derivan brito da silva orientador: prof. milton...
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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA
CURSO DE ESPECIALIZA<,:A.O
TERAPIA OCUPACIONAL EM SAUDE MENTAL
TERAPIA OCUPACIONAL
NA PREVEN<,:A.O E TRATAMENTO DAS CARDIOPATIAS
ENFOQUE EM SAUDE MENTAL
DERIVAN BRITO DA SILVA
ORIENTADOR: Prof. MILTON CARLOS MARIOTTICO-ORIENTADORA: Prof'. RITA A. BERNARDI PEREIRA
Monografia apresentada a Universidade Tuiuti do Parana como requisito parcialpara obten9ao do Titulo de Especialista em Terapia Ocupacional em Saude Mental.
Mar90.2003
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA
CURSO DE ESPECIALIZACAO
TERAPIA OCUPACIONAL EM SAUDE MENTAL
TERAPIA OCUPACIONAL
NA PREVENCAO E TRATAMENTO DAS CARDIOPATIAS
ENFOQUE EM SAUDE MENTAL
DERIVAN BRITO DA SILVA
CURITIBA - PR2003
A minha mae, por tudo que faz p~r mim.
jii
AGRADECIMENTOS
A Deus, pelo seu tao grande amor e misericordia.
A minha familia, pelo apoio e carinho.
Aos que desde a minha infancia mostram-me 0 caminho a seguir:Meus Queridos Mestres
Ao meu grande amigo Gil.
A Suely S. Akamine, pelo incentivo.
A CLiNICOR, pela acolhida.
Aos que com elogios e criticas me fizeram crescer, amigos e colegas de profissao.
iv
SUMARIO
INTRODUgAO .
FISIOLOGIA CARDiACA .
2.1 0 CICLO CARDiACO ..
3 FISIOPATOLOGIA DAS DOENgAS CARDiACAS...................................... 5
4 ASPECTOS CLiNICOS DO INFARTO AGUDO DO MIOcARDIO (IAM).... 7
4.1 DEFINIc;:OES.. 7
4.2 EPIDEMIOLOGIA ... 8
4.3 FATORES DE RISCOS.. 8
4.4 QUADRO CLiNICO.... 9
4.5 EVOLUC;:AODO lAM.. 10
5 REABILITAgAo CARDiACA....................................................................... 11
6 TERAPIA OCUPACIONAL............................................................ 14
6.1 DEFINI<;AO.. 14
6.2 OS RECURSOS DA TERAPIA OCUPACIONAL... 15
6.2.1 Atividades de Vida Diaria.. 16
6.2.2 Atividades Criativas e Expressivas.. 16
6.2.3 Atividades Educacionais e Intelectuais.. 17
6.2.4 Atividades Vocacionais e Industriais... 17
6.2.5 Atividades Recreativas.. 18
7 INTERVENgAo DA TERAPIA OCUPACIONAL NAS CARDIOPATIAS..... 19
7.1 ADAPTA<;AO DAS ATIVIDADES PARA OSTER MOVIMENTOS
ESPECIAIS .. 19
7.2 GRADUAC;:AO DAATIVIDADE.. 20
7.3 SINTOMAS DE FADIGA... 20
7.4 UTILlZA<;AO DE PERioDOS DE REPOUSO.. 21
75 ATIVIDADE EM CASA... 21
7.6 ATIVIDADES USADAS PARA TRATAMENTO.. 22
7.7 INTERESSE SELETIVO DAS ATIVIDADES.. 26
8 RELAgAo TERAPEUTICA.......................................................................... 27
CONSIDERAgOES FINAIS.......................................................................... 37
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS............................................................. 39
Resumo
Os tempos modernos impuseram ao homem mudanc;as drasticas em seu cotidiano.Com a corrida contra 0 tempo, caracteristica da modernidade, 0 comportamentohumane modificou-se, algo perceptivel nos habitos, valores e crenc;as desta gerac;aoque tern se tornado a cada dia mais ansiosa e insegura. Em conseqOencia a esseclima de instabilidade emocional, cresce 0 numero de diagn6sticos de doenc;aspSicossomaticas e os quadros de reincidemcia de patologias classicas, como asalteraryoes do sistema cardiovascular. As estatisticas confirmam urn numero cadavez maior de individuos, que em plena fase produtiva, sao acometidos porcardiopatias e, mesmo com 0 avanc;o cientifico e tecnol6gico, e not6rio a dificuldadede prevenir as reincidencias de infartos do miocardia, devido na maiaria das vezesessas estarem relacionadas aos habitos de vida diaria. Isto posto, justifica-se aabordagem interdisciplinar na prevenry80 e tratamento de tais altera90es, buscandoem todos aspectos, bio-psico-sociais e espirituais, suprir 0 individuo de medidaspreventivas necessarias ao seu bem estar. Neste trabalho procura-se refletir acontribuic;ao da Terapia Ocupacional nas fases de preven9ao e tratamento dascardiopatias.
vi
1 INTRODUCAO
Sao varios as fatores que levarn urn individuo a apresentar alterac;6es em
seu sistema cardiovascular, sendo que, na maio ria dos casas, esta intercorn§ncia
esta vinculada aos habitos de vida diiuia.
Com 0 avanc;o da ciencia e tecnologia as exigencias diarias
transformaram 0 comportamento humano. 0 homem passou a viver em func;ao das
maquinas para, paradoxalmente, suprir suas proprias necessidades, Sao visiveis as
mudanc;as nas atividades do cotidiano, como par exemplo: as diferentes hora.rios de
refeic;ao com varia<;:5es na durac;:ao de tempo; a procura de fantes inadequadas de
prazer para suportar as press6es do dia-a-dia; 0 tabagismo; 0 alcool; 0
sedentarismo, dentre Qutras.
A corrida contra a tempo, caracteristica da modernidade, e as mudan,!(as
abruptas de comportamento frente as atividades de vida diaria, profissionais e de
lazer, tern elevado 0 numero de pessoas acometidas pelo estresse. As cardiopatias
estao entre as inumeras consequemcia desse estresse.
De acordo com as referencias bibliograficas consultadas dentro dos
programas de reabilitayc3.o cardiaca, 0 terapeuta ocupacional e apresentado como
urn profissional que tern urn enfoque em nivel secundario, ou seja, apenas de
tratamento, com a abjetiva de restaurar as habilidades funcionais do individua,
principal mente no pas - eirurgico, para que ele volte a realizar suas atividades de
vida diaria, profissianais e de lazer.
o que se evidencia e a ausencia de outros aspectos da Terapia
Ocupacional, como par exemplo a saude mental, possibHltanda urn enfoque rnais
abrangente e benefice aa individua, tornando crucial a participa,!(80 do terapeuta
ocupacional na equipe de cardiologia tanto na lase de preven9iio quanto na de
tratamenta.
Isto pasta, justifiea-se este trabalho, que tern por finalidade pesquisar e
eserever a respeito da contribui,!(8a da Terapia Ocupacional numa equipe
interdisciplinar de cardiologia, em nivel preventivo (recarrencia de crises) e
terapeutico (tratamento).
2
Espera-se que este trabalho contribua na construvao de referencial
aqueles que desejam abordar os pacientes portadores de cardiopatias ah§mdos
seus aspectos fisicos, procurando compreender suas quest6es bio-psiCQ-sociaise
espirituais.
3
2 FISIOLOGIA CAROiACA
2.10 CICLO CARDiACO
o cicio cardiaco envolve uma serie de acontecimentos internos que tern 0
cora<;:ao como 6rg80 principal, S8 assim pode-s8 dizer. Ele recebe 0 sangue venoso
utilizado pelos diferentes setores do organismo, encaminhando-o aos pulm6es,
recebendo-o de volta, agora arterializado, para impulsiona-Io novamente a
circula<;:ao sistemic8. Para 0 desempenho dessa fun<;ao de bomba, 0 cora<;:ao
comporta-se diferenciadamente durante as fases, que sao interdependentes e que
se repetem de modo ciclico. (GRINBERG et ai, 1984).
Primeiro ocorre a informa«ao eletrica, gerada no n6 sinoatrial, e as celulas
cardiacas sao excitada e contraem-S8.
A despolariz8<;:ao da cslula miocardica e urn processo dependente de
f1uxos i6nicos atrav8S da membrana celular desencadeados pelo impulso eh§trico.
Por ser um fen6meno ciclico, necessita que as fibras retornem as suas condigoes
primitivas.
o fenomeno eh§trico da repolarizagao da celula cardiaca, permite que ela
esteja apta a receber e integrar a informac;ao eletrica subsequente.
As fibras atriais direitas recebem a informagao eletrica e, posteriomente,
as esquerdas, que e 0 fenomeno de ativac;ao, ou seja, de despolarizagao atrial
(excitaC;ao-contraC;ao) - Bomba de Na+ K+, origem da sistole atrial.
A sisto Ie atrial e a fase de contrac;ao das fibras musculares que
impulsionam 0 sangue dos atrios para 0 ventriculos, permitindo que ocorra a sistole
ventricular.
No intervalo em que antecede a fase sist6lica, existe um fiuxo constante
de sangue venoso das veias cavas para 0 atrio direito e de sangue arterial das veias
pulmonares para 0 atrio esquerdo - fase diastolica atrial.
A pressao intra-artial e elevada progressivamente pelo enchimento atrial,
fazendo com que as valvas atrio-ventriculares, triscuspede a direita e mitral a
esquerda permaneyam fechadas. Isto ocorre ate que a pressao na superficie atrial
nao ultrapasse a ventricular.
4
No inicio da diastole ventricular ocorre uma queda na pressao
intraventricular, ocasionando assim a inversao presorica entre a atrio e a ventricul0.
Consequentemente, abrem-s8 as valvas atriaventriculares, iniciando pela tricuspede
e depois a mitral, permitindo a passagem de sangue dos atrios para as ventriculos -
neste momento cai a pressao intra-atrial.
Ap6s 0 enchimento ventricular da-s8 a contraryao atrial, elevando
novamente a pressao intra-atrial.
Durante a sistole atrial, ocorre a ativ8ryao do n6 atrie-ventricular e 0
impulso eletrico e transmitido em direc;:ao aos ventriculos.
INOATRIO-VENTRICULAR
Coralfao.
Fig. 2 Representayao esquematica do sistema candutor da infoOTlayao eletrica do
5
3 FISIOPATOLOGIA OAS OOEN<;AS CAROiACAS
Os aspectos fisiopatol6gicos das doen,as cardiacas podem ser
considerados a partir das conseqOemcias ao trabalho cardlaco.
De acordo com KOTTKE (1984), as cardiopatias podem ser divididas em
tres tipos gerais:
Transtornos Mecanicos;
Resistencia Aumentada 80 FIUXQ SangUineo; e
ProdUt;(80 Diminuida de Energi8.
Entende-S8 por Transtornos Mecanicos, as condic;6es nas quais as
valvulas ou camaras do cora((ao estao defeituosas, tendo como conseqOemcia a
interferencia com 0 fluxo para diante, regurgitaC;80 au desvio do sangue.
Nota-s8 urn insuficiencia no trabalho cardlaco, a corac;8.o funciona como
uma bomba obstruida au com V8zamento. E exigido mais trabalho do que a normal
para que a miocardio consiga bombear 0 sangue, aumentando assim a esforc;o
levando a fadiga.
Casa a miocardia nao consiga compensar par hipertrofia, tem-se como
resultado a insuficiencia cardlaca.
A Resistencia Aumentada ao Fluxo SangUineo (Hipertensiio Arterial),
refere-se aquelas doen<;as em que a cara<;ao necessita cantrair-se contra uma
pressao que e maior que a normal, desta forma aumentando 0 trabalho do
miocardico par litra de sangue bombeado.A insufici€mciacardiaca se instala a partir do momenta em que 0 cara<;ao
nao cansegue satisfazer a demanda elevada de energia.
A Produyao Reduzida de Energia, esta relacionada as altera<;6es
patologicas no miocardio au na circula<;8o coronariana que reduzem 0 debito
energetico.
Com a disfun<;iia ou destruic;aametabolica do miocardio au a redu<;aana
circula<;8opodera ocarrer uma limitayao da capacidade do cora<;8arealizar a seu
trabalho.
Em suma, em tados os casas, 0 cara9ao encantra-se incapacitado asatisfazer as demandas das atividades metab6licas.
6
o proximo capitulo trata especificamente dos aspectos clinicos do infarto
do miocardia pel a sua abragemcia fisiol6gica e 0 elevado indiee de ocorrencia.
7
4 ASPECTOS CLiNICOS DO INFARTO AGUDO DO MIOcARDIO (lAM)
Para melhor compreensao dos aspectos clinicos do lAM, apresenta-se
primeiramente as suas definigoes e, posteriormente, sua epidemiologi8, seus fatores
de riscos, seu quadro clinico e sua evolug80.
4.1 DEFINICOES
Segundo BOYLE (1987), pode-se definir a Inlarto Agudo do Miocardia
como:
Doeng8s Coronarias;
Doeng8 Isquemica do Corag8o;
Angina Pectoris;
Inlarto do Miocardia;
Trombose Coronaria;
Ataque Agudo Coronario; e
Arritmia.
As Doen~as Coronarias englobam lodas as anormalidades possiveis das
arterias coronarias, como por exemplo, as anormalidades congenitas, inflamatorias,
dentre Qutras.
Entende-S9 por Doen~a Isquemica qualquer alteragao em que 0
fornecimento de oxigenio para 0 corag8o e insuficiente, tanto em repouso quanta
sob eslorl'o.
A Angina Pectoris ocerre devido a isquemia da musculatura do coraC;ao,
sendo um estado caracterizado per dar pre-cordial transit6ria sentida pelo individuo.
Ainda pode ocorrer devido a um estreitamento permanente da arteria coronaria.
o Infarto do Miocardio ocorre quando a isquemia do miocardio torna-sa
grave e prolongada, levando a uma lesao irrevessivel e conseqOentemente, a morte
das celulas do musculo do miocardia.
A Trombose Coronaria S9 da pela oclusao de uma arteria pel a trombose.
8
o Ataque agudo Coronario e caracterizado pel a isquemia do cora<;:c3.o,
podendo causar a morte subita, angina ou infarto do miocardio.Entende-s8 par Arritmia, 0 ritmo anorma[ dos batimentos cardiacos, em
consequemcia da isquemia. Existem arritmias benignas, como par exemplo batidas
ect6picas ventriculares (origin adas nos ventriculos). As taquicardias (ritmos
acelerados) sao piores devido ao fata de provocar urna redug8.o da corrente
sanguinea da coronaria e aumento da exigencia de Qxigenio, como par exemplo, a
taquicardia ventricular. Qutras causam a morte repentina, parando a 8gaO de
bombeamento do cora<;:ao, como par exemplo, a fibrilag80 ventricular.
4.2 EPIDEMIOLOGIA
Ainda de acordo com BOYLE, a doenga da coronaria e a causa mais
comum de morte na Inglaterra e pais de Gales, sendo 30% de tad as os homens e
20% das mulheres.
De acordo com pesquisas realizadas, nos ultimos 15 anos a indice de
morte par doenya de coronaria permaneceu estavel na Inglaterra e Pais de Gales,
sendo que elevou-se na Esc6cia e Irlanda do Norte, todavia caiu nos EUA e
Austn3.lia.
No Brasil, estudos compravam 0 crescente numero de casos de lAM entre
os homens e mulheres na faixa etaria dos 35 aos 45 anos, em decorr€mcia do estilo
de vida dos tempos modernos.
4.3 FATORES DE RISCOS
Para (BOYLE, 1987) sao varios as latores de risco, dentre eles alguns
podem ser identificados por estarem independentemente associ ados com a infarto
do miocardio:
Sora Lipidico - sabe-se que a elevagao da taxa de colesterol no sangue,
aumenta 0 risco.
Pressao SangOinea - e outro fator que influencia. Como 0 colesterol, quanto
mais elevado estiver, maior sera a probabilidade da ocorrencia de infarto do
miocardio.
Furno - a a~ao do fumo no organismo e suas consequemcias aumentam a risco
de um infarto do miocardia;
Qutros fatores:
historico familiar - esta relacionada a a~ao deste sabre a pressao sangOinea ou
em associa~ao com lipideos e fumo. TROMBLY (1989) acrescenta a este fator:
ocorrencia no meio familiar, idade avant;ada,o fato de ser homem, como fatores
que nao podem ser mudados;
atividade fisica - como forma de lazer ou servi~o, sem orienta~o;
personalidade - e notavel a aumento do risco em homens com personalidade do
"Tipo A"; que apresentam comportamentos de agressividade, competi~ao e auto
- cobran~ e fala de modo staccato;stress - sao situa~5es que pod em ganhar alto significado, situa~5es como
perdas au divorcio aumenta mais que a normal 0 risco, no caso dos homens;
diabetes mellitus - aumenta 0 risco da ocorrencia prematura;
obesidade - apesar de nao parecer de grande importancia, e fator de risco numa
menor propor~ao aos demais.
4.4 QUADRO CLiNICO
A maioria dos pacientes que sofre de infarto do miocardia, segundo
BOYLE, apresenta as seguintes queixas:
desconforto nas seman as que antecederam ao ataque;
fadiga;
irritabilidade;
indigestao;
dispneia; e
dores pre-cordials.
10
4.5 EVOLUCAO DO INFARTO DO MIOcARDIO
De acordo com 0 autor citado acima, cerca de 40% a 50% dos pacientes
marre dentro de quatro semanas de seu primeiro ataque coronario e destes, 50%
morrem dentro de uma hera de ataque, principalmente quando tern quadro de
disturbios ritmicos.
Todavia, os sobreviventes do infarto agudo do miocardia podem ficar
livres dos sintomas ou terem angina e dispneia.
Na maioria dos cases sao capazes de retornar aD seu trabalho e
atividades normais, contudo, todos permanecem com 0 risco elevado de morte das
caron arias, posteriormente.
Devida as intercorrencias e suas complicac;6es, 0 prognostico naD efavoravel em pacientes que mostram infarto agudo, uma vez que he. grande
quantidade de musculo cardiaco necrosado; a func;c3.ode bombeamento do sangue
encontra-se irregular; e severo e extensivo estreitamento da arteria coronaria.
Dentre as causa da morte no coraC;Elo agudo pode-se citar:
arritmias letais, como par exemplo, a fibrilaC;Elo ventricular;
falemcia da corac;ao;
diminuiC;Elo da produyEio cardiaca;
ruptura do coraC;Elo; e
trombo-emboli8.
11
5 REABILITA9AO CAROiACA
BRAMMEL (1992), define a Reabilita~ao Cardiaca como 0 processo de
restaurar a uma pessoa com cardiopatia, mantendo suas condir;oes fisiologicas,
psicossociais, profissionais e educacionais.
o autor descreve as passos da reabilita9ao cardiaca atraves de urn
programa de atividades. Este programa procura minimizar a incapacidade existente
e prevenir incapacidades adicionais subseqGentes.
o autor ressalta ainda que, a maior parte das patologias cardiovasculares
sao decorrentes do estilo de vida, significando que 0 programa de bem·estar e
reabilitayao cardiaca deve lidar com a identificac;:ao e modificayao de praticas do
estilo de vida que nao sejam saudaveis.
Esse autor considera que 0 programa de reabilitac;:ao possui tres fases, a
saber:
Fase I = Intra - hospitalar;
Fase II = Pos - Hospitaliza~ao Inicial;
Fase III = Manuten~o.
Fase I - incluem atividades intra - hospitalares de deambulac;ao
progressiva, exercicios leves, avaliac;ao profissional e psicossocial inicial, orientac;ao
a familia e ao paciente entre outras necessilrias.
Fase /I - a paciente ja recebeu alta hospitalar e e atendido em uma
instituic;ao altamente supervisionada por pessoal medico, sendo a mais intensiva das
tres fases, pois ao final desta, 0 paciente deve estar pr6ximo das condic;5es
satisfatorias, devendo 0 mesmo ter as informac;6es e habilidades bilsicas que
possibilitarao a continuac;ao das atividades de mudanc;a do estilo de vida aprendidas
no programa.
Fase 11/- destina-se a completar as mudanc;as principais no estilo de vida
iniciadas na fase II e proporcionar os recursos para auxiliar 0 paciente na
manuten~ao das mudan~as adquiridas pelo tempo que for possivel. Esta fase erealizada fora do hospital ou em clinica e nao requer supervisao ou monitorizaC;ao
medica.
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A equipe do programa de reabilita<;8.o cardlaca pode variar seu tam8nho
consideravelmente em termos do numero de profissionais e especialidades,
podendo estar composta por: medicos(cardiologista e psiquiatra), fisioterapeuta,
terapeuta ocupacional, nutricionista, psicologo; conselheiro em reabilita<;8.o
profissional (no Brasil e 0 assistente social), coordenador clinico (cargo ocupado par
qualquer membra da equipe - a maiaria dos programas tern colocado uma
enfermeira registracta) e outros.
TROMBLY (1989), afirma que a Reabilita~ao Cardiaca e adequada para
individuos que sofreram urn infarto do miocardio nao complicado ou "ataque
cardiaco" e apresenta as seguintes objetivos para a reabilitagEio cardiaca:
- aumentar a capacidade funcional (habilidade de trabalhar sem desgaste
au sintomas);
aliviar a depressao;
mudar comportamentos de riscos de recorremcia; e
retorno ao trabalho e lazer.
De acordo com KOTTKE (1984), existem dois tipos gerais de programas
de reabilita9ao cardiaca ap6s 0 infarto do miocardio, a saber:
Reabilita~ao Cardiaca Aguda; e
Reabilita~ao Cardiaca Retardada.
Os dais tipos de programa aspiram a preservar 0 paciente atraves do
period a de risco maximo e, posteriormente, restaura-Io a uma vida 0 mais proximo
do normal em casa e a atividade vocacional apropriada, bem como pressup6em que
a atividade fisica e stresse emocional aumentam a atividade cardiaca e
consequentemente, aumentam a probabilidade de fibrila9ao ventricular.
Para 0 mesmo autor, a quantidade de prote9ao e 0 retorno a atividade
sao programados para minimizar 0 risco e maxi mizar a recupera9ao.
A Reabilitaqao Cardlaca Aguda e direcionada a pacientes que sofreram
infarto do miocardio e, encontram-se em risco de morte subita. Neste tipo de
reabilita9ao 0 paciente e encaminhado a unidade de tratamento intensivo
coronariano, 0 cardiologista e a responsavel pelo seu programa. Os outros membros
da equipe (enfermagem e terapia fisica), iniciam a introdu9ao dos conceitos do
programa de reabilitac;ao. 0 paciente e orientado a realizar suas atividades de vida
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diaria, bern como Qutras atividades, de acordo com a influ€mcia que estas exercem
sabre 0 trabalho cardiaco. (verptJg. 24 e 25)
Apos a estabilizaC;Bo do miocardio, 0 paciente e transferido para a
reabilitac;ao cardiaca e e intituido a programa de atividade, toctavia, continua com
monitorizac;ao continua.
A Reabilita(}80 Cardiaca Retardada e direcionada a pacientes que
necessitam de minima atividade na unidade de tratamento intensivo coronariano. As
atividades sao gradual mente aumentadas, ate que 0 paciente esteja pronto para a
alta hospitalar. No momento da alta para casa, 0 paciente e aconselhado a restringir
suas atividades, permanecendo no programa de exercicios de reabilitac;ao, que
deve ser iniciado dais a tres meses ap6s a alta caso nao ocorra nenhuma
complicac;ao adicional.
KOTTKE (1984), ressalta a importancia das atividades de diversao, pois
sao fontes de escape para a diminuic;ao da ansiedade e tensao emocional,
resultando na diminuic;ao do trabalho de pressao do miociudio.
Ressalta ainda que, 0 tratamento bern sucedido do paciente com
cardiopatia depende de manter a carga imposta ao corac;ao abaixo da capacidade
cardiaca, de forma a obter uma reserva cardiac8.
No proximo capitulo aborda-se a contribui9ao da Terapia Ocupacional na
prevenc;ao e tratamento dos pacientes acometidos por cardiopatias, conseiderando-
se as quest6es relativas a saude mental.
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6 TERAPIA OCUPACIONAL
A Terapia Ocupacional e uma profissao da area da saude, de nivel
superior, que esta voltada ao planejamento e desenvolvimento de programas de
atenyao a saude nos nlveis primario, secundario e terciario; na area clinica
(ortopedica, neurol6gica, psiquiatrica, reumatologic8, cardiologica, cirurgica, entre
outras), escolar e organizacional (empresas).
A Terapia Ocupacional utiliza a atividade humana como recurSQ
terape-utico, indicada de acordo com as necessidades e potencialidactes individuais,
partindo do pressuposto de que a atividade ou cura ou trata. (VAZ e et ai, 1993)
6.1 DEFINI<;AO
Pode-se citar como defini9ao de Terapia Ocupacional as de REED e
SANDERSON, AOTA - Organiza9ao Americana de Terapia Ocupacional
(1968/1977):
- Tempia OcupacionaJe a arte e a eieneia de dirigir a resposta humana para atividades
selecionadas provencio, mantendo a saude, previnindo a incapacidade, valorizando, OU
tratando, au capacitando 0 individuo com disfunqDeS nsieas ou psicossociais;
- e a aplicat;ao de alguma atividacle, na qual 0 ser humano se engaja para avafi89lJo,
diagn6stico e tratamento de problemas que interferem no seu desempenho funcional, em
pessoas debifitadas por doem;as ou traumaiismo fisico, desordens emocionais
incapacidades congenitas ou do desenvo/vimenio ou do processo do envelhecimenlo
com fim de otimizar 0 funcionamento, a prevenglJo e a manuntenglJoda saude.
A principal caracteristica da terapia ocupacional e a de descobrir
possibilidades de ajudar 0 paciente a adquirir qualidade de vida frente as suas
limitac;oes - fisicas, mentais e/ou sociais, atraves do fazer e agir nas situ8c;oes do
cotidiano, criando e recriando novas relac;oes com 0 mundo externo
15
':As w;sas que os seres humanos (azem e os objetos que os seres humanos constroem
fomecem urna ponte entre a sua realidade intema e seu muncio extemo. Nas suas
atividades eles mostram seu cuidado sabre como sobreviver, estar conforM vel, ler
prazer, solucionar problemas, expressar a si proprio e se refacionar com os outros e 0
mundo mais amp/o da sociedade." (HOPKINS, SMITH,. & TIFFANY· 0 Processo de
Atividades, 1978).
Fundamentado neste enfoque, 0 terapeuta ocupacional disp5e-se a
reabilitar bio-psico-socialmente 0 ser humano, levando-o a urn processo de auto-
conhecimento. Esse auto-conhecimento e necessaria para preservar, manter,
desenvolver e/ou recuperar a sua capacidade funcional, a tim de leva-Ie ao melhor
desempenho fisico e mental no lar, na escola, no trabalho e na comunidad8.
A interven980 do terapeuta ocupacional se da por meio das atividades
selecionadas de acordo com as caracteristicas, interesses, necessidades e
capacidades de cada individuo, envolve a promogao e estimulo a atividades
referentes ao seu auto-cuidado (atividades de vida diaria-AVOs), atividades criativas
e expressivas, atividades educacionais e intelectuais, atividades vocacionais e
industriais e atividades recreativas (MAC DONALD, 1990).
o terapeuta ocupacional adquire fundamentayao teorico-pratica em sua
formayao, que 0 capacita a selecionar e analisar a atividade, especialmente as
AVOs, de acordo com seus aspectos fisicos (demandas motoras e
sensoperceptivas) bem como por suas propriedades pSicologicas e psicossociais.
(HOPKINS, SMITH & TIFFANY, 1978).
6.2 OS RECURSOS DA TERAPIA OCUPACIONAL
A Terapia Ocupacional, em sua abordagem terapeutica utiliza-se das
ocupayoes humanas (processo de atividade) para intervir junto ao paciente na busca
de soluyoes aos seus impedimentos (Iimitayoes) decorrentes de intecorrencias
patologicas.
Didaticamente, MAC DONALD (1990) dividiu as ocupa~5es em grupos de
atividades, a saber:
- Atividades Pessoais de Vida Diaria;
16
Atividades Criativas e Expressivas;
Atividades Educacionais e Intelectuais;
Atividades Vocacionais e Industriais;
Atividades Recreativas.
6.2.1 Atividades Pessoais de Vida Dii!ria
Segundo MAC DONALD (1990), a necessidade primordial do ser humano
e a de S8 vestir e despir, fazer a sua higiene, ser capaz de S8 alimentar e de S8
locomover, S8 passive!. A esse grupo de atividade denomina-se Atividades Pessoais
de Vida Diaria. Ainda estao incluidas nesse grupo aquelas referentes aos "afazeres
diarios" de algum modo, leitura, escrita, trabalhos domesticos au sair de casa para
divertir-se au para ganhar a vida. a objetivo geral da Terapia Ocupacional deve ser
orientado para manter au estabelecer essa independencia.
Para 0 autor, atualmente tern S8 aperfei90ado va riDs recursos para
auxiliar 0 paciente na realizagao dessas atividades. Todavia deve-se estimular ao
maximo a paciente para que alcance a movimento requerido ou aprenda um novo
metodo, evitando assim a utilizayao de um aparelho. Entretanto, torna-se importante
o cuidado para que a paciente nao entre em fadiga, quando dispuser de auxilio de
um assistente, a que pade poupar energia para alga mais impartante.
6.2.2 Atividades Criativas e Expressivas
MAC DONALD (1990) diz que, hi! alguns anos, 0 trabalho de Terapia
Ocupacional quando aplicava atividades criativas e expressivas era considerado
como "dar aos pacientes alga apenas para fazer", como tapetes sem atrativos,
brinquedos mal feitos, ou cestos, ou bordados de desenhos ruins au de materia de
rna qualidade, levando ao abandono dessas atividades no tratamento.
Todavia, e principio da Terapia Ocupacional que a arte e 0 trabalho
artesanal como as atividades expressivas, quando usadas de forma correta,
17
preenchem urn dos papeis mais importantes como atividade terapeutica que e a
intera~ao intra e inter-pessoal do paciente.
Dessa maneira as pacientes usam a arte, 0 artesanato com uma valvula
de escape emocional para qualidades criativas e emocionais, pais transmitem seus
sentimentos nos trabalhos que realizam, redescobrindo novas potencialidades em si.
6.2.3 Atividades Educacionais e Intelectuais
Dentro desse grupo de atividade estao aquelas ligadas ao
restabelecimento final do paciente em alguma atividade lucrativa, au usadas para
desenvolver au continuar algum interesse relacionando a urn emprego. As
atividades intelectuais sao consideradas aquetas produtoras de interesse e prazer;
como: estudo por passatempo, pesquisas, aprendizado de urn idioma, estudo da
musica, desenho, pintura, entre outras. (MAC DONALD,1990)
Estas atividades sao utilizadas na maiaria das vezes na fase da
adolescencia quando 0 individuo carneya a S8 interessar por urna atividade lucrativa.
No case dos individuQs com cardiopatia, sercia utilizadas com objetivo de
propiciar momentos de prazer para elevac;ao da auto-estima, auto-afirmaC;8o e
mudanC;8s de comportamento frente aos habitos de vida diaria que naD sao
saudilVeis.
6.2.4 Atividades Vocacionais e Industriais
Para 0 mesmo autor, e dificil de S8 classifiear as atividades que fazern
parte deste grupo, devido a sua abrang'mcia.
Afirma ainda que 0 terapeuta ocupacional nao necessita de eficiencia na
execuc;ao de todas elas, mas deve estar capacitado a avaliar 0 seu valor em rela<;ao
ao padente, supervisionar e oferecer consulta, em relaC;8o as mesmas. Deve
tambem ser capaz de trabalhar com os outros peritos, a quem poden! ter de
aconselhar ou supervisionar.
18
Quando estiver indicado 0 retorno ao trabalho com au sem traca de
fung8o, faz-s8 necessario 0 encaminhamento para urn trabalho vocacional ou
industrial mais competitiv~ no periodo de tratamento.
o protocolo de atendimento e realizado atraves do usa de atividades
como: tarefas domesticas; atividades ao ar livre; tarefas de escrit6rio; atividades que
exigem destreza; certas formas de artesanato. A escrita manual, a fotografia,
conserto de calc;ados e rel6gios, encadernac;8.o de livros, arte comercial, ilustragao e
letreiros, sao Qutros exemplos de atividades que podem ser usadas como
tratamento.
6.2.5 Atividades Recreativas
Para 0 autor, quando 0 paciente adquire independencia em suas
atividades diarias e de trabalho, urge outra necessidade, a de lazer. A metodologia
utilizada pelo terapeuta ocupacional, e adequada tambem a essa necessidade. Os
terapeutas ocupacionais sao preparados para auxiliar 0 paciente a organizar 0 seu
lazer e para dar instruc;5es em um certo numero de atividades que podem ser
exercidas como passatempo. E no caso dos individuos acometidos pel a cardiopatia
nao poderia ser diferente, essa necessidade de lazer urge devido a predisposic;ao
que possuem em desencandear quadros de transtornos mentais.
Sendo assim, torna-se importante a inserc;ao do terapeuta ocupacional na
equipe interdisciplinar de saude na preven~ao e tratamento das cardiopatias, para
que 0 tratamento dos individuos acometidos, tenha uma abordagem mais integrada
e uniforme no que se refere a indicaC;ao e aplicaC;ao de certas atividades utilizadas
no tratamento.
Dentro de uma equipe interdisciplinar, 0 enfoque de tratamento da
Terapia Ocupacional, em pacientes com incapacidades deixadas por diversas
patologias, inclusive a cardiopatia, e preservar, manter, desenvolver ou restaurar a
capacidade funcional para atividades no lar, no trabalho e na comunidade.
19
7 INTERVENCAO DA TERAPIA OCUPACIONAL NAS DISFUNCOES FislCAS
De acordo com SPACKMAN (1973), a valor da Terapia
Ocupacional reside na participag80 mental e fisica do paciente numa atividade
construtiva.
A Terapia Ocupacional pode ser utilizada para 0 tratamento de pacientes
acometidos de incapacidades residuais, conseqOentes de enfermidades au
traumatisrnos.
Durante 0 tratamento, a Terapia Ocupacional busca restabelecer a func;ao
fisica, ajudar 0 paciente a adapta-s8 a perda da funC;;8o au a compensa-Ia, ajuda-Io
em sua reintegrayao a vida normal e, S8 indicado, procurar reintegra-Io a urn
emprego remunerado.
o protocolo de atendimento visa alcanyar as seguintes objetivos:
resist€mcia; treinamento das atividades da vida diafia; desenvolvimento da tolerfmcia
ao trabalho; avalia~o pre-vocacional;e,melhorar as a relayao intra e inter-pessoal.
Para a autora dois fatores sao de vital importancia no usc da Terapia
Ocupacional: primeiramente 0 terapeuta deve ser capaz de captar a confianc;a e a
cooperac;ao do paciente; e, instruir adequadamente 0 paciente ace rca da atividade
que deve realizar, para que alcance 0 objetivo proposto.
7.1 ADAPTACAO DAS ATIVIDADES PARA OBTER MOVIMENTOS ESPECIAIS
Ainda segundo SPACKMAN (1973), mui!as vezes, ha necessidade de
adaptac;oes especiais dos metodos para realizar a atividade, ou inclui adaptac;ao
para a posic;ao do trabalho, principal mente quando 0 paciente nao consegue utilizar
certas regi6es. Para realizar tais adaptay6es deve se ter em conta algumas regras:
- 0 paciente deve manter em tado 0 momento uma boa postura;
- convem se assegurar de que chegara a compreender 0 que se pretende fazer na (onna
diferente;
20
- exceto quando seja rea/mente necessiJrio, convem evitar as adaptaQOes peculiares de
dispositivos e de ferramentas devido ao pessimo efeito psicol6gico que esta mudam;a
provOCBno pacienfe;
- evitar adaptar;Oes se 0 paciente estiJ acostumado a realizer a atividade em fonna
normal, complicadas que requerem trocas sucessivas e novas adaptar;oes que
representam urnperria de tempo.
7.2 GRADUACAO DA ATIVIDADE
A medida que 0 tratamento transcorre, faz-s8 necessario graduar a
atividade. Deve-s8 ter 0 cuidado em estimular 0 paciente a progressao de urn
trabalho, do leve ao pesado, e com periodos de trabalho mais prolong ados e de
repouso mais curtos, bern como a graduac;c3.o da coordenac;:c3.o, resistencia e
amplitude de movimento.
A gradu8c;:ao da atividade tern como objetivo alcanc;:ar uma patencia
normal.
Segundo KOTTKE (1984), a atividade dos membros superiores altera 0
trabalho cardiaco em para lela as altera.y6es no consumo de oxigemio, com
diferenC;8s nessas relac;oes durante a atividade dos membros inferiores.
Esse autor afirma ainda que 0 conhecimento do trabalho cardiaco au
exig€mcias metabolicas das atividades sao necessarios com abjetivo de estabelecer
a razoavel gradu8c;ao.
7.3 SINTOMAS DE FADIGA
A fadiga e urn 5intoma muito comum, sendo necessaria a observay2loconstante para descobrir as seus sinais que geralmente sao:
Locais: vermelhidao, dar, edema, tremor na regiao afetada e diminuiyao da
amplitude do movimento;
Gerais: nervosismo, suspiros, transpirayao da testa e do labio superior, falta de
atenyao e irritabilidade.
21
A autora afirma que e conveniente perguntar ao paciente S8 sente
sintomas diferentes depois de uma traca de tratamento (metodos, tecnicas,
manuseio).
7.4 UTILlZAC;AO DE PERioDOS DE REPOUSO
SPACKMAN (1973) diz que, nas primeiras fases de tratamenta, a
paciente pode necessitar de pedodos de repouso de dura980 variavel.
Durante 0 periodo de repouso pode-s8 utilizar atividades completamente
diferentes. Posteriormente, 0 periodo de repouso pode ser utilizado como
complemento aquelas fases da atividade que naD requerem urn exercicio especifrco.
7.5 ATIVIDADE EM CASA
Ainda segundo 0 masmo autor, para alguns pacientes e aconselhavel
prescrever exercicios para S8 realizar ern casa.
Afirma que 0 paciente que recebe urn tratamento di<!uio progride, em
geral, mais rapidamente que 0 que somente recebe urn tratamento em dias
alternados, todavia alguns cuidados devem ser levados em conta ao prescrever
atividades para se realizar em casa:
saber se 0 paciente cumprira rigorosamente au de forma indiferente a
atividade;
assegurar de que a paciente compreendeu a que deve ser feito;
em cada sessao, procurar comprovar 0 que foi feito em casa e como
fez;
graduar a atividade e a esfor~o no trabalho e de casa como em outras
atividades e tratamento;
tornar a atividade de casa uma parte da atividades normais tais como:
tirar a po, lavar pratos, jardinagem, etc;
22
ao prescrever atividades domesticas, explicar ao paciente
cuidadosamente 0 fundamento da atividacte que deve realizar para
ajuda-Io a conseguir urn exercicio correto.
7.6 ATIVIDADES USADAS PARA 0 TRATAMENTO
Ao prescrever as atividades que serao utilizadas para 0 tratamento, essas
devem ser construtivas, ao mesma tempo que aumentam a func;ao.
Para SPACKMAN (1973) 0 valor da Terapia Ocupacional reside na
obtenC;80 do exercicio pela atividade construtiva que permite ao paciente transferir aatividade normal 0 movimento, a potemcia e a coordenaC;8o conseguidos.
o paciente deve ser estimulado para que aumente 0 seu interesse na
realizac;ao de sua ocupag8o, pois usara com maior naturalidade e com menor fadiga
sua regiao afetada.
A contribuiC;80 da Terapia Ocupacional aos aspectos emocionais do
paciente, reside em que esse utiliza-se tambem das partes lesadas para realizar urn
trabalho produtivo ou criativo, com 0 qual 0 paciente pode satisfazer suas pr6prias
necessidades basicas.
KOTTKE (1984) afirma que, no caso do paciente cardiaco deve-se, ao
selecionar as atividades, estar atento as quest6es da influemcia de tais atividades no
trabalho cardiaco. 0 autor classifica as atividades norma is de acordo com 0 debito
cardiaco durante a sua realizac;ao em:
Atividade Metabolismo (METS) Debito Cardiaco (COS)
Minima <1,5 <1,25
Leve 1,5-2,5 1,25-1,5
Moderada 2,5 - 3,5 1,5-2,0
Pesada 3,5 - 5,0 2,0 -2,5
Severa 5,0 -7,0 2,5 - 3,0
Excessivamente Severa > 7,0 3,0-4,0
23
Afividade Cardiaca Minima - sao consideradas as atividades em que 0
paciente encontra-se sentado, com antebra90s sustentados exigindo apenas a
utiliz8980 das maos e punhos. Sao elas: montagem de Ginto de coura, estampagemem couro, trabalhar em couro, ouvir radio, montagem em bancada leve, tranc;ar
couro, tran9ar couro (decubito lateral) e esculpir madeira.
Afividade Cardiaca Leve - sao atividades que exigem movimento
completo ou sustenta98.o dos brac,;:ossem carga, movimentos de equilibrio do tronco
ou trabalho manual, podendo ser realizada em pe ou sentado de acordo com 0
debito cardiaco durante a atividade. Tendo-s8 como exemplo as seguintes: comer,costurar, trabalho de escritorio, tipografia, sair e voltar it cama, entalhar couro,
tecelagem de tear de mesa e vertical, escrever, datilografia, teste de atividade
bimanual, lixamento (50 mov/min), trabalho em metal - martelo, impressao,
montagem em bancada - moderada, pendurar roupas.
Atividade Cardiacas Moderadas - sao consideradas as atividades
sedentarias de escrit6rio ou em bancada exigindo elevac;ao peri6dica de nao mais
de 5 kg, caminhar a uma velocidade moderada, dirigir um carro, vestir-se, tomar
banho e preparar refeiy6es. Pocte-se citar: tocar piano, vestir-se, despir-se, serrar -
serra de joalheiro e serrate de metal, dirigir carro, andar de bicicleta lentamente,
preparar refei90es, levantar pesos - 4,5 kg elevando a 37,5 cm (46 vezes/min),
andar - 3,2 kmlh, serrar madeira e chuveiro marna.
Atividade Cardiaca Pesadas, Severas e Excessivamente Severas -
estao incluidas as atividades que exigem urn envolvimento de todos as seguimentos
corporais, exigindo posturas dinamicas. Sao exemplos: evacuac;ao, arrumar camas,
tomar banho em chuveiro quente (em pel, andar rapidamente - 5,6 kmlh, descer
escadas, escovar assoalho, preva de Master de dois degraus, levantar peso - 4,5 kg
elevados 90 cm (15 vezes/min), bicicleta rapidamente, correr, cortar grama e subir
escadas.
TROMBLY (1989) apresenta urn rei de atividades classificadas de acordo
com custo metab61ico aproximacto, similar ao citado anteriormente separando-as em
ocupacionais e recreativas.
24
Atividade Ocupacional Recreativa
Trabalho na mesa, dingir Ficar em pe, caminhar e
Minima autom6vel, datilografia e passear a 1,6 kmlh e andar
operar calculadoras de moto.
ehatricas.
Concerto de automoveis, Andar em nivel 3,4 kmlh,
de ,,;dio e de televisao, andar de bicicleta em nivel
Leve trabalho de porteiro, (Bkm), dirigir cortadores,
datilografia em maquina bilhar, boliche, tiro ao alvD
manual, atender bar. (bocha), trabalho em
madeira - leve, dirigir barcos
motorizados, galle --<:om
carrinho a motor, canoagem
4km, andar a cavalo e toear
piano e Qutros instrumentos.
Azulejar, passar ge55o, Caminhar - 5 km, andar de
carretilha - carga de 100kg, bicicleta 10km, cavalgar,
maquiniuia, dingir voleibol - com 6
caminhao com "trailer' no participantes nao
Moderada t,,;lego, soldagem - carga competitiv~, golfe - carrinho
moderada, limpar janelas e para puxar os tacos, areo e
empurrar cortadeiras de ftexa, navegagao - com
baixa potemcia. barco pequeno, pescar - em
pe com bota impermeavel,
andar a caval a - trote, jogar
peteca - duplas e musica
energic8.
Pintar alvenaria, colocar Caminhar - 5,5km, andar de
papel na parede, cavar com bicicleta - 13km, tenis de
par e carpintaria leve. mesa, galle - clubes, dangar
Pesada - loxtrote, jogar peteca -sozinho, t€lnis - duplas,
25
marcha em fila e muita
ginastica sueca.
Jarctinagem, escavar pouca Caminhar - 6km, andar de
terra. bicicleta - 16km, canoagem
6,5km, andar a cavalo -
Severa "apressando" 0 trote, pescar
em rio - andar na corrente
fraca com bota impermeavel
e patinar no gelo au no chao
-15km,
Escavar 10 kg 110min e Caminhar 8km, andar de
Excessivamente Severa cortar lenha. bicicleta 17,5km, jagar
peteca - campetiqaa, tEmis -
simples, escavar neve,
cortador manual, danqa
folcl6rica, esquiar em
declives suaves, esqui
amador 4km e esqui
aquatico.
BRAMMEL (1992) afirma que as mesmas principias que saa utilizadas
para a prescric;ao de exercicios para condicionamento podem ser aplicados aprescric;ao para atividades de trabalho e recreacionais. Inicialmente e necessaria
encontrar a frequencia cardiaca de ajuste a partir da avaliayao mais recente de
exercicios. Ista para evitar que 0 paciente realize uma atividade que gere uma
freqGencia que exceda aquela em que ocorre a isquemia. Portanto, a prescrir;:ao das
atividades deve ser feita com base na freqGencia cardiaca do paciente.
Durante ° tratamento, 0 paciente deve ser orientado de como tomar 0
pulso, para checar sempre apos a realizar;:3o de cada atividade
26
7.7 INTERESSE SELETIVO DAS ATIVIDADES
Devida aos conflitos emocionais que 0 paciente pode apresentar, eimportante que a atividade selecionada adapte-s8 aos interesses, idade e sexo do
paciente.
Ao passo que sao consideradas as quest5es bio-psico-sociais e
espirituais do paciente, as obstaculos que impedem 0 processo criador da atividade
diminui, contra pond a com a potencializ89ao da atividade no processo tratamento e
cura.
27
8 RELAc;AO TERAPEUTICA
Em qualquer processo de atendimento terapeutico existe 0 que edenominado par todos, Rela980 Terapeutic8. Os "modelos" dessa rei 8980, sao as
mais variados possiveis, podendo ser adequadas ou inadequadas ao tratamento do
paciente com quaisquer alterat;6es do seu bern estar bio-psico-social e espiritual.
No atendimento ao paciente com alterac;ao em seu sistema
cardiovascular, 0 que pade levar a outras altera90es bio-psico-sociais e espirituais,
faz-se necessario uma abordagem dentro de uma relayao terapeutica fundamentada
em principias claros e eticos - morais.
Fundamentado em alguns conceitos e pensamentos de JORGE(1985),
este trabalho busea uma reflexao do poder da rela9Bo terapeutica, dentro de urn
enfoque em saude mental, no tratamento de individuos acometidos por cardiopatias.
Para JORGE (1985) a relagao terapeutica se da a partir de urn encontro
homem - homem, onde a simples presenc;a de um altera 0 eomportamento do outro.
Esta relat;ao somente se cristaliza quando ha 0 interesse do paeiente em
reabilitar-se.
o autor afirma ainda que a relat;ao terapeuta - paeiente aconteee dentro
de um espat;o proprio, em cireunstaneias especificas, sob regras pre-determinadas e
eom objetivos definidos de prevenir e eorrigir deformidades sempre quando
ocasionarem parda das eapaeidades adaptativa e laborativa, reabilitando fisica,
psiquica a socialmente, 0 homem, quando 0 estado patologieo resultar na demolit;ao
total ou parcial da auto-estima, da auto-imagem e da auto-ajuda.
Para a estruturat;ao e eontinuidade da relat;ao terapeutica, JORGE chama
a atent;ao para alguns aspectos: "setting" e a entrevista; a segurant;a externa; a
segurant;a interna; a angustia; a empatia; a simpatia; a neutralidade; a atmosfera de
calor; a etapa responsiva; a etapa inieiativa ; a questao da transferencia; e.a
contratransferencia.
o "Setting" (espago) em Terapia Ocupacional onde ocorre a relagao
terapeuta - paciente, passu; caracteristicas diferenciadas daquelas esperadas ao
imaginar urn ambiente de terapia (discrigao e calma).
28
Todo 0 arsenal utilizado pelo terapeuta ocupacional, de acordo com a sua
area de atuar;ao, ira definir a Usetting" terapeutico. As vezes sao amplos, iluminados,
com adores de tintas, parafina, vernizes, 61eos e Qutras caracteristicas que sao
proprias do "setting" da Terapia Ocupacional e que inexistem em outros ambientes
terapeuticos. Todavia e neste contexte que a relay80 terapeuta - paciente S8 fara,
com possibilidades a niveis profundos de relaxamento, confidencias e encontros.
Para JORGE (1985), as dificuldade que surgem de compreender esta
relatyao S8 deve a uma inadequayao de interpreta~o do que vern a ser uma
entrevista terapeutica. Ao contrario de Qutras que sao apenas atividades de cunha
verbal, a entrevista em Terapia ocupacional acontece em ambientes com as
caracteristicas citadas aCima, podendo ocorrer contato fisico entre outra atividade,
onde a fala naD e privilegiada em detrimento de quaisquer outras formas possiveis
de comunicac;:ao humana.
o maior objetivo da entrevista e recolher do homem, informac;:6es acerca
do que pensa e percebe de seu proprio carpo, e, confirmar ou negar a fidedignidade
das mesmas. Para tal, faz-se necessaria a observac;:ao desse corpo em
funcionamento, que se passa dentro do "setting", vinculando-se a informac;:ao verbal.
E, apesar de outrem apresentar dificuldades em compreender esses aspectos do
"setting" e da entrevista em Terapia Ocupacional, nao descaracteriza a entrevista
terapeutica.
o que se percebe e que, devido aos contatos fisicas aumenta-se a
intimidade, deixando de certa forma os sentimentos do terapeuta e paciente a
mostra. Esta exposic;:ao gera no paciante uma percepc;ao de preconceitos,
inseguranc;:a, nojo e desejo de agradar ou resguardar-se do terapeuta e vice-versa.
E neste momento que deve surgir a seguranc;:a externa, que consiste no
sigilo profissional, em que 0 paciente e protegido contra censuras, criticas e
represalias, caracterizando a seguran~a externa.
Esse sigilo implica em uma conduta pratico - moral e uma postura teorico
- moral ou etica.
Segundo JORGE (1985), a conduta pratico - moral refere-se a
necessidade do individuo pautar seu comportamento por normas que julgue mais
apropriadas de serem cumpridas, ou seja, e a forma como cada um resolve seus
problemas cotidianos.
29
E entende-S8 par postura te6rico - moral ou etica, a investigag8.o de urn
tipo de experiencia humana au forma de comportamento dos homens e da moral de
acordo com a sua totalidade, diversidade e variedade.
Para ele a diferent;a entre as duas e que a primeira e normativa e
particular e a segunda, generica e explicativa.
Oestarte, a segurang8 externa do paciente resulta de como a profissional
S8 comporta frente a sua propria vida e de sua habilidade em conduzir 1 sem
nenhum jUlgamento moral ou de valor, 0 encontro com 0 paciente. Protege-o contra
critica, censuras e represalias em re1a980 aos segredos que Ihe fcram confiados.
E interesse do paciente urn terapeuta que respeite a sua individualidade,
sem remodela-Io de acordo com seus proprios preceitos; que seja compreensivo e
esteja interessado, em busca da objetividade que revele a sua realidade fisica e
psiquica, possibilitando urn auto - conhecimento de suas realidades externas e
internas em todos os aspectos.
A partir do momento que se estabelece a seguranC;a externa, para a
mesmo autor, surge a seguranc;a interna que diz respeito ao paciente e que e
caracterizada quando este experimenta urn estado psiquico propiciador de
tranquilidade emocional.
Esta seguran"" e adquirida ao passo que 0 paciente supera a vergonha e
a inc6modo de expressar a sua necessidade de ajuda.
De acordo com ROGERS e KINGET (in JORGE,1985), procedimentos do
terapeuta como a "atitudes tutelares" , a "estandardizac;ao ao nivel da media" e a
"convite a dependencia" pode impedir a aquisiyao desta seguranga.
As atitudes tutelares correspondem a uma conduta rudimentar do
terapeuta que ao tentar tranqGilizar e reconfortar 0 paciente, age com paternalismo,
impedindo 0 paciente de se auto - avaliar e de perceber as suas reais
possibilidades.
Para os auto res a estandardizagao 80 nivel da media refere-se a conduta
do terapeuta em tentar inserir 0 paciente numa media social, levando-o a urn
comportamento mediocre e impedindo-o de perceber a si, 0 rnundo e suas relac;oes
como mesmo.
30
o convite a dependencia, segundo os masmos autores, resulta da
conduta do terapeuta em centrar em si a capacidade de resolver as problemas do
paciente.
Esses procedimentos naD podem ser justificados no alivio da angustia do
paciente, pois a confianya em sua capacidade pessoal de julgamento e algo a ser
preservado.
Ainda de acordo com JORGE (1985), entende-se por angustia a
experiencia emocional penosa, produzida por estimulos externos e internos,
vivenciada de forma consciente e que e dirigida pelo sistema nervoso aut6nomo.
Podendo distingui-Ia em tres tipos: a angustia real OU objetiva, a angustia neurotica e
a angustia moral.
A angustia real ou objetiva e caracterizada pelo medo objetivo de sofrer
algum dana na integridade fisica DU psiquic8, que decorre da percepc;:ao de perigo
real proveniente do mundo externo.
A angustia neur6tica, de origem interna, resulta do medo do paciente em
nao conseguir controlar seus impulsos. Esse tipo de angustia pode se manifestar de
tres formas: a apreensao flutuante que manifesta-se de forma diluida e constante e
refere-se ao temor do paciente de que alguma coisa acontec;a-Ihe e 0 mesmo nao
consiga conter seus impulsos, realizando desejos que 0 ego nao permita; a fobia
que manifesta-se de forma intensa, nao possui nenhuma proporc;ao com 0 perigo
real e origina-se no temor do proprio desejo; e 0 panico que manifesta-se de forma
insidiosa, grave e repentina e refere-se a comportamentos extremistas e sem
explicac;ao posterior pelo paciente. Essas tres formas de comportamento resultam do
temor do paciente em que as pressoes do id sobre 0 ego, anule suas func;oes de
observador e sintetizador da realidade, levando-o a urn estado de impotencia.
A angustia moral tern origem na consciencia moral e refere-se aos
sentimentos de culpa e vergonha por ter realizado desejos proibidos. A consciencia
moral e elaborada a partir da internaHz8c;ao da autoridade dos pais que,
posteriormente, estruturara 0 superego.
JORGE (1985) diz que, quando 0 terapeuta tentar extinguir a angustia do
paciente, entendendo esta conduta como forma de oferecer seguranc;a ao mesmo,
estara apenas contribuindo para que 0 paciente abdique da necessidade de S8
31
esfOfc;ar em busea de realiz8c;oes que satisfac;am suas necessidades a longo prazo,
S8 importando apenas as necessidades imediatas.
Outro fator considerado pelo m8smo autor de suma import~mcia nesse
momento do tratamento e a empatia, que S8 refere a capacidade do terapeuta em S9
colocar no lugar do paciente, imergindo e participando de sua experiemcia em seu
mundo subjetivo em todas as formas que a comunicayao verbal e nao verbal
permitarn, venda 0 mundo com ele 0 ve, comunicando-Ihe clara mente a percepc;ao
deste mundo. Islo S8 tara a partir de urna postura vigilante, empfltica e deli cad a,
com relac;c3o aos seus proprios comportamentos a aos de seu paciente.
A empatia e alcanc;ada atraves de urna reorganizac;ao do sistema de
necessidades, interesses e valores pessoais do terapeuta. Dai a necessidade do
terapeuta realizar tratamento psicoterapeutico, treinamento e/ou supervisao com
terapeutas considerados mais empaticos, para que 0 encontro terapeutico resulte
em uma rela~ao terapeuta - paciente e nao apenas em uma relac;ao cinestesica
e/ou laborativa.
E atraves da empatia que 0 paciente sente-se aceito e compreendido pelo
terapeuta, conseguindo enxergar a sua realidade, percebendo onde esta e onde
precisa chegar, entregando-se a rela~ao e construindo seu proprio processo de
reabilita~ao.
Quando 0 contato esta estruturado sobre a empatia, 0 terapeuta tern a
oportunidade de participar no processo de cura e auto-compreensao do paciente,
sem envolver-se, sendo apenas a ressonancia dos sentimentos e necessidades do
paciente.
Apesar de tambem significar ressonancia do sentimento do ~Utro, ser
simpatico difere de ser empatico.
A simpatia, de acordo com HOLANDA (in JORGE, 1985) refere-se
essencialmente as ema~6es, tendo seu campo mais reduzido que a da empatia, que
compreende tanto os aspecotos cognitvos quanto os emocionais da experi€mcia do
autro. De forma simplificada pode-se definir a simpatia como sendo a inclina~ao
reciproca entre duas pessoas.
JORGE (1985) afirma que 0 comportamento simpatico do terapeuta
promovera em si urn profundo e desgastante envolvimento emocional, vista que as
32
observac;6es aeerca do paciente sao idemticas au indentificaveis com a sua propria
historia de vida.
Durante a relagao a qualidade de resposta do terapeuta ao paciente, pode
leva-Ie a comportar-se diferenciadamente, podendo esta ser simpatica, antipatica au
empatica.
A resposta simpatica e a mais superficial e desfoca 0 interesse real do
paciente, desmotivando-o a continuar 0 relata au a atividade.
A resposta antipatica e desagradavel, superficial e produz a mesma
reac;ao que a simpatica, 0 paciente arrepende-se do que comunicou, sendo a mais
contraprocucente.
A resposta empatica e a mais efetiva e producente, devido 0 terapeuta
comunicar 0 que Ihe foi comunicado sem fazer usa de juizo de valor a/ou de suas
construc;6es pessoais.
A neutralidade, no campo das relac;6es human as, e Qutro fator que
JORGE (1985) chama a atengao pelo fato da impossibilidade de se abster de todos
as significados pessoais, 0 que serla a neutralidade absoluta, visto que toda situayao
comporta urn conjunto de fatores constantes que a caracteriza e a difere das demais
e, e deliberadamente orientada em certo sentido e que isto, per si s6, implica
diredonamento.
Outro fator que impossibilita a neutralidade e a percepgao com
significac;ao individual que 0 homem tern de todas as situayoes que vivencia. A
situac;ao pode ser a mesma para 0 terapeuta e a padente, todavia e percebida com
significac;ao individualizada.
Ao acreditar-se que em uma relac;ao homem - homem a simples
presenC;a de urn altera 0 comportamento do outro, conclui-se a impossibilidade de
uma conduta neutra dentro da relayao terapeuta - paciente.
Entretanto, direcionar 0 processo requer compreensao do terapeuta de
seu proprio referendal, bern como do referencial do paciente, no entanto, para que a
intervenc;ao seja efetiva, 0 ponto de partida deve ser 0 quadro de referenda interna
do paciente.
De acordo com 0 mesmo autor, a atmosfera de calor refere-S8 a atitude
afetiva que 0 terapeuta adota com seu paciente, antes mesmo que de seu desejo,
nao significando amizade, nem paternalismo, mas sim, bondade, respeito,
33
responsabilidade e interesse desinteressado, pais 0 terapeuta conhece a
necessidade afetiva do paciente e reconhece 0 seu temor em relac;ao a si
(terapeuta) .
Esta atmosfera e estruturada a medida que 0 terapeuta conduz 0 paciente
a percep~o da possibilidade de mudanvas, levando-o a experimentar e naa 56
conhecer as objetivQs pre - definidos.
JORGE (1985) afirma que segundo CARKHUFF E ALVARENGA, 0
encontro terapeutico estrutura-se em duas etapas: a etapa responsiva e a etapa
iniciativa.
De acordo com as autores, a etapa responsiva refere-s8 a fase inicial do
tratamento, diz respeito ao terapeuta, cnde a mesmo responde ao paciente,
preocupando-se em nao acrescentar nada ao seu discurso 8, no mesma nivel em
que ests S8 expressa. Ja a etapa iniciativa diz respeito ao paciente, podendo ser
compreendida como 0 seu comportamento frente as responsabilidades e pIanos de
vida, todavia, quando houver difieuldade par parte do paeiente nesta fase, 0
terapeuta se reserva 0 papel de ajuda-Io de forma direta.
Durante a etapa responsiva, dois aspectos do comportamento do
terapeuta sao fundamentais: a capacidade de atender e de responder.
A eapaeidade de atender esta voltada para a habilidade que 0 terapeuta,
possui ou desenvolve, em comunicar de forma nao verbal e clara sua disponibilidade
e interesse pelo paciente.
Nesta fase, 0 silencio e um comportamento presente, pOis 0 terapeuta
ouve atenciosamente para oferecer urn ambiente segura e adequado para as
posteriores ac;:6es que ali S9 realizarao.
A eapaeidade de responder relere-se a habilidade que 0 terapeuta, possui
ou desenvolve, em comunicar verbal e claramente que compreendeu 0 que 0
paciente the comunicou. 0 terapeuta podera responder de tres formas: ao conteudo,
ao sentimento e ao conteudo e sentimento.
o terapeuta responde ao eonteudo quando e habil em busear na fala do
paciente 0 motivo que 0 levou a procurar ajuda, refletindo a respeito do que lhe foi
comunicado e organizando 0 que encontra-se confuso para 0 paciente em sua
mensagem, porem nao pode ser eonfundida com a repeti9ao da fala do paeiente,
pelo terapeuta.
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Para responder ao sentimenta, a terapeuta deve possuir au desenvolver a
habilidade de perceber com clareza as sentimentos contidos nos fatos relatados pelo
paciente.
Na tarefa de responder ao conteudo e sentimenta, a terapeuta deve
somar as duas habilidades anteriores, ou seja, conseguir responder como e porque
o paciente esta S8 sentindo daquela maneira, naquele momento e explicita ista para
a mesmo. (JORGE,1985)
A etapa iniciativa diz respeito aD paciente, cnde pode-se destacar duas
habilidades: personalizar e orientar.
Entende-se par personalizar, a postura do paciente em identificar a seu
papel denlro da vida assumindo a parcela de sua responsabilidade do que esta
vivenciando, deixando de lado a papel de vitima. A partir do momento em que 0
paciente naD conseguir esta habilidade, cabe ao terapeuta 0 papel de tomar
compreensivel 0 que Ihe foi comunicado.
o ate de responsabilizar-se e gradual, indispensavel no processo de
amadurecimento e doloroso precisando ser conduzido de tal forma que 0 paciente
nao se sinta acusado de seus deficits, para que 0 mesmo continue seu projeto de
vida.
A habilidade de orientar refere-se tambem a responsabilidade do paciente
em organizar as sua a90es futuras. Assim, caso 0 paciente nao consiga, reservar ao
terapeuta a papel de orienta-Io a respeito do planejamento de sua a\'Bo futura,
sendo vedado decidir par ele.
JORGE (1985) resume as etapas pelas quais 0 paciente passa frente ao
comportamento do terapeuta, da seguinte forma: a partir do momento que 0
terapeuta Ihe atende e responde adequadamente, envolve-se no processo de
reabilita9ao, explorando sua hist6ria de vida na busca da compreensao de onde esta
e onde precisa chegar; ap6s ter conseguido a compreensao de sua realidade, onde
esta e ainda precisa chegar, personaliza sua responsabilidade frente a sua vida e os
acontecimentos; ao personalizar sua responsabilidade, busca orientar sua a90es
com fim de conseguir alcam;ar as metas que suprirao suas necessidades.
Destarte, para a participagao do terapeuta na reabilitagao do paciente,
este precisara possuir e/ou desenvolver as quatro habilidades: atender, responder I
personalizar e orientar. Essas decorrem de cinco outras habilidades que 0 terapeuta
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precisa possuir: a de aceitagao incondicional, que diz respeito a habilidade em
acolher 0 Dutro sem nenhum juizo moral; a da congruencia, que refere-s8 aautenticidade, genuinidade par palavras e atos; a da confrontac;ao, que e a
habilidade de confrontar a percepc;ao do Dutro com a percepc;ao de si proprio; a da
imediaticidade, que corresponde a habilidade de elaborac;:ao no aqui - agora dos
sentimentos experimentados par ambos durante 0 atual encontro; e a da
concreticidade, que e definida como sendo a habilidade de decodificar a experiemcia
do Dutro ern elementos concretos, objetivQs, para compreensao do mesma de suas
vivencias confusas.
A questao da transfer€mcia e urn fator que suscita posicionamento
diferenciado entre os terapeutas que seguem 0 metodo humanista e aqueles que
seguem 0 psicanalitico.
De acordo com a psicanalise, a transferencia corresponde a repetiyao de
prototipos infantis vivid a com sensa'tao de atualidade acentuada. Segundo
ROGERS e KINGET (in JORGE, 1985), transferir enquanto sin6nimo de deslocar um
sentimento de um objeto para outro, e uma fato humano. Para eles 0 mecanismo de
transferencia utilizado pela maioria dos pacientes para com seus terapeutas nao sao
como simbolo de alguma figura significativa de seu proprio passado, mas sim,
pessoas reais e presentes, portanto sao proporcionais a situaC;80 especifica e
justificaveis.
Entretanto, os autores humanistas nao ne9am a existencia da
possibilidade do paciente agir com comportamentos transferenciais para com seu
terapeuta, mas sim, interpreta-Ios, resguardando apenas 0 direito de refietir esses
comportamentos de acordo com as dados reais do presente do paciente
comunicado naquele encontro, entendendo que a transferencia existe, tern origem
em experiencia do passado do paciente e que trata-se de urn comportamento
comum a todas as terapias.
A contratransferencia ocorre com 0 terapeuta e, de acordo com Freud,
citada pelo 0 autor, refere-se ao resultado da infiuencia do paciente sobre os
sentimentos do terapeuta. Quando 0 terapeuta e 0 paciente desconhece esse
intercambio, 0 segundo fica impossibilitado de obter tudo 0 que necessita devido a
primeiro estar comprometido com seus proprios complexos internos.
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Para JORGE (1985), a contratransferencia e urn fato humano, pOis 0
terapeuta e paciente possuem inconsciente e que 0 mesmo, 0 paciente, pode muito
influenciar as sentimentos, as perceP90es e as fantasias do terapeuta a partir de sua
hist6ria de vida.
Afirma ainda que a contratransferencia e inevitavel, todavi8 e preciso
mante-Ia sob controle na rela9ao terapeuta - paciente. Oai a necessidade do
terapeuta submeter-se a psicoterapia e/ou treinamento e supervisao para que possa
aprender a lidar com seus proprios sentimentos, reformulando e corrigindo seus
esquemas pessoais e conhecendo as suas necessidades de seguranya, melhorando
a sua qualificac;ao tecnica e pessoal.
Concluindo, a rela9ao terapeuta - paciente e urn procesSD que S9 constr6i
a cada encontro terapeutico, seus aspectos sao fatos humanos que necessitam
estar claro para 0 terapeuta, de tal forma que conduza 0 paciente com 0 objetivo de
garantir, se nao funcionalidade total, ao menes 0 prosseguimento do tratamento, ate
que se alcance 0 maximo possivel de funC;ao.
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CONSIDERAC;;OES FINAlS
A refiexao sabre as modus vivendi que cada individuo interioriza eimportante para determinar seus passos a qualidade de vida. Atualmente muitas
pessoas tern assumidos, em seu cotidiano, habitos que acabam par leva-las a
experimentar urn estado de doenva.
o prec;:o que 0 homem tern pago pela vida maderna e alto e oneroso asua propria saude. Esta cada vez mais comum ouvir natrcias de crianc;as, jovens e
adulto em plena produtividade, acometidos par doenc;:as cardiacas.
Entre as crianc;:as 85tao, principalmente, as causas congemitas, ja entre as
jovens e adultos a causa quase sempre esta relacionada a forma como esses tern
conduzido as suas atividades do cotidiano, desde a sua escolha, planejamento e
execuc;:ao ate a sua realiza98o.
A cad a dia surge um novo metoda, um novo equipamento, uma nova
forma de conduzir 0 tratamento (equipes e equipes), entretanto as medidas
preventivas ainda deixam a desejar.
Para que as medidas preventivas cumpram 0 seu papel de elevar a
qualidade de vida desses individuos e evitar recorrencia ou agravamento do quadro
clinico, faz-se necessaria organizar as atividades do cotidiano de tal forma que haja
equilibria, alga que nos parece simples e 16gico.Todavia e justamente esta
simplicidade de organiza98o do cotidiano que falta para muitos, principalmente
aqueles que enfrentam alguma altera980 bio-psico-social e espiritual.
E neste sentido, ° de propiciar ao individuo qualidade de vida, resultado
de urn equilibria entre suas atividades de vida diaria, academicas/profissionais e de
lazer/sociais, que justifica presenc;a do terapeuta ocupacional dentro das equipes
interdisciplinares, inclusive nas de cardiologia, pais atraves do processo terapeutico
ocupacional, dentro de urn enfoque de saude mental, 0 individuo tera a oportunidade
de retletir a respeito de sua ocupa98o, englobando aqui todas as suas atividades, e
tornando -se 0 agente de sua propria reabilita980.
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