de que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no
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2º CICLO DE ESTUDOS MESTRADO EM ENSINO DE GEOGRAFIA NO 3º CICLO DO ENSINO BÁSICO E NO ENSINO SECUNDÁRIO
De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no desempenho escolar do aluno – um estudo de caso em turmas de 7º e 8º anos na Escola Eugénio de Andrade
Jéssica Fabiana Santiago Valente
M 2020-2021
Jéssica Fabiana Santiago Valente
De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no desempenho escolar do aluno – um estudo de caso em turmas de 7º e 8º anos na Escola Eugénio de Andrade
Relatório realizado no âmbito do Mestrado em Ensino de Geografia no 3º Ciclo do
Ensino Básico e no Ensino Secundário, orientada pela Professora Doutora Fátima
Loureiro de Matos e pela Professora Doutora Helena Cristina Fernandes Ferreira
Madureira.
Faculdade de Letras da Universidade do Porto
2020-2021
Jéssica Fabiana Santiago Valente
De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no desempenho escolar do aluno – um estudo de caso em turmas de 7º e 8º anos na Escola Eugénio de Andrade
Relatório realizado no âmbito do Mestrado em Ensino de Geografia no 3º Ciclo do
Ensino Básico e no Ensino Secundário, orientada pela Professora Doutora Fátima
Loureiro de Matos e pela Professora Doutora Helena Cristina Fernandes Ferreira
Madureira.
Membros do Júri Professor Doutor (escreva o nome do/a Professor/a)
Faculdade (nome da faculdade) - Universidade (nome da universidade)
Professor Doutor (escreva o nome do/a Professor/a)
Faculdade (nome da faculdade) - Universidade (nome da universidade)
Professor Doutor (escreva o nome do/a Professor/a)
Faculdade (nome da faculdade) - Universidade (nome da universidade)
Classificação obtida: (escreva o valor) Valores
Dedico este relatório à minha mãe,
que foi o meu maior apoio nesta longa caminhada.
2
Sumário
Declaração de honra ..................................................................................................................... 4
Agradecimentos ............................................................................................................................ 5
Resumo .......................................................................................................................................... 7
Abstract ......................................................................................................................................... 8
Índice de Figuras ........................................................................................................................... 9
Índice de Quadros ....................................................................................................................... 10
Índice de Gráficos ........................................................................................................................ 11
Lista de abreviaturas e siglas ....................................................................................................... 13
Introdução ................................................................................................................................... 14
1. A qualidade e a ergonomia do espaço de estudo na aprendizagem ....................................... 17
1.1. Espaço físico ....................................................................................................................... 18
1.2. Qualidade do ambiente ...................................................................................................... 19
1.2.1. Temperatura ................................................................................................................ 19
1.2.2. Iluminação ................................................................................................................... 21
1.2.3. Ruído ............................................................................................................................ 23
2. Estudo de caso ......................................................................................................................... 25
2.1. Caraterização da escola em estudo .................................................................................... 25
2.2. Metodologia ....................................................................................................................... 28
2.2.1. Caraterização da amostra ............................................................................................ 28
2.2.2. Inquérito por questionário .......................................................................................... 31
2.2.3. Mapa mental ................................................................................................................ 32
3. Apresentação e análise dos dados obtidos .............................................................................. 34
3.1. Análise do inquérito por questionário................................................................................ 34
3.1.1. Análise dos inquéritos por questionário de 7ºano ...................................................... 34
3.1.2. Análise dos inquéritos por questionário de 8ºano ...................................................... 54
3.2. Análise dos mapas mentais ................................................................................................ 70
3.3. Análise em função do desempenho escolar ....................................................................... 73
3.3.1. Análise do desempenho escolar de 7ºano .................................................................. 74
3.3.2. Análise do desempenho escolar de 8ºano .................................................................. 77
Considerações Finais ................................................................................................................... 81
Referências Bibliográficas ........................................................................................................... 84
3
Anexos ......................................................................................................................................... 89
Anexo 1 – Inquérito por questionário aplicado ........................................................................ 90
Anexo 2 – Pedido do mapa mental ........................................................................................... 93
Anexo 3 – Mapas mentais ......................................................................................................... 95
4
Declaração de honra
Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado
previamente noutro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As
referências a outros autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam
escrupulosamente as regras da atribuição, e encontram-se devidamente indicadas no
texto e nas referências bibliográficas, de acordo com as normas de referenciação.
Tenho consciência de que a prática de plágio e auto-plágio constitui um ilícito
académico.
Porto, junho 2021
Jéssica Fabiana Santiago Valente
5
Agradecimentos
Finalizado este Relatório de Estágio não posso deixar de agradecer a algumas pessoas
que, de forma direta ou indireta, me ajudaram neste percurso tão marcante da minha
vida pessoal e profissional.
Agradeço a orientação e o auxílio que a minha orientadora, Professora Doutora Fátima
Matos, me disponibilizou durante a elaboração deste Relatório. Agradeço pelas
preciosas contribuições dadas durante todo o processo. Os seus conhecimentos
fizeram grande diferença no resultado deste trabalho.
Agradeço, também, à minha coorientadora, Professora Doutora Helena Madureira
pelo apoio e incentivo.
À Professora Doutora Elsa Pacheco que, apesar de não ser minha orientadora, sempre
se mostrou prestável e disponível para ajudar, mesmo com o seu escasso tempo.
Um agradecimento muito especial à minha orientadora cooperante, a Professora Ana
Paula Salgado, pela confiança, por sempre se mostrar disponível para me ajudar, pelo
auxílio incondicional, pela dedicação e exigência. Obrigada por todas as ideias, por
todos os conhecimentos transmitidos, por todos os ensinamentos e por todos os
conselhos. Tornou esta experiência muito mais enriquecedora.
Às minhas colegas do núcleo de estágio que sempre me apoiaram. Passámos bons
momentos juntas. Obrigada pelos risos e boas energias. À Sónia pelas viagens de
metro e pela mega motivação. À Helena pelo apoio e pelas sugestões de melhoria. Em
especial, à Carina por todas as tardes de chamadas, confidências, trocas de ideias e
ajuda mútua.
À Olinda, a minha querida professora do secundário, com quem mantenho o contacto
e que tem sempre uma palavra amiga e carregada de energia para me dar.
Às minhas amigas, Amélia e Beatriz Cardoso por estarem sempre disponíveis para me
ajudar.
Às minhas gémeas preferidas, Márcia e Marisa pela motivação, incentivo e elogios
constantes.
À Cristiana, minha prima, que sempre me incentivou e sempre se mostrou disponível
para me ajudar.
6
Por fim, o meu maior agradecimento vai para a minha mãe e para a minha irmã por
serem os meus maiores pilares e por estarem sempre do meu lado. Por nunca me
deixarem desistir e por sempre me darem força para continuar.
7
Resumo
O presente estudo, inserido na unidade curricular de Iniciação à Prática Profissional do
Mestrado em Ensino de Geografia no 3º Ciclo do Ensino Básico e Secundário tem como
principal propósito aferir se o ambiente e o espaço de estudo do aluno interferem no
seu desempenho escolar. Mais especificamente procurar-se-á fazer uma análise
comparativa entre a qualidade e ergonomia do espaço de estudo e o sucesso na
aprendizagem.
Trata-se de um estudo pertinente face ao contexto atual de E@D que determinou o
estudo em casa a 100%. Assim a importância do conforto, da dimensão e das
caraterísticas do espaço de trabalho do aluno deverá constituir um ponto de interesse
e estudo nas suas implicações diretas ou indiretas no rendimento escolar do mesmo.
Este constitui, pois, um estudo atual e com interesse para os diversos atores da
Educação.
Assim sendo, o presente estudo divide-se em duas partes. A primeira integra um
enquadramento teórico baseado numa revisão bibliográfica sobre o tema, em que se
explora as questões relacionadas com o conforto térmico, visual, acústico e
ergonómico.
A segunda parte integra o enquadramento empírico com a apresentação e análise dos
resultados obtidos obedecendo a uma metodologia mista (quantitativa e qualitativa)
com recurso a um estudo de caso, uma vez que se pretende chegar a uma conclusão
que se aproxime da realidade em estudo. A técnica utilizada, residiu na aplicação de
inquéritos por questionários a uma amostra de 58 alunos (41% do 7ºano, 59% do
8ºano) que frequentam a Escola Básica Eugénio de Andrade, em Paranhos, no
presente ano letivo e análise documental dos mapas mentais construídos pelos alunos.
Após realizada a análise dos dados recolhidos podemos afirmar que, de facto, a
envolvente do espaço de estudo interfere no desempenho e no rendimento do aluno.
Palavras-chave: espaço, ambiente, ergonomia, estudar, aluno
8
Abstract
This study, which is part of the Initiation to Professional Practice course of the Master's
in Geography Teaching in the 3rd Cycle of Basic and Secondary Education, has as its
main purpose to assess whether the students environment and study space get involve
in his school performance. More specifically, a comparative analysis will be made
between the study space quality and ergonomics and learning success.
This is a pertinent study given the current context of Distance Education (E@D) that
has stated the full time home study. So, the student's workspace comfort, size and
characteristics should be a point of interest and study in its direct or indirect
implications on his academic performance. Thus, this study is up to date and with
interest to the various education actors.
This study is divided into two parts. The first integrates the theoretical framework
based on the subject literature review. This review is related to the problem in which
the study fits, exploring issues related to the concepts of thermal, visual, acoustic and
ergonomic comfort.
The second part integrates the empirical framework with the analyses of the results
obtained, obeying a mixed methodology (quantitative and qualitative) whose research
is characterized by a case study, since the aim is to reach a conclusion that is close to
the reality under study. The data collection, results from a questionnaires to a sample
of students and documental analysis from the mental maps drawn by them. The
sample consisted of 58 students (41% of 7th grade and 59% of 8th grade) attending
the Eugénio de Andrade Elementary School, in Paranhos, in the current school year.
After the analysis of the data collected, it is possible to state that, in fact, the
environment of the study space interferes with student performance and
achievement.
Key-words: space, environment, ergonomics, study, student
9
Índice de Figuras
FIGURA 1 – ESCOLA BÁSICA EUGÉNIO DE ANDRADE .............................................................................. 25
FIGURA 2 – LOCALIZAÇÃO DAS ESCOLAS QUE FAZEM PARTE DO AGRUPAMENTO ......................................... 26
FIGURA 3 - A ENTRADA DE CADA UM DOS PAVILHÕES (A, B, C E D) .......................................................... 28
FIGURA 4 – EXEMPLOS DE DESENHOS DO EXERCÍCIO MAPA MENTAL REFERENTE AO INTERIOR DA CASA ........... 72
10
Índice de Quadros
QUADRO 1 – MÉDIA DOS NÍVEIS DE AVALIAÇÃO DOS ALUNOS DE 7ºANO, POR ESPAÇO DE ESTUDO EM FUNÇÃO DO
NÚMERO DE ALUNOS ................................................................................................................ 53
QUADRO 2 – MÉDIA DOS NÍVEIS DE AVALIAÇÃO DOS ALUNOS DE 8ºANO, POR ESPAÇO DE ESTUDO EM FUNÇÃO DO
NÚMERO DE ALUNOS ................................................................................................................ 70
QUADRO 3 – MÉDIA DOS NÍVEIS DE AVALIAÇÃO DOS ALUNOS QUE PARTILHAM O QUARTO COM OUTRO FAMILIAR
E DOS QUE TÊM UM QUARTO INDIVIDUAL. .................................................................................... 74
QUADRO 4 – MÉDIA DOS NÍVEIS DE AVALIAÇÃO DOS ALUNOS QUE ESTUDAM EM AMBIENTE SILENCIOSO, COM
MÚSICA E/OU COM RUÍDO ......................................................................................................... 75
QUADRO 5 – MÉDIA DOS NÍVEIS DE AVALIAÇÃO DOS ALUNOS QUE MANIFESTAM CONFORTO COM A ILUMINAÇÃO
E DAQUELES QUE MANIFESTAM DESCONFORTO SOBRE A MESMA VARIÁVEL ........................................ 75
QUADRO 6 – MÉDIA DOS NÍVEIS DE AVALIAÇÃO DOS ALUNOS QUE MANIFESTAM CONFORTO COM A
TEMPERATURA E DAQUELES QUE MANIFESTAM DESCONFORTO SOBRE A MESMA VARIÁVEL ................... 76
QUADRO 7 – MÉDIA DOS NÍVEIS DE AVALIAÇÃO DOS ALUNOS QUE MANIFESTAM CONFORTO ERGONÓMICO E
DAQUELES QUE MANIFESTAM DESCONFORTO SOBRE A MESMA VARIÁVEL .......................................... 76
QUADRO 8 – MÉDIA DOS NÍVEIS DE AVALIAÇÃO DOS ALUNOS QUE CONTROLAM O TEMPO DURANTE O ESTUDO E
DAQUELES QUE NÃO CONTROLAM O TEMPO SOBRE A MESMA VARIÁVEL ............................................ 77
QUADRO 9 – MÉDIA DOS NÍVEIS DE AVALIAÇÃO DOS ALUNOS QUE PARTILHAM O QUARTO COM OUTRO FAMILIAR
E DOS QUE TEM UM QUARTO SÓ INDIVIDUAL. ............................................................................... 77
QUADRO 10 – MÉDIA DOS NÍVEIS DE AVALIAÇÃO DOS ALUNOS QUE ESTUDAM EM AMBIENTE SILENCIOSO, COM
MÚSICA E/OU COM RUÍDO ......................................................................................................... 78
QUADRO 11 – MÉDIA DOS NÍVEIS DE AVALIAÇÃO DOS ALUNOS QUE MANIFESTAM CONFORTO COM A
ILUMINAÇÃO E DAQUELES QUE MANIFESTAM DESCONFORTO SOBRE A MESMA VARIÁVEL ...................... 78
QUADRO 12 – MÉDIA DOS NÍVEIS DE AVALIAÇÃO DOS ALUNOS QUE MANIFESTAM CONFORTO COM A
TEMPERATURA E DAQUELES QUE MANIFESTAM DESCONFORTO SOBRE A MESMA VARIÁVEL ................... 79
QUADRO 13 – MÉDIA DOS NÍVEIS DE AVALIAÇÃO DOS ALUNOS QUE MANIFESTAM CONFORTO ERGONÓMICO E
DAQUELES QUE MANIFESTAM DESCONFORTO SOBRE A MESMA VARIÁVEL .......................................... 79
QUADRO 14 – MÉDIA DOS NÍVEIS DE AVALIAÇÃO DOS ALUNOS QUE CONTROLAM O TEMPO DURANTE O ESTUDO E
DAQUELES QUE NÃO CONTROLAM O TEMPO SOBRE A MESMA VARIÁVEL ............................................ 80
11
Índice de Gráficos
GRÁFICO 1 – A) CORPO DOCENTE; B) CORPO NÃO DOCENTE .................................................................... 27
GRÁFICO 2 – A PERCENTAGEM DE RAPAZES E DE RAPARIGAS POR TURMA E, AINDA, A PERCENTAGEM DE ALUNOS
REPETENTES, TAMBÉM POR TURMA (NO CASO DE HAVER) ............................................................... 29
GRÁFICO 3 –7ºANOS – A) IDADES DOS ALUNOS; B) SEXO DOS ALUNOS ...................................................... 30
GRÁFICO 4 – 8ºANOS – A) IDADES DOS ALUNOS; B) SEXO DOS ALUNOS ..................................................... 31
GRÁFICO 5 – A) ESPAÇO RESIDENCIAL; B) TIPOLOGIA DA RESIDÊNCIA; C) PERCENTAGEM DO NÚMERO DE PESSOAS
QUE RESIDEM COM O INQUIRIDO; D) PERCENTAGEM DE ALUNOS QUE PARTILHA O QUARTO .................. 35
GRÁFICO 6 – DIVISÃO DA HABITAÇÃO ESCOLHIDA PARA ESTUDAR/ FAZER OS TPC ....................................... 37
GRÁFICO 7 – LOCAIS DE ESTUDO NA DIVISÃO QUARTO ........................................................................... 38
GRÁFICO 8 – LOCAIS DE ESTUDO NA DIVISÃO SALA ................................................................................ 39
GRÁFICO 9 – LOCAIS DE ESTUDO NA DIVISÃO COZINHA ........................................................................... 39
GRÁFICO 10 – LOCAIS ONDE COSTUMA ESTUDAR/ FAZER OS TPC NO CENTRO DE ESTUDOS ......................... 40
GRÁFICO 11 – COMO O ALUNO COSTUMA ESTUDAR/ FAZER OS TPC: ....................................................... 41
GRÁFICO 12 – RUÍDO NO ESPAÇO DE ESTUDO: ...................................................................................... 43
GRÁFICO 13 – ILUMINAÇÃO NO ESPAÇO DE ESTUDO: ............................................................................. 44
GRÁFICO 14 – TEMPERATURA NO ESPAÇO DE ESTUDO (HABITACIONAL) .................................................... 45
GRÁFICO 15 – TEMPERATURA NO ESPAÇO DE ESTUDO, NO CENTRO DE ESTUDOS ........................................ 46
GRÁFICO 16 – CONFORTO NO ESPAÇO DE ESTUDO ................................................................................. 47
GRÁFICO 17 – GESTÃO DO TEMPO DE ESTUDO ...................................................................................... 48
GRÁFICO 18 – USO DO COMPUTADOR E TABLET: ................................................................................... 49
GRÁFICO 19 – USO DO TELEMÓVEL E OUTROS EQUIPAMENTOS ELETRÓNICOS: ........................................... 49
GRÁFICO 20 – FORMA DE ESTUDAR .................................................................................................... 50
GRÁFICO 21 – O QUE ACHAM DO ESPAÇO DE ESTUDO ............................................................................ 51
GRÁFICO 22 – O QUE O ALUNO MUDAVA NO SEU ESPAÇO DE ESTUDO (CASA/CENTRO DE ESTUDOS) .............. 52
GRÁFICO 23 – (IN)SATISFAÇÃO DOS ALUNOS QUANTO À DIMENSÃO DO SEU ESPAÇO ................................... 52
GRÁFICO 24 - A) ESPAÇO RESIDENCIAL; B) TIPOLOGIA DA RESIDÊNCIA; C) PERCENTAGEM DO NÚMERO DE
PESSOAS QUE RESIDEM COM O INQUIRIDO; D) PERCENTAGEM DE ALUNOS QUE PARTILHA O QUARTO ...... 54
GRÁFICO 25 – DIVISÃO DA HABITAÇÃO ESCOLHIDA PARA ESTUDAR/ FAZER OS TPC ..................................... 56
GRÁFICO 26 - LOCAIS DE ESTUDO NA DIVISÃO QUARTO .......................................................................... 56
GRÁFICO 27 – LOCAIS DE ESTUDO NA DIVISÃO SALA .............................................................................. 57
GRÁFICO 28 – LOCAIS DE ESTUDO NA DIVISÃO COZINHA ......................................................................... 58
GRÁFICO 29 – LOCAIS ONDE COSTUMA ESTUDAR/ FAZER OS TPC NO CENTRO DE ESTUDOS ......................... 59
12
GRÁFICO 30 – COMO O ALUNO COSTUMA ESTUDAR NO ESPAÇO HABITACIONAL ......................................... 59
GRÁFICO 31 - COMO O ALUNO COSTUMA ESTUDAR NO CENTRO DE ESTUDOS ............................................ 60
GRÁFICO 32 – RUÍDO NO ESPAÇO DE ESTUDO: ...................................................................................... 61
GRÁFICO 33 – ILUMINAÇÃO NO ESPAÇO DE ESTUDO: ............................................................................. 62
GRÁFICO 34 – TEMPERATURA NO ESPAÇO DE ESTUDO (HABITACIONAL) .................................................... 63
GRÁFICO 35 – TEMPERATURA NO ESPAÇO DE ESTUDO, NO CENTRO DE ESTUDOS ........................................ 63
GRÁFICO 36 – CONFORTO NO ESPAÇO DE ESTUDO ................................................................................. 64
GRÁFICO 37 – GESTÃO DO TEMPO DE ESTUDO ...................................................................................... 65
GRÁFICO 38 – USO DO COMPUTADOR E TABLET: ................................................................................... 66
GRÁFICO 39 – USO DO TELEMÓVEL E OUTROS EQUIPAMENTOS ELETRÓNICOS: ........................................... 67
GRÁFICO 40 – FORMA DE ESTUDAR .................................................................................................... 67
GRÁFICO 41 – O QUE ACHAM DO ESPAÇO DE ESTUDO ............................................................................ 68
GRÁFICO 42 – O QUE O ALUNO MUDAVA NO SEU ESPAÇO DE ESTUDO (CASA/CENTRO DE ESTUDOS) .............. 69
GRÁFICO 43 – (IN)SATISFAÇÃO DOS ALUNOS QUANTO À DIMENSÃO DO SEU ESPAÇO ................................... 69
13
Lista de abreviaturas e siglas
EBEA ...................................................................... ESCOLA BÁSICA EUGÉNIO DE ANDRADE
TPC ........................................................................ TRABALHOS DE CASA
14
Introdução
O presente relatório foi desenvolvido ao longo do ano letivo 2020/2021, na Unidade
Curricular de Iniciação à Prática Profissional, do Mestrado em Ensino em Geografia no
3º ciclo do Ensino Básico e no Ensino Secundário, na Faculdade de Letras da
Universidade do Porto. A experiência letiva decorreu na Escola Básica Eugénio de
Andrade (EBEA), com a lecionação a turmas dos 7º, 8º e 9º anos de escolaridade, que
permitiu uma melhor iniciação à prática educativa.
O objetivo principal deste estudo passou por investigar de que forma o ambiente e o
espaço de estudo interferem no desempenho escolar do aluno, mais concretamente,
verificar se a qualidade e a ergonomia do espaço de estudo interferem na
aprendizagem do aluno. Para concretizar este objetivo foi colocada a seguinte questão
de partida: Será que as condições em que o aluno estuda influenciam o seu
desempenho escolar? Além do objetivo principal foram ainda realçados dois objetivos
secundários, mais especificamente: avaliar se o espaço de estudo do aluno tem
relevância no seu desempenho escolar e analisar se de acordo com o ambiente em que
o aluno estuda os seus resultados e o seu aproveitamento são melhores. Partindo
desta base delinearam-se os objetivos específicos orientadores que estão presentes ao
longo deste estudo de caso:
- Avaliar de que forma a existência de um espaço próprio para o aluno estudar, tem
impacto na sua aprendizagem/desempenho escolar;
- Avaliar de que forma a organização e o conforto do espaço de estudo tem impacto
na sua aprendizagem/desempenho escolar;
- Avaliar de que forma o ambiente envolvente do espaço de estudo tem impacto na
sua aprendizagem/desempenho escolar;
- Avaliar de que forma o ruído do espaço onde o aluno estuda tem impacto na sua
aprendizagem/desempenho escolar;
- Avaliar se a forma como o aluno estuda interfere na sua
aprendizagem/desempenho escolar;
- Avaliar se a existência de um espaço próprio para o aluno estudar facilita a sua
aprendizagem/desempenho escolar.
15
Estes objetivos foram fundamentais para o desenvolvimento do estudo e para
responder à pergunta inicial.
Para esse fim desenvolve-se uma metodologia dividida em três etapas. Na primeira, foi
fundamental desenvolver um enquadramento teórico de referência. A bibliografia
consultada permitiu dar resposta às questões orientadoras do estudo e assim
desenvolver o capítulo “A qualidade e a ergonomia do espaço de estudo na
aprendizagem” realçando a importância que a ergonomia e a antropometria têm no
espaço físico e consequentemente no ser humano. Permitiu, também, compreender a
importância da qualidade do ambiente, mais concretamente evidenciando as variáveis
temperatura, iluminação e ruído.
A segunda parte deste estudo refere-se à investigação concretizada em contexto de
estágio, desenvolvido na EBEA. Esta aplicação metodológica foi muito importante para
compreender os objetivos definidos no início do estudo. Assim, com o intuito de reunir
os dados necessários para a concretização dos objetivos deste trabalho, recorreu-se a
uma amostra de 58 alunos, 41% dos quais do 7º ano e 59% do 8º ano, aos quais foi
aplicado um inquérito por questionário. Este inquérito incidiu sobre as variáveis
estudadas no capítulo 1, ou seja, ruído, luz, temperatura e conforto no espaço de
trabalho, mais especificamente, no espaço destinado ao estudo de forma a aferir se,
efetivamente, o espaço de estudo e a sua envolvente são fatores que influenciam o
desempenho escolar. Além deste método recorreu-se ainda a uma amostra mais
reduzida, apenas composta por 20 alunos, para se proceder à aplicação de um pedido
de um mapa mental que consistia em os alunos desenharem o espaço referente ao seu
espaço habitacional de acordo com a sua memória. Este exercício teve como objetivo
perceber qual o conhecimento que os alunos tinham do seu espaço quotidiano.
A terceira parte deste estudo centra-se na análise dos dados recolhidos. No caso dos
inquéritos por questionário esta análise é realizada através da aplicação do programa
Microsoft Excel 2012, no caso dos mapas mentais esta análise é realizada tendo por
base essencialmente a observação dos mesmos. Posteriormente, tentar-se-á cruzar os
dados de modo a aferir se os alunos com melhores condições em termos do espaço
físico e qualidade do ambiente têm níveis de classificação superiores aos outros.
16
Tentar-se-á, ainda, averiguar se as classificações dos alunos que frequentam o Centro
de Estudos são superiores às dos alunos que só estudam no seu espaço habitacional.
Saliente-se, por fim, que não existem muitos estudos relativos à avaliação do impacto
do conforto do espaço doméstico dedicado ao estudo, na aprendizagem dos alunos. A
maioria dos estudos existentes, avaliam o impacto do conforto das salas de aula das
escolas ou dos espaços de trabalho, no rendimento escolar ou profissional. Assim, o
nosso estudo, pretende ser um contributo para o conhecimento entre as
características do espaço doméstico dedicado ao estudo e a aprendizagem dos
estudantes.
17
1. A qualidade e a ergonomia do espaço de estudo na
aprendizagem
De acordo com Rech, Peiter e Ferreira (2019), “[o] ambiente, hábitos diários e os
espaços que envolvem o ser humano, estão relacionados com a ergonomia, podendo
influenciar a qualidade de vida, quanto ao surgimento de comprometimentos
posturais” (p.1). Assim sendo, o espaço físico é um fator a valorizar, no sentido em que
poderá interferir no sucesso do processo de aprendizagem, mais concretamente, o
espaço habitacional e o espaço dedicado ao estudo, influenciando direta ou
indiretamente a aprendizagem do aluno. Uma vez que na amostra selecionada o
espaço de estudo coincide em 93% com o espaço habitacional, é pertinente
compreender a sua importância. Como se pode confirmar no estudo de Matos (2001),
“[a] habitação é, sem dúvida, uma necessidade básica, uma vez que todos almejamos
um alojamento condigno, tratando-se, aliás, de um dos direitos consagrados na
Constituição da República Portuguesa” (pp. 23-24). O acesso à habitação é
fundamental à sobrevivência quotidiana, permitindo o abrigo contra os elementos
naturais, o conforto e a possibilidade de uma vida familiar. Estar abrigado é muito mais
do que simplesmente estar numa casa. É estar numa casa com determinadas
condições. Implica conforto e espaço suficiente para a família (Matos, 2001). A
qualidade e conforto interior da habitação é fundamental para o bem-estar da
população, principalmente das crianças e jovens, uma vez que passam grande parte do
tempo em casa. Como qualquer outro abrigo, a casa “(…) tem exigências funcionais
consequentes das necessidades humanas, devendo atuar como um filtro do ambiente
natural, modificando o frio excessivo, (…) a humidade elevada (…)” (Monteiro,
1996/97, p. 8). Além disso, a casa é um espaço de construção da personalidade
individual, de socialização, de integração social, de trabalho e ocupação dos tempos
livres (Matos, 2001).
Constata-se, pois, que o espaço habitacional é um fator a ser valorizado, pois, pode
influenciar de sobremaneira o desempenho escolar dos alunos. Além disso, outra
variável muito importante é, também, a qualidade do ambiente de estudo, isto é, a
envolvente do espaço onde o aluno estuda que também poderá influenciar o seu
18
aproveitamento escolar. Se, por exemplo, o espaço físico for silencioso, bem iluminado
e com boa qualidade do ar, os alunos encontrar-se-ão mais confortáveis, podendo ver
e ouvir melhor e, desse modo, reduzir os momentos de distração.
1.1. Espaço físico
O espaço físico é muito importante para o ser humano, sobretudo quando nos
reportamos ao seu espaço habitacional onde convive e se relaciona com os familiares
mais próximos, onde passa bastante tempo do seu dia, muito mais agora, devido às
circunstâncias impostas pela pandemia do Covid-19, que determinaram o teletrabalho
e aulas online. Assim, o espaço físico deverá estar adaptado às suas necessidades quer
ergonómicas, quer antropométricas. Senão vejamos, segundo Couto (1995), “(…)
ergonomia é um conjunto de ciências e tecnologias que procura a adaptação
confortável e produtiva entre o ser humano e seu trabalho, basicamente procurando
adaptar as condições de trabalho às características do ser humano.” (p. 11). Por outro
lado, a antropometria trata das medidas físicas do corpo humano, não esquecendo,
porém, a enorme variedade de dimensões, de tipos físicos e mesmo de proporções
que o corpo humano apresenta.
Uma das grandes aplicações de medidas antropométricas na ergonomia é na dimensão
do espaço de trabalho/estudo. Aqui são consideradas diversas variáveis como a
postura, o tipo de atividade a realizar e todo o mobiliário presente. É sobretudo desta
última que resultam diversos níveis de interface entre o corpo humano e as
componentes físicas do espaço. O mais comum é entre o ser humano e a cadeira ou o
sofá. O assento ou forma de sentar é provavelmente um dos comportamentos
humanos mais importantes, dado que muitas pessoas chegam a passar mais de 20
horas por dia na posição sentada e deitada (Añez, 2000). Na verdade, a postura é,
frequentemente, determinada pela natureza da tarefa a executar (Dul &
Weerdmeester, 2012). Daí o interesse mais particular pela ergonomia com relação ao
assento ou forma de sentar e das suas implicações nos níveis de concentração quando
se adota uma posição/postura confortável ou desconfortável. “A posição sentada
apresenta vantagens sobre a postura ereta. O corpo fica melhor apoiado em diversas
19
superfícies: piso, assento, encosto, braços da cadeira, mesa. Portanto, a posição
sentada é menos cansativa (…)” (Dul & Weerdmeester, 2012, p. 27).
Além disso, a organização do espaço físico pode incentivar a aprendizagem (Cruz,
2008) visto que, segundo Castro (2000) “[a] organização do espaço também se
mostrou importante para o aumento da produtividade dos alunos” (p. 10).
Neste sentido, o espaço físico precisa de responder às necessidades de conforto
ergonómico do ser humano visto que o conforto é “(…) a resposta básica e satisfatória
das necessidades do nosso corpo relativamente ao espaço onde se insere.” (Amorim,
2017, p. 81).
1.2. Qualidade do ambiente
“Os fatores ambientais desempenham um grande papel na forma como as pessoas
percebem e usam o espaço (…)” (Hegde, Boucher, & Lavelle, 2018, p. 2). “Os estímulos
do ambiente no qual o indivíduo se insere são captados pelos seus sentidos (…)”
(Amorim, 2017, p. 49) o que possibilita definir, relativamente à conexão conforto-
espaço, três constituintes do conforto: temperatura, iluminação e ruído. Assim, a
qualidade do ambiente pode influenciar direta ou indiretamente o rendimento do
aluno e, neste estudo, a análise foi realizada tendo em consideração essencialmente
essas três variáveis, isto é, a temperatura, a iluminação e o ruído. Estas estão
interligadas com o conceito de conforto. No entanto este último é difícil de ser
definido com rigor, dado que para além das variáveis já apresentadas inclui também a
idade, o género, a organização do espaço e até mesmo questões de carácter social.
A temperatura está ligada com o conforto térmico, a iluminação associada ao conforto
visual e o ruído relacionado com o conforto acústico.
1.2.1. Temperatura
A temperatura é a variável climática mais percetível num espaço (Mueller, 2007), pois
ainda que seja percecionado de forma diferente por cada indivíduo, certas
temperaturas dão “(…) a sensação de conforto, enquanto outras se tornam
desagradáveis (…)” (ibidem, p.52). Mas, “(…) para que a temperatura seja agradável ou
20
não (...)” (ibidem, p.52), existem muitos fatores associados, tanto físicos (outras
condições térmicas de isolamento) como humanos (idade, género, vestuário, peso e
altura) (Soares, 2017). De acordo com Santos e Fialho (1997) a presença de
temperaturas elevadas num espaço, sendo ele fechado ou não, afeta a produtividade.
O mesmo acontece no caso de as temperaturas serem muito baixas. Na verdade,
perturbações no conforto térmico são acompanhadas de alterações funcionais que
atingem todo o organismo. O calor excessivo proporciona cansaço e sonolência, que
por sua vez reduz a prontidão de resposta e aumenta a tendência a falhas. Todavia,
num ambiente muito frio, o organismo requer a produção de calor para evitar o
arrefecimento do corpo, aumentando assim a atividade corporal, o que diminui a
atenção e a concentração, afetando a execução do trabalho (Siqueira, Oliveira, &
Vieira, 2008).
Segundo um estudo realizado por Monteiro (1996/97) ao conforto térmico do edifício
da FLUP,
(…) cerca de 82% dos estudantes consideraram as salas excessivamente quentes, e, destes, 90% afirmaram já se ter sentido física e/ou mentalmente perturbados. Dores de cabeça, sonolência, dificuldade de concentração, quebras de tensão, alterações na visão e lassidão física, foram sintomas mencionados, recorrentemente pelos estudantes inquiridos” (p. 7).
Assim sendo, para poder existir produtividade no estudo, a temperatura deve estar
adaptada ao espaço para poder existir conforto térmico. Por conseguinte, o conforto
térmico “(…) diz respeito a uma condição mental do ser humano, o qual expressa
satisfação com o ambiente térmico que o rodeia (…)” (Soares, 2017, p. 39), isto é, o
conforto térmico é entendido como o estado de espírito que reflete a satisfação com o
ambiente térmico que envolve a pessoa (Soares, 2017).
Para desencadear mecanismos de atenuação do sobrearrefecimento ou sobreaquecimento interno do organismo, o Homem necessita de esforço. A disponibilidade energética do organismo não é ilimitada e, estes desvios energéticos [tiritar, fazer exercício, transpirar, acelerar o ritmo cardíaco e respiratório, etc], para compensar perdas ou ganhos excessivos de calor, traduzem-se numa diminuição da capacidade de desempenho de certas tarefas (Monteiro, 1996/97, pp. 12-13) como a concentração, por exemplo.
Se as temperaturas interiores forem muito elevadas, superiores a 25oC, associadas a
uma humidade também elevada (acima dos 80%), podem desencadear estados de
21
stress térmico graves, situação que provoca, lassidão física e perda de capacidade de
atenção (Monteiro, 1996/97).
1.2.2. Iluminação
Cada espaço possui caraterísticas individuais de uso e o conforto de quem o ocupa,
depende da quantidade de luz adequada. Por sua vez, a iluminação de qualquer
espaço deve, preferencialmente, ser feita por luz natural, uma vez que esta
proporciona uma melhor qualidade ao ambiente e fomenta o conforto visual. Ter
conforto visual significa que o nível de iluminação é apropriado ao trabalho a ser
desempenhado sem ter de forçar a visão.
Corbella e Yannas (2003) asseguram que o olho humano se adapta melhor à luz natural
do que à luz artificial. Portanto, a iluminação natural é a preferencial para o uso no
ambiente de trabalho, porém, por vezes o seu uso torna-se muito limitado e, assim
sendo, é aconselhável que se utilizem luzes artificiais para obter a iluminação
desejada. Entende-se por iluminação natural aquela que é proporcionada pela
existência de janelas ou de superfícies envidraçadas, porém, é de salientar que a
entrada de luz solar através destas superfícies deverá ser controlada de modo a evitar
encandeamento no ambiente de estudo (Pais, 2011). “O encandeamento é, de todos
os problemas, o que causa mais desconforto visual. (…) Este desconforto é
proporcionado por excesso de [iluminação] no campo de visão.” (Pais, 2011, p. 35).
Nascimento (2008) afirma que o ofuscamento também ocorre quando uma parte do
ambiente no campo visual é muito mais clara que a restante, causando, assim, uma
grande perturbação na visão.
A iluminação no ambiente de estudo é, pois, um aspeto importante no rendimento do
aluno e, por isso, deve ser uniformemente distribuída e difusa (Siqueira, Oliveira, &
Vieira, 2008). De acordo com Bestetti (2014) “(…) ambientes mal iluminados para
qualquer tipo de trabalho podem causar cansaço visual.” (p. 608).
Verdussen (1978), refere ainda que o ambiente com uma iluminação adequada
oferece benefícios à saúde do ser humano como o aumento da memória, raciocínio
lógico e eficiência.
22
A escassez de luz impede a visão, mas o excesso de luminosidade, também afeta o sentido da visão, impedindo a focagem e causando desconforto, fadiga visual e dor. O nível de iluminação recomendado para espaços interiores oscila, entre 300-600 lux (Monteiro, 1996/97, p. 10).
Além disso, a iluminação deve apresentar uma aceitável reprodução de cor. De acordo
com um estudo realizado por Küller et al (2006) a luz e a cor influenciam os estados de
humor dos indivíduos e Blanco (2007) acrescenta, ainda, que a cor também tem
interferência no rendimento da realização das tarefas, estimulando reações
psicológicas positivas, como o interesse visual. Saliente-se, ainda, que, uma boa
iluminação no ambiente também contribui para aumentar a satisfação, melhorar a
produtividade e reduzir a fadiga.
Ainda relativamente às cores do espaço, Mueller (2007) afirma que, realmente, as
cores influenciam o ser humano. No seu estudo é possível verificar-se que diferentes
autores citados concordam que as cores, efetivamente, influenciam o ser humano,
porém estes têm perspetivas desiguais. Para Thompson (2003) as cores têm
significados diferentes – “(…) o vermelho e o laranja são estimulantes, amarelo é
alegre, azul e verde são relaxantes” (citado por Mueller, 2007, p. 58). Para Lang (1996)
“(…) as cores claras tendem à aproximação, avanço; as cores sombrias e escuras
tendem ao retrocesso, à desistência” (citado por Mueller, 2007, p. 58). Nos estudos de
Torrice e Engelbrecht (2003) verifica-se que estes autores sugerem que os sistemas
humanos são persuadidos pelas cores e pelos tons das mesmas e, inclusive,
mencionam algumas cores e indicam o que cada cor influencia. Por exemplo, estes
autores declaram que:
• o vermelho influencia a atividade motora;
• o verde influencia a habilidade de comunicação;
• o azul influencia o olfato, a visão e a audição;
• o violeta influencia atividades não verbais (Mueller, 2007).
Mueller ainda adiciona a informação que, de acordo com o estudo de Engelbrecht
(2003) “(…) ambientes monocromáticos são considerados negativos, enquanto
ambientes coloridos são considerados positivos.” (p. 58). O ambiente monocromático
pode proporcionar distração e, consequentemente, falta de concentração e
23
inquietação. Todavia, a presença de cor no espaço estimula o cérebro e, por sua vez,
ajuda a manter o foco na atividade a realizar (Mueller, 2007).
Além desta importância que a cor desempenha no ser humano, também influencia de
forma significativa nos aspetos associados à iluminação quer seja ela natural ou
artificial. Por exemplo, a utilização de cores claras “pode aumentar a produtividade (…)
e também pode reduzir as ocorrências de ofuscamento e fadiga visual.” (Mueller,
2007, p. 60).
1.2.3. Ruído
“Enquanto o som pode ser definido como uma sensação captada pelo sentido da
audição, segundo determinadas condições objetivas, o ruído é o termo usado para
designar qualquer som indesejável (…)” (Dittz, 2004, p. 26). Deste modo, “(…) devemos
definir ruído como todo o som indesejado presente em um ambiente para a execução
de uma determinada atividade.” (Castro, 2000, p. 181). Assim sendo, de acordo com o
estudo de Dittz (2004) a definição de ruído pode ser objetiva, mas também subjetiva,
isto é, em termos objetivos, “(…) a magnitude do ruído é um aspecto determinante,
assim como a duração e a própria forma de geração do som.” (p. 47). Em termos
subjetivos existem inúmeras variáveis envolvidas, por exemplo: “o que é som para
uma pessoa pode ser ruído para outra; [o que é considerado] som em um determinado
momento, em outro, [já pode ser considerado] ruído (…)” (Dittz, 2004, p. 26). Esta
definição subjetiva depende das condições de cada pessoa, ou seja, depende do seu
humor, gosto, cultura, estado de saúde e, sobretudo, da atividade que estiver a
desempenhar naquele momento (Dittz, 2004).
Assim, sabe-se que, na verdade, o nível de ruído excessivo afeta muito o dia a dia das
pessoas, sobretudo quando é necessário existir o mínimo ruído possível, visto que um
espaço com mais silêncio proporciona uma maior concentração. Todavia, “(…)
sabemos que o ruído é necessário ao ser humano, já que mesmo um ambiente
excessivamente silencioso causa sensações de insegurança e até de medo.” (Bestetti,
2014, p. 608).
24
Os ruídos “quando são muito intensos ou constantes tendem a produzir um aumento
da sensação de cansaço e desgaste” (Siqueira, Oliveira, & Vieira, 2008, p. 20). Contudo,
as consequências do ruído variam de indivíduo para indivíduo. De acordo com Eniz
(2004), estudos sobre os efeitos do ruído no desempenho demonstram que o ruído
pode dar origem a um decréscimo no desempenho, sendo que os seus efeitos
dependem do tipo de ruído e da tarefa que está a ser realizada (citado por Branco,
2013).
Uma boa acústica ambiental é fundamental na captação da informação. Mesmo sendo
visível que o ruído dificulta o rendimento escolar, os resultados das pesquisas
relacionados com a acústica e a aprendizagem revelam que um “bom som” é
fundamental para um bom desempenho escolar (Mueller, 2007). Um bom ambiente
acústico é fundamental para manter um elevado nível de satisfação e produtividade
(Lucas, 2011). Conforme afirma Basso e Martucci (2002) o conforto acústico no espaço
construído pode ser definido como “(…) a condição em que o usuário não tenha perda
da inteligibilidade da palavra e garantia de um repouso dentro de condições ideais.” (p.
286). Sabendo que a inteligibilidade da palavra pode ser definida de diferentes formas,
pode ser através da comunicação entre duas pessoas, ou através de algum aparelho ou
de algum dispositivo (Basso & Martucci, 2002).
A utilização de “música ambiente” ou a execução de atividades em espaço aberto
podem melhorar o aproveitamento no geral, pois o ruído ambiente não tem
significado, enquanto o ruído dentro de um espaço (por exemplo, mistura de vozes),
tem significado e interfere mais na capacidade de concentração (Castro, 2000).
25
2. Estudo de caso
2.1. Caraterização da escola em estudo
Para o desenvolvimento deste relatório e de modo a serem percetíveis as
decisões tomadas e o contexto em que se desenrolou esta investigação, considera-se
pertinente efetuar uma breve análise e caraterização sobre a escola, onde se
desenvolveu este trabalho, bem como, sobre as seis turmas selecionadas. Como
referido na introdução, o nosso estágio decorreu na escola sede do Agrupamento de
Escolas Eugénio de Andrade durante o ano letivo 2020/2021 (figura 1).
Figura 1 – Escola Básica Eugénio de Andrade
Este Agrupamento é composto por quatro escolas: a Escola Básica Eugénio de Andrade
(EBEA), a Escola Básica Augusto Lessa, a Escola Básica de Costa Cabral e a Escola Básica
do Covelo (figura 2).
A EBEA está situada na freguesia de Paranhos, na área oriental do concelho do Porto.
Situa-se próxima de infraestruturas fundamentais que facilitam a sua acessibilidade a
toda a comunidade escolar: próxima da Autoestrada A20 (Via de Cintura Interna),
26
próximo da linha 204 do autocarro STCP e de uma das estações da linha D (linha
amarela) do metro do Porto (estação Salgueiros) (figura 2).
Figura 2 – Localização das escolas que fazem parte do Agrupamento
De acordo com o Anexo I do Projeto Educativo (2017-2021) o agrupamento tem um
total de 1117 alunos, 751 (67%) integram o pré-escolar e o 1º ciclo (divididos por 37
turmas) e 366 (33%) constituem o 2º e 3º ciclo (distribuídos por 26 turmas). Do total
de alunos sabe-se que 777 (70%) dos mesmos residem na freguesia de Paranhos e 339
(30%) residem em outras freguesias.
Do corpo docente total, só 29% são professores do 3º ciclo, estando os restantes
distribuídos pelos outros níveis de ensino, incluindo Educação Especial (gráfico 1.a). O
corpo não docente conta 63 pessoas, sendo que 13% são Terapeutas da Fala e 11%
Intérpretes de Língua Gestual Portuguesa (ILGP) (gráfico 1.b).
27
Gráfico 1 – a) corpo docente; b) corpo não docente
Em relação ao edificado de construção do “tipo Brandão” este distribui-se por vários
pavilhões1:
Pavilhão A – conta com oito salas de aula e um laboratório de ciências
experimentais; Pavilhão B – tem seis salas de aula, uma de informática, um laboratório
de ciências experimentais, uma sala museu de Biologia e Geologia e um gabinete de
Matemática. O Pavilhão C – dispõe de oito salas de aula, um gabinete do Serviço de
Psicologia e Orientação; Pavilhão D – conta com nove salas de aula, dois gabinetes
destinados a sessões de terapia da fala, uma sala de museu de surdos, uma sala de
produção de materiais didáticos para a educação bilingue de alunos surdos (este
pavilhão é centrado nos recursos para o ensino bilingue dos alunos surdos). Conta,
também, com um pavilhão gimnodesportivo com galeria e um pavilhão polivalente
com dois pisos (AEEA, 2017-2021).
1 Apenas são mencionadas as salas, laboratórios, museus e gabinetes de cada pavilhão.
29%
21%21%
18%
6%5%
3º ciclo
Educadoras
2º ciclo
Ed. Especial
1º ciclo
Apoio Educativo
a)
56%
17%
13%
11%3%
AssistenteOperacional
AssistenteTécnico
Terapeuta daFala
ILGP
Psicóloga
b)
28
Figura 3 - A entrada de cada um dos Pavilhões (A, B, C e D)
Esta escola não foi intervencionada pelo plano nacional “Parque Escolar” e, como tal, o
seu espaço físico já se encontra desadequado às necessidades dos alunos atuais.
Desde sempre que, “esta escola e o Agrupamento são reconhecidos como uma
referência na educação bilingue dos alunos surdos” (AEEA, 2017-2021, p. 6).
2.2. Metodologia
2.2.1. Caraterização da amostra
Este estudo foi concebido nas turmas regidas pela orientadora cooperante. A
experiência de lecionar realizou-se no 3º ciclo do Ensino Básico.
29
Para proceder à análise para este ensaio foram selecionadas seis turmas do 3º ciclo do
Ensino Básico, mais especificamente 7ºX, 7ºY, 8ºW, 8ºK, 8ºWS e 8ºKS 2. Deste
modo a amostra em análise é composta por um total 58 alunos, mais especificamente
24% raparigas e 17% rapazes de 7ºano e 28% raparigas e 31% rapazes de 8º ano.
Gráfico 2 – A percentagem de rapazes e de raparigas por turma e, ainda, a percentagem de
alunos repetentes, também por turma (no caso de haver)
No caso dos 7ºanos (7ºX e 7ºY) as idades variam entre os 12 e os 16 anos (gráfico
3.a). Em relação ao sexo pode constatar-se, observando o gráfico 3.b), que 58% dos
inquiridos são do sexo feminino e 42% do sexo masculino, ou seja, existe uma
discrepância entre os dois sexos com alguma evidencia e que contrasta com a
tendência escolar em Portugal nos Ensinos Básico e Secundário pois, regra geral,
existem mais alunos do sexo masculino do que do sexo feminino3. Estas turmas são
compostas, na totalidade, somente por alunos portugueses.
2 Estes não são os nomes originais das turmas, com o intuito de garantir o anonimato. 3 Ver informação contida no portal do Ministério de Educação: https://infoescolas.mec.pt/3Ciclo/
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
7ºX 7ºY 8ºW 8ºK 8ºWS e 8ºKS
%
Rapazes Raparigas repetentes
30
Gráfico 3 –7ºanos – a) idades dos alunos; b) sexo dos alunos
No caso dos 8ºanos (8ºW, 8ºK, 8ºWS e 8ºKS) as idades dos inquiridos estão
compreendidas entre os 13 e os 16 anos, correspondendo a maioria à idade de 14 anos
(53%) (gráfico 4.a). Em relação ao sexo pode constatar-se, que 53% dos inquiridos são
do sexo masculino e 47% do sexo feminino (gráfico 4.b), ou seja, existe uma pequena
discrepância entre os dois sexos, contudo esta está de acordo com a tendência escolar
em Portugal nos Ensinos Básico e Secundário pois, geralmente existem mais alunos do
sexo masculino do que do sexo feminino4. Estas turmas, além dos alunos portugueses
contém, ainda, alunos provenientes do Brasil, Espanha, Suíça e Timor. As turmas
8ºWS e 8ºKS são duas turmas formadas exclusivamente por alunos surdos, sendo
um deles de origem israelita5, não dominando a língua portuguesa nem a inglesa, o
que implica a presença de um tradutor na sala de aula.
4 Ver informação contida no portal do Ministério de Educação: https://infoescolas.mec.pt/3Ciclo/ 5 Este aluno não integra esta amostra devido à sua família, não ter permitido a sua participação no trabalho.
0
20
40
60
80
100
12 13 14 15 16
%
idades
a)
0
20
40
60
80
100
feminino masculino
%
sexo
b)
31
Gráfico 4 – 8ºanos – a) idades dos alunos; b) sexo dos alunos
2.2.2. Inquérito por questionário
Para a realização deste estudo recorreu-se à aplicação do inquérito por questionário,
sendo considerado o método mais correto, pois segundo Quivy e Champenhoudt
(1992) a utilização do inquérito por questionário é particularmente adequado à “(…)
análise de um fenómeno social que se julga poder aprender melhor a partir de
informações relativas aos indivíduos da população em questão” (p. 191). Deste modo,
o inquérito por questionário constitui uma ferramenta valiosa de recolha de
informação no sentido em que possibilita investigar o comportamento e a frequência
de certas variáveis antecipadamente definidas na construção do modelo de análise
numa dada população previamente selecionada.
A escolha deste método, deve-se ao facto de se poder quantificar um conjunto de
dados, relacionados com o comportamento, valores ou opiniões dos inquiridos e, por
conseguinte, permitir análises de correlação (Quivy & Champenhoudt, 1992).
Considera-se o inquérito por questionário, um trabalho delicado e, por isso, a
composição deste tipo de recolha de dados requer alguma cautela, conforme refere
Bell (1997) “[a] formulação das perguntas não é tão fácil como pode parecer, sendo
também necessário conduzir cuidadosamente o inquérito por forma a garantir que
todas as perguntas signifiquem o mesmo para todos os inquiridos.” (p. 27).
Este instrumento de recolha de dados tem de estar obrigatoriamente relacionado com
a questão de partida do estudo, e, inclusive, tem de ir ao encontro dos objetivos que
acompanham o trabalho.
0
20
40
60
80
100
13 14 15 16
%
idades
a)
0
20
40
60
80
100
masculino feminino
%
sexo
b)
32
Na elaboração dos inquéritos por questionários teve-se presente as normas
consideradas importantes para a construção deste método, detalhadamente ao nível
da apresentação, estrutura e linguagem.
2.2.3. Mapa mental
Os mapas mentais são desenhos criados a partir das observações emotivas, da
experiência humana no lugar e não se baseiam em informações rigorosas e
precisamente estabelecidas, porque, “a razão objetiva, (...) se refere à existência
humana mesmo que esta não possa ser expressa em categorias de quantidade”
(Holzer & Holzer, 2006, p. 202). A existência é intercalada por símbolos.
“Nos últimos trinta anos a representação espacial obteve uma significativa inclusão nas
propostas pedagógicas, principalmente no que se refere à disciplina de Geografia”
(Richter, 2011, p. 117), o que significa que, atualmente, “(…) o uso e a construção do
mapa estão muito próximos do processo de ensino-aprendizagem de Geografia (…)”
(Richter, 2011, p. 117).
Os mapas mentais são produções da imagem percebida/vivida, da perceção de cada
indivíduo. Os mapas mentais revelam como o lugar é compreendido e vivido. Além
disso, os mapas mentais proporcionam ao seu autor “(…) incluir elementos subjetivos
que, na maioria das vezes, não estão presentes nos mapas tradicionais. Essa
característica torna mais rica essa representação de próprio punho, por incluir
contextos que podem ampliar a compreensão do espaço.” (Richter, 2011, p. 126).
O processo de desenvolvimento mental passa por etapas que se realizam, mais cedo
ou mais tarde, em função das experiências e do meio onde o indivíduo adquire
informações que refletem diretamente na perceção.
O mapa mental tem como objetivo, avaliar o nível da consciência espacial dos alunos,
ou seja, entender como compreendem o lugar onde vivem. Neste trabalho, pretendeu-
se perceber, através do mapa mental desenhado pelos alunos, a organização do
espaço onde estudam, para se tentar aferir as suas caraterísticas físicas e de conforto.
33
Para este parâmetro utilizou-se como base a metodologia Kozel (2007) adaptada, que
visa descodificar a mensagem dada nos desenhos elaborados por aqueles que
vivenciam experiências num determinado espaço.
A aplicação deste exercício que integra, também, parte da metodologia deste trabalho,
foi importante dado que
o uso dos mapas mentais nas atividades escolares abre a possibilidade para que o professor de Geografia observe e reconheça como os estudantes integram a realidade e os elementos do cotidiano com os conteúdos científicos a partir de diferentes escalas geográficas, e identifique
suas leituras e interpretações do espaço (Richter, 2011, p. 135).
34
3. Apresentação e análise dos dados obtidos
Neste capítulo vão ser analisados os resultados dos inquéritos por questionário
realizados aos alunos, de onde recolhemos informações bastante importantes para
responder à nossa questão de partida.
Assim, os dados recolhidos nas dezassete questões fechadas (inquérito aos alunos)
foram tratados, através da aplicação do programa Microsoft Excel 2012 e serão
apresentados graficamente como suporte de apoio da análise.
Os dados recolhidos na única questão de resposta aberta, foram igualmente tratados,
recorrendo à mesma aplicação.
3.1. Análise do inquérito por questionário
Com uma amostra composta por seis turmas diferentes, optou-se pelo seguinte
método de análise:
1. Para o 7º ano, os dados dos inquéritos das duas turmas serão
agrupados de forma a permitir uma análise comparativa mais
sustentada. Tal se deve ao facto de que, face ao objetivo de comparar
os níveis de avaliação finais a Geografia, dos alunos que frequentam o
centro de estudo e os que não frequentam, verificou-se que, após
recolhidos os resultados, que numa das turmas só existia um aluno
nessa situação. Assim, a análise por turma seria menos conclusiva.
2. Para o 8ºano o processo de análise será idêntico ao de 7º ano, uma
vez que a situação é exatamente a mesma.
3.1.1. Análise dos inquéritos por questionário de 7ºano
Como mencionado anteriormente, sabe-se que a amostra de 7ºano é composta por 24
alunos.
Como se pode observar no gráfico 5.a), a grande maioria dos inquiridos reside em
apartamentos (67%), dado estarmos numa área da cidade onde esta tipologia
habitacional predomina. Na verdade, nos espaços urbanos de grande dimensão, como
é o caso da cidade do Porto, o perfil do edificado, é composto, em grande parte, por
edifícios mais altos e com mais alojamentos, particularmente nas freguesias da coroa
35
envolvente ao centro da cidade, como é o caso da freguesia de Paranhos, onde se
insere este agrupamento (Câmara Municipal do Porto, 2018). Praticamente todos os
restantes inquiridos residem em moradias unifamiliares (29%).
Quanto à tipologia do alojamento, 58% dos alunos afirma residir num T3, (gráfico 5.b)
isto é, um espaço residencial com 3 quartos. Quanto à dimensão do núcleo familiar
38% é constituído por 3 pessoas (gráfico 5.c). Contudo se se somar as percentagens
dos alunos que residem em famílias com 5 e 6 pessoas obtém-se um total de 34%, que
associado aos 4% de alunos que habitam um T5, leva-nos a colocar a seguinte questão:
será que com tantos indivíduos a residir no mesmo espaço o aluno tem um espaço de
estudo individualizado? Através dos dados do gráfico 5.d) pode concluir-se que,
efetivamente, existe uma percentagem considerável de alunos que partilha o quarto
com um outro familiar (42%), o que muito possivelmente significa que estes alunos
não dispõem de um espaço apenas destinado a si próprios para poderem estudar.
Gráfico 5 – a) espaço residencial; b) tipologia da residência; c) percentagem do número de
pessoas que residem com o inquirido; d) percentagem de alunos que partilha o quarto
0
20
40
60
80
100
apartamento moradia outra situação(instituição)
%
espaço onde vive
a)
0
20
40
60
80
100
3 4 5 6
%
nº de pessoas
c)
0
20
40
60
80
100
T2 T3 T5
%
nº de quartos
b)
58%
42%não
sim
d)
36
Como referimos no capítulo/ponto 1 deste relatório, a escolha do local de estudo,
pode interferir no rendimento do aluno. No gráfico 6 podemos observar quais os locais
do espaço habitacional mais escolhidos pelos alunos para esse efeito. O quarto é,
notoriamente, o local mais referido pelos alunos (52%), muito, provavelmente, porque
é neste espaço, que possuem a sua secretária, os seus materiais/ ferramentas e é o seu
espaço de estar. A sala é, o segundo espaço mais mencionado, pelos alunos para
estudar (36%), certamente porque não dispõem de um espaço individualizado, dado o
elevado número de pessoas que partilham a habitação, tendo de dividir o quarto com
outros membros. Assim, sendo, de forma a conseguir estar mais concentrado, cada
indivíduo ocupa um espaço diferente, de modo a que possam ter a sua privacidade
para estudar. Pode-se também, colocar a hipótese de o aluno procurar a sala, por ser
um espaço mais amplo ou mais confortável, para estudar de forma mais relaxada.
Contudo, convém salientar que, a sala é, normalmente, o espaço de convívio familiar,
onde se encontra um conjunto de equipamentos, como o televisor, por exemplo, e o
aluno, pode cair na tentação de o ligar durante o período de estudo, o que pode
causar, maiores níveis de desconcentração.
A cozinha surge como um dos espaços menos escolhido para estudar (9%). Tratando-
se, de um espaço de confeção de refeições, onde a presença dos pais, é mais
frequente, sobretudo, em determinadas horas do dia, podemos colocar a hipótese de
o aluno procurar este espaço para poder ter o apoio, dos progenitores/tutores, no seu
estudo.
37
Gráfico 6 – Divisão da habitação escolhida para estudar/ fazer os TPC
Relativamente, ao local mais escolhido pelos alunos para estudar no seu quarto
(gráfico 7), verifica-se. que, 52% selecionaram a secretária, sendo, naturalmente, o
local mais funcional e confortável para o fazer. O segundo local mais preferido para
estudar é a cama (39%). É uma percentagem com algum impacto, se tivermos em
atenção, o facto do nosso cérebro, associar o ato de sentar ou deitar na cama à
sensação de conforto e ao ambiente de sono, o que consequentemente pode provocar
um aumento da vontade de dormir, situação que, por sua vez, poderá diminuir a
concentração do aluno. Por último, o tapete/ chão, também é um dos locais escolhidos
para estudar. Por norma não é o espaço mais adequado para essa atividade, pois, mais
uma vez, o nosso cérebro associa à posição de deitado, às sensações de descontração
e sono.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
No quarto Na sala Na cozinha Outro
%
espaço preferencial para estudar (em casa)
38
Gráfico 7 – Locais de estudo na divisão quarto
Quanto aos locais mais escolhidos pelos alunos para estudar na sala (gráfico 8). É
notório que o local mais selecionado é a mesa (69%), dado ser, esse espaço o sítio mais
apropriado para estudar, uma vez que, o aluno, pode colocar tudo o que precisa para
estudar disposto sobre a mesa, sendo, igualmente, o local, adequado para escrever. O
segundo local mais preferido pelos alunos para estudar é o sofá (25%). É uma
percentagem com pouco impacto, contudo é um local que deveria ser evitado (tal
como a cama) pois automaticamente o corpo relaxa e associa essa sensação de mais
conforto ao sono, logo pode diminuir a concentração.
52%
39%
9%
Na secretária
Na cama
No chão/ tapete
39
Gráfico 8 – Locais de estudo na divisão sala
Conforme podemos observar, no gráfico 9, o local mais escolhido pelos alunos para
estudar na cozinha, é a mesa (75%), local que, lhe permite colocar todo o material
necessário e permite-lhe possivelmente aproveitar quando um dos
progenitores/tutores, está a preparar as refeições para pedir auxílio, no seu estudo. O
outro local escolhido para estudar, na cozinha, é o balcão (25%), que também, lhe
possibilita dispor o seu material.
Gráfico 9 – Locais de estudo na divisão cozinha
69%
25%
6%
Na mesa
No sofá
No chão/ tapete
75%
25%
Na mesa
No balcão
40
Relativamente aos locais onde o aluno costuma estudar no Centro de Estudos existem
duas possibilidades: ou numa sala comum ou numa sala individual.
Observando o gráfico 10 verifica-se que, na sala comum, o local mais selecionado é a
mesa comum com 79% o que significa que, o aluno além de estudar na mesma sala
que outros alunos, também, partilha a mesa de estudo com outros alunos. Esta
situação, pode ser positiva, visto que proporciona entreajuda, contudo, também pode
ser prejudicial, uma vez que, pode afetar o rendimento do aluno tendo em conta que a
probabilidade de distração será maior. Ainda na sala comum, também se observa uma
pequena percentagem de alunos que estudam numa mesa individual (14%). Esta
opção, pode contribuir para a redução da desconcentração, dado que o aluno, não se
encontra tão próximo dos seus colegas. Apesar de ter pouca representatividade, a
opção de sala individual e consequente mesa individual também, foi assinalada. Muito
naturalmente esta é a opção mais apropriada à concentração, rendimento e
desempenho do aluno.
Gráfico 10 – Locais onde costuma estudar/ fazer os TPC no Centro de Estudos
No gráfico 11.a) é possível observar como estuda o aluno quando realiza essa atividade
no espaço habitacional. Constata-se que a maioria (81%) estuda sozinho, não tendo o
apoio dos progenitores/tutores, enquanto os restantes (19%) têm os pais a cooperar e
a ajudar no seu estudo, auxiliando-os a ultrapassar eventuais dificuldades ou dúvidas.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Numa mesa comum Numa mesa individual Numa mesa
Numa sala comum Numa sala à parte
%
41
Relativamente aos alunos que frequentam Centro de Estudos, gráfico 11.b), verifica-se
que, as diferentes formas de estudo dos alunos apresentam, um peso praticamente
igual, ainda que, o estudo acompanhado pelo professor seja ligeiramente superior
(com 36%).
Gráfico 11 – como o aluno costuma estudar/ fazer os TPC:
a) em casa; b) no Centro de Estudos
A análise da variável ruído, do espaço de estudo na habitação (gráfico 12.a) permite
constatar que 41% dos alunos considera o mesmo silencioso, o que, à partida, poderá
ser considerado um fator positivo pela associação que é feita entre silêncio e
concentração, como vimos no ponto 1.2.3 do capítulo 1.
Observa-se ainda que 31% dos alunos afirma ouvir música durante o seu estudo. Esta
atitude aproxima-se do salientado por Mueller (2007) quando refere que um “bom
som” envolvente é fundamental para a aprendizagem e para um bom desempenho
escolar. Depreende-se daqui, obviamente, que a opção da música por parte do aluno
esteja associada a algo que lhe transmite bem-estar e que poderá potenciar a sua
concentração, até, eventualmente, contra outro tipo de ruídos indesejáveis ou
perturbadores. Além de que ouvir música melhora o humor, e, só por isso, pode
contribuir para encarar o estudo com uma atitude mais positiva (Schäfer, Sedlmeier,
Städtler, & Huron, 2013).
Existe ainda uma percentagem considerável de alunos que afirma estudar com ruído
de fundo, como por exemplo a televisão (22%), e com outras pessoas a conversar na
0
20
40
60
80
100
sozinho com os pais
%
como estuda
a)
0
20
40
60
80
100
com oprofessor
sozinho com os colegas
%
como estuda
b)
42
envolvente (6%). Ambas as situações não parecem propiciar as condições mais
benéficas para a concentração que o estudo exige. Como já referido anteriormente, o
aluno opta muitas vezes por colocar música, para tentar combater esses ruídos6.
A análise da variável ruído, do espaço de estudo no Centro de Estudos (gráfico 12.b)
permite constatar que 45% dos alunos estuda num espaço onde predomina o ruído de
outras pessoas a conversar na envolvente. Esta situação, pode facilitar perda de
concentração7, contudo, há alunos, que conseguem ter mais capacidade de
concentração, em ambientes com algum ruído, do que em ambientes silenciosos. Além
de que, provavelmente, esse ruído é consequência do facto de estudarem numa sala
comum, com outros alunos, como vimos acima.
Acresce ainda dizer que 25% dos alunos assegura estudar nesse espaço a ouvir música
individualmente, o que muito provavelmente será uma tentativa de minimizar a
audição do ruído envolvente perturbador da concentração necessária para estudar.
Estranhamente, 15% dos alunos dizem que, neste mesmo espaço, têm como ruído de
fundo um canal de televisão. Atendendo à função que desempenham, os Centros de
Estudos, não deveriam possuir televisão, muito menos, ligada, situação que não
compreendemos. Será que não incentiva à distração/desconcentração ou será que
existe alguma função pedagógica que se desconhece?
Apenas 15% dos alunos considera que estuda num espaço silencioso no Centro de
Estudos o que é um fator positivo quando associado à concentração, aprendizagem,
rendimento e desempenho escolar mais profícuo.
6 Ver Ensino, disponível em: https://canaldoensino.com.br/blog/como-estudar-com-barulho-e-de-forma-eficiente 7 Idem, ib.
43
Gráfico 12 – ruído no espaço de estudo:
a) habitação; b) Centro de Estudos
Da comparação da variável ruído nos dois espaços em análise (gráfico 12 a e b) infere-
se com facilidade que o peso que o silêncio tem, no espaço casa, só se encontra
paralelo com o peso das pessoas a conversar no Centro de Estudos. Tendo presente
que a análise recai sobre a envolvente do aluno no seu momento de estudo, estas
duas situações literalmente opostas, poderão trazer conclusões finais também
bastante diferenciadas.
Pela análise da variável iluminação, no espaço habitacional, gráfico 13 é possível
constatar que 86% dos alunos consideram que o espaço onde estudam dispõe de boa
iluminação e somente 14% se referem a esta como deficiente. Verdussen (1978)
afirma que um ambiente com uma iluminação adequada oferece benefícios à saúde do
ser humano, como o aumento da memória, raciocínio lógico e eficiência. Além disso,
uma boa iluminação no ambiente, também, contribui para aumentar a satisfação e
melhorar a produtividade. Em conformidade com o estudo de Bestetti (2014) apenas
14% podem sofrer cansaço visual devido ao ambiente mal iluminado.
Em relação à iluminação, no Centro de Estudos, todos os alunos consideram que o
espaço tem boa iluminação. Como afirma Siqueira, Oliveira e Vieira (2008) a
iluminação no ambiente de estudo é um aspeto importante no rendimento do aluno e,
pelos dados obtidos, este elemento, não parece constituir um fator negativo, neste
espaço de estudo.
0 20 40 60 80 100
Pessoas a conversar
Ruído de fundo (ex:televisão)
Música (do próprio)
Silencioso
%
a)
0 20 40 60 80 100
Silencioso
Ruído de fundo (ex:televisão)
Música (do próprio)
Pessoas a conversar
%
b)
44
Gráfico 13 – iluminação no espaço de estudo:
a) habitação; b) Centro de Estudos.
Relativamente à variável temperatura, no espaço habitacional, o gráfico 14 permite
observar que, no período de calor, 36% dos alunos considera o seu espaço de estudo
quente. Todavia, 64% dos alunos considera este fresco. Ainda que cada indivíduo reaja
corporalmente à temperatura ambiente de forma diferenciada, empiricamente pode-
se afirmar que a temperatura deverá estar adaptada ao espaço para existir
produtividade. Nem o calor excessivo, nem o frio excessivo são condições favoráveis
ao estudo, podendo alterar a capacidade de resposta mental e motora do aluno, como
vimos no capítulo 1.
Ainda no gráfico 14, mas agora no período de frio, pode-se observar que 73% dos
alunos considera o espaço quente. Este valor é bastante significativo e reflete a
existência de condições térmicas favoráveis ao aluno e que torna o espaço de estudo
mais confortável. Contudo, 27% dos alunos considera o espaço frio, não tendo,
portanto, reunidas estas condições.
0 20 40 60 80 100
má iluminação
boa iluminação
%
ilum
ina
ção
a)
0 20 40 60 80 100
má iluminação
boa iluminação
%
ilum
ina
ção
b)
45
Gráfico 14 – temperatura no espaço de estudo (habitacional)
Após uma análise geral dos dois períodos é possível verificar-se que a variável
temperatura é um fator muito falível em termos de análise visto que cada ser humano
sente de forma diferenciada o calor e o frio. Ainda assim, nota-se que na habitação
existe uma maior preocupação no período de inverno em manter o espaço aquecido,
tornando-o mais confortáveis.
No que concerne ao Centro de Estudos, observando o gráfico 15, é possível constatar-
se que, no período de calor, 46% dos alunos consideram que o mesmo se encontra
quente e 54% considera fresco. Já no período de frio 38% dos alunos sente-se
confortável em termos de temperatura, mas 62% parece considerar o espaço frio.
Muito provavelmente terão um melhor rendimento no estudo aqueles em que esta
variável não trouxer desconforto e afetar diretamente a atividade corporal no seu
todo.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
quente fresco quente frio
período calor período frio
%
Período de calorPeríodo de calor Período de frio
46
Gráfico 15 – temperatura no espaço de estudo, no Centro de Estudos
Após uma análise geral dos dois períodos é possível verificar que a variável
temperatura em termos de espaço de estudo do aluno no Centro de Estudos é mais
equilibrada ainda que no período de temperaturas mais baixas, a sensação de frio se
saliente mais neste espaço.
Em termos de conforto ergonómico os valores são muito semelhantes tanto no espaço
casa como no Centro de Estudos. Observando o gráfico 16, pode constatar-se que
grande parte dos alunos considera que estuda numa posição confortável (86% e 85%,
respetivamente), o que significa que estes alunos estudam numa postura que lhes
proporciona mais conforto. Assim, é possível afirmar que muito provavelmente o
espaço está adaptado às suas medidas, ou seja, o espaço responde às necessidades de
conforto ergonómico do ser humano.
Contudo, existe uma pequena percentagem (14% e 15%) que considera que estuda
numa posição desconfortável. Como referimos no ponto 1.1 do capítulo 1, uma má
postura, pode contribuir para uma menor qualidade do tempo de estudo,
desencadeando mais cansaço físico e dor postural. Pode, também, acontecer que o
próprio espaço físico não esteja adaptado às medidas antropométricas do aluno e,
consequentemente, também não responde às necessidades de conforto ergonómico
do mesmo.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
quente fresco quente frio
período calor período frio
%
período de calor período de frio
47
Gráfico 16 – conforto no espaço de estudo
Relativamente à gestão do tempo de estudo do aluno quer no espaço habitacional,
quer no Centro de Estudos (gráfico 17), verifica-se que, em ambos os espaços os
valores são semelhantes. Na verdade, a maioria dos alunos não controla o tempo
quando estuda. Contudo, a ausência de controlo de tempo é mais notória no Centro
de Estudos (77%) do que em casa (62%).
Assim sendo, é possível afirmar que no espaço habitacional os alunos têm uma maior
preocupação em gerir o seu tempo de estudo (38%). Possivelmente esta preocupação
da gestão do tempo, mais evidente no espaço habitacional, deve estar associado ao
facto de os alunos estudarem sozinhos sem qualquer tipo de controlo por parte de
outrem e, como tal, acabam por se ver obrigados a disciplinarem-se e a planear um
tempo para se dedicar ao estudo.
Ao contrário do que acontece no Centro de Estudos, onde geralmente, existe um
professor ou alguém que faz a gestão do tempo nesse mesmo espaço e, como tal, o
aluno já não precisa de ter tanta preocupação com esse facto.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
estudo numaposição
confortável
estudo numaposição
desconfortável
estudo numaposição
confortável
estudo numaposição
desconfortável
em casa no centro de estudos
%
48
Gráfico 17 – gestão do tempo de estudo
Em termos de uso de dispositivos como o computador ou o tablet (gráfico 18.a)
verifica-se que, no espaço casa estes são muito utilizados como apoio ao estudo (48%),
contudo existe também uma elevada percentagem (42%) que utiliza esses mesmos
dispositivos como fonte de distração, o que pode ser prejudicial uma vez que o foco no
estudo irá diminuir. Apenas 10% dos alunos não utiliza estes dispositivos durante o
estudo como forma de distração ao mesmo.
Contrariamente, no Centro de Estudos (gráfico 18.b) verifica-se que dispositivos como
o computador ou tablet numa percentagem elevada (57%) nem sequer são utilizados
durante o período de estudo. Ainda assim, quando recorrem a estes aparelhos, a
maioria refere que o faz como auxílio ao estudo (29%). Neste espaço, apenas 14% dos
alunos utiliza estes dispositivos como distração ao estudo.
Em ambos os espaços se verifica uma percentagem considerável de alunos que utiliza
estes dispositivos como apoio ao estudo o que é muito positivo visto que, atualmente
existem muitas aplicações úteis que auxiliam o estudo de diversas matérias, sendo
muitas vezes, mais interativas que os manuais escolares.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
não controlo otempo
controlo o tempo não controlo otempo
controlo o tempo
em casa no centro de estudos
%
49
Gráfico 18 – uso do computador e tablet:
a) em casa; b) no Centro de Estudos
Relativamente ao uso de telemóvel e outros equipamentos eletrónicos é possível
constatar-se, que, dentro do espaço casa, a maioria dos alunos (56%) utiliza esses
equipamentos como distração ao estudo ao contrário do que acontece no Centro de
Estudos (gráfico 19 a e b), existindo a mesma percentagem de alunos (36%) que
afirmam utilizar os mesmos como apoio ao estudo ou não os utilizam. Contudo, é de
assinalar que 28%, usam estes equipamentos como distração ao estudo.
Gráfico 19 – uso do telemóvel e outros equipamentos eletrónicos:
a) no espaço habitacional; b) no Centro de Estudos
48%
42%
10%
uso como apoio ao estudo
uso como distração
não uso computador nem tablet
a)
56%
38%
6%
uso como distração
uso como apoio ao estudo
não uso telemóvel nem outros equipamentos
a)
57%29%
14%
não uso computador nem tablet
uso como apoio ao estudo
uso como distração
b)
36%
36%
28%
uso como apoio ao estudo
não uso telemóvel nem outros equipamentos
uso como distração
b)
50
Em relação à forma de estudar os alunos tinham duas opções de escolha: a correta ou
a desorganizada. Através do gráfico 20 é possível constatar que 75% dos alunos
considera que estuda de forma correta. Contudo, os restantes 25% afirmam que
estudam de forma desorganizada. Essa desorganização, muito possivelmente, deve-se
à falta de espaço para estudar ou, eventualmente, à falta de acompanhamento.
Ironicamente, verifica-se que destes 25% que afirmam estudar de forma
desorganizada, 13% frequentam o Centro de Estudos. Portanto, levanta-se a seguinte
questão: se o aluno está a frequentar um Centro de Estudos e o mesmo está a ter um
custo para o Encarregado de Educação os professores desse espaço não deveriam
orientar a organização do estudo dos seus educandos?
Gráfico 20 – forma de estudar
A última questão visou obter a opinião dos alunos quanto ao seu espaço de estudo. Os
dados do gráfico 20 mostram que 58% dos alunos considera o seu espaço de estudo
ideal. Todavia 29% afirma que esse espaço poderia ser melhor. Importa, porém, referir
que 8% destes frequenta o Centro de Estudos pelo que a sua opinião recai sobre esta
instituição e não sobre o seu espaço habitacional (gráfico 21).
75%
25%
correta desorganizada
51
Gráfico 21 – o que acham do espaço de estudo
Por último, analisando a única questão de resposta aberta, relativa ao que o aluno
mudava no seu espaço de estudo. É possível afirmar que 50% dos alunos referem que
não mudavam nada no seu espaço de estudo (gráfico 22), o que, de certo modo está
em concordância com a questão anterior, uma vez que a maioria considerou o espaço
como o ideal, demostrando, assim, que estão satisfeitos com o mesmo. Contudo, 25%
dos alunos afirmam que gostariam de ter mais espaço e, curiosamente, 21% destes
nem sequer partilha o quarto com outro familiar (gráfico 23). Ter um computador,
uma secretária ou ter mais apoio por parte de alguém, são também, algumas das
razões assinaladas, o que demostra uma certa preocupação com a necessidade de ter
instrumentos que lhes, proporcione uma aprendizagem melhor.
58%29%
13%
o ideal podia ser melhor é indiferente
52
Gráfico 22 – o que o aluno mudava no seu espaço de estudo (casa/Centro de Estudos)
Gráfico 23 – (in)satisfação dos alunos quanto à dimensão do seu espaço
Para finalizar a análise, efetuamos a média das classificações de modo a aferir se, o
espaço de estudo do aluno e a envolvente do mesmo interferem ou não no seu
desempenho escolar.
É de salientar que, de forma a garantir sigilo total dos alunos, o número destes será
apresentado em forma de percentagem.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
nada ter maisespaço
ter umcomputador
melhor
ter maisajuda
estarsozinho
ter umasecretária
%
0 20 40 60 80 100
partilha quarto mas disse que estavasatisfeito com a dimensão do espaço
partilha quarto e disse que precisava demais espaço
não partilha quarto contudo disse queprecisava de mais espaço
não partilha quarto contudo disse queestava satisfeito com a dimensão do espaço
%
53
Quadro 1 – média dos níveis de avaliação dos alunos de 7ºano, por espaço de estudo em
função do número de alunos
% de alunos
Frequenta o centro de estudos 54% 3,7
Estuda em casa 46% 3,3
Apesar das condições pouco habituais que o Centro de Estudos dispõe, os alunos que
frequentam este espaço têm, efetivamente, em média, melhores resultados. É de
salientar que, nesta amostra existem mais alunos que frequentam o Centro de Estudos
do que alunos que estudam em casa, contudo, a diferença dos resultados obtidos, em
média, é pouco significativa, pois apresenta uma disparidade de apenas 4 décimas
(quadro 1).
Claro que colocar os seus educandos num Centro de Estudos, é uma opção dos
Encarregados de Educação, muitas vezes, para que possam ter um maior
acompanhamento escolar e não estarem em casa sozinhos, entregues a si próprios.
Contudo, parece-nos pertinente, colocar a seguinte questão: Será que compensa ao
Encarregado de Educação estar a pagar por este serviço quando não existem melhorias
substanciais de classificação? Acrescentando, ainda, o facto de a maioria dos alunos se
queixar do ruído proveniente de pessoas a conversar na envolvente, da temperatura e
de o espaço poder ser melhor organizado.
Além disso, os estudantes para consolidarem a aprendizagem, precisam de espaços
individuais (Silva P. M., 2011) e a maioria destes alunos que frequenta o Centro de
Estudos nunca dispõe de um espaço exclusivamente dedicado a si.
54
3.1.2. Análise dos inquéritos por questionário de 8ºano
Como mencionado anteriormente, sabe-se que a amostra do 8ºano é composta por 34
alunos.
Como se pode observar no gráfico 24.a), tal como se verificou na amostra de 7º ano, a
grande maioria dos inquiridos reside em apartamentos (68%), residindo os restantes
em moradias unifamiliares (32%).
Quanto à tipologia da residência, existe um certo equilíbrio das percentagens, variando
entre os 30% para os T2 e os 36% para os T3 (gráfico 24.b).
Quando questionados sobre o número de indivíduos que residem na habitação, a
maioria aponta para 4 pessoas (39%, gráfico 24.c). Contudo se somarmos as
percentagens dos alunos que residem com 5, 6 e 7 pessoas obtém-se um total de 41%
que associado aos 33% de alunos que habitam um T4, leva-nos a questionar, que estes
alunos vivem numa casa que indicia sobrelotação, podendo não dispor de um espaço
de estudo individualizado. Através do gráfico 24.d) pode concluir-se que, apesar de
predominar os alunos que não partilham quarto com um outro familiar (56%), existem
44% de alunos que partilham o quarto com um outro familiar, sendo um indicador,
que nos permite aferir que estes alunos não dispõem de um espaço unicamente
destinado a eles para estudar.
Gráfico 24 - a) espaço residencial; b) tipologia da residência; c) percentagem do número de
pessoas que residem com o inquirido; d) percentagem de alunos que partilha o quarto
0
20
40
60
80
100
apartamento moradia
%
espaço onde vive
a)
0
20
40
60
80
100
T2 T3 T4
%
nº de quartos
b)
55
Dado que, a escolha do local de estudo é um fator que influencia o rendimento do
aluno, verifica-se que, segundo os dados do gráfico 25, o quarto é o local mais
frequente para estudar (44%), tal como sucedeu para os alunos do 7º ano. Esta
situação, acontece porque é aí que tem as condições funcionais e materiais para o
fazer. A sala é, o segundo espaço mais frequente com 35% das respostas, certamente,
porque não dispõem de um espaço individualizado para o fazer, ou porque procura um
espaço mais amplo, com outras condições funcionais que lhe permite estudar de
forma mais relaxada. Contudo, como já salientamos acima, trata-se do espaço de
convívio familiar e de recepção das visitas, onde se encontram diversos equipamentos,
como o televisor, entre outros, que podem ser motivo de desconcentração,
sobretudo se estiverem ligados. A cozinha surge como um dos espaços menos
escolhido para estudar (19%), as razões para tal facto, serão as mesmas já referidas
quando analisamos os resultados para os alunos do 7º ano.
0
20
40
60
80
100
2 3 4 5 6 7
%
nº de pessoas
c)
56%
44% não
sim
d)
56
Gráfico 25 – Divisão da habitação escolhida para estudar/ fazer os TPC
Quanto aos locais preferidos para estudar no seu quarto, a secretária é, tal como se
verificou com os alunos do 7º ano, o local mais referido (73%, gráfico 26), sendo,
obviamente, o local mais apropriado para o fazer, seguindo-se a cama (21%), esta
pelas razões já evocadas anteriormente, não é de todo o local mais adequado para
estudar. Situação semelhante, ocorre, no caso dos 6% que estudam no tapete/ chão.
Gráfico 26 - Locais de estudo na divisão quarto
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
No quarto Na sala Na cozinha Outro
%
espaço preferencial para estudar (em casa)
73%
21%
6%
Na secretária
Na cama
No chão/ tapete
57
Em relação aos que estudam na sala (gráfico 27), mais uma vez, o local mais
selecionado é a mesa (85%), que pelas mesmas razões referidas para secretária, é o
sítio mais apropriado para estudar. O segundo local mais escolhido, é o sofá (11%), que
tal com a cama, deveria ser evitado, pois inconscientemente o corpo relaxa e associa
essa sensação de mais conforto ao sono, reduzindo a concentração.
Gráfico 27 – Locais de estudo na divisão sala
Relativamente aos que estudam na cozinha (gráfico 28), o local mais frequente é a
mesa (64%), que neste caso, tem uma funcionalidade semelhante às que referimos
para a secretária, além de, poder contar com o auxílio dos progenitores, nas tarefas
escolares, quando estes se encontrem a preparar as refeições. O balcão, é o sítio
menos frequente com apenas 36% das respostas.
85%
11%
4%
Na mesa
No sofá
No chão/ tapete
58
Gráfico 28 – Locais de estudo na divisão cozinha
Em relação aos locais onde o aluno costuma estudar no Centro de Estudos, verifica-se
que, no caso da sala comum, as duas opções para estudar apresentam percentagens
iguais (40%, gráfico 29) o que significa que o aluno, além de partilhar a sala, também
divide a mesa de estudo, com outros alunos. Ambas as opções têm vantagens pois
podem proporcionar uma maior entreajuda, contudo, também pode ser prejudicial
visto que podem reduzir o rendimento do aluno, por favorecer a desconcentração.
A sala e mesa individual, ainda que com um peso menor, foi selecionada por 20% dos
alunos, situação que consideramos mais apropriada à concentração, rendimento e
desempenho do aluno.
64%
36%
Na mesa
No balcão
59
Gráfico 29 – Locais onde costuma estudar/ fazer os TPC no Centro de Estudos
No gráfico 30 é possível observar como estuda o aluno quando realiza essa atividade
no espaço habitacional, a maioria estuda sozinho (73%), os restantes 27%, têm o apoio
de outros familiares (pais ou irmãos) ou de outros indivíduos (amigos, namorado e
madrinha).
Gráfico 30 – como o aluno costuma estudar no espaço habitacional
No caso do Centro de Estudos (gráfico 31), as opções mais frequentes são estudar
sozinho ou com o auxílio do professor, sendo esta ligeiramente superior, com 36%.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Numa mesa Numa mesa individual Numa mesa comum
Numa sala à parte Numa sala comum
%
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
sozinho pais irmão amigos madrinha namorado
familiar outro
%
como estuda
60
Gráfico 31 - como o aluno costuma estudar no Centro de Estudos
A análise da variável ruído, do espaço de estudo na habitação, (gráfico 32.a) permite
constatar que 40% dos alunos considera o mesmo silencioso, o que poderá ser
considerado um fator positivo pela associação que habitualmente é feita entre silêncio
e concentração. Observa-se ainda que 29% dos alunos afirma ouvir música durante o
seu estudo. Existe ainda uma percentagem considerável de alunos que afirma estudar
com outras pessoas a conversar na envolvente (17%) e com ruído de fundo, como, por
exemplo, a televisão (14%). Estes resultados, são muito semelhantes aos obtidos pelos
alunos do 7º ano, ainda que aqueles que estudam em espaços com algum tipo de
ruído seja ligeiramente superior.
A análise da variável ruído, no Centro de Estudos (gráfico 32.b) permite constatar que
50% dos alunos estuda num espaço onde predomina o ruído de outras pessoas a
conversar na envolvente. Situação, que não será estranha ao facto de a maioria
partilhar a sala com outros. Contudo, não pudemos deixar de salientar que se trata, de
um aspeto que pode perturbar a concentração e diminuir o rendimento do tempo de
estudo. Acresce ainda dizer que 33% dos alunos assegura estudar nesse espaço a ouvir
música individualmente, o que muito possivelmente será uma tentativa de reduzir a
audição do ruído envolvente mais perturbador para a concentração necessária no
cumprimento das tarefas escolares. Saliente-se que, 17% dos alunos diz que, neste
mesmo espaço, têm como ruído de fundo um canal de televisão, situação, que, como
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
sozinho com o professor com os colegas
%
como estuda
61
vimos, também foi assinalada, pelos alunos do 7º ano. Uma vez mais nos
interrogamos, acerca da funcionalidade pedagógica desta situação e das suas
consequências, na distração dos alunos.
Surpreendentemente nenhum aluno considera que estuda num espaço silencioso.
Tratando-se de um serviço que tem custo acrescido para o Encarregado de Educação e
dadas as funções que desempenha, aparentemente, o mesmo não reúne as condições
mínimas necessárias para os utilizadores deste espaço.
Gráfico 32 – ruído no espaço de estudo:
a) habitação; b) Centro de Estudos
Da comparação da variável ruído nos dois espaços em análise (gráfico 32 a e b)
depreende-se com facilidade que o peso que o silêncio tem, no espaço habitacional, só
tem paralelo com o peso das pessoas a conversar no Centro de Estudos. Tendo
presente que a análise incide sobre a envolvente do aluno no seu momento de estudo,
estas duas situações completamente opostas, poderão trazer conclusões finais
também bastante diferenciadas principalmente quando se verifica que esta situação é
muito semelhante à que encontramos nos alunos do 7º ano.
Pela análise da variável iluminação, no espaço habitacional, gráfico 33 é possível
constatar que 94% dos alunos consideram que o espaço onde estudam dispõe de boa
iluminação e apenas 6% se referem a esta como deficiente. Uma vez mais estes valores
vão no seguimento do estudo Verdussen (1978) que afirma que um ambiente com
uma iluminação adequada oferece benefícios à saúde do ser humano, como o
0 20 40 60 80 100
Ruído de fundo (ex:televisão)
Pessoas a conversar
Música (do próprio)
Silencioso
%
a)
0 20 40 60 80 100
Silencioso
Ruído de fundo (ex:televisão)
Música (do próprio)
Pessoas a conversar
%
b)
62
aumento da memória, raciocínio lógico e eficiência. Além disso, uma boa iluminação
no ambiente também contribui para aumentar a satisfação e melhorar a
produtividade. E, segundo Bestetti (2014) somente estes 6% podem sofrer cansaço
visual devido ao ambiente mal iluminado.
Em relação à iluminação, no Centro de Estudos, 75% dos alunos considera que o
espaço tem boa iluminação. Como afirma Siqueira, Oliveira e Vieira (2008) a
iluminação no ambiente de estudo é um aspeto importante no rendimento do aluno e,
pelo que se verifica, neste espaço apesar de predominar o espaço bem iluminado
existe ainda uma percentagem considerável que considera o espaço mal iluminado
(25%).
Gráfico 33 – iluminação no espaço de estudo:
a) habitação; b) Centro de Estudos.
Relativamente à variável temperatura, no espaço habitacional, o gráfico 34 permite
observar que, no período de calor, 50% dos alunos considera o seu espaço de estudo
quente. E, igualmente, 50% dos alunos considera este fresco. Analisando agora o
período de frio, pode-se observar que 68% dos alunos considera o espaço quente, o
que reflete a existência de condições térmicas favoráveis ao aluno e que torna o
espaço de estudo mais confortável. Contudo, 32% dos alunos considera o espaço frio,
não tendo, portanto, reunidas estas condições.
0 20 40 60 80 100
má iluminação
boa iluminação
%
ilum
ina
ção
a)
0 20 40 60 80 100
com má iluminação
com boa iluminação
%
ilum
ina
ção
b)
63
Gráfico 34 – temperatura no espaço de estudo (habitacional)
No que concerne ao Centro de Estudos, observando o gráfico 35, é possível apurar-se
que, no período de calor, 50% dos alunos consideram que o mesmo se encontra
quente e 50% considera fresco. Já no período de frio 25% dos alunos sente-se
confortável em termos de temperatura, mas 75% parece considerar o espaço frio.
Muito possivelmente terão um melhor rendimento no estudo aqueles em que esta
variável não trouxer desconforto e afetar diretamente a atividade corporal no seu
todo.
Gráfico 35 – temperatura no espaço de estudo, no Centro de Estudos
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
quente fresco quente frio
Período de calor Período de frio
%
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
quente fresco quente frio
Período de calor Período de frio
%
64
Como vimos no ponto 1.2.1 do capítulo 1, cada indivíduo reage corporalmente à
temperatura ambiente de forma diferenciada, o que condiciona, a sua sensação de
conforto, contudo, uma temperatura muito alta ou muito baixa, tem consequências
nefastas, nomeadamente, na capacidade de concentração.
Em termos de conforto ergonómico os valores dos dois espaços apresentam algumas
diferenças. Observando o gráfico 36, pode constatar-se que no espaço habitacional a
totalidade dos alunos considera que estuda numa posição confortável, o que significa
que estudam numa postura que lhes proporciona mais conforto. Assim, é possível
afirmar que, muito possivelmente, o espaço está adaptado às suas medidas, ou seja, o
espaço responde às necessidades de conforto ergonómico do ser humano.
Relativamente ao Centro de estudos existe um equilíbrio nas percentagens de alunos
que considera que estuda numa posição confortável e numa posição desconfortável
(ambos 50%). Sabe-se que uma má postura no período de estudo perturba a qualidade
do mesmo. Logo, muito possivelmente, no período de estudo, estes alunos não têm
cuidado com a postura e como tal, acabam por sentir mais cansaço físico e dor
postural, prejudicando, a sua saúde e o desempenho escolar.
Gráfico 36 – conforto no espaço de estudo
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
estudo numaposição
confortável
estudo numaposição
desconfortável
estudo numaposição
confortável
estudo numaposição
desconfortável
em casa no centro de estudos
%
65
Quanto à gestão do tempo de estudo, quer no espaço habitacional, quer no Centro de
Estudos (gráfico 37), verifica-se que, no primeiro caso, a maioria dos alunos não
controla o tempo quando estuda (68%) enquanto 32% o faz, olhando para o relógio.
No segundo caso existe um equilíbrio de percentagens (50%). Estas situações,
demostram que o planeamento do tempo de estudo, não está presente nas
preocupações dos alunos. Contudo, é importante realçar, que cada disciplina, terá
uma dificuldade diferente para cada aluno, portanto, gerir o tempo é fundamental
para que a aprendizagem seja bem sucedida, sobretudo para os alunos, que
estudam sozinhos, ou que têm mais dificuldades.
Gráfico 37 – gestão do tempo de estudo
Em termos de uso de dispositivos como o computador ou o tablet verifica-se,
observando o gráfico 38.a), que no espaço casa estes aparelhos são muito utilizados
como apoio ao estudo (47%), contudo existe, também, um grupo de alunos (35%) que
utiliza esses mesmos dispositivos como distração. O uso deste tipo de aparelhos, para
este efeito, é prejudicial dado que o foco no estudo irá reduzir.
Contrariamente, no Centro de Estudos (gráfico 38. b) observa-se que a maioria dos
alunos (60%) recorre a dispositivos como o computador ou tablet como auxílio no
estudo e, apenas 20% ou utiliza estes dispositivos como distração ou não os utiliza.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
não controlo otempo
controlo o tempo não controlo otempo
controlo o tempo
em casa no centro de estudos
%
66
Como já referimos, para os alunos do 7º ano, a utilização destes dispositivos como
ferramentas de apoio ao estudo é proveitoso, dado que, atualmente existem muitas
aplicações e softwares úteis, para uma aprendizagem, mais apelativa e motivadora de
uma geração que é muito tecnológica.
Gráfico 38 – uso do computador e tablet:
a) em casa; b) no Centro de Estudos
Relativamente ao uso de telemóvel e outros equipamentos eletrónicos é possível
constatar-se, observando os gráficos 39 (a e b), que a maioria dos alunos (56% e 40%)
utiliza esses equipamentos como distração ao estudo. No entanto, no caso do Centro
de Estudos, também 40% dos alunos não utiliza nenhum equipamento eletrónico
durante a atividade estudar.
Em relação à utilização destes equipamentos como auxílio ao estudo, no espaço
habitacional, essa percentagem é mais notória (41%). Contudo, no Centro de estudos
este parâmetro também tem uma percentagem com alguma evidência (20%).
47%
35%
18%
uso como apoio ao estudo
uso como distração
não uso computador nem tablet
a)
60%20%
20%
uso como apoio ao estudo
uso como distração
não uso computador nem tablet
b)
67
Gráfico 39 – uso do telemóvel e outros equipamentos eletrónicos:
a) no espaço habitacional; b) no Centro de Estudos
Em relação à forma de estudar é possível constatar que 74% dos alunos considera que
estuda de forma correta (gráfico 40). Contudo, os restantes 26% afirmam que estudam
de forma desorganizada. Essa desorganização, muito possivelmente, poderá estar
relacionada com a falta de um espaço, individualizado para estudar ou,
eventualmente, à falta de acompanhamento. Mais uma vez, se nota que os alunos não
têm grande preocupação com o planeamento do seu estudo.
Gráfico 40 – forma de estudar
56%
42%
2%
uso como distração
uso como apoio ao estudo
não uso telemóvel nem outros equipamentos elétronicos
a)
74%
26%
correta desorganizada
40%
40%
20%
uso como distração
não uso telemóvel nem outros equipamentos elétronicos
uso como apoio ao estudo
b)
68
A última questão visou obter a opinião dos alunos quanto ao espaço de estudo (gráfico
41). 65% dos alunos consideram o seu espaço de estudo ideal. Todavia 21% afirma que
esse espaço poderia ser melhor, sendo que 12% destes frequenta o Centro de Estudos
pelo que a sua opinião recai sobre esta instituição.
Gráfico 41 – o que acham do espaço de estudo
Por último, os resultados expressos no gráfico 42, permite-nos afirmar que 53% dos
alunos não mudaria nada no seu espaço de estudo. Contudo, 18% dos alunos afirma
que a principal coisa que mudaria no seu espaço de estudo era ter mais espaço. Ainda
outros 18% dos alunos menciona que gostaria de ter mais ajuda durante a atividade de
estudo. Por fim, 12% dos alunos afirmam que gostaria de estar sozinhos, o que,
possivelmente, poderá estar associado ao facto de partilharem o quarto e, por isso,
não dispõem de um espaço individual e, como tal, possivelmente é, também, uma das
razões para estes mencionarem que gostariam de usufruir de mais espaço (gráfico 43).
65%
20%
15%
o ideal podia ser melhor é indiferente
69
Gráfico 42 – o que o aluno mudava no seu espaço de estudo (casa/Centro de Estudos)
Gráfico 43 – (in)satisfação dos alunos quanto à dimensão do seu espaço
Para finalizar a análise, calculamos a média das classificações de modo a averiguar se,
o espaço de estudo do aluno e a envolvente do mesmo interferem ou não no seu
desempenho (quadro 2).
É de ressaltar que, de forma a garantir sigilo total dos alunos, o número destes será
apresentado em forma de percentagem.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
nada ter mais espaço ter ajuda estar sozinho
%
0 20 40 60 80 100
partilha quarto mas disse que estavasatisfeito com a dimensão do espaço
partilha quarto e disse que precisava demais espaço
não partilha quarto contudo disse queprecisava de mais espaço
não partilha quarto contudo disse queestava satisfeito com a dimensão do espaço
%
70
Quadro 2 – média dos níveis de avaliação dos alunos de 8ºano, por espaço de estudo em
função do número de alunos
% de alunos
Frequenta o centro de estudos 12% 3,3
Estuda em casa 88% 3,4
Nesta amostra os alunos que estudam em casa têm, em média, melhores resultados
ainda que muito ligeiros, comparativamente aos que estudam no Centro de Estudos.
Saliente-se que a percentagem de alunos que estuda em casa é bastante superior à
dos alunos que estuda no Centro de Estudos. Apesar de pouco evidente, os resultados
superiores dos alunos que estudam em casa podem resultar do apoio proveniente de
outro familiar no seu estudo.
3.2. Análise dos mapas mentais
Neste ponto do nosso relatório, pretendemos a partir dos desenhos efetuados pelos
alunos, visualizar as caraterísticas do espaço onde estudam, de modo a complementar
a análise realizada a partir das respostas aos inquéritos.
No seguimento de Richter (2011) uma primeira análise que pode ser efetuada sobre
as representações concebidas pelos alunos refere-se à delimitação espacial mostrada
nos mapas mentais dado que a delimitação da área geográfica presenteia a dimensão
do conhecimento espacial que o aluno possui sobre a sua área geográfica.
Os mapas mentais exibem componentes e contextos pertinentes à análise, sendo esta
procedente de diversos resultados/processos temporais e espaciais. Assim sendo, ao
interpretar as informações contidas nas representações, a seleção da escala de análise
possibilitará que seja notada a inclusão e a organização dos objetos que ligam o
espaço.
É de ressaltar que, devido à Pandemia do Covid-19 e ao consequente confinamento, as
escolas tiveram que voltar a fechar, regressando-se ao estudo em casa, circunstância
que determinou que a amostra inicial fosse reduzida para 20 alunos, ou seja, apenas
71
34% da amostra inicial participou nesta fase da análise. Saliente-se que esta parte da
pesquisa, foi composta por um único exercício. O mapa mental proposto aos alunos
consistia em que estes desenhassem a área referente ao interior da casa.
Observando a totalidade dos mapas mentais verifica-se que vários alunos, para além
de identificarem cada divisão, incluíram, também, o mobiliário respetivo,
demonstrando, assim, a importância que este desempenha no seu dia a dia e,
inclusive, como referências espaciais, identificadores da funcionalidade de cada divisão
(figura 4). Saliente-se, por exemplo, o pormenor do desenho da sala, com tapete,
sofás, mesa com cadeiras, lareira, televisão ou o dos quartos, com a cama, televisão,
mesinhas de cabeceira, mas estranhamente, nem sempre está representada, uma
secretária ou mesa de estudo.
Alguns alunos, também, tiveram a preocupação de identificar, as diferentes divisões,
segundo os ocupantes, por exemplo, “o meu quarto e da minha irmã”; “o quarto dos
meus pais”; “escritório da Leonor”; “escritório da mãe da Leonor”; “canto dos gatos” e
“o quarto da gata mimi”.
Outra caraterística a salientar, refere-se à dimensão com que representam as
diferentes divisões, com uma escala, mais ou menos proporcional, à dimensão que
terão na habitação e à função que desempenham. Assim, as salas apresentam, em
praticamente, todos os desenhos uma dimensão maior que os quartos e cozinha.
Não podemos deixar de salientar que no mapa mental o seu autor, regista,
normalmente, os elementos do espaço com que mais se identifica, ou elementos dos
quais mais faz uso no seu dia a dia ou porque tem uma relação de afetividade. Por
estas razões, percebe-se que, as divisões mais utilizadas, como a sala ou o quarto,
aparecem em todos os desenhos, enquanto que, as cozinhas, em alguns desenhos, não
estão representadas.
72
Figura 4 – Exemplos de desenhos do exercício mapa mental referente ao interior da casa
Nesta compilação de cinco mapas mentais (figura 4 e anexo 3) destaca-se, sobretudo,
a alínea C da figura 4, dado que este foi elaborado por um aluno surdo. O seu desenho,
demonstra um conhecimento espacial do seu espaço geográfico mais apurado do que
os restantes, isto é, nota-se que este aluno tem muito presente na memória os mais
pequenos pormenores que constituem o seu espaço habitacional. Desse modo,
acreditamos que são exatamente os indivíduos com alguma restrição ao nível de algum
dos sentidos que, normalmente desenvolvem mais outras competências espaciais.
73
Além disso, o facto um número significativo de alunos terem incluído vários detalhes
do seu espaço habitacional poderá querer dizer que, realmente, a disposição do
mobiliário e a organização do mesmo lhes proporciona conforto e que, muito
provavelmente, o mobiliário encontra-se adaptado às suas medidas antropométricas.
3.3. Análise em função do desempenho escolar
Depois de retiradas as primeiras conclusões é necessário cruzar cada uma das variáveis
– partilha de quarto, ruído, iluminação, temperatura, conforto ergonómico e, ainda,
gestão do tempo de estudo – com a média das classificações com o intuito de
possibilitar responder à segunda parte do objetivo principal. Assim sendo,
pretendemos responder de que forma o ambiente e o espaço de estudo poderão
interferir no desempenho escolar do aluno. Esta abordagem será feita nos mesmos
parâmetros tanto para os alunos de 7ºano como para os alunos de 8ºano.
Primeiramente, proceder-se-á ao cálculo da média das classificações dos alunos
obtidas no 2º período, seguidamente o valor percentual dos alunos que partilham
quarto, assim como, dos alunos que tem um quarto só para si.
Em segundo lugar, recorremos, novamente, ao cálculo da média das classificações,
mas, desta vez, tendo por base os alunos que estudam com ruído e os que preferem
estudar em ambiente silencioso. Deste modo, para analisar esta variável efetuámos a
seguinte divisão das variáveis: ambiente silencioso, com música, e ruído (associação
das variáveis pessoas a conversar e ruído de fundo).
Em terceiro lugar, uma vez mais, efetuámos o cálculo da média das classificações dos
alunos, mas desta vez, tendo em consideração aqueles que manifestam conforto com
a iluminação e os que manifestam desconforto.
Em quarto lugar, procedemos ao cálculo da média das classificações dos alunos tendo
por base se estes manifestam conforto ou desconforto com a temperatura.
Inicialmente analisámos o período de calor e o período de frio, contudo, neste ponto,
apenas consideramos o período de frio, visto que, os níveis de avaliação utilizados para
se efetuar os cálculos foram os de 2º período e, como tal, esse momento enquadra-se,
74
em termos climáticos, no período em que se apresentam as temperaturas médias mais
baixas ao longo do ano letivo.
Em quinto lugar, através do cálculo da média das classificações dos alunos,
demonstraremos se os mesmos manifestam conforto ou desconforto ergonómico.
Por fim, procedemos ao cálculo da média das classificações dos alunos tendo por base
se estes controlam ou não o seu tempo de estudo.
Como mencionado, anteriormente, esta análise foi realizada com base nos resultados
do 2º período e, esse mesmo foi praticamente passado em casa devido ao
confinamento. Assim sendo, o foco da análise será o espaço habitacional.
É de salientar que, uma vez mais, de forma a garantir o sigilo total dos alunos, o seu
número será apresentado em valor percentual.
3.3.1. Análise do desempenho escolar de 7ºano
Relativamente à partilha do quarto verifica-se que mais de metade da amostra de
7ºano não partilha o quarto com outro familiar. Ainda assim, tal facto parece não ter
grande peso na média das classificações. Na verdade, quando comparamos com os
alunos que partilham o seu quarto, a diferença é pouco significativa, pois apresenta
uma disparidade de apenas 3 décimas abaixo (quadro 3). Ainda assim, é notório que os
alunos que têm um espaço só para eles obtêm resultados um pouco melhores.
Quadro 3 – média dos níveis de avaliação dos alunos que partilham o quarto com outro
familiar e dos que têm um quarto individual.
% de alunos
Partilha o quarto 38% 3,3
Não partilha o quarto 63% 3,6
Em termos da variável ruído é curioso constatar que os 25% dos alunos que optam por
estudar com música de fundo são aqueles que obtêm os melhores resultados, como se
pode observar na média das classificações, (média mais elevada (4,0) (quadro 4)).
Seguidos daqueles que o fazem em silêncio com 3,6. Tal facto aproxima-se da teoria de
75
Mueller (2007) pois este refere que um “bom som” envolvente é fundamental para a
aprendizagem e para um bom desempenho escolar.
Observa-se ainda que os alunos que estudam com outro tipo de ruídos apresentam
uma média inferior (3,2) pelo que pudemos inferir que, ruídos perturbadores não
serão as condições mais benéficas para a concentração que por vezes o estudo exige.
Quadro 4 – média dos níveis de avaliação dos alunos que estudam em ambiente silencioso,
com música e/ou com ruído
% de alunos
Ambiente silencioso 29% 3,6
Com música 25% 4,0
Ruído 46% 3,2
Em relação à variável iluminação observa-se que a quase totalidade dos alunos se
considera confortável com a iluminação que dispõe no seu espaço de estudo (88%).
Associado a este conforto na iluminação temos ainda visível uma média de
classificações superior em 6 décimas, àqueles que não o possuem (quadro 5). Deste
modo, nota-se que os alunos que se sentem confortáveis com a iluminação durante o
estudo têm melhores classificações, o que vem ao encontro da teoria de Verdussen
(1978) quando afirma que um ambiente com uma iluminação adequada aumenta a
memória, o raciocínio lógico e a eficiência.
Quadro 5 – média dos níveis de avaliação dos alunos que manifestam conforto com a
iluminação e daqueles que manifestam desconforto sobre a mesma variável
% de alunos
Manifesta conforto sobre a iluminação 88% 3,6
Manifesta desconforto sobre a iluminação 13% 3,0
No que diz respeito à variável temperatura, no período de frio, observa-se que grande
parte da amostra considera confortável a temperatura no seu espaço de estudo. Em
termos de média das classificações, é evidente, pois apresenta 7 décimas de diferença
76
(quadro 6). Deste modo, nota-se que os alunos que se sentem confortáveis com a
temperatura durante o estudo têm melhores classificações, ou seja, de facto, verifica-
se que a existência de condições térmicas favoráveis ao aluno torna o espaço de
estudo mais confortável e como tal, a aumenta a sua produtividade.
Quadro 6 – média dos níveis de avaliação dos alunos que manifestam conforto com a
temperatura e daqueles que manifestam desconforto sobre a mesma variável
% de alunos
Manifesta conforto sobre a temperatura 75% 3,7
Manifesta desconforto sobre a temperatura 25% 3,0
Relativamente ao conforto ergonómico observa-se que quase a totalidade da amostra
considera possuir conforto ergonómico no seu espaço de estudo. Em termos de média
das classificações, a diferença entre as duas hipóteses é pouco significativa, apresenta
3 décimas de diferença (quadro 7). Ainda assim, apesar de não ser muito evidente,
nota-se que os alunos que dispõem de conforto ergonómico durante o estudo, isto é,
estes alunos estudam numa postura que lhes proporciona mais conforto, têm
melhores classificações. Deste modo, é muito provável que, na verdade, o espaço
esteja adaptado às medidas antropométricas do aluno, ou seja, certamente o espaço
responde às necessidades de conforto ergonómico do aluno.
Quadro 7 – média dos níveis de avaliação dos alunos que manifestam conforto ergonómico e
daqueles que manifestam desconforto sobre a mesma variável
% de alunos
Manifesta conforto ergonómico 83% 3,6
Manifesta desconforto ergonómico 17% 3,3
Em relação à gestão do tempo de estudo observa-se que grande parte dos alunos
afirma não controlar o tempo de estudo. Em termos de média das classificações, a
diferença entre as duas hipóteses é muito pouco significativa, apresenta somente 1
décima de diferença (quadro 8). Curiosamente, apesar de não ser muito evidente,
77
nota-se que os alunos que não controlam o tempo de estudo têm melhores
classificações.
Quadro 8 – média dos níveis de avaliação dos alunos que controlam o tempo durante o
estudo e daqueles que não controlam o tempo sobre a mesma variável
% de alunos
Controla o tempo de estudo 38% 3,4
Não controla o tempo de estudo 63% 3,5
3.3.2. Análise do desempenho escolar de 8ºano
Relativamente à partilha do quarto verifica-se que mais de metade dos discentes do
8ºano não partilha o quarto com outro familiar. No entanto, tal facto parece não ter
grande peso na média das classificações. Na verdade, quando comparamos com os
alunos que partilham o seu quarto, a diferença é pouco significativa, pois apresenta
uma discrepância de apenas 2 décimas abaixo (quadro 9). Porém, curiosamente, ao
contrário do que se verificou no caso de 7ºano, os alunos que partilham o quarto com
outro familiar obtêm melhores resultados. Apesar destes alunos dividirem com outro
familiar o espaço de estudo, durante o confinamento, esta situação, pode ter sido uma
mais valia, ao promover a entreajuda, permitindo que se motivassem, fomentando a
capacidade de aprendizagem.
Quadro 9 – média dos níveis de avaliação dos alunos que partilham o quarto com outro
familiar e dos que tem um quarto só individual.
% de alunos
Partilha o quarto 44% 3,4
Não partilha o quarto 56% 3,2
Em termos da variável ruído observa-se que a maioria dos alunos estuda num
ambiente silencioso e são, também, esses que obtêm melhores resultados, como se
pode verificar na média das classificações, (média mais elevada (3,5) (quadro 10)), o
78
que se aproxima dos estudos que firmam que, realmente, o silêncio é um fator
positivo no momento de estudar dado que o mesmo proporciona uma maior
concentração que é fundamental no desempenho do aluno.
Observa-se, ainda, que os alunos que estudam com ruído apresentam uma média
inferior (3,1) o que nos pode levar a deduzir que, ruídos perturbantes não serão as
condições mais benéficas para a concentração que o estudo exige.
Quadro 10 – média dos níveis de avaliação dos alunos que estudam em ambiente silencioso,
com música e/ou com ruído
% de alunos
Ambiente silencioso 44% 3,5
Com música 32% 3,4
Ruído 24% 3,1
Em relação à variável iluminação observa-se que quase a totalidade dos discentes se
considera confortável com a iluminação que dispõe no seu espaço de estudo (94%).
Relacionado a este conforto com a iluminação temos uma média de classificações
superior em 4 décimas, àqueles que não o possuem (quadro 11). Deste modo, tal
como se assinalou no 7ºano, nota-se que os alunos que se sentem confortáveis com a
iluminação durante o estudo têm melhores classificações. Circunstância que, está de
acordo com a teoria de Verdussen (1978) quando assegura que um ambiente com uma
iluminação adequada aumenta a memória, o raciocínio lógico e a eficiência.
Quadro 11 – média dos níveis de avaliação dos alunos que manifestam conforto com a
iluminação e daqueles que manifestam desconforto sobre a mesma variável
% de alunos
Manifesta conforto sobre a iluminação 94% 3,4
Manifesta desconforto sobre a iluminação 6% 3,0
No que diz respeito à variável temperatura, no período de frio, observa-se que a
maioria dos alunos considera confortável a temperatura no seu espaço de estudo. Em
79
termos de média das classificações, apesar de não existir uma discrepância tão notória
como no 7º ano, assiste-se a uma diferença de 4 décimas (quadro 12). Assim sendo,
nota-se que os alunos que se sentem confortáveis com a temperatura durante o
estudo alcançam melhores classificações, ou seja, de facto, uma vez mais se constata
que a existência de condições térmicas favoráveis ao aluno torna o espaço de estudo
mais confortável e como tal, aumenta a sua produtividade.
Quadro 12 – média dos níveis de avaliação dos alunos que manifestam conforto com a
temperatura e daqueles que manifestam desconforto sobre a mesma variável
% de alunos
Manifesta conforto sobre a temperatura 71% 3,5
Manifesta desconforto sobre a temperatura 29% 3,1
Relativamente ao conforto ergonómico observa-se que a totalidade dos estudantes
considera possuir conforto ergonómico no seu espaço de estudo. Assim, quanto à
média das classificações, não podemos realizar uma comparação, uma vez que não
temos alunos que manifestem desconforto (quadro 13). Assim, é provável que, o
espaço esteja adaptado às medidas antropométricas do aluno, respondendo às
necessidades de conforto ergonómico do aluno.
Quadro 13 – média dos níveis de avaliação dos alunos que manifestam conforto ergonómico
e daqueles que manifestam desconforto sobre a mesma variável
% de alunos
Manifesta conforto ergonómico 100% 3,4
Manifesta desconforto ergonómico 0%
Em relação à gestão do tempo de estudo observa-se que grande parte dos alunos
afirmam não controlar o tempo de estudo.
Em termos de média das classificações, a diferença entre as duas hipóteses é pouco
notória, apresenta apenas 2 décimas de diferença abaixo daqueles que controlam o
tempo (quadro 8). Ainda assim, nota-se que os alunos que controlam o tempo de
80
estudo têm melhores classificações. Situação, ligeiramente, diferente da encontrada
no 7º ano.
Quadro 14 – média dos níveis de avaliação dos alunos que controlam o tempo durante o
estudo e daqueles que não controlam o tempo sobre a mesma variável
% de alunos
Controla o tempo de estudo 32% 3,4
Não controla o tempo de estudo 68% 3,2
81
Considerações Finais
O contexto da Pandemia Covid-19 e o consequente confinamento que circunscreveu o
estudo ao espaço casa, chamou a atenção, para a importância que o conforto, a
dimensão e as caraterísticas deste espaço, podem ter sobre o rendimento escolar dos
alunos.
Neste relatório, procuramos avaliar de que forma o espaço e o ambiente de estudo
têm impactos no rendimento escolar de uma amostra de alunos, do 7º e 8º anos da
Escola Básica Eugénio de Andrade.
Apesar das limitações, inerentes, à metodologia utilizada, nomeadamente, o facto de a
amostra ser relativamente pequena e limitada, a uma determinada faixa etária,
pudemos inferir que, o espaço de estudo e o ambiente do mesmo interferem no
desempenho e no rendimento escolar do aluno.
Na verdade, com a análise realizada, às diferentes componentes ambientais de
conforto, do espaço de estudo, apartir dos dados obtidos dos inquéritos efetuados,
conseguimos então responder à nossa questão de partida, confirmando-se que,
efetivamente, as condições em que o aluno estuda influenciam o seu desempenho
escolar. Portanto, variáveis como a partilha do quarto, ruído, iluminação, temperatura
e conforto ergonómico, de facto, interferem no rendimento do aluno.
O facto de os alunos possuírem um espaço individualizado pode ser muito vantajoso
uma vez que, proporciona uma maior concentração e é fundamental para o
desempenho escolar do aluno. Aliás, vimos que, no caso do 7ºano, os alunos que
dispõem de um espaço individual são os que apresentam melhores resultados. Porém,
como verificamos para o 8º ano, os alunos que partilham o espaço de estudo são
aqueles que apresentam melhores resultados. Esta situação, revela que os espaços
partilhados também podem ter um elevado poder de aumentar a motivação dos
alunos e proporcionar uma maior entreajuda e, desta forma aumentar, também, a
capacidade de aprendizagem, visto que alunos motivados têm maior destreza de
aprendizagem e, como tal, o seu desempenho e rendimento escolar também aumenta.
Um espaço que dispõe de silêncio, música ambiente ou música colocada por opção
própria é considerado um fator positivo tanto na concentração como no
82
aproveitamento do estudo. Contrariamente, o ruído é um elemento que afeta o
rendimento escolar, fomentando assim um decréscimo no desempenho escolar.
Verificamos que, na verdade, é assim que ocorre dado que, no caso do 7ºano, os
alunos que apresentam melhores resultados são aqueles que ouvem música e os
alunos que exibem resultados inferiores são os que mencionam que o seu espaço de
estudo dispõe de ruídos incômodos. No caso do 8ºano os alunos que exibem melhores
resultados são aqueles que dispõem de silêncio durante o estudo e, tal como no
7ºano, os alunos que apresentam resultados inferiores são os que mencionam que o
seu espaço de estudo dispõe de ruídos perturbantes.
A iluminação no ambiente de estudo é, realmente, um aspeto importante no
rendimento do aluno. Um ambiente bem iluminado fomenta o aumento da memória,
da eficiência e da produtividade e os dados confirmam este facto, dado que, tanto no
caso do 7º como no do 8º ano são os alunos que consideram o espaço bem iluminado
que apresentam melhores resultados.
Um espaço de estudo que dispõe de conforto térmico, aumenta a produtividade e o
desempenho escolar. Os dados obtidos, confirmam que, realmente, a temperatura
influencia o rendimento acadêmico, visto que em ambos os níveis de escolaridade, os
alunos que apresentam melhores resultados são aqueles que manifestam conforto
com a temperatura no seu espaço de estudo. Concluímos, assim, que os alunos que
usufruem de conforto térmico têm mais produtividade no estudo.
Além de todas estas variáveis, que proporcionam conforto físico e mental, cruciais ao
rendimento do estudo, o espaço físico e o que este oferece, nomeadamente, o
mobiliário e a sua organização, também, são muito importantes visto que influenciam
a produtividade e a, aprendizagem. Pudemos constatar isso através do conforto
ergonómico. Apuramos que, realmente, os alunos que dispõem de conforto
ergonómico durante o estudo apresentam melhores classificações. Logo, é provável
que, o espaço esteja adaptado às medidas antropométricas do aluno, ou seja, o espaço
responde às necessidades de conforto ergonómico do aluno.
Organizar o tempo, fazer escolhas em função do tempo disponível e estruturar a
aprendizagem em função das prioridades e do que é possível em cada momento são
83
exigências próprias do quotidiano de qualquer aluno. Mas como vimos, os alunos
demonstram pouca preocupação com a gestão do seu tempo de estudo, situação que,
é crucial para uma maior produtividade do mesmo, sobretudo para os que estudam
sozinhos. Como pudemos constatar as classificações dos alunos que controlam o
tempo de estudo e os que não o fazem apresentam diferenças muito pouco
significativas. Perante isto, e tendo em conta que estamos na presença de discentes,
em idades, com pouca maturidade e autonomia, parece-nos, fundamental, que os
educadores, ajudem os seus educandos a elaborar um horário de estudo. Este deverá
funcionar como um guia para levar o aluno a trabalhar com regularidade e se
autodisciplinar, sendo esta uma vantagem fundamental para o sucesso nos estudos.
Saliente-se por fim, que o nosso relatório, não retrata a realidade de todos os alunos,
dado que apenas se focou num conjunto reduzido, acreditamos que poderá haver
condições muito mais graves, quanto ao conforto do espaço de estudo, do que as
retratadas neste relatório, principalmente, no caso dos alunos de famílias
socioeconomicamente mais vulneráveis. Contudo, pensamos que com este trabalho
demos um contributo para um melhor conhecimento entre as características do
espaço doméstico dedicado ao estudo e a aprendizagem dos alunos, numa altura em
que todos tivemos que permanecer em casa.
84
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Anexos
90
Anexo 1 – Inquérito por questionário aplicado
Este questionário surge no seguimento de um estudo realizado sobre o tema “De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no desempenho escolar do aluno – um estudo de caso em turmas de 7º e 8º anos na Escola Eugénio de Andrade” a inserir no relatório de estágio do Mestrado em Ensino em Geografia. É de salientar que este questionário é anónimo e confidencial e o teu contributo é essencial. A resposta a todas as perguntas é fundamental.
INFORMAÇÕES DO ALUNO
1. Idade: __________
Em cada questão assinala com um “x” a resposta que mais se adequa. 2. Género: Feminino _____ Masculino _____
3. O espaço onde vivo regularmente é…
1. Moradia própria
2. Apartamento próprio
3. Outra situação Qual?
4. Dimensão da casa: 4.1 A minha casa tem…
1. 1 quarto
2. 2 quartos
3. 3 ou mais quartos No caso de serem mais de 3, quantos quartos?
4.2 Partilho o quarto com alguém:
1. Sim
2. Não
5. Costumo fazer os TPC…
1. Em casa
1. No quarto
1. Na secretária
2. Na cama
3. No chão/ tapete
2. Na sala
1. Na mesa
2. No sofá
3. No chão/ tapete
3. Na cozinha
1. Na mesa
2. No balcão
3. Outra
4. Outro Qual?
2. No centro de estudos 1. Numa sala à parte
91
(___ vezes por semana) 2. Numa sala comum
1. Numa mesa individual
2. Numa mesa comum
3. Outra situação
3. Outro local Qual?
6. Quando estudo/faço os TPC em casa, faço-o…
1. Sozinho
2. Com os meus pais
3. Com o(s) meu(s) irmão(s)
4. Outro Qual?
7. Quando estudo/faço os TPC no centro de estudos, faço-o…
1. Sozinho
2. Com os meus colegas
3. Com um(a) professor(a)
4. Outro Qual?
8. Ambiente do espaço onde fazes os TPC/estudas. 8.1 A nível de ruído do espaço é:
Em casa No centro de
estudos
1. Silencioso
2. Com música (do próprio)
3. Com pessoas a conversar
4. Com ruído de fundo (televisão, eletrodomésticos a funcionar)
8.2 A nível da luz do espaço é:
Em casa No centro de
estudos
1. Com boa iluminação
2. Com má iluminação
8.3 A nível da temperatura o espaço é:
Em casa No centro de estudos
1. No período de calor
Quente
Fresco
2. No período de frio
Quente
Frio
8.4 Ao nível do conforto:
Em casa No centro de
estudos
1. Estudo numa posição confortável
2. Estudo numa posição desconfortável
92
8.5 Ao nível da gestão do tempo:
Em casa No centro de
estudos
1. Controlo o tempo em que estudo/ faço os TPC, olhando para o relógio
2. Não controlo o tempo
8.6 Ao nível do uso de computador e tablet:
Em casa No centro de
estudos
1. Uso como apoio ao estudo
2. Uso como distração
3. Não uso computador nem tablet
8.7 Ao nível do uso de telemóvel e outros equipamentos eletrónicos:
Em casa No centro de
estudos
1. Uso como apoio ao estudo
2. Uso como distração
3. Não uso telemóvel nem outros equipamentos eletrónicos
9. Sinto que a forma como estudo/faço os TPC é…
1. A correta
2. Desorganizada
10. Sinto que o espaço onde estudo/faço os TPC é…
1. O ideal
2. Podia ser melhor
3. É indiferente
11. O que mudavas no teu espaço de estudo? (ex: teres mais espaço, estares sozinho, teres
ajuda…) ______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
Obrigada pela colaboração!
Jéssica Santiago Valente
93
Anexo 2 – Pedido do mapa mental
Exercício de consolidação do tema
“estudos e representações”
Agrupamento de Escolas Eugénio de Andrade
Disciplina de Geografia 7ºe 8ºano – exercício de consolidação
Ano Letivo: 2020/2021
94
Olá alunos
A tarefa de hoje consiste em desenhar 1 mapa mental (o espaço que vos rodeia de acordo com a vossa memória). O mapa que têm de desenhar é referente à vossa casa. EXEMPLO DE UM MAPA MENTAL DA MINHA CASA:
NO FIM SÓ TENS DE TIRAR UMA FOTO E MANDARES PARA A TUA
PROFESSORA!
BOM TRABALHO!
95
Anexo 3 – Mapas mentais
96
97
98
99