca e os outras
disseram que simplesmente brincavam de qualquer coisa.
Outra questão apurada, foi se havia interesse dos alunos em construir
brinquedos nas aulas de Educação Física e em oficinas com o tema “Construir e
Brincar” no contra-turno escolar, os resultados podem ser verificados na tabela 9.
Alternativas Quantidades
Sim
Não
Total
28
2
30
Tabela 9 – Interesse em participar nas oficinas Fonte: Dados da pesquisadora, 2010
Na tabela acima, observa-se que 28 dos 30 entrevistados, tem grande
interesse em participar de aulas de Educação Física e de oficinas de lazer no contra-
turno sobre a construção de brinquedos e a realização de brincadeiras e jogos.
Entretanto, apenas 2 disseram que “não”, justificando que moram longe e a mãe não
deixa.
Quanto aos brinquedos que gostariam de construir/confeccionar nas aulas e
nas oficinas, os dados são demonstrados na tabela 10.
21
Alternativas Quantidades
Brinquedos musicais (Instrumentos)
Peteca
Pipa
Taco de Bets
N´Txuva
Jogos de mesa
Futebol de botão
Vai vem
Argolas de malabaris
Pião
5 Marias
Cestobol
Avião
Bilboquê
Bolas (meia, alpiche, etc)
Pé de Lata
Carrinho de rolemã
Peão reciclável
Outros. Quais?
26
25
24
24
22
21
16
16
16
16
15
15
15
14
14
14
7
1
6
Tabela 10 – Brinquedos que gostariam de construir/confeccionar Fonte: Dados da pesquisadora, 2010
Analisando-se os dados acima, conclui-se que em primeiro lugar a
preferência foi na construção de instrumentos musicais, peteca, pipa, taco de bets,
n’txuva e jogos de mesa. Em segundo lugar, ficaram os brinquedos de futebol de
botão, vai vem, argolas de malabaris, pião, 5 marias, cestobol, avião, bilboquê, bolas
de meia e pé de lata. Em terceiro lugar, carrinho de rolimã, peão reciclável e outros.
Verifica-se uma grande diversidade de brinquedos que os alunos se interessam em
construir nas aulas e oficinas.
Este é um aspecto importante, considerando que alguns estudos sobre
brinquedos, relatam que, hoje em dia, as crianças brincam muito dentro de casa, na
22
maioria das vezes, com computador, vídeo game, e outros tipos de brinquedos
eletrônicos. Isso faz com que sejam mais agressivos por causa dos jogos violentos,
perdem os limites, adotam posturas sedentárias e muitos outros problemas de saúde
aparecem.
Neste contexto, é fundamental que pais e professores estimulem e orientem
a construção de brinquedos e a realização de atividades lúdicas com eles, esta
atividade vai contribuir na construção da sua vida, considerando que estimula a
capacidade de organização, montagem, criação, elaboração do brinquedo, e
também no direcionamento e objetivo que alcançar com essa criação.
5.5 Aulas Desenvolvidas sobre brinquedos, brincadeiras, e jogos
Nesta etapa, foram planejadas e desenvolvidas aulas sobre diferentes
possibilidades construir brinquedos e realizar brincadeiras e jogos com 30 alunos, da
6ª série, no período de agosto a novembro.
Foi uma novidade e houve uma grande participação, todos querendo mostrar
as “obras lúdicas” que conseguiram construir. Os brinquedos confeccionados foram:
pião com frasco de dipirona e CD, vai vem, pião , carrinho puxado com barbante,
carrinho pisca pisca (lanterninha), bilboquê, jogo do 10 com garrafa pet e 10 bolinha
de gude, cai cai com palito de churrasco e bolinha de gude, aviãozinho, bola de
meia, trilha, dama e outros, todos com materiais recicláveis. Cinco Maria, pipa,
N’Txuva (xadrez africano), jogo da velha em 3 D, futebol de prego e outros,
construídos com materiais não recicláveis.
Além da construção dos brinquedos nas aulas, os alunos vivenciaram e
participaram de diversas brincadeiras e jogos, em algumas experiências eles
mesmos criavam as regras ou normas para melhor organização e participação das
atividades.
Abaixo, estão apresentadas fotografias que registram algumas atividades de
implementação na Educação Física Escolar:
23
FIGURA 1- Tabuleiro de futebol de prego com palito de sorvete
FONTE: Tomoko Ito, 2010
FIGURA 2- Jogo da velha em 3D FONTE: Tomoko Ito, 2010
24
FIGURA 3- Cinco marias FONTE: Tomoko Ito, 2010
FIGURA 4- Cai cai confeccionado com garrafa pet, bulita e palito de churrasco FONTE: Tomoko Ito, 2010
25
FIGURA 5- Pião confeccionado com CD e frasco de dipirona FONTE: Tomoko Ito, 2010
FIGURA 6- Pião confeccionado com tampinha de garrafa pet ou detergente e palito de pirulito FONTE: Tomoko Ito, 2010
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Vale salientar que, a professora pesquisadora comentou com alunos de uma
outra escola em que leciona sobre esta experiência, e eles se sentiram motivados e
interessados, assim, a atividade de implementação na escola também foi aplicada
naquela escola e os resultados foram maravilhosos.
6 Considerações Finais
O estudo sobre a fundamentação teórica demonstrou que a construção de
brinquedos e a realização de jogos e brincadeiras com eles, é um conhecimento que
deve ser integrado de forma mais efetiva na prática pedagógica dos profissionais de
Educação Física num trabalho interdisciplinar com outras disciplinas. Considerando
que este conhecimento reúne experiências fantásticas de ensino/aprendizagem,
pois o processo de manipular materiais, confeccionar, imitar, inventar, explorar
movimentos, interagindo com seus companheiros brincando e resolvendo situações
problemas, é f und am e n t a l na ed ucaçã o do s alunos.
Segundo Oliveira (2009), brincando e jogando a criança e o jovem ordenam
o mundo a sua volta, assimilando experiências, informações, e valores na vivência
das atividades lúdicas, revelando-se em um instrumento facilitador de novas
aprendizagens.
Assim, a integração deste conteúdo na Educação Física Escolar, não
deveria se restringir a criança, pode ser aplicado a qualquer faixa etária, desde que
as atividades, procedimentos e objetivos sejam adaptados as características e
necessidades dos alunos.
Neste contexto, a Educação Física escolar tem a função pedagógica de
introduzir este conteúdo de forma regular e sistematizada para alunos do Ensino
Fundamental e Médio, utilizando diferentes temas e estratégias pedagógicas com
níveis diferentes de complexidade. Com intuito de contribuir e promover a
educação pelo movimento e criatividade, pois, brincar é importante p a r a o
crescimento, formação, e desenvolvimento cognitivo, afetivo-social e motor do ser
humano.
Com a elaboração e divulgação do OAC através do GTR, fez-se com que
fossem compartilhados conhecimentos teórico/práticos sobre o tema com os
27
professores em rede. Houve uma participação significativa, além disso,
consideraram o trabalho de suma importância, assim, resultaram reflexões, trocas
de ideias, e experiências em torno da temática brinquedo, brincadeiras e jogos
como conteúdo da Educação Física escolar.
A pesquisa de campo realizada com pais/avós/responsáveis e com os
alunos, demonstrou que a maioria tinha construído algum tipo de brinquedo,
utilizando sucata da indústria e natureza, geralmente na companhia de amigos,
irmãos e pais, na sua residência, e realizavam uma variedade de brincadeiras e
jogos em casa e ao ar livre. E os alunos têm interesse em participar de aulas e
oficinas no contra-turno sobre este conteúdo, relatando uma diversidade de
brinquedos que gostariam de confeccionar e brincar com eles.
Nesse contexto, é fundamental que pais e professores estimulem e orientem
a construção de brinquedos e a realização de atividades lúdicas com eles, pois, esta
atividade contribui na sua educação, considerando que estimula a capacidade de
organização, montagem, criação do brinquedo, bem como, a possibilidade de
desenvolver uma diversidade de brincadeiras e jogos motores, intelectuais, sociais,
etc.
Com relação as aulas desenvolvidas para os alunos, pode-se afirmar que foi
um conteúdo importante, pois demonstraram grande interesse e participaram
efetivamente das atividades de forma lúdica e criativa, melhorando o
desenvolvimento dos domínios motor, cognitivo e afetivo-social de forma simultânea.
Enfim, considera-se possível atualizar a prática pedagógica na Educação
Física, também através da construção de brinquedos e a vivência de uma
diversidade de brincadeiras e jogos com eles, contribuindo para que ela seja mais
interessante e efetiva quanto ao aprimoramento da motricidade humana.
Além disso, sugere-se que este conhecimento seja integrado de forma
regular e sistematizada através de um trabalho interdisciplinar entre disciplinas afins.
Por exemplo, a disciplina de Arte poderia envolver a seleção e higienação de
materiais e a construção de brinquedos; a de História faria pesquisas, estudos e
debates de como o brinquedo, a brincadeira e o jogo aparecem em diferentes
momentos históricos, nas várias comunidades e grupos sociais. E, a de Educação
Física desenvolveria atividades práticas e estimularia a criação de novas atividades
e regras/normas, demonstrando os benefícios para a formação e o desenvolvimento
dos alunos.
28
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