desempenho em confinamento e … · rendimento e composição da carcaça, entre outras, assumem...
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I Simpósio Paulista de Bubalinocultura - Jaboticabal - 1999Prof. Dr. André Mendes Jorge - UNESP-FMVZ-Botucatu
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DESEMPENHO EM CONFINAMENTO E CARACTERÍSTICAS DE CARCAÇA EM BUBALINOS
Prof. Dr. André Mendes JorgeDepto. Produção e Exploração Animal
Unesp-FMVZ-Caixa Postal 56018618-000 Botucatu – SP
[email protected] Pesquisador do CNPq
“Algumas previsões feitas no passado em relação ao problema demográfico e à
produção de alimentos parecem aproximar-se cada vez mais da realidade. A população da
terra deverá chegar a um nível crítico tal que qualquer decréscimo no nível de produção
de alimento provocará tremendas tragédias. Portanto, a grande arma do terceiro milênio
será o ‘alimento’(CAIELLI, 1986)”.
INTRODUÇÃO
Das espécies animais produtoras de carne para consumo humano, o búfalo figura
como alternativa na disponibilidade de nutrientes de alto valor biológico.
Segundo o FNP (1998), o Brasil possuía em 1995 um rebanho de 1,64 milhão de
cabeças, sendo que deste total 65,8%; 6,7%; 6%; 13,3% e 8,2% localizavam-se nas regiões
Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste, respectivamente. A criação tem apresentado
um incremento substancial, principalmente nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul do país.
Serão apresentadas informações de diversas fontes e/ou estimativas com razoável
grau de fundamentação e bom senso obtidas junto à técnicos e Instituições de Pesquisa e
Empresas.
DESEMPENHO EM CONFINAMENTO
A pecuária de corte vem passando por uma reestruturação em que, atualmente,
eficiência e competitividade em sistemas de produção sustentados são as metas do setor.
Ao se buscar eficiência de uma sistema de produção de carne, a quantidade de alimentos
consumida por quilograma de ganho é, sem dúvida, um dos aspectos que merece ser
avaliado e conhecido (EUCLIDES FILHO et al, 1997).
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No Brasil, a demanda crescente e as dificuldades em se obter proteína de origem
animal a baixos custos e curto prazo têm motivado a classe produtora a investir na criação
de búfalos com vistas ao abate.
Atualmente, o que se busca em bovídeos de corte são animais capazes de direcionar
grande quantidade de energia alimentar para a produção de carne comercializável e, para
tal, devem apresentar grande potencial para ganho de peso, boa relação músculo:osso e
proporção adequada de gordura corporal.
Nesse contexto, características como eficiência alimentar, qualidade de carcaça,
rendimento e composição da carcaça, entre outras, assumem grande importância.
O confinamento é uma das tecnologias empregadas para aumento dos índices de
produtividade da pecuária de corte. Utilizando rações balanceadas, conseguem-se maior
ganho diário de peso e redução da idade de abate, com reflexos positivos sobre a qualidade
das carcaças e sobre a oferta de carne na entressafra.
Investir em genética é também uma importante alternativa para se obter proveito da
atividade, buscando animais que sejam ao mesmo tempo adaptados às condições de meio,
precoces na reprodução, bons ganhadores de peso e que tenham boas características de
carcaça. A adoção de cruzamentos entre animais de diferentes raças bubalinas tem sido
apontada como uma das melhores alternativas para obtenção de animais produtivos e
adaptados aos trópicos.
O conhecimento sobre a eficiência nutritiva, o desempenho, a composição corporal
e as características da carcaça, é importante para subsidiar a melhoria da produção e da
produtividade das diferentes raças bubalinas.
• Ganho de peso, consumo e conversão alimentar
As provas de ganho de peso realizadas pela Secretaria de Agricultura e
Abastecimento e pela Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu, do Estado
de São Paulo, citadas por FIGUEIREDO (1979), revelaram que o búfalo ganhou mais peso
que os zebuínos, chegando a diferença a 30 %.
VELLOSO et al. (1994), comparando a conversão de alimentos de zebuínos e
bubalinos, concluíram que, em idênticas condições de alimentação e manejo, os bubalinos
da raça Mediterrâneo obtiveram 1,0 kg de ganho de peso vivo com 7,92 kg de alimento,
enquanto os animais da raça Nelore requereram 9,84 kg. Os bubalinos ganharam, em
média, 20 % a mais de peso (1,027 kg/dia), que os zebuínos (0,808 kg/dia); mas para isso,
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consumiram, diariamente, 10 % a mais de matéria seca (2,06 % do peso vivo (PV)), contra
1,88 % do PV dos zebuínos. Neste trabalho vale ressaltar a maior precocidade dos
bubalinos, que atingiram peso de frigorífico de 442,5 kg, aos 22 meses de idade, enquanto
os zebuínos já estavam com 28 meses, quando atingiram 450 kg PV.
No Quadro 1 são apresentados alguns resultados de ganho de peso, consumo de
matéria seca e consumo de fibra detergente neutro (FDN) e conversão alimentar de
bubalinos em regime de confinamento.
RESENDE et al. (1994) testando rações com diferentes níveis de fibra detergente
neutro (FDN) na alimentação de zebuínos, taurinos e bubalinos em confinamento não
observaram diferenças entre os grupos genéticos Nelore, Holandês e Búfalo quanto à
ingestão de FDN e de FDN digestível. A média de ingestão de FDN, para os grupos
genéticos, foi de 57,1 g/kg0,75 ou de 1,3% PV do animal. Os autores observaram que o
aumento contínuo na ingestão de energia pelos animais, à medida que reduziu o teor de
FDN da ração, ao passo que a ingestão de FDN manteve-se constante, confirma que,
possivelmente, os animais não atingiram capacidade máxima de ingestão de energia,
ficando a ingestão regulada pelo controle físico.
Como nas condições de Brasil a maioria das rações utilizadas em confinamento
apresentam teores elevados de FDN, variando entre 51,9 e 58,7%, e dado a esse fato,
ocorre limitação na ingestão de energia, podendo, por conseguinte, reduzir a taxa de ganho
de peso dos animais . Desta forma RESENDE et al. (1995) sugere que pesquisas devem
utillizar níveis mais amplos de FDN nas rações, visando detectar até que ponto o nível de
FDN da ração influencia a ingestão voluntária de MS, em condições de clima tropical.
ROSALES RODRIGUES et al. (1996) estudando o consumo de animais nelores,
holandeses e bubalinos mediterrâneos alimentados com rações contendo 12,5; 25,0; 37,5 e
50,0% de concentrado não encontraram diferenças entre grupos genéticos, no consumo de
matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína digestível (PD), FDN e fibra
detergente ácido (FDA), em g/kg0,75, e de energia digestível, em kcal/kg0,75.
JORGE et al. (1997) trabalhando com diversos grupos genéticos abatidos em
diferentes estádios de maturidade fisiológica, observaram que, em idênticas condições de
alimentação e manejo, os búfalos mostraram potencial para ganho de peso e de carcaça,
bem como conversão alimentar semelhantes a bovinos da raça Nelore e a mestiços
europeu-zebu.
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QUADRO 1 - Ganho médio diário de peso vivo (GMD), consumo e conversão alimentar (CA) de bubalinos em regime de confinamento
PROPORÇÃO VOLUMOSO : CONCENTRADO
PARÂMETRO RAÇA 87,5:12,5 75:25 67,5:32,5 65:35 60:40 55:45 50:50REFERÊNCIA
BIBLIOGRÁFICA
GMD1/MediterrâneoMurrahMediterrâneo
---------
1,01,2---
---------
1,2------
---------
1,2------
------1,3
MOLETTA et al. (1994)SILVA et al. (1997)JORGE et al. (1997)
CMS3/ (kg/dia)
CMS3/ (% PV)
CMSD4/ (kg/dia)
CMSD4/ (% PV)
CFDN5/ (kg/dia)
CFDN5/ (% PV)
CFDND6/ (kg/dia)
CFDND6/ (% PV)
CEB2a (Mcal/dia)
CED2b (Mcal/dia)
Mediterrâneo
Mediterrâneo
Mediterrâneo
Mediterrâneo
Mediterrâneo
Mediterrâneo
Mediterrâneo
Mediterrâneo
Mediterrâneo
Mediterrâneo
5,75
1,63
3,10
0,88
4,30
1,20
2,40
0,70
22,2
11,7
7,11
2,01
4,03
1,14
4,60
1,30
2,30
0,70
27,8
15,7
8,27
2,32
5,01
1,41
4,60
1,30
2,50
0,70
32,1
19,2
----
----
----
----
----
----
----
----
--------
----
----
----
----
----
----
----
----
--------
----
----
----
----
----
----
----
----
--------
9,03
2,41
5,54
1,48
4,50
1,20
2,30
0,60
35,0
21,0
RESENDE et al. (1994)
RESENDE et al. (1995)
ROSALES RODRIGUES et al. (1996)
CMS3/ (kg/dia)
CMS3/ (% PVZ) Mediterrâneo----
----
----
----
----
----
----
----
----
----
----
----
9,61
2,36 JORGE et al. (1997)
CA7/
MediterrâneoMurrahMediterrâeno
---------
6,307,20---
---------
---7,4---
---------
---7,1---
------7,5
MOLETTA et al. (1994)SILVA et al. (1997)JORGE et al. (1997)
1/ GMD = Ganho médio diário de peso vivo (kg/dia).2a/ CEB = Consumo de energia bruta. 2b/ CED = Consumo de energia digestível. 3/ CMS = Consumo de matéria seca.4/ CMSD = Consumo de matéria seca digestível. 5/ CFDN = Consumo de fibra detergente neutro. 6/ CFDND = Consumo de fibra detergente neutro digestível..7/ CA = Conversão alimentar (kg matéria seca ingerida/kg de ganho de peso).
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• Características Quantitativas da Carcaça
As pesquisas sobre as características das carcaças de bubalinos criados em diferentes
condições de manejo e alimentação são ainda escassas e os resultados, às vezes, contraditórios.
• Rendimento de Carcaça, de Cortes Primários e de Cortes Comerciais
A estimativa do rendimento da carcaça e dos cortes primários e comerciais, por ocasião
do abate, é de suma importância para complementar a avaliação do desempenho do animal
durante o seu desenvolvimento.
Basicamente, no Brasil a carcaça é dividida em: dianteiro, contendo cinco costelas, que
compreende a paleta e o acém completos; costilhar ou ponta de agulha; e o traseiro especial ou
serrote, que compreende o coxão e a alcatra completa.
O rendimento de carcaça de animais de diferentes raças sofre influência direta dos pesos
da cabeça, couro e trato gastrintestinal. Tal fato tem sido observado por diversos autores e
segundo JORGE (1993) os mais baixos rendimentos de carcaça verificados nos bubalinos é uma
conseqüência, principalmente, dos maiores pesos de couro e cabeça, apresentados por esses
animais, o que chega a acarretar uma diferença de até 5% no rendimento de carcaça a favor dos
bovinos. No Quadro 2 são apresentados alguns resultados de rendimento de carcaça de
bubalinos e bovinos.
Segundo BERG e BUTTERFIELD (1976), em condições normais, e independentemente
da raça, o animal apresenta tendência de equilíbrio entre os quartos dianteiro e traseiro. Estes
autores inferiram, também, que o sexo dos animais pode ter algum efeito sobre o balanço do
dianteiro e traseiro. Machos inteiros, quando atingem certa idade, apresentam o dimorfismo
sexual característico, ocasionando maior desenvolvimento do quarto dianteiro (cabeça, pescoço,
acém e peito).
Em termos econômicos é desejável maior rendimento do traseiro especial em relação aos
outros cortes, uma vez que nele se encontram as partes nobres da carcaça, que têm maior valor
no mercado.
A avaliação do rendimento do corte serrote ou traseiro especial, e de seus componentes
bem como do costilhar ou ponta de agulha é de grande utilidade uma vez que esses cortes são
utilizados em grande parte pelos frigoríficos e açougues na comercialização.
No Quadro 3 são apresentados alguns resultados de rendimentos de cortes primários da
carcaça de bubalinos e de bovinos. Os bubalinos apresentam resultados satisfatórios e podem até
mesmo superar os bovinos em rendimentos de determinados cortes primários, o que contribui
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em muito para desmistificar a espécie e esclarecer o setor produtivo quanto ao seu real potencial
de produção.
JORGE et al. (1997) trabalhando com bovinos e bubalinos abatidos em diferentes
estádios de maturidade fisiológica (peso de abate) observaram que os bubalinos apresentaram
menor rendimento de dianteiro e maior de traseiro total em conseqüência de sua maior
proporção de ponta-de-agulha, uma vez que eles não diferiram dos bovinos quanto ao
rendimento de traseiro especial.
No Estado de São Paulo, MATTOS et al. (1990) trabalhando com búfalos Mediterrâneo
e bovinos Nelore em diversos sistemas de criação obteve os resultados de desempenho
apresentados no Quadro 4. Os búfalos Mediterrâneo mostraram-se bastante precoces, chegando
a atingir peso de abate aos 24 meses em pastagens exclusivas e quando confinados aos 14
meses, conseguiram praticamente atingir este mesmo peso de abate aos 18 meses. Por outro
lado, bovinos Nelore, nascidos na mesma estação de nascimento que os búfalos (10 semestre),
para atingirem peso de abate aos 24 meses necessitaram ficar em confinamento a partir dos 16
meses (oito meses confinados).
O produto comercializado pelo produtor é a carcaça, que no frigorífico é desdobrada em
cortes primários, porém, para atingir o consumidor devem ser desdobrados nos diversos cortes
comerciais por ele utilizados.
No Quadro 5 são apresentados resultados de algumas pesquisas sobre rendimento de
cortes comerciais do traseiro especial de bubalinos e de bovinos.
FRANZOLIN et al (1998) observaram que o nível de energia ingerida por bubalinos em
confinamento não influenciou no rendimento dos cortes secundários ou comerciais da carcaça,
obtendo valores de rendimento médios de 3,46; 1,58; 5,04; 1,53; 4,18 e 5,88% para alcatra,
picanha, contra-filé, filé mignon, coxão duro e coxão mole, respectivamente.
• Proporções de Músculos, Tecido Adiposo e Ossos da Carcaça
Na comparação de grupos genéticos, de fontes e de níveis nutricionais, é de grande
interesse o conhecimento da composição física da carcaça.
BERG e BUTTERFIELD (1976) mostraram que, após a desmama, o crescimento dos
ossos desacelera-se, enquanto o muscular se dá em taxa relativamente alta (rápida),
desacelerando-se em estágio mais avançado do desenvolvimento, ocasionando aumento da
proporção de músculos para ossos à medida que o peso vivo aumenta. A proporção de tecido
adiposo é pequena por ocasião do nascimento. Sua taxa de crescimento aumenta à medida que o
animal se desenvolve. Em animais excessivamente terminados, sua quantidade pode ser maior
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que a de músculos. A raça, o sexo e o nível nutricional têm influência sobre a idade e o peso em
que ocorre a aceleração ou desaceleração no crescimento de cada tecido.
Animais em estágio avançado de engorda apresentam crescimento muscular menos
intenso em relação ao tecido adiposo. Este fato, associado ao custo energético da deposição de
gordura e ao alto custo de manutenção do animal pesado, resulta numa eficiência biológica
muito baixa em relação ao crescimento muscular.
HANKINS e HOWE (1946) descreveram uma técnica de amostragem da carcaça,
retirando-se uma seção da 9a à 11a costelas (seção HH) desenvolveram equações que permitem
boa estimativa da composição da carcaça. Esta técnica é utilizada, atualmente, pela maioria dos
pesquisadores norte-americanos e adotada em alguns trabalhos de pesquisa no Brasil.
No Quadro 6 são apresentados valores de composição física da carcaça de bubalinos.
• Comprimento, espessura de gordura subcutâneo e musculosidade
Para se estimar o rendimento de cortes comerciais , bem como as proporções de
músculos e de tecido adiposo na carcaça, têm sido amplamente utilizados a área transversal do
músculo Longissimus dorsi, a espessura de gordura sobre a 12a costela e a gordura perirrenal.
Entretanto, Luchiari Filho em 1986, citado por LANNA (1988), afirmou que há indicações de
que esses parâmetros de uso corrente fornecem estimativas com precisão pouco superiores
àquelas obtidas por meio de equação de regressão em função apenas do peso corporal vazio ou
do peso da carcaça, desde que o animal tenha tido ritmo normal de crescimento, em balanço
positivo de energia.
PERON et al. (1995) verificaram que, a área de olho de lombo, tomada isoladamente,
apresenta baixa correlação com a proporção de músculos na carcaça, confirmando observação
anterior de BERG e BUTTERFIELD (1976).
O comprimento da carcaça de bovídeos, quando expressa por 100 kg de peso de carcaça
ou quando o abate se dá a um peso constante, dá uma idéia de compacidade do animal.
Segundo COLE et al. (1962), encorre-se em erros ao se comparar animais precoces e
tardios, a um mesmo peso vivo, pois, nos primeiros o acúmulo de gordura subcutânea será bem
mais acentuado, enquanto os últimos apresentarão menor quantidade absoluta de gordura
subcutânea e baixa variabilidade em sua espessura.
JORGE et al. (1997) trabalharam com diversos grupos genéticos de bovídeos abatidos
em diferentes categorias (estágios de maturidade fisiológica). Os valores de comprimento de
carcaça (COMPCAR), espessura de gordura subcutânea (ESPGOR) e área de olho de lombo
(AOL), expressos em termos absolutos ou por 100 kg de peso corporal vazio (% PVZ), são
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apresentados no Quadro 7 para os animais dos quatro grupos genéticos. Os autores observaram
que animais mestiços dos grupos bimestiço (BM) e F1 Holandês-Nelore (HN) apresentaram
maiores comprimento de carcaça (COMPCAR), em valores absolutos, que animais Nelore (NE)
e búfalos Mediterrâneo (BUF), que diferiram entre si. Entretanto, os animais NE e BUF das
categorias AL-1 e AL-2 foram abatidos com peso vivo 50 kg inferior aos animais de categorias
correspondentes dos demais grupos genéticos. Quando o COMPCAR foi ajustado para % PVZ,
animais NE apresentaram maior COMPCAR que animais HN e BUF, enquanto animais BM não
diferiram dos demais. Os bubalinos apresentaram maior espessura de gordura subcutânea
(ESPGOR), expressa em valores absolutos e em % PVZ que os bovinos, que não diferiram entre
si. Animais HN apresentaram maior área de olho de lombo (AOL), expressa em valores
absolutos, que animais NE e BUF, enquanto animais BM não diferiram dos demais. Quando se
ajustou a AOL para % PVZ, o grupo HN, embora apresentasse os valores numéricos mais
elevados, não diferiu dos demais grupos genéticos.
No Quadro 8 comparando-se as categorias quanto às variáveis COMPCAR, ESPGOR e
AOL, expressas em valores absolutos, JORGE et al. (1997) verificaram para os animais AL-1 e
AL-2 os maiores valores. Valores numéricos mais elevados foram observados em animais AR
que em animais AB, embora nem sempre atingindo nível de significância, o que indica, que
animais maiores apresentaram valores mais elevados. Quando os valores foram ajustados para
100 kg PVZ, verificaram-se em animais AL-2 menor COMPCAR que animais AB, AR e AL-1.
Isso indica que animais AL-2 apresentaram carcaças mais compactas, em conseqüência do
maior desenvolvimento dos seus tecidos moles, especialmente do adiposo e, em menor escala,
do tecido muscular. Quanto à AOL, por 100 kg de PVZ, verificaram-se tendência contínua de
decréscimo nos animais AL-1 e AL-2 em relação aos AB e AR. Isto em razão de os animais AL-
1 e AL-2 terem, em relação às outras categorias, maior parte do seu peso corporal vazio
representado por gordura. O aumento dos valores de ESPGOR, ajustados para 100 kg de PVZ,
em animais mais pesados (AL-1 e AL-2) confirma as observações de BERG e BUTTERFIELD
(1976) de que a redução da AOL e do COMPCAR ajustados para 100 kg de peso corporal vazio
estaria relacionada ao maior crescimento relativo dos tecidos adiposos nos animais mais
pesados.
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JORGE et al. (1997) trabalhando com diversos grupos genéticos de bovídeos abatidos
em diferentes categorias (estágios de maturidade fisiológica) determinaram as correlações
obtidas entre peso corporal vazio de abate, peso vivo de abate, peso de carcaça, espessura de
gordura subcutânea e área de olho de lombo, e as proporções de músculos, tecido adiposo e
ossos, assim como a relação músculo:osso na carcaça, que são apresentadas no Quadro 9.
As correlações entre proporção de músculos e peso corporal vazio de abate (PCVZA),
peso vivo de abate (PVA) e peso de carcaça (PCAR) apresentaram valores negativos, atingindo
a significância para PCVZA (P<0,01) e para PVA (P<0,05). Segundo BERG e BUTTERFIELD
(1976), em fases mais avançadas da vida do animal, a proporção de músculos tende a decrescer
com a aceleração do tecido adiposo que possui crescimento mais tardio que os tecidos ósseo e
muscular.
No estudo de JORGE et al. (1997), os animais submetidos à alimentação ad libitum
foram abatidos antes de atingirem alto grau de deposição de gordura. Desta forma a proporção
de músculos permaneceu sempre alta, o que explica as baixas correlações observadas entre a
proporção de músculos e os pesos de carcaça, peso vivo e peso corporal vazio de abate.
As correlações entre PCVZA, PVA e PCAR e a proporção de ossos mostraram-se
significativas, indicando relação negativa e estreita entre a proporção de ossos e as várias
medidas de peso. Estes resultados reforçam as observações de BERG e BUTTERFIELD (1976)
e PERON et al. (1995), de que o tecido ósseo tem o seu maior desenvolvimento em idade
precoce do animal.
As correlações positivas observadas entre a relação músculo:osso (RELMO) e PCVZA,
PVA e PCAR, coincidem com as observações de BERG e BUTTERFIELD (1976) e estão de
acordo com as encontradas por PERON et al. (1995), e são uma conseqüência da desaceleração
mais precoce do crescimento ósseo em relação ao muscular, à medida que o peso do animal se
eleva (a relação aumenta com o aumento do peso)..
A espessura de gordura subcutânea (ESPGOR) apresentou correlação negativa com as
proporções de músculos e ossos e reflete, basicamente, o desenvolvimento mais tardio do tecido
adiposo que ocorre com intensidade máxima após a desaceleração dos tecidos ósseo e muscular.
Estes resultados estão de acordo com os observados por PERON et al. (1995), que encontraram
correlações de - 0,36 e - 0,67, entre ESPGOR e proporções de músculos e de ossos,
respectivamente.
A área de olho de lombo (AOL) é utilizada como indicador de musculosidade, em
sistemas de classificação de carcaça. Entretanto, a AOL não apresentou correlação significativa
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com a proporção de músculos da carcaça. Este resultado coincide com o de BERG e
BUTTERFIELD (1976), que afirmam que a área de olho de lombo apresenta baixa correlação
com a proporção total de músculos, o que também ficou evidenciado no trabalho de PERON et
al. (1995), que encontraram correlação de 0,12 entre os dois parâmetros.
Observou-se correlação positiva entre AOL e a relação músculo:osso, o que concorda
com BERG e BUTTERFIELD (1976), que afirmam que a área de olho de lombo, apesar de não
ser bom indicador da proporção de músculos na carcaça, dá idéia segura sobre a relação
músculo:osso. A AOL fornece, ainda, informação sobre a proporção de ossos na carcaça, como
revela a correlação negativa entre AOL e a proporção de ossos. Estes resultados coincidem com
os de PERON et al. (1995), que encontraram correlações de 0,65 e -0,63, entre a AOL e a
RELMO e a proporção de ossos, respectivamente.
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QUADRO 2 - Rendimento de carcaça de bubalinos e bovinos de diferentes grupos genéticos (em % peso vivo)
Bubalinos Grupos genéticos de bovinos ReferênciaParâmetro
JAF MED MUR Mest NEL HOL HN ½ HZ ¾ HZ 5/8 HZ BM ABE CHAZebuMest. Bibliográfica
RCQuente1 52,1 ---- 51,4 ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- VILLARES et al. (1981)
RCQuente1
RCFria2
----
----
54,6
53,2
----
----
----
----
59,7
58,7
55,6
54,8
----
----
56,9
56,8
56,5
55,6
56,6
55,6
----
----
----
----
----
----
----
----LORENZONI (1984)
RCQuente1 ---- 48,6 ---- ---- 54,5 ---- ---- ---- ---- ---- ---- 51,0 51,0 ---- MOLETTA et al. (1987)
RCQuente1 ---- 53,1 ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 57,9 ---- MÜLLER et al. (1994)
RCQuente1
RCFria2
52,5
51,4
52,6
51,4
----
----
----
----58,3
57,2
----
----
----
----
----
----
----
----
----
----
----
----
----
----
----
----
----
----GAZZETTA et al. (1995)
RCFria2 ---- ---- ---- 49,4 56,9 ---- 53,8 ---- ---- ---- 53,2 ---- ---- ---- JORGE et al. (1997)
RCQuente1
RCFria2
----
----
52,4
52,1
----
----
----
----56,8
56,3
----
----
----
----
----
----
----
----
----
----
----
----
----
----
----
----
----
----MATTOS et al. (1997)
RCQuente1
RCFria2
----
----
51,3
50,3
----
----
----
----
----
----
----
----
----
----
----
----
----
----
----
----
----
----
----
----
----
----
----
----FRANZOLIN et al. (1998)
1 kg de carcaça quente (ao abate) / kg peso vivo x 1002 kg de carcaça resfriada / kg peso vivo x 100
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QUADRO 3 - Rendimento de cortes primários da carcaça de animais de diferentes grupos genéticos
CORTES PRIMÁRIOS (%) Referência
GRUPO GENÉTICO DIANTEIROTRASEIRO
ESPECIALCOXÃO
ALCATRA
COMPLETA
PONTA DE
AGULHA
TRASEIRO
TOTAL Bibliográfica
JAFARABADI
MEDITERRÂNEO
MURRAH
38,1
38,8
38,6
46,3
46,5
46,2
----
----
----
----
----
----
15,6
14,7
15,2
61,9
61,2
61,4
BENTO et al. (1994)
JAFARABADI
MEDITERRÂNEO
NELORE
38,3
38,0
39,3
46,9
47,0
46,3
----
----
----
----
----
----
14,8
15,0
14,4
61,7
62,0
60,7GAZZETTA et al. (1995)
MEDITERRÂNEO
NELORE
38,1
41,4
46,7
46,8
----
----
----
----
15,2
11,8
61,9
58,6MATTOS et al. (1997)
MEDITERRÂNEO
NELORE
F1 HOLANDÊS-NELORE
BIMESTIÇO1
40,1
41,9
42,9
42,0
47,1
47,9
46,1
46,9
26,5
27,8
26,9
27,1
20,6
20,0
19,2
19,9
12,8
10,2
11,0
11,0
59,9
58,1
57,1
57,9
JORGE et al. (1997)
MEDITERRÂNEO 38,7 47,4 32,4 15,0 14,1 61,5 FRANZOLIN et al. (1998)
1 BIMESTIÇO = ¼ Fleckvieh x 5/16 Angus x 7/16 Nelore
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QUADRO 4 - Desempenho de bubalinos Mediterrâneo e bovinos Nelore em pastagens de capim colonião (Panicum maximum, Jacq.) segundo osistema de criação
GRUPO GENÉTICO MEDITERRÂNE NELORE MEDITERRÂNE NELORE MEDITERRÂNE NELORE
Idade (anos) 1,5 1,5 2 2 4 4
SEXO MACHO MACHO MACHO MACHO FÊMEA MACHO
Período de Confinamento(meses)
4 4 - 8 - -
Peso Vivo ao Abate (kg) 485,4 373,0 501,8 489,9 607,2 397,8Peso Carcaça Fria (kg) 248,7 193,5 244,8 272,8 332,4 219,8
Rend. Carcaça Fria (%) 52,2 56,3 48,7 55,3 55,3 55,2
DIANTEIRO (%) 37,4 46,1 38,4 42,4 34,9 41,2
TRASEIRO TOTAL (%) 47,2 40,6 46,8 44,2 46,3 47,1
PONTA DE AGULHA (%) 15,4 13,3 14,8 13,4 18,8 11,7
Cabeça (%) 3,5 2,6 3,2 2,5 3,1 2,8
Couro (%) 13,1 11,4 12,2 11,1 9,4 10,3
fonte: Adaptado de MATTOS et al. (1990).
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QUADRO 5 - Rendimento de cortes comerciais do traseiro especial de bubalinos Mediterrâneo e bovinos Nelore (em %)
GRUPO GENÉTICO MEDIT.1 NELORE1 MEDIT.2 NELORE2 MEDIT.1 NELORE1 MEDIT.1 NELORE1
Idade ao Abate (meses) 18 18 20 20 24 24 48 48
SEXO MACHO MACHO MACHO MACHO MACHO MACHO FÊMEA MACHO
Período de Confinamento(meses)
4 4 4 4 - 8 - -
Peso Vivo ao Abate (kg) 485,4 373,0 478,4 363,8 501,8 489,9 607,2 397,8
CONTRA-FILÉ 6,8 6,5 7,0 6,4 5,2 5,5 4,6 5,9
FILÉ MIGNON 1,8 1,6 1,7 1,6 1,8 1,6 1,6 1,9
ALCATRA 5,2 4,5 5,2 4,4 5,2 4,3 4,5 4,7
PATINHO 3,9 3,8 4,0 3,8 3,6 3,4 3,6 3,8
COXÃO MOLE 5,8 6,8 6,0 6,9 5,8 6,1 4,6 7,1
COXÃO DURO 4,6 4,1 4,7 4,2 4,3 3,9 4,1 4,1
LAGARTO 2,0 2,0 2,0 1,9 1,5 1,6 1,5 1,9
CAPA E ABA 0,7 0,9 0,7 0,9 0,5 0,7 0,5 0,7
MÚSCULO DO TRASEIRO 3,3 2,9 3,4 3,0 3,1 2,8 2,7 3,5
CARNE DO TRASEIRO ESPECIAL 34,1 33,1 46,7 46,8 31,0 29,9 27,7 33,6fonte: 1 Adaptado de MATTOS et al. (1990) 2 Adaptado de JORGE et al (1997)
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QUADRO 6 - Composição física da carcaça (músculos, tecido adiposo e osssos) de bubalinos
GRUPO GENÉTICOIDADE
(meses)S1 TRATAMENTO
EXPERIMENTAL
PV
ABATE (kg)
MÚSCULOS
(%)
GORDURA
(%)
OSSOS
(%) Referência
JAFARABADI
MURRAH
16
19
MACHO
CONFINAMENTO
120 dias (P.G.P.)
449,5
406,5
75,9
76,9
4,7
5,0
19,4
18,1VILLARES et al. (1981)
MEDITERRÂNEO
NELORE
CHAROLÊSABERDEEN-ANGUS1
± 24
M
A
C
H
O
CONFINAMENTO
por 112 dias
DIETA com 11% PB3
± 415
57,9
55,7
65,0
58,5
16,3
25,1
14,5
21,9
25,7
19,1
20,5
19,6
MOLETTA et al. (1987)
MEDITERRÂNEO ± 24MACHO
Pastagem cultivadaPast. Nativa + 2 h
Cultivada± 450 59,5 21,4 19,1 MÜLLER et al. (1994)
MEDITERRÂNEO
NELORE
F1 HOLANDÊS-
NELORE
BIMESTIÇO2
± 24
M
A
C
H
O
CONFINAMENTO
Relação4 V : C
50 : 50
450 - 500
450 - 500
500 - 550
500 - 550
55,9
60,3
63,2
62,2
27,6
24,4
19,5
21,6
16,5
15,3
17,3
16,2
JORGE et al. (1997)
1 S = sexo2 BIMESTIÇO = ¼ Fleckvieh x 5/16 Angus x 7/16 Nelore3 PB = proteína bruta4 Relação V : C = volumoso : concentrado
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QUADRO 7 - Características quantitativas da carcaça de animais por grupo genético1
Grupos genético3
NE BM HN BUFParâmetros2 Valor absolutoCOMPCAR (m) 1,34 b 1,42 a 1,44 a 1,30 cESPGOR (mm) 2,54 b 2,46 b 2,03 b 5,90 aAOL (cm2) 46,23 b 51,19 ab 55,30 a 43,95 bParâmetros2 % Peso corporal vazio4
COMPCAR (m) 0,39 a 0,38 ab 0,37 b 0,36 bESPGOR (mm) 0,67 b 0,60 b 0,48 b 1,53 aAOL (cm2) 13,13 a 13,69 a 13,85 a 12,19 a1 Valores seguidos pela mesma letra, na mesma linha, não diferem (P>0,05) pelo teste de Tukey.
2 COMPCAR = Comprimento de carcaça; ESPGOR = Espessura de gordura subcutânea; AOL = Área de olho de lombo.3 NE = Nelore; BM = Bimestiço; HN = F1 Holandês-Nelore; BUF = Búfalo.4 % PVZ = % do peso corporal vazio.Fonte: Adaptado de JORGE et al. (1997).
QUADRO 8 - Características quantitativas da carcaça de animais por categoria1
Categoria3
AB AR AL-1 AL-2Parâmetros2 Valor absolutoCOMPCAR (m) 1,33 c 1,37 b 1,39 ab 1,41 aESPGOR (mm) 1,00 b 2,48 b 4,39 a 5,06 aAOL (cm2) 44,75 b 48,07 ab 50,79 ab 53,06 aParâmetros2 % Peso corporal vazio4
COMPCAR (m) 0,45 a 0,40 b 0,34 c 0,31 dESPGOR (mm) 0,33 b 0,74 a 1,09 a 1,13 aAOL (cm2) 14,92 a 13,98 ab 12,20 bc 11,78 c1 Valores seguidos pela mesma letra, na mesma linha, não diferem (P>0,05) pelo teste de Tukey.
2 COMPCAR = Comprimento de carcaça; ESPGOR = Espessura de gordura subcutânea; AOL = Área deolho de lombo.
3 AB = Abate inicial; AR = Alimentação restrita; AL-1 = peso de abate de 450 kg (NE e BUF) e 500 kg (BMe HN); AL-2 = peso de abate de 500 kg (NE e BUF) e 550 kg (BM e HN).
4 % PVZ = % do peso corporal vazio.Fonte: Adaptado de JORGE et al. (1997).
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QUADRO 9 - Correlações entre parâmetros físicos da carcaça de bovinos e bubalinos1
Parâmetros2 PCVZA PVA PCAR ESPGOR AOLMúsculo - 0,32 ** - 0,25 * - 0,19 ns - 0,73 ** 0,11 nsTecido Adiposo 0,53 ** 0,45 ** 0,42 ** 0,75 ** 0,03 nsOssos - 0,71 ** - 0,64 ** - 0,60 ** - 0,50 ** - 0,26 *RELMO 0,57 ** 0,54 ** 0,64 ** 0,10 ns 0,33 **1 * (P<0,05). ** (P<0,01). ns Não-significativo.2 PCVZA = Peso corporal vazio de abate; PVA = Peso vivo de abate; PCAR = Peso da carcaça; ESPGOR =
Espessura de gordura subcutânea; AOL = Área de olho de lombo (L. dorsi); RELMO = Relaçãomúsculo:osso.
Fonte: Adaptado de JORGE et al. (1997).
• Valor nutritivo da carne bubalina
A carne de búfalo é um produto de qualidade assim como a carne bovina,
apresentando característicias ligeiramente diferentes desta, sendo ela diferenciada com
dificuldade ou até mesmo sendo com ela confundida quando exposta à comparação em
testes de degustação.
Apesar de dificilmente distinguida da carne bovina, ela apresenta algumas
características próprias que, em alguns casos, confirmam as semelhanças expressas na
aparência e que, em outros casos, contudo, expressam a sua superioridade, levando à
preferência por ela dos consumidores mais exigentes.
CRIPE (1996) relatou que a carne bubalina contém 40 % menos colesterol, 55 %
menos calorias, 11 % mais proteínas e 10 % minerais do que a bovina, sendo, portanto,
mais indicada para a saúde humana. No entanto, torna-se mister ampliar o volume de
informações com animais criados sob as condições brasileiras.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A criação de bubalinos em regiões onde os bovinos não apresentam índices
zootécnicos satisfatórios é uma alternativa para a pecuária brasileira, quer seja de corte ou
de leite, através do fornecimento de proteína de excelente qualidade à população, trazendo
desta forma benefícios econômicos, mas principalmente sociais.
Diante dos resultados apresentados e tendo em vista um mercado em constante
expansão para seus produtos diferenciados, com um consumidor cada dia mais exigente e
esclarecido, nos atrevemos a dizer que, hoje o búfalo não é mais “potencial” e sim uma
realidade que deve ser encarada de frente através do desenvolvimento de estratégias de
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marketing de campanha publicitária maciça, para tornar os produtos de búfalos conhecidos
no mercado consumidor.
Gostaria de encerrar prestando uma homenagem, tomando como nossa as palavras
do Sr. Wanderley Bernardes, um grande incentivador da bubalinocultura brasileira e de
nossas pesquisas científicas:
“O búfalo tem, especialmente no Brasil, uma caminhada irreversível e, quem não
acompanhar seu desenvolvimento, ficará às margens de uma das mais promissoras
atividades econômicas no segmento da pecuária em nossa terra.”
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