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Revista Pensar Gastronomia, v.3, n.2, Jul. 2017
IDENTIDADE GASTRONÔMICA: O PROCESSO EVOLUTIVO DA GASTRONOMIA EM NOVA VENEZA, DO PONTO DE VISTA CULTURAL E ESTÉTICO
Débora Nuernberg Goulart / Universidade do Extremo Sul Catarinense1
RESUMO A presente pesquisa apresenta questões que envolvem um estudo sobre gastronomia, experiência estética e identidade cultural, correlacionando com a cidade de Nova Veneza-SC. Partindo desta temática, a pesquisa investiga o porquê das pessoas procurarem esta cidade como opção de gastronomia enquanto que nos municípios circunvizinhos existam outras opções. Trata-se de uma pesquisa qualitativa que inclui pesquisa de campo com a realização de questionários completos pelos proprietários de três estabelecimentos da cidade sendo eles: Restaurante Veneza, Restaurante DivinaArmida e Restaurante Il Caminho. Concomitantemente faz referências a representação da gastronomia como fartura de alimentos, e da gastronomia como uma experiência estética. PALAVRAS-CHAVE Nova Veneza; Gastronomia; Experiência; Identidade Cultural. ABSTRACT The subject research presents questions that involve a study on gastronomy, aesthetic experience and cultural identity, correlating with the city of Nova Veneza-SC. Based on this theme, the research investigates why people seek this town as a gastronomy option while there are other options in the surrounding municipalities. This is a qualitative research that includes field research through questionnaires completed by owners of three establishments in town: Veneza Restaurant, Divina Armida Restaurant and Il Caminho Restaurant. Concomitantly, it makes references to the representation of gastronomy as feast of food and flavors, and gastronomy as an aesthetic experience. KEYWORDS
Nova Veneza; Gastronomy; Experience; Cultural Identity.
A vida em seu aspecto essencial se resume a satisfação das
necessidades básicas e biológicas. A alimentação possivelmente é a mais primordial
dessas necessidades. O homem se alimenta para se manter vivo, precisa de
carboidratos, para ter energia no seu dia a dia, de proteínas para as funções
cerebrais, de vitaminas para a sua saudabilidade. O corpo humano precisa
funcionar e o alimento é o combustível e o remédio para o bom desempenho dele.
Comer é uma atividade vital, que ainda estimula a produção de dopamina,
umneourotransmissor responsável por regular o prazer. Talvez por ter esse valor
1 Artigo apresentado como cumprimento final do Curso de Especialização em Gastronomia- Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC com orientação do Prof. Me. Marcelo Feldhaus – Criciúma, 19 de março de 2017.
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que étão intrínseco na vida das pessoas, que se alimentar vai muito além da
necessidade nutricional. Tudo acontece em volta de uma mesa, comemorações
sempre envolvem comida, a festa de aniversário gira simbolicamente em torno do
bolo, um encontro romântico não dispensa um jantar, e assim tantos outros
momentos de nossas vidas.
Deste modo, o ato de se alimentar se transforma em uma experiência.
Esta, segundo os dicionários, é algo que nos acontece, como se refere Larrosa
(1998, p.27) “[...] a experiência é o que nos acontece e se o saber da experiência
tem a ver com a elaboração do sentido ou do sem-sentido do que nos acontece [...]”.
Assim, a experiência acontece de forma diferente em cada individuo, como por
exemplo, comer um bolo de chocolate pode ser algo marcante para uma pessoa, e
pode ser apenas se alimentar para outra. A ação de comer o bolo é comum, mas a
experiência é individual. Acontece para cada qual, de sua maneira, ou simplesmente
somente passa, não acontece.
Alimentos possuem sabores, texturas, cores e aromas diferentes, deste
modo, a gastronomia se apropria deles para transformar uma simples refeição em
uma experiência pessoal inesquecível. Ou seja, tocar profundamente quem
consome através dos seus sentidos e proporcionar prazer a quem come. De acordo
com Feran Adrià 1997, no livroLos secretos de El Bulli, o autor descreve as funções
dos cinco sentidos humanos, que são elas:
Visão2: é o primeiro sentido que entra em ação quando se recebe o prato.
Diz respeito à apresentação dos pratos, das formas, das cores e matizes dos alimentos, a identificação do produto e das elaborações, as quantidades que se serve; a disposição dos alimentos no prato. A conjunção dessas percepções informa a respeito do tipo de comida que vai provar, tradicional, étnica, clássica ou criativa. Também é fundamental observar que na gastronomia o que se pode ver também se pode comer. Olfato: após apreciar visualmente o prato, se percebe os aromas. O olfato desempenha três funções básicas na cozinha: em primeiro lugar desencadeia a produção de sucos gástricos que abrem o apetite e após possibilitam a digestão. Em segundo lugar, permite desfrutar os aromas característicos de cada preparação. E em terceiro lugar, dá noção do estado dos alimentos. Tato: o alimento entra na boca e a temperatura é a primeira a ser percebida. O paladar humano suporta entre – 20
oC a 50
oC. A combinação de distintas
temperaturas em um mesmo prato proporciona sensações diferentes. Após a temperatura se percebe a textura(...) Gosto: é o sentido que tem importância fundamental no ato de comer, poderíamos eliminar os outros, evidentemente eliminando níveis de prazer, mas este não. Gosto é sinônimo de sabor. Sua percepção é singular, as pessoas tem percepções muito distintas em relação ao gosto. Também é importante salientar que o gosto é
2 Grifos do autor
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composto por um conjunto de parâmetros culturais, estéticos e de hábitos. Falando estreitamente de gosto como sentido, as sensações gustativas, durante o ato de comer, podem ser enumeradas da seguinte forma: 1. Percepções dos gostos primários; sabor próprio dos alimentos, isto é, personalidade dos alimentos “gen”, observamos no doce, no salgado, no ácido, no amargo. Percepções das matizes: agridoce; adstringente; picante; balsâmico, etc. 2. Percepção do sabor característico de cada alimento, além das impressões relacionadas com os gostos primários. 3. Apreciação da “harmonia” existente entre os elementos. Audição: O som de certas texturas produzidas na boca, no corte (é o que menos participa durante o ato de comer).
Pratos se transformam em verdadeiras produções artísticas, despertando
as sensações mais diversas e as memórias mais profundas, portanto, para
Stiwell(2013, 334) referindo-se a Ferran Adrià, “[...] as pessoas não viram ao meu
restaurante para se alimentar, [...], mas para ter uma experiência gastronômica”.
No entanto, a qualidade sensorial de um alimento não é uma
característica própria deste, mas sim o resultado de uma interação entre o
consumidor e o alimento. E essa experiência acontece ou não, por influências de
fatores culturais, ambientais, sócio econômicos, e até mesmo induzidos pela lógica
do consumo e as novas tecnologias.
Quando o sujeito se da conta da experiência que o envolve, se revela
para ele o sentido de sua existência. Por esse motivo, cada época é marcada por
seus modismos, também a gastronomia se influencia com isso. Com o passar dos
anos o homem aprendeu e desenvolver cada vez mais a manipulação dos alimentos
e é a natureza a responsável por oferecer os ingredientes ao homem para garantir o
desenvolvimento de sua espécie.
Desde as primeiras civilizações a gastronomia foi se tornando um
elemento cultural do mesmo modo, ou ate mais intrínseco, que os costumes, a
língua e as festas populares, como afirma Freyre, (apud, Araujo, 2014, p.14),
O paladar é o último a se desnacionalizar no ser humano, pois caminha juntamente com a sociedade, a cultura, o tempo, o espaço e sua história alimentar permeada por toda a sua vida. O paladar é talvez o último reduto do espírito nacional; quando ele se desnacionaliza, está desnacionalizando tudo o mais, há uma perda de identidade cultural.
Hoje, existe muita fartura e ao mesmo tempo muita pobreza com relação
à alimentação. Muita diversidade e oferta de produtos e ao mesmo tempo, mau uso
e pouca valorização. Como por exemplo, a tendência gourmet3que incrementa tudo
3Grifo meu
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demasiadamente, correndo o risco de perder a essência de cada ingrediente e a
autenticidade do produto. Em contra partida há atualmente uma forte atração pela
gastronomia de raiz, como a utilização de produtos regionalizados, a pureza dos
alimentos, a simplicidade nas preparações, o respeito à natureza, como, aves
criadas em liberdade, produtos orgânicos, e o não uso de produtos industrializados.
A experiência da gastronomia está ganhando uma nova configuração, a
ideia atual é de que menos é mais, é sentir mais e experimentar menos. Os dias de
hoje permeiam entre a exuberância do homem contemporâneo e a busca, deste
mesmo homem por uma vida mais simples, saudável e autêntica, é um sujeito
confuso, deslumbrado e ao mesmo tempo sensível, que busca a felicidade a
qualquer preço.
É pensando nestas experiências de que fala Larrosa, bem como a ideia
de uma gastronomia de raiz, que trago à cena a cidade Nova Veneza(figura 01), um
lugar situado no interior do Estado de Santa Catarina. Faz extremas geográficas
com municípios como Criciúma, Siderópolis, Forquilhinha, Meleiro, Morro Grande,
Bom Jardim da Serra e São José dos Ausentes e está localizada a 215 km da capital
do Estado, Florianópolis, e conta com uma estimativa aproximada de 12.536
habitantes.
Figura 01 – Vista parcial da cidade de Nova Veneza (2017) Fonte: Disponível em: http://www.portalveneza.com.br
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Recebe esse nome por influência de seus primeiros colonizadores que
vieram da Itália. Eles se destinaram para cá trazidos pela Companhia Metropolitana4,
que tinha a missão de colonizar e povoar essa região. O responsável por essa
fundação, datada oficialmente, de acordo com Bortolotto (1992), em outubro de
1891, por receber o maior contingente de pessoas neste mês, foi Miguel Napoli, um
italiano, da Sicília, radicado nos Estados Unidos, que veio para essas terras como
empresário, frente à empresa Cia Metropolitana. Ele aqui, no início de 1891,
comandou a abertura de estradas, a demarcação de terras e preparou o ambiente
para receber os colonizadores, com a construção de uma serraria. Assim, o pequeno
lugarejo foi se emoldurando, como esclarece Zuleika Alvim, (apud, Bortolotto, 1992,
p.10),
Suas condições de vida nos permeiam entende porque foram eles os primeiros a abandonar a Italia. [...] As famílias venetas contavam com doze ou até quinze elementos ao todo [...]. Todos viviam do pequeno núcleo de terra que lhes pertencia. O pai era a autoridade máxima e o grupo se mantinha unido enquanto a propriedade fornecia os recursos necessários a manutenção [...].[...] toda a população desde os mais abastados aos mais pobres alimentavam-se basicamente de polenta. Nas mesas mais fartas havia também peixe, ovo, salame, mas raramente se comia carne, quando comiam era de porco, carneiro ou cabrito. A carne de vaca ficava reservada para os dias de festa ou quando se adoecia [...]. Também raramente se comia pão de farinha de trigo, [...].O vinho aparecia durante a colheita da uva, [...]; depois desse período usavam o “vinhete”, espécie de vinho de qualidade inferior.
Esse mesmo espaço era cultivado, e produzia uva, milho e muitas outras
iguarias da terra que alimentava as famílias que ali estavam estabelecidas. O queijo
e o salame, normalmente vinham de fora, eram os tropeiros5 que abriam picadas e
desciam a serra a cavalo, com as mulas carregadas de produtos, como o queijo e o
salame, que eram comercializados ou trocados com os colonos em Nova Veneza.
Esses mesmos tropeiros transportavam gado da serra para o Litoral e se
hospedavam nas casas dos colonos até chegar ao destino final. Como descreve,
BORTOLOTTO (1992, p.137),
É necessário citar também que grande parte do comércio de Nova Veneza era estabelecido com o Planalto Serrano, através da estrada da Serra do São Bento. Os colonos vendiam produtos da agricultura e compravam carne e queijos, além de porcos para a engorda, cavalos e vacas.
4 Empresa Norte-Americana que tinha a missão de povoar o interior do Brasil. Sua sede situava-se,
onde hoje é o atual Hospital São Marcos. 5Pessoas que desciam o Planalto Serrano, pela estrada da Serra do São Bento, a fim de comercializar produtos.
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E deste modo os anos foram passando, e a tradição tropeira continuava
fazendo parte do dia a dia da cidade em ascensão, os colonos acolhiam com
aconchego e alimento esse homem que descia a serra e precisava de abrigo e
comida. Assim, em 1959, uma senhora, chamada Luíza, que sempre recebia em sua
casa esses homens da serra, percebeu nesta atividade, uma oportunidade de fonte
de renda.
Começou a comercializar a comida que ela fazia para a família e para os
visitantes, e também de alugar quartos para os possíveis hóspedes. Dentre esses
alimentos estavam a polenta, a fortaia, a galinha caipira ensopada, a minestra, entre
outros pratos da culinária típica italiana(figura 02).
Figura 02 – Imagem ilustrativa da comida típica da época (2017) Fonte:Disponível em:http://www.hotelbormon.com.br/quem-somos
Foi assim que surgiu o primeiro restaurante em Nova Veneza, e que hoje
denomina-seRestaurante Veneza e faz parte do grupo de empreendimentos da
família, que compreende esse Restaurante e mais dois hotéis na cidade.
Depois de 126 anos de colonização da pequena colônia, já é visível seu
reconhecimento pelos seus recursos culturais e turísticos. Eles representam Nova
Veneza com muita expressividade. A gastronomia é o grande diferencial cultural no
município e é a principal motivação para o deslocamento de turistas para esta rota
mágica e bucólica. Sua arquitetura também tem elementos muito significativos, como
as casas de Pedra, a Igreja Matriz São Marcos, o Museu do Imigrante, a chaminé e
o casario antigo da Rua Nicolau Pederneiras. Outros dois símbolos marcantes na
cidade, no que se refere à intensificação cultural entre Nova Veneza e a Itália é a
Gôndola vinda da Itália em 2006, que está situada na Praça Humberto Bortoluzzi, e
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o Carnevaledi Venezia, que acontece todo ano durante a festa da Gastronomia
Típica Italiana. Sobre as características da cidade, de acordo com Portal Veneza6:
Assim colonizada por imigrantes italianos, a cidade herdou usos, costumes e tradições que foram cultivados através de gerações por seus habitantes. Por se manter fiel às tradições, o município recebeu do governo estadual, através da Lei 12.789, o título de Capital Catarinense da Gastronomia Típica Italiana. Nova Veneza é um município rodeado de montanhas com uma bela paisagem que, com sua arquitetura, praças, igrejas e a hospitalidade de seu povo, dispõe de uma diversidade de recantos que constituem um patrimônio histórico/cultural, singular e, sobretudo, natural.
A vida no interior, onde parece que o tempo não passa, e o sabor da casa
da nona, o aconchego da cidade, o desejo de buscar a simplicidade e compartilhar
tradições verdadeiramente autênticas desperta no turista a sensação maravilhosa de
bem estar quando está neste lugar, Nova Veneza.Talvez, seja essa a ideia de lugar
de pertencimento, como se refere Antony Giddens, (apud Canton, 2009, p.15) lugar
“se refere a uma noção especifica de espaço: trata-se de um espaço particular,
familiar, responsável pela construção de nossas raízes e nossas referências de
mundo.”. Já que diante da vida contemporânea que o ser humano leva hoje, a
globalização e a tecnologia fazem com que esse homem troque seu lugar de
aconchego e pertencimento, por lugares de passagem, lugares virtuais, por cidades
com milhões de habitantes e migalhas de amigos, com muitos espaços públicos e
praças, mas muitos esvaziados pelo medo.
Provavelmente esse sentimento de lugar de pertencimento seja um dos
motivos por essa busca pela cidade, é um lugar específico em que o turista se
identifica,uma espécie de refúgioque mantém hábitos interioranos marcados pela
hospitalidade.Além dos restaurantes, a praça é um ponto chave na busca pelo local,
o charme, o encanto e o aconchego dela, faz o turista buscar suas memórias e sua
identidade e a tão sonhada felicidade.
Um bom restaurante vai muito além dos seus produtos oferecidos, dos
produtos concretos, ele conquista pelo intangível, pelos desejos, as emoções e as
sensações. Estes são os elementos integradores da experiência, o cliente sente a
qualidade da experiência que ele procura, através do equilíbrio entre o desempenho
no atendimento dos garçons, na execução do prato, no ambiente harmonioso, a
localização, somados a experiência dos sentidos (sabor, visão, audição, entre
outros). Como acrescentaFlandrin; Montanari (apud, Araújo, 2014, p. 27),
6Disponível em: www.portalveneza.com.br. Acessado em: 23 de fevereiro de 2017.
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O homem civilizado não come somente para satisfazer uma necessidade biológica, mas também para transfomar esse momento em sociabilidade, carregado de um conteúdo social e comunicativo. Seria o que podemos chamar de comensalidade, o ato de comer junto.
O cliente agrega valor ao produto que ele se dispõe a comprar, e esse
valor está relacionado às percepções que ele tem, quanto aos benefícios que esse
produto pode lhe oferecer.
É intrigante pensar na cidade de Nova Veneza, e na sua desenvoltura
com os restaurantes locais. Nos últimos anos, os restaurantes da cidade estão
sempre lotados e a cidade cheia de turistas. Assim, a problemática em questão é
discutir: Quem é esse consumidor da gastronomia em Nova Veneza, e quais os
sentimentos que o anima a buscar Nova Veneza para se alimentar?
Para pensar sobre esse tema e entender sua relação com a gastronomia
local e as possíveis interferências culturais existentes, para isso, foi
pesquisado,além da revisão bibliográfica, três restaurantes da cidade, escolhidos
pela história que construíram ao longo dos anos e seu relacionamento interpessoal
com a clientela e a concorrência. Dentre os estabelecimentos está, o mais antigo e
tradicional, o 1.Restaurante Veneza7, (figura 03),o mais badalado de todos, com
uma clientela mais diversificada, o 2.Restaurante Il Camino8,(figura 05)e o mais
ousado, que une tradição e contemporaneidade, se apropriando da alta
gastronomia, o 3.RestauranteDivina Armida9 (figura 04).
Figura 03 – Restaurante Veneza (2017) Fonte: http://www.viagemeviagens.com/categoria/nova-veneza
7 Disponível em: http://www.viagemeviagens.com/categoria/nova-veneza 8Disponível em: https://www.tripadvisor.com.br/Restaurant 9Disponível em: https://www.tripadvisor.com.br/Restaurant
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Figura 04 – Restaurante DivinaArmida (2017) Fonte: https://www.tripadvisor.com.br/Restaurant
Figura 05 – Restaurante II Camino(2017) Fonte: https://www.tripadvisor.com.br/Restaurant
Com três pontos de vistas distintos, baseados em um questionário, e
partindo das maiores referências de gastronomia da cidade, foi possível, como o
primeiro questionamento, traçar um perfil dos clientes que frequentam os
restaurantes locais.O Restaurante Veneza, afirma que seus clientes até 2014,
compreendia os executivos durante a semana e famílias nos domingos, desde então
a clientela de turistas aumentou, principalmente aos finais de semana e também
durante a semana. Esse turista que além de procurar Nova Veneza, também passa
pela cidade em busca da Rota da Serra do Rio do Rastro, que com a pavimentação
asfáltica pela cidade de Treviso também possibilitou um rápido acesso a cidade de
Nova Veneza. Eles buscam a cidade também e principalmente para encontrar uma
experiência diferenciada como, coloca o Restaurante II Camino, “os clientes não
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procuram apenas a comida, mas querem comer para alimentar suas emoções, e as
vivenciar experiências diferenciadas e especiais.”.
O perfil do cliente de Nova Veneza acompanha uma tendência mundial,
segundo a estudiosa Carolina Sass de Haro10 (2016) sobre as três tendências de
comportamento que influenciam o negócio de bares e restaurantes. Na qual ela
traça o comportamento do consumidor da atualidade, que pode ser comparado com
o consumidor da gastronomia de Nova Veneza, mostrando que estes são movidos
principalmente por influências psicológicas. Ele procura motivação, aprendizado,
atitude, percepção, personalidade, estilo de vida e autoafirmação.
Além dessas motivações pessoais, o consumidor hoje também vive
conectado, isso permite acesso imediato à informação sobre determinado lugar.
Quando um negócio ou restaurante é compartilhado nas redes sociais o desejo de
consumo sobre ele aumenta, e é claro que a procura por ele também. Desde o
advento das redes sociais é extremamente visível o crescimento deste ramo em
Nova Veneza, talvez essa tendência mundial também interfira nesse
desenvolvimento local.
Partindo para o segundo questionamento sobre, o porquê as pessoas
procuram Nova Veneza e não outro local para comer, segundo todos os
entrevistados, além dos turistas virem para Nova Veneza, para encontrar uma
gastronomia farta, com restaurantes alacarte, buffet, massas, pizzas, e muito mais,
também encontram uma cidade culturalmente reconhecida, limpa, organizada e com
um povo acolhedor.
A cultura italiana disseminada no município também é um fator
enriquecedor para o turismo, afinal a região sul de Santa Catarina é colonizada por
muitos imigrantes italianos, que possivelmente se identificam com o local e desejam
compartilhar suas tradições, de forma autêntica e verdadeira. Nesse sentido, Hall
(2005, p. 47) explica que “as culturas nacionais em que nascemos se constituem em
uma das principais fontes de identidade cultural.”. A polenta com galinha ensopada,
queijo, e salame eram um dospratos consumidos diariamente pelos descendentes
de italianos de toda a AMREC – Associação dos Municípios da Região Carbonífera,
e com o passar do tempo e as novas tecnologias alimentícias, o hábito foi sendo
10 Disponível: http:\ www.correiogourmend.com.br.
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deixado de lado. Portanto, comer em Nova Veneza é rememorar experiências de
infância, e ate mesmo ancestrais, destacadas pela sua memória sensorial.
O homem se reveste de autenticidade quando se identifica com sua
cultura, e esse sentimento engrandece sua alma, como aborda Hall (2005, p.08)
“identidades culturais – aqueles aspectos de nossas identidades que surgem de
nosso ‘pertencimento’, culturas étnicas, raciais, linguísticas, religiosas e, acima de
tudo, nacionais”. E também gastronômicos. Essa característica de assumir a
identidade cultural é valorizar suas origens e suas diferenças, pois o ser humano é
único porque é diferente e se distingue dos outros pelas suas particularidades
pessoais e sociais.
O centro histórico, as casas de pedra, a Gôndola, o mais novo ponto
turístico a Ponte Del Morosi e principalmente a Praça Humberto Bortoluzzi com seu
clima encantador e atemporal, também são fatores importantes que determinam a
procura pelo município. A Praça Humberto Botoluzzi(figura 06),faz o frequentador
dos restaurantes passar a tarde toda sentado em seus bancos com a sensação de
paz, aconchego e de boas lembranças. Parece que naquele lugar o tempo não
passa, é um refúgio para quem vive em um tempo turbulento e que escapa pelas
mãos, já que atualmente muitos espaços públicos como praças e parques são
abandonados, sujos e maltratados. O Restaurante Veneza destaca ainda que, “a
praça é um lugar seguro, é um lugar bacana, então o programa começa onze horas
da manhã e termina seis horas da tarde, onde as crianças podem ficar brincando,
correndo e gastando energia, então sabemos que onde os filhos se sentem bem, os
pais se sentem melhor ainda”. Deste modo, destaca Canton (2009, p. 58)
Neste momento histórico da chamada globalização ou mundialização, de deslocamentos constantes nos fazem sentir que o lugar de pertencimento, de aconchego – a Pasárgada- é constantemente substituído por uma necessidade de nos adaptar aos impactos da vida contemporânea e tecnológica. Lugares fixos, conhecidos ou confortáveis, são trocados por não lugares, lugares de passagem, lugares virtuais, lugares que nos impõem outros tipos de trocas.
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Figura 06 – Detalhes de pontos turísticos da cidade(2017) Fonte: http://www.guiasc.tur.br/item/detalhes
Boa comida, técnicas especializadas de culinária, pessoas renomadas a
frente de restaurantes, com formação europeia, como no caso do Restaurante
DivinaArmida, tradição de mais de meio século, que contam com as mãos da
pioneira em gastronomia em Nova Veneza, como o Restaurante Veneza. Entre
outras qualidades diferenciadas quefazem as pessoas procurarem essa cidade e
não outra cidade vizinha para saborearem uma boa comida. Mas, mais uma vez a
experiência fala mais alto, as sensações que Nova Veneza trás a tona, vai muito
além dos sabores e do requinte de um belo prato.Como esclarece ainda, Carolina
SassHaro11(2016) sobre as três tendências de comportamento que influenciam o
negócio de bares e restaurantes, no site Correio Gourmend,
Desde os primórdios o ser humano está em constante busca pela felicidade. Entretanto, isto nunca esteve tão disseminado e explícito como na atualidade. Com a correria do dia à dia, a abundancia de ofertas e o tempo cada vez mais escasso, consumidores desejam viver experiências únicas, ricas, e especiais. Também desejam que produtos e serviços sejam pensados para facilitar a vida e para aumentar a disponibilidade para tempo de descanso e prazer. Destinos turísticos autênticos e pouco explorados ganham força, hotéis que oferecem algo a mais além da hospedagem, como festivais gastronômicos ou o uso do espaço de forma alternativa, enriquecem a experiência; bares e restaurantes temáticos que permitem
11 Disponível: http:\ www.correiogourmend.com.br.
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acesso a culinária e culturas exóticas são grandes exemplos da aplicação desta tendência.
Na sequência o questionamento foi: o que cada estabelecimento tem de
comum com a concorrência local, e o que diferencia dos restaurantes concorrentes.
Para o estabelecimento DivinaArmida, “os restaurantes de Nova estão unidos por
um único bem, Nova Veneza. E que essa união é pela valorização da cidade e do
neoveneziano”. O Restaurante Venezatambém destaca isso e acrescenta, quando
fala sobre a ANET, que é a Associação Neoveneziana de Turismo, fundada pelos
próprios donos de restaurantes para lutarem pelo crescimento da gastronomia local,
com o intuito de desenvolver a rota gastronômica e o desenvolvimento pessoal de
cada estabelecimento. Sobre turismo podemos pontuar,
Esse caráter instrumental para alcançar o desenvolvimento por meio do turismo não pode ser perdido de vista na formulação de uma política de desenvolvimento turístico. Assim, o turismo constitui um objetivo para o turista, como também para a região que deseja atraí-lo. (OLIVEIRA, 2008 p.33)
O Restaurante Veneza descreve ainda que,“para uma cidade se
desenvolver turisticamente, a nossa Rota gastronômica que é um produto da ANET,
que é sim a Associação de todos os estabelecimentos gastronômicos da cidade.
Isso é um crescimento porque a gente está incentivando as pessoas virem para
Nova Veneza e conhecerem todas as opções de gastronomia [...] hoje temos uma
diversidade de restaurantes, fazendo que isso se fortaleça, porque o cliente que
isso, ele não procura sempre a mesma coisa, então cada restaurante parte para
estilos deferentes”.
Assim, cada restaurante tem um viés diferenciado, em que faz da
concorrência uma parceira onde todos saem ganhando. O Restaurante Veneza, por
exemplo, tem uma gastronomia voltada para a comida típica italiana, produzida pelo
imigrante que veio da Itália para o Brasil em busca de uma vida melhor. Polenta,
fortaia, salame com ovos, como já foi citado, esse foi o primeiro restaurante da
cidade, por esse motivo segundo a entrevistada o intuito deles é “resgatar o paladar
típico italiano e consequentemente sua cultura.”.
O Restaurante Il Caminho, também segue pelo viés da comida típica
italiana, porém se destaca pela simplicidade e pela sequência de carnes que serve,
todos os possíveis cortes de carne que um bom conhecedor aprecia. O chamado
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“espeto corrido”, conhecido na região, faz sucesso também aqui. O Brasil é um país
extenso, tem uma extensa distribuição cultural, marcado também pela gastronomia.
No centro, por exemplo, predomina o arroz, feijão, carne de porco, fubá e o café. No
sertão, a carne de sol, o arroz, o feijão e a farinha de mandioca. No nordeste e norte
peixes e frutas. No sul do Brasil, onde se encontra Nova Veneza, predomina a carne
e o mate, ou seja, o tradicional churrasco. O que comprova o gosto da cidade pela
sequência de carnes. Como a exemplo do que já foi citado acima, os tropeiros
desciam a serra e se hospedavam em Nova Veneza para realizar seus negócios, e
para eles a alimentação era baseada na carne.
O Restaurante DivinaArmida, destaca-se tambémpela gastronomia
contemporânea, esta assim é chamada quando o criador origina um conceito novo
abrindo uma brecha para vislumbrar novas possibilidades. O entrevistado destaca,
por exemplo, além de pratos contemporâneos como polenta peneirada, a
harmonização feita entre a Terra da Gastronomia Típica Italiana e o Planalto
Serrano. Em uma noite especial, chamada de Noite Serrana, foramcom pratos
especiais compostos de ingredientes selecionados e combinados, destacando as
duas culturas. Como pão de moranga com costela bovina, destacando a culinária
serrana.
Enfim a culinária de Nova Veneza é riquíssima, trás elementos que
distinguem os restaurantes um do outro, possibilitando também uma boa relação
com a concorrência e até união da mesma pelo bem comum. Elementos típicos
italianos, elementos italianos (de restaurantes não pesquisados) elementos
brasileiros, elementos regionais do sul do Brasil, elementos contemporâneos
compõem essa mesa farta que é Nova Veneza, mas que acima de tudo é recheada
de versatilidade, afabilidade e bom humor.
A quarta e última questão, discute a frase “porque a fome jamais será
apenas de alimento” ondeFerran Adrià 1997, comenta que a gastronomia e
alimentação são duas coisas diferentes. Alimentar-se, é satisfazer as necessidades
físicas, como já foi falado anteriormente, já a gastronomia tem uma função muito
mais sutil, transformando o ato de comer em um prazer para os sentidos e para o
intelecto, para o autor, a gastronomia, mais do que estilo e técnica, consiste em
utilizar com muito carinho os conhecimentos do cozinheiro, para dar satisfação para
as pessoas.
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Contudo, o Restaurante DivinaArmida destaca que “apenas saciar a fome
nunca será o que as pessoas buscam quando procuram um restaurante. A
experiência gastronômica vai muito além. A fome é de sentir-se bem, ser bem
recebido, sentir-se seguro, comer algo diferenciado, boas vibrações, resgate da
historia. Tudo isso e muito mais você consegue buscar quando está em um lugar
diferenciado como é Nova Veneza.”. Deste modo, sentir-se em um lugar
diferenciado é sentir-se reconhecido, e isso confere ao consumidor, um certo nível
de status e de recompensa. Essa ideia se intensificou com o avanço da vida online,
marcas e conceitos se posicionam nas redes sociais e despertam desejos nos
consumidores, no entanto esse sentimento gerado não surgiu com a esfera virtual,
em 1825, Brillat-Savarin, já afirmava, “[...] que o destino das nações costuma ser
decidido em grandes jantares”, e ainda acrescenta, “os seres humanos não tem
paladar apenas para satisfazer um hobby: ele nos convida pelo prazer de corrigir as
perdas resultantes do desgaste da vida.” (WILLIAM, 2013, p.163)
Do mesmo modo, o Restaurante Veneza, também fala sobre experiência,
“para ser uma experiência boa, nós temos que ter uma boa comida, um bom
atendimento, um ótimo local e uma cidade limpa e organizada, então tudo isso junto,
faz a tua galinha com polenta ser uma experiência inesquecível”. Assim, o
consumidor acima de tudo procura com a gastronomia de Nova Veneza o que
procura em qualquer lugar do mundo, uma boa experiência e a possibilidade de se
sentir único e realizado. Como ainda comenta Carolina de SassHaro12
A necessidade de ser reconhecido e sentir-se querido também é inerente do ser humano. Produtos e serviços que permitem ao consumidor de certos status são preferidos e podem arrebanhar legiões de seguidores [...] quando se fala em status, não basta ser o melhor e mais caro, o mais exclusivo (apesar de que ser mais continua sendo relevante) é preciso que seu negócio permita criar histórias de vida de seus clientes. Através da propagação dessas histórias é que será gerado o status para sua marca e seu consumidor, de forma subliminar. [...]
Esta pesquisa iniciou-se com o objetivo de pesquisar sobre a origem do
interesse sobre gastronomia na cidade de Nova Veneza, e porque tamanha procura
nos últimos tempos por essa cidade para se alimentar. Partindo de uma perspectiva
estética e cultural, observou a alimentação como uma experiência, em que o ser
humano não se alimenta apenas para se manter vivo e saudável, mas para poder
12 Disponível: http:\ www.correiogourmend.com.br.
Revista Pensar Gastronomia, v.3, n.2, Jul. 2017
vivenciar diferentes sensações. Contanto, Sitwell(2013, p.335), relata sobre os
conceitos de Adrià, “A pintura é para os olhos. A musica pode ser maravilhosa, mas
é apenas para os ouvidos, [...] Comer é uma experiência mais intensa. Não existe
nenhum outro momento criativo que articule todos os sentidos.”
Esse é o turista que vem para Nova Veneza, ele deseja uma experiência
prazerosa. Busca isso através de uma comida saborosa, de uma cidade agradável,
de momentos em que ele possa realmente se sentir especial. Esse sentimento de
reconhecimento, se da pelo cuidado da cidade em atender bem os visitantes e
manter semprea cidade limpa e aconchegante. A Praça Humberto Bortoluzzi,
transpira paz de espírito e cultura, ela, assim como a grande oferta de restaurantes
que à circundam, são dois grandes motivos que trazem pessoas à Nova Veneza.
Seja em um ou em outro restaurante, ou na praça o turista se sente acolhido e
seguro.
A comida típica italiana desenvolvida pelo imigrante, a mais de um século
na cidade, com os ingredientes que ele tinha a disposição, que não eram em
abundância, hoje é valorizada com requinte. Talvez por essa simplicidade toda que
ela se torne tão especial, e também por se manter fiel a sua identidade. Valorizar a
cultura é um dos elementos marcantes para os neovenezianos, essa valorização
chama atenção para a cidade, fazendo com que as pessoas se interessem também
por esse lugar, que tanto aprecia sua própria história. Como pontua Bortolotto (1992,
p.1): “Conhecer fatos que envolvem nossos antepassados, suas lutas, sonhos,
valores e esperanças, não é apenas tentar compreender sua história, é
principalmente, descobrir mais sobre nós mesmos”. Essa relação carinho do
neoveneziano com seu lugar de pertencimento aproxima ainda mais o turista dessa
cidade encantadora.
É toda uma atmosfera de contemplação, que condiz com a tendência
atual da contemporaneidade, o desejo de ser feliz e de encontrar a simplicidade, a
pureza, neste caso a gastronomia de raiz, e de buscar a sua própria identidade.
Assim, o município satisfaz as necessidades dos consumidores, mas acima de tudo,
atende aos desejos que alimentam o ego de cada ser humano.
Como diz a música do grupo de Rock Titãs, [...]a gente não quer só
comida, a gente quer comida diversão e arte, a gente não quer só comida a gente
quer saída para qualquer parte[...], então a fome jamais será apenas de alimento. O
homem tem fome de muitas outras coisas, ele necessita de beleza, diversão,
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liberdade, de poder decidir onde quer comer, e o que deseja fazer. Alimentando-se,
para sentir, muito mais que sabor pelo paladar, mas para sentir afeto, amor,
aconchego, reconhecimento, e para buscar a sua tão almejada felicidade.
Referências
ADRIA, Ferran. Lossecretos Del Bulli: recetas, técnicas y reflexiones. Barcelona: Ed. Altaya, AS, 1997. ARAÚJO, Rodrigo Viriato. Saberes Gastronômicos e Formação de Chefs. Jundiaí: Paco Editorial, 2014. BORTOLOTTO, Zulmar Hélio. História de Nova Veneza. Nova Veneza: Prefeitura Municipal, 1992. CANTON, Katia. Espaço e Lugar. São Paulo: Ed. WMF Martins Fontes, 2009. CORREIO GOURMAND. Disponível em: www.correiogourmand.com.br. Acessado em 23 de fevereiro de 2017. HALL, Stuart. A identidade cultural na pós modernidade. Tradução Tomaz Tadeu da Silva. Guaracira Lopes Louro, 10 ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2005. OLIVEIRA, Antonio Pereira. Turismo e Desenvolvimento: Planejamento e organização. 5. Ed. Ver. E ampl. Ao Paulo: Atlas 2008. PORTAL VENEZA. Disponível em: http://www.portalveneza.com.br. Acessado em 23 de fevereiro de 2017. SITWELL, Williaam. A história da culinária em 100 receitas. Tradução Áurea AkemiArata. São Paulo: Publifolha, 2013. LARROSA, Jorge.Notas sobre a experiência e o saber da experiência. (COMO FAZERRRR)