delimitação da rede de drenagem utilizando dados srtm, e sua utilização como uma ferramenta de...
DESCRIPTION
A partir de imagens Shuttle Radar Topography Mission (SRTM) é possível construir Modelos Numéricos de Terreno e, a partir desses dados, identificar os limites de bacias hidrográficas, bem como a rede de drenagem. Neste projeto demonstra-se a delimitação da rede de drenagem da bacia hidrográfica que abastece a Represa Jundiaí, localizada no município de Mogi das Cruzes, Estado de São Paulo, utilizando essas imagens. Mediante a utilização do software SPRING 5.0, realizou-se o processamento das imagens SRTM para a região da bacia hidrográfica e gerou-se o Modelo Numérico de Terreno que possibilitou a delimitação da drenagem e da bacia hidrográfica utilizando essa metodologia inovadora do ponto de vista da origem dos dados. Os resultados foram comparados com a cartografia existente do local. Após uma análise da eficiência e eficácia alcançadas com essa nova tecnologia, foi elaborada a caracterização da bacia hidrográfica, tendo como base os dados obtidos anteriormente, e o levantamento dos principais problemas, causas, conseqüências e possíveis medidas mitigadoras, para servirem como base na elaboração do plano de manejo da micro-bacia hidrográfica da represa Jundiaí.TRANSCRIPT
Projeto de Formatura II
Delimitação da rede de drenagem utilizando dados SRTM, e sua
utilização como uma ferramenta de Gestão Ambiental, na gestão de
bacia hidrográfica.
Aluno: Gustavo da Cruz Talon
Curso de Gestão Ambiental
Orientador: Prof Dr. Gerardo Kuntschik
Junho de 2011
Projeto de Formatura II
Delimitação da rede de drenagem utilizando dados SRTM, e sua
utilização como uma ferramenta de Gestão Ambiental, na gestão de
bacia hidrográfica.
Projeto que tem como
finalidade cumprir os créditos
da disciplina ACH1088 -
Projeto de Formatura II, do
curso de bacharelado em
Gestão Ambiental
Junho de 2011
Resumo
A partir de imagens Shuttle Radar Topography Mission (SRTM) é possível
construir Modelos Numéricos de Terreno e, a partir desses dados, identificar os limites
de bacias hidrográficas, bem como a rede de drenagem. Neste projeto demonstra-se a
delimitação da rede de drenagem da bacia hidrográfica que abastece a Represa Jundiaí,
localizada no município de Mogi das Cruzes, Estado de São Paulo, utilizando essas
imagens. Mediante a utilização do software SPRING 5.0, realizou-se o processamento
das imagens SRTM para a região da bacia hidrográfica e gerou-se o Modelo Numérico
de Terreno que possibilitou a delimitação da drenagem e da bacia hidrográfica
utilizando essa metodologia inovadora do ponto de vista da origem dos dados. Os
resultados foram comparados com a cartografia existente do local. Após uma análise da
eficiência e eficácia alcançadas com essa nova tecnologia, foi elaborada a caracterização
da bacia hidrográfica, tendo como base os dados obtidos anteriormente, e o
levantamento dos principais problemas, causas, conseqüências e possíveis medidas
mitigadoras, para servirem como base na elaboração do plano de manejo da micro-bacia
hidrográfica da represa Jundiaí.
1. Introdução
As redes de drenagem indicam, em uma área, o caminho preferencial da água e
auxiliam na determinação de bacias hidrográficas e na sua melhor forma de manejo
[ROSIM apud K2]. Os métodos tradicionais para a definição de drenagem como a
observação de campo, a fotointerpretação ou por curvas de nível não são precisos [K2].
Atualmente, com a utilização de Modelos Numéricos de Terreno (MNT) é possível
delimitar essas áreas com maior precisão, o que auxilia no manejo adequado das
mesmas para a preservação dos corpos hídricos em especial aqueles destinados aos
sistemas de abastecimento.
O Sistema Produtor Alto Tietê (SPAT) é composto pelos reservatórios: Ponte
Nova no município de Salesópolis, Jundiaí em Mogi das Cruzes, Taiaçupeba na divisa
de Mogi das Cruzes e Suzano, Biritiba em Biritiba - Mirim e Paraitinga em Salesópolis.
As represas são formadas por afluentes do Rio Tietê e formam um sistema em cascata,
no qual os reservatórios são interligados através de sistemas de túneis e canais. O
sistema é operado pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo
(SABESP) e foi criado há aproximadamente 60 anos, visando aumentar a captação de
água para abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) e evitar
enchentes do Rio Tietê. Atualmente, o sistema fornece 10 m³/s de água bruta para a
Estação de Tratamento de Águas da SABESP em Taiaçupeba [DAEE].
A ocupação urbana vem avançando em direção ao Sistema Produtor Alto Tietê,
o que gera riscos altíssimos de poluição e contaminação dos mananciais que lá se
encontram. A expansão desordenada da população, sobretudo de baixa renda, para as
zonas periféricas gera uma série de problemas sociais e ambientais. A falta de infra-
estrutura adequada termina por gerar diversos danos ambientais decorrentes da
ocupação de áreas de proteção a mananciais e das várzeas, como é o caso do
reservatório Jundiaí [SILVA e PORTO, 2003]. Exemplos da expansão desordenada,
conjunta à falta de políticas públicas eficientes, não faltam na RMSP para demonstrar
como isso pode ser danoso aos mananciais, à população e aos cofres públicos.
Um dos problemas principais relativos à proteção de mananciais, sobretudo na
RMSP, está relacionado ao disciplinamento do uso e ocupação do solo. Somente um
sistema integrado de gestão entre os órgãos municipais, estaduais e federais,
conjuntamente aos órgãos responsáveis pelos recursos hídricos, comitês e agencias de
bacia e sociedade civil, pode trazer soluções a este problema [SILVA e PORTO, 2003].
Para o professor Pedro Jacobi [2011], é exatamente essa inserção da sociedade
civil em processos decisórios na gestão da água, buscando uma política abrangente, que
representa o maior desafio. De acordo com o professor, a governança da água é um
meio que propõe a “real ligação entre as demandas sociais e sua interlocução ao nível
governamental” [JACOBI,2011].
O conceito de governança pode ser entendido como sendo um:
“[...] conjunto de mecanismos e procedimentos para lidar com a dimensão participativa e plural da sociedade, o que implica expandir e aperfeiçoar os meios de interlocução e de administração do jogo de interesses. As novas condições internacionais e a complexidade crescente da ordem social pressupõem um estado dotado de maior flexibilidade, capaz de descentralizar funções, transferir responsabilidades e alargar, em lugar de restringir, o universo dos atores participantes, sem abrir mão dos instrumentos de controle e supervisão” [DINIZ,1997 apud FRACALANZA & CAMPOS, 2010].
É buscando esse nível de inter-relações que o manejo de recursos hídricos,
sobretudo nas áreas de mananciais e reservatórios para abastecimento urbano deve ser
pensado.
Neste trabalho utiliza-se o conceito de redes de drenagem que, segundo
Chorowicz et. al [1992], são obtidas por observação de campo, fotointerpretação ou
extração direta a partir de mapas topográficos, ou indiretamente por meio de curvas de
nível [K2].
Segundo Martins [2007], o estudo da rede de drenagem e das bacias
hidrográficas é importante para a compreensão de vários processos ativos na
esculturação da paisagem terrestre e a configuração da rede de drenagem reflete a
estruturação geológica e a evolução morfogenética regional.
O conceito de bacia hidrográfica utilizado nessa pesquisa foi definido por
Borsato & Martoni [2004] como sendo uma “área limitada por um divisor de águas, que
a separa das bacias adjacentes e que serve de captação natural da água de precipitação
através de superfícies vertentes. Por meio de uma rede de drenagem, formada por cursos
d’água, ela faz convergir o escoamento para a seção de exutório, seu único ponto de
saída”. Dessa forma, seria lógico que olhassem para esse território como sendo uma
área integrada, e assim deveria ser sua gestão.
A bacia hidrográfica se mostra como o local de interação entre meio físico,
biótico, social, econômico e cultural [YASSUDA, 1993], sendo de imensa necessidade
relacionar todos esses fatores para uma gestão eficaz e efetiva. Devido essa capacidade
de integração relacionada à bacia hidrográfica como unidade territorial, mostra-se de
grande importância levar esse modelo em consideração, não apenas na gestão de
recursos hídricos, mas também em diversas outras áreas, buscando, cada vez mais, uma
maior integração.
As bacias hidrográficas foram definidas como unidade territorial na gestão de
recursos hídricos do país, buscando uma gestão integrada e descentralizada dos usos
múltiplos da água. Foi instituída como tal para a implementação da Política Nacional de
Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Recursos Hídricos, propondo uma
política participativa e enfatizando a prática de planejamento do uso e conservação dos
recursos hídricos, determinando a elaboração de planos de bacia hidrográfica e de um
plano nacional consolidado [JACOBI]. A determinação por utilizar os limites das bacias
hidrográficas como unidade territorial na gestão, deve-se pelo fato de esse tipo de
delimitação permitir uma abordagem integrada necessária na gestão de recursos
hídricos.
Quando se pensa na gestão de recursos hídricos, deve-se pensar num sistema
baseado na tríade descentralização, participação e integração, e a partir disso elaborar
um sistema visando à qualidade e quantidade das águas por meio de ações que
promovam os usos múltiplos dos recursos hídricos [JACOBI, 2011]. Essa decisão
culminou na delimitação de Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos, cujos
órgãos consultivos e deliberativos de gerenciamento são denominados Comitês de
Bacias Hidrográficas. De certa forma a decisão, expressa na Política Nacional de
Recursos Hídricos, em adotar a bacia hidrográfica como unidade regional de
planejamento e gerenciamento das águas, foi pensando nessa tríade, descentralizando o
poder de decisão, incentivando a participação de todos atores envolvidos e buscando a
maio integração possível. Mas ainda assim isso se mostra um desafio enorme, e não
significa que esteja funcionando.
A bacia hidrográfica como unidade geográfica é ideal para se caracterizar,
diagnosticar, avaliar e planejar o uso dos recursos. Uma das formas de se concretizar a
necessidade de conservação dos recursos hídricos e a disseminação de informações
sobre as características da água, sua disponibilidade e fragilidade é com a realização do
manejo integrado de bacias hidrográficas (MIBH) [(EMBRAPA, 2003]. Cada bacia
hidrográfica possui características diferentes, e é a partir delas que se determina qual o
tipo de bacia, sua aptidão, potencial, limitações e problemas. Sendo assim, é essencial
que se desenvolva a caracterização da bacia hidrográfica, que de acordo com Faustino,
(1996) inclui levantamento das condições físicas, climáticas e topográficas da área,
inventário e situação dos recursos naturais, condições sócio-econômicas e culturais da
população e identificação dos organismos públicos e privados do sistema institucional
que desenvolvam ações na bacia.
Faustino (1996), mostra em seu trabalho o avanço no conceito de manejo de
bacia hidrográfica, e por fim o conceitua como sendo “uma ciência ou arte que trata da
gestão para se conseguir o uso apropriado dos recursos naturais em função da
intervenção humana e suas necessidades, proporcionando ao mesmo tempo a
sustentabilidade, a qualidade de vida, o desenvolvimento e o equilíbrio do meio
ambiente”. Nota-se a necessidade de integração entre as diversas áreas do conhecimento
para um planejamento efetivo para a bacia em questão.
Mais especificamente, o plano de manejo integrado de bacias hidrográficas, é
uma proposta para atender os usos múltiplos dos recursos naturais, respeitando a
capacidade suporte dos ecossistemas envolvidos e suas aptidões. Buscando assim a
prevenção, correção e mitigação de prováveis impactos ambientais indesejáveis sob o
ponto de vista econômico, social e ecológico [SOUZA e FERNANDES, 2000]. Nesse
caso, uma matriz lógica deve ser elaborada, levantando os problemas existentes na
bacia, suas causas, conseqüências e soluções, que juntamente com a caracterização da
área servem de apoio ao plano de manejo integrado de bacia hidrográfica.
Pelo fato da área de estudo se tratar do entorno de um reservatório para
abastecimento humano, o estudo da rede de drenagem a partir da geração de um modelo
numérico de terreno por imagens SRTM e a comparação dos resultados com a
delimitação atual da bacia permitirá fazer inferências quanto à modificação dos limites
do reservatório e da rede de drenagem da bacia. Esta informação pode ser importante no
planejamento do uso e ocupação do solo visando o não assoreamento e redução do
tamanho do reservatório. Dessa forma, o passo fundamental para se pensar no manejo
da bacia referente ao reservatório Jundiaí, é extrair a sua rede de drenagem e delimitar
os divisores de água que a formam. Para esse trabalho, pretende-se testar e utilizar
métodos automáticos de delimitação de bacias hidrográficas.
Atualmente existem dois grandes conjuntos de dados topográficos obtidos
mediante sistemas orbitais, que cobrem uma grande parte da superfície terrestre: Shuttle
Radar Topography Mission - SRTM: Missão Topográfica por Radar do Ônibus Espacial
(NASA, 2010), gerados pela Agência Espacial Norte Americana, NASA, e
disponibilizadas no Brasil pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e pela
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA). O outro conjunto de
informações disponíveis foi gerado a partir de imagens do sensor Advanced Spaceborne
Thermal Emission and Reflection Radiometer – ASTER, desenvolvido pela Agência
Espacial Japonesa JAXA e que se encontra a bordo do satélite TERRA [JAXA, 2010].
A missão SRTM ocorreu em fevereiro de 2000 e teve como objetivo adquirir
dados de altimetria, em uma escala quase global, a partir de radares para a geração da
mais completa base de dados de alta resolução digital topográfica da Terra. Embora as
imagens geradas tenham uma resolução original de 30 metros, as imagens referentes à
America do Sul foram disponibilizadas pela NASA em resolução de 90 metros.
Posteriormente as imagens do Brasil foram tratadas e disponibilizadas pela EMBRAPA
e pelo INPE com resolução de 30 metros [K2][NASA], porem, os processamentos
executados pelo INPE e pela EMBRAPA não conseguiram fornecer como produtos
imagens que atingissem a precisão dos dados originais gerados pela NASA.
As imagens geradas a partir do sensor ASTER foram obtidas e divulgadas com
resolução de 30 x 30 metros, entretanto no Brasil elas sejam pouco conhecidas e
utilizadas.
O primeiro objetivo geral desse trabalho é delimitar o caminho preferencial da
drenagem dentro da bacia hidrográfica da Represa Jundiaí, localizada no município de
Mogi das Cruzes, a partir da utilização de imagens do conjunto de dados topográficos
obtidos mediante o sistema orbital SRTM. Além disso, pretende-se realizar a
comparação da bacia gerada automaticamente com a cartografia utilizada atualmente
pela SABESP, e inferir sobre a possibilidade de sua utilização como uma eficaz
ferramenta de gestão ambiental.
O segundo objetivo trata-se de, uma vez confirmada a eficiência e eficácia na
utilização da metodologia como uma importante ferramenta, utilizar, alem de outros, os
dados obtidos para elaborar a caracterização sócio-ambiental da bacia hidrográfica.
Alem disso, pretende-se caracterizar a área da micro-bacia a partir dos dados obtidos
anteriormente, levantando os principais problemas existentes no local, suas causas,
conseqüências e possíveis soluções. Ambos dados levantados poderão ser utilizados
para o manejo integrado da bacia hidrográfica, buscando o uso racional dos recursos ali
existentes.
O primeiro objetivo geral desse projeto foi alvo de uma pesquisa de iniciação
científica em 2010, desenvolvida pelo mesmo autor e orientador, a qual buscou
determinar, a partir da utilização de dados SRTM, os limites da bacia hidrográfica da
represa Jundiaí automaticamente. Alem disso, analisou a eficácia e eficiência da
utilização da metodologia como uma ferramenta de gestão. A partir dos resultados dessa
pesquisa, que se mostrou bastante favorável à utilização dessa metodologia inovadora,
foi dada continuidade à pesquisa, demonstrando uma utilização pratica da ferramenta
aplicada à gestão ambiental, que nesse caso se encerra na gestão de recursos hídricos.
Os resultados da primeira fase dessa pesquisa foram publicados no XV Simpósio
Brasileiro de Sensoriamento Remoto em Curitiba, em abril de 2011.
Outros trabalhos relacionando as diferentes formas de extração automáticas de
bacia já foram realizados. Mantelli et al [2011] comparou as diferenças dos limites
obtidos pelas imagens SRTM já trabalhas, entre as originais da NASA e imagens
ASTER. O autor também aponta outras possibilidades de utilização da ferramenta na
gestão ambiental.
O software escolhido para o desenvolvimento do trabalho é o SPRING versão
5.0 e, posteriormente, versão 5.1, desenvolvido pelo INPE e de distribuição gratuita.
Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) entre as
aplicações deste formato de imagem estão programas de manejo de bacias hidrográficas,
os estudos de conservação de solos para identificar e evitar erosões e há também a
possibilidade de corrigir possíveis erros de traçados de curvas de nível desenvolvidas
através de instrumentos óticos.
2. Metodologia
Para atingir o primeiro objetivo geral do trabalho, que consta em testar a
utilização de imagens SRTM como base para determinar os limites da bacia
hidrográfica em questão automaticamente, fez-se uma pesquisa bibliográfica sobre as
principais aplicações gerais de imagens SRTM, em especial para a delimitação de
bacias hidrográficas. Além de uma pesquisa exploratória sobre as imagens SRTM
referentes à Represa Judiaí, bem como seu georreferenciamento.
Nesta pesquisa verificou-se a dificuldade de acesso às imagens da base de dados
da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) para a área em questão,
as quais não estavam disponíveis de imediato, entretanto foi possível acessá-las
posteriormente. Desse modo as imagens utilizadas neste trabalho são as disponibilizadas
tanto pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) como pela EMBRAPA.
As imagens obtidas para o projeto foram trabalhadas utilizando o programa
SPRING em suas versões 5.0 e 5.1. Além desse, utilizou-se o software IDRISI Andes
para a delimitação automática da bacia hidrográfica a partir da rede de drenagem da área
de estudo (obtida com o software SPRING com base na imagem SRTM).
Com o software SPRING, a partir da imagem SRTM do local, foi feita,
inicialmente, a delimitação da área de estudo, e em seguida a elaboração de um modelo
numérico de terreno para a bacia. A partir disso gerou-se a rede de drenagem da área,
também utilizando o software SPRING, e em seguida, utilizou-se o IDRISI Andes para
a delimitação automática da bacia a partir da rede de drenagem obtida anteriormente.
Além dos limites gerados automaticamente pelo IDRISI Andes, para efeitos
comparativos utilizou-se o software SPRING para a delimitação manual da bacia a
partir de curvas de nível obtidas com a imagem SRTM. Por fim, os resultados foram
comparados com a cartografia dos limites da bacia atualmente utilizada pela SABESP.
A Figura 1 apresenta uma imagem óptica de alta resolução do Google Earth com
a área de estudo, e sua localização no mapa:
Figura 1: Área de estudo e sua localização espacial no Estado de São Paulo.
O primeiro objetivo geral do trabalho foi atingido durante um ano de pesquisa,
que esse mesmo autor realizou, no decorrer do ano de 2010, e foi publicado no XV
Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto em abril de 2011 em Curitiba.
Para se atingir o segundo objetivo geral do trabalho, visando à caracterização da
área de estudo, foi necessário: levantar dados referentes às condições físicas, climáticas
e topográficas do local, o que se foi feito através de pesquisas a órgão oficiais, pesquisas
a campo, laudos técnicos e artigos científicos; inventariar e determinar a situação dos
recursos naturais, o que foi feito, principalmente, com visitas ao local de estudo;
determinar as condições sócio-econômicas e culturais da população, dados alcançados
através de consultas a órgãos públicos, como prefeituras e censos demográficos e visitas
ao local e; identificar os organismos públicos e privados que atuam na bacia, os quais
foram identificados a partir de consultas bibliográficas e à órgãos públicos, alem de
visita e entrevistas informais na área da represa.
Em seguida, foram levantados os principais problemas existentes na bacia, suas
causas, conseqüências e possíveis soluções, através de uma visita ao local de estudo no
inicio de maio de 2011, pesquisas em órgãos oficiais, entrevistas informais com a
população local e pesquisas bibliográficas. E assim, levantar os principais problemas da
região, pesquisar suas causas e conseqüências, que são imprescindíveis na elaboração de
um plano de manejo.
3. Local de estudo
A represa Jundiaí é um dos reservatórios que compõe o Sistema Produtor Alto
Tiete. Toda a captação de água do Sistema ocorre na ETA Taiaçupeba, responsável pelo
fornecimento de água a 3,5 milhões de pessoas atualmente. Em um estudo realizado
pela SABESP (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), foi previsto
um grande aumento na demanda de água pela população nos próximos anos. De acordo
com o estudo, se hoje todo o Sistema Integrado da Região Metropolitana produz 68 m³/s
de água, estima-se que, em 2025 será necessário produzir no mínimo 80,8 m³/s para
suprir à demanda da população [CAB SPAT].
Devido a essa crescente demanda, o Plano Diretor de Abastecimento de Água da
Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) recomendou a ampliação da Estação de
Tratamento de Água Taiaçupeba, que passará a fornecer água para 5 milhões de
habitantes, de acordo com a Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos do Estado de
SP [2011]. Da mesma forma, todo o Sistema Produtor do Alto Tietê será ampliado, hoje
contribuindo com 10 m³/s passará a contribuir com 15 m³/s com sua ampliação, o que
representará 22% de toda água captada na RMSP, passando a ser o segundo maior
Sistema Produtor depois do da Cantareira [SABESP]. A seguir (Figura 2) encontra-se a
dinâmica de funcionamento do Sistema Alto Tiete.
Figura 2 – Dinâmica de funcionamento do Sistema Alto Tietê
Para que esse aumento no fornecimento se concretize, é necessário manter e
garantir a sanidade de todos os reservatórios envolvidos. E para isso, um plano de
manejo integrado é de imensa necessidade. É importante então, que se conheça as
características de cada reservatório, para que seja possível entende-los de forma
integrada e garantir o pleno funcionamento dos Sistemas Produtores da RMSP.
A represa Jundiaí, integrante do Sistema Produtor Alto Tietê, passou a ser
utilizada no mesmo ano da inauguração da ETA Taiaçupeba em 1992 [CAB SPAT].
Abaixo se encontram dados técnicos referentes à represa Jundiaí que foram extraídos do
portal do Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo (DAEE) e
Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos do Estado de São Paulo (SSRH).
RESERVATÓRIO JUNDIAÍ
Volume Armazenado 79,5%
Área de Drenagem 116 km²
Área inundada 17.42 km²
Volume útil 60x106 m³
Vazão regularizada 2.10 m³/s
Fonte: site
DAEE e SSRH
TABELA 1– Dados técnicos referente ao reservatório Jundiaí
A represa encontra-se inserida integralmente em Mogi da Cruzes, que é um
município da RMSP e faz parte do conhecido "Cinturão Verde", distribuindo sua
produção de hortifrutigranjeiros para toda Região Metropolitana de São Paulo e também
Rio de Janeiro. De acordo com o ultimo censo demográfico sua população é de 387.779
habitantes, e possui densidade demográfica de 543,65 hab/Km² [IBGE,2010]. O fato de
o município não possuir grande densidade demográfica, em parte é explicada pela
grande quantidade de estabelecimentos agropecuários existentes. Ainda com base no
censo de 2010 do IBGE, Mogi das Cruzes possui em torno de 15 mil estabelecimentos
agropecuários, ocupando cerca de 20 mil hectares da área do município. Ou seja, dos
quase 713 Km² que possui, aproximadamente 200 Km² do município, em torno de 28%
do território, é destinado à produção agropecuária [IBGE, 2010].
Devido a grande disponibilidade de água e características favoráveis, muitos
desses estabelecimentos se encontram nas margens das represas do município. Grande
parte do entorno da Represa do rio Jundiaí, é composto por atividades agrícolas,
silviculturas e pequenas áreas residenciais. A discrição do entorno da represa será feito
com detalhamento no item a seguir.
Apesar de o reservatório Jundiaí se encontrar integralmente no município de
Mogi das Cruzes, o que facilitaria sua gestão, o mesmo situa-se entre quatro distritos,
cada um com sua sede administrativa. É exatamente por esse motivo que a gestão das
bacias é feita independente de sua localização territorial, tendo a bacia hidrográfica
como unidade de gestão, já discutido anteriormente. De qualquer forma, o reservatório
encontra-se entre o distrito de Biritiba Ussu a leste, Taiaçupebe a sudoeste, Jundiapeba a
oeste e Braz Cubas ao norte. Na figura (Fig.3) a seguir encontra-se o território de Mogi
das Cruzes dividido em seus distritos e, destaca-se a localização espacial do reservatório
Jundiaí no território do município (centro sul).
FIGURA 3 – Divisão territorial de Mogi das Cruzes
Como nota-se na imagem a seguir (Fig. 4), grande parte do município de Mogi das
Cruzes, inclusive toda a área de estudo, é classificada como Área de Preservação e
Recuperação de Mananciais (APRM), As APRMs foram criadas pela Lei de Proteção
das Bacias Hidrográficas dos Mananciais de Interesse Regional do Estado de São Paulo
(Lei Estadual 9.866/97). De acordo com a Política Estadual de Recursos Hídricos (LEI
n. 7.663/91), as APMRs se enquadram nas Unidades de Gerenciamento de Recursos
Hídricos (UGRHI), e são definidas como “uma ou mais sub-bacias hidrográficas de
interesse regional para abastecimento público” [LEI n. 7.663/91]. A micro-bacia do
reservatório de Jundiaí, assim como todo o município de Mogi das Cruzes faz parte da
UGRHI 6 [SIGRH].
FIGURA 4 – Mapa das Áreas de Mananciais da Região Metropolitana do Estado
de São Paulo
4. Delimitação automática da micro-bacia do reservatório Jundiaí
A realização de um Plano de Manejo eficiente para qualquer bacia hidrográfica
demanda uma série de conhecimentos e materiais a respeito do local. Para essa
pesquisa, que tem como alvo de estudo o reservatório Jundiaí, é de extrema importância
que inicialmente se determine os limites da micro-bacia que contem o reservatório. Essa
micro-bacia será a unidade de gestão utilizada como base para qualquer política publica
no local. Entretanto, mesmo que pensada separadamente, é importante ressaltar que
todas essas micro-bacias formam uma mesma sub-bacia, e com isso sempre se deve
pensar na integração entre as políticas.
Muitas são as formas de se extrair os limites de uma bacia como citado
anteriormente, porém o que se propõe nessa pesquisa é a delimitação automática da
Bacia, para se utilizar como base para a elaboração do Plano de Manejo e,
consequentemente, da elaboração de políticas públicas para o reservatório Jundiaí. Para
tanto, para se determinar os limites da micro-bacia da Represa Jundiaí, utilizou-se como
base imagens SRTM.
Inicialmente, foi necessária a extração da rede de drenagem da região. Para a
extração de redes de drenagens, os Modelos Digitais de Terreno (MNT), derivados de
imagens SRTM, se mostram bastantes úteis. Sendo assim, a partir de dados SRTM, foi
gerado um MNT da área de estudo. Na Figura 5 é apresentado o Modelo Numérico de
Terreno da área que drena para o reservatório, a qual foi utilizada como base para o
restante dessa primeira pesquisa.
Figura 5: Imagem SRTM da área de estudo no software SPRING 5.1
A partir do modelo numérico de terreno acima, também utilizando o software
SPRING, gerou-se a delimitação da rede de drenagem da área de estudo, sendo possível
notar o caminho preferencial que a água percorre no solo. Com a rede de drenagem
gerada, torna-se possível a delimitação da bacia hidrográfica manual ou
automaticamente. Na figura 6 encontra-se a rede de drenagem gerada utilizando o
software SPRING 5.1.
Figura 6: Rede de drenagem gerada pelo SPRING 5.1.
Com a rede de drenagem gerada, utilizou-se o software IDRISI Andes para a
delimitação automática da bacia hidrográfica na qual a represa Jundiaí está contida. Na
figura 7 apresenta-se o resultado da geração automática da bacia, em verde, sobre a rede
de drenagem gerada anteriormente, em branco.
Figura 7: Bacia gerada automaticamente pelo IDRISI sobre rede de drenagem.
Para efeitos de comparação, utilizando o modelo numérico de terreno
apresentado anteriormente, utilizou-se o SPRING para a geração de curvas de nível com
eqüidistância de 30 metros. Com as isolinhas foi possível a delimitação manual da bacia
hidrográfica que contem a represa Jundiaí, traçando a delimitação manualmente pelos
divisores de água da bacia. Na figura 8 mostra-se o resultado dessa delimitação manual,
em amarelo, feita a partir das curvas de nível do local e sobreposta à rede de drenagem
gerada anteriormente.
Figura 8: Delimitação manual da bacia hidrográfica feita a partir das curvas de
nível, obtidas com SPRING, sobreposta à rede de drenagem gerada anteriormente.
Teve-se como base de comparação a cartografia da área utilizada pela SABESP,
que conta com a bacia hidrográfica do local obtida a partir de observação de campo, a
qual foi cedida pela SABESP para esta pesquisa. O arquivo vetorial, contendo os limites
da bacia cedido pela SABESP foi importada para o SPRING, em vermelho, e
sobreposta à rede de drenagem do local, o resultado encontra-se na figura 9, a seguir.
Figura 9: Delimitação da bacia hidrográfica, cedida pela SABESP, sobreposta à
rede de drenagem.
Sendo assim, teve-se como resultado a rede de drenagem gerada a partir de
dados SRTM e três delimitações diferentes de bacias hidrográficas que foram
comparadas entre si para atingir às finalidades do projeto. Uma delas foi cedida pela
SABESP, outra foi gerada manualmente a partir de curvas de nível do local derivadas
de imagens SRTM e, por fim, outra delimitação feita automaticamente a partir da rede
de drenagem obtida anteriormente.
4.1 Análises dos resultados
Utilizando imagens SRTM foi gerado, com o software SPRING, um plano de
informação representando a rede de drenagem do local, o qual foi necessário para a
delimitação automática da bacia hidrográfica com o software IDRISI. A bacia gerada,
em verde, foi sobreposta àquela fornecida pela SABESP, em vermelho, como mostra a
figura 10 a seguir:
Figura 10: Limites da bacia gerados automaticamente, em verde, sobreposta aos
limites da bacia cedidos pela SABESP, em vermelho, e a rede de drenagem obtida.
Para analisar os resultados, devem-se levar em conta as limitações existentes nas
imagens SRTM utilizadas, as quais sofreram diversas transformações. Lembrando que
as mesmas foram obtidas pela NASA com a resolução de 30 x 30 metros, porém
disponibilizadas com a resolução de 90 x 90 metros. No Brasil foram transformados
pelo INPE e EMBRAPA para uma resolução de 30 x 30 metros, entretanto a qualidade
das imagens não é igual às originais obtidas pela NASA.
Ao analisar apenas a bacia hidrográfica cedida pela SABESP, em vermelho,
sobreposta à rede de drenagem gerada a partir da imagem SRTM, notam-se duas
grandes falhas. A primeira no canto superior esquerdo, quando a bacia cruza os drenos
de forma inapropriada e a segunda no centro da imagem na parte de baixo, quando a
delimitação não obedece à drenagem do local. Outros erros menores aparecem, mas não
seriam relevantes a ponto de prejudicar a gestão do local. Pode ser que tenha havido
alguma dificuldade, pela SABESP, na coleta de dados no local para a delimitação da
bacia.
Quando comparada com a bacia gerada automaticamente pelo IDRISI Andes,
em verde, percebe-se que a maior diferença foi exatamente nessas duas grandes falhas
encontradas anteriormente e, inclusive há, também a correção de outros pequenos erros.
Nota-se que no canto superior esquerdo, na bacia gerada automaticamente, ainda existe
um pequeno erro, muito menos relevante do que o encontrado na bacia em vermelho e
que, provavelmente, não prejudicaria de modo significativo a gestão da área. Dessa
mesma forma, na região central na parte de baixo, o erro foi completamente corrigido.
Para mais uma comparação e comprovação, optou-se por delimitar a bacia
hidrográfica da área de um modo mais tradicional, utilizando curvas de nível. As
isolinhas foram geradas com uma eqüidistância de 30 metros a partir da imagem SRTM,
e teve como resultado uma terceira delimitação, em amarelo, a qual foi comparada com
as demais. Na figura 11 a seguir encontra-se a sobreposição das três bacias e a rede de
drenagem.
Figura 11: Sobreposição dos três limites da bacia obtidas e a rede de drenagem
do local: linha vermelha, bacia utilizada pela SABESP; linha verde, bacia gerada
automaticamente pelo IDRISI e; linha amarela, bacia gerada manualmente a partir de
curvas de nível.
Com essa sobreposição, observa-se que a bacia gerada manualmente a partir de
curvas de nível se assemelha muito com a gerada automaticamente pelo IDRISI, a não
ser por um pequeno erro no canto superior esquerdo, o que não causaria grandes
problemas. Isso permite especular que os limites da bacia gerados automaticamente
parecem ter ficado mais fieis à realidade do que os limites da bacia fornecidos pela
SABESP.
5. Caracterização da micro-bacia do reservatório Jundiaí
Uma vez que a eficiência do método tenha sido comprovada, utilizaram-se as
informações e imagens geradas automaticamente através da utilização de Sistema de
Informação Geográfica (SIG), como base para a realização do diagnóstico sócio-
ambiental do entorno da represa. Essa é apenas uma das possibilidades de se utilizar a
ferramenta testada anteriormente, sendo de grande relevância para diversas áreas do
conhecimento científico. A seguir encontra-se uma figura (Fig. 12) gerada pela
sobreposição de dos limites obtidos automaticamente na etapa anterior com uma
imagem de alta resolução obtida com o software Google Earth, a qual foi determinante
na hora do levantamento de dados acerca do local.
Figura 12 – Sobreposição dos limites da bacia obtidos automaticamente com
imagem do Google Earth.
Os dados apresentados nesse item serão os, que de acordo com Tucci & Mendes
[2006], são necessários para a realização da caracterização de uma bacia hidrográfica.
Ainda em acordo com os autores, as fontes de dados pesquisadas, para dados
secundários, foram banco de dados oficias, universidades, centros de pesquisa,
organizações não governamentais, entre outros. Alem disso, serão apresentados também
os dados levantados em visita ao local.
5.1 Caracterização do meio físico
Geologia e geomorfologia
A geologia da micro-bacia é bastante diversificada. Na sua porção ao Sul, uma
grande parte da represa encontra-se sobre rochas granitóides foliadas ou alteradas,
formadas por granito-gnaisse porfiroplástico, gnaisse granítico e biotita
predominantemente milonítico. O restante dela econtra-se sobre: depósitos aluviais,
com predominância de material areno-argiloso; formação Resende, que é um sistema de
leque associados à planície aluvial de rios entrelaçados; micaxisto com metaquartzito e
metassiltito subordinado; rochas predominantemente gnáissicas e; quartzitos com
ocorrência de metassiltito e xisto.
O conhecimento da geologia do local se mostra importante, uma vez que é uma das
principais componentes que determinam o tipo de solo que existirá no local. Alem de
passar a ser conhecido se as rochas possuem características para serem fraturadas ou
porosas, abrigar aqüíferos, lençóis freáticos, etc.
A seguir encontra-se o mapa geológico da Região Metropolitana de São Paulo (Fig.
13), com destaque para a área do reservatório Jundiaí, em Mogi das Cruzes.
Figura 13 – Mapa geológico da RMSP, com destaque para a represa Jundiaí.
A área de estudo está situada na sub-região “Cabeceiras” da bacia hidrográfica Alto
Tietê, a qual abrange toda a bacia a montante da barragem da penha. Essa sub-região
está localizada, com base no Mapeamento Geomorfológico do Estado de São Paulo
[apud COMITE DA BACIA HIDROGRÁFICA ALTO TIETE, 2009], na Unidades de
Relevo Regional denominada Planalto Paulistano/Alto Tietê, que com outras três
unidades constituem a Bacia Hidrográfica do Alto Tiete.
A Unidade Planalto Paulistano/Alto Tietê tem ocorrência predominante na bacia e
integra o compartimento denominado Planalto Atlântico, pertencente à Unidade
Morfoestrutural Cinturão Orogênico do Atlântico [COMITE DA BACIA
HIDROGRÁFICA ALTO TIETE, 2009]. O Planalto Paulistano é condicionado a áreas
de constituição cristalina e caracteriza-se pela dominância de formas de relevo
suavizadas e serras localizadas, em cotas altimétricas variando entre 715 a 900 metros.
Este planalto compreende uma área de 500 km2 [HATAE, 2005].
Na sub-região cabeceiras, os sedimentos aluviais existentes constituem amplas
várzeas, tanto do Rio Tietê, como de diversos de seus tributários, destacando o conjunto
Taiaçupeba/Jundiaí, próximo da área de estudo [COMITE DA BACIA
HIDROGRÁFICA ALTO TIETE, 2009].
Em termos estruturais ressalta-se, a orientação das diversas lineações ocorrentes,
ressaltando-se importantes falhamentos transcorrentes abrangendo esta Sub-Região em
toda sua extensão. Entretanto, de acordo com o Plano da Bacia Hidrográfica Alto Tietê
[2009], não há nenhuma falha relevante nas proximidades da cidade de Mogi das
Cruzes.
A Unidade Planalto Paulistano/Alto Tietê possui declividades médias entre 10% e
20%, com altimetria predominantes entre 800 e 1000 metros. O padrão da drenagem
existente é do tipo dendrítico, comumente controlada pelos lineamentos estruturais das
rochas. Destaca-se a presença de três serras que atingem altitudes compreendidas entre
1.000 e 1.150 metros: Itapeti, em Mogi das Cruzes, Cantareira e Itaqui [COMITE DA
BACIA HIDROGRÁFICA ALTO TIETE, 2009].
O mapa topográfico utilizado na caracterização, também foi gerado
automaticamente, utilizando dados SRTM e o software SPRING. O mapa já foi
apresentado na figura 8.
Caracterização do solo
Na Unidade Planalto Paulistano/Alto Tietê, tendo em vista os litotipos geradores,
em que predominam xistos, migmatitos e granitos, os solos são do tipo podzólico
Vermelho-Amarelo e Cambissolos [COMITE DA BACIA HIDROGRÁFICA ALTO
TIETE, 2009].
De acordo com o Mapa de Solos do Estado de São Paulo [OLIVEIRA, 1999 apud
SARRAIPA, 2003], a região de estudo, compreendida pela micro-bacia do reservatório
Jundiaí, possuí, basicamente, dois tipos de solos. Ao norte da bacia há a predominância
de argissolos, enquanto ao sul da represa, encontrasse cambissolos. De acordo com
Sarraipa [2003], toda a área compreendida pelo reservatório em estudo está sobre solos
bastante rasos. Nas figuras a seguir serão apresentados o Mapa de Solos do e o Mapa de
profundidade dos solos do Estado de São Paulo (Fig 14 e 15, respectivamente).
Figura 14 – Mapa de Solos do Estado de São Paulo
Figura 15 – Mapa da profundidade dos solos no estado de São Paulo
De acordo com o Plano da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê [2009], a unidade
morfológica, em que a Represa Jundiaí se insere, está atualmente sob a ação de
“processos erosivos generalizados de denudação, que se caracteriza pela configuração
de morros médios e altos de topos convexos, com altimetria predominantemente
compreendida entre 800 e 1.000m”.
Como pode ser visto no mapa da figura 16 a seguir, toda a região da micro-bacia
inserida no distrito de biritiba ussu, a leste da represa, bem como a porção ao sul do
reservatório, apresenta alta susceptibilidade a erosão nos solos e subsuperficiais (rochas
cristalinas). O restante da área da micro-bacia é classificada como sendo de baixa
susceptibilidade a erosão. Em visita ao local notou-se que a maior parte dos
empreendimentos, lavouras, residências e comercio se encontram na zona definida
como sendo a de maior susceptibilidade a erosão.
Figura 16 – Mapa de susceptibilidade a erosão do estado de São Paulo, com
destaque para a área da micro-bacia da Represa Jundiaí.
Áreas de sensibilidade ambiental
Nas proximidades à represa Jundiaí encontra-se o Parque Estadual da Serra do Mar
(Decreto Estadual n°10.251/77 alterado pelo Decreto n°13.313/79) e a Estação
Ecológica de Itapeti (Decreto Estadual 26.890/87), que se encontra dentro do município
de Mogi das Cruzes. De acordo com o Plano da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê
[2009], a Estação Ecológica citada, abriga matas secundárias de Floresta Ombrófila
Densa e outros ambientes já antropizados, e está sob a responsabilidade do Instituto
Florestal. Entretanto, tanto o PE da Serra do Mar, com 315 mil ha, quanto a EE de
Itapeti, com 89,47ha, se encontram bastante afastadas da represa Jundiaí, não
apresentando relação direta com a mesma [SIGRH, 2000].
Apesar disso, toda a micro-bacia que compreende a represa de Jundiaí é
caracterizada como Área de Proteção e Recuperação de Mananciais. A Lei 9.866/97
propõe a criação de áreas de intervenção específicas para cada uma das APRMs que
serão estabelecidas pelas Leis específicas. No entanto ainda não há Lei específica para
determinar quais serão as Áreas de Restrição à Ocupação, as Áreas de Ocupação
Dirigida e as Áreas de Recuperação Ambiental da área em questão. Na figura 17 abaixo
se encontram as áreas de relevante interesse ecológico do município de Mogi das
Cruzes e pode-se perceber que todo limite da micro-bacia em estudo encontra-se dentro
da APRM, o que garante a necessidade de maior atenção ao uso do solo dentro da bacia.
Figura 17 – Áreas de sensibilidade ambiental do município de Mogi das Cruzes.
Cobertura vegetal
Foram realizadas pesquisas e visita ao local para levantar a cobertura vegetal
existente. Hoje ainda se encontra uma grande área de mata remanescente no local,
ocupando principalmente as áreas com maior declividade (pouco interessantes a
agricultura) e não as margens da represa como se esperava. Foi obtido um mapa,
apresenta na figura (Fig. 18) a seguir, que faz parte do banco de dados espaciais da
bacia do Alto Tietê do Laboratório de informática Geológica (LIG) do Instituto de
Geociências da USP. O mapa traz o índice de vegetação normalizado (NDVI) para o
ano de 1999. O índice foi obtido através do processamento digital de uma imagem de
satélite LANDSAT de 1997, e revela a cobertura vegetal existente no local.
Em contra partida foi levantado um mapa disponibilizado pelo Instituto Sócio
Ambiental [ISA], que traz a cobertura vegetal do local para o ano de 2006 (Fig. 19) Na
comparação de ambos, notou-se uma redução significativa, devido ao pequeno espaço
de tempo, na vegetação de toda a RMSP, inclusive na micro-bacia do reservatório
Jundiaí.
Em visita ao local, apesar da constatação da existência dos remanescentes
levantados, notou-se a falta de proteção a ambientes sensíveis e importantes, como nas
margens dos córregos e nascentes à montante da represa.
Alem de remanescentes de mata nativa, existem áreas com silvicultura, com
algumas plantações de eucaliptos pela região. Sobretudo ao sul da micro-bacia.
Figura 18 – NDVI da RMSP para o ano de 1999
Figura 19 – Cobertura Vegetal da RMSP – 2006
5.2 Caracterização socioeconômica
Uso e ocupação do solo
O município de Mogi das Cruzes, como um todo, apresenta a agricultura como
sendo uma das principais atividades econômicas desenvolvidas. A micro-bacia do
reservatório Jundiaí não é diferente, grande parte do seu entorno é composto por
domicílios que praticam a agricultura. Aparentemente trata-se de um local com diversos
pequenos produtores, que se beneficiam com o solo do local e o fácil acesso a água para
a produção de hortaliças e frutas diversas, com destaque para o caqui, nêspera e outras.
A figura 20 a seguir apresenta o mapa de uso e ocupação do solo referente ao ano de
2009, apresentado pelo Comitê de Bacias Alto Tietê no Plano de Bacia Alto Tiete
[2009], que serviu como base para a visita a campo. Outra figura foi elaborada (Fig. 21),
tendo como base uma imagem de alta resolução obtida no software Google Earth, a
partir dos dados levantados durante a visita a campo e traz outras informações da micro-
bacia.
Alem da grande quantidade de empreendimentos voltados a produção de hortaliças e
frutas, outra atividade que chamou a atenção na região foi a existência de mineradoras.
Duas pedreiras funcionam próximo a represa. Apesar de uma delas estar localizada alem
do divisor de água da micro-bacia, pode trazer preocupações pela sua proximidade. A
segunda esta localizada exatamente sobre o divisor de água da micro-bacia, ao longo da
rodovia Mogi/Bertioga. Ambos empreendimentos estão demonstrado na figura (Fig. 21)
a seguir.
FIGURA 20 – Mapa de Uso e ocupação do solo de 2009
Figura 21 – Imagem com dados de uso e ocupação do solo elaborada através de
visita ao local.
Figura 22 - Área de extração de eucalipto
Figura 23 – Área de agricultura na beira da represa
Figura 24 – Propriedade nas margens da represa, com acesso limitado
Figura 25 – Margem do reservatório com cobertura vegetal densa. Moradores locais
pescam na represa.
Figura 27 – Hortaliças nas margens da represa.
Figura 28 – Ponte entre margens de braço da represa.
Figura 29 – Antiga estrada municipal
Figura 30 – Estação do DAEE na margem da represa.
Atividades turísticas ligado a recursos hídricos
Em visita ao local e em pesquisas a órgãos oficiais, constatou-se que o local não
representa um grande pólo de atração turística. A prática mais comum no local,
inclusive registrado em fotografia durante a visita, é a pesca. Em diversos pontos ao
redor da represa de Jundiaí, registrou-se moradores dos arredores pescando. Em
entrevista com um grupo deles, foi informado que a atividade se intensifica muito
durante os finais de semana, atraindo pessoas de diversos locais. Em uma região da
represa, onde há formação de um tipo de “praia”, há a concentração de comércios, como
bares e lanchonetes na beira da estrada que margeia a represa.
Infra estrutura de saneamento ambiental
O sistema de abastecimento de água de Mogi das Cruzes é misto. Parte da água é
captada, tratada e distribuída pelo Serviço Municipal de Água e Esgoto (SEMAE) e o
restante é adquirido da SABEPS. O SEMAE trata cerca de 650 litros de água por
segundo e adquire mais 500 litros por segundo da SABESP, o que compreende o
beneficiamento de 97,5% da população, com aproximadamente 90 mil ligações
domiciliares [SEMAE].
A maior parte da micro-bacia da represa Jundiaí está situada nos distritos de Biritiba
Ussú e Taiaçupeba, sendo que ambos distritos não são interligados a rede de
distribuição da SEMAE. Entretanto a Autarquia é responsável também pelo
abastecimento de bairros e distritos distantes, que não são atendidos pela rede
canalizada, por meio de poços artesianos, como é o caso do distrito de Biritiba Ussú.
Por sua vez, a disponibilização do acesso a água tratada ao distrito de Taiaçupeba é feita
a partir da água adquirida da Sabesp [SEMAE].
A coleta e tratamento de esgoto da cidade também são de responsabilidade da
SEMAE. Em consulta ao mesmo órgão, até 2001, em apenas 82% dos domicílios o
esgoto era coletado, e menos de 1% disso era tratado. Até o final de 2008, em virtude de
um alargamento da rede em aproximadamente 15 mil metros, como informou o órgão,
passou-se a coletar o esgoto em 92% dos domicílios e tratar 72% dele. Informou-se
ainda, que até o final de 2009 devem ter chego a uma marca de 92% de esgoto tratado
[SEMAE].
Não há ainda dados trabalhados com informações do Censo do IBGE de 2010 para a
área da represa Jundiaí especificamente. Entretanto, serão apresentados os dados
disponíveis no portal do Sistema Integrado de Gestão Ambiental (SIGAM) da Secretaria
do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, referentes ao censo de 2000, com o intuito
de se estabelecer um parâmetro para o local.
De acordo com o portal da Prefeitura de Mogi das Cruzes, a coleta de lixo
(reciclável e não reciclável), é de responsabilidade da empresa STRALU (Sistema
Transparente de Limpeza Urbana). Em consulta ah própria empresa, foi informado que
todos os distritos que contêm parte da represa Jundiaí, são servidos de serviço de coleta
regular de resíduos urbanos. Entretanto o serviço de coleta de resíduos recicláveis não
atende as áreas próximas ao reservatório [Portal STRALU]. Ainda de acordo com a
Prefeitura do município, desde 2009 quando o aterro Pajoan, pra onde eram destinados
os resíduos de Mogi das Cruzes, foi interditado pela CETESB, os resíduos passaram a
ser destinados ao aterro Santa Isabel.
Como já dito, serão apresentados dados referentes ao ano de 2000, especificamente
para os distritos onde a represa de Jundiaí está inserida.
Figura 30 – Porcentagem de adequação da forma de esgotamento sanitário de domicílios
particulares permanentes
Condições gerais de saúde, educação e renda.
De acordo com o ultimo censo do IBGE [2010], a cidade de Mogi das Cruzes possui
140 estabelecimentos de saúde, sendo 36 públicos e 104 privados. Em levantamento
realizado, constatou-se a existência de um posto de saúde no distrito de Taiaçupeba e
outro em Biritiba Ussu. Em contrapartida com o que foi informado a respeito do
saneamento básico pela SEMAE, ainda em consulta aos dados do IBGE, levantou-se
que em 2005 8% dos óbitos foram de origem infecciosa e parasitaria o que está bastante
vinculado com a qualidade de saneamento básico disponível. Em 2009, os óbitos
relacionados a doenças infecciosas e parasitarias chegaram a 12%, apontando um
significativo aumento. Entretanto para se afirmar quais as reais causas desse aumento,
seria necessária uma pesquisa bem mais aprofundada, que não é objeto dessa pesquisa.
De acordo com os dados do SIGAM para o Censo de 2000 do IBGE, a taxa de
analfabetismo da população com mais de 15 anos que residem na micro-bacia do
reservatório Jundiaí, varia de 13% a 15% (a mais baixa do município), a leste da represa
(distrito de Biritiba Ussú); enquanto a oeste (Taiaçupeba e outros), varia de 11% a 13%.
Em ambos distritos os níveis são os mais baixos encontrados no município.
A distribuição de renda segue os mesmos índices apresentados. De acordo com os
dados do SIGAM, a oeste da represa, no distrito do Taiaçupeba de 74 a 80% dos
domicílios permanentes possuem renda de até 5 salários mínimos. Já a leste da represa,
no distrito de Biritiba Ussú, o valor para o indicador é de 80 a 86% dos domicílios que
possuem renda de até 5 salários mínimos.
Articulação político-institucional e social na bacia
Apesar da grande importância do reservatório Jundiaí para o abastecimento da
Região Metropolitana de São Paulo, há poucos esforços voltados especificamente a ele.
Entretanto, em relação ao Sistema Produtor Alto Tiete existe uma serie de articulações
ocorrendo para se garantir o desenvolvimento adequado da região. Apesar de ainda não
existir a Lei especifica para o reservatório, ou mesmo da sub-região cabeceiras, como já
existe pra Billings e Guarapiranga, existem grandes esforços tanto do próprio Comitê da
Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, como da Fundação Agência da Bacia Hidrográfica do
Alto Tiete que buscam o levantamento de todos os dados e elaboração de políticas
eficientes e eficazes para a região.
Também existe um trabalho exaustivo realizado por organizações não
governamentais para se garantir a proteção dos recursos naturais, sobretudo nas áreas de
proteção a mananciais como é o caso da micro-bacia do reservatório Jundiaí. Uma das
mais atuantes na região é o Instituto Socioambiental (ISA), que desenvolve a campanha
“De olho nos mananciais”, promovendo discussões entre diversos atores e
disponibilizando uma serie de dados referentes a todos reservatórios da RMSP.
Não foi levantada nenhuma existência de associações de moradores ou sociedade
civil que atue na proteção dos recursos naturais da micro-bacia do reservatório Jundiaí
especificamente. Observou-se a existência de associações de bairro, tanto no distrito de
Taiaçupeba, como no distrito de Biritiba Ussu, porem não se voltam a tratar de assuntos
ligados ao uso dos recursos hídrico. Entretanto representam um importante ator a ser
articulado para garantir o desenvolvimento adequado nas áreas da represa.
Os pequenos produtores do distrito de Biritiba Ussu, alguns deles localizados
dentro das limitações da micro-bacia do reservatório, compõe a Associação Cultural
Agrícola de Biritiba-Ussu (ACABU), que também representam um importante ator a ser
integrado nas discussões e tomadas de decisões, acerca dos usos múltiplos da água e
desenvolvimento futuro do local.
5.3 Caracterização dos recursos hídricos e do ecossistema aquático
Caracterização física da bacia
Como visto no quadro abaixo, a área de drenagem, ou seja, a micro-bacia do
reservatório Jundiaí possui 116 km² e inunda uma área de 17.42 km². Essas
características da a bacia um volume útil de 60x106 m³, o terceiro maior do Sistema
Alto Tietê. Em pesquisas no local, levantou-se que há a interesses em aumentar esse
volume útil subindo o nível da represa. Porem devido a ocupação do local, a
possibilidade de aumentar a disponibilidade de água para o sistema se torna um
problema.
Característica dos reservatórios
DATA
Área de
Drenagem
(km²)
Área
inundada
(km²)
Volume
útil (m³)
Ponte Nova 1972 320 28.07 296x106
Paraitinga 2006 184 6.43 35x106
Biritiba 2006 75 9.24 34.40x106
Jundiaí 1992 116 17.42 60x106
Taiaçupeba 1976 224 19.36 87.90x106
FONTE: http://www2.mananciais.org.br/site/mananciais_rmsp/altotiete
Tabela 2 – Informações técnicas dos reservatórios do Alto Tiete – cabeceiras
Características hidrológicas
De acordo com o Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas a
Agricultura (CEPAGARI) da Unicamp, o município de Mogi das Cruzes possui clima
Cwa, que, como estabelece a classificação climática de Koeppen, de acordo com a
EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) representa o clima
subtropical de inverno seco (com temperaturas inferiores a 18ºC) e verão quente (com
temperaturas superiores a 22ºC). [CEPAGARI-UNICAMP][EMBRAPA].
Ainda em pesquisa ao mesmo órgão da Unicamp, determinou-se que a cidade possui
índice pluviométrico médio anual em torno de 1400 mm, e temperatura media de 20ºC.
É importante estar ciente das condições climáticas e pluviométricas, por exemplo a água
pode servir como meio de dispersão para contaminantes no solo, lençóis freáticos e
reservatórios para o abastecimento urbano.
Alem do abastecimento de água na região se basear nos reservatórios, existe ainda a
possibilidade da extração de água subterrânea. A micro-bacia do reservatório Jundiaí,
esta sobre dois aqüíferos, o Aquífero Cristalino e o Aquífero São Paulo. Como mostrado
anteriormente, devido a geologia do local, encontra-se tanto rochas cristalinas, como
sedimentos arenosos e argilosos depositados em ambientes fluviais e lacustres [SMA,
2008].
De acordo com os dados da Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo
[SMA, 2008], o Aquífero Cristalino é formados pelas rochas mais antigas da cidade, e
devido ao tipo de rocha em que se encontra é do tipo fraturado. Apesar da boa qualidade
da água, ele se estende e é coberto por outros aqüíferos, atingindo grandes
profundidades, o que inviabiliza sua plena utilização.
Já o Aquífero São Paulo é de formação recente e esta bem mais acessível. Ele se
estende por 1000 km2 e abrange parte dos municípios mais populosos do Estado, como
São Paulo, Guarulhos, São Bernardo do Campo, Mogi das Cruzes, entre outros. Os
dados da Secretaria do Meio Ambiente do Estado, apontam as vazões recomendadas,
em geral, são inferiores a 2,8 litros/segundo por poço. Em algumas porções onde
predominam sedimentos arenosos, as vazões podem chegar a 11 litros/segundo, o que
não é o caso da micro-bacia do reservatório. As águas são, de modo geral, adequadas ao
consumo humano e para diversos usos [SMA, 2008]
A seguir encontra-se uma figura que aponta a vulnerabilidade para os aquíferos à
contaminação da RMSP. O mapa faz parte do banco de dados espaciais da bacia do Alto
Tietê do Laboratório de informática Geológica (LIG) do Instituto de Geociências da
USP. Apesar de datar de 1999 mostra-se bastante interessante, e certamente deveria
fazer parte integrante das tomadas de decisões no âmbito de políticas publicas.
De acordo com o mapa da figura 31, a região da represa apresenta, em sua maior
parte, baixa/média vulnerabilidade, com exceção dos corpos d’água, que apresentam
alta vulnerabilidade. O importante destacar da figura, é que na região entre dois braços
da represa, onde a vulnerabilidade é definida como sendo media/alta, hoje se encontra
um loteamento de alto padrão, com diversas casas com piscinas na beira da represa. Isso
mostra que apesar de esforços, não existe integração entre as esferas tomadoras de
decisão e falta de fiscalização.
Figura 32 – Vulnerabilidade natural dos aqüíferos a contaminação.
Na figura 33 a seguir encontra-se o mapa de risco a inundação do local, e através do
mesmo notou-se que a micro-bacia da represa Jundiaí, é compreendida como possuindo
baixo risco, com exceção de um pequeno trecho que contem algumas das nascentes
contribuintes da bacia e representa uma área de planície e baixa declividade, como
aponta a figura 8, anteriormente, e comprovado em visita ao local.
Figura 33 – Mapa de risco a inundação da RMSP.
Qualidade do reservatório
A maioria dos dados referentes a qualidade da água no reservatório, que se
encontram disponíveis, são defasados. Durante a pesquisa constatou-se que até poucos
anos atrás o reservatório Jundiaí sempre foi classificado como de qualidade boa,
entretanto fontes mais recentes apontam que houve uma piora na sua qualidade.
A figura 34 a seguir, mostra as condições da qualidade de água nos reservatórios da
sub-região cabeceiras obtidos através do SIGAM. A represa Jundiaí encontra-se no
centro sul da imagem, classificada em verde, apontando boa qualidade da água.
Figura 34 – Qualidades das águas no reservatório da sub-região cabeceiras.
Em outro mapa obtido no banco de dados do LIG da USP para o ano de 1999, é
apontado o índice de proteção a vida aquática, e mais uma vez fica claro que não havia
preocupação com o tema na época citada. A seguir encontra-se a figura 36 que traz o
mapa com o índice de proteção a vida aquática (IVA) nos reservatórios da RMSP. A
represa, localizada no centro/direita da Figura X, é calssificada como ruim.
Figura 36 – Índice de Qualidade de Proteção a Vida Aquática.
Em dados apresentados no Relatório de Avaliação Ambiental dos Componentes do
Programa Mananciais de 2009, disponível na Secretaria de Saneamento e Recursos
Hídricos do Estado de São Paulo, observou-se os elevados valores obtidos para o Índice
de Estado Trófico – IET, revelando a ocorrência da eutrofização nas águas dos rios
Baixo Cotia, Biritiba e dos reservatórios Guarapiranga, Braço Taquacetuba, do
reservatório Billings, Rio Grande, Jundiaí e Taiaçupeba.
Uso dos recursos hídricos
A maior parte da utilização do reservatório Jundiaí, se concentra no abastecimento
urbano. Como já explanado, o potencial turístico da região não é desenvolvido e
explorado, apesar de ser utilizado como área de lazer para moradores da região e área de
pesca para as pessoas do local.
Alem da captação para tratamento e, posterior, distribuição à população, também há
a captação direta de água pelos hortifrutigranjeiros para a irrigação de lavouras.
6. Possíveis relações causas e efeitos
Nesse item será apresentada a análise acerca dos dados levantas da micro-bacia,
elencando os principais problemas existentes na região, buscando as causas,
conseqüências e possíveis soluções para os mesmos.
A micro-bacia possui basicamente dois tipos de solo, um com gênese sedimentar e
outro com gênese de rochas magmáticas cristalinas. Os solos, como visto anteriormente,
são rasos o que facilita o acesso às rochas brutas. A condição de existir rochas
cristalinas sob uma fina camada de solo garante as condições perfeitas para a mineração,
o que provavelmente, foi o fator que levou a existência de duas pedreiras próximas a
represa, e que podem afetar drasticamente a qualidade ambiental do local.
Alem disso, solos com gênese em rochas magmáticas como é o caso, normalmente
são ricos em nutrientes e apresentam as características fundamentais para a agricultura.
Da mesma forma, os solos sedimentares formados por depósitos aluviais, existentes no
local, também são férteis, normalmente, possuindo boa aptidão agrícola. Essas
condicionantes, aliadas a topografia do local, que possui pouca declividade em sua
maioria, alto índice pluviométrico e temperatura amena o ano todo formam o cenário
ideal para a agricultura.
Todas essas características poderiam ser utilizadas de forma consciente, de modo
que o uso de agrotóxicos (fertilizantes e biocidas) se desse da forma mais racionalmente
possível. Entretanto, não foi o que ocorreu na maior parte dos empreendimentos. O que
ocorre é a utilização extensiva do solo, com base em agrotóxicos para garantir melhor
produtividade e se manter competitivo no mercado.
Hoje, o surgimento e crescimento da certificação ambiental para produtos orgânicos,
biodinâmicos, e outros, é um grande incentivo e um poderoso instrumento para garantir
a competitividade no mercado para aqueles que adotam práticas sustentáveis. No local
já existem produtores que optaram por seguir os moldes de produção exigidos pelas
certificações e atingir um novo público crescente. Entretanto sabe-se também, que o
próprio fato de se certificar, devido o grande custo envolvido, exclui muitos pequenos
produtores, que não veem outra saída se não utilizar ainda mais agrotóxico e explorar
ainda mais o solo. Como saída a isso surgem as certificações participativas, a qual ainda
falta bastante incentivo do governo.
Com uma análise aprofundada dos índices sociais e econômicos do local, nota-se
que é uma das regiões mais desprovidas de serviços do município. A maioria dos
moradores é de baixa renda, não são providos de saneamento adequado, muitos são
analfabetos e possuem difícil acesso a saúde. São características que só dificultam a
gestão de recursos hídricos no local. Deve-se então prever uma política, que integre o
desenvolvimento dessa área aliada a conservação e proteção dos recursos hídricos
existentes.
Primeiramente, por se tratar de Área de Proteção a Manancial, esta sob a vigência da
Lei especifica. Entretanto a não implementação da Lei na região traz grande problemas,
enfraquecendo o sistema político e possibilitando o crescimento desordenado sobre a
bacia do reservatório Jundiaí. Dessa forma, é essencial o cumprimento da legislação
vigente para zonear e ordenar a ocupação da bacia.
Os principais problemas destacados durante a pesquisa foi a grande concentração de
empreendimentos agrícolas que utilizam agrotóxicos de forma massiva; desproteção do
solo ao longo das margens da represa e de seus contribuintes; atividades de mineração
no entorno; desmatamento acelerado; falta de saneamento básico e lançamento de
esgoto in natura na represa; baixos índices socioeconômicos na região; pouca atuação
da sociedade civil.
De acordo com o Instituto socioambiental (ISA), pode-se dizer que a principal e
mais preocupante ameaça existente na bacia do reservatório Jundiaí, é a grande carga de
nutrientes depositada na represa, derivado de agrotóxicos. O instituto alerta que isso tem
como conseqüência um intenso desenvolvimento de cianobactérias, que potencialmente
podem produzir toxinas, e contaminar a água. Alem disso o problema ainda fica mais
serio, uma vez que os sistemas são interligados, e há a dispersão das toxinas para outros
reservatórios. Esse pode ser um grande risco a população que vive no entorno da
represa, sendo justamente os que possuem acesso precário à saúde e baixa renda
salarial.
Como mostrado anteriormente, os valores obtidos para o Índice de Estado Trófico
do reservatório Jundiaí revelam que suas águas estão eutrofizadas. Uma das hipóteses
para esse fenômeno pode ser o lançamento dos esgotos sanitários sem tratamento, nos
córregos a montante da represa, ou mesmo na própria represa. Os esgotos são lançados
contendo elevadas concentrações de fósforo e nitrogênio amoniacal, macro-nutrientes
necessários ao desenvolvimento fitoplanctônico, e consequentemente levam a
eutrofização do corpo d'água.
As atividades agrícolas exercidas na região também devem contribuir para a
contaminação da represa e do solo. De acordo com o Relatório de avaliação Ambiental
dos Componentes do Programa mananciais de 2009, as culturas agrícolas existentes na
bacia do reservatório Jundiaí tem grande influencia na detecção de toxidade aos
organismos aquáticos nos reservatórios a jusante. O relatório pontua que os organismos
aquáticos são expostos às substancias componentes de pesticidas (metais pesados,
organocloros e organofosforados) utilizados em culturas agrícolas existentes na bacia da
represa Jundiaí. Por sua vez, esses organismos são carreados pela irrigação e
escoamento superficial das águas pluviais, fazendo com que toxicidade produzida por
essas substancias é transferida para o reservatório de Taiaçupeba.
A solução para os problemas de eutrofização, poluição da água proveniente das
atividades agrícolas e falta de saneamento básico, demanda um alto nível de
engajamento e integração social, vinculado a iniciativas governamentais e legislação
eficiente. Deve-se pregar, principalmente por se tratar de uma Área de Proteção a
Manancial, com solos bastante rasos, o uso racional de agrotóxico. Para que isso
funcione devem-se integrar técnicas modernas de agricultura e conhecimento cientifico,
a serem passadas aos agricultores. A mobilização desses agricultores em forma de
associação poderia garantir e facilitar o acesso a crédito e tecnologias modernas de uso
racional do solo (disponibilizada pela EMBRAPA, por exemplo), para garantir a
integridade do sistema.
O desmatamento na área que ocorreu nos últimos anos, pode ter sido causado a
partir de pressões sobre novas áreas cultiváveis, exploração de madeira e falta de
fiscalização. A remoção da cobertura vegetal faz que o solo se torne exposto, e visto o
índice pluviométrico do local, grande parte do sedimento é escoado para o reservatório.
A remoção da vegetação é umas principais causas da erosão, que pode se tornar um
problema irreversível e com danos irreparáveis, inclusive para a atividade agrícola da
região.
Os dados mostram que o índice de desmatamento caiu dos últimos anos pra cá, mas
ainda assim é bastante preocupante. Aliado a isso, apenas uma peque área da margem da
represa esta protegida com mata, o restante é ocupado por atividades agrícolas ou
moradias, como mostrado anteriormente. Essa desproteção das margens também
contribui muito para o assoreamento da represa e o surgimento de erosão.
As atividades de mineração encontradas ao redor da represa, uma delas dentro dos
limites da bacia do reservatório Jundiaí é de imensa preocupação. Essas atividades já
são por si só muito impactantes, um planejamento de controle de impactos e redução de
riscos é imprescindível durante sua implantação, funcionamento e desligamento. Não
foi possível conseguir informações relevantes na pedreira que está dentro da bacia,
entretanto sabe-se que área que ela ocupa é bastante grande. Para a pedreira ser
implantada, uma grande quantidade de vegetação deve ser removida, e há uma enorme
movimentação de sedimento. Tudo isso pode contribuir para o assoreamento de
nascentes e córregos existente nas cotas inferiores. Para que isso não ocorra deve ser
feito o devido controle de movimentação de sedimentos, e claro, espera-se forte
fiscalização pelos órgãos competentes.
Todos os problemas elencados estão intimamente relacionados. O local necessita do
desenvolvimento de uma educação ambiental crítica, emancipatória e transformadora,
buscando a integração de todos os atores sociais atuantes na bacia. A educação
ambiental como processo da gestão ambiental é bastante difundido no Brasil e
defendido por diversos autores como José Silva Quintas [2004], por exemplo. Essa
mesma integração é buscada pelos estudiosos na área de gestão de recursos hídricos
como já foi dito anteriormente, e apesar de o assunto ser os usos múltiplos da água, tudo
está relacionado.
Sendo assim, o que se espera é a descentralização da tomada de decisão, e a
participação cada vez mais ativa dos que realmente usam o recurso, ou seja, trazer para
a discussão política e decisória, os pescadores da região, agricultores, moradores,
mineradores, poder publico e outros. Um meio para se atingir e sensibilizar esses atores
sociais é a educação ambiental. Hoje é sabido sobre a relação de interdependência
existente entre todos e tudo, entretanto ainda assim as decisões são tomadas
separadamente. É para suprir isso que o plano de manejo integrado surge. Deve se
pensar no desenvolvimento integrado da bacia, propondo um local ambientalmente
equilibrado, socialmente justo e economicamente viável.
Para isso muitas são as ações, o local possui um grande potencial turístico para se
desenvolver, podendo agregar valor a terra realizando atividades de baixo impacto,
diferente da agricultura de hoje. Isso não significa que a agricultura deve se extinguir,
mas ser feita de forma planejada e com todo aparato tecnológico e, se for o caso
econômico, necessário para diminuir o impacto gerado.
7. Considerações finais
Tanto essa pesquisa, como outras já citadas, demonstraram a eficiência da utilização
de dados obtidos através de Sistema de Informação Geográfica, para a delimitação de
bacias hidrográfica, salvo algumas limitações existentes. Porem é um sistema inovador,
revolucionário e importantíssimo para se trabalhar, entre outras, as questões ambientais.
E, desde que se passou a tomar a bacia hidrográfica como unidade territorial de gestão,
essa sua importância se mostrou ainda mais relevante.
A gestão de recursos hídricos é por si só um problema fundamentalmente de gestão
ambiental, em sua forma plena. Como visto, deve-se abranger todas as áreas do
conhecimento para se trabalhar com um peça fundamental do quebra cabeça, os
recursos hídricos. Demorou muito para que se chegasse na implantação da Lei que
assumia que para se tratar de uma questão em particular fosse necessário olhar para um
todo. A evolução foi lenta, e ainda está ocorrendo, como se espera.
Neste trabalho foi possível perceber a complexidade em levantar e trabalhar
relacionando dados de naturezas diversas. Muitas vezes não foi possível encontrar dados
atuais, e não havia tempo de pesquisa suficiente para levantar dados primários.
Entretanto é isso que se espera para uma gestão de recursos hídricos eficientes. Muitas
vezes os dados até existem, na SABESP, ou SEMAE, porém por se tratarem de
empresas, nem sempre se veem na necessidade de divulgar todos dados.
Todavia, apesar das dificuldades envolvidas, a pesquisa foi bastante relevante para
demonstrar como é possível se utilizar dos dados levantados de forma integrada e
eficiente.
8. Bibliografia
ARAUJO, R. FARIA, O. M. SOLIA, M. Mananciais Região Metropolitana de São
Paulo. 1ª Edição. 2007. São Paulo. SABESP p. 138
BORSATO, F.H.; MARTONI, A.M.. Estudo da fisiografia das bacias hidrográficas
urbanas no município de Maringá, Estado do Paraná. Acta Scientiarum, Human and
Social Sciences. Maringá, 2004
BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística. Censo 2010. Acesso em: 15 de abril de 2011. Disponivel em:
http://www.ibge.gov.br/home/.
BRASIL. LEI nº 7.663, de 30 de dezembro de 1991. Acesso em 15 de maio de 2011.
Disponível em: www.agenciadeaguapcj.org.br/download/Lei7663-91.pdf
CAB SPAT. Ampliaçao da ETA Taiaçupeba. Acesso em 10.06.2011. Disponível em:
http://www.cabspat.com.br/index.php?
option=com_content&view=article&id=63:estacao-de-tratamento-de-agua-
taiacupeba&catid=34:informacoes-institucionais&Itemid=95
CAMPOS, V.N.O.; FRACALANZA, A. P.. Governanca das águas no Brasil: conflitos
pela apropriação da água e a busca da integração como consenso.Revista Ambiente e
Sociedade, v. XIII, n.2. p.365-382. Campinas, 2010. Disponivel em:
http://www.scielo.br/pdf/asoc/v13n2/v13n2a10.pdf.
CEPAGARI. UICAMP. Clima dos Municípios Paulistas: Mogi das Cruzes. Acesso em
23 de maio de 2011. Disponível em:
www.cpa.unicamp.br/outras-informacoes/clima_muni_346.html
COMITE DA BACIA HIDROGRÁFICA ALTO TIETE. Plano da Bacia Hidrográfica
Alto Tietê, 2009.
DINIZ, E. Crise, reforma do estado e governabilidade: Brasil, 1985-1995. Rio de
Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1999. 228 p. apud CAMPOS, V.N.O.;
FRACALANZA, A. P.. Governanca das águas no Brasil: conflitos pela apropriação da
água e a busca da integração como consenso.Revista Ambiente e Sociedade, v. XIII,
n.2. p.365-382. Campinas, 2010. Disponivel em:
http://www.scielo.br/pdf/asoc/v13n2/v13n2a10.pdf.
EMBRAPA. Manejo de bacias hidrográficas. 2003. Disponível em
http://www.cpafro.embrapa.br/embrapa/Artigos/manejo_bac.htm, acesso em 15 de
setembro de 2010.
EMBRAPA Florestas. Para facilitar a avaliação (...). Acesso em 23 de junho de 2011.
Disponível em http://www.cnpf.embrapa.br/pesquisa/efb/clima.htm
FAUSTINO, J. Planificación y Gestión de Manejo de Cuencas. Turrialba: CATIE,
1996.
INPE: Topodata: Banco de Dados Geomorfométricos do Brasil. Disponível em:
http://www.dsr.inpe.br/topodata. Acesso em 14 de janeiro de 2010.
K2 Sistemas e Projetos Ltda. Processamento Hidrológicos – Rede de Drenagem a partir
de dados SRTM. Disponível em: http://www.comunidadespring.com.br/. Acesso em 23
de janeiro de 2010.
De Olho nos Mananciais. Alto Tietê. Acesso em: 11 de outubro de 2009. Disponível
em: http://www.mananciais.org.br/site/mananciais_rmsp/altotiete. Acesso em 20 de
março de 2010.
HATAE, F. Arqueologia do Lixo. 2005. Acesso em 24 de abril de 2010. Disponível em
www.sfiec.org.br/iel/bolsaderesiduos/Teses/Tese%2022-3Parte.pdf.
JAXA: ASTER Global Digital Elevation Model http://www.gdem.aster.ersdac.or.jp/.
Acesso em 9 de março de 2010
JACOBI, P. R.. Gestão participativa das águas. s/d. Disponível em
http://homologa.ambiente.sp.gov.br/EA/adm/admarqs/PedroJacobi.pdf. Acesso 23 de
outubro de 2010
JACOBI, P. R.. Inovação na Governança da Água e Aprendizagem Social no Brasil,
2011. Acesso em 12.05.2011. Disponível em:
http://www.akatu.org.br/Content/Akatu/Arquivos/file/Publicacoes/prjacobi_art_gov_ag
ua_akatu_2011.pdf
MANTELLI, L. R., et al., Assessing ecolical risk through automated drainage
extraction and watershed delineation. Revista Ecological Informatics, 2011.
NASA: Shuttle Radar Topographic Mission SRTM http://www2.jpl.nasa.gov/srtm/.
Acesso em 9 de março de 2010.
OLIVEIRA, Mapa de Solos do Estado de São Paulo, 1999 apud SARRAIPA, L. A. S..
Banco de dados georreferenciados para zonemaneto do Estado de São Paulo, 2003.
Acesso em 22 de maio de 2011. Disponível em:
http://www.iac.sp.gov.br/PosIAC/pdf/pb1859401.pdf
QUINTAS, J. Q. A educação no processo de gestão ambiental. In. Educação ambiental
no Brasil. 2004. Acesso em 12 de maio de 2011. DIsponível em
tvbrasil.org.br/fotos/salto/series/164816Educambiental-br.pdf
SÃO PAULO (Estado). Secretaria do Meio Ambiente. As águas subterrâneas do Estado
de São Paulo. 2008. Acesso em: 23 de maio de 2011. Disponível em:
http://www.ambiente.sp.gov.br/uploads/arquivos/cadernos/aguassubterraneas.pdf
SÃO PAULO (Estado). Secretaria do Meio Ambiente. SIGAM. Características dos
domicílios na Sub-Bacia AT-Cabeceiras em APM. Acesso em 25 de abril de 2011.
Disponível
em:www.sigam.sp.gov.br/sigam2/repositorio/etmc/caracteristicas_domicilios_at.htm
SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos. Expansão Alto
Tiete. Acesso em 20.05.2011. Disponível em:
http://www.saneamento.sp.gov.br/crbst_14.html
SÃO PAULO (Estado). Secretaria de saneamento e energia do Estado de São Paulo.
Relatorio de Avaliação Ambiental dos Componentes do Programa Manciais. 2007.
Acesso em 24 de maio de 2011. Disponível
em:www.saneamento.sp.gov.br/cariboost_files/relatorio_ambiental_revjun09.pdf
SÃO PAULO. (Estado). Companhia de Saneameneto Básico do Estado de São Paulo.
Revisão do Plano Diretor de Abastecimento de Água da RMSP. Acesso em 22.05.2011.
Disponível em ww2.prefeitura.sp.gov.br/.../ABASTECIMENTO_DE_AGUA.rtf
SÃO PAULO (Estado). Departamento de Águas e Energia Elétrica. Sistema Produtor
Alto Tietê. Acesso em: 24.04.2011. Disponível em:
http://www.daee.sp.gov.br/index.php?
option=com_content&view=article&id=63%3Asistema-produtor-alto-
tiete&catid=39%3Asistema-produtor-alto-tiete&Itemid=18
SEMAE. Histórico do abastecimento de água em Mogi das Cruzes. Acesso em: 23 de
maio de 2011. Disponível em: http://www.semae.pmmc.com.br/sobreosemae.html
SILVA R.T.; PORTO M.F.A.. Gestão urbana e gestão das águas: caminhos da
integração. Estudos Avançados 17 (47), 2003. Acesso em 24.04.2011. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40142003000100007&script=sci_arttext
SOUZA, E. R. de; FERNANDES, M. R. Sub-bacias hidrográficas: unidades básicas
para o planejamento e a gestão sustentáveis das atividades rurais. Informe
Agropecuário, Belo Horizonte, v.21, n.207, 2000.
TUCCI. C. E. M.; MENDES, C. A.. Avaliação ambiental integrada de bacia
hidrográfica. Ministério do Meio Ambiente/SQA – Brasília: MMA, 2006.
VALERIANO, M. M. Modelo Digital de Elevação com Dados SRTM Disponíveis para
a América do Sul. INPE São José dos Campos. 2004 p. 71
YASSUDA, E. R. Gestão de recursos hídricos: fundamentos e aspectos
institucionais. Rev. Adm. Púb., v.27, n.2, p.5-18, 1993.