de frente com a verdade- mônica de castro

Upload: hugo-viana-vieira

Post on 03-Jun-2018

238 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 8/11/2019 De Frente Com a Verdade- Mnica de Castro

    1/185

  • 8/11/2019 De Frente Com a Verdade- Mnica de Castro

    2/185

    Mnica de Cas$roDe $odo o meu serA sensi"ilidade e%acer"ada de Marianne & um pro"lema Os pais, descon1ecedoresdos processos medi+nicos, n'o sa"em o que fa#er Resolvem en$'o ado$ar medidasperiosas e e%$remas 2er'o suficien$es para con$er os inimios espiri$uais e$ra#er Marianne de vol$a lucide#>A a$ri#

    Tudo que Amelin1a queria era ser amada pela m'e Mas sua m'e, apeada sdificuldades de vidas passadas, via na fil1a a rivalde ou$ros $empos Amelin1a cresce e se $ransforma em T-lia ;c1oa, dei%ando para$r-s um passado de a"usos e dor 2er-, con$udo, poss!vel fuir de si mesma>4.measEs$a & a fan$-s$ica 1is$/ria de 3ea$ri# e 2u#ane, .meas id.n$icas, separadas aonascer Anos depois, uma sucess'o de coincid.ncias $ra# a desconfian:a,apro%imando)as da surpreenden$e revela:'o 0oder'o as meninas superar a dor eencon$rar a felicidade na nova realidade que a vida l1es apresen$a>2/ por amor5anu-rio nunca deu valor vida A$& o dia em que, ine%plicavelmen$e, umacrian:a descon1ecida desper$ou o amor que nem ele sa"ia e%is$ir A par$ir da!,5anu-rio$udo far- para ocul$ar seus crimes, sem sa"er que o passado $em seus pr/priosm&$odos para se revelarLem"ran:as que o ven$o $ra#2eredos inconfess-veis se ocul$am por de$r-s das paredes da mans'o ondeClarissa, inesperadamen$e, & o"riada a viver O amor e a verdade se $ransformamem p-lidaslem"ran:as que o ven$o sussurra pelos can$os, fa#endo da mor$e um mis$&rio queClarissa ser- c1amada a desvendar Es$e e%$raordin-rio romance encerra a$riloiainiciada com 2en$indo na pr/pria pele e Com o amor n'o se "rinca4iselleA aman$e do inquisidorNa Espan1a do s&culo quin#e, 4iselle $orna)se aman$e do inquisidor Es$e"an,sedu#indo pessoas para en$re-)las ao Tri"unal do 2an$o Of!cio e, com isso,enriquecerDe repen$e encon$ra um 1omem que a desper$a para um rande amor, inspirando)amudar de vida ?aver- $empo para 4iselle mudar ou ser- $arde demais> Voc.encon$rar-a respos$a nesse emocionan$e romance2eredos da almaVivian quer ser escri$ora na Londres do s&culo de#enove, mas $em que enfren$ar opreconcei$o da sociedade mac1is$a, ao mesmo $empo em que lu$a pelo seuverdadeiroamor Dian$e disso ela aprender- que o seredo do amor & a in$eli.ncia, e oseredo do des$ino feli# & ficar no seu mel1or4re$a;m momen$o de dis$ra:'o da "a"-, um aciden$e, uma crian:a morre Em conseq.nciado aciden$e, a "a"-, esmaada pela culpa, n'o conseue mais empreo e se v.o"riadaa en$rear)se pros$i$ui:'o para so"reviver 0or que uma crian:a saud-vel,alere, morre de repen$e> Como vencer a dor da perda e con$inuar vivendo>Descu"ra asrespos$as nes$e romance fascinan$e< 4re$aO 0re:o de ser diferen$eRomero desco"re a 1omosse%ualidade e $em que lu$ar con$ra o preconcei$o e ain$oler@ncia Es$e romance $ocan$e mos$ra que os escravos do preconcei$o es$'ose candida$ando,no fu$uro, a e%perimen$ar as mesmas e%peri.ncias que cri$icaram, a fim deaprender a conviver com as diferen:asA$& que a vida os separe

  • 8/11/2019 De Frente Com a Verdade- Mnica de Castro

    3/185

    O que fa#er quando voc. ama um fil1o e re(ei$a ou$ro, merul1ando na culpa semencon$rar e%plica:*es para seus sen$imen$os> A causa vai al&m da simples $rocadeenerias do co$idiano e es$- ocul$a em pro"lemas mal)resolvidos de ou$ras vidasque vol$am em "usca de solu:'oCom o amor n'o se "rinca

    Quando ser feli# passa a ser um o"(e$ivo s&rio, loo percce"emos que com o amorn'o se "rinca Os .meos Rodolfo e Faus$o s'o o opos$o um do ou$ro< enquan$oRodolfovi"i em /dio, Faus$o se consome em ci+mes, nessa envolven$e 1is$/ria que d-con$inuidade a 2en$indo na pr/pria pele2en$indo na pr/pria peleNo in!cio do s&culo de#enove, Ton1a & $ra#ida da Gfrica como escrava para servirAline, fil1a de um rico fa#endeiro que a $oma so" sua pro$e:'o Es$e romancemos$raque ao nos apressar em (ular as a$i$udes al1eias seundo nossos pr/priospadr*es, acredi$amos es$ar de posse da verdade 2er->;ma 1is$/ria de on$emA"andonada pelo 1omem que ama, Rosali lu$a para criar seu fil1o so#in1a e vencero preconcei$o da sociedade carioca do in!cio do s&culo vin$e Es$a & uma1is$/riaenvolven$e,em que as pai%*es se c1ocam em meio a falsos padr*es de compor$amen$o, e asapar.nciasdi$am as normasLeonelLeonel & um esp!ri$o mui$o querido do meu cora:'o 5- em nosso primeiro romance,ele me deu uma id&ia do que $eria sido em sua vida passada< escri$or2ei que nasceu e viveu na nla$erra, em sua +l$ima encar)na:'o, assim como nasan$eriores Em 2eredos da Alma, ele narra um pouquin1o da sua 1is$/ria,(un$amen$ecom a da mul1er que foi o rande amor da sua vida N'o foi um escri$or dos maisfamosos Era um "o.mio, mas alu&m com $an$a dinidade que loo desper$ou paraosverdadeiros valores do esp!ri$o, e 1o(e es$- em condi:*es de $ransmi$irmensaens de o$imismo e amorosidade Eu mesma perce"i isso no con$a$o quasedi-rio com elee nas comunica:*es que $ransmi$e, sempre de forma men$al?- alum $empo, ele me permi$iu con1ecer sua apar.ncia Leonel mos$rou)se paramim na casa esp!ri$a, em um momen$o de profundo recol1imen$o e refle%'oFisicamen$e,& um rapa# "oni$o Ca"elos neros, c1eios, com fei:*es delicadas e ol1os a#uisEs$a$ura mediana, maro, veio ves$ido com cal:a e "a$a"rancas, descal:o e com ar $ranqilo Tin1a um ros$o $'o sereno, que mecon$aiou Ali, ele me disse coisas que modificaram para sempre o meu modo deencarar cer$osaspec$os da vida2ua propos$a & a do crescimen$o e da dissemina:'o do amor para isso que$ra"al1a, & nisso que acredi$a e me fa# $am"&m acredi$ar 2em a esperan:a e acer$e#ana consolida:'o do amor, a vida n'o $em ra#'o de ser E o ins$rumen$o que eleencon$rou para a reali#a:'o desse prop/si$o, no momen$o, foi a psicorafiaAssim comoeu, Leonel escreve por amor a si mesmo e ao pr/%imoConsidero Leonel mais um "a$al1ador do invis!vel ;m esp!ri$o com enormesa"edoria e iniual-vel capacidade de amar ;m ser em evolu:'o que con1ece ocamin1o parao crescimen$o e sa"e onde es$- a fon$e do discernimen$o e da moral ;ma alma quecresce por meio do esfor:o pr/prio, do recon1ecimen$o de suas imperfei:*es e da

    "usca incessan$e do dom!nio so"re si mesmo E & nisso, acima de $udo, que resideo seu valor

  • 8/11/2019 De Frente Com a Verdade- Mnica de Castro

    4/185

    9H6H por Mnica de Cas$roCapa e 0ro(e$o 4r-fico< 0riscila No"er$o Diarama:'o< Andre#a 3ernardesRevis'o< Maria 4l/ria Nolla 0ires e Mnica 4omes d Almeida6a edi:'o9a impress'o ) fevereiro 9H66 6HHHH e%emplaresDados n$ernacionais de Ca$aloa:'o na 0u"lica:'o IC0J IC@mara 3rasileira do

    Livro, 20, 3rasilJLeonel IEsp!ri$oJDe fren$e com a verdade K di$ado pelo esp!ri$o Leonel psicorafado por Mnicade Cas$ro2'o 0aulo < Cen$ro de Es$udos Vida Consci.ncia Edi$ora6 Espiri$ismo 9 0sicorafia P Romance Cas$ro, Mnica de T!$ulo!ndices para ca$-loo sis$em-$ico< 6 Romance esp!ri$a< Espiri$ismo 6PP7DE FRENTECOM AVERDADE0u"lica:'o, dis$ri"ui:'o, impress'o e aca"amen$o CENTRO DE E2T;DO2 VDA CON2CNCA EDTORA LTDARua Aos$in1o 4omes, 9P69pirana ) CE0 H9H8)HH62'o 0aulo ) 20 ) 3rasilFone K Fa%< I66J PS)P9HH K PS)P9H6E)mail< raficaUvidaeconscienciacom"r2i$e< vidaeconscienciacom"rMnica de Cas$ropelo esp!ri$o Leonel0roi"ida a reprodu:'o $o$al ou parcial des$a o"ra, de qualquer forma ou porqualquer meio ele$rnico, mec@nico, inclusive a$rav&s de processos %eror-ficos,sempermiss'o e%pressa do edi$or ILei nW S7XX, de 6K69KPJYYYO livro que Marcela aca"ara de ler (a#ia iner$e a um can$o, a p-ina finala"er$a e manc1ada pela umidade de suasl-rimas Era um livro de poesias, de 5o'o Ca"ral deMello Ne$o, em que a personaem cen$ral ques$ionava se n'o seria mel1or sal$ar apon$e e desis$ir da vida Aquela id&ia l1e pareceu rom@n$ica,e ela peou inve(ando a cria$uraque, de forma $'o cora(osa, decide a"andonar as decep:*es da vida 0or que n'opodia elafa#er a mesma coisa>A passos vaarosos, apro%imou)se do arm-rio do "an1eiro e a"riu a por$a deespel1o o%idado, fi$ando o seu in$erior com an+s$ia Reme%eunas pra$eleiras a$& que encon$rou o que procurava< um vidro de comprimidos paradormir Revirou)o na m'o e fec1ou a por$a, aper$ando o frasquin1o con$ra opei$o Duas rossas l-rimas escorreram de seu ros$o, e ela suspirou amaruradaDe que adian$aria viver> 2ua vida 1avia perdidoo sen$ido naquela noi$e, no e%a$o momen$o em que Luciana dissera que $udo es$ava$erminado E ela simplesmen$e ac1a que n'o podia viver sem LucianaAinda se lem"rava do dia em que a"andonara a fam!lia e a cidade de Campos paraseui)la Luciana sempre fora uma menina esper$a, $ravessa e e%$rover$ida, mui$oseurade si e de suas escol1as Quando, finalmen$e, desco"riu sua verdadeiraorien$a:'o se%ual, en$reou)se a ela sem mui$os ques$ionamen$os, nem dandoimpor$@ncia aos comen$-riosmaldosos a seu respei$o Em6788, numa cidade pequena fei$o Campos de 4oZ$aca#es, foi um esc@ndalo sempreceden$es Quando o fa$o caiu no dom!nio p+"lico, a fam!lia se revol$ou, osamios seafas$aram, os professores a recriminaram, e ela aca"ou sendo convidada a se

    re$irar da escola normal que freqen$ava

  • 8/11/2019 De Frente Com a Verdade- Mnica de Castro

    5/185

    Foi por essa &poca que elas se con1eceram Os pais de Luciana a puseram decas$io, aos quase de#esse$e anos, proi"indo)a de sair de casa e ma$riculando)aem ou$rocol&io, do ou$ro lado da cidade, onde os rumores ainda n'o 1aviam c1eadoApesar da revol$a, Luciana concordou com as imposi:*es dos pais Era menor deidade e

    n'o $in1a mui$as escol1as Queria sair de Campos, mas n'o pre$endia fuir decasa para se $ornar pros$i$u$a em uma cidade rande Tin1a am"i:*es maiores0re$endia$erminar o curso normal para poder inressar numa faculdade no Rio de 5aneiro,onde poderia se mis$urar s mul$id*es e fa#er passar desperce"ida a sua vidase%ualQuando Luciana en$rou na sala de aula no meio do ano, c1amou a a$en:'o de mui$aen$e Era o $ipo de aro$a cu(o compor$amen$o fuia aos padr*es En$rou calada,por&m, sorriden$e, e foi sen$ar)se no +nico luar vao na sala, ao lado deMarcela Como era nova na escola e n'o con1ecia ninu&m, loo $ravou conversacom Marcelaque, por sua $imide#, n'o $in1a mui$os amios Da conversa, passaram aosencon$ros e da! a um relacionamen$o mais !n$imo n'o demorou mui$o Em "reve, asduas es$avamnamorando, sem que a fam!lia de Marcela sequer desconfiasse, e a de Lucianapreferisse n'o sa"erTerminado o ano le$ivo, (- aora com de#oi$o anos comple$os e formadaprofessora, Luciana decidiu par$ir C1amou os pais e comunicou)l1es sua decis'oOs pais demons$raramal!vio e n'o se opuseram Era mesmo mel1or para eles verem)se livres daquelafil1a inra$a, a ovel1a nera da fam!lia, que s/ l1es $ra#ia pro"lemas emanc1ara asua repu$a:'o de en$e 1ones$a e direi$a O pai ainda l1e deu din1eiro para asprimeiras despesas, com a condi:'o de que ela se arran(asse no Rio de 5aneiro en'ore$ornasse mais a Campos, a n'o ser que se emendasse e vol$asse a ser uma mo:adecen$e Luciana n'o ques$ionou Apan1ou o din1eiro, arrumou a mala e par$iu semmaiorescomplica:*es0ara Marcela, as coisas n'o foram assim $'o f-ceis Os paisnada sa"iam so"re seu romance com Luciana e n'o queriam permi$ir que elapar$isse com a amia para uma cidade rande e c1eia de $en$a:*es como o Rio N'ol1e deramnen1um apoio e c1earam mesmo a proi"i)la de ir Fr-il demais para enfren$-)los, Marcela n'o insis$iu, mesmo porque Luciana prome$era escrever)l1e sempreAs car$as de Luciana c1eavam reularmen$e, a$& que, um dia a mo:a l1e escreveudi#endo que 1avia passado numconcurso p+"lico e aora dava aulas numa escola domunic!pio Aluara un pequeno apar$amen$o de quar$o e sala no su"+r"io econvidava Marcela para ir viver com elaA felicidade foi $an$a que Marcela pensou que o pei$o fosse e%plodir Mas o quepoderia fa#er> Con$ar aos pais seria loucura porque eles (amais a dei%ariampar$irAos de#enove anos, decidiu que o mel1or seria fuir Como n'o podia con$ar com aa(uda financeira do pai, escreveu a Luciana, que l1e enviou din1eiro suficien$epara a viaem [s escondidas, Marcela comprou a passaem e, no dia e na 1oramarcados, su"iu no ni"us e foi em"ora, ao encon$ro de Luciana, $alve# paranunca maisre$ornar $erra na$alFoi assim que seu relacionamen$o come:ou Luciana es$ava indo "em na profiss'o epassou no ves$i"ular para odon$oloia Com sua a(uda, Marcela inressou nafaculdadede le$ras e con seuiu um empreo de au%iliar numa escola par$icular Mais $arde

    mudaram)se para um apar$amen$o mel1or, num "airro declasse m&dia, e levavam a vida

  • 8/11/2019 De Frente Com a Verdade- Mnica de Castro

    6/185

    em pa# e $ranqilidade, sem ninu&n para se in$rome$er em suas vidas Osvi#in1os nada sa"iam so"re seu relacionamen$o e, para $odos os efei$os, elaseram apenases$udan$es vindas de ou$ra cidade que dividiam um apar$amen$oEssas lem"ran:as fi#eram es$remecer o cora:'o de Marcela ?aviam sido feli#espor quase oi$o anos, e aora Luciana l1e di#ia que $udo es$ava $erminado O que

    fariada vida dali para a fren$e> Na verdade, n'o $in1a mais vida A vida de Marcela1avia aca"ado na 1ora em que Luciana cru#ara a por$a do apar$amen$o di#endo quen'opre$endia mais vol$ar Ela ainda n'o en$endia o que 1avia fei$o de errado=Nada=, dissera Luciana, mas Marcela n'o acredi$ava Aluma coisa 1aviaacon$ecido C1eoua pensar que Luciana 1avia con1ecido ou$ra pessoa, mas ela l1e asseurou quen'o 2implesmen$e o amor que as unira no passado 1avia $erminado, e Lucianaac1ava que(- era1ora de cada uma seuir o seu pr/prio camin1oMas os camin1os de Marcela es$avam en$rela:ados aos de Luciana, ou assim elapensava N'o podia e n'o queria viver sem ela Quando ela se foi, Marcela ficoudesesperadae se a$irou num c1oro profundo, a$& que apan1ou um livro de poesias, que era a+nica coisa que a acalmava Come:ou a ler Mor$e e Vida 2everina, a$& que aquelapassaeml1e c1amou a a$en:'o Assim como a personaem, ela $am"&m duvidava se aindavalia a pena viver A mis&ria $am"&m 1avia invadido a sua vida, pela car.ncia deamor2al$ar da pon$e l1e parecia a +nica solu:'o, e aquelas p!lulas seriam sua pon$epara a ou$ra vida, para o nada, para uma e%is$.ncia em que o va#io n'o l1e fariasen$ir a fal$a da presen:a de LucianaMarcela sen$ou)se na cama e ficou ol1ando o vidro de rem&dios, ainda 1esi$andoen$re $om-)los ou n'o De ve# em quando, ol1ava para o livro no c1'o e para ore$ra$ode Luciana na mesin1a de ca"eceira, e seus ol1os vol$avam a derramar l-rimassen$idas) A1\ Luciana, n'o posso viver sem voc.\ 0or que fe# isso comio, por qu.>Ao pensar na amada, Marcela sen$ia que n'o 1avia ou$ra sa!da para a sua dor Ouera a mor$e, ou a vida va#ia 0referia morrer Decidida, levan$ou)se e foiapan1ar-ua na co#in1a Vol$ou para o quar$o e derramou o con$e+do do vidro de rem&dionas m'os, enfiando $odos os comprimidos na "oca e sorvendo a -ua em oleslarosRepe$iu esse movimen$o a$& n'o res$ar mais nen1um comprimido no frasco C1orandocada ve# mais, dei$ou)se na cama, acomodando)se so"re os $ravesseiros Apan1ou ore$ra$o de Luciana, aarrou)se a ele e fec1ou os ol1os Aora era s/ esperar ac1eada da mor$eAo sair do apar$amen$o que dividia com Marcela, Luciana sen$ia a aran$aes$ranular Afinal, foram mui$os anos de conviv.ncia e, por mais que n'oquisesse con$inuara viver com Marcela, a si$ua:'o n'o l1e era indiferen$e?aviam sido amias, aman$es e confiden$es por mui$o $empo Dividiram alerias,$ris$e#as e dificuldades Venceram na vida so#in1as,lu$ando con$ra $udo e con$ra $odos, firmando)se no mundo como mul1eres e pessoasde "em Aquilo n'o era um nada Ao con$r-rio, era alo de que se lem"rar e seorul1arpor $oda a vidaNaquele +l$imo ano, as coisas en$re as duas n'o iam nada "em Luciana sen$iavon$ade de con1ecer ou$ras pessoas, via(ar, freqen$ar semin-rios e conressosrelacionados

  • 8/11/2019 De Frente Com a Verdade- Mnica de Castro

    7/185

    sua profiss'o Mas Marcela, em"ora n'o se opusesse, ficava inseura com a suaaus.ncia, $elefonando a $oda 1ora para os 1o$&is em que ela se 1ospedava,co"randoas lia:*es n'o re$ornadas, $emendo que ela se in$eressasse por mais alu&m Maso que Luciana queria era viver com li"erdade Em"ora os$asse de con1ecerpessoas

    in$eressan$es, n'o era se%ualmen$e que procurava se envolver com elas Apreciavaas conversas in$elec$uais, principalmen$e aquelas relacionadas a sua profiss'o0ena que Marcela fosse $'o inseura e assus$ada A mui$o cus$o conseuira passarnum concurso $am"&m, para dar aulas de por $uu.s numa escola cien$!fica Ela,Luciana,dei%ara o mais$&ric para se dedicar odon$oloia, para se en$reare%clusivamen$e ao pequeno consul$/rio que, com mui$o sacrif!cio, conseuiamon$ar no M&ier,(un$amen$e com Ma!sa, uma amia de facul dade Afinal, fora para isso que(un$ara din1eiro por $an$os anos para poder reali#ar o son1o de $er umconsul$/rio quefosse seuA inseuran:a e os medos de Marcela foram, $alve#, os maiores respons-veis pelofim de seu relacionamen$o Luciana era mui$o decidida e seura, independen$e econfian$e,$udo o que Marcela n'o era sso a decepcionava, porque Marcela era o seu opos$oe n'o l1e causava admira:'o Nunca fa#ia o que Luciana esperava, encol1ia)sedian$ede $udo e de $odos, sempre com medo de que desco"rissem o seu relacionamen$oTal a$i$ude foi cansando Luciana cada ve# mais, a$& que, sa$urada e sem verperspec$ivasde mudan:a em Marcela, decidiu que o mel1or mesmo, dali em dian$e, seria sesepararemDuran$e mui$o $empo, Luciana sen$iu)se respons-vel por Marcela, por $.)laconvencido a dei%ar Campos e a seuran:ados pais Fora Ma!sa quem l1e mos$rara que Marcela era dona de sua vida e capa#de decidir o seu pr/prio camin1o)2ei como se sen$e ) dissera Ma!sa ) Marcela veio de Campos a$r-s de voc. Masve(a o que fe# por ela N'o fosse por voc., ela n'o es$aria formada nem $eriao empreo que $em 2e & professora de le$ras, & ra:as a voc.)N'o & "em assim, Ma!sa ) con$es$ou Luciana ) Marcela sempre foi mui$oin$elien$e)Mas n'o & nada decidida medrosa e inseura Foi voc. quem l1e deu for:as,quem a encora(ou a ser alu&m Aora es$- na 1ora de ela camin1ar com aspr/priaspernas N'o & (us$o que voc. se man$en1a presa a quem n'o ama s/ por sen$imen$ode culpa ou ra$id'oMa!sa $an$o falou, que Luciana resolveu $omar aquela decis'o 4os$ava mui$o deMarcela, mas n'o podia mais viver com ela Queria li"erdade para desfru$ar daindepend.nciarec&m)con)quis$ada E depois, n'o era (us$o a"rir m'o de seus planos parasa$isfa#er as car.ncias de Marcela Ela aora era uma mul1er mais madura e capa#de erira pr/pria vida0or isso, $omou aquela a$i$ude Foi dif!cil $erminar uma rela:'o de mais de se$eanos, mas es$ava decidida 0rocurou ser o mais am-vel poss!vel, sem dei%ar desersincera E%ps a Marcela os seus sen$imen$os, seus anseios e afirmou que adecis'o era irrevo-vel N'o a amava mais, em"ora l1e $ivesse mui$o afe$oQueria o mel1orpara ela, mas queria o mel1or para si $am"&m 0odiam con$inuar sendo amias, massem envolvimen$o emocional ou se%ualQuando Marcela desa$ou a c1orar e a$irou)se em seus "ra:os, implorando)l1e que

    n'o par$isse, Luciana quase desis$iu, mas alo den$ro dela l1e di#ia que seriapior

  • 8/11/2019 De Frente Com a Verdade- Mnica de Castro

    8/185

    Es$aria alimen$ando uma men$ira e passaria a viver insa$isfei$a para que Marcelan'o sofresse N'o era (us$o nem com ela, nem com Marcela O mel1or, para am"as,era a separa:'o, por mais que Marcela n'o conseuisse en%erar dessa forma Comfirme#a, Luciana desvencil1ou)se da compan1eira, apan1ou a mala e par$iuapressada,esquecendo)se a$& de dei%ar suas c1aves 2a"ia que Marcela n'o a seuiria,

    com medo de que os vi#in1os perce"essem que ela es$ava desesperada por $er sidoa"andonada por ou$ra mul1erLuciana par$iu, e Marcela ficou c1orando a$r-s da por$a, a$& que resolveu $omaraquela a$i$ude e%$rema e desesperadaEm"ora Luciana n'o sou"esse de suas in$en:*es,uma inquie$a:'o come:ou a se alas$rar por seu pei$o, e um medo indi#!vel seapossou de seu cora:'o E se Marcela fi#esse aluma "es$eira> Luciana foicamin1andocomaquela sensa:'o 1orr!vel, $omou um $-%i e se diriiu para o apar$amen$o deMa!sa, com quem iria morar dali em dian$e Ma!sa n'o era 1omosse%ual, mas erapessoa deca"e:aa"er$a e sem preconcei$os, cu(os pais a enviaram cedo para es$udar no Rio de5aneiroAo c1ear casa de Ma!sa, a amia es$ava $erminando de lavar a lou:a do (an$ar,Luciana pousou a mala na sale$a e foi a seu encon$ro na co#in1a)2in$o se n'o a esperei para (an$ar ) disse Ma!sa ), mas voc. demorou mui$o e eues$ava morrendo de fome Ainda $em arro# e fei('o na panela s/ fri$arum"ife A1\ E $em salada na eladeira)N'o quero nada, Ma!sa, o"riadaMa!sa en%uou as m'os no pano de pra$o e apro%imou)se de Luciana, que se sen$ou mesa)E a!> Como & que foi> Correu $udo "em>)0ior do que eu imainava Marcela n'o quis acei$ar e ficou desesperada Tiveque lar-)la c1orando e sair meio na marra)Que coisa c1a$a)2im, foi mui$o c1a$o E $ris$e $am"&m)Mas o impor$an$e & que voc. conseuiu)Conseui &, conseui Mas es$ou preocupada 2in$o que Marcela & capa# dealuma "es$eira)2er->)N'o sei Meu cora:'o es$- pequeninin1o)Voc. quer que eu d. um pulo l- e ve(a se es$- $udo "em>)Voc. faria isso>) claro N'o me cus$a nada E depois, $am"&m n'o quer que Marcela fa:a nen1uma"es$eiraDe posse das c1aves que Luciana se esquecera de en$rear Ma!sa c1eou aoapar$amen$o de Marcela Tocou a campain1auma, duas, $r.s ve#es e nada de Marcela a"rir Encos$ou o ouvido na por$a, masn'o escu$ou nada Ou ela 1avia sa!do, ou n'o queria a$ender ou, o que era pior,alumacoisa 1avia acon$ecido Ma!sa n'o podia esperar mais Apan1ou a c1ave na "olsa eme$eu)a na fec1adura, a"rindo)a com m'os $r.mulas) Marcela\ ) c1amou ) Oi\ Voc. es$- a!>O apar$amen$o es$ava escuro e em $o$al sil.ncio, Ma!sa foi acendendo as lu#espor onde passava Acendeu a sala, o corredor e deu uma espiada na co#in1a, doou$rolado 0arecia deser$a, e Ma!sa seuiu para o quar$o A por$a es$ava fec1ada, eela "a$eu de leve Ninu&m respondeu, e ela "a$eu novamen$e 2il.ncioE%perimen$oua ma:ane$a, que cedeu de imedia$o Ma!sa empurrou a por$a, que foi a"rindo

    len$amen$e, e acendeu a lu# Rapidamen$e, passou os ol1os pelo quar$o e viu

  • 8/11/2019 De Frente Com a Verdade- Mnica de Castro

    9/185

    Num -$imo, compreendeu $udo Marcela dei$ada na cama, o re$ra$o de Luciana emseus "ra:os, o frasco de rem&dio no c1'o Ma!sa sol$ou um ri$o de pavor ecorreu paraa ou$ra, $en$ando escu$ar seu cora:'o As "a$idas pareciam fracas, a respira:'o,quase ine%is$en$e Mais que depressa, correu para o $elefone e liou para opron$o)socorro

    Deu o endere:o ao a$enden$e, e%plicou mais ou menos a si$ua:'o, larou o fone noanc1o e arrancou o re$ra$o de Luciana das m'os de Marcela, saindo s pressaslooem seuidaCora:'o aos pulos, Ma!sa desceu as escadas correndo e foi ocul$ar)se do ou$rolado da rua, so" a som"ra de um pos$e cu(a l@mpada es$ava queimada 0oucodepois, umaam"ul@ncia apareceu, e 1omens ves$idos de "ranco en$raram apressados noedif!cio Mais a$r-s, uma pa$rul1in1a es$acionou, e dois uardas desceramAluns vi#in1osapareceram nas (anelas, mas ninu&m sa"ia de nada, ninu&m a 1avia vis$o Ma!sa$in1a medo de qualquer coisa que se relacionasse pol!cia, por causa de seuenvolvimen$ocom o movimen$o es$udan$il na faculdade Fi#era par$e da ;NE e c1eara a serfic1ada na pol!cia, mas o pai do namorado, que era desem"arador no Tri"unal de5us$i:a,conseuira sol$-)la De l- para c-, (urara a si mesma que n'o se envolveria maiscom pol!$ica ou a di$adura e evi$ava qualquer con$a$o com a pol!cians$an$es depois, os enfermeiros apareceram carreando uma maca, com o corpo deMarcela es$endido, e Ma!sa aper$ouos den$es na m'o cerrada Es$aria ela mor$a> N'o sa"eriadi#er Esperou a$& que os uardas sa!ssem $am"&m e vol$ou para casa)E en$'o> ) indaou Luciana, loo que ela a"riu a por$a ) Como & que ela es$->Ma!sa es$ava l!vida fei$o uma fol1a de papel Apan1ou um copo de -ua e "e"eucom avide#, (oando)se pesadamen$e no sof-)Voc. nem queira imainar ) come:ou ela a di#er ) Quando c1euei l-, encon$reiMarcela dei$ada na cama, aarrada ao seu re$ra$o, com um vidro de p!lulas paradormirca!do no c1'o)Meu Deus\ Ela es$- mor$a>)N'o sei Quando sa!, ela es$ava respirando)Voc. a dei%ou l->) claro que n'o Liuei para a emer.ncia e me mandei A1\ E $irei a fo$o dasm'os delaMa!sa apan1ou na "olsa o re$ra$o de Luciana, es$endendo)o a ela)0or que fe# isso> ) quis sa"er Luciana)Voc. sa"e que n'o posso $er complica:*es com a pol!cia 0ensei que voc. $am"&mn'o quisesse maine o que a pol!cia n'o vai di#er quando desco"rir queela$en$ou se ma$ar por sua causa)Mas o que acon$eceu a ela> 0ara onde a levaram>)0ara o 1ospi$al, & claro)Que 1ospi$al> Como & que vamos sa"er para onde ela foi>)Quer um consel1o, Luciana> 2ei que & dif!cil, mas & mel1or esquecer o que1ouve N'o 1- nada que voc. possa fa#erMarcela es$- sendo cuidada, n'o & mais pro"lema seu)Como pode ser $'o fria, Ma!sa> E se ela morrer>)N'o quero que ela morra, mas n'o podemos fa#er mais nada Aora, & com osm&dicos)Voc. es$- & com medo de que a pol!cia ven1a "a$er aqi n'o &>)5- disse que n'o posso me envolver)Eu sei, eu sei\ Mas eu $am"&m n'o posso ficar aqui sen$ada sem sa"er o queacon$eceu a Marcela Ten1o que fa#er aluma coisa

    )Ac1o mel1or voc. n'o fa#er nada A pol!cia vai querer sa"er quem foi que$elefonou

  • 8/11/2019 De Frente Com a Verdade- Mnica de Castro

    10/185

    )0osso di#er que fui eu)A1\ > E por que se mandou> 2/ foe quem & culpado 0elo amor de Deus, Luciana,n'o me crie pro"lemas Mais $arde, posso pedir ao 3reno para ver se o paidele desco"re aluma coisaEm"ora con$rariada, Luciana aca"ou aquiescendo Tin1a medo de comprome$er Ma!sa,que $udo fi#era para a(udar Em considera:'o a ela, esperaria a$& o dia

    seuin$e,quando 3reno, seu namorado, poderia o"$er alum $ipo de informa:'o a$rav&s dopai 2e ele n'o conseuisse nada, ela mesma procuraria Marcela,nem que $ivesse que $elefonar para $odos os 1ospi$ais da cidadeYYYQuando Marcela a"riu os ol1os, a primeira coisa que viu foi um mo:o louro, ol1osa#uis, $odo ves$ido de "ranco, sorrindo para ela)Eu morri> ) divaou ela, ainda meio #on#a)s$o aqui n'o & o c&u, nem eu sou o seu an(o da uarda ) respondeu o rapa#,endere:ando)l1e um sorriso compreensivo ) Voc. es$- no 1ospi$al do Andara!,e eu sou o m&dico de plan$'o)M&dico> ?ospi$al> Mas o qu.>2/ en$'o Marcela se lem"rou do que 1avia acon$ecido< de Luciana, do desespero,dos rem&dios 2en$iu)se profundamen$e cons$ranida com a si$ua:'o Tin1a medo dequedesco"rissem que ela 1avia $en$ado se ma$ar por causa de ou$ra mul1er)Es$- $udo "em ) confor$ou o m&dico ) Conseuimos c1ear a $empo)O"riada ) falou ela $imidamen$eEm seuida, fec1ou os ol1os e adormeceu Cer$ificando)se de que ela vol$ara adormir, o m&dico auscul$ou)a ainda uma ve# e foi cuidar de ou$ros doen$es N'oconseuiu,con$udo, desviar os pensamen$os daquela mo:a ?avia alo nela que l1e c1amara aa$en:'o O que levaria uma (ovem $'o linda quele a$o e%$remo> Na cer$a, foraa"andonadapelo namorado e n'o conseuira supor$ar a separa:'o E onde es$ariam seus pais>0or que ninu&m aparecera para cuidar dela>Mais $arde, quando ele re$ornou enfermaria, Marcela (-es$ava acordada, $omando a sopa que a enfermeira dei%ara en sua ca"eceira)Ol- ) cumprimen$ou ele en$ilmen$e ) Que "om que (- es$- mel1or\O"riada ) murmurou ela, enfiando a col1er de sopa na "oca para n'o precisardi#er mais nada)Voc. se c1ama Marcela, n'o &>)Como & que sou"e>)A pol!cia me informou)0ol!cia> Mas eu n'o fi# nada de errado\)3em, voc. $en$ou se ma$ar, e isso & caso de pol!cia 2a"e como &, eles $.m quesa"er se foi $en$a$iva de suic!dio mesmo)sso foi uma loucura Eu es$ava fora de mim)N'o precisa falar nada 2ei o quan$o deve ser doloroso para voc. 0rocure n'ose lem"rar de coisas $ris$es aora)O"riada, dou$or)Fl-vio Mas n'o precisa me c1amar de dou$or, n'oMarcela ac1ou encan$ador o sorriso de Fl-vio e a"ai%ou osol1os, enveron1ada Nunca, em $oda a sua vida, $ivera $al pensamen$o comrela:'o a um 1omem)Quando vou $er al$a>)Aman1' Voc. es$- mui$o "em, e n'o ve(o mo$ivos para man$.)la aqui ) no$ando oseu ar de $ris$e#a, Fl-vio considerou ) O que 1-> N'o es$- con$en$e por podersair>)Es$ou Mas & queA frase morreu em seus l-"ios Em luar de palavras, o que saiu de sua "ocaforam solu:os anus$iados e sen$idos, e ela afundou o ros$o no $ravesseiro,c1orando

    copiosamen$e

  • 8/11/2019 De Frente Com a Verdade- Mnica de Castro

    11/185

    0enali#ado, Fl-vio alisou os seus ca"elos, sen$indo es$ran1a como:'o a domin-)loe re$rucou com $ernuraEle sorriu e l1e a$irou um "ei(o com as m'os, que ela finiuapan1ar no ar 0or uns momen$os, desliara)se da realidade, presa aoencan$amen$o daquele m&dico O que seria aquilo> 0or que sen$ira $an$a simpa$ia

    por um es$ran1o>Marcela nunca $ivera um namorado A +nica pessoa com quem se relacionara foraLuciana O que es$aria acon$ecendo aora que a fa#ia in$eressar)se por um 1omem>2er-que es$aria mesmo in$eressada> Ou se dei%ara levar pela en$ile#a com que ele a$ra$ava em um momen$o $'o dif!cil> De qualquer forma, era mui$o "om sen$ir)seadmiradae dese(ada, ainda mais por um rapa# "em)apessoado como o dou$or Fl-vioEnquan$o isso, Luciana se re$orcia de preocupa:'o, colada a 3reno, namorado deMa!sa, que $en$ava desco"rir o paradeiro de Marcela Aluns $elefonemas depois,finalmen$edesco"riu)a no 1ospi$al do Andara!, onde dera en$rada dois dias an$es e foraimedia$amen$e socorrida, su"me$endo)se a uma lavaem es$omacal para re$irada dosmui$osrem&dios para dormir que 1avia inerido Naquele momen$o, encon$rava)se "em efora de perio)4ra:as a Deus\ ) e%clamou Luciana, "as$an$e aliviada ) 0or ins$an$es, $emipelo pior)Viu> ) $ornou Ma!sa ) Ela es$- "em Es$- sa$isfei$a>)4os$aria de visi$-)la)N'o sei se seria "oa id&ia ) re"a$eu 3reno ) A pol!cia pode fa#er perun$as)Mas que medo da pol!cia, voc.s dois, 1ein>)2a"e que Ma!sa n'o pode envolver)se)2ei, sei Mas e eu> N'o $en1o nada com isso)0or favor, Luciana ) pediu Ma!sa ), n'o v- Ela es$- "em Voc. pode visi$-)ladepois)Mas ela vai ac1ar que eu n'o es$ou me impor$ando\)Ou pode pensar que voc. se arrependeu e quer vol$ar)Ora, Ma!sa, francamen$e, isso n'o & 1ora de pensar nisso)Mande)l1e alumas flores ) sueriu 3reno)sso $am"&m pode n'o ser uma "oa id&ia ) con$raps Ma!sa ) A pol!cia podequerer sa"er quem foi que mandou as flores)Querem sa"er de uma coisa, voc.s dois> ) redaruiu Luciana, irri$ada ) Voumandar)l1e flores, sim E, se a pol!cia fi#er perun$as, a#ar Direi que fuieu que c1amei a emer.ncia e fui apavorada2em dar a$en:'o aos pro$es$os de Ma!sa, Luciana comprou um lindo "uqu. de rosasamarelas e o enviou a Marcela, no 1ospi$al Queria ir pessoalmen$e, mas aindan'oes$ava cer$a se seria mesmo uma "oa id&ia Ma!sa dissera $an$as coisas so"repol!cia, que ela, no fundo, $in1a medo de comprome$er a amia Mas flores, elapensava,n'o fariam nen1um mal0ara a pol!cia, o caso es$ava encerrado an$es mesmo de come:ar Assim que virama mo:a es$irada na cama, com o vidro de rem&dios ao lado, os policiaisconclu!ramque se $ra$ava mesmo de uma $en$a$iva de suic!dio N'o 1avia d+vidas Osvi#in1os disseram que ela morava com uma amia, e eles dedu#iram que a $al amia1avia)l1erou"ado o namorado, o que a levara ao es$o e%$remo N'o 1avia mais o queques$ionarAo desper$ar na man1' seuin$e, Marcela sen$iu o perfume suave das floresinvadindo suas narinas e surpreendeu)se vendo que elas 1aviam sido enviadas porLuciana

    )Enfermeira\ ) c1amou ela, com o car$'o#in1o nas m'os ) Quem $rou%e es$asflores>

  • 8/11/2019 De Frente Com a Verdade- Mnica de Castro

    13/185

    )O rapa#in1o da floricul$ura N'o s'o lindas>)E a pessoa que as enviou> N'o veio $am"&m>)Ninu&m veio visi$-)la, sin$o mui$o)N'o $em impor$@ncia)N'o fique $ris$e Voc. vai sair 1o(e O dou$or Fl-vio, em pessoa, disse quevir- para assinar a al$a Ele n'o & "oni$'o> ) Marcela assen$iu, sem ra:a

    ) E parece que os$ou de voc.)Ac1o que n'o & "em assim Ele es$ava apenas sendo educado)Mui$o educado\ Ora, vamos, menina, n'o liue para esse an$io namorado Foi porcausa de um rapa#, n'o foi> Que voc. $en$ou se ma$ar> Esque:a)o Ele n'oa mereceMarcela sorriu meio sem (ei$o e ocul$ou o car$'o en$re as m'os N'o queria queninu&m sou"esse que ela $en$ara se ma$ar por causa de uma mul1er)Vou esquecer ) afirmou, ac1ando que seria mel1or que $odos pensassem que a$en$a$iva de suic!dio fora devido a um namorado)A1\ Ve(a, o dou$or Fl-vio (- c1eou Adeus, menina, e "oa sor$e)3om dia ) cumprimen$ou ele, $omando)l1e o pulso nas m'os ) 2en$e)se "em>)2im)]$imo ) em seuida, auscul$ou)a novamen$e, e%aminou seus ol1os e aper$ou sua"arria ) 2en$e aluma dor>)N'o)Mui$o "em Voc. (- pode ir Tem alu&m para "usc-)la>ns$in$ivamen$e, Marcela ol1ou para as flores ao lado da camae respondeu com $ris$e#a)Ten1oEla e%i"iu o envelope onde Luciana deposi$ara o car$'o#in1o e, ao ler o nome damo:a, Fl-vio suspirou mais animado)Menos mal 0ensei que mais alu&m es$ivesse in$eressado em rou"ar o seucora:'o)Mais alu&m>)N'o dia nada, mas eu sou o ou$ro alu&m ) Ela corou violen$amen$e e n'orespondeu ) Desde on$em, n'o consio parar de pensar em voc. 2er- que n'opodemosnos encon$rar fora daqui>)Nos encon$rarmos fora daqui>)2ei que o momen$o n'o & o mais apropriado, mas os$aria de, ao menos, ser seuamio)Meu amio>)2er- que voc. vai ficar repe$indo $udo o que eu dio> 0or que n'o me d- umarespos$a dire$a> 2e voc. n'o quiser se encon$rar comio, $udo "em, eu vou em"orae n/s nunca mais nos veremos Mas, se voc. me der uma c1ance, prome$o que n'ovai se arrepender0elo (ei$o como falava, Fl-vio parecia mui$o in$eressado nela E, pelo vis$o,nada sa"ia so"re seu envolvimen$o com Luciana Marcela ficou se perun$ando oque $odos$eriam pensado ao encon$r-)la inconscien$e, aarrada ao re$ra$o da ou$ra, masn'o $eve coraem de perun$ar Talve# Fl-vio n'o sou"esse desse de$al1e, e n'oseriaela quem iria l1e di#er Ainda mais porque se sen$ia imensamen$e a$ra!da porele N'o compreendia de onde vin1a $an$a a$ra:'o, mas, naquele momen$o, n'o$encionavaques$ionar 0odia ser que Fl-vio represen$asse apenas um amio, alu&m em quempudesse se apoiar naquele momen$o $'o dif!cil, e depois ela se desin$eressasse

    dele

  • 8/11/2019 De Frente Com a Verdade- Mnica de Castro

    14/185

    com a mesma velocidade com que se in$eressara Fosse como fosse, precisavaocul$ar)l1e a verdade a qualquer cus$o)4os$aria mui$o de encon$r-)lo fora daqui ) sussurrou ela, finalmen$e)2&rio>)2&rio Voc. me parece uma "oa pessoa, e es$ou precisando de um amio)E%celen$e\ Onde & que voc. mora>

    )D.)me um peda:o de papel, que escreverei meu $elefone e o endere:oEle ca$ou no "olso um pedacin1o de papel, uma cane$a e es$endeu)os a ela, que osapan1ou e ano$ou $udo Devolveu)os, e ele a fi$ou com in$eresse)Quando poderei v.)la>)Quando quiser)2aio do plan$'o s se$e 0osso passar na sua casa s oi$o> Apan1-)la para(an$ar>)[s oi$o 1oras es$- "om Es$arei esperando ) Marcela a"ai%ou novamen$e os ol1os,enoliu em seco e prosseuiu cons$ranida< ) Fl-vio N'o sei como l1edi#er isso, mas es$ou sem din1eiro Quando me $rou%eram para c-, vim sem acar$eira 2er- que voc. podia me empres$ar din1eiro para o $-%i> 0ao)l1e quandovoc.c1ear l- em casaEle re$irou alumas no$as do "olso e deposi$ou)as na m'o de Marcela,acrescen$ando com carin1o Onde $eria ido parar> 0rocurou)orapidamen$e,mas n'o o encon$rou por ali Talve# Luciana $ivesse vol$ado e a encon$radodesmaiada, c1amando en$'o os m&dicos e levando consio o re$ra$o 2/ podia serissoA campain1a do $elefone soou es$riden$e, e Marcela levou um sus$o, correndo paraele com ansiedade Talve# fosse Luciana 2/ podia ser Luciana\)Al> ) a$endeu com e%ci$a:'o)Marcela, & voc.>A vo# de 1omem a assus$ou, e ela respondeu decepcionada)Fl-vio 5- se esqueceu de mim>Ela se lem"rou do m&dico novamen$e, e seu cora:'o se desanuviou De repen$e, aimaem de Luciana desapareceu de seus pensamen$os, e uma aleria incon$ida $omoucon$ade sua alma)Dou$or Fl-vio\ claro que n'o me esqueci do sen1or)0ensei que (- $iv&ssemos superado a fase das formalidadesEla riu os$osamen$e e re$rucou de "om 1umor)Es$ou aqui)Que "om 0ensei que (- $ivesse me a"andonado an$es mesmo de come:ar a saircomio) claro que n'o)]$imo E aora dei%emos as "rincadeiras de lado Liuei para sa"er como voc.es$- passando)Es$ou "em)Nen1uma depress'o> 2a"e como &, a vol$a para casa cos$uma $ra#er lem"ran:as quereavivam o dese(o de morrerEle foi $'o dire$o que ela se c1ocou e respondeu com 1esi$a:'o 0ensando nisso, Marceladese(ou que aquele sen$imen$o que come:ava a "ro$ar pelo m&dico n'o see%$inuisse como passar do $empo Es$ava sendo mui$o "om sen$ir)se dese(ada por ele, e mais,dese(-)lo $am"&m De repen$e, ficou imainando como seria fa#er amor com um1omem,

    e seu corpo enc1eu)se de dese(o Que novas sensa:*es seriam aquelas que es$avae%perimen$ando>2u"i$amen$e, perce"eu que queria es$ar "oni$a para quando ele c1easse Dei%andode lado a saudade de Luciana, a"riu a por$a do arm-rio e come:ou a revirar suasroupas N'o $in1a nada deslum"ran$e N'o cos$umava ser feminina, ves$ia)se comsimplicidade, eralmen$e de cal:a (eans e camise$a de mal1a Mesmo quando ia$ra"al1ar, colocava uma saia re$a e sem ra:a, sapa$os ras$eiros e quase n'ousava maquiaem2/ um pouco de "lus1 e "a$om "em clarin1oNaquela noi$e, con$udo, usaria alo especial Queria impressionar Fl-vio An$es,queria impressionar a si mesma ;ma von$ade de se fa#er "oni$a para ele a foidominando,e ela amaldi:oou o arm-rio 0recisava sair e comprar roupas novas Come:aria umanova vida dali em dian$e, e a mudan:a no uarda)roupa seria a primeira queempreenderiaTomou um "an1o r-pido, ves$iu)se apressada e foi s comprasAinda "em que era per!odo de f&rias escolares, e ela podia fa#er de seu $empo oque "em en$endesse 0assou a man1' $oda fa#endo compras, o que a a(udou a n'opensarem Luciana Comprou coisas "oni$as, que nunca 1avia usado an$es, e vol$ou paracasa sa$isfei$a, carreada de em"rul1os Fe# uma arruma:'o no arm-rio, separandoaspe:as que (- n'o queria mais, e usou o lado de Luciana para uardar as roupas eos sapa$os novosA $arde passou, e ela nem perce"eu Ao $erminar a arruma:'o, es$ava cansada ecom fome, mas valera a pena 5un$ara duas sacolas de roupas usadas, queen$rearianum asilo, e o arm-rio es$ava limpo e arrumado, c1eio de roupas "oni$aspenduradas e sapa$os "ril1an$es enfei$ando a sapa$eira Terminara $udo "em a$empo O rel/ioda sala "a$era seis 1oras Era 1ora de come:ar a se apron$arMarcela $omou um "an1o demorado, lavou os ca"elos e escol1eu o ves$ido "rancoque comprara especialmen$e para aquela noi$e Cal:ou sand-lias de sal$o al$o,que n'oes$ava acos$umada a usar, e passou a maquiaem desa(ei$adamen$e A$rapal1ou)seum pouco com a som"ra e o l-pis de ol1o, mas insis$iu a$& conseuir um "omresul$adoO ca"elo precisava de um cor$e, mas n'o es$ava ruim, e ela o pen$eouviorosamen$e, dei%ando)o sol$o por cima dos om"ros As un1as es$avam pin$adascom um esmal$equase "ranco, e ela decidiu que, da pr/%ima ve#, usaria um $om mais vivo, comoum rosa ou um vermel1o Ao final, ol1ou)se no espel1o, deu uma, duas vol$as,apreciandoo efei$o que a roda do ves$ido fa#ia, e sorriu sa$isfei$a, mui$o sa$isfei$aNunca se ac1ara $'o "oni$a como naquele dia[s oi$o 1oras em pon$o, Fl-vio $ocou a campain1a, e seu cora:'o deu um sal$o2er- que ele a ac1aria "oni$a> Queria, desesperadamen$e, que ele a ac1asse"oni$aE Luciana> 2e a visse daquele (ei$o, ser- que aprovaria> N'o, n'o queria pensarem Luciana 3alan:ou a ca"e:a de um lado a ou$ro, apan1ou a "olsa nova e saiucam"alean$e,$en$ando se equili"rar no imenso sal$o a que n'o es$ava acos$umada)Voc. es$- linda ) eloiou Fl-vio assim que ela apareceu, "ei(ando)a de leve no

    ros$o ) Realmen$e deslum"ran$e)O"riada ) falou ela, a"ai%ando os ol1os e corando levemen$e

  • 8/11/2019 De Frente Com a Verdade- Mnica de Castro

    17/185

    Foram a um res$auran$e elean$e, onde Fl-vio (- era con1ecido e 1avia reservadouma mesa Escol1eram os pra$os, e ele pediu c1ampan1a Esperou a$& que o ar:omosservisse e levan$ou a $a:a, di#endo com anima:'o E, mais ainda, quees$avaapai%onada por ela e queria mui$o que ela vol$asse> A1\ 2e Luciana vol$asse,lararia $udo e correria para ela Nem pensaria mais em Fl-vio)Voc. mora so#in1a> ) perun$ou ele, de forma casual)Moro)E os seus pais, onde es$'o>)Em Campos, onde nasci)Tem con$a$o com eles>)N'o Fa# $empo que n'o os ve(o)N'o sen$e fal$a deles>Fa#ia mui$o $empo que Marcela n'o pensava nos pais Depois que fuira de Campos,$elefonara para os $ranqili#ar, mas o pai a rece"era mal, di#endo que n'o $in1amais fil1a Ficara sa"endo do seu envolvimen$o com Luciana e se c1ocara N'oqueria v.)la nunca mais Dois anos depois, liou para eles novamen$e, no Na$al,e desco"riuque aora $in1a um irm'o#in1o, e o pai fora "em claro ao afirmar que n'oprecisava mais dela Tin1a um fil1o que l1e $raria orul1o e alerias, e (amaiso decepcionariacomo Marcela o fi#eraEla ficou con$en$e com o nascimen$o do "e". e demons$rou o dese(o de con1ec.)lo,mas o pai foi ca$e/rico< n'o queria que ela se envolvesse com o pequeno e n'opre$endiadei%ar que ele sou"esse que, um dia, $ivera uma irm' Marcela ainda $en$ouapelar para a m'e, mas ela, encan$ada com o ca:ula $empor'o, endossou aspalavras do paie pediu para que ela nunca mais os procurasseFl-vio, con$udo, (amais poderia con1ecer essa par$e da sua vida, e ela respondeucom receio)N'o & que $en1amos "riado Fui de casa aos de#oi$o anos Queria es$udar,viver numa cidade rande, e meus pais n'o concordavam 2a"e como &< en$e decidade pequena, eles $in1am medo de que eu me perdesse aqui no Rio)En$endo Mas por que voc. n'o os procurou depois de formada> 5- maior de idade,dona do seu nari#, com empreo)No come:o, foi dif!cil Mas eu conseui me formar e passar num concurso)2eus pais n'o sen$em orul1o de voc.>)Devem sen$ir N'o sei "em Eles n'o aprovam mul1eres que $ra"al1am fora)Voc. & uma mo:a mui$o cora(osa e de$erminada 0oucas, no seu luar, $eriam ido$'o lone A maioria vem para c- e, an$e as dificuldades, aca"a se perdendoe caindo na vida, ou en$'o

  • 8/11/2019 De Frente Com a Verdade- Mnica de Castro

    18/185

    conseue um empreo de dom&s$ica ou "alconis$a N'o que eu $en1a alum $ipo depreconcei$o con$ra essas profiss*es, em a"solu$o Ac1o que $odas s'o necess-riasevalori#o mui$o quem $ra"al1a assim Mas esse n'o & o son1o de quem se muda paraa cidade rande, n'o & mesmo>)Ac1o que n'o

    Marcela respondeu com $emor, em"ora ele nada perce"esse En$'o ele a ac1avacora(osa e de$erminada> Mas como, se ela era inseura e amedron$ada> Era o queparecia,porque ele n'o a con1ecia, n'o con1ecia Luciana, n'o sa"ia que fora ela arespons-vel por $odo o sucesso na sua vida E aora, sem ela, sen$ia)se perdidae a"andonada,sem ninu&m para cuidar dela Talve# Fl-vio cuidasse dela Era um 1omem "om e,ele sim, de$erminado e mui$o seuro de si mesmo)Voc. es$- me ouvindo> ) $ornou ele, perce"endo que ela n'o l1e pres$ava maisa$en:'o ) A comida c1eou)O qu.> ) ela se assus$ou, vendo o pra$o que o ar:om colocara dian$e dela )O1\ Desculpe)me, Fl-vio, de repen$e, me desliuei)0erce"i 2'o lem"ran:as ou fan$asmas>)Ac1o que um pouco dos dois Es$ava pensando na min1a fam!lia)2/ nisso>)2im 0or qu.>)0or nada claro que Fl-vio ac1ava que ela pensava no supos$o e%)namorado, causa de $odoo seu infor$+nio, mas ela nada fe# para diluir essa impress'o Evi$aria aom-%imo$ocar naquele assun$o com Fl-vio ou com qualquer ou$ra pessoa Ele, por sua ve#,(ulando que ela ainda n'o es$ava pron$a para falar, e n'o querendo invadir asuaprivacidade, silenciou e n'o fe# mais perun$as a respei$o)O que fa#em seus pais> ) re$rucou ele, como se de nada desconfiasse)Min1a m'e & dona de casa, e meu pai $em uma padaria)Voc. $em irm'os>)Ten1o Deve es$ar com uns seis anos aora)Deve ser "om $er um irm'o pequeno)Voc. & fil1o +nico>)2ou)Na verdade, & como se eu $am"&m fosse Quando ele nasceu, eu (- $in1a idoem"ora de Campos Fui criada so#in1a)Voc. n'o o con1ece>)N'oEra a primeira ve# que Marcela falava so"re a fam!lia com alu&m, al&m deLuciana, o que a dei%ou confusa Mas Fl-vio, no$ando o seu desconfor$o e n'oconseuindomais con$er a admira:'o, perun$ou sem rodeios)O que foi que disse> ) $ornou ela, perple%a)2ei que a 1ora n'o & a mais opor$una Voc. passou por momen$os dif!ceis e$alve# ainda n'o se sin$a pron$a para iniciar uma nova rela:'o Mas, desde quea vi 1o(e pela man1', n'o consio parar de pensar em voc. Es$ou sendo sincero,foi amor primeira vis$aEla riu em d+vida e o"(e$ou Talve# voc.descu"ra que eu sou como $odas as ou$ras e se desin$eresse de mim $am"&m)Voc. n'o & como as ou$ras

    Aquela conversa es$ava dei%ando)a confusa e $rans$ornadaComo ser- que ele reairia se sou"esse de Luciana> Ele $in1a ra#'o< ela n'o eracomo as ou$ras 2eria cer$o enan-)lo, dei%ando)o pensar que ela s/ serelacionaracom 1omens> Esse pensamen$o a assus$ou, e ela con$raps aca"run1ada)Eu es$arei aqui para a(ud-)la N'o sei o que se passou en$re voc. e seunamorado, nem me in$eressa sa"er)N'o in$eressa>)N'o 2e voc. quiser me con$ar, mui$o "em An$es de $udo, quero ser seu amio, evoc. pode confiar em mim Mas, se n'o quiser falar, n'o fa# mal O que voc.fe# da sua vida an$es de me con1ecer n'o & pro"lema meu)Tem cer$e#a>)Ten1o)Qualquer coisa>)2e es$- $en$ando me di#er que se en$reou ao seu namorado, n'o precisa sepreocupar N'o sou do $ipo conservador e n'o me impor$o com isso N'o meimpor$arianem se voc. (- $ivesse dormido com a $orcida do Flameno in$eiraComo ele era inocen$e\ Ac1ava que ela dormira com ou$ro 1omem e n'o era maisvirem claro que ela n'o era mais virem, mas perdera a virindade em suasloucurascom Luciana O que ele diria se sou"esse que ela foi deflorada por ou$ra mul1er>Teria a mesma compreens'o que demons$rava aora> 0ensou em l1e con$ar a verdadepara ver como ele reairia 2e n'o a acei$asse, n'o $in1a pro"lema Erapra$icamen$e um descon1ecido, e ela n'o sen$ia nada por elea se preparar para l1e con$ar $udo so"re Luciana quando alo surpreenden$eacon$eceu Eles es$avam sen$ados, de fren$e um para o ou$ro, e Fl-vio,inesperadamen$e,pu%ou a sua ca"e:a, apro%imando)a de si, e pousou)l1e delicado "ei(o nos l-"ios,que ela correspondeu com medo e pra#er)sso & para voc. ver como n'o fa# diferen:a o que voc. fe# com seu namorado )falou ele, os l-"ios ainda se ro:ando) 0osso am-)la e respei$-)la ainda assim, $en1a voc. dormido ou n'o com ou$ros1omensAquele "ei(o enc1eu)a de dese(o, e ela se peou pensando novamen$e em como seriafa#er se%o com ele Quan$o mais pensava, mais o dese(o aumen$ava, e seu cora:'ocome:ou a "a$er mais for$e, a respira:'o foi)se acelerando, e um suor friodesceu de sua $es$a Ele a "ei(ou novamen$e e sussurrou em seu ouvido Emdado momen$o,n'o conseuiu pensar em mais nada, en$reando)se pai%'o daquele 1omem com umardor incon$rol-vel Amaram)se por quase $oda a noi$e e, ao final, ela es$avafeli#

    e e%$asiada, cer$a de que nunca sen$ira $an$o pra#er em sua vidaOl1ando para ele, Marcela $eve cer$e#a de que aora mesmo & que n'o conseuirial1e con$ar nada Os momen$os que vivera com ele naquela noi$e 1aviam sidomaravil1osose iniual-veis, e ela come:ava a sen$ir que n'o supor$aria perder alu&mnovamen$e 2e Fl-vio desis$isse dela, a frus$ra:'o seria mui$o rande 0or ou$rolado, seele $ivesse que par$ir, seria prefer!vel que o fi#esse loo no come:o, enquan$oela ainda n'o o amava Marcela, no en$an$o, sa"ia que (- n'o poderia mais l1econ$ara verdade Envolvera)se com ele, em apenas uma noi$e, de $al forma, que n'opoderia mais prescindir da sua presen:aN'o l1e con$aria nada so"re Luciana Ele nada sa"ia a respei$o e n'o precisavasa"er N'o fora ele mesmo que l1e dissera que seu passado n'o l1e in$eressava>Queela n'o $in1a que l1e con$ar nada, se n'o quisesse> En$'o, ela podia se sen$irdeso"riada de l1e con$ar a verdade A d+vida ainda era mui$o rande, por&m, eelan'o conseuia se decidir realmen$e, a$& que ele a "ei(ou de novo e recome:ou aacarici-)la, sussurrando com pai%'o Es$- "rincando\)N'o es$ou, n'o E parecia "em feli#)2er- que ela virou 1e$ero6 aora>

    )Vai ver que depois que voc. a dei%ou, ela ficou $'o decepcionada que resolveue%perimen$ar ou$ras coisas E pela cara dela, ac1o que os$ou 2e "em quen'o posso culp-)la Os 1omens s'o realmen$e mui$o "onsLuciana riu "em)1umorada 5- es$ava acos$umada quelas "rincadeiras de Ma!sa en'o se impor$ava)Ela viu voc.> ) re$rucou in$eressada)Ac1o que n'o 2e viu, finiu que n'o viu N'o posso culp-)la)0or que> Ela n'o $em mo$ivos para finir que n'o a viu Ou ser- que $em>)Voc. sa"e como as pessoas s'o preconcei$uosas E se o namorado n'o acei$ar queela (- $en1a $ido um caso com ou$ra mul1er>)En$'o n'o deve os$ar dela de verdade, n'o & mesmo> Quem ama n'o se impor$a comessas coisas)Voc. n'o con1ece os 1omens 2'o mui$o leais e "on#i)n1os, mas mac1is$as que s/vendo)sso n'o & mo$ivo para viver na men$ira)Ei\ Calma a! Voc. nem sa"e se ela men$iu para ele)sso $am"&m n'o me in$eressa Marcela & p-ina virada na min1a vida6 ?e$ero< prefi%o de 1e$erosse%ual, u$ili#ado na linuaem coloquial INAJ)2er- que voc. n'o es$- com ci+me>)N'o & isso N/s convivemos por oi$o anos, e a en$e se apea, de uma maneira oude ou$ra 4os$o de Marcela e quero)l1e mui$o "em, mas o que ela fa# da suavida n'o & pro"lema meu)Tem cer$e#a de que n'o & ci+me>)2e fosse para sen$ir ci+me, n'o a $eria dei%ado)3om, isso & verdade, mas voc. sa"e como s'o essas coisas do cora:'o< a en$en'o quer mais o ou$ro, mas, quando o v. com mais alu&m, "a$e um sen$imen$ode posse, o orul1o cu$uca a vaidade, e l- vamos n/s, enveredando pelo camin1odo ci+me)Eu n'o N'o sou ciumen$a nem possessiva, e n'o quero mais nada com Marcela 2eela encon$rou alu&m que a fa:a feli#, ainda que se(a um 1omem, & mui$o "ompara ela Fico feli# com isso $am"&m)Voc. & mui$o enra:ada, Luciana 2e fosse comio, es$aria me roendo dedespei$o)Ainda "em que eu n'o sou como voc.O som da campain1a in$errompeu a conversa, e o primeiro clien$e de Lucianac1eou Ma!sa se foi, e ela se concen$rou no $ra"al1o, afas$ando Marcela de seuspensamen$ose s/ vol$ando a pensar nela no final da $arde Fa#ia $empo que n'o a via Desdeque a dei%ara 2ou"e que ela mel1orou e $eve al$a do 1ospi$al, mas n'o aprocuroudepois dissoComo ser- que es$aria> 0elo que Ma!sa l1e con$ara, parecia feli# Encon$rara um1omem e devia es$ar namorando Luciana n'o en$endia "em como aquilo foraacon$ecerTin1a cer$e#a de que Marcela n'o os$ava de 1omens, mas podia es$ar enanada 2/se ela realmen$e es$ivesse $en$ando modificar sua condu$a para se adap$ar aospadr*essociais e dei%ar de sofrer Ou, en$'o, $alve# es$ivesse $en$ando alo novo paraver se a esquecia Nen1uma das duas 1ip/$eses seria "oa, porque Marcela es$arialevandouma men$ira para sua vida Mas ela podia ainda es$ar apai%onada pelo rapa#2eria isso poss!vel>Rece"er no$!cias de Marcela fe# com que Luciana sen$isse von$ade de v.)la

    novamen$e, de sa"er como es$ava, de conversar com ela N'o es$ava com ci+me nemqueria

  • 8/11/2019 De Frente Com a Verdade- Mnica de Castro

    22/185

    vol$ar, mas ainda se sen$ia um pouco respons-vel por ela Tin1a)l1e afei:'o,os$ariamesmo de ser sua amia 0reocupava)se com o seu fu$uro e n'o queria que elasofresse 2e ela es$ivesse mesmo apai%onada pelo rapa#, n'o $eria com o que sepreocuparMas se o es$ivesse namorando s/ para fuir do sofrimen$o e da desilus'o, es$aria

    come$endo um erro mui$o rande, pois aca"aria sofrendo ainda mais e fa#endoou$rapessoa sofrer $am"&mNo dia seuin$e, foi colocar o an+ncio no (ornal, que sairia no domino, e elas$encionavam marcar as en$revis$as para o dia seuin$e, se poss!vel Ocupada comseusafa#eres, Luciana dei%ou de se preocupar com Marcela e concen$rou a a$en:'o no$ra"al1o O n+mero de clien$es aumen$ava a cada dia, porque ela e Ma!sa eramrealmen$emui$o "oas no que fa#iam, e eles, sa$isfei$os, as recomendavam a amios eparen$es 0recisavam mesmo de uma secre$-ria, e com ur.nciaNa seunda)feira, loo pela man1', o $elefone do consul$/rio come:ou a $ocarComo Ma!sa a$endia de man1', e ela, $arde, resolveram se reve#ar ao $elefone,marcandoas en$revis$as para depois das seis 1oras Mui$as mo:as apareceram O desempreoera rande na &poca, e as opor$unidades de $ra"al1o eram poucas, principalmen$epara quem n'o $in1a e%peri.ncia 2ens!veis a esse pro"lema, Luciana e Ma!sa n'ofi#eram $al e%i.ncia, acei$ando mo:as ine%perien$es, que nunca 1aviam$ra"al1ado,desde que demons$rassem arra e von$ade de aprenderEn$revis$aram mui$as candida$as, dei%ando alumas para o dia seuin$e Noprimeiro dia, nen1uma delas l1es pareceu adequada A maioria queria an1ar mui$oal&m doque elas podiam paar e preferiam ficar sem o empreo a acei$ar $ra"al1ar pormenos do que dese(avam Na $er:a)feira, as en$revis$as con$inuaram, e uma mo:a,emespecial, c1amou a a$en:'o de Luciana Era "oni$a, de "oa apar.ncia, mui$o vivae in$elien$e N'o $in1a e%peri.ncia, mas demons$rou ser pacien$e e n'o sequei%oudas condi:*es 0recisava $ra"al1ar para a(udar no sus$en$o da fam!lia e queriacrescer na vida C1amava)se Cec!lia e aca"ara de concluir o curso cien$!fico,aosde#enove anos)E en$'o, o que voc. ac1ou> ) perun$ou Ma!sa, depois que as en$revis$as seencerraram)4os$ei dessa aqui ) respondeu Luciana, e%i"indo a fic1ade Cec!lia ) N'o $em e%peri.ncia, mas n'o & mui$o e%ien$e e $em "oa von$ade)?um N'o sei, n'o Ac1ei)a um pouco am"iciosa)E da!> ;m pouco de am"i:'o n'o fa# mal a ninu&m A(uda a crescer e proredir)N'o sei Alo nela n'o me aradou)Voc. es$- de implic@ncia s/ porque ela & "oni$in1a)A1\ por isso que quer con$ra$-)la> 0orque ela & "oni$in1a>)N'o se(a "o"a Quero con$ra$-)la porque ac1o que ela serve para o caro Comon'o $em e%peri.ncia, podemos $rein-)la do nosso modo Apos$o como ela vaiaprender $udo com facilidade e rapide#, e n'o demons$rou repulsa a sanue ein(e:*es Voc. sa"e que $eremos que ensinar a au%iliar a preparar massas,anes$esiase radiorafias, n'o sa"e> ) Ma!sa assen$iu ) En$'o> Cec!lia me parece perfei$apara issoMa!sa suspirou profundamen$e e deu de om"rosDepois que $udo re$omou a normalidade, Luciana vol$ou a pensar em Marcela Comoes$aria se saindo> Es$ava em casa lendo uma revis$a odon$ol/ica, quando l1eocorreu$elefonar O $elefone $ocou v-rias ve#es a$& que alu&m a$endesse, e Lucianadesliou assus$ada, ao ouvir a vo# de um 1omem do ou$ro lado)Es$- $udo "em> ) quis sa"er Ma!sa, vendo que ela "a$eu o $elefone apressada)Liuei para Marcela ;m 1omem a$endeu)Voc. n'o devia es$ar surpresa N'o sa"e que ela es$- namorando um rapa#>)Luciana es$- com ci+me ) afirmou 3reno, namorado de Ma!sa)N'o es$ou, n'o E parem de me amolar, voc.s doisMa!sa e 3reno $rocaram ol1ares maliciosos, e a mo:a con$inuou)O casamen$o & seu Fa:a como quiser)N'o precisa ser mal)educada ) re"a$eu Ma!sa)Tem ra#'o, desculpe)me Mas & que voc. aora deu para cismar que es$ou comci+me de Marcela, quando n'o es$ou)Tudo "em, Luciana, eu & que devo pedir desculpas N'o sou"e a 1ora de parar coma "rincadeira)Eu $am"&m, Lu ) acrescen$ou 3reno ) N'o queremos que fique a"orrecida conosco)A1\ Dei%em para l- ) arrema$ou Luciana)Mas voc. ainda n'o respondeu a min1a perun$a ) prosseuiu Ma!sa ) Ac1a que eudevo convidar a Marcela>)Quer mesmo sa"er a min1a opini'o>)2e n'o quisesse, n'o perun$ava)Voc. os$a dela>)4os$o Con1e:o)a 1- $an$o $empo quan$o con1e:o voc.)En$'o convide Ac1o mesmo que ela se sen$iria maoada se sou"esse que voc. secasou e n'o a convidou Afinal de con$as, n/s $erminamos, mas n'o & por issoque nos $ornamos inimias nem que os amios $.m que se afas$ar dela)Luciana $em ra#'o ) concordou 3reno ) Marcela sempre foi nossa amia e seriauma fal$a de considera:'o n'o a convidarmos)Es$- com"inado, en$'o ) assen$iu Ma!sa, colocando o nome de Marcela na lis$aque es$avam fa#endo ) Marcela ser- convidada Com o namorado>)Na$uralmen$e)Mande dois convi$es individuais para a fes$a ) sueriu 3reno ) Assim, ela podelevar quem quiser)3oa id&ia Dois convi$es para Marcela E Cec!lia> Devo convid-)la $am"&m>)Quem & Cec!lia> ) quis sa"er 3reno)Nossa nova secre$-ria)2eria uma descor$esia n'o a convidar ) ponderou Luciana ) Ela $ra"al1a paran/s)Tem ra#'o Mas vou mandar apenas um convi$e individual para ela)O cer$o seria mandar dois Voc. n'o sa"e se ela $em namorado)Ai, ai, ai V- l-< dois convi$es para Cec!lia $am"&m Assim desse (ei$o, essalis$a vai ficar imensa)N'o foi voc. quem quis fa#er fes$a> ) perun$ou Luciana)Meu pai n'o a"re m'o ) esclareceu 3reno ) 2a"e como &, casamen$o do fil1oadvoado, mui$os paren$es, amios desem"aradores)2ei, seiEnquan$o os dois con$inuavam discu$indo so"re a lis$a de convidados, Luciana seafas$ou e foi para o quar$o, pensando se Marcela levaria o namorado E Cec!lia>2er-

  • 8/11/2019 De Frente Com a Verdade- Mnica de Castro

    24/185

    que levaria $am"&m o seu> 2er- que $in1a um namorado> De repen$e, Luciana se deucon$a de que pensava em Cec!lia com uma insis$.ncia maior do que dese(avaAc1avaa mo:a "oni$a e in$elien$e, admirava)a mesmo Era esper$a e am"iciosa, e n'o$ardaria mui$o para dei%ar aquele empreo e par$ir para uma coloca:'o mel1or emuma

    rande empresa Tin1a $udo para issoDesde que rompera com Marcela, Luciana decidira n'o se envolver com mais ninu&mduran$e um "om $empo 0recisava pensar na carreira, aluar um apar$amen$o s/paraela Depois que Ma!sa se casasse, $eria que en$rear aquele O proprie$-rio (-dissera que n'o queria mais aluar, e ela precisaria sair Queria aluar umou$ro,maior e pr/%imo da praia Quem sa"e a$& n'o poderia comprar um> Talve# fi#esseum financiamen$o na Cai%a Econmica, reali#ando o son1o de $er uma casa pr/priaCom $udo isso, n'o es$ava em seus planos se envolver com ninu&m 4os$ava de serindependen$e e n'o queria ou$ra pessoa dependendo dela Con$udo, 1avia cer$ascoisasde que n'o conseuia a"rir m'o 4os$ava de se%o e pensava se n'o poderiaencon$rar alu&m com quem passar 1oras arad-veis, semenvolvimen$o nem co"ran:as Mas onde encon$raria uma pessoa assim> 2e quisesseum 1omem, seria mais f-cil Mas uma mul1er que procurava ou$ra mul1er eracomplicad!ssimo2er 1omosse%ual era alo seriamen$e reprovado pela sociedade, e quem era l&s"icaesfor:ava)se para n'o parecer que era Mesmo ela, que n'o $in1a veron1a de sercomo era, n'o sa!a por a! falando que os$ava de mul1eres nem ado$ava nen1umcompor$amen$o escandaloso que pudesse c1ocar alu&mAora, por&m, seu corpo reclamava o con$a$o de ou$ro corpo, e ela se peoupensando em Cec!lia Nem sa"ia se a mo:a era 1omosse%ual De ve# em quando asurpreendiaol1ando)a com uma cer$a admira:'o, mas aquilo n'o queria di#er nada Admira:'oera um sen$imen$o que es$ava al&m do se%o e podia $er v-rios mo$ivosE Marcela> N'o, decididamen$e, n'o queria mais con$a$o com Marcela 0ensar nelacausava)l1e preocupa:'o, desper$ava)l1e $ernura, mas n'o dese(o 0ensava emMarcelacomo uma irm', n'o como aman$e O mesmo n'o acon$ecia com Cec!lia 0ensar namo:a enc1ia)a de dese(o, e ela se esfor:ou ao m-%imo para $ir-)la da ca"e:aCec!liadevia $er namorado e compor$ar)se como qualquer mo:a normal de sua idadeResolveu n'o pensar em mais ninu&m e foi para o c1uveiro Talve# uma duc1a friaacalmasse seus sen$imen$os Depois do "an1o, foi para a cama e apaou a lu#,adormecendoloo em seuida, sem son1os ou fan$asias a l1e povoar a men$eOs $rov*es ao lone prenunciavam a $empes$ade de ver'o que es$ava pres$es acair, enquan$o uma lufada de ven$o quen$e en$rava pelas (anelas da casa deFl-vio, ai$andoas cor$inas e fa#endo com que alumas por$as "a$essem em seu in$erior Nacorreria, os criados, $en$ando con$er a ven$ania, n'o ouviam a campain1a dapor$a da fren$e,que $ocava sem parar)Voc.s es$'o surdos> ) #anou)se Dolores, surindo no al$o da escada ) Acampain1a quase es$ourando de $an$o $ocar, e ninu&m a"re>)Desculpe, dona Dolores)falou uma das criadas ) Es$-vamos $'o ocupados com aven$ania que nem ouvimos a campain1aMais que depressa, correu a a"rir a por$a da fren$e, e Ariane en$rou no e%a$omomen$o em que uma c1uva rossa come:ou a cair)O que foi que 1ouve com $odo mundo> ) reclamou ela ) Es$ou 1- quase uma 1ora$ocando\)0erd'o, dona Ariane, & que es$-vamos $en$ando fec1ar as (anelas e

    )Dei%e para l- Dona Dolores es$->

  • 8/11/2019 De Frente Com a Verdade- Mnica de Castro

    25/185

    )Es$ou aqui mesmo ) falou Dolores, dando "ei(in1os no ar, per$o das "oc1ec1as deAriane ) Como voc. es$->)Mais ou menos Fl-vio sumiu)2umiu> 0ensei que ele es$ivesse saindo com voc.)Comio> N'o)Mas ele sai $odas as noi$es

    )Ele $em sa!do com alu&m>Dolores a encarou em d+vida Nos +l$imos dias, Fl-vio s/ vol$ava $arde da noi$e,e ela podia (urar que era em compan1ia de Ariane que ele es$ava)Es$ran1o ) divaou ela ) Com quem ser- que ele anda> 2e n'o & com voc., en$'o,com quem &>)Era isso que eu os$aria de sa"er 0ensei que voc. $ivesse di$o que ele seriameu)E vai ser 2/ n'o en$endo o que es$- acon$ecendo, mas, assim que desco"rir, douum (ei$o nisso)Es$- demorando mui$o\ 5- es$ou ficando impacien$e)V- com calma, Ariane Voc. sa"e que fa:o mui$o os$o no seu casamen$o comFl-vio, n'o sa"e> ) Ela assen$iu ) 0or isso, n'o pon1a $udo a perder 2uaansiedadepode aca"ar afas$ando)o de voc. Fl-vio n'o os$a de ser pressionadoAriane sen$ou)se no sof- da sala e ficou ol1ando a c1uva pela por$a envidra:adaque dava para a piscina)0recisamos desco"rir se ele es$- saindo com alu&m)Cuidarei disso E foi mui$o "om voc. vir me procurar an$es de $omar qualquera$i$ude Tem que dei%ar essas coisas por min1a con$a)Quero me casar com ele, Dolores Voc. sa"e o quan$o os$o dele)2ei, sim E & por isso que voc. & a mo:a ideal para ele 3oni$a, cul$a amul1er perfei$a para me dar ne$os)Ele n'o pode me usar assim desse (ei$o Fe# o que fe# comio para depois cairfora)Ele n'o vai cair fora Vai casar)se com voc., e am"os ser'o mui$o feli#es aquiComo eu n'o fui ) acrescen$ou em vo# "ai%a, para que Ariane n'o pudesseouvirO casamen$o de Dolores $erminara no dia em que o marido desco"rira que ela o$ra!a com N&lson, seu s/cio e pai de Ariane 5us$ino n'o fe# nen1um esc@ndalo2implesmen$eapan1ou as suas coisas e saiu de casa, en$rando com o pedido de desqui$e nasemana seuin$e Tudo correu de forma ami-vel, para evi$ar esc@ndalos, e5us$ino rompeua sociedade com N&lson, mon$ando sua pr/pria cl!nica depois dissoApesar do desqui$e, con$inuava amio do fil1o, a quem sempre via, e l1e ofereceuum empreo em sua cl!nica, loo que ele se formou Fl-vio acei$ou pron$amen$eErauma cl!nica or$op&dica, e am"os os$avam mui$o do que fa#iam Apesar de n'oprecisar $ra"al1ar em 1ospi$al, Fl-vio quis au%iliar numa emer.ncia e fa#iaplan$'o,uma ve# por semana, no 1ospi$al do Andara!, onde con1ecera Marcela5us$ino (amais con$ou ao fil1o que a m'e o $ra!ra 0ara $odos os efei$os, seucasamen$o $erminara porque os dois (- n'o se amavam mais Fl-vio acei$ou $udocom na$uralidade5- 1avia comple$ado 96 anos e era maduro o "as$an$e para compreenderDolores, por sua ve#, n'o $erminou o relacionamen$o com N&lson A esposa dele,Ani$a, nunca desconfiou de que 1ouvesse alo en$re os dois Era uma mul1er feiaeapaada, e enordara e%cessivamen$e depois do nascimen$o do +l$imo de seusqua$ro fil1os, n'o conseuindo mais re$ornar ao peso an$io Essa mudan:a naapar.nciada mul1er aca"ou direcionando os ol1ares de N&lson para Dolores Apesar demadura, era uma mul1er mui$o "oni$a, (ovem ainda, es"el$a e quase sem ruas

    Casara)se

  • 8/11/2019 De Frente Com a Verdade- Mnica de Castro

    26/185

    aos de#esseis anos, r-vida de Fl-vio, pelo que se sa"ia, e man$in1a ainda aapar.ncia da (uven$ude;m casamen$o en$re Fl-vio e Ariane in$eressava mui$o a Dolores Ela era umamul1er possessiva e au$ori$-ria, e n'o queria correr o risco de $er que sedeparar comuma nora que a enfren$asse 0or isso, era preciso escol1er "em a mul1er com quem

    Fl-vio se casaria, e Ariane era perfei$a Apesar de do$ada de rara "ele#a, n'odavavalor in$eli.ncia, al&m de n'o se in$eressar por assun$os financeiros oudom&s$icos Era f+$il e facilmen$e manipul-vel Desde que 1ouvesse mui$as lo(asparafa#er compras e fes$as onde pudesse se e%i"ir, es$ava sa$isfei$a E depois decasados, ela e Fl-vio viveriam em casa de Dolores, so" suas ordens, onde elapoderiacon$rol-)los e aos ne$os que c1eariamNo princ!pio, Fl-vio a$& se in$eressou por Ariane, a$ra!do por sua "ele#a eele@ncia Mas depois, com o $empo, aca"ou se cansando dela, ac1ando)a f+$il eva#ia,sem o"(e$ivos ou ideais Ariane s/ se in$eressava por fes$as, (/ias e roupas,al&m de ser arroan$e e mal$ra$ar os criados e as pessoas 1umildes Essecompor$amen$o desaradava Fl-vio ao e%$remo Acos$umado en$ile#a ecordialidade do pai, que demons$rava respei$o por qualquer ser 1umano, a a$i$udeso"er"a deAriane foi desas$ando)o Aprendera com o pai a dar valor s pessoas e aossen$imen$os, e n'o a coisas ou din1eiro, e o (ei$o de Ariane aca"ou convencendo)o deque ela n'o era a mul1er ideal para ele2/ que Ariane n'o queria acei$ar que Fl-vio n'o es$ava mais in$eressado nelaEs$imulada por Dolores, con$inuou a freqen$ar a sua casa, convidando)o mui$asve#espara sair De ve# em quando, ele acei$ava e a levava ao cinema ou para (an$ar,sem qualquer $ipo de envolvimen$o, sem nem mesmo a "ei(ar Apenas como amiosMas,depois que Fl-vio con1eceu Marcela, dei%ou de acei$ar os convi$es de Ariane epassou a evi$-)la, dando sempre uma desculpa para n'o ir mais a sua casa)?- $empos que Fl-vio es$- dis$an$e ) quei%ou)se Ariane ) Nem me $elefona mais)Quando ele c1ear, vamos resolver $udo Direi que a convidei para (an$ar, e elevai $er que ficar em casa Voc. vai verAriane suspirou desalen$ada e concordou Mais $arde, quando Fl-vio c1eou, n'oconseuiu esconder o desarado por v.)la sen$ada na sala, em animada conversacoma m'e)3oa noi$e ) cumprimen$ou ele da por$a, (- se virando em dire:'o s escadas)Fl-vio\ ) c1amou a m'e ) N'o vem cumprimen$ar Ariane>Ele vol$ou para a sala e es$endeu a m'o para ela)Como vai, Ariane> Tudo "em>)Mais ou menos ) foi a respos$a dire$a ) 0or que n'o $em me procurado>)Mui$o $ra"al1o)N'o podia ao menos $elefonar>)Ten1o andado ocupadoNo$ando que ele come:ava a se irri$ar, Dolores resolveu in$ervir ) sondou Ariane)Com uma amia)Voc. es$- saindo com alu&m>)0or favor, Ariane, n'o quero conversar so"re isso, es$- "em>)Mas n/s es$-vamos saindo (un$os\)Como amios, nada mais

    )Voc. es$- namorando ou$ra mo:a> ) in$ercedeu Dolores novamen$e

  • 8/11/2019 De Frente Com a Verdade- Mnica de Castro

    27/185

    )sso n'o & pro"lema seu ) irri$ou)se Fl-vio ) N'o os$o de in$erroa$/rios Eaora, com licen:a 5- es$ou a$rasadoDepois que ele saiu, Dolores encarou Ariane, que man$in1a a "oca en$rea"er$a,perple%a com a a$i$ude de Fl-vio)Voc. viu> ) ruiu ela, col&rica ) Eu n'o l1e disse> Ele es$- saindo com alumavaa"unda e n'o quer nos con$ar

    )Acalme)se, Ariane, n/s n'o $emos cer$e#a Ele n'o disse que es$ava)E precisava di#er> Voc. viu pelo (ei$o como ele falou ?- alu&m na sua vida, eeu preciso desco"rir quem &)Voc. n'o vai fa#er nada disso Quer pr $udo a perder>)Vou perd.)lo se n'o air loo N'o posso ficar aqui sen$ada enquan$o ou$ramul1er me $oma o namorado)Ten1a calma, (- disse\ 0recisamos air, sim, mas com cau$ela N'o quer que ele$ome raiva de voc., quer>) claro que n'o\)0ois en$'o, dei%e de ser impulsiva e espere Eu mesma vou me in$eirar dessa1is$/ria 2ou m'e, sei como air e como fa#er para ele confiar em mim)E enquan$o isso, o que eu fa:o>)V- para casa e auarde Loo darei no$!cias)Aora>)Ac1o mel1or 2e ficar, vai espan$-)lo ainda maisMesmo con$rariada, Ariane o"edeceu e saiu furiosa Doloresesperou aluns minu$os e su"iu ao quar$o do fil1o 3a$eu na por$a de leve, a$&que ele a"riu, com a $oal1a enrolada na cin$ura)O que quer, m'e> Es$ava indo $omar "an1oEla en$rou e se sen$ou na cama, cru#ando as pernas e fi%ando nele um ol1arperscru$ador)2eu pai vai "em>)N'o foi para falar de papai que voc. veio aqui por causa de Ariane, eu sei)Calma, meu fil1o, n'o se #anue comio N'o $en1o culpa se a mo:a os$a devoc.)Mas eu n'o os$o dela)Mas fe# parecer que os$ava 2aiu com ela v-rias ve#es O que esperava que elapensasse>)Nunca disse que os$ava dela nem l1e fi# nen1uma promessa Ao con$r-rio, sempredei%ei claro que sa!amos como amios)Amios mui$o !n$imos, n'o & mesmo>)N'o sei o que ela l1e disse, mas, se(a o que for, n'o & verdade 5amais $ivein$imidade aluma com Ariane)Tem cer$e#a>)A"solu$a Mesmo no come:o, quando realmen$e es$-vamos namorando, nunca fomosal&m de uns "ei(os e a"ra:os Mas, depois que $erminamos e passamos a saircomo amios, nunca mais nem a "ei(ei)No en$an$o, ela se enc1eu de esperan:as Ac1a que voc. & namorado dela)N'o posso fa#er nada Ela se iludiu porque quis)Eu $am"&m me enanei 5urava que voc.s dois es$avam apai%onados)Ol1e, m'e, n'o & porque voc. os$a de Ariane que eu $en1o que os$ar $am"&m)Es$- cer$o, meu fil1o, (- en$endi Voc. n'o os$a dela, mas sa!a com ela Derepen$e, dei%ou de sair 0osso sa"er por qu.>)N'o quero ser rosseiro, mas isso n'o l1e in$eressa)N'o ser- porque voc. con1eceu ou$ra pessoa>)E se for> Qual o pro"lema>)0ro"lema nen1um Queria apenas que voc. confiasse em mim e me con$asse 2ou suam'e, n'o es$ou con$ra voc.)2ei que voc. os$aria que eu me casasse com Ariane)4os$aria, mas n'o posso o"ri-)lo a isso 2e voc. escol1eu ou$ra mo:a, n'o voume opor Tra$a)se da sua felicidade, e & voc. quem $em que escol1er a mul1ercom quem vai se casarFl-vio fi$ou)a perple%o Nunca poderia imainar que a m'e fosse se mos$rar $'o

    compreensiva 2empre ac1ou que ela fa#ia ques$'o de que ele se casasse comAriane

  • 8/11/2019 De Frente Com a Verdade- Mnica de Castro

    28/185

    e n'o admi$iria que qualquer ou$ra $omasse o seu luar, mas aora es$avasurpreso)Acei$aria se eu l1e dissesse que es$ou apai%onado por ou$ra mo:a>A palavra apai%onado soou mui$o for$e para Dolores, que enoliu em seco e men$iude forma convincen$e) claro que n'o\ An$es de $udo, sou uma mul1er de "oa educa:'o)?um N'o sei Talve# voc. n'o os$e dela)0or que> Ela n'o & de "oa fam!lia>), & de "oa fam!lia)O que ela fa#>) professora de por$uu.s numa escola normal)0rofessora>Dolores mal conseuiu con$er a indina:'o Ac1ava /$imo que as mo:asfreqen$assem a escola normal para $er "oa ins$ru:'o, adquirir cul$ura e s$a$us,mas da! a daraulas era ou$ra 1is$/ria A $al mo:a n'o devia ser de fam!lia rica, casocon$r-rio, n'o $eria que $ra"al1ar para so"reviver)Ela d- aulas porque os$a ou para se man$er>)As duas coisas)O que o pai dela fa#>) dono de uma padaria, l- em Campos, de onde ela veio para es$udar Cursou afaculdade de le$ras aqui no Rio e es$- pensando em fa#er p/s)radua:'oFl-vio disse isso $'o c1eio de orul1o que nem perce"eu o ol1ar 1orrori#ado queDolores l1e endere:ava En$'o o fil1o se a$revia a $rocar uma mo:a fina fei$oArianepela fil1a de um padeiro, uma mul1er#in1a sem "er:o, sem lin1a e po"re\> Eramui$a coraem)2eu pai a con1ece>)Ainda n'o Mas vai con1ec.)la em "reve)O que ele ac1a disso>)Voc. sa"e como papai &< os$a de $odo mundo 5- os$ade Marcela an$es mesmo de con1ec.)la, o que n'o & nada dif!cil, por sinalMarcela & uma mo:a ador-vel)Marcela esse o nome dela>Ele assen$iu e $ornou com orul1o)Marcela & mui$o $!mida 0reciso ir devaar)Mas eu quero mui$o con1ec.)la\ 0or favor, Fl-vio, fa:a isso por sua m'eConvide)a para (an$ar aqui em casa no s-"ado)No s-"ado> N'o vai ser poss!vel Temos um casamen$o para ir)Casamen$o de quem>

    )De uma amia dela)No domino, en$'o

  • 8/11/2019 De Frente Com a Verdade- Mnica de Castro

    29/185

    )Vou ver Conversarei com ela e depois l1e direi E aora, m'e, se me derlicen:a, os$aria de $omar um "an1o N'o quero dei%ar Marcela esperando)2im, claroMordendo os l-"ios para n'o ri$ar, Dolores saiu do quar$o do fil1o Aquilo eraum insul$o\ Casar)se com alu&m fora de seu c!rculo social era inadmiss!vel N'oen$endia como Fl-vio podia in$eressar)se por alu&m assim e ficou imainando um

    (ei$o de des$ruir aquele romance Mas como> 2e aisse de forma dire$a, Fl-vio se#anaria e sairia de casa Ela o con1ecia "em demais para sa"er que ele eradecidido e n'o admi$iria in$romiss*es emsua vida N'o Ela precisava air, por&m, de forma velada, sem que ele sou"esseo que es$ava fa#endo Ainda n'o sa"ia "em o que faria, mas o primeiro passoseriacon1ecer a mo:a Em seuida, aler$ar Ariane e orien$-)la para que ela n'ofi#esse nen1uma "es$eira Depois, pensaria numa es$ra$&ia para aca"ar comaquele namoroe fa#er com que Fl-vio se in$eressasse por Ariane novamen$e E o que $ivesse quefa#er, $in1a que ser "em fei$oYYYA cl!nica or$op&dica es$ava c1eia aquela man1' Fl-vio $erminava de a$ender o+l$imo pacien$e quando o $elefone na sua mesa come:ou a $ocar, e a recepcionis$aanunciouque Marcela aca"ara de c1ear)0e:a que ela me auarde um ins$an$e 5- es$ou $erminandoDeu as +l$imas orien$a:*es ao pacien$e, prescreveu a medica:'oe levou)o a$& a por$a, saindo a$r-s dele 2en$ada na recep:'o, Marcela o"servavao movimen$o dos clien$es, e ele se apro%imou, es$endendo)l1e a m'o)Min1a querida ) falou, "ei(ando a pon$a de seus dedos ) Que "om que foipon$ual)Eu sempre sou pon$ual\ ) afirmou ela de "om 1umor ) 0rincipalmen$e quandoes$ou apai%onadaOs ol1os de Fl-vio "ril1aram, e ele a pu%ou com delicade#a Apresen$ou)a smo:as da recep:'o e foi condu#indo)a ao consul$/rio do pai)Es$- nervosa> ) indaou ele, sen$indo)a um $an$o quan$o $r.mula);m pouco)0ois n'o precisa Meu pai & uma pessoa mui$o "acana Voc. vai ver ) Fl-vio"a$eu de leve na por$a do pai, que se a"riu no mesmo ins$an$e ) Es$- so#in1o>)Es$ou ) disse 5us$ino ) En$reFl-vio en$rou pu%ando Marcela pela m'o, e 5us$ino a cumprimen$ou com um sorriso)Es$a & a Marcela, pai ) apresen$ou Fl-vio)Mui$o pra#er ) respondeu ele ) Fl-vio fala mui$o em voc.)No sen1or $am"&m ) acrescen$ou Marcela, com um cer$o acan1amen$o)N'o precisa me c1amar de sen1or ) o"(e$ou ele, com (ovialidade ) N'o queroparecer $'o vel1oA simpa$ia de 5us$ino e a sua na$uralidade loo colocaram Marcela von$ade, eela se descon$raiu, en$reando)se a animada conversa Fl-vio marcara aqueleencon$ropara que ela e o pai se con1ecessem e es$ava feli# porque eles es$avam se dando"em Ao final de uma 1ora de conversa, o $elefone $ocou, e a recepcionis$aanuncioua c1eada do pr/%imo clien$e)3em ) falou 5us$ino ), o dever me c1ama)Vou levar Marcela para almo:ar ) avisou Fl-vio ) Meu pr/%imo pacien$e s/ vir-s $r.s 1oras)Mui$o "em Foi um pra#er con1ec.)la, Marcela Fl-vio e voc. formam um lindocasalMarcela corou levemen$e e respondeu com $imide#)4os$ei mui$o, e esse & o pro"lema)N'o es$ou en$endendo)Marcela & uma mo:a encan$adora, mas no$a)se que n'o per$ence a nosso c!rculosocial)N'o pensei que voc. fosse preconcei$uoso)E n'o sou Mas sua m'e & 0reocupa)me a rea:'o que ela vai $er quando con1ecera mo:a)Es$- se preocupando $oa 5- con$ei a mam'e, e ela acei$ou)Acei$ou> Assim, sem mais nem menos>)0ediu)me a$& para convid-)la para (an$ar)N'o ac1a isso es$ran1o>)No come:o, a$& que ac1ei Mas depois, aca"ei me convencendo Mam'e n'o meparecia finir quando disse que acei$aria a mo:a por quem eu me apai%onasse)2ei Mui$o es$ran1o Dolores n'o & disso)N'o es$- sendo severo demais com ela> Mam'e $em l- as suas manias, mas quer omeu "em)A! & que es$-< ela quer o seu "em de acordo com o (ulamen$o dela E alo medi# que ela es$- in$eressada & no seu casamen$o com Ariane)0ode a$& ser Os pais de Ariane s'o amios da fam!lia, N&lson (- foi seu s/cioAli-s, n'o en$endo a$& 1o(e por que voc.s "riaram)N/s n'o "riamos Apenas nos incompa$i"ili#amos para a sociedade)Tudo "em O pro"lema & de voc.s, e eu n'o $en1o nada com isso Quan$o mam'e,ac1o que voc. es$- se preocupando demais Ela pode n'o $er ficado mui$osa$isfei$a,porque realmen$e queria que eu me casasse com Ariane, mas, quando l1e disse queamava Marcela, ela acei$ou pron$amen$e Acredi$o a$& que in$imamen$e ela $en1a$ido

    uma cer$a relu$@ncia Mas mam'e n'o se ops ao nosso namoro e es$- se esfor:andopara acei$ar Marcela Temos que louvar esse seu esfor:o

  • 8/11/2019 De Frente Com a Verdade- Mnica de Castro

    31/185

    )N'o quero lev-)lo a desconfiar de Dolores, mas eu a con1e:o mui$o "em Temo queela es$e(a apron$ando aluma)N'o se preocupe, pai Mam'e n'o & perfei$a, e eu sei que Marcela n'o & a mul1ercom quem ela son1ou para nora Mas ela me con1ece e sa"e que eu n'o acei$oin$erfer.ncias em min1a vida 2e quiser que con$inuemos nos en$endendo, sa"e que$em que respei$ar a min1a escol1a E & isso que ela es$- $en$ando fa#er

    5us$ino suspirou profundamen$e e aper$ou o om"ro do fil1o)Espero que voc. es$e(a cer$o, Fl-vio Eu lamen$aria mui$o se voc. e Marcelaaca"assem "riando por causa de aluma arma:'o da sua m'e)Ela n'o vai armar nada, pai, n'o se preocupe E depois, n'o sou nen1um idio$a2e ela apron$ar, eu loo vou perce"er)Espero0or mais que se esfor:asse para acredi$ar no que Fl-vio di#ia, 5us$ino $in1acer$e#a de que Dolores n'o se conformaria assim $'o facilmen$e N'o era de seufei$ioacei$ar com passividade aquilo que n'o l1e aradava Ela era maquiav&lica e, comcer$e#a, es$ava maquinando alum plano dia"/lico para $erminar com o namoro deFl-vioe a$ir-)lo nos "ra:os de Ariane O fil1o es$ava ceo de amor e feli# com area:'o de Dolores, e n'o conseuia perce"er a falsidade por de$r-s de suaspalavrasMais $arde, depois que Fl-vio saiu, 5us$ino foi casa de Dolores A mul1eres$ran1ou a sua visi$a e n'o conseuiu esconder o desarado que a sua presen:al1e causava)O que es$- fa#endo aqui> ) perun$ou ela, de mau 1umor ) Veio pedir parasuspender a pens'o>)Em"ora voc. n'o precise do meu din1eiro ) respondeu ele calmamen$e ), n'o sou1omem de fuir s min1as o"ria:*es 2e a 5us$i:a di# que eu $en1o que l1epaar pens'o, ainda que voc. n'o a mere:a, n'o vou discu$ir nem me recusar omeu deverEla o ol1ou com despre#o e re$rucou com frie#a O que fa:o da min1a vida n'o l1e di# respei$o)Fique sosseada ) $ornou ele em $om irnico ) N'o me daria ao $ra"al1o de vira$& aqui para falar da sua vida Ten1o coisas mais impor$an$es a fa#er)En$'o dia loo o que & e v- em"ora)Vim para falar de Fl-vio Ele me disse que voc. acei$ou de imedia$o a mo:a queele es$- namorando) verdade E da!>)E da! que n'o sou $olo Voc. es$- apron$ando aluma)E se es$iver, o que voc. $em com isso>)Tudo Fl-vio & meu fil1o, e n'o vou admi$ir que voc. in$erfira na suafelicidade)Ele & meu fil1o $am"&m, e ninu&m mel1or do que a m'e para sa"er o que &felicidade para seu fil1o)Voc. n'o sa"e o que & isso 2/ pensa em din1eiro e em colecionar "ensma$eriais)Voc. n'o $em nada com isso, (- disse E depois, n'o l1e dou o direi$o de en$rarna min1a casa para vir ques$ionar a min1a rela:'o com meu fil1o)Ten1o o direi$o de me preocupar com ele e de $en$ar livr-)lo da sua am"i:'o)Como se a$reve> Quem & voc. para me falar em am"i:'o> Tem uma cl!nica que renderios de din1eiro Vai querer me convencer aora de que $am"&m n'o & am"icioso>)?- uma rande diferen:a nisso a!, Dolores A min1a am"i:'o n'o pre(udicaninu&m Tive von$ade de crescer, esforcei)me e cresci Mas fi# isso1ones$amen$e,sem $er que passar por cima de ninu&m, sem manipular nem des$ruir a vida deou$ras pessoas)Ac1a mesmo que eu quero des$ruir a vida de Fl-vio> Do meu pr/prio fil1o> Quero

    o mel1or para ele)Voc. quer que ele fa:a o que voc. ac1a que & mel1or para voc.

  • 8/11/2019 De Frente Com a Verdade- Mnica de Castro

    32/185

    )Ele es$- namorando uma mo:a po"re e sem "er:o Ac1a que isso & o mel1or paraele>)A mo:a & maravil1osa E depois, quem $em que decidir isso n'o & voc. ele)Apos$o como & uma aven$ureira, querendo se casar com ele pelo din1eiro)0or que a (ula an$es mesmo de a con1ecer>)N'o preciso con1ec.)la para sa"er o que ela quer Con1e:o "em esse $ipo de

    en$e)Dei%e)os em pa#, Dolores D. a seu fil1o a c1ance de ser feli#)Ora, mas que desprop/si$o\ En$'o n'o fa:o $udo para ele ser feli#> 2/ n'o queroque ele se envolva com nen1uma aven$ureira, que fa:a a escol1a errada even1a a sofrer depois)N'o acredi$o que Marcela se(a nen1uma aven$ureira, mas, ainda que fosse, Fl-vio$em o direi$o de fa#er as escol1as erradas $am"&m)N'o se eu puder evi$ar)Voc. es$- $en$ando evi$ar que ele viva a pr/pria vida, o que n'o & cer$o Edepois, a mo:a & mui$o direi$a e corre$a)Voc. & quem di#, que & $'o $olo quan$o ele)2ou $olo porque sou decen$e>)sso n'o $em nada a ver com dec.ncia Fl-vio vai $ra#er a mo:a para (an$ar, seela for o que voc. e ele es$'o di#endo, ninu&m $em com o que se preocuparDarei o meu consen$imen$o para que eles namorem e se casem)0rimeiro< ainda que ela n'o se(a o que pensamos, voc. n'o $em o direi$o defa#er nada para in$erferir 2e ela for uma aven$ureira, como voc. di#, ca"e aFl-vio desco"rir e decidir se quer ou n'o ficar com ela 2eundo< voc. n'o $emque dar o seu consen$imen$o para nada Fl-vio & um 1omem de quase $rin$a anos en'oprecisa da sua au$ori#a:'o para se casar)Voc. es$- me cansando, 5us$ino 0or que n'o arran(a uma mul1er e me dei%a empa#>)Es$ou)l1e avisando, Dolores 2e fi#er alo con$ra Marcela, vai se ver comio)Vai me amea:ar aora, &>)N'o Mas lem"re)se de que sou capa# de des$ruir a imaem de m'e perfei$a quevoc. empurra para o seu fil1o A prop/si$o, N&lson vai "em, n'o vai>)Voc. n'o se a$reveria\)E%perimen$e2em esperar respos$a, 5us$ino rodou nos calcan1ares e foi em"ora, dei%andoDolores en$reue a uma f+ria quase incon$rol-)vel Ela ficou andando de um ladopara ou$rona sala, maldi#endo o dia em que o e%)marido desco"riu o caso que ela man$in1acom N&lson Talve# fosse mel1or $erminar $udo com ele 2e Fl-vio viesse adesco"rir,ela podia inven$ar uma desculpa qualquer, uma aven$ura passaeira 2im, fariaisso Fl-vio ficaria indinado, mas aca"aria en$endendo De $oda sor$e, ela (-es$avamesmo se cansando de N&lson, e (- era 1ora de ele dei%-)la em pa#?avia c1eado a 1ora do casamen$o de Ma!sa, e ela es$ava a$rasada para en$rar naire(a Luciana c1eou cedo Era madrin1a e foi colocar)se no al$ar, ao lado deum primo de Ma!sa, que faria par com ela como padrin1o ?avia ou$ros casais deam"os os lados, mas ela n'o l1es pres$ou a$en:'o 0assou os ol1os pela ire(a,procurandopor Cec!lia, sem a encon$rar Avis$ou Marcela ao fundo, em compan1ia de um rapa#a$raen$e, e sen$iu uma pon$ada de aleria no cora:'o 4os$ava de Marcela e$orciapara que ela fosse feli# 2e escol1era cons$ruir a sua vida ao lado de um 1omemaora, Luciana en$endia e respei$ava O que impor$ava era a sua felicidadeO /r'o come:ou a $ocar a Marc1a Nupcial, e $odos os ol1ares se vol$aram para aen$rada da nave, onde Ma!sa despon$ou, linda, em seu ves$ido de noivacin$ilan$eA cerimnia $ranscorreu sem maiores pro"lemas, e a pos$erior recep:'o ocorreria

    em um clu"e pr/%imo, onde os noivos rece"eriam os cumprimen$os

  • 8/11/2019 De Frente Com a Verdade- Mnica de Castro

    33/185

    5- no clu"e, Luciana foi sen$ar)se a uma mesa com an$ios coleas de faculdade eficou o"servando o movimen$o dos convidados As pessoas c1eavam e iam)seespal1andopelas mesas, mas ela n'o via quem procurava A$& que Marcela c1eou em compan1iade Fl-vio, e Luciana ol1ou)a com admira:'o Ela es$ava mui$o a$raen$e Nunca avira

    $'o "oni$a, num ves$ido al$amen$e feminino, usando uma maquiaem luminosa quel1eassen$ava $'o "em 2eu ros$o irradiava felicidade, e Luciana n'o conseuiucon$er o impulso Levan$ou)se de sua mesa e foi dire$o para o luar onde Marcelae o namorado1aviam)se sen$ado)Oi, Marcela ) cumprimen$ou Luciana, "ei(ando)a amiavelmen$e nas faces ) Como$em passado>Marcela levou um sus$o 0or mais que $ivesse esperado encon$r-)la ali, v.)laparada dian$e dela, sen$ir os seus l-"ios em seu ros$o dei%ou)a confusa e$rans$ornadaLuciana es$ava mui$o "em, e Marcela $am"&m n'o se lem"rava de $.)la vis$o $'olinda como naquele dia Luciana sempre usava roupas femininas, maquiava)se epin$avaas un1as Mas aquele ves$ido a#ul)celes$e que usava a dei%ava simplesmen$edeslum"ran$e, e Marcela pensou que n'o poderia e%is$ir, no mundo, mul1er mais"oni$a doque Luciana)N'o me apresen$a ao seu namorado> ) con$inuou ela, aora em d+vida so"re se$omara a decis'o mais acer$ada ao ir procurar a ou$ra)Es$e & Fl-vio ) apresen$ou Marcela, maquinalmen$e ) Fl-vio, es$a & Luciana,uma amia)Vel1a amia ) acrescen$ou ela, es$endendo a m'o para ele)Mui$o pra#er ) cumprimen$ou Fl-vio, aper$ando sua m'o ) N'o quer se sen$arconosco>0ara surpresa e $emor de Marcela, Luciana acei$ou o convi$e e se sen$ou ao ladodeles Naquele momen$o, ol1ando para ela, Marcela no$ou o quan$o era impor$an$equeFl-vio (amais desco"risse a verdade so"re as duas Ac1ara Luciana linda,maravil1osa, es$on$ean$e Mas, es$ran1amen$e, n'o sen$ia mais por aquela "ele#anada al&mde uma profunda admira:'o Fi%ando "em o seu ros$o e o seu corpo, Marceladesco"riu que n'o $in1a mais nen1um dese(o por ela, e seu cora:'o, ao palpi$arden$ro dopei$o, aler$ou)a da poss!vel $ra&dia que seria se Fl-vio viesse a sa"er que elae Luciana, um dia, 1aviam sido aman$esMarcela n'o conseuia di#er nada Es$ava a$ni$a e amedron$ada Desde quecon1ecera Fl-vio e se envolvera com ele, $emia que ele desco"risse que ela foral&s"icae a despre#asse por isso No en$an$o, seu $emor nunca fora $'o in$enso como oque aora sen$ia 0ensava que, ao ver Luciana, fosse sen$ir um "aque no cora:'o,e$oda aquela louca pai%'o re$ornaria e desa"aria so"reela como uma avalanc1e No en$an$o, Luciana aora l1e causava admira:'o, mas n'ol1e desper$ava mais nen1um sen$imen$o de amor ou de pai%'o)Voc. n'o di# nada> ) era a vo# de Fl-vio, que parecia soar ao lone, como numson1o)Eu ) "al"uciou ela, $en$ando encon$rar o que di#er ) quero ir ao $oale$eVoc. me acompan1a, Luciana>)ClaroAs duas se levan$aram, e Marcela condu#iu Luciana para um can$o no (ardim, forado sal'o de fes$as, onde ninu&m as podia ver 0or uns ins$an$es, Luciana pensouque ela fosse $en$ar "ei(-)la ou come:ar a c1orar, mas Marcela n'o fe# nada

    disso Aarrou a ou$ra pelos "ra:os e come:ou a suplicar de forma a$ropelada

  • 8/11/2019 De Frente Com a Verdade- Mnica de Castro

    34/185

    )0elo amor de Deus, Luciana, n'o dia nada ao Fl-vio Ele n'o pode sa"er\ Nuncapoder- desco"rir\)Ei\ Calma 2a"er o qu.> Desco"rir o qu.>)Es$ou apai%onada por ele realmen$e apai%onada)0u%a, Marcela, isso & mui$o "om Fico feli# por voc.)Mas ele n'o pode sa"er\ N'o vai compreender e vai me a"andonar

    0ela cara de $emor em suas palavras, Luciana come:ava a en$ender aquilo a queela es$ava se referindo Marcela era uma mo:a fraca e medrosa, sempre $en$andoesconderde $odos sua condi:'o de l&s"ica An$es, quando sa!am (un$as, nunca dei%ava quea $ocasse, ainda que de forma inocen$e, porque Luciana $am"&m n'o era dada acenasem p+"lico E aora, seu medo do"rava de in$ensidade, porque n'o queria que onamorado desco"risse o que ela era ou fora)Voc. n'o con$ou a ele so"re n/s> ) perun$ou Luciana)Eu\> De (ei$o nen1um\ Fl-vio n'o vai en$ender, ninu&m en$ende)Como & que voc. sa"e> Ele me pareceu "em simp-$ico)Voc. n'o o con1ece A fam!lia dele & superconservadora Ele & m&dico, o pai &dono de uma cl!nica or$op&dica Ac1a que eles v'o acei$ar uma coisa dessas>)N'o ac1a que es$- e%aerando> Afinal, voc. n'o fe# nada demais)Nada demais> N/s duas fa#!amos amor, Luciana\ sso n'o & nada demais>)Na &poca, voc. me pareceu "em von$ade)Mas isso foi an$es Aora, n'o posso)Voc. o ama realmen$e, Marcela>)Amo 2ei que pode parecer es$ran1o, mas amo Fl-vio desde o primeiro dia em queo vi naquele 1ospi$al)Voc.s se con1eceram no 1ospi$al>Marcela "alan:ou a ca"e:a e esclareceu E se ele desco"rirpor ou$ra pessoa>)As +nicas pessoas que sa"em de n/s s'o voc., Ma!sa e 3reno)Nen1um de n/s vai con$ar, com cer$e#a Ainda assim, ele pode desco"rir)Como> De que (ei$o>)N'o sei ;ma car$a, uma fo$o, sei l-)Vou me desfa#er de $udo 2e voc. quiser, envio para voc.)N'o & esse o pro"lema, Marcela, & a men$ira N'o seria mais 1ones$o l1e con$ara verdade>)?ones$o, seria Mas eu n'o posso, n'o $en1o coraem N'o vou me arriscar aperder $udo novamen$e)0ense "em Ninu&m cons$r/i uma vida feli# so"re a men$ira Voc. vai perder apa# e o sosseo, sempre com medo de que ele ven1a a desco"rir E a desconfian:a>Qualquer coisa, vai ac1ar que ele desco"riu)N'o & "em assim 0re$endo esquecer esse assun$o Nosso relacionamen$o morre1o(e aqui conosco De aora em dian$e, airemos como se sempre $iv&ssemos sidoamiasLuciana ia re$rucar, mas uma vo# de 1omem in$errompeu a conversa, fa#endo comque am"as se so"ressal$assem A quem es$aria desrespei$ando>)A voc., $alve#)A mim> 0or qu.>)2er- que voc. n'o sa"e> ) ela meneou a ca"e:a, ol1ando para Luciana com umol1ar diver$ido ) 2e n'o sa"e nem desconfia, en$'o & mel1or eu me calar)0ode di#erLuciana (- es$ava ficando c1eia