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DESENVOLVIMENTO DE UM ALGORITMO DE ESCALONAMENTO PARA REDE FOUNDATION
FIELDBUS
Daniele Aparecida Cicillini
So Carlos 2007
Dissertao apresentada Escola de Engenharia de So Carlos da Universidade de So Paulo, como parte dos requisitos para obteno do ttulo de Mestre em Engenharia Mecnica.
ORIENTADOR: Prof. Tit. Mrio Pinotti Junior
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A Deus fora suprema
E Senhor de todo meu existir.
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AGRADECIMENTOS
AGRADECIMENTOS
Agradeo primeiramente ao professor Dr. Mario Pinotti Junior, pela confiana,
amizade e por toda orientao ao longo deste trabalho.
Agradeo tambm de uma maneira especial ao professor Dr. Dennis Brando, pelo
imenso carinho, amizade, colaborao, orientao e por todo ensinar, voc faz parte dessa
histria.
A Smar Equipamentos Industriais pelo incentivo ps-graduao.
A todos os amigos da Diviso de Desenvolvimento Eletrnico, em especial aos
colegas do grupo Equipamentos de Campo, destaco aqui a amiga e companheira de estudo
Valria Venturini, pela amizade, cooperao e incentivo.
A todos os meus amigos, os presentes e ausentes, que de alguma maneira me ajudaram
para a realizao deste trabalho, destaco a amiga Vanessa e o meu namorado Ary, obrigada a
cada um de vocs por emprestar o ombro amigo, todo auxlio, companheirismo e por todas as
palavras de motivaes.
Aos meus familiares, tios, primos e meus avs Dirce e Sebastio obrigada pelas
oraes e amor.
Aos meus pais Ernesto e Maria Aparecida, por proporcionarem a mim todo incentivo
em ir alm das fronteiras, em me ensinar a ser perseverante, lutar sempre com dignidade e
honestidade, tudo o que eu disser aqui pouco para agradec-los. Eu os amo.
As minhas doces e amadas irms Fernanda e Natalia, amigas para todas as horas, meu
porto seguro, o que posso dizer a no ser: eu amo vocs.
Enfim eu louvo o criador, o meu Deus pra quem eu dedico todo esse trabalho, que com
esse presente fez um marco na minha vida.
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SUMRIO
SUMRIO
LISTA DE FIGURAS......................................................................................................XI
LISTA DE TABELAS ................................................................................................... XV
LISTA DE SIGLAS .................................................................................................... XVII
RESUMO.......................................................................................................................XXI
ABSTRACT................................................................................................................XXIII
1 INTRODUO............................................................................................................. 25
1.1 OBJETIVOS....................................................................................................... 35
1.2 ORGANIZAO DO TRABALHO ................................................................. 36
2 FOUNDATION FIELDBUS ........................................................................................ 37
2.1 INTRODUO.................................................................................................. 37
2.2 PROTOCOLO FOUNDATION FIELDBUS..................................................... 39
2.2.1 BLOCO FUNCIONAL................................................................................... 41
2.2.2 TRFEGO DE COMUNICAO ................................................................ 45
2.2.3 CAMADAS, GERENCIAMENTO E SERVIOS DE REDE....................... 49
2.2.4 A CAMADA DE APLICAO DO USURIO ........................................... 59
3 REVISO BIBLIOGRFICA..................................................................................... 63 3.1 ESCALONAMENTO......................................................................................... 66
4 DESENVOLVIMENTO ............................................................................................... 83
4.1 CONFIGURADOR SYSCON............................................................................ 83
4.2 TECNOLOGIA XML ........................................................................................ 90
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SUMRIO
4.2.1 CARACTERSTICAS DO XML ................................................................... 90
4.2.2 TAG ................................................................................................................ 91
4.3 ALGORITMO FFSMART................................................................................. 93
5 RESULTADOS.............................................................................................................. 99
5.1 EXPERIMENTO 1 CONTROLE DA TEMPERATURA DE SADA DO
PRODUTO USANDO VAPOR PARA AQUEC-LO.................................... 100
5.2 EXPERIMENTO 2 DUPLO LIMITE CRUZADO....................................... 105
5.3 EXPERIMENTO 3 APLICAO DE CONTROLE DE UMA EMPRESA DE
FUNDIO DE FERRO ................................................................................. 112
6 CONCLUSO ............................................................................................................. 121
6.1 TRABALHOS FUTUROS............................................................................... 123
REFERNCIA BIBLIOGRFICA ............................................................................. 125
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LISTA DE FIGURAS xi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Representao da estrutura em camadas do protocolo FOUNDATION FIELDBUS
.............................................................................................................................32
Figura 2 Exemplo de malha de controle distribuda............................................................33
Figura 3 Comunicao em macrociclos...............................................................................34
Figura 4 Arquitetura de controle (Regh, Swain e Yangula, 1999) ......................................38
Figura 5 Estrutura em camadas do protocolo FOUNDATION FIELDBUS.......................40
Figura 6 Tipos de blocos da camada de aplicao do usurio (FOUNDATION FIELDBUS,
2003) ....................................................................................................................41
Figura 7 Tipos de blocos funcionais (FOUNDATION FIELDBUS, 2003).........................43
Figura 8 Comunicao de troca de dados no protocolo FOUNDATION FIELDBUS .......47
Figura 9 Macrociclos e o escalonamento no barramento (FOUNDATION FIELDBUS,
2003) ....................................................................................................................48
Figura 10 Camada do modelo OSI no FOUNDATION FIELDBUS (FOUNDATION
FIELDBUS, 2003)...............................................................................................49
Figura 11 Diviso da camada de aplicao e funcionalidades das subcamadas FAS e FMS
.............................................................................................................................51
Figura 12 Comunicao do LAS com o dispositivo ou equipamento atravs do compel data
(FOUNDATION FIELDBUS, 2003) ..................................................................54
Figura 13 LAS e o servio do pass token (FOUNDATION FIELDBUS, 2003) ................56
Figura 14 Fluxograma do algoritmo do LAS Link Active Schedule (IEC, 2005).............57
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LISTA DE FIGURAS xii
Figura 15 Servios do LAS no barramento H1 (FOUNDATION FIELDBUS, 2003) .......58
Figura 16 (a) Topologia Single Link e (b) Topologia Bridged Network .............................59
Figura 17 Malhas de controle na camada de aplicao do usurio (FOUNDATION
FIELDBUS, 2003)...............................................................................................60
Figura 18 Exemplo do escalonamento pr-run-time de Almeida (1990) ............................71
Figura 19 Algoritmo de escalonamento pr-run-time, segundo Henriques (2005).............78
Figura 20 Descrio do algoritmo de escalonamento run-time de Henriques (2005) .........79
Figura 21 Estratgia de controle simples e composta (Henriques, 2000) ...........................81
Figura 22 Criar um projeto no Configurador SYSCON......................................................85
Figura 23 Criao de um novo processo .............................................................................85
Figura 24 Processo criado ...................................................................................................85
Figura 25 Expandir a tela do processo.................................................................................86
Figura 26 Criao no novo mdulo para, a seguir, acessar o ambiente da estratgia .........86
Figura 27 Incio do ambiente de configurao de estratgia para os diagramas de bloco ..86
Figura 28 Insero do equipamento de campo juntamente com o bloco.............................87
Figura 29 - Diagrama da lgica do bloco de controle PID (Proporcional Integral Derivativo)
e suas entradas e sadas........................................................................................88
Figura 30 Estratgia de controle..........................................................................................89
Figura 31 Gerao do arquivo XML ...................................................................................89
Figura 32 Exemplo de um cdigo em HTML com a utilizao de tags..............................91
Figura 33 Exemplo de um cdigo em XML com utilizao de tags...................................92
Figura 34 Exemplo do cdigo do arquivo XML gerado no SYSCON................................92
Figura 35 Informaes do arquivo XML armazenadas na tabela de escalonamento ..........95
Figura 36 Fluxograma do algoritmo FFSMART.................................................................97
Figura 37 Tabela de resultados do escalonamento das mensagens .....................................98
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LISTA DE FIGURAS xiii
Figura 38 Estratgia do controle de temperatura...............................................................100
Figura 39 Estratgia de blocos configurada no SYSCON para o experimento 1..............101
Figura 40 Tabela de informaes da configurao do experimento 1...............................102
Figura 41 Tabela de resultados do escalonamento do experimento 1 ...............................102
Figura 42 Grfico do escalonamento para o experimento 1..............................................102
Figura 43 Anlise e otimizao do resultado do algoritmo FFSMART para o experimento 1
...........................................................................................................................105
Figura 44 Duplo Limite Cruzado para controlar a temperatura de um forno industrial 106
Figura 45 Estratgia de blocos configurada no SYSCON do experimento 2....................108
Figura 46 Tabela de informaes da configurao do experimento 2...............................109
Figura 47 Tabela de resultados do escalonamento do experimento 2 ...............................109
Figura 48 Grfico do Escalonamento para o experimento 2 .............................................110
Figura 49 Anlise e otimizao do resultado do algoritmo FFSMART para o experimento 2
...........................................................................................................................112
Figura 50 Estratgia de blocos configurada no SYSCON para o experimento 3..............114
Figura 51 Tabela de informaes da configurao do experimento 3...............................115
Figura 52 Tabela de resultados do escalonamento do experimento 3 ...............................115
Figura 53 Grfico do escalonamento para o experimento 3..............................................116
Figura 54 Anlise e otimizao do resultado do algoritmo FFSMART para o experimento 3
...........................................................................................................................119
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LISTA DE TABELAS xv
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Evoluo das tecnologias no mercado de instrumentao (Scott e Buchanan, 2000)
.............................................................................................................................37
Tabela 2 Dispositivos e Blocos Funcionais da SMAR utilizados no experimento 1 ........101
Tabela 3 Dispositivos e Blocos Funcionais da SMAR utilizados no experimento 2 ........107
Tabela 4 Dispositivos e Blocos Funcionais da SMAR utilizados no experimento 3 ........112
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LISTA DE SIGLAS
xvii
LISTA DE SIGLAS
AI Analog Input
AO Analog Output
APD Application Process Directory
CD Compel Data
CSMA/CD Carrier Sense Multiple Access with Collision Detection
DCS Distributed Control Systems
DD Device Descriptions
DDC Direct Digital Control
DDS Deadline Driven Scheduler
DLL Data Link Layer
DM Deadline Monotonic
DT Data Transfer
DTD Document Type Definition
EDF Earliest Deadline First
EDFM Earliest Deadline First Multicycle
EDS Earliest Deadline Scheduler
ERF Earliest Release First
FAS Fieldbus Access Sublayer Subcamada e Acesso Fieldbus
FB Function Block / Bloco Funcional
FBAP Function Block Application Process
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LISTA DE SIGLAS
xviii
FCS Field Control Systems
FMS Fieldbus Message Specification Subcamada de Especificao de
Mensagem Fieldbus
HSE High Speed Ethernet
HTML Hypertext Markup Language
I/O Input / Output
ISO/OSI International Organization for Standardization / Open System
Interconection
LAS Link Active Scheduler
LLC Logical Link Control
LLF Least Laxity First
LST Least Slack Time
MA Macrociclo
MAC Medium Access Control
MoPS Monocycle Polling Scheduling
ms Milisegundos
MuPS Multicycle Polling Scheduling
OD Object Dictionary - Dicionrio de Objeto
OSI Open System Interconection
PID Proporcional Integral Derivativo Controlador de ao Proporcional
Integral Derivativa
PLC Programmable Logical Controller
PN Probe Node
PT Pass Token
RM Rate Monotonic
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LISTA DE SIGLAS
xix
RMM Rate Monotonic Multicycle
s Segundos
SISO Single Input, Single Output
TD Time Distribution
VB Visual Basic
VCR Virtual Communication Relationship
VFD Virtual Field Device
XML EXtensible Markup Language
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RESUMO xxi
RESUMO
CICILLINI, D. A. (2007). Desenvolvimento de um Algoritmo de Escalonamento para Rede
FOUNDATION FIELDBUS. Dissertao (Mestrado) Escola de Engenharia de So Carlos,
Universidade de So Paulo, So Carlos, 2007.
Este trabalho apresenta e implementa um algoritmo de escalonamento para a tecnologia
FOUNDATION FIELDBUS. O algoritmo denominado FFSMART escalona as mensagens de
comunicao cclica ou peridica entre os dispositivos de campo que esto no barramento
fieldbus. Trate-se de um algoritmo de escalonamento pr-run-time, que permite atender s
restries de precedncia dos blocos funcionais, personalizando e otimizando o uso dos
recursos do sistema.
O algoritmo foi implementado na linguagem de programao Visual Basic e sua validao
ocorreu em um ambiente real de aplicao atravs de estratgias de configurao, cujos
resultados foram satisfatrios.
Palavras-chave: automao industrial, rede fieldbus, protocolo FOUNDATION FIELDBUS,
algoritmo de escalonamento.
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ABSTRACT xxiii
ABSTRACT
CICILLINI, D. A. (2007). Desenvolvimento de um Algoritmo de Escalonamento para Rede
FOUNDATION FIELDBUS. Dissertation (Masters Degree) So Carlos School of
Engineering, University of So Paulo, So Carlos, 2007.
This dissertation presents and implements a scheduling algorithm for the FOUNDATION
FIELDBUS technology. The algorithm named FFSMART schedules cyclic or periodic
communication messages among field devices connected to a fieldbus. The FFSMART is a
pre-runtime scheduling algorithm, which allows meeting the restrictions of precedence from
function blocks, customizing and optimizing the use of the system resources.
The algorithm was implemented using the Visual Basic programming language and validated
in a real application environment using configuration strategies, and the results were
satisfactory.
Keywords: industrial automation, fieldbus networks, FOUNDATION FIELDBUS protocol,
scheduling algorithm.
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INTRODUO 25
1 INTRODUO
O avano tecnolgico no setor industrial trouxe novas tcnicas de controle para os
sistemas distribudos, tcnicas essas que alcanaram um nvel considervel de
desenvolvimento na tecnologia de cho de fbrica, cuja comunicao analgica, substituda
pelo protocolo de comunicao digital, conhecida como fieldbus.
O sistema fieldbus pode ser definido como:
[...] um sistema distribudo composto por dispositivos de campo e equipamentos de controle e de monitoramento integrados em um ambiente fsico de uma planta ou uma fbrica. Os dispositivos do fieldbus trabalham em conjunto para realizar I/O e controle em operaes e processos automticos. (FIELDBUS FOUNDATION, 1999a, p.1).
Segundo Thomesse (1998), o fieldbus uma rede para conexo de dispositivos de
campo, tais como, sensores, atuadores, controladores de campo como PLCs (Programable
Logical Controller), reguladores, controladores de percursos e etc.... J para Tanembaum
(1997), um sistema de comunicao em tempo real, que se baseia na estrutura de camadas
do modelo OSI (Open System Interconection).
Com estrutura semelhante s camadas de redes do modelo ISO/OSI (International
Organization for Standardization/ Open System Interconection), o protocolo fieldbus utiliza
apenas trs camadas: a fsica, de enlace e de aplicao, e ao contemplar a norma IEC 61158,
eliminou servios como: os de correio eletrnico, mapeamento de servidores, roteamento de
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INTRODUO 26
mensagens e outros, por no lhe serem teis; essa eliminao agiliza o processo de
comunicao, deixando-o mais rpido.
De forma amplamente difundida na literatura, a introduo da comunicao digital,
encontrada na grande maioria dos sistemas fieldbus, bem como suas conseqncias diretas
apresentam vantagens descritas de modo resumido nos pargrafos que se seguem.
De acordo com Henriques (2005), com a transmisso digital pode-se ter entre os
dispositivos uma quantidade de informao trafegando no meio de comunicao, devido a
uma multiplexao no tempo de transmisses entre os dispositivos, valida os dados que esto
sendo transmitidos e ainda minimiza as distores e possveis variaes indesejveis do sinal.
Em relao aos custos de instalao de um sistema de controle distribudo, observou-
se reduo dos mesmos, como tambm da complexidade relacionada fiao e hardware
frente tecnologia convencional, como exemplo, o uso de PLC em determinadas aplicaes
(Cavalieri, 1998).
As funes de controle, aquisio (entrada) e atuao (sada) em processos ou plantas
industriais so distribudas nos dispositivos, permitindo reduo da carga de processamento
da sala de controle. Devido distribuio de processamento, a sala de controle pode ficar
integralmente responsvel pelas atividades de superviso, manuteno, gerenciamento e
operao do sistema (Henriques, 2005), o que possibilita alto grau de compartilhamento de
recursos no s para melhorar o aproveitamento dos recursos instalados, como tambm para
simplificar as execues de manuteno e documentao do sistema (Cavalieri, 1998).
A arquitetura fieldbus, no entanto, no apresenta somente vantagens, mas tambm
dificuldades ou desvantagens, que merecem citao:
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INTRODUO 27
Maior preocupao com o gerenciamento do trfego produzido pelos dispositivos,
devido necessidade da serializao do trfego de informaes produzida pelos
dispositivos no barramento de comunicao (Cavalieri, 1998);
A distribuio de recursos no fieldbus pode levar perda do sincronismo existente
entre os dispositivos, gerando, assim, a necessidade da existncia de uma
coordenao entre os mesmos para garantir a coerncia de tempo (Senz e
Thomesse, 1995);
A complexidade para a garantia das restries temporais do sistema (Henriques,
2005);
Exigncia de maior complexidade no software de configurao de aplicaes, pois
este deve possibilitar que os dispositivos trabalhem de forma cooperada e
autnoma em uma arquitetura distribuda (Henriques, 2005).
Em oposio aos claros benefcios e avanos alcanados com o desenvolvimento de
sistemas fieldbus eficazes, talvez a maior desvantagem deste tipo de sistema seja sua prpria
concepo baseada em barramentos de dados fato, que caracteriza todo fieldbus como um
gargalo de comunicao, uma vez que um nico canal de comunicao compartilhado por
todos os dispositivos e deve ser utilizado tanto para a transmisso de variveis crticas de
processo, informao de baixa prioridade e como tambm de monitoramento. Este
compartilhamento do canal de comunicao, teoricamente, pode ocasionar um
congestionamento na transmisso das mensagens e tarefas, causando atrasos na comunicao
(Brando, 2005).
Para sanar esta desvantagem, utilizam-se tcnicas de escalonamento que atuam na rede
como um agendamento das mensagens e tarefas a serem enviadas, de maneira a melhorar a
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INTRODUO 28
transmisso e diminuir o congestionamento, mas respeitando sempre as prioridades de envio
das mensagens.
Em sistemas distribudos, o escalonamento aplicado tanto na atribuio como na
distribuio fsica e temporal de tarefas em recursos. Escalonar tarefas em um dispositivo ou
equipamento significa organizar em seqncia seus processamentos; da mesma forma, pode-
se entender o escalonamento de mensagens como o seu seqenciamento no barramento.
Zweben e Fox (1994) assim definem o escalonamento:
A seleo entre planos alternativos alocando recursos e atividades em cada instante de tempo, tal que esta designao obedea s restries temporais das atividades e as limitaes de capacidade de um conjunto de recursos compartilhados.
De acordo com Pinedo (1995), a atividade de escalonamento objetiva alocar uma
quantidade de recursos limitada para execuo de uma tarefa no decorrer do tempo, de tal
forma que um ou mais objetivos possam ser alcanados.
Pesquisas sobre o tema tm uma viso algortmica e tambm apresentam frmulas
com estimativas para a soluo do problema, como as de Xu & Parnas (1990); Xu & Lau
(1997); Franco (1998), Henriques (2005) e SMAR EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS
(2007e).
Em um sistema de controle distribudo em tempo real, as tcnicas de escalonamento
voltam-se para o atendimento dos requisitos temporais, restries e ainda para alcanar os
objetivos propostos, como ocorre nos mtodos de escalonamento, mas no se envolvem
diretamente com uma base de tempo.
Zweben e Fox (1994) definem escalonamento de produo como: a seleo de
seqenciamento de atividades tais, que elas possam alcanar um ou mais objetivos e satisfazer
um conjunto dominante de restries.
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INTRODUO 29
A localizao de cada tarefa, na maioria dos sistemas fieldbus, definida pelo usurio
no momento do projeto ou da configurao do sistema de controle. Em grande parte dos casos
esta definio baseia-se no tipo de malha de controle utilizado nos dispositivos livres e nas
recomendaes de segurana do sistema, isto , nas condies seguras de funcionamento em
caso de falha (Verhappen e Pereira, 2002).
Os algoritmos de escalonamento, em geral, so empregados na resoluo das questes
relativas execuo de cada tarefa ou mensagem, e se baseiam na configurao fsica e em
restries lgicas e temporais dos dispositivos e dos elementos de controle.
Os itens adiante so de extrema importncia para a compreenso da funcionalidade de
algoritmos no escalonamento de mensagens, bem como de suas tarefas (Cardeira e Mammeri,
1995).
A. Aspectos temporais
Os aspectos temporais caracterizam-se pelo instante de disparo, tempo de execuo e
tempo mximo de execuo, como descritos a seguir:
Instante de disparo: antes dele impossvel comear uma tarefa ou mensagem.
Tempo de execuo: prazo necessrio para que uma tarefa ou mensagem seja
executada sem interrupes.
Tempo mximo de execuo: intervalo mximo de tempo entre o incio e o final da
execuo de uma tarefa ou mensagem.
B. Prioridades
Para iniciar o escalonamento das tarefas e mensagens, deve-se sempre levar em
considerao a prioridade das mesmas, que se divide em dois conjuntos: prioridade de tarefas
e de mensagens.
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INTRODUO 30
Na primeira, as tarefas podem ser associadas de forma dinmica ou esttica, pelo
prprio escalonador; j no caso das mensagens, a prioridade definida pela aplicao.
C. Preempo
Preempo o ato de interromper uma tarefa que est sendo executada para execuo
de uma segunda; somente aps o trmino da execuo da segunda, que se retorna a execuo
da primeira. Escalonadores de tarefas preemptivos tm melhor desempenho que os no-
preemptivos, apesar destes ltimos serem usados na grande maioria dos casos, em razo de
serem mais simples.
D. Variao do tempo de execuo das tarefas
Para um nmero grande de escalonadores de tarefas, estas tm um tempo de execuo
finito, enquanto para os escalonadores de mensagens a condio de finitude sempre
verdadeira, pois toda mensagem tem um nmero finito de bytes.
E. Restries de precedncia
No caso de duas tarefas, h restrio de precedncia, isto , a execuo de uma est
condicionada ao trmino da execuo de outra; tambm com as mensagens pode haver
restries de precedncia.
F. Restries de recurso
Uma tarefa pode necessitar de mltiplos recursos para ser executada, tais como:
processador, memria, portas de I/O, porm a indisponibilidade de um deles impede a sua
execuo. Do mesmo modo, a transmisso de mensagens pode utilizar mais de um barramento
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INTRODUO 31
(recurso) de comunicao, e caso isso ocorra, a transmisso de outras mensagens,
ocasionalmente, em outros barramentos sofre bloqueio.
G. Escalonamento on-line e off-line
O escalonamento on-line processado sempre que se requisitar a execuo de uma
tarefa; mais adequado no caso de tarefas ou mensagens aperidicas. J o off-line define a
tabela de escalonamento das tarefas no sistema antes do incio da operao, sendo mais
utilizado quando tarefas ou mensagens so peridicas.
H. Critrios de otimizao
A qualidade do resultado de um algoritmo de escalonamento importante para
garantir o atendimento de requisitos temporais de um sistema. Alguns algoritmos podem ser
otimizados em funo de certos critrios, como descrito a seguir:
Minimizar o comprimento da tabela de escalonamento, isto , o perodo de tempo
compreendido entre o incio da execuo da primeira tarefa ou mensagem e o
trmino da execuo da ltima.
Equilbrio de carga: em redes com mltiplos barramentos, significa distribuir
equilibradamente o trfego de mensagens dentre os diversos barramentos.
Minimizar o nmero de tarefas que no atendem a seus prprios requisitos
temporais.
I. Escalonamento de malhas de controle distribudas em sistemas
FOUNDATION FIELDBUS
No protocolo FOUNDATION FIELDBUS, o escalonamento adotado o do tipo off-
line, realizado pelo software configurador de redes de campo, no qual os elementos (tarefas)
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INTRODUO 32
so alocados, escalonados e representados numa tabela de execuo temporal (schedule table)
assim que o usurio configura a malha de controle. Os elementos manipulados nesse tipo de
escalonamento localizam-se no nvel mais alto das camadas do protocolo FOUNDATION
FIELDBUS, tambm chamado de camada do usurio (user layer) (Figura 1).
Figura 1 Representao da estrutura em camadas do protocolo FOUNDATION FIELDBUS
As malhas de controle distribudas em sistema FOUNDATION FIELDBUS
configuram-se por meio de elementos denominados blocos funcionais, que nada mais so que
softwares residentes nos dispositivos da rede. Estes blocos funcionais encapsulam funes e
algoritmos bsicos de automao e controle de processos, cujo tempo de execuo finito e
previamente determinado. Distribudos entre os transmissores, os blocos funcionais tm suas
variveis de entrada e sada conectadas a outros blocos, de forma a estabelecerem malhas de
controle. Quando se conectam blocos funcionais de dispositivos distintos, estabelece-se e
mapeia-se remotamente a uma mensagem peridica do sistema.
Camada Fsica
Camada de Enlace
Subcamada de Acesso
Subcamada de Mensagem
Camada do Usurio
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INTRODUO 33
OUT
OUT
CAS_IN
BKCAL_IN
BKCAL_OUT
Conexo Remota
IN
Uma malha de controle SISO (Single Input, Single Output) com algoritmo PID
(Proporcional Integral Derivativa), como ilustra a Figura 2, pode ser conectada a trs blocos
funcionais: Entrada Analgica (AI); Controlador PID; Sada Analgica (AO), conexo remota
que estabelecida entre os parmetros OUT do bloco TT1-AI-1 (Transmissor de
Temperatura) e o parmetro IN do bloco FI1-PID-1 (Posicionador de Vlvula), ambos
situados em transmissores distintos.
Figura 2 Exemplo de malha de controle distribuda
Considerando que todas as mensagens peridicas devem ser enviadas em instantes
predeterminados, j que carregam dados gerados por blocos funcionais, recomenda-se que a
seqncia temporal de execuo dos blocos funcionais e das suas conexes remotas sejam
relacionadas ao instante de envio das mensagens peridicas. Tal seqncia de execuo
TT1-
AI-1
Transmissor
De
Temperatura
FI1-
PID-1
FI1-
AO-1
Posicionador de Vlvula
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INTRODUO 34
definida por um algoritmo escalonador off-line, no-preemptivo, cujas restries de recurso
devem ser observadas. O algoritmo pode ou no levar em conta as restries de precedncia
entre blocos funcionais e suas conexes remotas; como resultado dessa operao obtm-se
uma tabela de escalonamento com instantes de disparo de cada bloco funcional e suas
conexes remotas.
O acesso ao meio fsico no protocolo FOUNDATION FIELDBUS realizado por
meio de algoritmos da camada de enlace e dividido em duas formas distintas, sendo que cada
uma delas caracteriza uma banda ou fase de comunicao (Berge, 2002).
As duas bandas de comunicao so complementares e compartilham um nico
barramento: a primeira banda, destina-se transmisso de mensagens peridicas ou cclicas
referentes as conexes remotas entre blocos funcionais; a segunda, fica reservada
transmisso de mensagens aperidicas ou acclicas, na qual incluem-se as mensagens de
manuteno e gerncia das estruturas do protocolo. Estas bandas alternam-se no barramento
de dados de forma contnua e repetitiva, originando ciclos de perodos constantes,
denominados macrociclos ou ciclos de comunicao (Figura 3).
Figura 3 Comunicao em macrociclos
O perodo do macrociclo em aplicaes industriais tpicas est entre alguns
milisegundos (ms) e segundos (s), como tambm em outros sistemas fieldbus utilizados no
1- Macrociclo
Fase Sncrona Fase Assncrona
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INTRODUO 35
controle de processos em tempo real; tambm determina a taxa de controle das malhas
distribudas em operao na rede.
Para a resoluo do congestionamento e conseqentemente do atraso em rede fieldbus,
os algoritmos de escalonamento levam em considerao a integrao entre os blocos
funcionais, as restries e as precedncias das mensagens a serem transmitidas.
Como a linha de pesquisa sobre o assunto vasta e as opinies diversas, surgiu, ento,
a motivao do estudo deste tema aqui apresentado, acreditando que o seu desenvolvimento
muito contribuir para a cincia e para rea de automao industrial.
1.1 OBJETIVOS
Os objetivos deste trabalho so:
1. Projetar e implementar um algoritmo de escalonamento para o protocolo
FOUNDATION FIELDBUS, com base na estratgia de aplicao configurada pelo software
SYSCON, pertencente indstria SMAR EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS LTDA, visando
a otimizao do perodo do macrociclo para as mensagens cclicas e o tempo de execuo do
processo.
2. Coletar os dados configurados na planta de processo industrial e gerar uma
tabela com base nos elementos desta planta, destacando as prioridades dos blocos funcionais e
das mensagens a serem transmitidas, com o fim de realizar o seu escalonamento.
3. Analisar os dados validao e aos resultados do algoritmo comparando-os e
observar o macrociclo do processo e o tempo de execuo de cada bloco, assim como as
respectivas mensagens a partir do algoritmo de escalonamento denominado FFSMART.
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INTRODUO 36
1.2 ORGANIZAO DO TRABALHO
O presente trabalho est dividido em captulos. No primeiro est o desenvolvimento da
introduo; seguindo o Captulo 2 destaca o protocolo FOUNDATION FIELDBUS e suas
funcionalidades; o Captulo 3 apresenta a Reviso Bibliogrfica, com a teoria sobre
Escalonamento e a fonte motivadora para o estudo deste tema. O Captulo 4 contempla o
desenvolvimento do trabalho, a implementao e as funcionalidades do algoritmo de
escalonamento proposto; o Captulo 5 traz os ensaios de campos e seus respectivos resultados,
e, por fim, o Captulo 6 apresenta as discusses e as concluses.
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FOUNDATION FIELDBUS 37
2 FOUNDATION FIELDBUS
2.1 INTRODUO
A evoluo das interfaces de instrumentao iniciou-se a partir dos transmissores de 3-
15 psi, passando pelas interfaces analgicas de 4-20 mA at chegar a tecnologia fieldbus
(Scott e Buchanan, 2000). A Tabela 1 evidencia a evoluo das tecnologias no mercado de
instrumentao, no decorrer dos anos.
Tabela 1 Evoluo das tecnologias no mercado de instrumentao (Scott e Buchanan, 2000) ANO TECNOLOGIA
1960 3-15 Psi 1970 4-20 mA analgico 1980 Serial Links 1990 Fieldbus
Para Regh, Swain e Yangula (1999), a arquitetura de controle dos processos industriais
evoluiu a partir do Direct Digital Control (DDC) em 1962, passou pelos controladores lgico-
programveis (Programmable Logic Controllers PLC) cuja origem data de 1970; estes
foram seguidos pelo Sistema de Controle Distribudo SCD (Distributed Control Systems
DCS), em 1976, e deram origem ao Sistema de Controle Fieldbus SCF (Field Control
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FOUNDATION FIELDBUS 38
Systems FCS), no ano de 1994. A Figura 4 representa o deslocamento das atividades de
controle para os dispositivos em cho de fbrica.
O protocolo fieldbus surgiu na dcada de 90, dada a necessidade do mercado ter acesso
a um protocolo que funcionasse de maneira totalmente digital, uma vez que os transmissores
inteligentes j faziam uso desta nova tcnica, a tecnologia digital. Assim, o Fieldbus de posse
desta caracterstica digital, pde transmitir dados serialmente atravs do meio de comunicao
ou barramento e ainda possibilitar uma comunicao bidirecional (IEC, 2005).
Figura 4 Arquitetura de controle (Regh, Swain e Yangula, 1999)
De acordo com a norma IEC (2005), a comunicao no fieldbus digital e os servios
prestados pelo protocolo de comunicao deste sistema, quando bem elaborados, permitem
melhor explorao do meio de comunicao, favorecendo que quantidade maior de
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FOUNDATION FIELDBUS 39
informaes trafeguem no barramento atravs do compartilhamento das informaes
transmitidas em ambas as direes, pelos dispositivos de campo.
Fieldbus essencialmente uma arquitetura de comunicao de dados, plenamente
adequada para instalao em ambientes agressivos, uma vez que propicia medies e controle
em ambientes de cho de fbrica (IEC, 2005). uma rede local utilizada tanto na indstria de
automao de processos como de manufatura; favorece a distribuio da aplicao de controle
nos dispositivos desta mesma rede, e ainda que as atividades de medio e controle de
processos sejam efetuadas automaticamente pelos dispositivos sem qualquer interveno
humana, monitoradas e, se necessrio, controladas remotamente (Thomesse, 1998).
O Fieldbus um sistema de comunicao em tempo real, cuja configurao de
protocolo de rede baseia-se no modelo ISO/OSI.
Neste trabalho, buscou-se evidenciar a camada de aplicao do usurio, responsvel
pelo trfego de comunicao, e o escalonamento das mensagens no barramento
FOUNDATION FIELDBUS.
2.2 PROTOCOLO FOUNDATION FIELDBUS
O FOUNDATION FIELDBUS um dos protocolos que adotou a tecnologia digital,
como tambm todos os padres do fieldbus, descritos na introduo deste captulo. O
protocolo FOUNDATION FIELDBUS, alm das camadas existentes, apresenta a camada do
usurio, baseada em processos de aplicao de blocos funcionais; est situada
hierarquicamente acima das camadas de rede, que compem o chamado stack (pilha) de
comunicao (Figura 5).
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FOUNDATION FIELDBUS 40
O que so blocos funcionais? So mdulos de programas que desempenham funes
de controle, aquisio e atuao; eles requerem uma maior interao entre si, para que, atravs
da troca de dados, seja possvel controlar o sistema (FIELDBUS FOUNDATION, 1999b).
Figura 5 Estrutura em camadas do protocolo FOUNDATION FIELDBUS
O FOUNDATION FIELDBUS um protocolo de comunicao, com funcionalidades
caracterizadas pelo fluxo de mensagens presente em um canal de comunicao, o stack ou
barramento, que visa atender demanda com troca de informaes entre os dispositivos ativos
na rede informaes provenientes tanto das estruturas das camadas de rede como das
estruturas e funes da camada do usurio (Figura 5).
Com a utilizao do protocolo FOUNDATION FIELDBUS, as necessidades do usurio final tm evoludo. Neste sentido almejam-se algumas melhorias, como proposto por Thomesse (1998):
O maior requisito a ser alcanado a confiabilidade, pois o medo de se perder o controle em casos de falha grande. O sistema deve ser
Camada de Aplicao
Camada de Enlace
Camada de Fsica
Camada do Usurio
Stack de Comunicao
MMooddeelloo ddee PPrroottooccoolloo
FFiieellddbbuuss MMooddeelloo ddee CCaammaaddaass FFoonnddaattiioonn FFiieellddbbuuss
Camada de Aplicao
Camada de Enlace
Camada de Fsica
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FOUNDATION FIELDBUS 41
confivel, permitindo-se uma maior segurana e disponibilidade do sistema.
2.2.1 BLOCO FUNCIONAL
A camada de aplicao do usurio composta por blocos, representados por diferentes
tipos de aplicao e funo, da o nome de bloco funcional (Figura 6).
Figura 6 Tipos de blocos da camada de aplicao do usurio (FOUNDATION FIELDBUS, 2003)
A norma define os blocos funcionais como elementos de software que modelam
algoritmos paramtricos, os quais transformam os parmetros de entrada nos de sada
(FIELDBUS FOUNDATION, 1999b).
O protocolo FOUDANTION FIELDBUS realiza o controle do processo de modo
distribudo, permitindo que cada bloco funcional que compe a aplicao seja executado
localmente nos dispositivos ou equipamentos de campo. A comunicao entre estes blocos
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FOUNDATION FIELDBUS 42
funcionais realizada por um barramento de comunicao compartilhado entre os dispositivos
de campo; por meio de transferncias de mensagens, os buffers de dados de entrada e sada de
cada bloco funcional sero utilizados no decorrer do tempo (Zhou e Yu, 2002).
Os tipos de blocos usados na camada de aplicao do usurio esto descritos na Figura
7; no caso, os dispositivos so configurados com uso dos blocos Resource e Transducer
(FIELDBUS FOUNDATION, 2003).
Os blocos funcionais processam parmetros de entrada em funo da sua
configurao, e assim geram sadas que podem ser utilizadas por outros blocos. A norma os
classifica em:
Blocos de entrada: acessam medidas fsicas e assim mantm comunicao com
blocos transdutores de entrada por meio de canais. Tais medidas so convertidas,
linearizadas e disponibilizadas para outros blocos funcionais pelos parmetros de
sada;
Blocos de sada: estes acionam blocos transdutores de sada pelos canais, a partir
de um valor recebido pelos links estabelecidos com outros blocos nos seus
parmetros de entrada;
Blocos de controle: realizam clculos com parmetros de blocos de entrada e
enviam parmetros para outros blocos de controle ou de sada;
Blocos de clculo: desenvolvem clculos matemticos sobre parmetros de
entrada, para gerarem parmetros de sada.
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FOUNDATION FIELDBUS 43
Figura 7 Tipos de blocos funcionais (FOUNDATION FIELDBUS, 2003)
Para construo do controle da estratgia de aplicao, utilizam-se os blocos
funcionais. O desempenho de uma aplicao condiz com a execuo precisa dos blocos
funcionais em determinado perodo que, se respeitado garante a consistncia temporal da
aplicao. A complexidade da aplicao relaciona-se ao arranjo de blocos funcionais e suas
ligaes lgicas, que impem os limites de tempo ao sistema.
Para que um ou mais objetivos possam ser alcanados, todas as restries devem ser
satisfeitas, com a adoo de propostas que visem a soluo dos problemas de escalonamento,
uma vez que o escalonamento de cada bloco de funo deve ser executado de maneira precisa.
O escalonamento caracteriza no tempo qual bloco funcional ser executado num
dispositivo ou equipamento especfico e quais mensagens sero transmitidas atravs do
barramento. As mensagens transmitidas no instante de tempo afetam e so afetadas pelos
blocos funcionais executados nos dispositivos de campo j configurados.
A comunicao de blocos funcionais ocorre quando se estabelece ligao lgica entre
um parmetro de sada de um bloco e um parmetro de entrada de um outro bloco, ligao
que pode ser local, estabelecida entre blocos de um mesmo dispositivo, ou remotamente, entre
blocos de dispositivos distintos (BRANDO, 2005).
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FOUNDATION FIELDBUS 44
No protocolo FOUDATION FIELDBUS, os blocos funcionais so de extrema
importncia, pois seu bom funcionamento favorece melhor desempenho da aplicao fator
que garante consistncia temporal na execuo das tarefas.
O bloco resource ou de recurso (Figura 7), denominado bloco funcional, tem em sua
configurao a descrio das caractersticas de hardware do dispositivo ou equipamento de
campo. J o bloco de recurso possui um algoritmo que utilizado para monitorar o estado de
operao do hardware e indicar possveis alarmes neste aspecto. A execuo do bloco de
recurso no escalonada, portanto ele no possui parmetros de entrada ou de sada; tal
execuo segue as regras definidas pelo fabricante.
O bloco transducer ou bloco transdutor (Figura 7) um bloco funcional e fica entre os
blocos de I/O e o hardware de I/O. Como seu prprio nome diz, possui a funo de
transformar e traduzir sinais fsicos em variveis e vice-versa, de isolar os blocos funcionais
dos dispositivos e hardware especficos de I/O, como sensores, atuadores e chaves de cada
dispositivo. Seus algoritmos internos controlam os dispositivos I/O, apresentam uma interface
padronizada para os blocos funcionais e ainda realizam funes, como calibrao, filtragem
de sinais e converso de dados. Estes blocos seguem definies da norma, embora tambm
possam ser de um tipo particular, definido pelo fabricante.
A comunicao entre os blocos transdutores e os funcionais de entrada ou de sada
ocorre por meio de canais mapeados em parmetros CHANNEL, podendo um bloco
transdutor ter vrios canais. Uma vantagem do isolamento do bloco funcional, em relao ao
hardware, a possibilidade da execuo inexaurvel do bloco transdutor no processamento de
um dado de boa qualidade sem prejuzo de sobrecarga para os blocos funcionais
(BRANDO, 2005).
A norma classifica os blocos transdutores em trs tipos:
Input realizam a interface com sensores;
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FOUNDATION FIELDBUS 45
Output executam a interface com atuadores ou dispositivos de sada;
Display operam dispositivos de interface local.
A execuo dos blocos transdutores, assim como dos blocos de recurso, no possui
parmetros de entrada ou sada, e sua execuo no comandada por escalonamento, mas,
sim, definida pelo fabricante.
2.2.2 TRFEGO DE COMUNICAO
Para desenvolver seu trabalho de maneira confivel, o fieldbus utiliza servios que lhe
garantam o atendimento das restries temporais; assim, uma aplicao do sistema fieldbus
requer o tratamento de dois tipos de trfego de dados: o aperidico ou acclico e o peridico
ou cclico (Thomesse, 1998).
Segundo Thomesse (1998), as restries temporais so essenciais para a operao em
tempo real do sistema, pois a no-garantia destas restries afeta o comportamento do mesmo.
Para este autor as restries temporais mais importantes so: periodicidade, jitters, tempo de
resposta do processo de aplicao, e diferente simultaneidade ou coerncia de tempo nas
aes ou dados.
Thomesse (1998) assim define as restries temporais:
Periodicidade: tempo em que ocorre a transmisso de dados cclicos e que deve ser
respeitado;
Jitters: so variaes de tempo inseridas nas caractersticas temporais-padro do
sistema. Os jitters tambm ocorrem quando o sistema est em atividade, destoando
do valor de perodo especificado em tempo de projeto;
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FOUNDATION FIELDBUS 46
Tempo de resposta: aquele que est entre uma requisio e sua resposta;
Coerncia de tempo: propriedade associada a dois ou mais eventos; indica, ainda,
se tais eventos ocorreram dentro de uma janela de tempo definida. Este conceito
utilizado para definir eventos simultneos.
A literatura define como acesso ao meio fsico a etapa do processo de comunicao
regulamentada pela norma de camada de enlace, cuja comunicao em um barramento de
dados ocorre quando a mensagem for produzida e transmitida por um dispositivo, e tambm
recebida e decodificada com sucesso por outro(s) dispositivo(s). Dentro do processo de
comunicao, o dispositivo que produz e transmite a mensagem deve, para esse fim utilizar o
barramento de dados durante o tempo necessrio para completar a transmisso da mensagem,
sem entrar em conflito com outros dispositivos que porventura venham a utilizar o mesmo
recurso, simultaneamente.
No protocolo FOUNDATION FIELDBUS, a comunicao de troca de dados se d
entre sensores e atuadores, controladores e atuadores, e tambm entre os prprios
controladores. Os dados trocados entre estes elementos so definidos como trfego de dados
identificados, pois suas caractersticas temporais so conhecidas antes do sistema entrar em
atividade, ou seja, no estgio de especificao da aplicao (Figura 8). De modo a garantir o
acesso ao meio fsico no protocolo FOUNDATION FIELDBUS, os itens de trfego de
comunicao citados por Thomesse (1998) so realizados por algoritmos da camada de enlace
e divididos em duas formas distintas, sendo que cada uma caracteriza uma banda, trfego, ou
fase de comunicao.
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FOUNDATION FIELDBUS 47
Figura 8 Comunicao de troca de dados no protocolo FOUNDATION FIELDBUS
Os trfegos de comunicao so complementares e compartilham um nico
barramento: um destinado transmisso de mensagens determinsticas e peridicas ou
cclicas de prioridade alta; o segundo trfego de comunicao, de prioridade inferior,
reservado transmisso de mensagens aperidicas ou acclicas, na qual se incluem as
mensagens de manuteno e gerncia das estruturas do protocolo. Estas fases, bandas ou
trfegos denominam-se cclicos e acclicos, e podem ser definidos como:
Trfego cclico ou peridico: quando h troca de dados entre entidades de baixo
nvel (dispositivos de campo). As caractersticas dessa troca de dados ocorrem
entre entradas e sadas dos algoritmos de controle que, transmitidos
periodicamente, concedem a cada dado seu prprio perodo (Thomesse, 1998); tais
dados so produzidos durante a troca de variveis de medida e controle, e
geralmente so caracterizadas como crticas em relao ao tempo (Franco, 1998).
Os Jitters podem ou no ser aceitos pelos protocolos, que devem possuir regras
mais rgidas para respeitar uma periodicidade de tempo, sem a presena dos
mesmos (Thomesse, 1998). Os sistemas que contm este tipo de trfego baseiam-
se no estado do trfego, geralmente denominados de sistemas disparados por
tempo.
Sensores Atuadores Controladores
Troca de
Dados
Troca de
Dados
Troca de
Dados
Trfego de Dados
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FOUNDATION FIELDBUS 48
Trfego acclico ou aperidico: composto por requisies feitas entre entidades de
baixo nvel (dispositivos de campo) e entidades de nvel superior (sala de
controle), expressa o modelo cliente-servidor. Neste caso, a transmisso de dados
se d de maneira aperidica, com ocorrncia aleatria no tempo, podendo ser
liberados por meio de algum evento no sistema. Estas requisies esto associadas
aos sistemas disparados por evento.
Os trfegos de comunicao citados alternam-se no barramento de dados de forma
contnua e repetitiva, originando ciclos de perodos constantes, denominados macrociclos ou
ciclos de comunicao, como se observa na Figura 3. O perodo do macrociclo do
FOUNDATION FIELDBUS, em aplicaes industriais tpicas, est entre alguns milisegundos
e segundos, como tambm em outros sistemas fieldbus utilizados para controle de processos
em tempo real, ou seja, encontra-se profundamente atrelado taxa de controle das malhas
distribudas em operao na rede (Figura 9).
Figura 9 Macrociclos e o escalonamento no barramento (FOUNDATION FIELDBUS, 2003)
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FOUNDATION FIELDBUS 49
2.2.3 CAMADAS, GERENCIAMENTO E SERVIOS DE REDE
A camada do modelo OSI, usada no protocolo FOUNDATION FIELDBUS, possui
uma funcionalidade no gerenciamento e no servio de rede, e estas sero destacados a seguir.
Como j foi descrito, o protocolo FOUNDATION FIELDBUS utiliza trs camadas das sete
existentes no modelo ISO/ OSI, assim neste trabalho sero descritas as camadas de nvel 1,
nvel 2, nvel 7 e a nvel 8, existente no fieldbus, definida pela IEC 61158 e conhecida como
camada de aplicao do usurio (Figura 10).
Figura 10 Camada do modelo OSI no FOUNDATION FIELDBUS (FOUNDATION FIELDBUS, 2003)
A camada fsica ou nvel 1, segundo a norma IEC (2005), responsvel pela
transmisso de bits, caractersticas, especificaes eltricas e mecnicas das interfaces e de
dispositivo a serem instalados na rede.
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FOUNDATION FIELDBUS 50
A camada de enlace de dados ou nvel 2, tambm conhecida como DLL Data Link
Layer no protocolo FOUNDATION FIELDBUS, dividida em duas subcamadas: MAC -
Medium Access Control e o LLC Logical Link Control, assim definidas segundo Henriques
(2005) como:
MAC: localizado na subcamada inferior da DLL, responsvel pela poltica de
acesso ao meio fsico, uma vez que a topologia adotada pelo protocolo do tipo
barramento, usualmente utilizada tambm em sistemas industriais;
LLC: localizado na subcamada da parte superior da DLL; seu objetivo definir
alguns dos primeiros procedimentos de tolerncia falha do sistema, baseando-se
na abertura e fechamento de conexes, fluxo de controle e gerenciamentos de
erros; em outras palavras, diagnostica o que est acontecendo na rede.
Como este trabalho estuda o escalonamento no protocolo FOUNDATION
FIELDBUS, vlido destacar que a atividade de escalonamento de mensagem no fieldbus
localiza-se na subcamada MAC, que possui como referencial a garantia de ocorrer
deterministicamente o acesso ao meio fsico de comunicao, com destaque para MAC, a
nica responsvel pela poltica de alocao de recursos compartilhados.
Continuando, no nvel 7 situa-se a camada de aplicao, responsvel pelo mapeamento
das caractersticas da camada de aplicao do usurio para a subcamada MAC.
A camada de aplicao no FOUNDATION FIELDBUS se divide em duas
subcamadas: FAS (Fieldbus Access Sublayer) e FMS (Fieldbus Message Specification), como
exemplifica a Figura 11.
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FOUNDATION FIELDBUS 51
Figura 11 Diviso da camada de aplicao e funcionalidades das subcamadas FAS e FMS
Como mostra a Figura 11, a subcamada FAS mapeia servios da FMS para a camada
DLL e vice-versa; a FAS ainda facilita a comunicao dos servios da FMS com a DLL,
atravs de atalhos simplificados. Os servios oferecidos pela FAS so realizados pela VCR
(Virtual Communication Relationships), que se constitui num relacionamento de comunicao
virtual configurado depois que o usurio define sua aplicao.
J a subcamada FMS, apresentada na Figura 11, est localizada entre FAS e a camada
da aplicao do usurio; a primeira subcamada possui a funcionalidade de formatar
mensagens e especificar o protocolo necessrio para construo de mensagens da aplicao do
usurio para as camadas inferiores, ou seja, formatar as mensagens de alto nvel para baixo
nvel.
A camada do usurio, nvel 8 como contempla a norma IEC 61158, presente no
protocolo FOUNDATION FIELDBUS, a aquela que possui os blocos funcionais
padronizados e DD (Device Descriptions).
Mapeia Servios
FAS FMS
Subcamadas
FMS
Facilita a Comunicao entre FMS e DLL
CAMADA DE APLICAO DO
USURIO
Comunicao
Formata as Mensagens de alto nvel para o
baixo nvel.
DLL
VCR
CAMADA DE APLICAO
NVEL 7
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FOUNDATION FIELDBUS 52
O device descriptions descreve as caractersticas dos parmetros e funes dos
dispositivos de campo, permitindo que o host possa interoperar com os dispositivos sem que
se efetue qualquer programao adicional.
J os blocos funcionais, como citado, respondem pelo suporte de programao da
aplicao, possibilitando que estratgias de controle sejam compreendidas e analisadas e
ainda que as aplicaes complexas possam ser desenvolvidas.
Neste trabalho, que prope um algoritmo de escalonamento para o protocolo
FOUNDATION FIELDBUS, a subcamada MAC destaca-se a camada DLL, onde ocorre o
escalonamento e o acesso das mensagens no barramento, ou seja, ao meio fsico.
A subcamada MAC executa um servio de comunicao conhecido como LAS Link
Active Scheduler, e sua responsabilidade garantir que somente um dispositivo de campo
tenha acesso ao meio fsico de comunicao, pois como o acesso gerenciado pelo LAS, este
impedir a coliso de dados na comunicao. O LAS, o mestre de comunicao da rede, tem a
responsabilidade de controlar o acesso do dispositivo no barramento de comunicao, de
modo que esse controle seja feito somente quando o dispositivo possuir o token. O token
acessa o meio fsico autorizado pelo LAS que, baseado em prioridade, coordena as
transmisses de dados aperidicos ou acclicos; o token pode ainda conter mensagens
especficas como CD Compel Data, PT Pass Token, PN Probe Node, DT Data
Transfer e TD Time Distribution, caracterizadas pelos tipos de servio usados no FAS, os
quais esto apresentados a seguir.
A norma evidencia a possibilidade de redundncia no dispositivo LAS, utilizando
dispositivos do tipo link master ou mestre backup. Os mestres backups comportam-se
como dispositivos bsicos (a definir), porm ao identificarem falha ou interrupo na
atividade do LAS, assumem a funo do LAS sem causar danos ao processo de comunicao;
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FOUNDATION FIELDBUS 53
quanto aos demais dispositivos que na rede no possuem esta funcionalidade, so
considerados escravos.
De acordo com a norma IEC 61158-2, o LAS controla a comunicao no barramento
mantendo o tempo de sincronismo atravs de uma lista atualizada de dispositivos chamada de
live list, que nada mais que uma lista ativa dos dispositivos presentes na rede. A live list
favorece o gerenciamento do trfego na rede e tambm d suporte redundncia de
dispositivos e blocos funcionais.
O LAS garante que as mensagens contidas no trfego peridico determinstico ou
cclico sempre sero escalonadas e transmitidas, em conformidade com as restries de
tempo, que so crticas.
Para as mensagens aleatrias, como definio de setpoints, parmetros de
configurao, diagnsticos etc, encontradas no trfego aperidico, acclico ou esttico, o LAS
permite a sua transmisso conforme a disponibilidade de tempo no barramento de
comunicao, desde que as aperidicas sejam enviadas nos intervalos vagos entre as
transmisses cclicas.
Zhou e Yu (2002) definem o LAS, como:
Um mecanismo de acesso ao meio de comunicao centralizado, que de acordo com uma lista pr-definida de tempo de escalonamento controla todas as mensagens remotas entre diferentes dispositivos de campo no barramento.
No trfego peridico ou cclico, o LAS trabalha com uma tabela de escalonamento
para atender os dispositivos que tero permisso para atuar no barramento durante o
macrociclo (release time). A cada macrociclo a tabela verificada e, nos instantes de
transferncia de cada varivel, o LAS envia ao dispositivo responsvel uma mensagem do
tipo Compel Data (CD), requisitando a publicao de varivel, ao que imediatamente, o
dispositivo destinatrio do CD publica a varivel da camada do usurio no barramento,
utilizando uma mensagem do tipo Data Transfer (DT). Caso o dispositivo no responda ao
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FOUNDATION FIELDBUS 54
CD imediatamente, o LAS aguarda um perodo de tempo configurado na varivel da camada
de enlace antes de retransmitir o CD.
O dispositivo com o CD o produtor dos dados que alimenta o buffer, enquanto os
dispositivos configurados para receber os dados so chamados consumidores (Figura 12).
Figura 12 Comunicao do LAS com o dispositivo ou equipamento atravs do compel data (FOUNDATION FIELDBUS, 2003)
Na subcamada FAS a norma IEC 61158 prev que o trfego peridico, atravs do
servio produtor consumidor, utilize a comunicao cclica ou escalonada de um endereo
de origem para vrios endereos de destino da rede, a fim de estabelecer uma comunicao
orientada conexo. Os dados transmitidos so sobrescritos nos buffers dos dispositivos,
fazendo com que fique registrado na rede somente a ltima verso dos dados. J na
subcamada do FMS, as operaes que adotam o servio so as atividades de envio de
variveis entre blocos funcionais da aplicao de controle, os quais necessitam acessar o
barramento.
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FOUNDATION FIELDBUS 55
Para o trfego aperidico ou acclico, o FAS disponibiliza dois tipos de servios, tendo
cada um suas prprias caractersticas: o servio cliente-servidor e o servio de distribuio de
relatrios.
O servio caracterizado como cliente-servidor estabelece uma conexo entre um
endereo de origem e um outro de destino, para o envio da mensagem. Somente os endereos
permanentes da rede podem fazer uso do servio, assim a transmisso de dados se inicia
quando a conexo se estabelece. Quanto ordem das mensagens transmitidas, fica
armazenada para que se respeitem as prioridades entre as mesmas. Na camada de enlace, o
LAS dispara um servio conhecido como Pass Token PT ao dispositivo na live list, o qual
responder com a mensagem ou com uma requisio de uma mensagem para outro dispositivo
(Figura 13). As operaes do FMS, que adotam o servio cliente consumidor, englobam as
seguintes atividades:
Configurao;
Superviso;
Upload/ Download de dispositivos;
Read/ Write;
Diagnstico remoto;
Gerenciamento de alarme;
Mudana de setpoints.
No servio denominado de distribuio de relatrio, utiliza-se a comunicao acclica
ou no-escalonada de um endereo de origem para vrios outros endereos de destino da rede.
No existe o estabelecimento de uma conexo entre dispositivos de origem e destino para
transmisso de mensagem como tambm no existe a confirmao da recepo da mensagem
pelos dispositivos receptores, configurados na aplicao do usurio. Na camada de enlace, o
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FOUNDATION FIELDBUS 56
LAS dispara um PT e o dispositivo que possui um relatrio de evento ou de tendncia envia a
referida mensagem para vrios endereos especificados pelo VCR. Imediatamente aps a
transmisso da mensagem, os dispositivos configurados para receber o relatrio deste VCR
armazenam as mensagens enfileirando-as sem sobrescrever as anteriores.
Figura 13 LAS e o servio do pass token (FOUNDATION FIELDBUS, 2003)
O protocolo FOUNDATION FIELDBUS mostra que toda comunicao deve ser
sincronizada para que as restries temporais sejam atendidas. Na primeira inicializao do
LAS, define-se o tempo zero do segmento, porm todos os outros links masters do segmento
continuaro com o tempo de segmento que tinham no momento do evento de transferncia do
LAS. Os dispositivos necessitam possuir a implementao de um timer, assim toda mensagem
disparada pelo LAS deve ter uma sincronizao em intervalos pr-configurados, realizada
atravs do servio Time Distribution TD, que contem 55 bits e tempo de mensagem para o
fieldbus H1 (31, 25 kbps) de 1,7 ms.
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Aps os settings das mensagens citadas, o LAS envia um Probe Node (PN) para
configurar os endereos no-utilizados, quando o dispositivo consultado dever responder
com o envio de Probe Response (PR); em seguida, o LAS envia um DT para que o dispositivo
possa ser adicionado live list, e finalmente o LAS envia um Live List Update para informar
aos outros links masters do segmento de comunicao que o dispositivo consultado foi
adicionado.
O funcionamento do algoritmo do LAS pode ser observado no fluxograma da Figura
14, onde as mensagens especiais disparadas esto agrupadas segundo o tipo de trfego: cclico
ou acclico.
Figura 14 Fluxograma do algoritmo do LAS Link Active Schedule (IEC, 2005)
Para Hong e Choi (2001), os dispositivos de campo geram dados para o protocolo
FOUNDATION FIELDBUS e podem ser divididos em trs partes:
Dados de tempo-crtico: estes so caracterizados como sinais de notificao de
evento e alarme; devem ser transferidos em curtos intervalos de tempo, uma vez
H tempo de realizar algo
antes do prximo CD?
Espera at o tempo de publicao do CD
Publica CD
Publica
PN, TD ou PT
No
Sim CD: Compel Data PN: Probe Note TD: Time Distribution PT: Pass Token
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que so gerados esporadicamente numa ocorrncia de freqncia relativamente
baixa;
Dados peridicos: aqueles produzidos por malhas de controle ou monitorao
peridica dos processos; como os dados escalonados, so o atraso induzido pela
rede no deve exceder s restries temporais da mensagem.
Dados de time-available: so gerados por programas de controle numrico e
produzidos por um computador ou controlador; estes dados devem ser arquivados
e as mensagens de gerenciamento do banco de dados enviadas por computadores
ou controladores de supervisrio.
Os atrasos no envio de dados, de acordo com Henriques (2005), referem-se ao tempo
disponvel, que no so considerados crticos como no caso de dados de tempo crtico e
peridico. Observe na Figura 15 os servios do LAS no barramento H1:
Figura 15 Servios do LAS no barramento H1 (FOUNDATION FIELDBUS, 2003)
Ainda na camada de enlace, h um modo de operao conhecido como Bridge que,
quando configurado, o dispositivo em questo estabelece a comunicao entre dois ou mais
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FOUNDATION FIELDBUS 59
links fieldbus (Figura 16). Alm das tarefas normais executadas por um dispositivo Bridge,
est o encaminhamento entre links de mensagens; mesmo quando o remetente e o destinatrio
no esto em um mesmo link, a redistribuio de mensagens ocorre de maneira sincronizada
com o tempo interno dos dispositivos igual para todos os links.
Figura 16 (a) Topologia Single Link e (b) Topologia Bridged Network
2.2.4 A CAMADA DE APLICAO DO USURIO
A camada de aplicao do usurio composta pelas funes de aquisio conhecidas
por entrada, atuao, tambm chamadas de sada e controle. Pela configurao e
desenvolvimento efetuados pelo usurio na aplicao que realizar-se- a distribuio das
atividades a serem executadas nos dispositivos de campo, os quais utilizam os servios
oferecidos pelo FMS.
No protocolo FOUNDATION FIELDBUS, os dispositivos de campo possuem
caractersticas especficas de funes de controle, aquisio e atuao. Estas funes podem
ser executadas e ativadas a partir do momento em que o download da aplicao for
descarregado nos dispositivos, respeitando-se sempre as configuraes feitas pelo usurio.
Canal Fieldbus H1 #2 Canal Fieldbus H1
(a)
Rede HSE
Canal Fieldbus H1 #1 Canal Fieldbus H1 #3
(b)
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FOUNDATION FIELDBUS 60
Na camada de aplicao do usurio tambm encontram-se os blocos funcionais como
j citados. Os blocos funcionais, segundo Henriques (2005,) so mdulos de programas
particionados de tal forma que cada uma das partes tem a funo de realizar determinada
atividade localmente no dispositivo.
A camada de aplicao do usurio configurada por blocos funcionais alocados em
dispositivos de campo especificados pelo prprio usurio, atravs de ligaes lgicas que
permitiro a ativao de tal aplicao. Assim, o controle automtico da planta ou processo
industrial feito com a interligao entre os blocos funcionais.
A aplicao do usurio pode ser composta por uma ou mais malhas ou estratgias de
controle (Figura 17), sendo esta ultima caracterizada por um conjunto de blocos funcionais,
que objetiva o controle de uma ou mais variveis do processo.
Figura 17 Malhas de controle na camada de aplicao do usurio (FOUNDATION FIELDBUS, 2003)
Para a execuo dos blocos funcionais, necessrio ter uma seqncia de aplicao
que dependa da estratgia de controle determinada pelo prprio usurio, porm sabe-se que as
funes de aquisio normalmente so executadas antes do incio das funes de controle,
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FOUNDATION FIELDBUS 61
seguidas pela execuo das funes de atuao, cujo papel finalizar a estratgia para que ela
haja sobre a planta ou processo industrial.
Assim que a aplicao do usurio concluda, o configurador (software) utilizado gera
uma tabela de escalonamento que ser armazenada nos dispositivos de caractersticas link
master, e estes iro conter a funo de LAS nos trfegos peridicos. Conforme a abordagem
adotada pelo configurador (software), o LAS ter ou no as informaes essenciais sobre a
aplicao do usurio para o escalonamento do trfego aperidico.
Neste captulo, constam as caractersticas mais relevantes do sistema fieldbus, para a
devida compreenso da sua funcionalidade e do seu comportamento, especificamente o
protocolo FOUNDATION FIELDBUS. Portanto, de extrema importncia o entendimento
dos servios de comunicao, blocos funcionais, camadas de gerenciamento de rede, inclusive
da transmisso de mensagens e tarefas que esto no barramento de comunicao, para que nos
captulos seguintes haja melhor percepo da utilizao deste protocolo.
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REVISO BIBLIOGRFICA 63
3 REVISO BIBLIOGRFICA
Como descrito no Captulo 2, o protocolo FOUNDATION FIELDBUS, uma
tecnologia complexa, com muitas funcionalidades e vantagens, mas tambm desvantagens, e
entre estas cita-se a que todo fieldbus trabalha com um nico barramento de comunicao,
fato que pode ocasionar atraso na transmisso das mensagens e nas tarefas no decorrer do
processo.
Para evitar as desvantagens, utilizam-se algumas linhas de pesquisas direcionadas
aplicao de escalonamento atravs de um algoritmo. Assim, esta reviso bibliogrfica, alm
das definies de escalonamentos e tcnicas usadas sobre este protocolo, cita trabalhos da
rea.
No trabalho de Zweben e Fox (1994), escalonamento definido como:
[...] A seleo entre planos alternativos alocando recursos e atividades em cada instante de tempo, tal que esta designao obedea s restries temporais das atividades e as limitaes de capacidade de um conjunto de recursos compartilhados.
Neste trabalho, consideram-se as caractersticas de tempo e concorrncia entre as
tarefas para que o comportamento do sistema em tempo real seja encontrado, e, para este fim,
utiliza-se a previsibilidade gerada pela tcnica de escalonamento (Farines; Fraga; Oliveira,
2000).
Brando (2005) relata que o escalonamento no protocolo FOUNDATION FIELDBUS
executado periodicamente em um espao de tempo denominado macrocycle; para tanto,
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REVISO BIBLIOGRFICA 64
deve-se sincronizar com preciso de 1 ms cada dispositivo do barramento e obedecer a um
escalonamento predeterminado.
Assim, pode-se dizer que uma atividade de escalonamento tem como objetivo alocar
uma quantidade de recursos limitados para a execuo de tarefas, no decorrer do tempo, de tal
forma que um ou mais objetivos possam ser alcanados (Pinedo, 1995).
Henriques (2005) refere que para se idealizar um problema de escalonamento
imprescindvel caracterizar conceitos essenciais para o tratamento dos elementos escalonveis
que retratam o sistema. Ainda Henriques (2005) define elementos como processos e tarefas
que expressam, ao longo do tempo, uma atividade ou ao a ser executada, processada ou
transmitida em algum recurso concorrente disponvel no sistema.
Para a realizao de um escalonamento de tarefas no sistema, seguem definies de
alguns termos abordados ao longo deste estudo:
Release ou Tempo de Liberao o instante inicial em que uma tarefa poder ser
executada em algum recurso do sistema.
Tempo de Execuo em sistema fieldbus, o tempo necessrio para
processamento dos blocos funcionais (Henriques, 2000).
Tempo de Transmisso em sistema fieldbus, para Franco (1998), o tempo
necessrio para transmisso das mensagens no barramento de comunicao
compartilhado.
Jitter Para Cavalieri et al. (1996), a diferena de tempo entre release e arrival
time expressa uma variao denominada release jitter variao que determina o
tempo, a partir do release (tempo de liberao), que o escalonador necessitar para
atender tarefa.
Deadline o instante de tempo que uma tarefa deve respeitar, caso sua execuo
termine ou seja concluda (Xu; Parnas, 1990); , pois, o instante mximo de tempo
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REVISO BIBLIOGRFICA 65
desejado para a concluso da tarefa. O deadline pode ser classificado em dois
tipos: Soft deadline e Hard deadline (Farines; Fraga; Oliveira, 2000).
Soft Deadline ou Deadline No-Crtico o instante de tempo desejado para se
finalizar uma tarefa em execuo; quando este deadline no for atendido, a
atividade operacional do sistema no ser afetada drasticamente (Sprunt; Sha;
Lehoczky, 1989).
Hard Deadline ou Deadline Crtico o instante de tempo no qual a execuo de
uma tarefa deve ser completamente finalizada; o no-atendimento deste deadline
pode levar o sistema a uma condio crtica, que afetar drasticamente sua
atividade operacional (Sprunt; Sha; Lehoczky, 1989).
Os sistemas de tempo real, segundo Jonsson e Shin (1997), so definidos como
aqueles que envolvem um ou mais computadores, nos quais a correo do sistema depende
no s dos resultados da computao, mas tambm do instante de tempo em que so
produzidos os resultados. Assim como h dois tipos de deadline, tambm se podem classificar
os sistemas de tempo real em duas categorias: Hard Real-Time e Soft Real-Time.
Hard Real-Time ou Sistema de Tempo Real Crtico neste sistema necessrio
que se garanta a execuo de todos os requisitos temporais dos projetos, e quando
ocorrer uma falha temporal em sistemas desta categoria, as conseqncias sero
catastrficas. Utiliza este tipo de sistema as usinas nucleares, msseis e usinas
petroqumicas (Farines; Fraga; Oliveira, 2000).
Soft Real-Time ou Sistema de Tempo Real No-Crtico neste sistema o requisito
temporal descreve apenas o comportamento desejado, um bom exemplo a
multimdia (Farines; Fraga; Oliveira, 2000).
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REVISO BIBLIOGRFICA 66
Os sistemas de tempo real tambm realizam tarefas, que se dividem em dois tipos:
Tarefas Peridicas e Tarefas Aperidicas. De acordo com Sprunt, Sha e Lehoczky (1989),
estas tarefas podem ser definidas da seguinte maneira:
Tarefas Peridicas ou Sncronas so aquelas ativadas em perodos regulares e
que possuem o hard deadline.
Tarefas Aperidicas ou Assncronas so aquelas com tempo de chegada
irregular; convencionalmente possuem o soft deadline.
Para uma tarefa ser escalonada preciso que esteja agendada numa tabela predefinida,
cujo tempo limitado pelo release e deadline. As tarefas peridicas em sistemas Hard Real-
Time sempre tm prioridades sobre as demais na hora da execuo.
Segundo Blazewicz (1996), a prioridade impe uma importncia relativa a uma tarefa,
que determinada na tomada de deciso, quando ocorre a atividade de escalonamento.
Ao se escalonar uma tarefa deve-se levar sempre em considerao, alm da sua
prioridade, se existe precedncia. Segundo Cardeira e Mammeri (1993), duas tarefas tm
restries de precedncia quando a execuo de uma delas estiver condicionada ao trmino da
execuo da outra tarefa.
3.1 ESCALONAMENTO
Com os escalonamentos empregados em diversos sistemas utilizam termos especiais,
neste estudo eles merecem no s destaque, mas tambm o registro de suas definies,
segundo alguns pesquisadores. No trabalho de Henriques (2005), h definies, como:
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REVISO BIBLIOGRFICA 67
Escalonamento timo neste tipo, pesquisaram-se todas as opes possveis para
o escalonamento de tarefas no sistema, de tal forma que a atividade de
escalonamento s ser interrompida quando a melhor soluo for encontrada,
principalmente aps considerar que foi definido pelo escalonador, como restries
temporais e critrios predefinidos.
Escalonamento Realizvel (Factvel) este escalonamento satisfaz todas as
restries temporais do sistema e garante sempre o seu cumprimento.
Escalonamento Preemptivos Preempo o ato de interromper uma tarefa que
est sendo executada para execuo de uma outra. Somente aps o trmino da
execuo da segunda tarefa que a da primeira ser retomada. Escalonadores de
tarefas preemptivos tm melhor desempenho que os no-preemptivos, apesar de os
no-preemptivos serem usados na maioria dos casos, em razo de serem mais
simples (Cardeira e Mammeri, 1993).
A teoria de escalonamento de tarefas em processadores teve seu marco com a
publicao do trabalho de Liu e Layland (1973). Os autores mostraram que os algoritmos RM
(Rate Monotonic) e EDF (Earliest Deadline First) serviram como base para o
desenvolvimento das futuras tcnicas de escalonamento de mensagens em redes digitais. Na
tcnica RM, as prioridades de transmisso de cada mensagem cclica so atribudas
estaticamente, tanto que no mudam durante o processo. No caso, o algoritmo escalonador
impe a cada tarefa uma prioridade proporcional sua taxa de execuo.
A tcnica EDF baseia-se em atribuio de prioridades dinmicas, na qual a prioridade
de cada tarefa varia no tempo e cresce na medida em que se aproxima o instante deadline,
definido como o instante da prxima execuo da tarefa em questo. Com base nos aspectos
apresentados e na definio de Hard Real-Time de Liu e Layland (1973), num ambiente Hard
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REVISO BIBLIOGRFICA 68
Real-Time todas as tarefas devem ser completadas dentro de um intervalo de tempo logo aps
a requisio de sua execuo, consideram possvel tambm a realizao de uma reviso sobre
o escalonamento de blocos funcionais e mensagens peridicas em sistemas fieldbus.
Como todo sistema de controle distribudo em tempo real, o FOUNDATION
FIELDBUS requer um algoritmo de escalonamento no qual todos os requisitos temporais
relacionados camada de aplicao sejam garantidos (Hard Real-Time). Neste protocolo,
tanto a execuo dos blocos funcionais quanto a transmisso de mensagens peridicas so
processos crticos e no-preemptivos.
A investigao do escalonamento de sistemas Hard Real-Time no-preemptivos foi
realizada por Xu e Parnas (1990), que propuseram um algoritmo para o escalonamento de
tarefas com restries de precedncia, o instante de disparo e deadlines. Neste algoritmo, Xu e
Parnas (1990) propuseram, ainda, a possibilidade da automao completa de uma tarefa no
processo de escalonamento pr-run-time, desde que se respeitassem a precedncia e as
relaes de excluso1.
O algoritmo usa uma tcnica de branch-and-bound, que percorre toda rvore e procura
nos ramos os ns da raiz, aplicando, assim, a estratgia Earliest Deadline First, de Liu e
Layland (1973), para computar o tempo e o escalonamento vlidos das solues inicialmente
apresentadas. Este processo deve satisfazer o tempo previsto e todas relaes de excluso e
preempo inicial. Os autores chamam os algoritmos de prioridade fixa de Rate Monotonic
RM ou Taxa Monotnica ou Deadline Monotnico, e os algoritmos de prioridade dinmica,
de Earliest Deadline First EDF.
Num sistema monoprocessado, o algoritmo RM - Rate Monotonic de fcil
implementao, uma vez que atribui altas prioridades s tarefas com menores perodos.
1 Relaes de excluso Exclusion Relations podem existir quando alguns segmentos do processo excluem a interrupo atravs de outros segmentos de processo, e prevm erros causados por acesso simultneo aos recursos compartilhados, como dados, dispositivos de I/O, etc, (Xu e Parnas 1990).
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REVISO BIBLIOGRFICA 69
Para Baruah e Goossens (2004), esta tcnica tima para sistemas peridicos
sncronos com deadline implcito, ou seja, para tarefas independentes; tambm a consideram
tima para os outros tipos de sistemas.
Para as estratgias dinmicas, Henriques (2005) apresenta duas regras existentes de
escalonamento: Earliest Deadline Frist (EDF ou Deadline Driven Scheduler DDS ou
Earliest Deadline Scheduler EDS) e Least Laxity First (LLF ou Least Slack Time LST).
No algoritmo EDF a prioridade da tarefa especificada segundo o deadline relativo; no
entanto tarefa eleita pelo algoritmo de escalonamento dinmico indica a primeira tarefa da fila
pelo seu deadline mais prximo. J no caso do LLF, a tarefa selecionada segundo a folga
expressa pelo deadline relativo subtrado pelo instante de tempo atual caracterizado no
momento da ao de seleo adotada pelo escalonador.
No trabalho de Baruah, Goossens e Funk (2003a), os algoritmos EDF e LLF so
classificados como timos para ambientes que possuem sistemas monoprocessados, pois caso
haja existir escalonamento factvel, os algoritmos permitiro que as tarefas atendam a seus
respectivos deadlines. Porm, nos sistemas multiprocessados, os algoritmos empregados em
tempo de execuo no so classificados como timos, uma vez que as restries so
desconhecidas num primeiro momento.
Henriques (2005), ao estudar os escalonamentos de sistemas monoprocessados e
multiprocessados atravs de escalonamentos distribudos, esclarece que em sistemas que
possuem recursos distribudos faz-se necessrio a adoo de um recurso de comunicao para
troca de informaes entre os processadores, porm como os recursos so escassos no
sistema, eles devem ser compartilhados entre as tarefas contidas no mesmo sistema. Assim,
sistemas distribudos so aqueles monoprocessados que trocam dados atravs de meios de
comunicao, meios estes considerados em escalonamentos como processadores adicionais,
que tm como tarefas no-preemptivas as mensagens transmitidas entre os processadores com
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REVISO BIBLIOGRFICA 70
atrasos de transmisso de pior caso. A comunicao, ento, caracterizada pelas restries de
precedncia; assim em ambientes multiprocessados com recursos de comunicao, uma tarefa
pode ser um programa a ser executado em algum processador do sistema, ou um dado enviado
entre os processadores.
No caso do fieldbus, alm das caractersticas apresentadas acima por Henriques
(2005), h tambm um modelo estendido caracterizado, o qual contm tarefas dependentes
entre si; estas impem que a execuo de uma tarefa no seja definida de forma arbitrria,
mas que siga uma ordem predefinida (Farines, Fraga e Oliveira, 2000), o que acarreta
restries ou relaes de precedncia entre tarefas que determinam uma ordenao parcial, a
ser respeitada durante a atividade de escalonamento.
O algoritmo RM Rate Monotonic, proposto por Liu e Layland (1973), no
considerado timo para mltiplos processadores, porm Baruah e Goossens (2003b) tentam
refinar a atribuio das prioridades definidas estaticamente para as tarefas, visando delimitar
um RM-factvel em funo da quantidade de processadores. Estes ltimos autores consideram
que um RM factvel se ele atender a todos os deadlines das tarefas para qualquer sistema de
tarefas, quando a soma da utilizao das mesmas for menor que m, onde m igual a:
3__ resprocessadodenmero
Ainda segundo Baruah e Goossens (2003b), a utilizao mxima do conjunto de
tarefas deve ser menor ou igual a 1/3 para que se obtenha um RM-factvel. O interesse destes
autores no comprovar estas consideraes e, sim, melhorar os testes que determinaro se
um sistema de tarefas RM-factvel, atravs das utilizaes das tarefas e de seu
particionamento. O trabalho destes autores tambm expe a existncia de um algoritmo que
torna mais eficiente a atribuio de prioridades das tarefas, quando o RM for no-factvel.
Almeida (1999), em seu trabalho, relata que os escalonadores executados em tempo de
projeto (escalonadores pr-run-time) produzem um escalonamento denominado de esttico,
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REVISO BIBLIOGRFICA 71
tambm caracterizado por uma tabela de escalonamento implementada antes do sistema entrar
em atividade (off-line). Esta tabela, num primeiro momento, de acordo com seu conhecimento
de todo o comportamento temporal do sistema, prov os tempos de liberao (release) futuros
das tarefas a serem escalonadas perante as operaes do sistema. No fieldbus as tarefas so
caracterizadas como mensagens no barramento e nos programas, enquanto os blocos
funcionais, nos processadores e dispositivos.
Almeida (1999), props em seu trabalho, um algoritmo de escalonamento denominado
esttico, onde o escalonador executado em tempo de projeto, quando o sistema no estiver
em atividade (off-line). Este escalonador baseado nas informaes futuras operacionais do
sistema (tabela de requisitos) cria uma tabela de escalonamento a ser utilizada quando o
mesmo entrar em atividade (on-line) (Figura 18).
Figura 18 Exemplo do escalonamento pr-run-time de Almeida (1990)
Para o autor, os escalonadores em tempo de projeto (pr-run-time) possuem alto
determinismo, menor quantidade de informaes no cabealho da mensagem, baixa
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REVISO BIBLIOGRFICA 72
flexibilidade operacional e largos requisitos de consumo de memria. O alto determinismo
imposto pelo conhecimento de todo o comportamento temporal do sistema, no primeiro
instante. A previsibilidade mostrada pelo aspecto discutido anteriormente obtida em funo
do comportamento do sistema, representado pelas necessidades temporais em regime de pior
caso, quando o sistema no estiver ativo. O segundo aspecto, de menor tamanho de cabealho
em tempo de execuo, expressa que o despachante em tempo de execuo somente verificar
a tabela para a execuo das transaes, sem providenciar a criao de um cabealho que
contenha extensas informaes sobre a transao a ser executada. A baixa flexibilidade
operacional evidenciada atravs de mudanas efetuadas na tabela de escalonamento, pois
sua viabilidade depende novamente da execuo do escalonador, que criar uma nova tabela
de escalonamento com as mudanas necessrias. Os largos requisitos de consumo de memria
so condizentes com os valores atribudos aos perodos das tarefas, uma vez que o tamanho da
tabela de escalonamento est condicionado ao desmembramento dos perodos das tarefas, em
nmeros primos, para o clculo do perodo comum (mnimo mltiplo comum MMC), o que
pode gerar um valor grande para MMC, e conseqentemente maior tamanho da tabela de
escalonamento para armazenamento dos dados das transaes.
Almeida (1999) tambm apresentada um escalonamento realizado em tempo de
execuo (escalonadores run-time), o qual no possuem qualquer conhecimento sobre as
requisies futuras, por isso produzem um escalonamento dinmico que muda constantemente
em funo da alterao das prioridades das requisies, quando o sistema estiver em
atividade. Por se tratar de um escalonamento dinmico, mais flexvel do que os
escalonadores pr-run-time, devido s constantes mudanas de requisitos comportamentais do
sistema. Como os escalonadores run-time no precisam da tabela de escalonamento, eles
dispem de maior capacidade para a disponibilidade da memria durante seu processamento,
j que as mensagens ficam enfileiradas ao chegarem para o escalonamento. Para o