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DESENVOLVIMENTO DE UM ALGORITMO DE ESCALONAMENTO PARA REDE FOUNDATION FIELDBUS Daniele Aparecida Cicillini São Carlos 2007 Dissertação apresentada à Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Engenharia Mecânica. ORIENTADOR: Prof. Tit. Mário Pinotti Junior

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  • DESENVOLVIMENTO DE UM ALGORITMO DE ESCALONAMENTO PARA REDE FOUNDATION

    FIELDBUS

    Daniele Aparecida Cicillini

    So Carlos 2007

    Dissertao apresentada Escola de Engenharia de So Carlos da Universidade de So Paulo, como parte dos requisitos para obteno do ttulo de Mestre em Engenharia Mecnica.

    ORIENTADOR: Prof. Tit. Mrio Pinotti Junior

  • A Deus fora suprema

    E Senhor de todo meu existir.

  • AGRADECIMENTOS

    AGRADECIMENTOS

    Agradeo primeiramente ao professor Dr. Mario Pinotti Junior, pela confiana,

    amizade e por toda orientao ao longo deste trabalho.

    Agradeo tambm de uma maneira especial ao professor Dr. Dennis Brando, pelo

    imenso carinho, amizade, colaborao, orientao e por todo ensinar, voc faz parte dessa

    histria.

    A Smar Equipamentos Industriais pelo incentivo ps-graduao.

    A todos os amigos da Diviso de Desenvolvimento Eletrnico, em especial aos

    colegas do grupo Equipamentos de Campo, destaco aqui a amiga e companheira de estudo

    Valria Venturini, pela amizade, cooperao e incentivo.

    A todos os meus amigos, os presentes e ausentes, que de alguma maneira me ajudaram

    para a realizao deste trabalho, destaco a amiga Vanessa e o meu namorado Ary, obrigada a

    cada um de vocs por emprestar o ombro amigo, todo auxlio, companheirismo e por todas as

    palavras de motivaes.

    Aos meus familiares, tios, primos e meus avs Dirce e Sebastio obrigada pelas

    oraes e amor.

    Aos meus pais Ernesto e Maria Aparecida, por proporcionarem a mim todo incentivo

    em ir alm das fronteiras, em me ensinar a ser perseverante, lutar sempre com dignidade e

    honestidade, tudo o que eu disser aqui pouco para agradec-los. Eu os amo.

    As minhas doces e amadas irms Fernanda e Natalia, amigas para todas as horas, meu

    porto seguro, o que posso dizer a no ser: eu amo vocs.

    Enfim eu louvo o criador, o meu Deus pra quem eu dedico todo esse trabalho, que com

    esse presente fez um marco na minha vida.

  • SUMRIO

    SUMRIO

    LISTA DE FIGURAS......................................................................................................XI

    LISTA DE TABELAS ................................................................................................... XV

    LISTA DE SIGLAS .................................................................................................... XVII

    RESUMO.......................................................................................................................XXI

    ABSTRACT................................................................................................................XXIII

    1 INTRODUO............................................................................................................. 25

    1.1 OBJETIVOS....................................................................................................... 35

    1.2 ORGANIZAO DO TRABALHO ................................................................. 36

    2 FOUNDATION FIELDBUS ........................................................................................ 37

    2.1 INTRODUO.................................................................................................. 37

    2.2 PROTOCOLO FOUNDATION FIELDBUS..................................................... 39

    2.2.1 BLOCO FUNCIONAL................................................................................... 41

    2.2.2 TRFEGO DE COMUNICAO ................................................................ 45

    2.2.3 CAMADAS, GERENCIAMENTO E SERVIOS DE REDE....................... 49

    2.2.4 A CAMADA DE APLICAO DO USURIO ........................................... 59

    3 REVISO BIBLIOGRFICA..................................................................................... 63 3.1 ESCALONAMENTO......................................................................................... 66

    4 DESENVOLVIMENTO ............................................................................................... 83

    4.1 CONFIGURADOR SYSCON............................................................................ 83

    4.2 TECNOLOGIA XML ........................................................................................ 90

  • SUMRIO

    4.2.1 CARACTERSTICAS DO XML ................................................................... 90

    4.2.2 TAG ................................................................................................................ 91

    4.3 ALGORITMO FFSMART................................................................................. 93

    5 RESULTADOS.............................................................................................................. 99

    5.1 EXPERIMENTO 1 CONTROLE DA TEMPERATURA DE SADA DO

    PRODUTO USANDO VAPOR PARA AQUEC-LO.................................... 100

    5.2 EXPERIMENTO 2 DUPLO LIMITE CRUZADO....................................... 105

    5.3 EXPERIMENTO 3 APLICAO DE CONTROLE DE UMA EMPRESA DE

    FUNDIO DE FERRO ................................................................................. 112

    6 CONCLUSO ............................................................................................................. 121

    6.1 TRABALHOS FUTUROS............................................................................... 123

    REFERNCIA BIBLIOGRFICA ............................................................................. 125

  • LISTA DE FIGURAS xi

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 Representao da estrutura em camadas do protocolo FOUNDATION FIELDBUS

    .............................................................................................................................32

    Figura 2 Exemplo de malha de controle distribuda............................................................33

    Figura 3 Comunicao em macrociclos...............................................................................34

    Figura 4 Arquitetura de controle (Regh, Swain e Yangula, 1999) ......................................38

    Figura 5 Estrutura em camadas do protocolo FOUNDATION FIELDBUS.......................40

    Figura 6 Tipos de blocos da camada de aplicao do usurio (FOUNDATION FIELDBUS,

    2003) ....................................................................................................................41

    Figura 7 Tipos de blocos funcionais (FOUNDATION FIELDBUS, 2003).........................43

    Figura 8 Comunicao de troca de dados no protocolo FOUNDATION FIELDBUS .......47

    Figura 9 Macrociclos e o escalonamento no barramento (FOUNDATION FIELDBUS,

    2003) ....................................................................................................................48

    Figura 10 Camada do modelo OSI no FOUNDATION FIELDBUS (FOUNDATION

    FIELDBUS, 2003)...............................................................................................49

    Figura 11 Diviso da camada de aplicao e funcionalidades das subcamadas FAS e FMS

    .............................................................................................................................51

    Figura 12 Comunicao do LAS com o dispositivo ou equipamento atravs do compel data

    (FOUNDATION FIELDBUS, 2003) ..................................................................54

    Figura 13 LAS e o servio do pass token (FOUNDATION FIELDBUS, 2003) ................56

    Figura 14 Fluxograma do algoritmo do LAS Link Active Schedule (IEC, 2005).............57

  • LISTA DE FIGURAS xii

    Figura 15 Servios do LAS no barramento H1 (FOUNDATION FIELDBUS, 2003) .......58

    Figura 16 (a) Topologia Single Link e (b) Topologia Bridged Network .............................59

    Figura 17 Malhas de controle na camada de aplicao do usurio (FOUNDATION

    FIELDBUS, 2003)...............................................................................................60

    Figura 18 Exemplo do escalonamento pr-run-time de Almeida (1990) ............................71

    Figura 19 Algoritmo de escalonamento pr-run-time, segundo Henriques (2005).............78

    Figura 20 Descrio do algoritmo de escalonamento run-time de Henriques (2005) .........79

    Figura 21 Estratgia de controle simples e composta (Henriques, 2000) ...........................81

    Figura 22 Criar um projeto no Configurador SYSCON......................................................85

    Figura 23 Criao de um novo processo .............................................................................85

    Figura 24 Processo criado ...................................................................................................85

    Figura 25 Expandir a tela do processo.................................................................................86

    Figura 26 Criao no novo mdulo para, a seguir, acessar o ambiente da estratgia .........86

    Figura 27 Incio do ambiente de configurao de estratgia para os diagramas de bloco ..86

    Figura 28 Insero do equipamento de campo juntamente com o bloco.............................87

    Figura 29 - Diagrama da lgica do bloco de controle PID (Proporcional Integral Derivativo)

    e suas entradas e sadas........................................................................................88

    Figura 30 Estratgia de controle..........................................................................................89

    Figura 31 Gerao do arquivo XML ...................................................................................89

    Figura 32 Exemplo de um cdigo em HTML com a utilizao de tags..............................91

    Figura 33 Exemplo de um cdigo em XML com utilizao de tags...................................92

    Figura 34 Exemplo do cdigo do arquivo XML gerado no SYSCON................................92

    Figura 35 Informaes do arquivo XML armazenadas na tabela de escalonamento ..........95

    Figura 36 Fluxograma do algoritmo FFSMART.................................................................97

    Figura 37 Tabela de resultados do escalonamento das mensagens .....................................98

  • LISTA DE FIGURAS xiii

    Figura 38 Estratgia do controle de temperatura...............................................................100

    Figura 39 Estratgia de blocos configurada no SYSCON para o experimento 1..............101

    Figura 40 Tabela de informaes da configurao do experimento 1...............................102

    Figura 41 Tabela de resultados do escalonamento do experimento 1 ...............................102

    Figura 42 Grfico do escalonamento para o experimento 1..............................................102

    Figura 43 Anlise e otimizao do resultado do algoritmo FFSMART para o experimento 1

    ...........................................................................................................................105

    Figura 44 Duplo Limite Cruzado para controlar a temperatura de um forno industrial 106

    Figura 45 Estratgia de blocos configurada no SYSCON do experimento 2....................108

    Figura 46 Tabela de informaes da configurao do experimento 2...............................109

    Figura 47 Tabela de resultados do escalonamento do experimento 2 ...............................109

    Figura 48 Grfico do Escalonamento para o experimento 2 .............................................110

    Figura 49 Anlise e otimizao do resultado do algoritmo FFSMART para o experimento 2

    ...........................................................................................................................112

    Figura 50 Estratgia de blocos configurada no SYSCON para o experimento 3..............114

    Figura 51 Tabela de informaes da configurao do experimento 3...............................115

    Figura 52 Tabela de resultados do escalonamento do experimento 3 ...............................115

    Figura 53 Grfico do escalonamento para o experimento 3..............................................116

    Figura 54 Anlise e otimizao do resultado do algoritmo FFSMART para o experimento 3

    ...........................................................................................................................119

  • LISTA DE TABELAS xv

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 Evoluo das tecnologias no mercado de instrumentao (Scott e Buchanan, 2000)

    .............................................................................................................................37

    Tabela 2 Dispositivos e Blocos Funcionais da SMAR utilizados no experimento 1 ........101

    Tabela 3 Dispositivos e Blocos Funcionais da SMAR utilizados no experimento 2 ........107

    Tabela 4 Dispositivos e Blocos Funcionais da SMAR utilizados no experimento 3 ........112

  • LISTA DE SIGLAS

    xvii

    LISTA DE SIGLAS

    AI Analog Input

    AO Analog Output

    APD Application Process Directory

    CD Compel Data

    CSMA/CD Carrier Sense Multiple Access with Collision Detection

    DCS Distributed Control Systems

    DD Device Descriptions

    DDC Direct Digital Control

    DDS Deadline Driven Scheduler

    DLL Data Link Layer

    DM Deadline Monotonic

    DT Data Transfer

    DTD Document Type Definition

    EDF Earliest Deadline First

    EDFM Earliest Deadline First Multicycle

    EDS Earliest Deadline Scheduler

    ERF Earliest Release First

    FAS Fieldbus Access Sublayer Subcamada e Acesso Fieldbus

    FB Function Block / Bloco Funcional

    FBAP Function Block Application Process

  • LISTA DE SIGLAS

    xviii

    FCS Field Control Systems

    FMS Fieldbus Message Specification Subcamada de Especificao de

    Mensagem Fieldbus

    HSE High Speed Ethernet

    HTML Hypertext Markup Language

    I/O Input / Output

    ISO/OSI International Organization for Standardization / Open System

    Interconection

    LAS Link Active Scheduler

    LLC Logical Link Control

    LLF Least Laxity First

    LST Least Slack Time

    MA Macrociclo

    MAC Medium Access Control

    MoPS Monocycle Polling Scheduling

    ms Milisegundos

    MuPS Multicycle Polling Scheduling

    OD Object Dictionary - Dicionrio de Objeto

    OSI Open System Interconection

    PID Proporcional Integral Derivativo Controlador de ao Proporcional

    Integral Derivativa

    PLC Programmable Logical Controller

    PN Probe Node

    PT Pass Token

    RM Rate Monotonic

  • LISTA DE SIGLAS

    xix

    RMM Rate Monotonic Multicycle

    s Segundos

    SISO Single Input, Single Output

    TD Time Distribution

    VB Visual Basic

    VCR Virtual Communication Relationship

    VFD Virtual Field Device

    XML EXtensible Markup Language

  • RESUMO xxi

    RESUMO

    CICILLINI, D. A. (2007). Desenvolvimento de um Algoritmo de Escalonamento para Rede

    FOUNDATION FIELDBUS. Dissertao (Mestrado) Escola de Engenharia de So Carlos,

    Universidade de So Paulo, So Carlos, 2007.

    Este trabalho apresenta e implementa um algoritmo de escalonamento para a tecnologia

    FOUNDATION FIELDBUS. O algoritmo denominado FFSMART escalona as mensagens de

    comunicao cclica ou peridica entre os dispositivos de campo que esto no barramento

    fieldbus. Trate-se de um algoritmo de escalonamento pr-run-time, que permite atender s

    restries de precedncia dos blocos funcionais, personalizando e otimizando o uso dos

    recursos do sistema.

    O algoritmo foi implementado na linguagem de programao Visual Basic e sua validao

    ocorreu em um ambiente real de aplicao atravs de estratgias de configurao, cujos

    resultados foram satisfatrios.

    Palavras-chave: automao industrial, rede fieldbus, protocolo FOUNDATION FIELDBUS,

    algoritmo de escalonamento.

  • ABSTRACT xxiii

    ABSTRACT

    CICILLINI, D. A. (2007). Desenvolvimento de um Algoritmo de Escalonamento para Rede

    FOUNDATION FIELDBUS. Dissertation (Masters Degree) So Carlos School of

    Engineering, University of So Paulo, So Carlos, 2007.

    This dissertation presents and implements a scheduling algorithm for the FOUNDATION

    FIELDBUS technology. The algorithm named FFSMART schedules cyclic or periodic

    communication messages among field devices connected to a fieldbus. The FFSMART is a

    pre-runtime scheduling algorithm, which allows meeting the restrictions of precedence from

    function blocks, customizing and optimizing the use of the system resources.

    The algorithm was implemented using the Visual Basic programming language and validated

    in a real application environment using configuration strategies, and the results were

    satisfactory.

    Keywords: industrial automation, fieldbus networks, FOUNDATION FIELDBUS protocol,

    scheduling algorithm.

  • INTRODUO 25

    1 INTRODUO

    O avano tecnolgico no setor industrial trouxe novas tcnicas de controle para os

    sistemas distribudos, tcnicas essas que alcanaram um nvel considervel de

    desenvolvimento na tecnologia de cho de fbrica, cuja comunicao analgica, substituda

    pelo protocolo de comunicao digital, conhecida como fieldbus.

    O sistema fieldbus pode ser definido como:

    [...] um sistema distribudo composto por dispositivos de campo e equipamentos de controle e de monitoramento integrados em um ambiente fsico de uma planta ou uma fbrica. Os dispositivos do fieldbus trabalham em conjunto para realizar I/O e controle em operaes e processos automticos. (FIELDBUS FOUNDATION, 1999a, p.1).

    Segundo Thomesse (1998), o fieldbus uma rede para conexo de dispositivos de

    campo, tais como, sensores, atuadores, controladores de campo como PLCs (Programable

    Logical Controller), reguladores, controladores de percursos e etc.... J para Tanembaum

    (1997), um sistema de comunicao em tempo real, que se baseia na estrutura de camadas

    do modelo OSI (Open System Interconection).

    Com estrutura semelhante s camadas de redes do modelo ISO/OSI (International

    Organization for Standardization/ Open System Interconection), o protocolo fieldbus utiliza

    apenas trs camadas: a fsica, de enlace e de aplicao, e ao contemplar a norma IEC 61158,

    eliminou servios como: os de correio eletrnico, mapeamento de servidores, roteamento de

  • INTRODUO 26

    mensagens e outros, por no lhe serem teis; essa eliminao agiliza o processo de

    comunicao, deixando-o mais rpido.

    De forma amplamente difundida na literatura, a introduo da comunicao digital,

    encontrada na grande maioria dos sistemas fieldbus, bem como suas conseqncias diretas

    apresentam vantagens descritas de modo resumido nos pargrafos que se seguem.

    De acordo com Henriques (2005), com a transmisso digital pode-se ter entre os

    dispositivos uma quantidade de informao trafegando no meio de comunicao, devido a

    uma multiplexao no tempo de transmisses entre os dispositivos, valida os dados que esto

    sendo transmitidos e ainda minimiza as distores e possveis variaes indesejveis do sinal.

    Em relao aos custos de instalao de um sistema de controle distribudo, observou-

    se reduo dos mesmos, como tambm da complexidade relacionada fiao e hardware

    frente tecnologia convencional, como exemplo, o uso de PLC em determinadas aplicaes

    (Cavalieri, 1998).

    As funes de controle, aquisio (entrada) e atuao (sada) em processos ou plantas

    industriais so distribudas nos dispositivos, permitindo reduo da carga de processamento

    da sala de controle. Devido distribuio de processamento, a sala de controle pode ficar

    integralmente responsvel pelas atividades de superviso, manuteno, gerenciamento e

    operao do sistema (Henriques, 2005), o que possibilita alto grau de compartilhamento de

    recursos no s para melhorar o aproveitamento dos recursos instalados, como tambm para

    simplificar as execues de manuteno e documentao do sistema (Cavalieri, 1998).

    A arquitetura fieldbus, no entanto, no apresenta somente vantagens, mas tambm

    dificuldades ou desvantagens, que merecem citao:

  • INTRODUO 27

    Maior preocupao com o gerenciamento do trfego produzido pelos dispositivos,

    devido necessidade da serializao do trfego de informaes produzida pelos

    dispositivos no barramento de comunicao (Cavalieri, 1998);

    A distribuio de recursos no fieldbus pode levar perda do sincronismo existente

    entre os dispositivos, gerando, assim, a necessidade da existncia de uma

    coordenao entre os mesmos para garantir a coerncia de tempo (Senz e

    Thomesse, 1995);

    A complexidade para a garantia das restries temporais do sistema (Henriques,

    2005);

    Exigncia de maior complexidade no software de configurao de aplicaes, pois

    este deve possibilitar que os dispositivos trabalhem de forma cooperada e

    autnoma em uma arquitetura distribuda (Henriques, 2005).

    Em oposio aos claros benefcios e avanos alcanados com o desenvolvimento de

    sistemas fieldbus eficazes, talvez a maior desvantagem deste tipo de sistema seja sua prpria

    concepo baseada em barramentos de dados fato, que caracteriza todo fieldbus como um

    gargalo de comunicao, uma vez que um nico canal de comunicao compartilhado por

    todos os dispositivos e deve ser utilizado tanto para a transmisso de variveis crticas de

    processo, informao de baixa prioridade e como tambm de monitoramento. Este

    compartilhamento do canal de comunicao, teoricamente, pode ocasionar um

    congestionamento na transmisso das mensagens e tarefas, causando atrasos na comunicao

    (Brando, 2005).

    Para sanar esta desvantagem, utilizam-se tcnicas de escalonamento que atuam na rede

    como um agendamento das mensagens e tarefas a serem enviadas, de maneira a melhorar a

  • INTRODUO 28

    transmisso e diminuir o congestionamento, mas respeitando sempre as prioridades de envio

    das mensagens.

    Em sistemas distribudos, o escalonamento aplicado tanto na atribuio como na

    distribuio fsica e temporal de tarefas em recursos. Escalonar tarefas em um dispositivo ou

    equipamento significa organizar em seqncia seus processamentos; da mesma forma, pode-

    se entender o escalonamento de mensagens como o seu seqenciamento no barramento.

    Zweben e Fox (1994) assim definem o escalonamento:

    A seleo entre planos alternativos alocando recursos e atividades em cada instante de tempo, tal que esta designao obedea s restries temporais das atividades e as limitaes de capacidade de um conjunto de recursos compartilhados.

    De acordo com Pinedo (1995), a atividade de escalonamento objetiva alocar uma

    quantidade de recursos limitada para execuo de uma tarefa no decorrer do tempo, de tal

    forma que um ou mais objetivos possam ser alcanados.

    Pesquisas sobre o tema tm uma viso algortmica e tambm apresentam frmulas

    com estimativas para a soluo do problema, como as de Xu & Parnas (1990); Xu & Lau

    (1997); Franco (1998), Henriques (2005) e SMAR EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS

    (2007e).

    Em um sistema de controle distribudo em tempo real, as tcnicas de escalonamento

    voltam-se para o atendimento dos requisitos temporais, restries e ainda para alcanar os

    objetivos propostos, como ocorre nos mtodos de escalonamento, mas no se envolvem

    diretamente com uma base de tempo.

    Zweben e Fox (1994) definem escalonamento de produo como: a seleo de

    seqenciamento de atividades tais, que elas possam alcanar um ou mais objetivos e satisfazer

    um conjunto dominante de restries.

  • INTRODUO 29

    A localizao de cada tarefa, na maioria dos sistemas fieldbus, definida pelo usurio

    no momento do projeto ou da configurao do sistema de controle. Em grande parte dos casos

    esta definio baseia-se no tipo de malha de controle utilizado nos dispositivos livres e nas

    recomendaes de segurana do sistema, isto , nas condies seguras de funcionamento em

    caso de falha (Verhappen e Pereira, 2002).

    Os algoritmos de escalonamento, em geral, so empregados na resoluo das questes

    relativas execuo de cada tarefa ou mensagem, e se baseiam na configurao fsica e em

    restries lgicas e temporais dos dispositivos e dos elementos de controle.

    Os itens adiante so de extrema importncia para a compreenso da funcionalidade de

    algoritmos no escalonamento de mensagens, bem como de suas tarefas (Cardeira e Mammeri,

    1995).

    A. Aspectos temporais

    Os aspectos temporais caracterizam-se pelo instante de disparo, tempo de execuo e

    tempo mximo de execuo, como descritos a seguir:

    Instante de disparo: antes dele impossvel comear uma tarefa ou mensagem.

    Tempo de execuo: prazo necessrio para que uma tarefa ou mensagem seja

    executada sem interrupes.

    Tempo mximo de execuo: intervalo mximo de tempo entre o incio e o final da

    execuo de uma tarefa ou mensagem.

    B. Prioridades

    Para iniciar o escalonamento das tarefas e mensagens, deve-se sempre levar em

    considerao a prioridade das mesmas, que se divide em dois conjuntos: prioridade de tarefas

    e de mensagens.

  • INTRODUO 30

    Na primeira, as tarefas podem ser associadas de forma dinmica ou esttica, pelo

    prprio escalonador; j no caso das mensagens, a prioridade definida pela aplicao.

    C. Preempo

    Preempo o ato de interromper uma tarefa que est sendo executada para execuo

    de uma segunda; somente aps o trmino da execuo da segunda, que se retorna a execuo

    da primeira. Escalonadores de tarefas preemptivos tm melhor desempenho que os no-

    preemptivos, apesar destes ltimos serem usados na grande maioria dos casos, em razo de

    serem mais simples.

    D. Variao do tempo de execuo das tarefas

    Para um nmero grande de escalonadores de tarefas, estas tm um tempo de execuo

    finito, enquanto para os escalonadores de mensagens a condio de finitude sempre

    verdadeira, pois toda mensagem tem um nmero finito de bytes.

    E. Restries de precedncia

    No caso de duas tarefas, h restrio de precedncia, isto , a execuo de uma est

    condicionada ao trmino da execuo de outra; tambm com as mensagens pode haver

    restries de precedncia.

    F. Restries de recurso

    Uma tarefa pode necessitar de mltiplos recursos para ser executada, tais como:

    processador, memria, portas de I/O, porm a indisponibilidade de um deles impede a sua

    execuo. Do mesmo modo, a transmisso de mensagens pode utilizar mais de um barramento

  • INTRODUO 31

    (recurso) de comunicao, e caso isso ocorra, a transmisso de outras mensagens,

    ocasionalmente, em outros barramentos sofre bloqueio.

    G. Escalonamento on-line e off-line

    O escalonamento on-line processado sempre que se requisitar a execuo de uma

    tarefa; mais adequado no caso de tarefas ou mensagens aperidicas. J o off-line define a

    tabela de escalonamento das tarefas no sistema antes do incio da operao, sendo mais

    utilizado quando tarefas ou mensagens so peridicas.

    H. Critrios de otimizao

    A qualidade do resultado de um algoritmo de escalonamento importante para

    garantir o atendimento de requisitos temporais de um sistema. Alguns algoritmos podem ser

    otimizados em funo de certos critrios, como descrito a seguir:

    Minimizar o comprimento da tabela de escalonamento, isto , o perodo de tempo

    compreendido entre o incio da execuo da primeira tarefa ou mensagem e o

    trmino da execuo da ltima.

    Equilbrio de carga: em redes com mltiplos barramentos, significa distribuir

    equilibradamente o trfego de mensagens dentre os diversos barramentos.

    Minimizar o nmero de tarefas que no atendem a seus prprios requisitos

    temporais.

    I. Escalonamento de malhas de controle distribudas em sistemas

    FOUNDATION FIELDBUS

    No protocolo FOUNDATION FIELDBUS, o escalonamento adotado o do tipo off-

    line, realizado pelo software configurador de redes de campo, no qual os elementos (tarefas)

  • INTRODUO 32

    so alocados, escalonados e representados numa tabela de execuo temporal (schedule table)

    assim que o usurio configura a malha de controle. Os elementos manipulados nesse tipo de

    escalonamento localizam-se no nvel mais alto das camadas do protocolo FOUNDATION

    FIELDBUS, tambm chamado de camada do usurio (user layer) (Figura 1).

    Figura 1 Representao da estrutura em camadas do protocolo FOUNDATION FIELDBUS

    As malhas de controle distribudas em sistema FOUNDATION FIELDBUS

    configuram-se por meio de elementos denominados blocos funcionais, que nada mais so que

    softwares residentes nos dispositivos da rede. Estes blocos funcionais encapsulam funes e

    algoritmos bsicos de automao e controle de processos, cujo tempo de execuo finito e

    previamente determinado. Distribudos entre os transmissores, os blocos funcionais tm suas

    variveis de entrada e sada conectadas a outros blocos, de forma a estabelecerem malhas de

    controle. Quando se conectam blocos funcionais de dispositivos distintos, estabelece-se e

    mapeia-se remotamente a uma mensagem peridica do sistema.

    Camada Fsica

    Camada de Enlace

    Subcamada de Acesso

    Subcamada de Mensagem

    Camada do Usurio

  • INTRODUO 33

    OUT

    OUT

    CAS_IN

    BKCAL_IN

    BKCAL_OUT

    Conexo Remota

    IN

    Uma malha de controle SISO (Single Input, Single Output) com algoritmo PID

    (Proporcional Integral Derivativa), como ilustra a Figura 2, pode ser conectada a trs blocos

    funcionais: Entrada Analgica (AI); Controlador PID; Sada Analgica (AO), conexo remota

    que estabelecida entre os parmetros OUT do bloco TT1-AI-1 (Transmissor de

    Temperatura) e o parmetro IN do bloco FI1-PID-1 (Posicionador de Vlvula), ambos

    situados em transmissores distintos.

    Figura 2 Exemplo de malha de controle distribuda

    Considerando que todas as mensagens peridicas devem ser enviadas em instantes

    predeterminados, j que carregam dados gerados por blocos funcionais, recomenda-se que a

    seqncia temporal de execuo dos blocos funcionais e das suas conexes remotas sejam

    relacionadas ao instante de envio das mensagens peridicas. Tal seqncia de execuo

    TT1-

    AI-1

    Transmissor

    De

    Temperatura

    FI1-

    PID-1

    FI1-

    AO-1

    Posicionador de Vlvula

  • INTRODUO 34

    definida por um algoritmo escalonador off-line, no-preemptivo, cujas restries de recurso

    devem ser observadas. O algoritmo pode ou no levar em conta as restries de precedncia

    entre blocos funcionais e suas conexes remotas; como resultado dessa operao obtm-se

    uma tabela de escalonamento com instantes de disparo de cada bloco funcional e suas

    conexes remotas.

    O acesso ao meio fsico no protocolo FOUNDATION FIELDBUS realizado por

    meio de algoritmos da camada de enlace e dividido em duas formas distintas, sendo que cada

    uma delas caracteriza uma banda ou fase de comunicao (Berge, 2002).

    As duas bandas de comunicao so complementares e compartilham um nico

    barramento: a primeira banda, destina-se transmisso de mensagens peridicas ou cclicas

    referentes as conexes remotas entre blocos funcionais; a segunda, fica reservada

    transmisso de mensagens aperidicas ou acclicas, na qual incluem-se as mensagens de

    manuteno e gerncia das estruturas do protocolo. Estas bandas alternam-se no barramento

    de dados de forma contnua e repetitiva, originando ciclos de perodos constantes,

    denominados macrociclos ou ciclos de comunicao (Figura 3).

    Figura 3 Comunicao em macrociclos

    O perodo do macrociclo em aplicaes industriais tpicas est entre alguns

    milisegundos (ms) e segundos (s), como tambm em outros sistemas fieldbus utilizados no

    1- Macrociclo

    Fase Sncrona Fase Assncrona

  • INTRODUO 35

    controle de processos em tempo real; tambm determina a taxa de controle das malhas

    distribudas em operao na rede.

    Para a resoluo do congestionamento e conseqentemente do atraso em rede fieldbus,

    os algoritmos de escalonamento levam em considerao a integrao entre os blocos

    funcionais, as restries e as precedncias das mensagens a serem transmitidas.

    Como a linha de pesquisa sobre o assunto vasta e as opinies diversas, surgiu, ento,

    a motivao do estudo deste tema aqui apresentado, acreditando que o seu desenvolvimento

    muito contribuir para a cincia e para rea de automao industrial.

    1.1 OBJETIVOS

    Os objetivos deste trabalho so:

    1. Projetar e implementar um algoritmo de escalonamento para o protocolo

    FOUNDATION FIELDBUS, com base na estratgia de aplicao configurada pelo software

    SYSCON, pertencente indstria SMAR EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS LTDA, visando

    a otimizao do perodo do macrociclo para as mensagens cclicas e o tempo de execuo do

    processo.

    2. Coletar os dados configurados na planta de processo industrial e gerar uma

    tabela com base nos elementos desta planta, destacando as prioridades dos blocos funcionais e

    das mensagens a serem transmitidas, com o fim de realizar o seu escalonamento.

    3. Analisar os dados validao e aos resultados do algoritmo comparando-os e

    observar o macrociclo do processo e o tempo de execuo de cada bloco, assim como as

    respectivas mensagens a partir do algoritmo de escalonamento denominado FFSMART.

  • INTRODUO 36

    1.2 ORGANIZAO DO TRABALHO

    O presente trabalho est dividido em captulos. No primeiro est o desenvolvimento da

    introduo; seguindo o Captulo 2 destaca o protocolo FOUNDATION FIELDBUS e suas

    funcionalidades; o Captulo 3 apresenta a Reviso Bibliogrfica, com a teoria sobre

    Escalonamento e a fonte motivadora para o estudo deste tema. O Captulo 4 contempla o

    desenvolvimento do trabalho, a implementao e as funcionalidades do algoritmo de

    escalonamento proposto; o Captulo 5 traz os ensaios de campos e seus respectivos resultados,

    e, por fim, o Captulo 6 apresenta as discusses e as concluses.

  • FOUNDATION FIELDBUS 37

    2 FOUNDATION FIELDBUS

    2.1 INTRODUO

    A evoluo das interfaces de instrumentao iniciou-se a partir dos transmissores de 3-

    15 psi, passando pelas interfaces analgicas de 4-20 mA at chegar a tecnologia fieldbus

    (Scott e Buchanan, 2000). A Tabela 1 evidencia a evoluo das tecnologias no mercado de

    instrumentao, no decorrer dos anos.

    Tabela 1 Evoluo das tecnologias no mercado de instrumentao (Scott e Buchanan, 2000) ANO TECNOLOGIA

    1960 3-15 Psi 1970 4-20 mA analgico 1980 Serial Links 1990 Fieldbus

    Para Regh, Swain e Yangula (1999), a arquitetura de controle dos processos industriais

    evoluiu a partir do Direct Digital Control (DDC) em 1962, passou pelos controladores lgico-

    programveis (Programmable Logic Controllers PLC) cuja origem data de 1970; estes

    foram seguidos pelo Sistema de Controle Distribudo SCD (Distributed Control Systems

    DCS), em 1976, e deram origem ao Sistema de Controle Fieldbus SCF (Field Control

  • FOUNDATION FIELDBUS 38

    Systems FCS), no ano de 1994. A Figura 4 representa o deslocamento das atividades de

    controle para os dispositivos em cho de fbrica.

    O protocolo fieldbus surgiu na dcada de 90, dada a necessidade do mercado ter acesso

    a um protocolo que funcionasse de maneira totalmente digital, uma vez que os transmissores

    inteligentes j faziam uso desta nova tcnica, a tecnologia digital. Assim, o Fieldbus de posse

    desta caracterstica digital, pde transmitir dados serialmente atravs do meio de comunicao

    ou barramento e ainda possibilitar uma comunicao bidirecional (IEC, 2005).

    Figura 4 Arquitetura de controle (Regh, Swain e Yangula, 1999)

    De acordo com a norma IEC (2005), a comunicao no fieldbus digital e os servios

    prestados pelo protocolo de comunicao deste sistema, quando bem elaborados, permitem

    melhor explorao do meio de comunicao, favorecendo que quantidade maior de

  • FOUNDATION FIELDBUS 39

    informaes trafeguem no barramento atravs do compartilhamento das informaes

    transmitidas em ambas as direes, pelos dispositivos de campo.

    Fieldbus essencialmente uma arquitetura de comunicao de dados, plenamente

    adequada para instalao em ambientes agressivos, uma vez que propicia medies e controle

    em ambientes de cho de fbrica (IEC, 2005). uma rede local utilizada tanto na indstria de

    automao de processos como de manufatura; favorece a distribuio da aplicao de controle

    nos dispositivos desta mesma rede, e ainda que as atividades de medio e controle de

    processos sejam efetuadas automaticamente pelos dispositivos sem qualquer interveno

    humana, monitoradas e, se necessrio, controladas remotamente (Thomesse, 1998).

    O Fieldbus um sistema de comunicao em tempo real, cuja configurao de

    protocolo de rede baseia-se no modelo ISO/OSI.

    Neste trabalho, buscou-se evidenciar a camada de aplicao do usurio, responsvel

    pelo trfego de comunicao, e o escalonamento das mensagens no barramento

    FOUNDATION FIELDBUS.

    2.2 PROTOCOLO FOUNDATION FIELDBUS

    O FOUNDATION FIELDBUS um dos protocolos que adotou a tecnologia digital,

    como tambm todos os padres do fieldbus, descritos na introduo deste captulo. O

    protocolo FOUNDATION FIELDBUS, alm das camadas existentes, apresenta a camada do

    usurio, baseada em processos de aplicao de blocos funcionais; est situada

    hierarquicamente acima das camadas de rede, que compem o chamado stack (pilha) de

    comunicao (Figura 5).

  • FOUNDATION FIELDBUS 40

    O que so blocos funcionais? So mdulos de programas que desempenham funes

    de controle, aquisio e atuao; eles requerem uma maior interao entre si, para que, atravs

    da troca de dados, seja possvel controlar o sistema (FIELDBUS FOUNDATION, 1999b).

    Figura 5 Estrutura em camadas do protocolo FOUNDATION FIELDBUS

    O FOUNDATION FIELDBUS um protocolo de comunicao, com funcionalidades

    caracterizadas pelo fluxo de mensagens presente em um canal de comunicao, o stack ou

    barramento, que visa atender demanda com troca de informaes entre os dispositivos ativos

    na rede informaes provenientes tanto das estruturas das camadas de rede como das

    estruturas e funes da camada do usurio (Figura 5).

    Com a utilizao do protocolo FOUNDATION FIELDBUS, as necessidades do usurio final tm evoludo. Neste sentido almejam-se algumas melhorias, como proposto por Thomesse (1998):

    O maior requisito a ser alcanado a confiabilidade, pois o medo de se perder o controle em casos de falha grande. O sistema deve ser

    Camada de Aplicao

    Camada de Enlace

    Camada de Fsica

    Camada do Usurio

    Stack de Comunicao

    MMooddeelloo ddee PPrroottooccoolloo

    FFiieellddbbuuss MMooddeelloo ddee CCaammaaddaass FFoonnddaattiioonn FFiieellddbbuuss

    Camada de Aplicao

    Camada de Enlace

    Camada de Fsica

  • FOUNDATION FIELDBUS 41

    confivel, permitindo-se uma maior segurana e disponibilidade do sistema.

    2.2.1 BLOCO FUNCIONAL

    A camada de aplicao do usurio composta por blocos, representados por diferentes

    tipos de aplicao e funo, da o nome de bloco funcional (Figura 6).

    Figura 6 Tipos de blocos da camada de aplicao do usurio (FOUNDATION FIELDBUS, 2003)

    A norma define os blocos funcionais como elementos de software que modelam

    algoritmos paramtricos, os quais transformam os parmetros de entrada nos de sada

    (FIELDBUS FOUNDATION, 1999b).

    O protocolo FOUDANTION FIELDBUS realiza o controle do processo de modo

    distribudo, permitindo que cada bloco funcional que compe a aplicao seja executado

    localmente nos dispositivos ou equipamentos de campo. A comunicao entre estes blocos

  • FOUNDATION FIELDBUS 42

    funcionais realizada por um barramento de comunicao compartilhado entre os dispositivos

    de campo; por meio de transferncias de mensagens, os buffers de dados de entrada e sada de

    cada bloco funcional sero utilizados no decorrer do tempo (Zhou e Yu, 2002).

    Os tipos de blocos usados na camada de aplicao do usurio esto descritos na Figura

    7; no caso, os dispositivos so configurados com uso dos blocos Resource e Transducer

    (FIELDBUS FOUNDATION, 2003).

    Os blocos funcionais processam parmetros de entrada em funo da sua

    configurao, e assim geram sadas que podem ser utilizadas por outros blocos. A norma os

    classifica em:

    Blocos de entrada: acessam medidas fsicas e assim mantm comunicao com

    blocos transdutores de entrada por meio de canais. Tais medidas so convertidas,

    linearizadas e disponibilizadas para outros blocos funcionais pelos parmetros de

    sada;

    Blocos de sada: estes acionam blocos transdutores de sada pelos canais, a partir

    de um valor recebido pelos links estabelecidos com outros blocos nos seus

    parmetros de entrada;

    Blocos de controle: realizam clculos com parmetros de blocos de entrada e

    enviam parmetros para outros blocos de controle ou de sada;

    Blocos de clculo: desenvolvem clculos matemticos sobre parmetros de

    entrada, para gerarem parmetros de sada.

  • FOUNDATION FIELDBUS 43

    Figura 7 Tipos de blocos funcionais (FOUNDATION FIELDBUS, 2003)

    Para construo do controle da estratgia de aplicao, utilizam-se os blocos

    funcionais. O desempenho de uma aplicao condiz com a execuo precisa dos blocos

    funcionais em determinado perodo que, se respeitado garante a consistncia temporal da

    aplicao. A complexidade da aplicao relaciona-se ao arranjo de blocos funcionais e suas

    ligaes lgicas, que impem os limites de tempo ao sistema.

    Para que um ou mais objetivos possam ser alcanados, todas as restries devem ser

    satisfeitas, com a adoo de propostas que visem a soluo dos problemas de escalonamento,

    uma vez que o escalonamento de cada bloco de funo deve ser executado de maneira precisa.

    O escalonamento caracteriza no tempo qual bloco funcional ser executado num

    dispositivo ou equipamento especfico e quais mensagens sero transmitidas atravs do

    barramento. As mensagens transmitidas no instante de tempo afetam e so afetadas pelos

    blocos funcionais executados nos dispositivos de campo j configurados.

    A comunicao de blocos funcionais ocorre quando se estabelece ligao lgica entre

    um parmetro de sada de um bloco e um parmetro de entrada de um outro bloco, ligao

    que pode ser local, estabelecida entre blocos de um mesmo dispositivo, ou remotamente, entre

    blocos de dispositivos distintos (BRANDO, 2005).

  • FOUNDATION FIELDBUS 44

    No protocolo FOUDATION FIELDBUS, os blocos funcionais so de extrema

    importncia, pois seu bom funcionamento favorece melhor desempenho da aplicao fator

    que garante consistncia temporal na execuo das tarefas.

    O bloco resource ou de recurso (Figura 7), denominado bloco funcional, tem em sua

    configurao a descrio das caractersticas de hardware do dispositivo ou equipamento de

    campo. J o bloco de recurso possui um algoritmo que utilizado para monitorar o estado de

    operao do hardware e indicar possveis alarmes neste aspecto. A execuo do bloco de

    recurso no escalonada, portanto ele no possui parmetros de entrada ou de sada; tal

    execuo segue as regras definidas pelo fabricante.

    O bloco transducer ou bloco transdutor (Figura 7) um bloco funcional e fica entre os

    blocos de I/O e o hardware de I/O. Como seu prprio nome diz, possui a funo de

    transformar e traduzir sinais fsicos em variveis e vice-versa, de isolar os blocos funcionais

    dos dispositivos e hardware especficos de I/O, como sensores, atuadores e chaves de cada

    dispositivo. Seus algoritmos internos controlam os dispositivos I/O, apresentam uma interface

    padronizada para os blocos funcionais e ainda realizam funes, como calibrao, filtragem

    de sinais e converso de dados. Estes blocos seguem definies da norma, embora tambm

    possam ser de um tipo particular, definido pelo fabricante.

    A comunicao entre os blocos transdutores e os funcionais de entrada ou de sada

    ocorre por meio de canais mapeados em parmetros CHANNEL, podendo um bloco

    transdutor ter vrios canais. Uma vantagem do isolamento do bloco funcional, em relao ao

    hardware, a possibilidade da execuo inexaurvel do bloco transdutor no processamento de

    um dado de boa qualidade sem prejuzo de sobrecarga para os blocos funcionais

    (BRANDO, 2005).

    A norma classifica os blocos transdutores em trs tipos:

    Input realizam a interface com sensores;

  • FOUNDATION FIELDBUS 45

    Output executam a interface com atuadores ou dispositivos de sada;

    Display operam dispositivos de interface local.

    A execuo dos blocos transdutores, assim como dos blocos de recurso, no possui

    parmetros de entrada ou sada, e sua execuo no comandada por escalonamento, mas,

    sim, definida pelo fabricante.

    2.2.2 TRFEGO DE COMUNICAO

    Para desenvolver seu trabalho de maneira confivel, o fieldbus utiliza servios que lhe

    garantam o atendimento das restries temporais; assim, uma aplicao do sistema fieldbus

    requer o tratamento de dois tipos de trfego de dados: o aperidico ou acclico e o peridico

    ou cclico (Thomesse, 1998).

    Segundo Thomesse (1998), as restries temporais so essenciais para a operao em

    tempo real do sistema, pois a no-garantia destas restries afeta o comportamento do mesmo.

    Para este autor as restries temporais mais importantes so: periodicidade, jitters, tempo de

    resposta do processo de aplicao, e diferente simultaneidade ou coerncia de tempo nas

    aes ou dados.

    Thomesse (1998) assim define as restries temporais:

    Periodicidade: tempo em que ocorre a transmisso de dados cclicos e que deve ser

    respeitado;

    Jitters: so variaes de tempo inseridas nas caractersticas temporais-padro do

    sistema. Os jitters tambm ocorrem quando o sistema est em atividade, destoando

    do valor de perodo especificado em tempo de projeto;

  • FOUNDATION FIELDBUS 46

    Tempo de resposta: aquele que est entre uma requisio e sua resposta;

    Coerncia de tempo: propriedade associada a dois ou mais eventos; indica, ainda,

    se tais eventos ocorreram dentro de uma janela de tempo definida. Este conceito

    utilizado para definir eventos simultneos.

    A literatura define como acesso ao meio fsico a etapa do processo de comunicao

    regulamentada pela norma de camada de enlace, cuja comunicao em um barramento de

    dados ocorre quando a mensagem for produzida e transmitida por um dispositivo, e tambm

    recebida e decodificada com sucesso por outro(s) dispositivo(s). Dentro do processo de

    comunicao, o dispositivo que produz e transmite a mensagem deve, para esse fim utilizar o

    barramento de dados durante o tempo necessrio para completar a transmisso da mensagem,

    sem entrar em conflito com outros dispositivos que porventura venham a utilizar o mesmo

    recurso, simultaneamente.

    No protocolo FOUNDATION FIELDBUS, a comunicao de troca de dados se d

    entre sensores e atuadores, controladores e atuadores, e tambm entre os prprios

    controladores. Os dados trocados entre estes elementos so definidos como trfego de dados

    identificados, pois suas caractersticas temporais so conhecidas antes do sistema entrar em

    atividade, ou seja, no estgio de especificao da aplicao (Figura 8). De modo a garantir o

    acesso ao meio fsico no protocolo FOUNDATION FIELDBUS, os itens de trfego de

    comunicao citados por Thomesse (1998) so realizados por algoritmos da camada de enlace

    e divididos em duas formas distintas, sendo que cada uma caracteriza uma banda, trfego, ou

    fase de comunicao.

  • FOUNDATION FIELDBUS 47

    Figura 8 Comunicao de troca de dados no protocolo FOUNDATION FIELDBUS

    Os trfegos de comunicao so complementares e compartilham um nico

    barramento: um destinado transmisso de mensagens determinsticas e peridicas ou

    cclicas de prioridade alta; o segundo trfego de comunicao, de prioridade inferior,

    reservado transmisso de mensagens aperidicas ou acclicas, na qual se incluem as

    mensagens de manuteno e gerncia das estruturas do protocolo. Estas fases, bandas ou

    trfegos denominam-se cclicos e acclicos, e podem ser definidos como:

    Trfego cclico ou peridico: quando h troca de dados entre entidades de baixo

    nvel (dispositivos de campo). As caractersticas dessa troca de dados ocorrem

    entre entradas e sadas dos algoritmos de controle que, transmitidos

    periodicamente, concedem a cada dado seu prprio perodo (Thomesse, 1998); tais

    dados so produzidos durante a troca de variveis de medida e controle, e

    geralmente so caracterizadas como crticas em relao ao tempo (Franco, 1998).

    Os Jitters podem ou no ser aceitos pelos protocolos, que devem possuir regras

    mais rgidas para respeitar uma periodicidade de tempo, sem a presena dos

    mesmos (Thomesse, 1998). Os sistemas que contm este tipo de trfego baseiam-

    se no estado do trfego, geralmente denominados de sistemas disparados por

    tempo.

    Sensores Atuadores Controladores

    Troca de

    Dados

    Troca de

    Dados

    Troca de

    Dados

    Trfego de Dados

  • FOUNDATION FIELDBUS 48

    Trfego acclico ou aperidico: composto por requisies feitas entre entidades de

    baixo nvel (dispositivos de campo) e entidades de nvel superior (sala de

    controle), expressa o modelo cliente-servidor. Neste caso, a transmisso de dados

    se d de maneira aperidica, com ocorrncia aleatria no tempo, podendo ser

    liberados por meio de algum evento no sistema. Estas requisies esto associadas

    aos sistemas disparados por evento.

    Os trfegos de comunicao citados alternam-se no barramento de dados de forma

    contnua e repetitiva, originando ciclos de perodos constantes, denominados macrociclos ou

    ciclos de comunicao, como se observa na Figura 3. O perodo do macrociclo do

    FOUNDATION FIELDBUS, em aplicaes industriais tpicas, est entre alguns milisegundos

    e segundos, como tambm em outros sistemas fieldbus utilizados para controle de processos

    em tempo real, ou seja, encontra-se profundamente atrelado taxa de controle das malhas

    distribudas em operao na rede (Figura 9).

    Figura 9 Macrociclos e o escalonamento no barramento (FOUNDATION FIELDBUS, 2003)

  • FOUNDATION FIELDBUS 49

    2.2.3 CAMADAS, GERENCIAMENTO E SERVIOS DE REDE

    A camada do modelo OSI, usada no protocolo FOUNDATION FIELDBUS, possui

    uma funcionalidade no gerenciamento e no servio de rede, e estas sero destacados a seguir.

    Como j foi descrito, o protocolo FOUNDATION FIELDBUS utiliza trs camadas das sete

    existentes no modelo ISO/ OSI, assim neste trabalho sero descritas as camadas de nvel 1,

    nvel 2, nvel 7 e a nvel 8, existente no fieldbus, definida pela IEC 61158 e conhecida como

    camada de aplicao do usurio (Figura 10).

    Figura 10 Camada do modelo OSI no FOUNDATION FIELDBUS (FOUNDATION FIELDBUS, 2003)

    A camada fsica ou nvel 1, segundo a norma IEC (2005), responsvel pela

    transmisso de bits, caractersticas, especificaes eltricas e mecnicas das interfaces e de

    dispositivo a serem instalados na rede.

  • FOUNDATION FIELDBUS 50

    A camada de enlace de dados ou nvel 2, tambm conhecida como DLL Data Link

    Layer no protocolo FOUNDATION FIELDBUS, dividida em duas subcamadas: MAC -

    Medium Access Control e o LLC Logical Link Control, assim definidas segundo Henriques

    (2005) como:

    MAC: localizado na subcamada inferior da DLL, responsvel pela poltica de

    acesso ao meio fsico, uma vez que a topologia adotada pelo protocolo do tipo

    barramento, usualmente utilizada tambm em sistemas industriais;

    LLC: localizado na subcamada da parte superior da DLL; seu objetivo definir

    alguns dos primeiros procedimentos de tolerncia falha do sistema, baseando-se

    na abertura e fechamento de conexes, fluxo de controle e gerenciamentos de

    erros; em outras palavras, diagnostica o que est acontecendo na rede.

    Como este trabalho estuda o escalonamento no protocolo FOUNDATION

    FIELDBUS, vlido destacar que a atividade de escalonamento de mensagem no fieldbus

    localiza-se na subcamada MAC, que possui como referencial a garantia de ocorrer

    deterministicamente o acesso ao meio fsico de comunicao, com destaque para MAC, a

    nica responsvel pela poltica de alocao de recursos compartilhados.

    Continuando, no nvel 7 situa-se a camada de aplicao, responsvel pelo mapeamento

    das caractersticas da camada de aplicao do usurio para a subcamada MAC.

    A camada de aplicao no FOUNDATION FIELDBUS se divide em duas

    subcamadas: FAS (Fieldbus Access Sublayer) e FMS (Fieldbus Message Specification), como

    exemplifica a Figura 11.

  • FOUNDATION FIELDBUS 51

    Figura 11 Diviso da camada de aplicao e funcionalidades das subcamadas FAS e FMS

    Como mostra a Figura 11, a subcamada FAS mapeia servios da FMS para a camada

    DLL e vice-versa; a FAS ainda facilita a comunicao dos servios da FMS com a DLL,

    atravs de atalhos simplificados. Os servios oferecidos pela FAS so realizados pela VCR

    (Virtual Communication Relationships), que se constitui num relacionamento de comunicao

    virtual configurado depois que o usurio define sua aplicao.

    J a subcamada FMS, apresentada na Figura 11, est localizada entre FAS e a camada

    da aplicao do usurio; a primeira subcamada possui a funcionalidade de formatar

    mensagens e especificar o protocolo necessrio para construo de mensagens da aplicao do

    usurio para as camadas inferiores, ou seja, formatar as mensagens de alto nvel para baixo

    nvel.

    A camada do usurio, nvel 8 como contempla a norma IEC 61158, presente no

    protocolo FOUNDATION FIELDBUS, a aquela que possui os blocos funcionais

    padronizados e DD (Device Descriptions).

    Mapeia Servios

    FAS FMS

    Subcamadas

    FMS

    Facilita a Comunicao entre FMS e DLL

    CAMADA DE APLICAO DO

    USURIO

    Comunicao

    Formata as Mensagens de alto nvel para o

    baixo nvel.

    DLL

    VCR

    CAMADA DE APLICAO

    NVEL 7

  • FOUNDATION FIELDBUS 52

    O device descriptions descreve as caractersticas dos parmetros e funes dos

    dispositivos de campo, permitindo que o host possa interoperar com os dispositivos sem que

    se efetue qualquer programao adicional.

    J os blocos funcionais, como citado, respondem pelo suporte de programao da

    aplicao, possibilitando que estratgias de controle sejam compreendidas e analisadas e

    ainda que as aplicaes complexas possam ser desenvolvidas.

    Neste trabalho, que prope um algoritmo de escalonamento para o protocolo

    FOUNDATION FIELDBUS, a subcamada MAC destaca-se a camada DLL, onde ocorre o

    escalonamento e o acesso das mensagens no barramento, ou seja, ao meio fsico.

    A subcamada MAC executa um servio de comunicao conhecido como LAS Link

    Active Scheduler, e sua responsabilidade garantir que somente um dispositivo de campo

    tenha acesso ao meio fsico de comunicao, pois como o acesso gerenciado pelo LAS, este

    impedir a coliso de dados na comunicao. O LAS, o mestre de comunicao da rede, tem a

    responsabilidade de controlar o acesso do dispositivo no barramento de comunicao, de

    modo que esse controle seja feito somente quando o dispositivo possuir o token. O token

    acessa o meio fsico autorizado pelo LAS que, baseado em prioridade, coordena as

    transmisses de dados aperidicos ou acclicos; o token pode ainda conter mensagens

    especficas como CD Compel Data, PT Pass Token, PN Probe Node, DT Data

    Transfer e TD Time Distribution, caracterizadas pelos tipos de servio usados no FAS, os

    quais esto apresentados a seguir.

    A norma evidencia a possibilidade de redundncia no dispositivo LAS, utilizando

    dispositivos do tipo link master ou mestre backup. Os mestres backups comportam-se

    como dispositivos bsicos (a definir), porm ao identificarem falha ou interrupo na

    atividade do LAS, assumem a funo do LAS sem causar danos ao processo de comunicao;

  • FOUNDATION FIELDBUS 53

    quanto aos demais dispositivos que na rede no possuem esta funcionalidade, so

    considerados escravos.

    De acordo com a norma IEC 61158-2, o LAS controla a comunicao no barramento

    mantendo o tempo de sincronismo atravs de uma lista atualizada de dispositivos chamada de

    live list, que nada mais que uma lista ativa dos dispositivos presentes na rede. A live list

    favorece o gerenciamento do trfego na rede e tambm d suporte redundncia de

    dispositivos e blocos funcionais.

    O LAS garante que as mensagens contidas no trfego peridico determinstico ou

    cclico sempre sero escalonadas e transmitidas, em conformidade com as restries de

    tempo, que so crticas.

    Para as mensagens aleatrias, como definio de setpoints, parmetros de

    configurao, diagnsticos etc, encontradas no trfego aperidico, acclico ou esttico, o LAS

    permite a sua transmisso conforme a disponibilidade de tempo no barramento de

    comunicao, desde que as aperidicas sejam enviadas nos intervalos vagos entre as

    transmisses cclicas.

    Zhou e Yu (2002) definem o LAS, como:

    Um mecanismo de acesso ao meio de comunicao centralizado, que de acordo com uma lista pr-definida de tempo de escalonamento controla todas as mensagens remotas entre diferentes dispositivos de campo no barramento.

    No trfego peridico ou cclico, o LAS trabalha com uma tabela de escalonamento

    para atender os dispositivos que tero permisso para atuar no barramento durante o

    macrociclo (release time). A cada macrociclo a tabela verificada e, nos instantes de

    transferncia de cada varivel, o LAS envia ao dispositivo responsvel uma mensagem do

    tipo Compel Data (CD), requisitando a publicao de varivel, ao que imediatamente, o

    dispositivo destinatrio do CD publica a varivel da camada do usurio no barramento,

    utilizando uma mensagem do tipo Data Transfer (DT). Caso o dispositivo no responda ao

  • FOUNDATION FIELDBUS 54

    CD imediatamente, o LAS aguarda um perodo de tempo configurado na varivel da camada

    de enlace antes de retransmitir o CD.

    O dispositivo com o CD o produtor dos dados que alimenta o buffer, enquanto os

    dispositivos configurados para receber os dados so chamados consumidores (Figura 12).

    Figura 12 Comunicao do LAS com o dispositivo ou equipamento atravs do compel data (FOUNDATION FIELDBUS, 2003)

    Na subcamada FAS a norma IEC 61158 prev que o trfego peridico, atravs do

    servio produtor consumidor, utilize a comunicao cclica ou escalonada de um endereo

    de origem para vrios endereos de destino da rede, a fim de estabelecer uma comunicao

    orientada conexo. Os dados transmitidos so sobrescritos nos buffers dos dispositivos,

    fazendo com que fique registrado na rede somente a ltima verso dos dados. J na

    subcamada do FMS, as operaes que adotam o servio so as atividades de envio de

    variveis entre blocos funcionais da aplicao de controle, os quais necessitam acessar o

    barramento.

  • FOUNDATION FIELDBUS 55

    Para o trfego aperidico ou acclico, o FAS disponibiliza dois tipos de servios, tendo

    cada um suas prprias caractersticas: o servio cliente-servidor e o servio de distribuio de

    relatrios.

    O servio caracterizado como cliente-servidor estabelece uma conexo entre um

    endereo de origem e um outro de destino, para o envio da mensagem. Somente os endereos

    permanentes da rede podem fazer uso do servio, assim a transmisso de dados se inicia

    quando a conexo se estabelece. Quanto ordem das mensagens transmitidas, fica

    armazenada para que se respeitem as prioridades entre as mesmas. Na camada de enlace, o

    LAS dispara um servio conhecido como Pass Token PT ao dispositivo na live list, o qual

    responder com a mensagem ou com uma requisio de uma mensagem para outro dispositivo

    (Figura 13). As operaes do FMS, que adotam o servio cliente consumidor, englobam as

    seguintes atividades:

    Configurao;

    Superviso;

    Upload/ Download de dispositivos;

    Read/ Write;

    Diagnstico remoto;

    Gerenciamento de alarme;

    Mudana de setpoints.

    No servio denominado de distribuio de relatrio, utiliza-se a comunicao acclica

    ou no-escalonada de um endereo de origem para vrios outros endereos de destino da rede.

    No existe o estabelecimento de uma conexo entre dispositivos de origem e destino para

    transmisso de mensagem como tambm no existe a confirmao da recepo da mensagem

    pelos dispositivos receptores, configurados na aplicao do usurio. Na camada de enlace, o

  • FOUNDATION FIELDBUS 56

    LAS dispara um PT e o dispositivo que possui um relatrio de evento ou de tendncia envia a

    referida mensagem para vrios endereos especificados pelo VCR. Imediatamente aps a

    transmisso da mensagem, os dispositivos configurados para receber o relatrio deste VCR

    armazenam as mensagens enfileirando-as sem sobrescrever as anteriores.

    Figura 13 LAS e o servio do pass token (FOUNDATION FIELDBUS, 2003)

    O protocolo FOUNDATION FIELDBUS mostra que toda comunicao deve ser

    sincronizada para que as restries temporais sejam atendidas. Na primeira inicializao do

    LAS, define-se o tempo zero do segmento, porm todos os outros links masters do segmento

    continuaro com o tempo de segmento que tinham no momento do evento de transferncia do

    LAS. Os dispositivos necessitam possuir a implementao de um timer, assim toda mensagem

    disparada pelo LAS deve ter uma sincronizao em intervalos pr-configurados, realizada

    atravs do servio Time Distribution TD, que contem 55 bits e tempo de mensagem para o

    fieldbus H1 (31, 25 kbps) de 1,7 ms.

  • FOUNDATION FIELDBUS 57

    Aps os settings das mensagens citadas, o LAS envia um Probe Node (PN) para

    configurar os endereos no-utilizados, quando o dispositivo consultado dever responder

    com o envio de Probe Response (PR); em seguida, o LAS envia um DT para que o dispositivo

    possa ser adicionado live list, e finalmente o LAS envia um Live List Update para informar

    aos outros links masters do segmento de comunicao que o dispositivo consultado foi

    adicionado.

    O funcionamento do algoritmo do LAS pode ser observado no fluxograma da Figura

    14, onde as mensagens especiais disparadas esto agrupadas segundo o tipo de trfego: cclico

    ou acclico.

    Figura 14 Fluxograma do algoritmo do LAS Link Active Schedule (IEC, 2005)

    Para Hong e Choi (2001), os dispositivos de campo geram dados para o protocolo

    FOUNDATION FIELDBUS e podem ser divididos em trs partes:

    Dados de tempo-crtico: estes so caracterizados como sinais de notificao de

    evento e alarme; devem ser transferidos em curtos intervalos de tempo, uma vez

    H tempo de realizar algo

    antes do prximo CD?

    Espera at o tempo de publicao do CD

    Publica CD

    Publica

    PN, TD ou PT

    No

    Sim CD: Compel Data PN: Probe Note TD: Time Distribution PT: Pass Token

  • FOUNDATION FIELDBUS 58

    que so gerados esporadicamente numa ocorrncia de freqncia relativamente

    baixa;

    Dados peridicos: aqueles produzidos por malhas de controle ou monitorao

    peridica dos processos; como os dados escalonados, so o atraso induzido pela

    rede no deve exceder s restries temporais da mensagem.

    Dados de time-available: so gerados por programas de controle numrico e

    produzidos por um computador ou controlador; estes dados devem ser arquivados

    e as mensagens de gerenciamento do banco de dados enviadas por computadores

    ou controladores de supervisrio.

    Os atrasos no envio de dados, de acordo com Henriques (2005), referem-se ao tempo

    disponvel, que no so considerados crticos como no caso de dados de tempo crtico e

    peridico. Observe na Figura 15 os servios do LAS no barramento H1:

    Figura 15 Servios do LAS no barramento H1 (FOUNDATION FIELDBUS, 2003)

    Ainda na camada de enlace, h um modo de operao conhecido como Bridge que,

    quando configurado, o dispositivo em questo estabelece a comunicao entre dois ou mais

  • FOUNDATION FIELDBUS 59

    links fieldbus (Figura 16). Alm das tarefas normais executadas por um dispositivo Bridge,

    est o encaminhamento entre links de mensagens; mesmo quando o remetente e o destinatrio

    no esto em um mesmo link, a redistribuio de mensagens ocorre de maneira sincronizada

    com o tempo interno dos dispositivos igual para todos os links.

    Figura 16 (a) Topologia Single Link e (b) Topologia Bridged Network

    2.2.4 A CAMADA DE APLICAO DO USURIO

    A camada de aplicao do usurio composta pelas funes de aquisio conhecidas

    por entrada, atuao, tambm chamadas de sada e controle. Pela configurao e

    desenvolvimento efetuados pelo usurio na aplicao que realizar-se- a distribuio das

    atividades a serem executadas nos dispositivos de campo, os quais utilizam os servios

    oferecidos pelo FMS.

    No protocolo FOUNDATION FIELDBUS, os dispositivos de campo possuem

    caractersticas especficas de funes de controle, aquisio e atuao. Estas funes podem

    ser executadas e ativadas a partir do momento em que o download da aplicao for

    descarregado nos dispositivos, respeitando-se sempre as configuraes feitas pelo usurio.

    Canal Fieldbus H1 #2 Canal Fieldbus H1

    (a)

    Rede HSE

    Canal Fieldbus H1 #1 Canal Fieldbus H1 #3

    (b)

  • FOUNDATION FIELDBUS 60

    Na camada de aplicao do usurio tambm encontram-se os blocos funcionais como

    j citados. Os blocos funcionais, segundo Henriques (2005,) so mdulos de programas

    particionados de tal forma que cada uma das partes tem a funo de realizar determinada

    atividade localmente no dispositivo.

    A camada de aplicao do usurio configurada por blocos funcionais alocados em

    dispositivos de campo especificados pelo prprio usurio, atravs de ligaes lgicas que

    permitiro a ativao de tal aplicao. Assim, o controle automtico da planta ou processo

    industrial feito com a interligao entre os blocos funcionais.

    A aplicao do usurio pode ser composta por uma ou mais malhas ou estratgias de

    controle (Figura 17), sendo esta ultima caracterizada por um conjunto de blocos funcionais,

    que objetiva o controle de uma ou mais variveis do processo.

    Figura 17 Malhas de controle na camada de aplicao do usurio (FOUNDATION FIELDBUS, 2003)

    Para a execuo dos blocos funcionais, necessrio ter uma seqncia de aplicao

    que dependa da estratgia de controle determinada pelo prprio usurio, porm sabe-se que as

    funes de aquisio normalmente so executadas antes do incio das funes de controle,

  • FOUNDATION FIELDBUS 61

    seguidas pela execuo das funes de atuao, cujo papel finalizar a estratgia para que ela

    haja sobre a planta ou processo industrial.

    Assim que a aplicao do usurio concluda, o configurador (software) utilizado gera

    uma tabela de escalonamento que ser armazenada nos dispositivos de caractersticas link

    master, e estes iro conter a funo de LAS nos trfegos peridicos. Conforme a abordagem

    adotada pelo configurador (software), o LAS ter ou no as informaes essenciais sobre a

    aplicao do usurio para o escalonamento do trfego aperidico.

    Neste captulo, constam as caractersticas mais relevantes do sistema fieldbus, para a

    devida compreenso da sua funcionalidade e do seu comportamento, especificamente o

    protocolo FOUNDATION FIELDBUS. Portanto, de extrema importncia o entendimento

    dos servios de comunicao, blocos funcionais, camadas de gerenciamento de rede, inclusive

    da transmisso de mensagens e tarefas que esto no barramento de comunicao, para que nos

    captulos seguintes haja melhor percepo da utilizao deste protocolo.

  • REVISO BIBLIOGRFICA 63

    3 REVISO BIBLIOGRFICA

    Como descrito no Captulo 2, o protocolo FOUNDATION FIELDBUS, uma

    tecnologia complexa, com muitas funcionalidades e vantagens, mas tambm desvantagens, e

    entre estas cita-se a que todo fieldbus trabalha com um nico barramento de comunicao,

    fato que pode ocasionar atraso na transmisso das mensagens e nas tarefas no decorrer do

    processo.

    Para evitar as desvantagens, utilizam-se algumas linhas de pesquisas direcionadas

    aplicao de escalonamento atravs de um algoritmo. Assim, esta reviso bibliogrfica, alm

    das definies de escalonamentos e tcnicas usadas sobre este protocolo, cita trabalhos da

    rea.

    No trabalho de Zweben e Fox (1994), escalonamento definido como:

    [...] A seleo entre planos alternativos alocando recursos e atividades em cada instante de tempo, tal que esta designao obedea s restries temporais das atividades e as limitaes de capacidade de um conjunto de recursos compartilhados.

    Neste trabalho, consideram-se as caractersticas de tempo e concorrncia entre as

    tarefas para que o comportamento do sistema em tempo real seja encontrado, e, para este fim,

    utiliza-se a previsibilidade gerada pela tcnica de escalonamento (Farines; Fraga; Oliveira,

    2000).

    Brando (2005) relata que o escalonamento no protocolo FOUNDATION FIELDBUS

    executado periodicamente em um espao de tempo denominado macrocycle; para tanto,

  • REVISO BIBLIOGRFICA 64

    deve-se sincronizar com preciso de 1 ms cada dispositivo do barramento e obedecer a um

    escalonamento predeterminado.

    Assim, pode-se dizer que uma atividade de escalonamento tem como objetivo alocar

    uma quantidade de recursos limitados para a execuo de tarefas, no decorrer do tempo, de tal

    forma que um ou mais objetivos possam ser alcanados (Pinedo, 1995).

    Henriques (2005) refere que para se idealizar um problema de escalonamento

    imprescindvel caracterizar conceitos essenciais para o tratamento dos elementos escalonveis

    que retratam o sistema. Ainda Henriques (2005) define elementos como processos e tarefas

    que expressam, ao longo do tempo, uma atividade ou ao a ser executada, processada ou

    transmitida em algum recurso concorrente disponvel no sistema.

    Para a realizao de um escalonamento de tarefas no sistema, seguem definies de

    alguns termos abordados ao longo deste estudo:

    Release ou Tempo de Liberao o instante inicial em que uma tarefa poder ser

    executada em algum recurso do sistema.

    Tempo de Execuo em sistema fieldbus, o tempo necessrio para

    processamento dos blocos funcionais (Henriques, 2000).

    Tempo de Transmisso em sistema fieldbus, para Franco (1998), o tempo

    necessrio para transmisso das mensagens no barramento de comunicao

    compartilhado.

    Jitter Para Cavalieri et al. (1996), a diferena de tempo entre release e arrival

    time expressa uma variao denominada release jitter variao que determina o

    tempo, a partir do release (tempo de liberao), que o escalonador necessitar para

    atender tarefa.

    Deadline o instante de tempo que uma tarefa deve respeitar, caso sua execuo

    termine ou seja concluda (Xu; Parnas, 1990); , pois, o instante mximo de tempo

  • REVISO BIBLIOGRFICA 65

    desejado para a concluso da tarefa. O deadline pode ser classificado em dois

    tipos: Soft deadline e Hard deadline (Farines; Fraga; Oliveira, 2000).

    Soft Deadline ou Deadline No-Crtico o instante de tempo desejado para se

    finalizar uma tarefa em execuo; quando este deadline no for atendido, a

    atividade operacional do sistema no ser afetada drasticamente (Sprunt; Sha;

    Lehoczky, 1989).

    Hard Deadline ou Deadline Crtico o instante de tempo no qual a execuo de

    uma tarefa deve ser completamente finalizada; o no-atendimento deste deadline

    pode levar o sistema a uma condio crtica, que afetar drasticamente sua

    atividade operacional (Sprunt; Sha; Lehoczky, 1989).

    Os sistemas de tempo real, segundo Jonsson e Shin (1997), so definidos como

    aqueles que envolvem um ou mais computadores, nos quais a correo do sistema depende

    no s dos resultados da computao, mas tambm do instante de tempo em que so

    produzidos os resultados. Assim como h dois tipos de deadline, tambm se podem classificar

    os sistemas de tempo real em duas categorias: Hard Real-Time e Soft Real-Time.

    Hard Real-Time ou Sistema de Tempo Real Crtico neste sistema necessrio

    que se garanta a execuo de todos os requisitos temporais dos projetos, e quando

    ocorrer uma falha temporal em sistemas desta categoria, as conseqncias sero

    catastrficas. Utiliza este tipo de sistema as usinas nucleares, msseis e usinas

    petroqumicas (Farines; Fraga; Oliveira, 2000).

    Soft Real-Time ou Sistema de Tempo Real No-Crtico neste sistema o requisito

    temporal descreve apenas o comportamento desejado, um bom exemplo a

    multimdia (Farines; Fraga; Oliveira, 2000).

  • REVISO BIBLIOGRFICA 66

    Os sistemas de tempo real tambm realizam tarefas, que se dividem em dois tipos:

    Tarefas Peridicas e Tarefas Aperidicas. De acordo com Sprunt, Sha e Lehoczky (1989),

    estas tarefas podem ser definidas da seguinte maneira:

    Tarefas Peridicas ou Sncronas so aquelas ativadas em perodos regulares e

    que possuem o hard deadline.

    Tarefas Aperidicas ou Assncronas so aquelas com tempo de chegada

    irregular; convencionalmente possuem o soft deadline.

    Para uma tarefa ser escalonada preciso que esteja agendada numa tabela predefinida,

    cujo tempo limitado pelo release e deadline. As tarefas peridicas em sistemas Hard Real-

    Time sempre tm prioridades sobre as demais na hora da execuo.

    Segundo Blazewicz (1996), a prioridade impe uma importncia relativa a uma tarefa,

    que determinada na tomada de deciso, quando ocorre a atividade de escalonamento.

    Ao se escalonar uma tarefa deve-se levar sempre em considerao, alm da sua

    prioridade, se existe precedncia. Segundo Cardeira e Mammeri (1993), duas tarefas tm

    restries de precedncia quando a execuo de uma delas estiver condicionada ao trmino da

    execuo da outra tarefa.

    3.1 ESCALONAMENTO

    Com os escalonamentos empregados em diversos sistemas utilizam termos especiais,

    neste estudo eles merecem no s destaque, mas tambm o registro de suas definies,

    segundo alguns pesquisadores. No trabalho de Henriques (2005), h definies, como:

  • REVISO BIBLIOGRFICA 67

    Escalonamento timo neste tipo, pesquisaram-se todas as opes possveis para

    o escalonamento de tarefas no sistema, de tal forma que a atividade de

    escalonamento s ser interrompida quando a melhor soluo for encontrada,

    principalmente aps considerar que foi definido pelo escalonador, como restries

    temporais e critrios predefinidos.

    Escalonamento Realizvel (Factvel) este escalonamento satisfaz todas as

    restries temporais do sistema e garante sempre o seu cumprimento.

    Escalonamento Preemptivos Preempo o ato de interromper uma tarefa que

    est sendo executada para execuo de uma outra. Somente aps o trmino da

    execuo da segunda tarefa que a da primeira ser retomada. Escalonadores de

    tarefas preemptivos tm melhor desempenho que os no-preemptivos, apesar de os

    no-preemptivos serem usados na maioria dos casos, em razo de serem mais

    simples (Cardeira e Mammeri, 1993).

    A teoria de escalonamento de tarefas em processadores teve seu marco com a

    publicao do trabalho de Liu e Layland (1973). Os autores mostraram que os algoritmos RM

    (Rate Monotonic) e EDF (Earliest Deadline First) serviram como base para o

    desenvolvimento das futuras tcnicas de escalonamento de mensagens em redes digitais. Na

    tcnica RM, as prioridades de transmisso de cada mensagem cclica so atribudas

    estaticamente, tanto que no mudam durante o processo. No caso, o algoritmo escalonador

    impe a cada tarefa uma prioridade proporcional sua taxa de execuo.

    A tcnica EDF baseia-se em atribuio de prioridades dinmicas, na qual a prioridade

    de cada tarefa varia no tempo e cresce na medida em que se aproxima o instante deadline,

    definido como o instante da prxima execuo da tarefa em questo. Com base nos aspectos

    apresentados e na definio de Hard Real-Time de Liu e Layland (1973), num ambiente Hard

  • REVISO BIBLIOGRFICA 68

    Real-Time todas as tarefas devem ser completadas dentro de um intervalo de tempo logo aps

    a requisio de sua execuo, consideram possvel tambm a realizao de uma reviso sobre

    o escalonamento de blocos funcionais e mensagens peridicas em sistemas fieldbus.

    Como todo sistema de controle distribudo em tempo real, o FOUNDATION

    FIELDBUS requer um algoritmo de escalonamento no qual todos os requisitos temporais

    relacionados camada de aplicao sejam garantidos (Hard Real-Time). Neste protocolo,

    tanto a execuo dos blocos funcionais quanto a transmisso de mensagens peridicas so

    processos crticos e no-preemptivos.

    A investigao do escalonamento de sistemas Hard Real-Time no-preemptivos foi

    realizada por Xu e Parnas (1990), que propuseram um algoritmo para o escalonamento de

    tarefas com restries de precedncia, o instante de disparo e deadlines. Neste algoritmo, Xu e

    Parnas (1990) propuseram, ainda, a possibilidade da automao completa de uma tarefa no

    processo de escalonamento pr-run-time, desde que se respeitassem a precedncia e as

    relaes de excluso1.

    O algoritmo usa uma tcnica de branch-and-bound, que percorre toda rvore e procura

    nos ramos os ns da raiz, aplicando, assim, a estratgia Earliest Deadline First, de Liu e

    Layland (1973), para computar o tempo e o escalonamento vlidos das solues inicialmente

    apresentadas. Este processo deve satisfazer o tempo previsto e todas relaes de excluso e

    preempo inicial. Os autores chamam os algoritmos de prioridade fixa de Rate Monotonic

    RM ou Taxa Monotnica ou Deadline Monotnico, e os algoritmos de prioridade dinmica,

    de Earliest Deadline First EDF.

    Num sistema monoprocessado, o algoritmo RM - Rate Monotonic de fcil

    implementao, uma vez que atribui altas prioridades s tarefas com menores perodos.

    1 Relaes de excluso Exclusion Relations podem existir quando alguns segmentos do processo excluem a interrupo atravs de outros segmentos de processo, e prevm erros causados por acesso simultneo aos recursos compartilhados, como dados, dispositivos de I/O, etc, (Xu e Parnas 1990).

  • REVISO BIBLIOGRFICA 69

    Para Baruah e Goossens (2004), esta tcnica tima para sistemas peridicos

    sncronos com deadline implcito, ou seja, para tarefas independentes; tambm a consideram

    tima para os outros tipos de sistemas.

    Para as estratgias dinmicas, Henriques (2005) apresenta duas regras existentes de

    escalonamento: Earliest Deadline Frist (EDF ou Deadline Driven Scheduler DDS ou

    Earliest Deadline Scheduler EDS) e Least Laxity First (LLF ou Least Slack Time LST).

    No algoritmo EDF a prioridade da tarefa especificada segundo o deadline relativo; no

    entanto tarefa eleita pelo algoritmo de escalonamento dinmico indica a primeira tarefa da fila

    pelo seu deadline mais prximo. J no caso do LLF, a tarefa selecionada segundo a folga

    expressa pelo deadline relativo subtrado pelo instante de tempo atual caracterizado no

    momento da ao de seleo adotada pelo escalonador.

    No trabalho de Baruah, Goossens e Funk (2003a), os algoritmos EDF e LLF so

    classificados como timos para ambientes que possuem sistemas monoprocessados, pois caso

    haja existir escalonamento factvel, os algoritmos permitiro que as tarefas atendam a seus

    respectivos deadlines. Porm, nos sistemas multiprocessados, os algoritmos empregados em

    tempo de execuo no so classificados como timos, uma vez que as restries so

    desconhecidas num primeiro momento.

    Henriques (2005), ao estudar os escalonamentos de sistemas monoprocessados e

    multiprocessados atravs de escalonamentos distribudos, esclarece que em sistemas que

    possuem recursos distribudos faz-se necessrio a adoo de um recurso de comunicao para

    troca de informaes entre os processadores, porm como os recursos so escassos no

    sistema, eles devem ser compartilhados entre as tarefas contidas no mesmo sistema. Assim,

    sistemas distribudos so aqueles monoprocessados que trocam dados atravs de meios de

    comunicao, meios estes considerados em escalonamentos como processadores adicionais,

    que tm como tarefas no-preemptivas as mensagens transmitidas entre os processadores com

  • REVISO BIBLIOGRFICA 70

    atrasos de transmisso de pior caso. A comunicao, ento, caracterizada pelas restries de

    precedncia; assim em ambientes multiprocessados com recursos de comunicao, uma tarefa

    pode ser um programa a ser executado em algum processador do sistema, ou um dado enviado

    entre os processadores.

    No caso do fieldbus, alm das caractersticas apresentadas acima por Henriques

    (2005), h tambm um modelo estendido caracterizado, o qual contm tarefas dependentes

    entre si; estas impem que a execuo de uma tarefa no seja definida de forma arbitrria,

    mas que siga uma ordem predefinida (Farines, Fraga e Oliveira, 2000), o que acarreta

    restries ou relaes de precedncia entre tarefas que determinam uma ordenao parcial, a

    ser respeitada durante a atividade de escalonamento.

    O algoritmo RM Rate Monotonic, proposto por Liu e Layland (1973), no

    considerado timo para mltiplos processadores, porm Baruah e Goossens (2003b) tentam

    refinar a atribuio das prioridades definidas estaticamente para as tarefas, visando delimitar

    um RM-factvel em funo da quantidade de processadores. Estes ltimos autores consideram

    que um RM factvel se ele atender a todos os deadlines das tarefas para qualquer sistema de

    tarefas, quando a soma da utilizao das mesmas for menor que m, onde m igual a:

    3__ resprocessadodenmero

    Ainda segundo Baruah e Goossens (2003b), a utilizao mxima do conjunto de

    tarefas deve ser menor ou igual a 1/3 para que se obtenha um RM-factvel. O interesse destes

    autores no comprovar estas consideraes e, sim, melhorar os testes que determinaro se

    um sistema de tarefas RM-factvel, atravs das utilizaes das tarefas e de seu

    particionamento. O trabalho destes autores tambm expe a existncia de um algoritmo que

    torna mais eficiente a atribuio de prioridades das tarefas, quando o RM for no-factvel.

    Almeida (1999), em seu trabalho, relata que os escalonadores executados em tempo de

    projeto (escalonadores pr-run-time) produzem um escalonamento denominado de esttico,

  • REVISO BIBLIOGRFICA 71

    tambm caracterizado por uma tabela de escalonamento implementada antes do sistema entrar

    em atividade (off-line). Esta tabela, num primeiro momento, de acordo com seu conhecimento

    de todo o comportamento temporal do sistema, prov os tempos de liberao (release) futuros

    das tarefas a serem escalonadas perante as operaes do sistema. No fieldbus as tarefas so

    caracterizadas como mensagens no barramento e nos programas, enquanto os blocos

    funcionais, nos processadores e dispositivos.

    Almeida (1999), props em seu trabalho, um algoritmo de escalonamento denominado

    esttico, onde o escalonador executado em tempo de projeto, quando o sistema no estiver

    em atividade (off-line). Este escalonador baseado nas informaes futuras operacionais do

    sistema (tabela de requisitos) cria uma tabela de escalonamento a ser utilizada quando o

    mesmo entrar em atividade (on-line) (Figura 18).

    Figura 18 Exemplo do escalonamento pr-run-time de Almeida (1990)

    Para o autor, os escalonadores em tempo de projeto (pr-run-time) possuem alto

    determinismo, menor quantidade de informaes no cabealho da mensagem, baixa

  • REVISO BIBLIOGRFICA 72

    flexibilidade operacional e largos requisitos de consumo de memria. O alto determinismo

    imposto pelo conhecimento de todo o comportamento temporal do sistema, no primeiro

    instante. A previsibilidade mostrada pelo aspecto discutido anteriormente obtida em funo

    do comportamento do sistema, representado pelas necessidades temporais em regime de pior

    caso, quando o sistema no estiver ativo. O segundo aspecto, de menor tamanho de cabealho

    em tempo de execuo, expressa que o despachante em tempo de execuo somente verificar

    a tabela para a execuo das transaes, sem providenciar a criao de um cabealho que

    contenha extensas informaes sobre a transao a ser executada. A baixa flexibilidade

    operacional evidenciada atravs de mudanas efetuadas na tabela de escalonamento, pois

    sua viabilidade depende novamente da execuo do escalonador, que criar uma nova tabela

    de escalonamento com as mudanas necessrias. Os largos requisitos de consumo de memria

    so condizentes com os valores atribudos aos perodos das tarefas, uma vez que o tamanho da

    tabela de escalonamento est condicionado ao desmembramento dos perodos das tarefas, em

    nmeros primos, para o clculo do perodo comum (mnimo mltiplo comum MMC), o que

    pode gerar um valor grande para MMC, e conseqentemente maior tamanho da tabela de

    escalonamento para armazenamento dos dados das transaes.

    Almeida (1999) tambm apresentada um escalonamento realizado em tempo de

    execuo (escalonadores run-time), o qual no possuem qualquer conhecimento sobre as

    requisies futuras, por isso produzem um escalonamento dinmico que muda constantemente

    em funo da alterao das prioridades das requisies, quando o sistema estiver em

    atividade. Por se tratar de um escalonamento dinmico, mais flexvel do que os

    escalonadores pr-run-time, devido s constantes mudanas de requisitos comportamentais do

    sistema. Como os escalonadores run-time no precisam da tabela de escalonamento, eles

    dispem de maior capacidade para a disponibilidade da memria durante seu processamento,

    j que as mensagens ficam enfileiradas ao chegarem para o escalonamento. Para o