descoberta a sinistra intenÇÃo

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DESCOBERTA A SINISTRA INTENÇÃO DA UNIÃO EUROPEIA: À SOCAPA E COM UM PROGRAMA OCULTO, QUEREM PRIVATIZAR A SEGURANÇA SOCIAL, ALÉM DE SERVIÇOS PÚBLICOS. Quem disse que é bom ter um português como presidente da Comissão Europeia, que neste caso importante se manteve em silêncio como cúmplice desta sinistra intenção? Se hoje em França não fosse Hollande o presidente, continuaríamos na total ignorância por falta de divulgação na imprensa desta tramóia, que continuaria escondida numa gaveta dos governos ultra-liberais da Europa ao serviço dos Bilderberg's Group. Esta directiva existe desde Dezembro de 2011, já depois de o governo de Passos Coelho estar em funções. Alguém ouviu ou leu algo a seu respeito na imprensa portuguesa? Pois... A proposta de Directiva da União Europeia relativa aos contratos públicos, em apreciação no Parlamento Europeu, é um novo exemplo do processo em curso de destruição do chamado “modelo social europeu” e de regressão social e democrática do espaço europeu. Convertendo a União Europeia num espaço económico e político inteiramente comandado pelos mercados financeiros e por um ultraliberalismo suicidário. É também uma boa

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A proposta de Directiva da União Europeia relativa aos contratos públicos, em apreciação no Parlamento Europeu, é um novo exemplo do processo em curso de destruição do chamado “modelo social europeu” e de regressão social e democrática do espaço europeu. Convertendo a União Europeia num espaço económico e político inteiramente comandado pelos mercados financeiros e por um ultraliberalismo suicidário. É também uma boa ilustração de como o diabo está nos detalhes.

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DESCOBERTA A SINISTRA INTENÇÃO

DA UNIÃO EUROPEIA: À SOCAPA E COM UM PROGRAMA

OCULTO, QUEREM PRIVATIZAR A SEGURANÇA SOCIAL, ALÉM DE

SERVIÇOS PÚBLICOS.

Quem disse que é bom ter um português como presidente da Comissão Europeia, que neste caso importante semanteve em silêncio como cúmplice desta sinistra intenção? Se hoje em França não fosse Hollande o presidente,continuaríamos na total ignorância por falta de divulgação na imprensa desta tramóia, que continuariaescondida numa gaveta dos governos ultra-liberais da Europa ao serviço dos Bilderberg's Group. Esta directivaexiste desde Dezembro de 2011, já depois de o governo de Passos Coelho estar em funções. Alguém ouviu ou leualgo a seu respeito na imprensa portuguesa? Pois...

A proposta de Directiva da União Europeia relativa aos contratos públicos, em apreciação no Parlamento Europeu,é um novo exemplo do processo em curso de destruição do chamado “modelo social europeu” e de regressãosocial e democrática do espaço europeu. Convertendo a União Europeia num espaço económico e políticointeiramente comandado pelos mercados financeiros e por um ultraliberalismo suicidário. É também uma boa

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ilustração de como o diabo está nos detalhes.

A intenção de liberalizar e privatizar a segurança social pública é remetida para um anexo (o Anexo XVI) dessaproposta de directiva, mencionado singelamente como dizendo respeito aos serviços “referidos no artigo 74º”,sendo aí listados os serviços públicos que passariam a ser sujeitos às regras da concorrência e dos mercados:

- Serviços de saúde e serviços sociais- Serviços administrativos nas áreas da educação, da saúde e da cultura- Serviços relacionados com a segurança social obrigatória- Serviços relacionados com as prestações sociais

Entre estes, avulta a intenção expressa de privatizar a segurança social pública, a par dos serviços de saúde e outrosserviços sociais assegurados pelo Estado. Um alvo apetecido do capital financeiro em Portugal e no espaçoeuropeu, que há muito sonha com a possibilidade de deitar a mão aos fundos da segurança social e àscontribuições dos trabalhadores, sujeitando-os inteiramente às regras da economia de casino.

E como o fazem? À socapa, para ver se escapa à atenção e vigilância públicas. Um mero anexo, que remete para ummero artigo, nesta proposta de directiva em discussão.

Só que o artigo em causa (o 74º) diz que “os contratos para serviços sociais e outros serviços específicosenumerados no anexo XVI são adjudicados em conformidade com o presente capítulo”. Neste, relativo aos regimesespecíficos de contratação pública para serviços sociais, estabelece (artigo 75º) a regra do concurso para acelebração de um contrato público relativo à prestação destes serviços. E logo de seguida, enumerando osprincípios de adjudicação destes contratos (artigo 76º), é estabelecida a regra de que os Estados-membros “deveminstituir procedimentos adequados para a adjudicação dos contratos abrangidos pelo presente capítulo,assegurando o pleno respeito dos princípios da transparência e da igualdade de tratamento dos operadoreseconómicos…”

Uma perfeição. De um golpe, escondido num anexo e numa directiva que daqui a uns tempos chegaria a Portugal,ficaria escancarada a porta para a privatização da segurança social pública e para a tornar inteiramente refém dosmercados financeiros. Que são gente de toda a confiança e acima de qualquer suspeita. Como esta crise temcomprovado. Ou não andamos nós há muito a apertar o cinto (e a caminho de ficar sem cintura) para merecermoso respeito e a confiança dos mercados financeiros, nas doutas palavras de Coelho & Gaspar, acolitados pelosrepresentantes no Governo português dos interesses da Goldman Sachs, António Borges e Carlos Moedas? E, comotambém nos têm explicado, o que é bom para a Goldman Sachs e os mercados financeiros, é bom para Portugal eos portugueses.

Este golpe surge, como não podia deixar de ser, sob o alto patrocínio desse supremo exemplo de carreirismo ecobardia política chamado Durão Barroso que, além de se ter pisgado do governo português com a casa a arder,tem no seu glorioso currículo o papel de mordomo das Lajes na guerra do Iraque e, agora em Bruxelas a fazer denotário dos poderosos, faz jus ao seu nome sendo durão ultraliberal com os fracos e sempre servente dos maisfortes. Como é bom ter um português em Bruxelas!

Claro que isto anda tudo ligado. Esta proposta de directiva tem relação com os golpes sucessivos infligidos àsegurança social pública em Portugal, com a operação para já frustrada em torno da TSU, com os insistentes cortes

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de direitos sociais, com os recorrentes argumentos do plafonamento e da entrega de uma parte das pensões aosistema financeiro. Afinal, a lógica ultraliberal de que o melhor dos mundos será quando, da água à saúde, daeducação à segurança social, tudo e toda a nossa vida estiver controlada pela lógica dos mercados e do lucro. Ouseja, pela lei do mais forte. Que é também coveira da democracia. E o Estado contemporâneo abdicar, como tarefacentral, da sua função redistributiva e de redução da desigualdade social e regressar à vocação residualmenteassistencialista do Estado liberal do século XIX.

Como refere o deputado socialista belga no PE, Marc Tarabella, “privatizar a segurança social é destruir osmecanismos de solidariedade colectiva nos nossos países. É também deixar campo livre às lógicas decapitalização em vez da solidariedade entre gerações, entre cidadãos sãos e cidadãos doentes…”, lembrando osantecedentes da sinistra proposta designada com o nome do seu autor por directiva Bolkestein (Bilderberg'smember), e exigindo a eliminação da segurança social desta proposta de directiva.

É preciso defender a Segurança Social (e a Saúde e a Educação públicas) como uma prerrogativa do Estado e umsector não sujeito às regras dos Tratados relativas ao mercado interno e da concorrência. Para não termos um diadestes os nossos governantes e os seus comentadores de serviço, com a falsa candura de quem nos toma porparvos, a explicarem que vão entregar a segurança social pública aos bancos e companhias de seguros porque selimitam a cumprir uma decisão incontornável da União Europeia, como já estão a fazer na saúde e na educação.Decisão pela qual, evidentemente, diriam não ser responsáveis. Como é próprio dos caniches dos credores. Eacrescentando sempre, dogma da sua fé neoliberal, que nada melhor do que a concorrência e a privatização parabaixar os custos e proteger os “consumidores”, aquilo em que querem converter os cidadãos. Como se vê noscombustíveis, nas comunicações ou na electricidade. Tudo boa gente.

É preciso levantar a voz e a resistência social e política à escala europeia contra este projecto, antes que seja tardedemais. Em defesa da Segurança Social pública e do Estado Social. Garante de democracia e de menosdesigualdade social.

TVP