definição de especificações para
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Objetivos de hoje – Discutir conexões importantes para a
definição de especificações de IFA
ICH Q8/Q11
ICH Q10
ICH Q9
Tempo (ICH Q12)
ICH Q6A
IFA ExcipientesProduto
acabadoControles em
processo
Dicionário
es·pe·ci·fi·ca·ção (sf)
1. Ato ou efeito de especificar; discriminação.
2. Descrição pormenorizada daquilo que se espera de alguma coisa (projeto,
obra, material etc.).
3. Cada um dos itens arrolados em tal descrição. [Usado também no plural.]
4. Menção por partes, artigos, parágrafos, alíneas etc.
Michaelis: https://michaelis.uol.com.br/ acesso em 25/04/2021
RDC 301/2019
XIX - especificação: documento que descreve em detalhes os requisitos com os quais
produtos ou materiais usados ou obtidos durante a fabricação devem atender. Servem
de base para a avaliação da qualidade;
Base de requisitos necessários para que se
atinja/atenda/garanta a qualidade de determinado produto ou
material
O que se espera!
ICH Q6A: Specifications: Test Procedures and Acceptance Criteria for
New Drug Substances and New Drug Products: Chemical Substances
A list of tests, references to analytical procedures, and appropriate acceptance criteria which are
numerical limits, ranges, or other criteria for the tests described. It establishes the set of criteria to which
a drug substance or drug product should conform to be considered acceptable for its
intended use.
Tradução livre:
“Uma lista de testes, com referências a procedimentos analíticos e critérios de aceitação (que são
limites numéricos, faixas ou outros critérios) para os testes descritos. Estabelece o conjunto decritérios com os quais uma substância ou produto farmacêutico deve estar em conformidadepara ser considerado aceitável para o uso pretendido.”
Qual o uso pretendido do IFA?
ICH Q8: Pharmaceutical Development
ICH Q11: Development and manufacture of Drug Substances
Control Strategy: A planned set of controls, derived from current product and process understandingthat ensures process performance and product quality. The controls can include parameters and
attributes related to drug substance and drug product materials and components, facility and equipment
operating conditions, in-process controls, finished product specifications, and the associated methods and
frequency of monitoring and control.
Tradução livre:
“Estratégia de controle: um conjunto planejado de controles, derivado da compreensão do produto eprocesso, que garantem seu desempenho e qualidade. Os controles podem incluir parâmetros e
atributos relacionados ao IFA e produto acabado, condições operacionais de instalações e
equipamentos, controles em processo, especificações de produtos acabados, os métodos associados e
frequência de monitoramento e controle.”
Desempenho de processo e adequação ao propósito!
ICH Q10: Pharmaceutical Quality System
Use quality risk management to establish the control strategy. This can include parameters and
attributes related to drug substance and drug product materials and components, facility and equipment operating
conditions, inprocess controls, finished product specifications, and the associated methods and frequency of monitoring
and control. The control strategy should facilitate timely feedback / feedforward and appropriate corrective action
and preventive action.
Tradução livre:
“Use o gerenciamento de risco de qualidade para estabelecer a estratégia de controle. Os
controles podem incluir parâmetros e atributos relacionados ao IFA e produto acabado, condições operacionais de
instalações e equipamentos, controles em processo, especificações de produtos acabados, os métodos
associados e frequência de monitoramento e controle.. A estratégia de controle deve facilitar o feedback/feedforward
oportunos e as ações corretivas e preventivas apropriadas”
A definição dos atributos críticos do IFA dependem do QRM
ICH Q9: Quality Risk Management
To establish appropriate specifications, identify critical process parameters and
establish manufacturing controls (e.g., using information from pharmaceutical
development studies regarding the clinical significance of quality attributes and
the ability to control them during processing)
Tradução livre:
“Para estabelecer especificações adequadas, identificar parâmetros de
processo críticos e estabelecer controles de fabricação (por exemplo, usando informações de
estudos de desenvolvimento farmacêutico sobre a significância clínica dos
atributos de qualidade e a capacidade de controlá-los durante o processamento)”
Tudo deve ter um propósito!
Uma especificação com vários testes...
... Não significa, necessariamente, uma boa especificação!!!!
Do ICH Q6A
Specifications are chosen to confirm the quality of the drug substance and drug
product rather than to establish full characterization, and should focus on those
characteristics found to be useful in ensuring the safety and efficacy of the drug
substance and drug product.
Tradução livre:
“As especificações são escolhidas para confirmar a qualidade do IFA e do produto
em vez de estabelecer uma caracterização completa, e deve se concentrar nas
características consideradas úteis para garantir a segurança e a eficácia do IFA e do
produto.”
Conexão entre a especificação e os atributos críticos da
qualidade (CQAs)
CQA: A physical, chemical, biological or microbiological property or characteristic
that should be within an appropriate limit, range, or distribution to ensure the desired
product quality.
Tradução livre
CQA: Uma propriedade ou característica física, química, biológica ou microbiológica
que deve estar dentro de um limite, faixa ou distribuição apropriada para garantir a
qualidade desejada do produto.
Um teste especificado não necessariamente é um CQA
(mas deve ser útil!)
As especificações se perpetuarão
ICH Q8/Q11
ICH Q10
ICH Q9
Tempo (ICH Q12)
ICH Q6
IFA ExcipientesProduto
acabadoControles em
processo
O que isso quer dizer, na prática?
A definição de qualquer aspecto físico-químico do IFA como especificação precisa incluir
uma avaliação de risco:
Boas perguntas a serem feitas:
❖ O quanto esse aspecto auxilia na verificação da performance do processo de fabricação
do IFA ou na rotina?
❖ O quanto esse aspecto pode impactar no produto acabado?
❖ O quanto conheço do meu processo fabril para não considerar determinado aspecto na
especificação?
❖ O quanto conheço sobre o impacto desse aspecto no produto acabado para não
considerá-lo na especificação?
Qual é o objetivo de uma especificação, na prática?
MATERIAIS PROCESSOS
QUALIDADE SEGURANÇA EFICÁCIA
Condições ambientais
Fontes de referência para especificações
- Farmacopeias (monografias específicas para o IFA e/ou forma farmacêutica
com o princípio ativo);
- Drug Master File (Documentação técnica do fabricante do IFA);
- Literatura científica (patentes e literatura científica);
- Legislações e guias (como o ICH e legislações específicas).
Farmacopeias
- Referencia para testes gerais (identificação, perda por secagem e etc) e
critérios de aceitação para assegurar a qualidade de determinados materiais
O risco das especificações farmacopeicas
USP43-NF38: Estradiol. Acesso em 25/04/2021
USP43-NF38: Levonogestrel. Acesso em 25/04/2021
Drug Master File
Fabricante do IFA
- Especificação determinada com base nas estratégias de controle e CQAs
necessários para o seu processo (necessidades que podem não ser iguais às
do fabricante do medicamento)
O risco em seguir integralmente o fabricante do IFA
Ex: polimorfismo
Controlado pelo fabricante do IFA.
Qual o risco para o produto acabado?
https://www.particlesciences.com/news/technical-briefs/2011/biopharmaceutical-classification-system.html
O risco em seguir integralmente o fabricante do IFA
https://www.particlesciences.com/news/technical-briefs/2009/particle-size-distribution.html
Em muitos casos é informativo
Qual o risco para o produto acabado?
Ex: tamanho de partículas
As especificações se perpetuarão
ICH Q8/Q11
ICH Q10
ICH Q9
Tempo (ICH Q12)
ICH Q6
IFA ExcipientesProduto
acabadoControles em
processo
Atributos a serem considerados – Q6A
Descrição
Identificação
Teor
Impurezas
Tamanho de partículas
Polimorfismo
Quiralidade
Umidade
Substâncias inorgânicas
Aspectos microbiológicos
Outros aspectos físico-químicos
Testes universais Testes específicos
Um teste especificado não necessariamente é um CQA
(mas deve ser útil!)
Testes universais: descrição e aspecto
Descrição – Avaliação qualitativa (cor, aspecto físico, odor, etc)
A alteração do aspecto pode ser um indício de impactos futuros (ex:
processabilidade). Pode, também, afetar a aderência ao tratamento.
Identificação – Confirmação de aspectos físicos e químicos do material.
Pode ser considerado um CQA, uma vez que o uso de outra substância pode
impactar na segurança e eficácia do tratamento
Importantíssimos para a produção/controle de qualidade
Recebimento e amostragem
Doseamento
Teste para determinar a quantidade de uma substância em uma determinada
amostra;
Correlação direta entre a quantidade do IFA e resíduos orgânicos e
inorgânicos;
Quanto mais ampla a faixa de doseamento, maior o risco envolvido (qualidade,
segurança e eficácia).
Sobre impurezas
De acordo com o Q6A
Any component of the new drug substance which is not the chemical entity
defined as the new drug substance.
Tradução livre:
“Qualquer componente do IFA que não seja a entidade química definida como
IFA.”
A quantidade que pode estar presente depende do RISCO ENVOLVIDO
Impurezas orgânicas
Podem ser: Materiais de partida, intermediários, subprodutos de síntese e produtos de degradação
Importante avaliar todas as impurezas relevantes quanto ao potencial mutagênico/genótóxico
Desdobramento aos outros guias
Podem estar
abaixo do
limite de
notificação,
mas
representar
risco
Árvore de decisão sobre o controle de impurezas (Q3A)
Impureza conhecida
Impureza conhecida
Impureza desconhecida
Limites superiores aos thresholds especificados
Árvore de decisão sobre o controle de impurezas (Q3A)
Árvore de decisão sobre o controle de impurezas (Q6)
Considera aspectos relacionados à estabilidade
Impureza conhecida
Impureza desconhecida
Fabricante do IFA ≠ Fabricante do medicamento
Exemplo:
Considerando um IFA
com dose máxima
diária de 75 mg no
produto acabado
Continuando o exemplo
Fabricante do IFA (Q3A):
Especificação do produto acabado (ICH Q3B): Impurezas conhecidas e
desconhecidas 1,0%.
Impureza Especificação
Impureza A Máx 0,15%
Impureza B Máx 0,15%
Impurezas individuais desconhecidas Máx 0,10%
Considerando um cenário em quê:
- As impurezas conhecidas do IFA não possuem resposta distinta ao princípio ativo;
- O fabricante do IFA apresenta consistência de resultados durante o ciclo de vida do IFA
(inclusive em estudos de estabilidade);
- Todas as impurezas relevantes do IFA foram avaliadas quanto ao potencial mutagênico
e não apresentam risco;
- Produto acabado não possui riscos relacionados à tendência de aumento de impurezas
mesmo se presentes na concentração de 0,4% na análise de liberação (limite máx
1,0%).
Existe risco em definir uma especificação de impurezas desconhecidas máxima de 0,15%
(contemplando o perfil de impurezas do fabricante do IFA?)
Qual o risco para o produto acabado?
Avaliação de risco quanto a mutagenicidade
Conjunto de impurezas relevantes (oriundas da
síntese e/ou degradação) são identificadas
Ou valores específicos
Identificação das impurezas
relevantes
Avaliação do riscoLiteratura, base de dados, estudos in sílico. Classes 1, 2 e 3 geram
preocupação e precisam de controles distintos ao do ICH Q3A
Determinação de limites
Avaliação de risco quanto a mutagenicidade - Controles
Opção 1: Controle no IFA final, com possibilidade de verificação periódica (desde
que esteja abaixo de 30% do limite em 6 lotes de bancada consecutivos ou em 3
em escala produtiva;
Opção 2: Controle no material de partida ou intermediários em concentrações
abaixo do limite no IFA;
Opção 3: Controle no material de partida ou intermediários em concentrações
superiores ao limite no IFA, porém com gerenciamento do risco com base na
purga/eliminação;
Opção 4: Não controle com base no gerenciamento dos riscos/conhecimento do
processo.
Fabricante do IFA ≠ Fabricante do medicamento
Exemplo:
- Fabricante do IFA identificou uma impureza com potencial mutagênico (limite
de 90 ppm);
- A análise de 3 lotes em escala industrial consecutivos realizada pelo fabricante
do IFA indica resultados abaixo de 30% (Não detectado);
- Análise periódica será realizada por parte do fabricante do IFA;
- Histórico de análises periódicas indica alto controle do processo.
Qual o risco para o produto acabado?
Solventes residuais - Controles
Solventes classe 1 e 2 utilizados como material de partida/reagente: controle necessário
no intermediário ou no IFA final.
Solvente classe 1 como contaminante: avaliar evidências em lotes piloto ou comerciais
do IFA final para confirmar estratégia de controle.
Complemento relacionado
aos controles de
solventes classes 1, 2 e 3
Solventes residuais - Controles
Controle de solventes classe 1 (como contaminante) não é necessário quando:
- Limite do solvente precursor baixo o suficiente para que o solvente classe 1 seja irrelevante
- Evidência analítica de que o solvente classe 1 está abaixo de 30% do limite especificado em 6 lotes
de bancada consecutivos ou 3 em escala industrial
- O solvente precursor controla o solvente classe 1 em sua especificação
Complemento relacionado
aos controles de
solventes classes 1, 2 e 3
Testes específicos
Tamanho de partículas
Polimorfismo
Quiralidade
Umidade
Substâncias inorgânicas
Aspectos microbiológicos
Outros aspectos físico-químicos
Tamanho de partículas
Tamanho e distribuição das partículas
IMPACTO DIRETO NO PROCESSO
https://www.particlesciences.com/news/technical-briefs/2009/particle-size-distribution.html
https://bulkinside.com/pharmaceutical-processing/particle-size-distribution-pharmaceutical-industry/
Especificações de tamanho de partículas dependem do propósito!
Exemplo:
- Processo de fabricação envolve a solubilização do IFA: D(0,9) pode ser
suficiente
- Tamanho das partículas impacta na biodisponibilidade: D(0,9), D(0,5) e D(0,1)
geralmente são necessários
- Processabilidade e uniformidade: dependem da faixa avaliada
Qual o risco para o produto acabado?
Fabricante do IFA ≠ Fabricante do medicamento
O tamanho de partículas pode não ser um atributo crítico para o fabricante do IFA
mas pode ser crucial para o fabricante do medicamento:
Definição da especificação pode depender de uma acordo de qualidade com o
parceiro.
Especificação Fabricante do IFA Fabricante do
medicamento
Tamanho de partículas Informativo D(0,9), D(0,5) e D(0,1)
Polimorfismo
Em alguns casos, a mesma molécula pode possuir diversas estruturas
cristalinas -> POLIMORFISMO
Como essas estruturas são formadas?
Evaporação de solvente
Resfriamento em solução
Difusão por solvente
Difusão por vapor
Sublimação por vácuo
DEPENDE DO PROCESSO DE
FABRICAÇÃO DO IFA
Solubilidade no desenvolvimento de
medicamentos genéricos/similares
A escolha de uma estrutura cristalina distinta à
utilizada pelo medicamento referência pode
gerar diferenças na dissolução do fármaco
-Indicio de diferenças de biodisponibilidade
-https://drug-dev.com/dissolution-testing-exploring-the-link-between-particle-size-dissolution-behavior-for-oindps/
Polimorfismo: quando avaliar?
Ação para mitigação de risco necessária
Qual o impacto para o produto?
Ação para mitigação de risco necessária
Polimorfismo: quando avaliar?
Qual o impacto para o produto?
Ação para mitigação de risco necessária
Fabricante do IFA ≠ Fabricante do medicamento
Ex: polimorfismo
Controlado pelo fabricante do IFA.
Qual o risco para o produto acabado?
https://www.particlesciences.com/news/technical-briefs/2011/biopharmaceutical-classification-system.html
Especificações críticas relacionadas à quiralidade
Descrição
Identificação
Teor
Impurezas
Tamanho de partículas
Polimorfismo
Quiralidade
Umidade
Substâncias inorgânicas
Aspectos microbiológicos
Outros aspectos físico-químicos
Testes universais Testes específicos
Descrição
Identificação
Teor
Impurezas
Testes universais
Árvore de decisão – ICH Q6
Depende da relevância do material (possui
diferenças in vivo entre as formas
enantioméricas?)
Teor de água
Riscos para o IFA:
- Transições cristalinas, degradação do IFA.
Riscos para o produto:
- Formulações sublinguais e orodispersivas: quantidade de água pode afetar a
integridade do comprimido, por exemplo.
Como determinar limites de água?
Sorção dinâmica de vapor
(Dynamic vapor sorption, DVS)
https://www.researchgate.net/figure/Schematic-sketch-of-the-dynamic-vapor-sorption-instrument-DVS-Dry-and-saturated-air_fig10_245516251
Aplicações
https://www.feq.unicamp.br/lrac/documentos/tecnica_dvs.pdf
http://www.tainstruments.com/pdf/literature/TA337%20Investigation%20of%20Pharmaceutical%20Stability%20Using%20DVS.pdf
Qual o risco da umidade para o produto acabado em cada um dos casos?
Outros testes específicos
pH, ponto de fusão e índice de refração
Determinações indiretas de aspectos relacionados à pureza, por exemplo.
Qual o risco e relevância para o produto acabado?
As especificações se perpetuarão
ICH Q8/Q11
ICH Q10
ICH Q9
Tempo (ICH Q12)
ICH Q6
IFA ExcipientesProduto
acabadoControles em
processo
Conclusões
- Muitos testes não necessariamente garantem a qualidade do IFA;
- O gerenciamento de risco só é efetivo quando ocorre de maneira clara e bem
documentada;
- Entender o impacto das especificações pode facilitar a prospecção de novos
parceiros.