dea 10-14 consumo de energia no brasil
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dados sobre a quantidade de energia consumida e desperdiçada no brasilTRANSCRIPT
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SRIE
ESTUDOS DA EFICINCIA ENERGTICA
NOTA TCNICA DEA 10/14
Consumo de Energia no Brasil Anlises Setoriais
Rio de Janeiro
Junho de 2014
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Ministrio de Minas e Energia
Governo Federal
Ministrio de Minas e Energia
Ministro Edison Lobo
Secretrio Executivo Mrcio Pereira Zimmermann
Secretrio de Planejamento e Desenvolvimento Energtico Altino Ventura Filho
SRIE
ESTUDOS DE EFICINCIA ENERGTICA
NOTA TCNICA DEA 10/14
Consumo de Energia no Brasil
Anlises Setoriais
Empresa pblica, vinculada ao Ministrio de Minas e Energia, instituda nos termos da Lei n 10.847, de 15 de maro de 2004, a EPE tem por finalidade prestar servios na rea de estudos e pesquisas destinadas a subsidiar o planejamento do setor energtico, tais como energia eltrica, petrleo e gs natural e seus derivados, carvo mineral, fontes energticas renovveis e eficincia energtica, dentre outras.
Presidente Mauricio Tiomno Tolmasquim
Diretor de Estudos Econmico-Energticos e Ambientais Amilcar Guerreiro
Diretor de Estudos de Energia Eltrica Jos Carlos de Miranda Farias
Diretor de Estudos de Petrleo, Gs e Biocombustveis Mauricio T. Tolmasquim (interino)
Diretor de Gesto Corporativa lvaro Henrique Matias Pereira
Coordenao Geral Mauricio Tiomno Tolmasquim
Amilcar Guerreiro
Coordenao Executiva Ricardo Gorini de Oliveira
Coordenao Tcnica Ricardo Gorini de Oliveira Jeferson Borghetti Soares
Equipe Tcnica Ana Cristina Maia (economia)
Daniel Stilpen (consolidao e texto) Fernanda Marques (indstria)
Isabela Oliveira (economia) Luiz Gustavo Oliveira (agropecurio)
Monique Riscado (residencial) Natlia Moraes (transportes) Patrcia Messer (transportes)
Assistente Administrativo Gustavo Magalhes (formatao)
URL: http://www.epe.gov.br Sede SCN Quadra 1 Bloco C N 85 Salas 1712/1714 Edifcio Braslia Trade Center 70711-902- Braslia DF Escritrio Central Av. Rio Branco, n. 01 11 Andar 20090-003 - Rio de Janeiro RJ
Rio de Janeiro Junho de 2014
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NOTA TCNICA DEA 10/14
Consumo de Energia no Brasil Anlises Setoriais
SUMRIO
1. INTRODUO _______________________________________________________ 7
1.1 OBJETIVOS E CONTEDO 7
1.2 AS FONTES DOS DADOS 8
1.3 AES ESTRUTURAIS PARA EFICINCIA ENERGTICA 10
2. ANTECEDENTES VINCULADOS EFICINCIA ENERGTICA ____________________ 14
2.1 POLTICAS DE EFICINCIA ENERGTICA 14
2.2 CONTEXTO ECONMICO E OFERTA DE ENERGIA 25
3. TENDNCIAS NO CONSUMO DE ENERGIA: POR COMBUSTVEL E POR SETOR ______ 32
4. TENDNCIA GERAL DA EFICINCIA ENERGTICA ___________________________ 43
4.1 INTENSIDADE ENERGTICA PRIMRIA 43
4.2 INTENSIDADE ENERGTICA FINAL 48
5. TENDNCIAS DA EFICINCIA ENERGTICA NOS CENTROS DE TRANSFORMAO ___ 51
6. TENDNCIAS DA EFICINCIA ENERGTICA NO SETOR INDUSTRIAL ______________ 59
6.1 TENDNCIAS GERAIS 59
6.2 ANLISES POR SEGMENTO INDUSTRIAL 65
6.3 IMPACTOS DE MUDANAS ESTRUTURAIS 71
7. TENDNCIAS DA EFICINCIA ENERGTICA NO SETOR AGROPECURIO ___________ 73
7.1 TENDNCIAS GERAIS 73
7.2 TENDNCIAS POR SEGMENTO 76
8. TENDNCIAS DA EFICINCIA ENERGTICA NO SETOR RESIDENCIAL _____________ 80
8.1 TENDNCIAS GERAIS DE CONSUMO 80
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8.2 CONSUMO DE ENERGIA POR USOS FINAIS 86
8.3 PENETRAO DE EQUIPAMENTOS E ELETRODOMSTICOS EFICIENTES 90
8.4 APARELHOS ELETRODOMSTICOS 91
9. TENDNCIAS DA EFICINCIA ENERGTICA NO SETOR TRANSPORTES ____________ 97
10. CONCLUSO _____________________________________________________ 112
11. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS _______________________________________ 113
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1. INTRODUO
1.1 Objetivos e contedo
Este documento consolida os resultados de um extenso trabalho que vem sendo
realizado pela EPE h trs anos e que tem por objetivos principais o desenvolvimento e
o preenchimento de um banco de indicadores de eficincia energtica, para fins de
monitoramento do desempenho de eficincia energtica no Brasil.
Trata-se de uma iniciativa pioneira no pas, que reafirma o compromisso da EPE com o
tema eficincia energtica. Este trabalho foi concebido inicialmente em parceria com a
Cooperao Alem para o Desenvolvimento Sustentvel por meio da Deutsche
Gesellschaft fr Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH, no mbito do acordo de
Cooperao Tcnica entre o Brasil e Alemanha na rea das Fontes Renovveis e
Eficincia Energtica, a ENERDATA e a Agence de l Environment et de la Matrise de
lEnergie (ADEME), com objetivo final de criao de um banco de dados nacional.
Posteriormente surgiu a ideia de unir esforos com a Comisso Econmica para a
Amrica Latina e o Caribe (CEPAL), no sentido de adaptar o banco de dados que a
EPE estava desenvolvendo, visando harmonizar com outros sistemas similares da
regio citada. Assim, seria possvel a comparao de indicadores entre os pases
membros da CEPAL, bem como a troca de experincias em polticas pblicas de
eficincia energtica.
Neste contexto, o presente documento consolida o primeiro ciclo de trabalho da EPE na
elaborao do banco de dados de indicadores de eficincia energtica. A publicao
desta Nota Tcnica , portanto, um passo fundamental para a disseminao e
discusso dos indicadores nacionais de eficincia energtica no Brasil e nos posiciona
em situao semelhante aos pases da Unio Europia no monitoramento da eficincia
energtica (ODYSSEE).
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1.2 As fontes dos dados
As principais fontes primrias de informao utilizadas na elaborao deste National
Report so apresentadas na Figura 1 e respondem pela maior quantidade de
informaes utilizadas. A Empresa de Pesquisa Energtica registra aqui seu
agradecimento a todas as instituies que forneceram dados para a realizao deste
trabalho.
Figura 1 - Fontes Primrias de Dados Utilizadas para a elaborao do banco de dados
de eficincia energtica pela EPE Fonte: EPE (2013a).
Contudo, deve ser destacado que inmeras outras fontes tambm contriburam para a
execuo desse estudo, mas por razes de espao fsico no so listadas nessa figura.
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A lista completa de fontes de dados pode ser visualizada na seo de referncias
bibliogrficas, ao final deste relatrio.
Assim, o espectro de informaes utilizadas para a elaborao deste estudo se origina
das seguintes categorias:
a) rgos/aes governamentais:
Agncia Nacional de Energia Eltrica (ANEEL);
Agncia Nacional do Petrleo, Gs Natural e Biocombustveis (ANP);
Banco Central do Brasil (BACEN);
Centro de Pesquisas de Energia Eltrica (CEPEL);
Empresa de Pesquisa Energtica (EPE);
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE);
Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO);
Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento (MAPA);
Ministrio de Minas e Energia (MME);
Ministrio dos Transportes;
Programa Nacional de Conservao de Energia Eltrica (PROCEL);
Programa Nacional da Racionalizao do Uso dos Derivados de Petrleo
e do Gs Natural (CONPET).
b) Indstria nacional:
Associao Brasileira de Refrigerao, Ar Condicionado, Ventilao e
Aquecimento (ABRAVA);
Associao Nacional dos Fabricantes de Veculos Automotores
(ANFAVEA);
Associaes Setoriais da Indstria;
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Empresas Distribuidoras de Eletricidade;
Empresas Distribuidoras de Gs Natural;
Indstrias Energointensivas;
c) Organismos internacionais:
Fundo Monetrio Internacional (FMI).
1.3 Aes estruturais para eficincia energtica
De acordo com a lei de criao da EPE (BRASIL, 2004) so algumas de suas
competncias: promover estudos e produzir informaes para subsidiar planos e
programas de desenvolvimento energtico ambientalmente sustentvel, inclusive, de
eficincia energtica, bem como promover planos de metas voltadas para a utilizao
racional e conservao de energia.
Para que seja viabilizada a elaborao futura de planos de metas que dependem
diretamente da avaliao de como novas tecnologias e prticas podem ser introduzidas
nos setores consumidores incluindo aes orientadas, fundamental que sejam
conhecidos o diagnstico atual, as perspectivas de evoluo e propostas, relacionadas
eficincia no uso dos diferentes energticos utilizados e sua contextualizao para a
situao brasileira.
O crescente papel da eficincia energtica como importante vetor no atendimento
demanda futura de energia da sociedade brasileira e mundial, recorrentemente tem sido
apontado em diversos estudos. Nesse contexto, enquanto internacionalmente se podem
destacar o World Energy Outlook e o Energy Efficiency Market Report (ambos
produzidos pela Agncia Internacional de Energia - IEA), o Annual Energy Outlook
(elaborado pelo Energy Information Administration/U.S DOE) e o Energy Efficiency
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Policies in the European Union (elaborado pela ODYSSEE-MURE), no mbito nacional
citam-se o Plano Decenal de Energia (PDE), o Plano Nacional de Energia 2030 (PNE) e
o Plano Nacional de Eficincia Energtica (PNEf).
Em comum, estes estudos destacam que a sociedade no poder prescindir de
montantes crescentes de eficincia energtica, como parte da estratgia de
atendimento demanda de energia. Alm desse papel, a eficincia energtica tem
importante contribuio para a segurana energtica, modicidade tarifria,
competitividade da economia e reduo de impactos ambientais, entre eles as emisses
de gases de efeito estufa (GEE). Nesse sentido, o aproveitamento das oportunidades
de eficientizao energtica requer necessariamente uma viso integrada tanto de
fontes energticas quanto de agentes envolvidos (governo, setor privado e sociedade
em geral).
Nesse contexto, em 2007 foi publicado o Plano Nacional de Energia 2030 (PNE 2030),
que se constituiu no primeiro documento oficial de planejamento energtico integrado
do governo brasileiro, apontando metas de eficincia energtica de longo prazo para o
pas. Entre as contribuies do PNE 2030, destacam-se, principalmente:
Explicitar, dentro do planejamento energtico integrado nacional, o papel da
eficincia energtica na expanso de longo prazo do setor energtico brasileiro,
mediante a indicao de metas de eficincia energtica;
Contribuir para estimular novos estudos na rea;
Indicar a necessidade de se estabelecer bases de dados aplicveis eficincia
energtica no Brasil, que permitam consolidar informaes sobre o tema,
monitorar o progresso de indicadores de eficincia energtica e alimentar a
anlise de impacto de polticas relacionadas ao assunto.
Como consequncia dos estudos do PNE 2030, elaborou-se o Plano Nacional de
Eficincia Energtica (PNEf), publicado em 2011, definindo um conjunto de diretrizes
para que o montante de eficincia energtica apontado no PNE 2030 seja alcanado.
Posteriormente, a Portaria MME n0 601/2011, criou um grupo de trabalho (GT-PNEF)
com a ...finalidade de propor estratgias, elaborar Plano de Trabalho e sugerir critrios
destinados implementao e ao acompanhamento do Plano Nacional de Eficincia
Energtica..., no qual participam instituies tais como EPE, CEPEL, CONPET,
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INMETRO, ANEEL, ANP, MCTI, MMA e UNIFEI, sob coordenao do MME. Nesse
grupo, coube EPE conduzir a elaborao de plano de trabalho para implantao de
banco de dados e de informaes sobre eficincia energtica no Brasil (conforme
diretriz constante no captulo 1 do PNEf), abrangendo, entre outros, indicadores,
tecnologias, metodologias, estudos e projetos de eficincia energtica.
Nesse contexto, a EPE estrutura sua contribuio ao planejamento da eficincia
energtica no Brasil atravs de aes estruturadas segundo trs pilares:
Formao de bases de dados sobre eficincia energtica, o que inclui a
identificao dos potenciais de eficincia energtica bem como os custos
associados aos mesmos;
Elaborao de estratgias e portflio de aes para incentivo ao aumento da
eficincia energtica no Brasil;
Monitoramento do progresso de indicadores de eficincia energtica em
diversos setores, retroalimentando inclusive, a anlise de impacto de polticas
voltadas eficincia energtica.
Diante desse desafio, entre as aes necessrias que vem sendo desenvolvidas inclui-
se a identificao das medidas de eficincia energtica (MEE) aplicveis a cada setor
da economia, seus custos e possveis mecanismos de incentivo sua adoo. A
elaborao das chamadas Curvas de Custo Potencial de Eficincia Energtica (CCPs)
constitui-se em uma ao diretamente relacionada com a necessidade destacada.
Alm de vincular potenciais de eficincia energtica a custos e MEE para viabiliz-los, a
elaborao destas curvas permite ainda: (i) monitorar a evoluo de potenciais de
conservao de energia (quando atualizados periodicamente); (ii) identificar barreiras e
gargalos da implementao de MEE; (iii) identificar um portflio de possveis aes de
eficincia energtica; (iv) comunicar e divulgar os potenciais de conservao de
energia.
Assim, sob o ponto de vista do planejamento energtico nacional, o conhecimento
dessas medidas indica aos formuladores de poltica energtica possveis direes para
elaborao de mecanismos e incentivos para promoo de aes de eficincia
energtica. Tais informaes permitem tambm aprimorar as ferramentas de estimativa
da contribuio da eficincia energtica na projeo de demanda energtica. Para os
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agentes, por sua vez, a divulgao de informaes relativas s MEE pode contribuir
para reduo da assimetria de informao existente neste tema, sendo a publicao
das CCPs uma ferramenta importante de comunicao com a sociedade quanto a
estes potenciais de eficincia energtica.
Considerando, portanto, a utilidade das CCPs e visando introduzir a ferramenta como
mais um instrumento orientador para o planejamento da eficincia energtica no Brasil,
a EPE vem se mobilizando para construir CCPs representativas para setores
energointensivos brasileiros e para edificaes comerciais. Dentre os resultados obtidos
at o momento so listados principalmente a definio de uma metodologia geral e uma
especfica para o setor industrial para a construo das CCPs, a definio de uma
abordagem operacional para a aplicao da metodologia na realidade brasileira, alm
de uma primeira estimativa de custos potenciais de eficincia energtica para um
determinado conjunto de segmentos industriais energointensivos. O instrumento das
CCPs vem sendo aplicado para identificar potenciais de conservao no setor industrial
e os resultados desses estudos sero publicados em notas tcnicas subsequentes.
Cabe destacar que o projeto de levantamento de curvas de custo potencial de medidas
de eficincia energtica deriva das habilidades conjuntas inseridas dentro da
cooperao tcnica entre EPE e a Cooperao Alem para Desenvolvimento
Sustentvel por meio da Deutsche Gesellschaft fr Internationale Zusammenarbeit (GIZ)
GmbH, no mbito do acordo de Cooperao Tcnica entre o Brasil e a Alemanha na
rea das Fontes Renovveis e Eficincia Energtica.
Finalmente, vale tambm citar trs aes desenvolvidas pela EPE conjuntamente com a
Embaixada do Reino Unido: o mapeamento das polticas de eficincia energtica nos
setores pblico, transportes e residencial, a construo de uma ferramenta
computacional (software) para a elaborao das curvas CCP, alm da avaliao de
desempenho regulatrio.
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2. ANTECEDENTES VINCULADOS EFICINCIA ENERGTICA
2.1 Polticas de eficincia energtica
Para superar as barreiras relacionadas promoo da eficincia energtica em um
pas, necessria a adoo de um conjunto de medidas por parte dos diversos agentes
envolvidos. Para alcanarem a efetividade pretendida, estas necessitam ser orientadas
dentro de um contexto mais amplo de poltica nacional de eficincia energtica.
A seleo de quais medidas comporo este conjunto, mais especificamente, quais
aes e mecanismos devero ser priorizados, consiste na primeira e fundamental etapa
para que sejam mapeados e, posteriormente, realizados todos os esforos necessrios
para o alcance de metas de eficincia energtica.
No Brasil, a experincia com a implantao de mecanismos e polticas relacionadas
promoo da eficincia energtica remontam especialmente da dcada de 1980, mais
especificamente 1984, com o lanamento do Programa Brasileiro de Etiquetagem
(PBE). Ao longo dos anos, diversas iniciativas foram conduzidas no Brasil, com esse
foco.
Nesse item, visa-se apresentar algumas das principais aes de polticas pblicas
atuantes sobre a eficincia energtica no Brasil. A Figura 2 apresenta uma linha do
tempo para as polticas de eficincia energtica implantadas no Brasil entre 1984 e
2011. Estes principais marcos citados so comentados de forma resumida a seguir.
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Figura 2 Principais Polticas de Eficincia Energtica no Brasil 1984 a 2011 Fonte: EPE (2013a).
Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE)
O Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) um programa de etiquetagem de
desempenho, coordenado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia
(INMETRO), com a finalidade de contribuir para a racionalizao do uso da energia no
Brasil atravs da prestao de informaes sobre a eficincia energtica dos
equipamentos disponveis no mercado nacional.
O Programa Brasileiro de Etiquetagem fornece informaes sobre o desempenho dos
produtos, considerando atributos como a eficincia energtica, o rudo e outros critrios
que podem influenciar a escolha dos consumidores que, assim, podero tomar decises
de compra mais conscientes. Ele tambm estimula a competitividade da indstria, que
dever fabricar produtos cada vez mais eficientes.
A Etiqueta Nacional de Conservao de Energia (ENCE) classifica os equipamentos,
veculos e edifcios em faixas coloridas, em geral de A (mais eficiente) at "E" (menos
eficiente), e fornece outras informaes relevantes, como, por exemplo, o consumo de
combustvel dos veculos e a eficincia de centrifugao e de uso da gua em lavadoras
de roupa.
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Programa Nacional de Conservao de Energia Eltrica (PROCEL)
O objetivo do Programa Nacional de Conservao de Energia Eltrica (PROCEL)
promover a racionalizao da produo e do consumo de energia eltrica, para que se
eliminem os desperdcios e se reduzam os custos e os investimentos setoriais.
O Procel foi criado em dezembro de 1985 pelos Ministrios de Minas e Energia e da
Indstria e Comrcio, atravs da Portaria Interministerial n 1.887, e gerido por uma
Secretaria-Executiva subordinada Eletrobras. Em 18 de julho de 1991, o Procel foi
transformado em programa de governo, tendo sua abrangncia e suas
responsabilidades ampliadas.
So finalidades do Programa Nacional de Conservao de Energia Eltrica (PROCEL):
combater o desperdcio de energia eltrica, estimular o uso eficiente e racional de
energia eltrica e fomentar e apoiar a formulao de leis e regulamentos voltados para
as prticas de eficincia energtica.
O Procel atua nas reas: Educao, Centro Brasileiro de Informao de Eficincia
Energtica (Procel Info), Selo Procel, Edificaes, Prdio Pblicos, Gesto Energtica
Municipal, Indstria, Saneamento Ambiental e Iluminao Pblica e Semforos.
De acordo com publicao1 disponibilizada no site do Procel2, em 2012 foram
economizados 9.097 GWh devido s aes conduzidas pelo Programa (cerca de 2% da
demanda eltrica no Brasil em 2012).
Programa Nacional para Uso Racional de Derivados de Petrleo e Gs Natural
(CONPET)
O CONPET um programa do Governo Federal criado em 1991 por um decreto
presidencial, para promover o desenvolvimento de uma cultura anti-desperdcio no uso
dos recursos naturais no renovveis no Brasil.
O CONPET estimula a eficincia no uso da energia em diversos setores, com nfase
nas residncias, nas indstrias e nos transportes, alm de desenvolver aes de
1 ELETROBRAS; PROCEL. Relatrio de Resultados do Procel 2013 ano base 2012. Rio de
Janeiro, 2013;
2 http://www.eletrobras.com/elb/procel/main.asp.
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educao ambiental. Assim, os objetivos do CONPET contemplam: racionalizar o
consumo dos derivados do petrleo e do gs natural; reduzir a emisso de gases
poluentes na atmosfera; promover a pesquisa e o desenvolvimento tecnolgico; e
fornecer apoio tcnico para o aumento da eficincia energtica no uso final da energia.
Como pode ser visto no seu stio na internet3, o CONPET atua em trs reas: Eficincia
Energtica de Equipamentos, Educao e Transportes.
Lei 9.991/2000
Esta lei regulamenta a obrigatoriedade dos investimentos em pesquisa e
desenvolvimento e em eficincia energtica por parte das empresas concessionrias,
permissionrias e autorizadas do setor de energia eltrica.
De acordo com esta lei, as distribuidoras devem aplicar um percentual mnimo da
receita operacional lquida (ROL) em Programas de Eficincia Energtica: 0,5% at
2015, sendo 60% destes voltados para a parcela da populao classificada como baixa
renda.
A Agncia Nacional de Energia Eltrica (ANEEL) informa4 que o Programa de Eficincia
Energtica das Concessionrias de Distribuio de Energia Eltrica (PEE) contabiliza
mais de R$ 3 bilhes em investimentos j realizados ou em fase de execuo. Como
resultados do PEE foram economizados 3.930 GWh em 2012, com 1.148 projetos por
tipologia.
Programa de Eficincia Energtica ANEEL (PEE)
O objetivo do PEE a transformao do mercado de eficincia energtica no setor
eltrico atravs da promoo do uso racional de energia eltrica. Para isso os projetos
do PEE devem ser relevantes para o mercado e devem demonstrar viabilidade
econmica em suas aes de aumento da eficincia.
3 www.conpet.gov.br;
4 Dados apresentados por Mximo Luiz Pompermayer, Superintendente de Pesquisa e
Desenvolvimento e Eficincia Energtica da ANEEL, no 10 Congresso Brasileiro de Eficincia
Energtica (COBEE), em julho de 2013.
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Essas aes e projetos podem ser, alm da evidente substituio de equipamentos,
atividades de treinamento e educao, projetos de gesto energtica, projetos especiais
como definidos no PROPEE5, alm da prpria avaliao e divulgao do PEE.
Recentemente a ANEEL vem trabalhando para que reas prioritrias sejam
contempladas por maior quantidade de recursos e projetos, e como consequncia, para
que o PEE obtenha maior efetividade no seu objetivo de transformao de mercado.
Lei 10.295/2001 (Lei de Eficincia Energtica)
Esta lei prev o estabelecimento de nveis mximos de consumo especfico de energia,
ou mnimos de eficincia energtica, de mquinas e aparelhos consumidores de energia
fabricados ou comercializados no pas, com base em indicadores tcnicos pertinentes
(valores tcnica e economicamente viveis, considerando a vida til das mquinas e
aparelhos consumidores de energia).
No tocante regulamentao de equipamentos, cabe ao CGIEE (Comit Gestor de
Indicadores de Eficincia Energtica) estabelecer o cronograma de trabalho visando
implementar a aplicao da lei n 10.295/2001, elaborar regulamentao especfica
para cada tipo de aparelho e mquina consumidora de energia, bem como estabelecer
o programa de metas com indicao da evoluo dos nveis a serem alcanados para
cada equipamento regulamentado, entre outras (MME, 2014). No quadro a seguir so
listados os equipamentos j regulamentados atravs de Portarias Interministeriais.
5 Procedimentos do Programa de Eficincia Energtica.
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Quadro 1 - Regulamentao da Lei de Eficincia Energtica
Legislao Especfica Equipamentos Contemplados
Portarias Interministeriais
n 553/2005 e n 238/2009
Motores eltricos trifsicos de induo rotor gaiola
de esquilo
Portarias Interministeriais
n 132/2006 e n 1008/2010 Lmpadas Fluorescentes Compactas
Portarias Interministeriais
n 362/2007 e n 326/2011 Refrigeradores e Congeladores
Portarias Interministeriais
n 363/2007 e n325/2011 Fornos e Foges a Gs
Portarias Interministeriais
n 364/2007, n 323/2011 e n
324/2011
Condicionadores de Ar
Portaria Interministerial
n 298/2008 Aquecedores de gua e Gs
Portaria Interministerial
n 959/2010
Reatores Eletromagnticos para
Lmpadas a Vapor de Sdio de Alta Presso e a
Vapor Metlico (halogenetos)
Portaria Interministerial
n 1007/2010 Lmpadas Incandescentes
Fonte: Brasil (2005, 2006, 2007a, 2007b, 2007c, 2008, 2009, 2010a, 2010b, 2010c, 2011a, 2011b, 2011c, 2011d).
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Plano Nacional de Energia 2030 (PNE):
O Plano Nacional de Energia 2030 (PNE 2030) constitui-se no primeiro documento
oficial de planejamento energtico integrado do governo brasileiro que apontou metas
de eficincia energtica de longo prazo para o pas6.
Neste documento, quatro cenrios de demanda de energia so quantificados bem como
a respectiva contribuio da eficincia energtica em cada um deles, ilustrada na Figura
3 e detalhada na Tabela 1. Estes cenrios diferem entre si, basicamente, quanto ao
grau de sucesso do pas em superar os desafios que se apresentam no ambiente
econmico, poltico e social presente em cada cenrio. A cada cenrio econmico, por
sua vez, corresponde uma taxa de crescimento econmico distinto, variando do menor
valor (cenrio C) para o maior valor (cenrio A).
Figura 3- Contribuio dos ganhos de eficincia energtica nos cenrios de demanda
de energia do PNE 2030.
Notas: refere-se energia como um todo, ou seja, considerando eletricidade e combustveis. O
percentual indica uma reduo em relao ao consumo de energia total em decorrncia de
ganhos de eficincia energtica, considerando os setores agropecurio, comercial/pblico,
transportes, industrial e residencial.
Fonte: EPE (2007).
6 Disponvel no stio .
7,3%
10,9%
5,7%
8,7%
4,5%
7,7%
2,9%
4,4%
2020 2030
Cenrio A
Cenrio B1
Cenrio B2
Cenrio C
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Cabe ressaltar que os montantes apresentados na figura anterior referem-se
contribuio estimada da parcela denominada progresso autnomo, ou seja, em
grande parte devido penetrao de medidas de eficincia energtica decorrentes da
dinmica natural de renovao de equipamentos existentes, sejam elas induzidas por
hbitos de consumo estabelecidos, sejam devido ao efeito de polticas existentes.
Tabela 1 Eficincia Energtica por Setor Progresso Autnomo
Percentual do Consumo Final 2020 2030
Cenrio A 7,3 10,9
Agropecurio 5,8 10,1
Comercial/Pblico 8,0 8,0
Transportes 7,1 13,1
Industrial 7,9 10,7
Residencial 6,7 8,0
Cenrio B1 5,7 8,7
Agropecurio 3,3 6,0
Comercial/Pblico 5,1 5,8
Transportes 6,9 12,1
Industrial 5,8 7,9
Residencial 3,4 4,1
Cenrio B2 4,5 7,7
Agropecurio 2,6 4,6
Comercial/Pblico 4,3 4,7
Transportes 6,6 12,0
Industrial 3,8 6,0
Residencial 3,3 3,9
Cenrio C 2,9 4,4
Agropecurio 1,2 2,0
Comercial/Pblico 2,9 3,3
Transportes 3,5 5,9
Industrial 3,0 4,2
Residencial 2,5 3,4
Fonte: EPE (2007).
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Especificamente no tocante energia eltrica, o PNE 2030 estabelece metas adicionais
de eficincia energtica, atravs de aes adicionais denominadas progresso induzido
de eficincia energtica. Estas aes visam contribuir para sobrepujar as diversas
barreiras (econmicas, polticas, tecnolgicas, entre outras) que retardam a penetrao
de medidas de eficincia energtica na sociedade.
Segundo o PNE 2030, estima-se que essas aes adicionais a serem implantadas no
horizonte do estudo, possam contribuir com uma parcela de 5,3% da demanda eltrica
brasileira total em 2030. Assim, considerando-se tambm a contribuio do denominado
progresso autnomo, a meta de conservao total de eletricidade no longo prazo de
aproximadamente 10% em 2030.
A Figura 4 apresenta o detalhamento dos ganhos de eficincia eltrica projetados pelo
PNE 2030. Os quatro cenrios (A, B1, B2 e C) esto decompostos nos segmentos
industrial, residencial, comercial/pblico e agropecurio.
Figura 4 Eficincia eltrica no PNE 2030, por cenrio e por setor.
Fonte: EPE (2007).
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Portaria Interministerial n 1.007/2010 (MME, MCTI, MDIC):
A portaria interministerial supracitada estabelece os nveis mnimos de eficincia
energtica para lmpadas incandescentes, definindo marcos, em funo da potncia
dessas lmpadas, para o banimento da comercializao das lmpadas deste tipo que
no atendam a estes nveis mnimos de eficincia energtica estipulados pela Portaria.
Nesse cronograma, as primeiras a terem seus ndices mnimos regulamentados so
aquelas de maior potncia (30/06/2012), enquanto que para aquelas de menor potncia,
a data referncia para atingimento desses ndices 30/06/2016. O cronograma geral
apresentado na Tabela 2 e Tabela 3.
Tabela 2. Cronograma de nveis mnimos de eficincia energtica para lmpadas
incandescentes - 127 V, para fabricao e importao no Brasil.
Lmpadas Incandescentes Domsticas de 127 V 750 horas
Potncia (W) Eficincia Mnima (lm/W)
30/06/2012 30/06/2013 30/06/2014 30/06/2015 30/06/2016
Acima de 150 20,0 24,0
101 a 150 19,0 23,0
76 a 100 17,0 22,0
61 a 75 16,0 21,0
41 a 60 15,5 20,0
26 a 40 14,0 19,0
At 25 11,0 15,0
Fonte: Brasil (2010b).
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Tabela 3. Cronograma de nveis mnimos de eficincia energtica para lmpadas
fluorescentes compactas - 220 V, para fabricao e importao no Brasil
Lmpadas Incandescentes Domsticas de 220 V 1.000 horas
Potncia (W) Eficincia Mnima (lm/W)
30/06/2012 30/06/2013 30/06/2014 30/06/2015 30/06/2016
Acima de 150 18,0 22,0
101 a 150 17,0 21,0
76 a 100 14,0 20,0
61 a 75 14,0 19,0
41 a 60 13,0 18,0
26 a 40 11,0 16,0
At 25 10,0 15,0
Fonte: Brasil (2010b).
Plano Nacional de Eficincia Energtica (PNEf):
O Plano Nacional de Eficincia Energtica (PNEf) foi publicado em 2011, tendo com o
objetivo de promover aes estruturadas para atingimento de metas de eficincia
energtica no longo prazo. Este conjunto de aes contempla, por sua vez, a
identificao dos instrumentos de ao e captao de recursos correlatos ao tema e,
por essa natureza, sua implementao envolve o esforo coordenado de diversos
setores da sociedade tais como representantes de governos em todas as esferas
(municipal, estadual e federal), empresas e sociedade como um todo.
Cabe destacar, ainda, que embora a meta de eficincia energtica adotada no PNEf
refira-se explicitamente apenas eletricidade (aproximadamente 10% de reduo do
consumo em 2030), o conjunto de diretrizes e premissas propostas no PNEf no se
restringe apenas a este energtico, mas se estende tambm para a eficientizao no
uso de combustveis. Por exemplo, contempla o setor de transportes, cuja demanda
energtica compe preponderantemente de combustveis lquidos.
Entre os mecanismos para o atingimento destas metas em cada segmento de consumo,
o governo brasileiro poder induzir aes atravs de incentivos legais ou financeiros,
campanhas nacionais, estabelecimento de nveis mnimos de desempenho, entre
outros.
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Finalmente, alm dos marcos descritos anteriormente, cabe destacar outras aes de
eficincia energtica mais recentes, ilustradas na Figura 5. Como destaque, no perodo
compreendido entre 2006 e 2011, se observou a intensificao da adoo de medidas
regulatrias em prol da promoo da eficincia energtica no Brasil, especialmente no
setor residencial.
Figura 5 Linha do tempo de polticas de recentes de eficincia energtica no Brasil
2006 a 2011. Fonte: EPE (2013a).
2.2 Contexto econmico e oferta de energia
A Figura 6 sintetiza dados demogrficos, econmicos, geogrficos e de fronteiras
polticas do territrio brasileiro. So informaes gerais, visando rpida contextualizao
do pas para melhor compreenso das anlises dos captulos subsequentes deste
documento.
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Figura 6 Caracterizao geopoltica, econmica e demogrfica do Brasil. Fonte: EPE (2013a).
No perodo compreendido entre 1990 e 2010, a intensidade energtica da economia
brasileira mostrou comportamento levemente ascendente, resultando em elasticidade-
renda da demanda aproximadamente igual a 1,0 (um) nas ltimas duas dcadas. Neste
perodo, o PIB (em valores constantes de 2000) evoluiu de R$ 922,4 bilhes em 1990
para R$ 1.682,2 bilhes em 2010 (aumento de 82,4% em 20 anos).
A Tabela 4 ilustra o crescimento do Produto Interno Bruto nacional, em cinco diferentes
perodos: 1990 a 1995, 1995 a 1999, 1999 a 2001, 2001 a 2008 e 2008 a 2012. Vale
ressaltar que os montantes esto ajustados com referncia ao ano 2000. possvel
tambm visualizar o aumento percentual mdio em cada intervalo analisado, o que
permite constatar que a dcada de 2000 aquela que registra o melhor resultado.
Por outro lado, a oferta de energia praticamente dobrou: fixando-se o dado de 1990
como nmero-ndice 100, o valor em 2010 foi igual a 189. Esta evoluo apresentada
na Figura 7. Contudo, esse comportamento no foi homogneo no perodo como um
todo, conforme mostra a Figura 8. Alm do perodo 1990-2012, pode-se decompor o
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este perodo em cinco momentos: 1990 a 1995, 1995 a 1999, 1999 a 2001, 2001 a 2008
e 2008 a 2012.
Tabela 4 Produto Interno Bruto Brasil
[R$ de 2000] 1990-1995 1995-1999 1999-2001 2001-2008 2008-2012
Variao em Valores Absolutos
145.385 63.041 64.182 374.560 176.468
Variao mdia anual
+3,0% +1,5% +2,8% +4,0% +2,7%
Valor Adicionado na Indstria
40.317 1.781 11.301 77.408 18.017
Variao mdia anual na indstria
+3,3% +0,2% +2,1% +3,5% +1,2%
Fonte: EPE (2013b).
Na primeira metade da dcada de 1990, o PIB cresceu, em mdia, a uma taxa anual de
3,0% enquanto que o suprimento energtico aumentou 2,8%. Este perodo caracterizou-
se por altas taxas de inflao (com mdia superior a 1.000 % a.a., cuja origem remonta
desde a segunda metade da dcada de 1980), afetando a economia como um todo.
Figura 7 PIB e Oferta Interna de Energia 1990 a 2012. Fonte: EPE (2013b).
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Figura 8 - PIB e Oferta Interna de Energia Perodos Selecionados Fonte: EPE (2013b).
Este ambiente promoveu a deteriorao do poder de compra das famlias, impactando
negativamente a demanda de bens e servios e atingindo a atividade de setores tais
como comrcio & servios, alm de parte da indstria. Neste perodo, cabe destacar
que a indstria nacional vivenciou um perodo de demisses e capacidade ociosa.
Como resultado a oferta de energia cresceu em um ritmo mais baixo que o PIB, tendo
em visto que o requisito cresceu a taxas inferiores ao PIB, em especial da indstria
energointensiva.
Entre 1995 e 1999, por sua vez, a oferta interna de energia cresceu mais que o produto
interno bruto (mdia anual de 3,8% contra 1,4%). O aumento do PIB pode ser atribudo
ao efeito de um bem sucedido plano econmico para controle da inflao implantado
em 1994 (Plano Real) e que possibilitou, inclusive, iniciar um processo de melhoria de
distribuio de renda no pas.
Estes fatores reaqueceram a economia brasileira e atenderam parte da demanda
reprimida at ento existente, na forma de bens e produtos mais elaborados e mesmo
acesso a bens at ento inacessveis para parte da populao. Como se pode observar
na Figura 9, a taxa de crescimento do consumo das famlias (bens e servios)
aumentou mais que o nmero de domiclios no perodo 1990-2000.
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interessante notar tambm o significativo aumento do consumo de eletricidade
ocorrido de 1990 a 2000. Isto decorreu tanto do aumento de consumo das famlias
(eletrodomsticos) quanto da indstria e servios em geral.
Na dcada seguinte, de 2000 a 2010, a situao ficou equilibrada, com discreta
vantagem para o PIB (mdia anual de 3,6% contra 3,5%). Neste perodo, um dos
principais fatos ocorridos foi a reduo abrupta do consumo de eletricidade induzida
pelo racionamento ocorrido em 2001, conforme se percebe no grfico. Alm disso,
ganha tambm destaque a penetrao de equipamentos regulamentados com ndices
mnimos de eficincia energtica, derivados justamente da lei de eficincia energtica
(n 10.295/2.001), publicada durante a crise do racionamento de eletricidade.
Figura 9 - Evoluo do consumo de energia, consumo das famlias e nmero de
domiclios no perodo 1990-2011 (1990= 100) Fonte: EPE (2013b).
Foi durante este perodo que se intensificou o avano rpido tanto no processo de
aumento de renda per capita geral da populao, quanto na redistribuio de renda no
Brasil. Isso levou, por exemplo, a uma acelerao do aumento de posse e uso de
eletrodomsticos nas residncias brasileiras e crescimento da taxa de motorizao da
populao.
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Como resultado o consumo de eletricidade cresceu mais que 4,4% ao ano entre 2001 e
2011. A evoluo da matriz energtica nacional neste perodo apresentada na Figura
10 e se destaca pelo alto ndice de renovabilidade.
Embora tenha havido a reduo da participao das renovveis na matriz energtica
brasileira (em 1990 a oferta interna totalizava 142,0 milhes de tep, sendo 49% destes
oriunda de energia renovvel), esta frao ainda se mantem com valores superiores a
40%, sendo um dos maiores percentuais de energias renovveis do mundo, conforme
pode ser visto na Figura 11.
A matriz energtica mundial em 2011, ltimo dado consolidado, aponta 13,3% de fontes
renovveis de energia. Isto corresponde a menos de 1/3 (um tero) da participao do
mesmo grupo na matriz brasileira. No caso dos pases que compem a OCDE, a matriz
energtica do mesmo ano (2012) est disponvel e a situao ainda mais discrepante:
as fontes renovveis somam apenas 9,0% da matriz, o que equivale a pouco menos de
1/5 (um quinto) da frao nacional.
Entre 1990 e 2000 a oferta interna de energia cresceu 3,0% ao ano, de 142,0 milhes
de tep para 190,0 milhes de tep. A participao de energias renovveis nesta matriz
apresentou reduo de 49% para 41% devido a fatores tais como a substituio da
lenha (contabilizada como 100% renovvel)7, o aumento do consumo de derivados de
petrleo (principalmente leo diesel e gasolina), maior penetrao do gs natural na
matriz (incio da operao do Gasoduto Bolvia-Brasil) e perda de participao do
consumo de produtos da indstria sucroalcooleira (bagao de cana e etanol).
De 2000 a 2010 a oferta interna de energia cresceu 3,5% ao ano, saindo de para 190,0
milhes de tep para 268,8 milhes de tep. Neste intervalo ocorreu expressiva retomada
da atividade do setor sucroalcooleiro no Brasil, impulsionado pela introduo dos
automveis bicombustveis (flex fuel) no Brasil em 2003. Cabe destacar que, nesse
perodo, tambm houve retrao de participao de derivados de petrleo em parte
devido substituio por gs natural.
Outro fato observado foi a continuidade do processo de substituio do consumo de
lenha/carvo vegetal no pas, bem como da perda de participao relativa da gerao
7 Parte do consumo de lenha total no pas ainda advm de desmatamento, de modo que essa
frao no poderia ser, a rigor, considerada renovvel.
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hidreltrica, compensada pela penetrao de outras energias renovveis (em especial,
energia elica).
Figura 10 Matriz Energtica Brasileira Fonte: EPE (2013c).
Figura 11 Comparao Internacional do grau de renovabilidade de matrizes
energticas Fonte: IEA (2013).
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3. TENDNCIAS NO CONSUMO DE ENERGIA: POR COMBUSTVEL E POR SETOR
Os movimentos descritos anteriormente, em especial nos ltimos anos podem ser
visualizados nas figuras Figura 12, Figura 13, Figura 14 e na Tabela 5. Em 1990 a
demanda total de energia, excluindo a parcela destinada ao setor energtico, era de
105,1 milhes de tep e o suprimento era de 141,9 milhes de tep. diferena percebida
entre oferta e demanda se atribuem as perdas inerentes ocorridas nos centros de
transformao, que processam a energia primria em secundria. Estes centros de
transformao incluem: refinarias de petrleo, plantas de gerao eltrica, coquerias,
destilarias e UPGNs.
Aps vinte e dois anos, em 2012, a demanda subiu para 213,9 milhes de tep e a oferta
atingiu 283,6 milhes de tep. Neste intervalo a oferta de energia cresceu, em mdia,
3,2% ao ano, enquanto que o consumo aumentou a uma taxa de 3,3% ao ano.
O que permitiu que a demanda subisse mais que a oferta foram os ganhos de
eficincia, em especial no setor residencial (substituio do consumo de lenha para
combustveis com processo de converso mais eficiente, como o GLP e o gs natural) e
a reduo das perdas nos centros de transformao (com destaque para o aumento de
eficincia em processos trmicos e de cogerao).
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Figura 12 Oferta Interna de Energia e Consumo Final Fonte: EPE (2013c).
Quando se comparam duas matrizes energticas separadas por uma dcada possvel
identificar algumas tendncias. Conforme mostrado na Tabela 5 e na Figura 13, houve
crescimento relativo do agregado produtos da cana (etanol e bagao de cana), das
outras fontes renovveis (majoritariamente resduos agrcolas e industriais), do urnio
e do gs natural.
Tabela 5 Oferta Interna de Energia
[10 tep] 1990 2000 2010 2012 % a.a.
(2012/2000)
Petrleo e derivados 57.749 86.743 101.714 111.193 +2,1%
Gs natural 4.337 10.256 27.536 32.598 +10,1%
Coque e carvo mineral 9.598 12.999 14.462 15.287 +1,3%
Urnio (U3O8) 598 1.806 3.857 4.286 +7,5%
Hidrulica e eletricidade 20.051 29.980 37.663 39.181 +2,6%
Lenha e carvo vegetal 28.537 23.060 25.998 25.735 +0,9%
Derivados da cana-de-acar 18.988 20.761 47.102 43.572 +6,4%
Outras renovveis 2.126 4.438 10.440 11.754 +8,5%
Total 141.983 190.043 268.771 283.607 +3,4%
Fonte: EPE (2013c).
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Em contrapartida, houve decrscimo do agregado derivados de petrleo, do coque e
carvo mineral, da eletricidade e da lenha. No caso dos derivados de petrleo
possvel identificar que a gasolina perdeu participao para o etanol no transporte
automotivo e que o GLP perdeu uma frao para o gs natural na coco e no
aquecimento de gua em residncias.
Figura 13 Matriz Energtica por Fonte 1990, 2000, 2010 e 2012 Fonte: EPE (2013c).
Outra anlise da evoluo da matriz energtica brasileira envolve o corte setorial,
excluindo-se a parcela no energtica, usada como matria prima (Figura 14). Em
2000, a indstria era responsvel pela maior demanda, com 39% do total. Juntamente
com o segmento transportes, somava quase 70% da matriz energtica. Em seguida
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aparecem os setores residencial (com 13%), energtico (com 8%), agropecurio e
comercial & pblico (cada um com 5%).
Em 2010 a frao da indstria caiu para 38%, ainda que a liderana tenha se mantido.
O setor transportes registrou ligeiro aumento (com 31%), enquanto que o segmento
agropecurio caiu para 4%. Neste perodo, o setor energtico apresentou o maior
ganho de participao e o setor residencial, a maior reduo.
Figura 14 Consumo de Energia por Setor 1990, 2000, 2010 e 2012 Fonte: EPE (2013c).
Ao se incluir o montante de demanda no energtica o panorama pouco se altera, em
razo desta parcela crescer a uma taxa inferior mdia da energia total (+3,4% ao
ano). Na Tabela 6 se destaca a variao do setor energtico entre 2010 e 2000 (+6,6%
ao ano), que foi o dobro da taxa observada na indstria na dcada de 2000.
muito importante destacar o crescimento do setor energtico (88,9%) em 10 anos, um
aumento de 11,4 milhes de tep. Este montante supera o consumo total do setor
agropecurio no Brasil em 2010 (10,0 milhes de tep). Como ficar claro mais adiante,
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este movimento explica bastante dos indicadores de eficincia energtica neste
perodo.
Tabela 6 Demanda de Energia por Setor
[10 tep] 1990 2000 2010 2012 % a.a.
(2012-2000)
Consumo no energtico 9.953 14.293 17.686 16.678 +1,3%
Setor Energtico 12.042 12.847 24.263 22.888 +4,9%
Setor Residencial 18.048 20.688 23.562 23.761 +1,2%
Setor Comercial 2.936 4.968 6.731 7.710 +3,7%
Setor Pblico 1.732 3.242 3.636 3.749 +1,2%
Setor Agropecurio 6.027 7.322 10.029 10.362 +2,9%
Setor Transportes 32.964 47.385 69.720 79.308 +4,4%
Setor Industrial 43.523 61.204 85.567 88.966 +3,2%
Total 127.535 171.949 241.194 253.422 +3,3%
Fonte: EPE (2013c).
Uma maneira didtica e muito til de representar os fluxos energticos e eltricos de
uma sociedade atravs de diagramas de fluxo. As Figura 15, Figura 16 e Figura 17
so diagramas que representam graficamente os principais fluxos de energia no Brasil
em 2000 e 2010, respectivamente. Analogamente, as Figura 18, Figura 19 e Figura 20
representam os fluxos eltricos no pas nos mesmos anos.
Em ambos os casos, as componentes de entrada (oferta) esto direita do diagrama e
as derivaes (consumo) esto direita. O bloco central representa a Oferta Interna
Bruta e a Oferta Interna de Energia Eltrica (OIEE), respectivamente.
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Figura 15 Fluxo Energtico ano base 2000 Fonte: EPE (2013c, adaptado).
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Figura 16 Fluxo Energtico ano base 2010 Fonte: EPE (2013c, adaptado).
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Figura 17 Fluxo Energtico ano base 2012 Fonte: EPE (2013c, adaptado).
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Figura 18 Fluxo Eltrico ano base 2000 Fonte: EPE (2013c, adaptado).
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Figura 19 Fluxo Eltrico ano base 2010 Fonte: EPE (2013c, adaptado).
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Figura 20 Fluxo Eltrico ano base 2012 Fonte: EPE (2013c, adaptado).
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4. TENDNCIA GERAL DA EFICINCIA ENERGTICA
4.1 Intensidade energtica primria
A Figura 21 ilustra a evoluo das intensidades energticas primria e final no Brasil, entre
1990 e 2012, tomando como parmetro o patamar verificado em 2000 (valor no ano 2000=
100).
Figura 21 Evoluo da intensidade energtica primria e final no Brasil. Fonte: EPE (2013b).
Observa-se que na dcada de 1990 a tendncia de ambas as curvas ascendente, quando
se atinge o pico (patamar 103). A partir de 1999 h um declnio das intensidades, em
decorrncia da crise de racionamento de eletricidade.
Entre 2001 e 2008 o comportamento estvel, em torno do nvel 100. Em 2009 a crise
financeira global afetou a indstria nacional, especialmente a metalurgia e a minerao. Por
consequncia, a intensidade energtica caiu para o ndice 95. Nesse ano em especial, se
observou a desativao de unidades mais ineficientes (menos competitivas), alm de estes
segmentos industriais apresentarem maior magnitude das intensidades energticas. A partir
da h uma retomada gradual, com a volta ao ndice 100 no ano 2012.
Quando a avaliao passa a ser feita por perodos, como na Figura 22, possvel evidenciar
alguns efeitos. No incio do quinqunio de 1990 a 1995 houve um momento de muita
dificuldade econmica para as famlias brasileiras, quando a taxa de inflao era muito
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elevada e o Governo Federal decidiu restringir a circulao de moeda na economia,
decretando um bloqueio de cadernetas de poupana no Brasil. Foi uma medida poltica
desastrosa, pois alm de ter sido muito impopular, no surtiu o efeito macroeconmico
desejado.
Em 1994 h o lanamento do Plano Real, que foi bem sucedido na misso de reduzir
sensivelmente a inflao no Brasil. Nesse intervalo a intensidade primria caiu 0,2% ao ano
e a intensidade final cresceu 0,4% ao ano.
No trecho entre 1995 e 1999 h incidncia do maior poder de compra da populao, a partir
do momento em que houve controle inflacionrio. Neste perodo a intensidade primria
cresceu 2,3% ao ano e a intensidade final subiu 2,2% ao ano.
No incio de 1999 a economia brasileira sofre uma crise de desvalorizao monetria, com
reflexo imediato em vrios segmentos industriais. Apesar de o Produto Interno Bruto ter
crescido em mdia 2,8% ao ano, entre 1999 e 2001, a intensidade primria reduziu 1,5% ao
ano e a intensidade final variou -2,1% ao ano. Cabe lembrar que houve a crise de
racionamento eltrico de 2001, que impactou principalmente a produo industrial brasileira
e as famlias.
Entre 2001 e 2008, aps o perodo de racionamento, ocorre um movimento de retomada
econmica, com variao do PIB em torno de +4,0% ao ano. Inicialmente houve a crise de
racionamento eltrico de 2001, que impactou principalmente a produo industrial brasileira
e as famlias. Tambm relevante citar que as polticas sociais implantadas desde o
comeo desta dcada promoveram uma melhor distribuio de renda no Brasil, alm da
reduo da pobreza extrema. A intensidade primria caiu 0,2% e a intensidade final reduziu
0,3%, ambas em mdias anuais.
Entre 2008 e 2012 a economia nacional apresentou comportamento razovel, mesmo
levando-se em conta a ocorrncia da severa crise econmica global de 2008. A variao do
PIB foi de 2,7% ao ano, a intensidade primria ficou estvel e a intensidade final aumentou
0,8% ao ano.
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Figura 22 - Intensidades Energtica Primria e Final no Brasil, por Perodo Fonte: EPE (2013b).
Quando agregamos mais anos em um intervalo, os indicadores passam a oscilar menos e,
consequentemente, o padro observado se torna mais comportado. Na dcada de 1990 a
intensidade primria registrou aumento mdio de 0,9%, ao passo que a intensidade final
aumentou 1,2% anualmente.
Entre 2000 e 2012 as variaes foram de -0,1 e +0,2% ao ano para as intensidades primria
e final, respectivamente. Nos ltimos 22 anos, de 1990 a 2012, houve aumentos anuais
pequenos: +0,2% na intensidade primria e +0,3% na intensidade final.
Como visto, em valores absolutos a intensidade energtica apresentou variao muito
reduzida de 1990 at 2012. A Figura 23 faz a decomposio do indicador em trs parcelas:
intensidade energtica final, gerao eltrica e outras transformaes.
Em 1990 a intensidade primria valia 281 tep/MUS$[2000] (milho de dlares constantes do
ano 2000). O indicador atingiu seu pico em 2001, com 300 tep/MUS$[2000] e terminou o
ano de 2012 com 288 tep/MUS$[2000].
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Figura 23 Intensidade Energtica Primria Decomposio. Fonte: EPE (2013b).
Analisando essas informaes, observa-se que a intensidade final energtica oscilou entre
208 tep/MUS$[2000] e o patamar de 224 tep/M US$[2000] em 2012, com mximo de 232
tep/MUS$[2000] em 1999. A gerao eltrica aparece variando pouco, entre 40
tep/MUS$[2000] em 1990 e 46 tep/MUS$[2000] em 1999. As demais transformaes
tambm mantiveram nvel razoavelmente estvel, com mnima de 23 tep/MUS$[2000] em
2012 e mxima de 38 tep/MUS$[2000] em 2001.
Ao analisar a variao por perodo, como visto na Figura 24, preciso considerar que a
intensidade primria influenciada pelo mix de gerao de energia (hidrulica, trmica e
elica) em cada momento, alm da intensidade energtica final.
Isto posto verifica-se que a janela de maior crescimento da intensidade primria e da
intensidade final foi entre 1995 e 1999, quando se registraram mdias de 2,3% e 2,2% ao
ano, respectivamente. Nesta poca a hidrulica ficou estvel em cerca de 90% da matriz
eltrica nacional.
No perodo 1990-1995 a intensidade primria reduziu. Ou seja, para a mesma agregao de
valor da economia se usou menos energia em 1995 do que em 1990. E a explicao para
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isto est, em especial, na queda observada na transformao e no pouco aumento na
intensidade final. Neste mesmo perodo pouco se alterou a intensidade nas transformaes.
Figura 24 Intensidade Energtica e Transformaes Fonte: EPE (2013b).
Em contraponto, 1999 a 2001 foi o intervalo com maior decrscimo de ambos indicadores: -
1,5% e -2,1% ao ano, nesta ordem, em especial devido reduo da intensidade energtica
final. Foi poca do racionamento eltrico, com incentivos para reduo significativa do
consumo de energia eltrica (em especial) e ampliao da gerao trmica e,
consequentemente, reduo da parcela hidrulica na matriz eltrica. As transformaes
aumentaram 0,65% ao ano naquele trinio.
A volatilidade observada em perodos de crise ao que se parece ajustada quando se
analisa os ltimos 22 anos. Considerando o perodo inteiro, constatam-se incrementos de
0,2% ao ano na intensidade primria e de 0,3% ao ano na intensidade final. As
transformaes decaem a uma taxa mdia anual de 0,2%.
Se a tendncia observada nestes perodos se explica pela evoluo da intensidade de
energia final e da transformao, um zoom na transformao enriquecedor para a anlise,
o que ser feito na seo seguinte.
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4.2 Intensidade energtica final
Embora a transformao tenha tido seu papel a intensidade energtica final foi a principal
responsvel pelos movimentos na intensidade energtica primria. Sendo assim, a Figura
25 apresenta a decomposio do indicador intensidade energtica por setor. A participao
da indstria a maior frao, tendo sido de 37% em 1990 e de 39% em 2012 (valor mximo
de 40% em 2004).
Em segunda posio surge o segmento transportes, oscilando em torno de 30% do total.
Comeou a srie apresentada com 28% e terminou com frao de 32%. Na sequncia o
setor residencial tem mostrado participao decrescente, tendo reduzido sucessivamente
sua fatia: de 15% em 1990 para 10% em 2012.
O segmento comrcio e servios registra participao com tendncia ascendente, iniciando
a janela temporal com 8% e finalizando com 11% do montante global. Por ltimo resta a
atividade agropecuria, tambm estvel no decorrer da srie, com cerca de 10%.
Figura 25 Intensidade Energtica Final por Setor Fonte: EPE (2013b).
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A Figura 26 mostra o diagrama conhecido como Sendero Energtico, o qual relaciona intensidade
energtica e PIB per capita, possibilitando avaliar o processo de eficientizao da oferta e demanda
de energia em um pas.
Durante a dcada de 1970 o principal destaque foi a reduo da participao da lenha, de 47% para
27% da oferta interna de energia. Por dez anos seguidos houve reduo do indicador intensidade
energtica (-27%) com aumento do PIB per capita (+179%).
Figura 26 Sendero Energtico - Brasil Fonte: EPE (2013a).
Durante a dcada de 80 diversos problemas afetaram o investimento em infraestrutura no pas. Nesta
dcada houve reduo do PIB per capita (-0,5% ao ano) e um aumento da intensidade energtica da
economia (+0,5% ao ano).
Nos anos 90, observou-se crescimento da intensidade energtica associado retomada do setor
industrial e do setor transporte. Alm disso, a influncia da estabilizao econmica proporcionada
pelo Plano Real melhorou o poder aquisitivo da populao, com consequente implicao no consumo
de energia.
No incio do milnio o pas ainda apresentava elevado passivo social e gargalos importantes de
infraestrutura. Diante deste contexto, ocorreu em 2001 o racionamento de eletricidade. Observou-se
uma importante elevao do PIB per capita (2,4% ao ano) e a manuteno do patamar da intensidade
energtica da economia. A oferta interna cresceu 3% ao ano, chegando a cerca de 270 milhes de
tep em 2010.
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Quando comparado com agropecurio e servios o segmento industrial o setor mais
energointensivo (Figura 27) e vem crescendo a intensidade energtica em torno de 1% ao
ano nos ltimos 22 anos. Isto se deve a recentes expanses em atividades como
pelotizao, siderurgia, celulose e bauxita.
A atividade agropecuria vem reduzindo a intensidade energtica desde 1990, com taxa de
1,0% ao ano. Apresentando performance bem significativa est o setor servios, embora em
um patamar significativamente inferior aos outros dois, vem crescendo a intensidade
energtica taxa de 1,9% ao ano.
Figura 27 Intensidade Setorial Variao Anual Fonte: EPE (2013b).
Em seo posterior, alm da transformao, ser analisada em detalhes a intensidade de
energia final da indstria, de modo a explicar a origem da evoluo nos ltimos anos.
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5. TENDNCIAS DA EFICINCIA ENERGTICA NOS CENTROS
DE TRANSFORMAO
Conforme visto anteriormente, considerando o perodo 1990-2012 houve pouca alterao na
intensidade da transformao. No entanto, neste perodo, em especial nos momentos de
crescimento ou boom econmico, h elevao da volatilidade do indicador. Nesta seo isto
ser esclarecido a partir do detalhamento dos centros de transformao.
Em primeiro lugar necessrio estabelecer uma diferenciao conceitual entre a demanda
de energia do setor energtico e a eficincia de converso de energia primria em
secundria neste setor, compostos pelos centros de transformao. No Brasil os centros de
transformao incluem as seguintes categorias:
Refinarias de petrleo;
Unidades de Processamento de Gs Natural (UPGNs);
Usinas de gaseificao;
Coquerias;
Ciclo do combustvel nuclear;
Centrais eltricas de servio pblico;
Centrais eltricas autoprodutoras;
Carvoarias;
Destilarias;
Outras transformaes;
Nesta diferenciao, a demanda de energia deste setor corresponde ao consumo prprio
destes centros de transformao, necessrio para que ocorra a converso de fontes de
energia primria em energia secundria. Corresponde, assim, energia utilizada nos
equipamentos destas unidades, para que esses processos de converso ocorram.
Por outro lado, a eficincia de converso nestes centros de transformao refere-se
diferena de contedo energtico entre os produtos de sada e os insumos, o que implica
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em perdas no processo, tendo referncia a 1 Lei da Termodinmica8. Cabe destacar que,
embora em situaes o consumo prprio seja includo nestas perdas, para fins deste
documento, as perdas em centros de transformao no incluiro a parcela de consumo
prprio.
A Tabela 7 e a Figura 28 apresentam a frao da energia disponvel na sociedade que
utilizada como autoconsumo nos centros de transformao. Esta demanda prpria
aumentou 89% em valores absolutos no perodo compreendido entre 2000 e 2010, de
12.847 mil tep para 24.263 mil tep, majoritariamente em razo do aumento no
aproveitamento de leo diesel e gs natural (em plataformas de petrleo) e do bagao de
cana (para cogerao nas unidades sucroalcooleiras).
Tabela 7 Demanda de Energia no Setor Energtico
Consumo de energia por segmento 1990 2000 2010 2012
Setor energtico [10 tep] 12.042 12.847 24.263 22.888
Setor energtico (% da demanda total) 9,4% 7,5% 10,1% 9,0%
Fonte: EPE (2013c).
8 Neste caso, no se considera qualquer anlise relativa exergia de insumos e produtos, conforme
preconiza a 2 Lei da Termodinmica.
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Figura 28 - Consumo Final de Energia do Setor Energtico Fonte: EPE (2013c).
Em termos percentuais a frao do setor energtico em relao demanda total do Brasil
subiu para 10,1% em 2010, denotando uma posio de destaque na matriz, como terceiro
maior setor consumidor de energia final no pas, atrs somente da indstria e dos
transportes. O segmento que mais contribuiu para este aumento percentual foi o
sucroalcooleiro (incremento de 238% na dcada de 2000).
A Tabela 8 resume a demanda prpria de energia no setor energtico, com detalhamento
em relao s principais atividades do segmento. Juntas, as indstrias do petrleo
(upstream e downstream) e do gs natural responderam por cerca de 37% do autoconsumo
do setor em 2010.
Apesar do incremento no consumo de leo diesel em decorrncia do ritmo de atividades de
explorao e produo de petrleo na regio do Pr-Sal, houve reduo da frao relativa
da indstria do petrleo e gs natural, uma vez que em 2000 elas somavam pouco mais da
metade do montante global (51%).
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Em 2010 a maior parcela foi verificada nas destilarias, com 55% do setor energtico, ante
44% registrados em 2000, o que representa um aumento mdio anual de relevantes 9,0%
em valores absolutos.
O terceiro segmento mais relevante o de gerao de eletricidade, que se manteve em
torno do patamar de 2% do total durante a dcada de 2000, subindo de 236 mil tep para 464
mil tep.
Por ltimo, todos os outros centros de transformao somados (coquerias, carvoarias, ciclo
do combustvel nuclear, usinas de gaseificao e plantas de biodiesel, dentre outros)
aumentaram de 2,6% para 2,9% a contribuio demanda de energia entre 2000 e 2010.
Tabela 8 Demanda de Energia nos Centros de Transformao
Consumo de energia por segmento [10 tep] 1990 2000 2010 %a.a.
(2010/2000)
Plataformas de petrleo 732 1.218 3.493 +11,1%
Refinarias 3.950 5.395 6.147 +1,3%
Destilarias (setor sucroalcooleiro) 6.850 5.660 13.454 +9,0%
Gerao eltrica (servio pblico e autoproduo) 160 236 464 +7,0%
Coquerias 348 327 204 -4,6%
Demais unidades (carvoarias, entre outros) 3 11 501 +46,5%
Total 12.042 12.847 24.263 +6,6%
Fonte: EPE (2013c, adaptado).
A Figura 29 apresenta a contribuio da hidreletricidade na matriz eltrica nacional e os
marcos de entrada da energia elica no Brasil. Em 2000 e 2001 houve restries para a
gerao eltrica, tanto por questes de regimes hidrolgicos desfavorveis como tambm
por razes estruturais (insuficincia de linhas de transmisso).
Adicionalmente, houve incentivo para a utilizao de usinas termeltricas emergenciais, a
leo combustvel e leo diesel. Tudo isto contribuiu para que a parcela hidrulica casse
ento para 82% do total.
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Figura 29 Energias Hidrulica e Elica na Matriz Eltrica Fonte: EPE (2013c).
Dois eventos foram essenciais para a introduo da energia elica no Brasil: o PROINFA,
em 2002, e o 1 leilo especfico para a fonte, em 2009. O primeiro Programa de Incentivo
s Fontes Alternativas de Energia Eltrica (PROINFA) contratou 46 empreendimentos
elicos, com potncia total de 1.136 MW, por 20 anos.
O segundo marco foi um certame especfico para a fonte elica, promovido pela EPE em
dezembro 2009. Este leilo comercializou 1.805,7 MW, de 71 empreendimentos, tambm
por 20 anos.
Desde ento a fonte elica tem tido bons resultados nos leiles de energia nova realizados
pela EPE, tendo demonstrado competitividade com as demais fontes concorrentes (nestes
certames a regra para contratao de energia eltrica segue o critrio de opo pela menor
tarifa oferecida), chegando em 2012 a 1.894 MW de potncia instalada.
A eletricidade hoje (2012) a terceira fonte de energia no Brasil, perdendo espao para o
grupo de petrleo e derivados e para a biomassa da cana-de-acar. A Figura 30 mostra
que a contribuio da energia eltrica na matriz era de 14,5% em 1990 e chegou a 16,7%
em 2000. Posteriormente a frao caiu um pouco, para 14,0% em 2010 e 13,8% no ano de
2012.
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Figura 30 Participao da Eletricidade na Matriz Energtica Brasileira Fonte: EPE (2013c).
O aumento verificado na Tabela 8, linha gerao eltrica, explicado a seguir. A gerao
nacional de energia eltrica dada pela soma dos montantes ofertados pelas plantas de
servio pblico e pelas usinas autoprodutoras. Esta rubrica no considera, portanto, o
intercmbio de eletricidade entre o Brasil e outros pases (em especial a hidreltrica
binacional de Itaipu).
Em 1990 a gerao eltrica brasileira atingiu 222,7 TWh, ao passo que no ano de 2012 o
montante produzido foi 552,5 TWh. Isto representa um crescimento mdio anual de 4,2% na
produo de energia eltrica neste perodo.
Desde 1990 a autoproduo cresceu mais de 550%, sobretudo no segmento industrial. E a
gerao termeltrica tambm aumentou expressivamente, de 16 TWh em 1990 para 132
TWh em 2012, com mdia de 10,0% ao ano (vide Figura 31).
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Figura 31 Gerao Eltrica Total, Gerao Trmica e Perdas Fonte: EPE (2013c).
Para melhor compreenso do cenrio brasileiro, em 1990 a termeletricidade representava
apenas 7% da gerao eltrica total. At o final da dcada de 1990 o patamar se manteve
em torno de 10%.
Aps a crise de racionamento em 2001, houve incentivos governamentais para a construo
de novas termeltricas para suprimento eltrico nacional. Em 2001 a fatia trmica j
representava 18% e, desde ento o incremento foi moderado, atingindo 24% em 2012.
Vale destacar que, apesar de o aumento observado na autoproduo diminuir as perdas
tcnicas (em decorrncia de no utilizar redes de transmisso e distribuio), a expanso da
gerao termeltrica na matriz ocasionou acrscimo das perdas no Sistema Interligado
Nacional e no auto consumo de energia (demanda prpria para gerao de eletricidade).
Conforme mostrado na Figura 31 as perdas eltricas totais (tcnicas + comerciais)
registraram um patamar estvel em torno de uma mdia de 16%. Tal estabilidade demonstra
que nas ltimas duas dcadas houve efeitos de eficientizao dos processos de gerao
(por exemplo, atravs do emprego de caldeiras que operam em maior presso), transmisso
e distribuio de energia, alm de um maior combate ao furto de eletricidade (parcela de
perdas comerciais).
A Figura 32 mostra que ao longo da dcada de 2000 o consumo do setor energtico
praticamente dobrou, atingindo 24,3 milhes de tep. Em 1990 a parcela de fontes
renovveis era de 50%, enquanto que em 2010 foi de 63%.
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Figura 32 Matriz do Setor Energtico Fonte: EPE (2013c).
Observa-se que houve aumento na participao do bagao de cana e da eletricidade e
reduo de leo diesel, leo combustvel e outras secundrias de petrleo. Isto se deve ao
aumento da cogerao nas destilarias (setor sucroalcooleiro) e da eletrificao de processos
que anteriormente eram a vapor (demandando derivados de petrleo), visando no somente
a eficientizao energtica dos mesmos, mas tambm a reduo de emisses de gases de
efeito estufa.
Pode-se concluir, portanto, que se por um lado o setor eltrico (gerao) vem sofrendo
sistematicamente com reduo da gerao de origem hidreltrica, e isto afeta o rendimento
geral da gerao eltrica, dois movimentos vem amenizando este impacto negativo para os
centros de transformao: (1) elevao da gerao elica e biomassa; (2) elevao da
produo nas destilarias; ambos possuem rendimentos elevados no uso da energia
primria. No poderia deixar de citar tambm a penetrao do gs natural no setor
energtico e a reduo do leo combustvel e dos outros secundrios de petrleo.
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6. TENDNCIAS DA EFICINCIA ENERGTICA NO SETOR
INDUSTRIAL
6.1 Tendncias gerais
Como visto anteriormente, dentro da desagregao da intensidade energtica final, o setor
industrial o mais energointensivo (em relao ao agropecurio e ao de servios) e tambm o
que nos ltimos 22 anos (1990-2012) vem crescendo a intensidade energtica (1,0% ao
ano). Nesta seo isto ser explicado em mais detalhes, bem como os movimentos
observados nos perodos especficos de crise ou boom econmico.
Aproximadamente um tero da energia final disponvel para a sociedade brasileira
consumida no segmento industrial, para atendimento energtico de seus processos
produtivos. A Tabela 9 e a Figura 33 explicitam a participao da indstria nacional na
demanda de energia nos anos 1990, 2000, 2010 e 2012, estvel no patamar de 35%.
Tabela 9 Demanda de Energia no Setor Industrial
Consumo de energia por segmento 1990 2000 2010 2012
Setor industrial [10 tep] 43.523 61.204 85.567 88.966
Setor industrial (% da demanda total) 34,1% 35,6% 35,5% 35,1%
Fonte: EPE (2013c).
Em valores absolutos, o incremento foi de 39,8% em dez anos (ou 3,4% ao ano). As
maiores variaes se deram nas atividades de ferroligas (+10,4% ao ano), alimentos &
bebidas (+6,4% ao ano) e papel & celulose (+5,0% ao ano).
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Figura 33 - Consumo Final de Energia do Setor Industrial Fonte: EPE (2013c).
A demanda de energia da indstria nacional cresceu, em mdia, 3,3% ao ano entre 1990 e
2012, saltando de 43 milhes de tep em 1990 para 89 milhes de tep em 2012 (Figura 34).
J o PIB brasileiro (total) aumentou em uma taxa mdia ligeiramente inferior: 2,9% ao ano.
O consumo total de energia cresceu na mesma proporo que a demanda industrial (3,3%
ao ano); em 2012 foram consumidos 214 milhes de tep, contra 105 milhes de tep em
1990.
Os dois perodos em destaque so a crise de racionamento de eletricidade em 2001 e a
crise econmica de 2008/2009. A primeira teve menor impacto na atividade industrial,
embora tenha havido limitao do fornecimento e aumento do custo de um dos insumos
(energia eltrica). Subsetores eletro-intensivos, com destaque para a metalurgia, foram os
mais impactados.
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Figura 34 Consumos de Energia na Indstria e Total Brasil Fonte: EPE (2013c).
J em 2008/2009 a indstria no Brasil foi mais severamente impactada em funo da
reduo das exportaes e da queda do consumo interno em alguns segmentos, com
correspondente impacto sobre a produo industrial domstica. O ano de 2009 registrou
variao negativa de 6,6% na demanda de energia para a indstria (de 81,5 milhes de tep
em 2008 para 76,2 milhes de tep em 2009).
Figura 35 Valor Adicionado na Indstria Brasileira, por Segmento Fonte: EPE (2013b).
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Em valores constantes do ano 2000, o valor adicionado industrial passou de R$ 85,6 bilhes
em 2000 para R$ 215,9 bilhes em 2012, subindo a uma taxa mdia de 8,0% ao ano (Figura
35).
Os segmentos cujo valor adicionado mais cresceu foram a metalurgia primria (+11,1% ao
ano), alimentos & bebidas (+9,4% ao ano) e os minerais no metlicos (+8,7% ao ano). Em
seguida aparecem o setor qumico (+7,1% ao ano), o txtil e papel & celulose (ambos com
taxa de +4,7% ao ano).
Na Figura 36 apresenta-se a evoluo da intensidade energtica na indstria brasileira .
Referenciando o indicador em relao a valores constantes de 2000, observa-se que em
1990 a intensidade energtica da indstria era 0,185 tep/10 R$.
Portanto, nos ltimos vinte anos houve um incremento de 12,4% da intensidade energtica
da indstria brasileira, fato que se deve a uma srie de razes. No decorrer da dcada de
1990 houve investimento em novas plantas de celulose, em detrimento das unidades
papeleiras, fato que causou incremento mdio de 1,2% ao ano no indicador, que registrou
0,208 tep/10 R$ em 2000.
Figura 36 Intensidade Energtica e PIB per capita na Indstria Fonte: EPE (2013b).
Na dcada seguinte (2000-2010) o aumento mdio anual foi menor (+0,6%), o que fez com
que a intensidade energtica chegasse a 0,220 tep/10 R$ em 2010. O motivo para a
reduo da inclinao da derivada foi ganhos de eficincia em setores como cimento (-1,8%
ao ano) e siderurgia (-1,0% ao ano). Por outro lado, setores como siderurgia, no ferrosos e
celulose tiveram expanso de capacidade produtiva no perodo. Dois anos depois, em 2012,
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houve incremento at 0,228 tep/10 R$ (+1,8% ao ano), fruto do aumento verificado no
segmento cimenteiro (+5,6% ao ano) neste binio.
Se por um lado houve aumento da intensidade energtica, tambm houve crescimento do
PIB industrial, embora a taxas menores que o aumento do consumo. Atravs do indicador
apresentado no eixo horizontal da mesma figura (PIB industrial per capita) percebe-se que
em 1990 o indicador era de 1,556x106 R$/habitante em 1990 e que cresceu para 1,654x106
R$/habitante em 2000 (+0,6% ao ano).
Posteriormente o valor adicionado na indstria per capita aumentou para 1,962x106
R$/habitante em 2000 (+1,7% ao ano) e caiu para 1,936x106 R$/habitante no ano de 2012 (-
0,6% ao ano).
Para melhor compreenso da evoluo da intensidade energtica na indstria pode-se
separar a anlise por perodos, conforme feito na Figura 37, para destacar fatos relevantes.
A dcada de 1990 foi um perodo de retomada de investimentos no segmento industrial,
especialmente aps a retrao verificada na dcada de 1980. Este motivo foi determinante
para o aumento mdio deste indicador de 1,6% ao ano. Entretanto, ao separar as duas
metades da dcada de 1990 observa-se que na primeira parte h estagnao (+0,1% ao
ano), enquanto que na segunda parte o crescimento expressivo (+3,6% ao ano).
Figura 37 Variao da Intensidade Energtica na Indstria por Perodo Fonte: EPE (2013b).
Em 2000 e 2001 surge a crise do racionamento de eletricidade, que culmina na reduo de
0,8% ao ano no indicador. Entre 2001 e 2008 h um perodo de recuperao no segmento e
de lanamento de novos projetos, o que faz com que haja acrscimo mdio de 0,5% ao ano
na intensidade energtica da indstria brasileira. Como destacado anteriormente, os
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segmentos mais eletro-intensivos e maior intensidade energtica foram os mais impactados
com essa crise, que se distribuiu por toda a sociedade brasileira.
Em 2008 e 2009 a crise econmica global afetou fortemente a indstria nacional e observou-
se reduo na intensidade energtica. Cabe destacar que os segmentos ligados
metalurgia foram os mais afetados com essa crise, o que gerou a paralisao e mesmo a
desativao de unidades industriais menos eficientes. Uma vez superada a crise, h um
novo momento de retomada de investimentos, com destaque para projetos nas reas de
siderurgia, bauxita, alumina e celulose (+1,0% ao ano). Na mdia geral, entre 1990 e 2012,
o incremento no indicador foi de 0,9% ao ano.
Em relao aos segmentos energointensivos da indstria brasileira, a Figura 38 traz a
distribuio do consumo de energia em quatro anos selecionados. Em 1990 a siderurgia
demandava mais da metade da energia industrial, montante que tem cado desde ento:
47% em 2000, 39% em 2010 e 38% em 2012.
O segundo maior consumidor o setor de papel & celulose, para onde destinada
atualmente 23% da energia industrial. H 22 anos a frao era significativamente menor
(15%), sendo este o subsetor que mais cresceu desde ento.
Figura 38 Consumo de Energia em Indstrias Energointensivas Fonte: EPE (2013b).
O terceiro colocado o segmento de no ferrosos e outros da metalurgia, cuja participao
tem perfil mais estvel. Comeou o perodo em 14% e hoje se encontra no patamar de 16%.
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Na sequncia aparece a indstria do cimento, que demandou 10% da energia em 1990,
2000 e 2010. Em 2012 a fatia foi ligeiramente maior: 12%. O prximo da lista, subsetor de
minerao & pelotizao, constitui um nicho que oscilou entre 5% no incio e 8% em 2010,
sendo que em 2012 registrou 7% da demanda total. Por fim aparece o segmento ferroligas,
com 4% do consumo industrial em todos os anos mostrados.
A participao dos segmentos energointensivos (papel & celulose, siderurgia, no ferrosos,
ferro-ligas, minerao & pelotizao e cimento) sobre o consumo total de energia do setor
industrial por ser vista na Tabela 10.
Tabela 10 Demanda das Atividades Energointensivas
Consumo de energia 1990 2000 2010 2012
Segmentos energointensivos [10 tep] 23.682 32.714 42.103 43.898
Setor industrial [10 tep] 43.523 61.204 85.567 88.966
Segmentos energointensivos (% da demanda total)
54,4% 53,5% 49,2% 49,3%
Fonte: EPE (2013c).
Como consequncia do explicado anteriormente, houve ligeira reduo na participao dos
energointensivos entre 1990 e 2012 (-5,1%), embora com alteraes nessa participao
intraperodo. Em 1990 estes seis subsetores demandaram 23,7 milhes de tep (54,4% do
total industrial). Aps vinte e dois anos o consumo aumentou 20,2 milhes de tep, atingindo
43,9 milhes de tep, ou 49,3% do total.
6.2 Anlises por segmento industrial
Como visto anteriormente a indstria explica em grande parte os movimentos de intensidade
energtica final, sendo que em especial os energointensivos. Esta parte explica alguns
movimentos a partir de dados mais detalhados destes setores da indstria.
A Figura 39 agrega o consumo energtico especfico (energia consumida/unidade
produzida) de cinco subsetores industriais: siderurgia, papel & celulose, cimento, alumnio e
acar.
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Figura 39 Consumo Energtico por Produtos Selecionados Fonte: EPE (2013b).
A questo da intensidade energtica sintetizada na Figura 40, que mostra seis segmentos
da indstria brasileira nos anos 2000 e 2012: Alimentos & Bebidas, Txtil, Papel & Celulose,
Qumica, Minerais No-Metlicos (majoritariamente cimento) e Metais Primrios.
Com exceo do subsetor Qumica, cujo indicador caiu 32% nesta dcada, pode-se dizer
que aumentou a intensidade energtica destes segmentos da indstria brasileira neste
perodo. As variaes foram de 32% no segmento Alimentos & Bebidas, 14% no Txtil, 6%
no Papel & Celulose, 11% nos Minerais No-Metlicos e 3% nos Metais