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Danilo Marcondes
Departamento de Filosofia
Coordenador do Projeto Ética e Realidade Atual
www.era.org.br
William Shakespeare - Hamlet
• Nothing is good or bad until our thinking
makes it so. • Act II, scene 2.
Ética e tomada de decisão: dois grande conjuntos de problemas
Capacidade de distinguir entre: • Bom/mau • Certo/errado • Justo/injusto Capacidade de realizar/implementar: • Bom • Certo • justo
O “paradoxo socrático” e as origens da Ética
• Ninguém pratica o mal deliberadamente: 1. queremos fazer o que consideramos melhor para
nós. 2. queremos fazer o que consideremos melhor quanto
à sociedade.
• Pode haver um conflito entre 1 e 2. • Pode nos faltar conhecimento suficiente para
deliberar.
• Axiologia: Teoria dos Valores
• Deontologia: Teoria dos Deveres e Obrigações
• Consequencialismo: resultados e consequências como critério de aplicação de valores e deveres
Três Dimensões Complementares da Ética
Contextualização da Ética
• A avaliação ética deve ser sempre contextualizada.
• Diferença entre ética e percepção da ética.
• Questão dos contextos de transição.
Importância da Perspectiva Histórica: O Caso Brasileiro
• Alto grau de dependência do estado. • Baixo grau de institucionalização. • Desigualdade social profunda. • Crises institucionais. • Instabilidade econômica. • “Custo Brasil”.
• Renato Lessa, A Invenção Republicana, Rio de Janeiro, Vértice, 1988. • Luciano Zajdsnajder, Ser Ético no Brasil, Rio de Janeiro, Gryphus,
1994.
Contexto Recente: “Movimento pela Ética na Política” - 1992
• Impeachment do presidente Collor 29 de setembro de 1992
• 1993 CPI dos “anões do orçamento”
Pensando o Brasil? • ISEB, Instituto Superior de Estudos Brasileiros, 1955 – MEC.
(Helio Jaguaribe, Celso Furtado) • Sergio Buarque de Holanda: Raízes do Brasil, 1936. • Caio Prado Junior, Formação do Brasil Contemporâneo,
1942. • Florestan Fernandes, Mudanças sociais no Brasil, 1960. • Antonio Candido, Formação da Literatura Brasileira, 1975. • José Honório Rodrigues, Conciliação e Reforma no Brasil,
1965. • José Murilo de Carvalho, Cidadania no Brasil: o longo
caminho, 2004.
Corrupção
• Desonestidade. • Perda de integridade. • Falta de transparência. • Critério:
– Dano ao outro – Causar prejuízo – Perda de credibilidade
“Lugares Comuns” da Ética
• Ética é muito importante.
• Vivemos uma crise ética.
• Precisamos ser mais éticos.
Crise Ética
• Porque temos o sentimento de que vivemos uma “crise ética”?:
• Perda de referencial desde a Modernidade. • Sociedade complexa e pluralista. • Rápidas transformações no mundo
contemporâneo. • Instabilidade social.
E.Hobsbawn, A Era dos extremos, 1995 (p.20)
• “Ainda mais óbvia que as incertezas da
economia e da política mundiais era a crise social e moral (...) foi uma crise de crenças e supostos sobre os quais se apoiava a sociedade moderna”.
Duas Saídas
• Valorização do Caráter Individual X Evitar o voluntarismo
• Valorização do “Desenho Institucional” X Evitar o Formalismo.
• Como integrar ambos?
Liderança e Autoridade
• Max Weber, “Três tipos de autoridade”, 1922. 1. Legal: aplicação de regras e princípios. 2. Tradicional: força das práticas da tradição. 3. Carismática: características pessoais do líder.
Maquiavel, O Príncipe (1514)
• O líder como resultado da combinação de três características:
• Virtú
• Fortuna
• Kairós
Liderança
• Diferentes sentidos de liderança: • Não se confunde com papel institucional. • Não basta o líder ser designado, deve ser
reconhecido. • Equilíbrio entre trabalho de equipe/ trabalho
participativo e liderança.
Confiança
• Constatação de que nossa conduta é regulada pelas expectativas em relação à conduta dos outros.
• A Confiança é um pressuposto inevitável no “jogo social”.
Liderança Ética
• Ensinar pelo exemplo
• Liderança e carisma
• Dar autonomia: Evitar o “Abrir mão de pensar”
• Distinguir o Público do Privado.
Noção Ética Central
• Confiança/Confiabilidade. • Importância da construção da noção de
confiança. • Onora O’Neill, A question of Trust, BBC Reith
lectures, Cambridge Univ.Press, 2004.
Confiança/Confiabilidade
• Questão da confiança: necessidade de construir confiança entre os participantes de um processo.
• Expectativas que geramos nos outros/expectativas que temos sobre os outros.
• Desafio: como construir a confiança?
Contexto da ação/decisão
• Razões para a ação: o resultado será tão bom quanto melhor os agentes entenderem as razões para agir.
• Engajamento: o resultado será tão bom quanto mais os agentes se engajarem no processo/se sentirem parte da equipe.
Responsabilidade, Confiabilidade e Valores
• Bastam princípios como Responsabilidade e Confiabilidade? Em nome de que?
• Necessidade de determinar valores que funcionem como critérios.
Construindo Valores
• Valores são mais básicos do que conceitos como Responsabilidade e Confiança.
• Valores são mais básicos do que mecanismos como negociação e solução de conflitos.
• Necessidade de definir fins e caminhos para alcançar os fins.
• A construção de valores é histórica, não está dada.
Ética e Construção de Valores
• Ética é um ponto de chegada e não um ponto
de partida: Importância dos ideais regulativos. • Valores devem ser traduzidos em ações. • O teste do Desenho Institucional é seu
funcionamento – Depende dos indivíduos.
Sugestões Bibliográficas
• Luciano Zajdsznajder: Ser Ético no Brasil, Rio, Gryphus, 1994. • Danilo Marcondes: Textos Básicos de Ética, Rio, Jorge Zahar Ed., 2007. • Manfredo A. de Oliveira: Correntes Fundamentais da Ética Contemporânea,
Petrópolis, Vozes, 2000. • Onora O’Neill, A question of Trust, BBC Reith lectures, Cambridge Univ.Press,
2004. • Amartya Sen: Sobre Ética e Economia, São Paulo, Companhia das Letras, 1999. • www.era.org.br