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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVATES
CEP – CENTRO DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
CURSO TÉCNICO EM QUÍMICA
DESENVOLVIMENTO DE FORMULAÇÃO DE SAPONÁCEO
CREMOSO
Letícia Taísa Brod
Lajeado, novembro de 2016.
Letícia Taísa Brod
DESENVOLVIMENTO DE FORMULAÇÃO DE SAPONÁCEO
CREMOSO
Artigo apresentado na disciplina de
Estágio, do Curso Técnico em Química,
do Centro Universitário UNIVATES,
como exigência para obtenção do grau de
Técnico em Química.
Orientadora: Ângela M. Junqueira
Lajeado, novembro de 2016.
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DESENVOLVIMENTO DE FORMULAÇÃO DE SAPONÁCEO
CREMOSO
Letícia Taísa Brod1
Ângela Maria Junqueira2
Resumo: A busca do consumidor por produtos de limpeza doméstica práticos e de alta qualidade motivou o
desenvolvimento de uma formulação de limpador levemente abrasivo de limpeza geral, denominado Saponáceo
Cremoso. O artigo desenvolvido apresenta um estudo motivado pela necessidade de expansão da linha de
produtos da empresa, com a criação de uma formulação de Saponáceo e assim atender as exigências de mercado.
Realizaram-se diversos testes de formulação e de estabilidade preliminar para encontrar uma formulação com
boa performance, ótimo aspecto e estabilidade, tendo um produto da mesma linha como referência de mercado
para comparação de resultados. Análises físico-químicas como pH, viscosidade, teor de tensoativo aniônico,
poder de espumação, densidade, além de análise sensorial também foram realizados. Conclui-se, portanto que o
Saponáceo Cremoso desenvolvido, quando comparado ao produto de referência de mercado, atingiu os
resultados esperados, principalmente em questões de estabilidade, ainda que em testes preliminares, análise
sensorial e performance.
Palavras-Chave: Saponáceo Cremoso. Formulação. Performance.
1 INTRODUÇÃO
Segundo os conceitos técnicos da ANVISA (BRASIL, Ministério da Saúde. Agência
Nacional de Vigilância Sanitária):
São denominados Saneantes todas as substâncias ou preparações destinadas à
higienização, desinfecção ou desinfestação domiciliar, em ambientes coletivos e/ou
públicos, em lugares de uso comum e no tratamento de água. Detergentes e
Congêneres são as substâncias que apresentam como finalidade a limpeza e
conservação de superfícies inanimadas, como por exemplo: Detergentes;
Alvejantes; Amaciante de Tecidos; Antiferruginosos; Ceras; Desincrustantes
Ácidos e Alcalinos; Limpa Móveis, Plásticos, Pneus, Vidros; Polidores de Sapato,
Superfícies Metálicas; Removedores; Sabões; Saponáceos e outros.
Dados do Anuário 2015 ABIPLA (Associação Brasileira de Produtos de Limpeza e
Afins) apontam que o segmento de produtos de limpeza no Brasil em 2015 obteve
crescimento significativo de faturamento, com 11,2%, e crescimento do volume de vendas em
8,5% em relação ao ano de 2014, quando o país estava em meio à crise mundial, onde fechou
com apenas 0,1% de aumento.
1 Estudante do Curso Técnico em Química do Centro Universitário UNIVATES – Lajeado/RS.
letí[email protected] 2 Professora do Curso Técnico em Química do Centro Universitário UNIVATES – Lajeado/RS. Farmacêutica e
Técnica em Química. [email protected]
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Desta forma, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), criada pela Lei
nº 9.782, de 26 de janeiro 1999, é o órgão nacional fiscalizador de empresas e produtos, que
tem como missão promover e proteger a saúde dos cidadãos, garantindo segurança sanitária
de serviços e produtos de saúde, em ações vinculadas com o Sistema Único de Saúde. Este
órgão atua desde o registro até a autorização de funcionamento de uma empresa ou
comercialização de um produto, além de fiscalizar as etapas subsequentes de
acompanhamento, visando atuar de forma ágil, eficiente e transparente.
O presente estudo, pesquisas, testes e amostragens foram realizados nas dependências
da Indústria e Comércio de Produtos de Limpeza Girando Sol, situada na cidade de Arroio do
Meio/RS. A Girando Sol produz dezenas de milhões de litros anualmente e de forma
constante renova seu mix com novos produtos, fragrâncias e embalagens. Toda a linha de
produtos é composta por mais de 160 itens voltados à limpeza doméstica, atuando em toda a
região Sul do país, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e também exportando para Uruguai,
Paraguai, Angola e Bolívia. A empresa tem como missão: Produzir e comercializar produtos
de higiene e limpeza que facilitem o cotidiano, aliando qualidade ao melhor custo-benefício,
com alta performance em operações e logística (GIRANDO SOL, 2016).
Sendo assim, o estudo descrito neste artigo apresenta um estudo sobre saneantes, as
matérias primas utilizadas para o seu desenvolvimento e sua extensa gama de produtos de
limpeza para uso doméstico, mantendo o foco em uma formulação de limpador levemente
abrasivo de limpeza geral, denominado Saponáceo. A necessidade da empresa em expandir
seu leque de produtos e as exigências dos consumidores quanto à praticidade e qualidade no
segmento de limpeza doméstica motivou a busca por uma formulação de eficiência, baseada
em estudos e testes de estabilidade.
2 SAPONÁCEO CREMOSO
O primeiro detergente (saponáceo) foi fabricado na Alemanha em 1907, que consistia
numa mistura de sabão tradicional com perborato e silicato sódico, conhecido como PERSIL
(KAWA, 2014). A partir da evolução e desenvolvimento de tecnologias para a fabricação de
detergentes e limpadores, o saponáceo conhecido atualmente caracteriza-se por ser composto
de substâncias orgânicas tensoativas sintéticas, que adquirem características aniônicas a partir
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da adição de um meio aquoso; diferentemente do sabão, que é um tensoativo de origem
natural (BORSATO; GALÃO; MOREIRA, 2004).
2.1 Classificação de Risco e Finalidade de uso
De acordo com a Resolução - RDC Nº 59, DE 17 DE DEZEMBRO DE 2010, Art. 16,
os produtos saneantes são classificados como de risco 1 quando se enquadram em quatro
aspectos: não apresentar grau de mutagenicidade, teratogenicidade ou carcinogenicidade em
mamíferos; enquadrar-se nos valores de pH entre 2 a 11,5 na forma pura, à temperatura de 25º
C (vinte e cinco graus Celsius); não apresentar características corrosivas, atividade
antimicrobiana, ação desinfestante e não ser à base de microrganismos viáveis; não conter em
sua formulação os ácidos inorgânicos Fluorídrico, Nítrico, Sulfúrico e seus sais. Estes
produtos devem ser notificados junto ao Órgão competente de Vigilância Sanitária e somente
poderão ser comercializados após publicação em Diário Oficial da União (BRASIL, 2010).
Os critérios avaliados pela ANVISA no gerenciamento e classificação de risco dos
saneantes são:
Toxicidade das substâncias e suas concentrações no produto;
Finalidade de uso dos produtos;
Condições de uso;
Ocorrência de eventos adversos ou queixas técnicas anteriores;
População provavelmente exposta;
Frequência de exposição e a sua duração;
Formas de apresentação.
Ainda segundo as classificações apresentadas pela ANVISA, os saneantes são
classificados quanto a sua finalidade em:
Limpeza em geral e afins;
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Desinfecção, esterilização, sanitização, desodorização, além de desinfecção de água
para o consumo humano, hortifrutícolas e piscinas;
Desinfestação;
Tira manchas.
2.2 Testes de Estabilidade
Conforme Seção III da RDC Nº 59, de 17 de dezembro de 2010, Art. 4º, o estudo de
estabilidade é conceituado como um conjunto de testes realizados para obter dados e
informações sobre a estabilidade do produto apresentado para posterior definição do seu prazo
de validade e avaliação de suas variações de aspecto e condições de uso. Nesta mesma
resolução, no Art. 33, consta que o prazo de validade para produtos de risco 1 não pode
exceder 36 meses, e se a validade for superior a este prazo, a empresa deverá encaminhar um
arquivo de estudos para a comprovação de sua estabilidade (BRASIL, 2010).
O estudo de estabilidade acelerado é realizado submetendo o produto a uma
temperatura e um tempo determinado, na embalagem que será comercializado para que o
prazo de validade se confirme. Definem-se temperaturas e tempos para teste de estabilidade
acelerado: 14 dias a 54º C ± 2º C; 28 dias a 50º C ± 2º; 42 dias a 45º C ± 2º; 56 dias a 40º C ±
2º; 84 dias a 35º C ± 2º; 126 dias a 30º C ± 2º (BRASIL, 2010).
Entende-se, portanto, que um produto saneante deve ter estabilidade, ou seja, que a
empresa garanta a integridade de seu produto em um determinado tempo, estabelecido por seu
prazo de fabricação e validade. Deve, portanto manter suas características e propriedades
durante sua vida útil (D’LEÓN, 2001).
A estabilidade dos produtos saneantes depende de diversos fatores ambientais e
químicos. O produto pode sofrer alterações quando há variação de temperatura, luz, umidade
e condições de armazenamento, ou até mesmo pela propriedade dos materiais das embalagens
utilizadas, propriedades físicas e químicas das substâncias ativas e demais componentes da
formulação (RIBEIRO, 2015).
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2.2.1 Aspecto e Performance
O aspecto de um saneante pode ser avaliado de diversas formas e por isso, optou-se
por avaliar os parâmetros físicos do saponáceo, analisando questões como homogeneidade e
opacidade (SAMPAIO, 1999). A performance de um detergente ou limpador abrasivo é
verificada pela capacidade detergente e abrasiva, formação e estabilidade de espuma,
facilidade de remoção da sujeira e ação abrasiva (BORSATO; GALÃO; MOREIRA, 2004).
A espuma é resultante de uma estrutura regular de moléculas de tensoativos ligados na
interface à molécula de água. Na indústria, os produtos saneantes para uso doméstico que
possuem espuma necessitam de boa formação e estabilidade da mesma, apesar de ser apenas
um efeito estético. Dependendo do produto que se quer desenvolver, pode-se utilizar
reguladores de espuma, que estabilizam e intensificam ou reduzem a espuma, podendo alterar
a viscosidade do meio e solubilizar essências. Os detergentes a base de tensoativos aniônicos
produzem muita espuma, tornando-se necessária a adição de agentes anti espumantes ou
redução da quantidade de tensoativo presente na formulação (BORSATO; GALÃO;
MOREIRA, 2004).
Durante o processo de lavagem, o detergente ou limpador entra em contato com a água
e o ar e com a ação mecânica, gera espuma. Para a limpeza de superfícies, a espuma facilita o
processo por sua propriedade de suspensão de impurezas. A abundância de espuma em um
produto pode ter efeito negativo, pois é necessário mais enxágue e consequentemente, maior
consumo de água, além de o consumidor não ter total visibilidade das áreas a serem limpas
(MACÊDO, 2000).
2.2.2 Reologia
Reologia é um dos fatores mais relevantes quando se cita a relação entre consumidores
e produtos de limpeza. É um dos principais atributos sensoriais de um produto, tendo grande
influência na percepção de qualidade e desempenho do produto para o consumidor
(CLARIANT, [2016]).
O comportamento do fluxo do produto é denominado reologia, basicamente sendo a
medida dos comportamentos de fluxo de líquidos; a deformação de um corpo sob a influência
de uma tensão. Dentro da reologia, podem-se citar os fluidos Newtonianos, que são aqueles
7
que mantêm constante viscosidade com variação da taxa de cisalhamento e os fluidos Não-
Newtonianos, que são aqueles que têm variação de viscosidade dependendo da força de
cisalhamento ou do tempo de ação do cisalhamento (PEDRO, 2000).
De acordo com Borsato, Galão e Moreira (2004), a viscosidade está diretamente
relacionada ao aspecto e estética do produto, havendo conotação de eficácia da formulação. É
uma medida de resistência do fluido ao movimentar ou escorrer o produto. A viscosidade
adequada para cada tipo de produto pode levar ao maior rendimento do mesmo, evitando
desperdícios ao ser utilizado em uso doméstico. Silva (2006, p. 95) diz que:
A viscosidade é uma variável que caracteriza reologicamente um sistema e auxilia a
determinar se um produto apresenta a consistência ou fluidez apropriada, podendo
indicar se a estabilidade é adequada, ou seja, fornece indicação do comportamento do
produto ao longo do tempo.
2.3 Composição do Saponáceo
O Saponáceo ou Limpador Abrasivo é um produto saneante destinado à limpeza,
principalmente de superfícies irregulares, formulado à base de abrasivos, com ou sem
associação a um tensoativo (GUIA PARA EMPRESAS, 2012). Encontrado nas versões em
pó, gel ou cremoso, o Saponáceo já é conhecido em todo o mercado mundial, com referência
a algumas marcas comercializadas no Brasil, como Cif, Bom Bril e Mr. Músculo.
2.3.1 Veículo
O veículo de uma formulação é aquele que se encontra em maior quantidade, e é nele
que as demais matérias primas são incorporadas. Deve ter um efeito solubilizante ou
dispersante, e ser compatível com os componentes da fórmula. A água é o veículo mais
utilizado, normalmente quando a emulsão preparada é O/A (emulsão óleo em água)
(REBELLO, 2008). A água é conhecida como o solvente universal, e como veículo do
saponáceo, tem grande capacidade de solubilidade e por isso se adapta melhor às necessidades
da formulação.
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2.3.2 Abrasivo
Os abrasivos são classificados normalmente como sais inorgânicos, praticamente
insolúveis em água, utilizados para efetivar a ação mecânica do produto de limpeza (RIOS; et
AL., 2014). O Carbonato de Cálcio, utilizado na formulação do saponáceo, é um abrasivo que
possui pequenas partículas que potencializam a limpeza de superfícies (FILHO, 2007). Este
abrasivo age por atrito, “arrancando” as partículas de sujeira, muito eficiente em superfícies
irregulares (CORRÊA, 2005).
2.3.3 Alcalinizante
Os desengordurantes aquosos utilizados como matéria prima normalmente possuem
pH alcalino, contribuindo para a quebra da gordura, e, consequentemente, melhor remoção de
sujidades na superfície (BAPTISTA, 2003). Portanto, o carbonato de sódio, é um exemplo de
insumo utilizado para conferir alcalinidade e estabilidade ao produto, também promovendo
ação desengordurante em superfícies de difícil limpeza, trabalhando em conjunto com o
carbonato de cálcio para conferir característica abrasiva ao saponáceo. Segundo Borsato,
Galão e Moreira (2004), o carbonato de sódio, assim como o silicato de sódio, aumenta a
alcalinidade do meio, reforça a abrasividade e inibe a corrosão, sendo estas as características
que se buscam para formulações de Saponáceo Cremoso.
2.3.4 Princípio Ativo
De acordo com a Resolução-RDC nº- 40, de 5 de junho de 2008, Princípio Ativo ou
Matéria Ativa é o componente que, na formulação, é responsável por pelo menos uma
determinada ação do produto. Refere-se ao total de tensoativo presente na formulação,
expresso em % (p/p). A matéria ativa de um produto pode possuir características aniônicas,
catiônicas ou anfóteras, de acordo com a estrutura da matéria-prima empregada (MISIRLI,
2002). De acordo com a alcalinidade ou acidez do meio, as características do princípio ativo
deverão se adaptar ao produto a ser desenvolvido. O saponáceo cremoso possui como
princípio ativo o Dodecil Benzeno Sulfonato de Sódio, que caracteriza-se como um dos
principais agentes de limpeza da formulação.
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2.3.5 Tensoativo Aniônico
Os tensoativos são responsáveis pela característica mais importante e desejada em um
limpador ou detergente abrasivo, a capacidade de remoção das sujidades. Este fato é possível
devido a sua estrutura, que possui uma parte hidrofílica e uma parte hidrofóbica, reduzindo a
tensão superficial da água (MISIRLI, 2002). De acordo com Macêdo (2000), a fração
hidrofóbica do tensoativo interage com os resíduos de gordura enquanto a hidrofílica
apresenta afinidade com a água. O conjunto formado é denominado de micela, conforme
apresentado na Figura 1.
Figura 1 - Estrutura da Micela
Fonte: FOGAÇA [entre 2010 e 2016]
Os agentes tensoativos são substâncias que alteram as propriedades da superfície da
solução, ou seja, reduzem a tensão superficial da água e alteram a tensão interfacial de dois
líquidos. Portanto, se a concentração de agentes tensoativos for aumentada, tende a ocupar a
parte interna da solução, até chegar a formação das micelas. Essa concentração é denominada
concentração micelar crítica, caracterizada pelo tensoativo utilizado. A partir dessa
concentração, a ação do detergente é determinada, explicada pelos fenômenos de
molhabilidade, emulsão e dispersão (BORSATO; GALÃO; MOREIRA, 2004).
Os tensoativos ou surfactantes aniônicos são compostos que possuem em sua parte
hidrofílica da molécula cargas negativas, característica de ânions, a parte ativa em água. O
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surfactante aniônico utilizado neste trabalho é o Dodecil Benzeno Sulfonato de Sódio, que
possui grande poder de detergência e espumação, sendo biodegradável (MISIRLI, 2002).
2.3.6 Emulsificante
Os emulsificantes são substâncias derivadas geralmente de gorduras, que são capazes
de modificar as propriedades de superfície, com a finalidade de produzir emulsão entre dois
compostos que normalmente não se misturam. Promove estabilidade e rendimento à
formulação. Como consequência do uso de emulsificantes, a solubilidade em água e as
propriedades de espuma, detergência, solubilidade, fixação de essência e de molhabilidade se
modificam para uma significativa melhora de aspecto e eficiência do produto (MACLER,
[2016]).
O éter de polietilenoglicol de Álcool Laurílico com grau de etoxilação 7 e.o. (óxido de
eteno) é um emulsificante de baixa espumação, ideal para formulações de detergentes e
limpadores de superfície. É amplamente utilizado devido a sua tolerância a eletrólitos e
grandes variações de pH (ARGENTON, 2009). Ainda segundo o mesmo autor, os álcoois
etoxilados são produzidos através da reação entre álcoois e óxidos de eteno. A Figura 2
apresenta de forma simplificada a produção de álcoois etoxilados:
Figura 2 - Produção simplificada de álcoois etoxilados
Fonte: ARGENTON, 2009
Conforme o grau de etoxilação for aumentado, aumenta-se o caráter hidrofílico da
molécula, sendo que a partir de 6 moles de óxido de eteno os álcoois etoxilados tornam-se
solúveis em água, e apresentam características e propriedades distintas de poder espumante,
molhabilidade e de detergência, o que possibilita que estes produtos sejam utilizados como
emulsificantes, detergentes, solubilizantes, umectantes e desengraxantes (OXITENO, 2007).
11
2.3.7 Sequestrante
Os sequestrantes são substâncias que compõe diversos tipos de saneantes, eficientes
mesmo em meios altamente alcalinos, que possuem a capacidade de complexar íons metálicos
e alcalinos terrosos (Fe, Cu, Mg) que causam danos às formulações saneantes. O
Ethylenediaminetetraacetic Acid, tetrasodium Salt (EDTA) é um quelante universalmente
utilizado em formulações de produtos de limpeza em geral, inclusive o saponáceo, por possuir
excelente ação sequestrante de complexação de íons de cálcio, magnésio, ferro, cobre e
manganês. Apresenta excelente estabilidade à hidrólise e a eletrólitos, com efeito persistente
(MANCHESTER, [2015]).
2.3.8 Conservante
Os conservantes são substâncias que possuem a capacidade de inibir o crescimento
microbiano no meio em que se aplica. Sua utilização é de fundamental importância em uma
formulação de saneantes, pois evita a deterioração do produto por ação de fungos ou bactérias
e fazendo com que a integridade do produto permaneça intacta pelo período de validade do
saneante, além de proteger o consumidor de contaminações indesejadas durante seu uso. O
conservante ideal é aquele que não interage com os outros componentes da formulação, não
podendo conferir cor nem odor ao produto e nem alterar as características das demais matérias
primas (CONSERVANTES, 2007).
As CMIT/MIT (mistura de isotiazolinonas) são miscíveis em água e insolúveis em
óleo. São biocidas de amplo espectro, com excelente atividade contra todos os
microorganismos e amplamente utilizada em produtos saneantes (CONSERVANTES, 2007),
como no saponáceo desenvolvido. A Resolução nº 30, de 4 de julho de 2011, da ANVISA,
apresenta uma lista atualizada de conservantes permitidos para uso em saneantes, bem como
seus percentuais máximos. As CMIT/MIT são permitidas no Brasil em concentração máxima
de 0,0022% (BRASIL, 2011).
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2.3.9 Espessante
Polímeros hidrossolúveis têm sido empregados há bastante tempo para controlar e
modificar a viscosidade de soluções aquosas e têm sido usados em diferentes aplicações
industriais incluindo formulações de tintas, alimentos, produtos farmacêuticos, cosméticos e
saneantes (SILVEIRA; WOOD; LUCAS, 2015).
O Copolímero de emulsão acrílica utilizado na formulação do saponáceo é uma
dispersão de polímero acrílico ligeiramente reticulada; líquido pouco viscoso de baixo odor,
contendo 30% de polímero ativo em água, que é facilmente incorporado e diluído em
formulações aquosas. É um modificador de reologia eficiente a partir de pH 6,5, que confere
propriedades de suspensão e estabilização eficientes, bem como propriedades espessantes em
formulações contendo tensoativos. Muito eficaz em meios com pH de 3 até 10 e é compatível
com praticamente todos os tensoativos aniônicos (LUBRIZOL, 2007).
2.3.10 Fragrância
O mercado mundial tem uma vasta gama de produtos saneantes, com diversos apelos
visuais e olfativos. É muito difícil encontrarmos produtos para o cuidado do lar que não
contenham nenhum tipo de fragrância, utilizada por diversas vezes para mascarar o odor
desagradável de seus componentes, que poderiam influenciar diretamente na escolha do
consumidor. O perfume tem suas propriedades e características específicas, e quando utilizado
em um produto saneante pode realçar a sensação de limpeza e frescor, sendo um dos
principais requisitos para a escolha do consumidor (BORSATO; GALÃO; MOREIRA, 2004).
Sabendo disso, utilizaram-se fragrâncias desenvolvidas especialmente para este tipo de
produto, que não alteram a estabilidade da formulação. Por serem oleosas, as fragrâncias são
mais difíceis de incorporar a emulsão, e por isso a agitação é de fundamental importância para
uma boa homogeneização do produto.
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2.4 Boas Práticas de Fabricação e Controle
Para que o produto que se está fabricando saia da empresa com qualidade e que
permaneça desta forma por todo o seu prazo de validade, é de fundamental importância a
implementação e sequência do controle dos procedimentos de produção e controle de
saneantes, tanto das matérias primas utilizadas quanto do produto final. A Resolução - RDC
nº 47, de 25 de outubro de 2013 (BRASIL, 2013) aprova o Regulamento Técnico de Boas
Práticas de Fabricação para Produtos Saneantes, e dá outras providências.
O objetivo deste Regulamento Técnico é de regulamentar a fabricação de produtos
saneantes, de modo que os fatores humanos, técnicos e administrativos (da
fabricação) que podem ter influência na qualidade dos mesmos sejam eficazmente
controlados, tendo como objetivo prevenir, reduzir e eliminar qualquer deficiência na
qualidade dos mesmos, que podem afetar negativamente a saúde e segurança do
usuário (BRASIL, 2013, p. 59).
Brasil (2013) define que a empresa deve manter em ordem toda a parte documental do
controle de processo e de qualidade, incluindo a atualização de BPF’s (Boas Práticas de
Fabricação) e POP’s (Procedimentos Operacionais Padrão). A qualidade dos produtos
fabricados é de responsabilidade dos funcionários da empresa, sendo importante o
treinamento e conscientização de todas as pessoas envolvidas neste processo. As etapas
críticas do processo devem ser rigorosamente controladas e as áreas de fabricação devem
possuir infra-estrutura adequada, com espaço adequado, pessoal treinado e instruções
disponíveis para consulta.
Questões de higiene, limpeza e sanitização devem ser prezadas, abrangendo
instalações, equipamentos e utensílios, materiais de produção e recipientes, produtos para
limpeza e desinfecção e qualquer outro aspecto que possa constituir fonte de contaminação
para o produto. As fontes potenciais de contaminação devem ser eliminadas através de um
adequado programa de sanitização e higiene. A higiene dos operadores e manipuladores
também necessita de atenção, além de garantir a segurança dos trabalhadores, com o uso de
Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) e Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC’s).
A identificação de locais de acesso restrito ou que apresentam riscos aos funcionários deve
estar visível para evitar acidentes de trabalho que prejudiquem os colaboradores e a empresa
(BRASIL, 2013).
As áreas de produção devem apresentar organização, para que haja otimização de
espaço, de acordo com o fluxo de processo. A distribuição destas áreas deve ser feita de forma
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ordenada e racional, evitando ao máximo a contaminação cruzada. As tubulações, iluminação,
maquinário e outras instalações devem ser adequadas, de modo a facilitar a limpeza e
manutenção das mesmas. Além disto, a retenção de amostras de matérias primas e produto
final devem ser realizadas a cada lote, mantidas em local adequado, facilitando a posterior
rastreabilidade (BRASIL, 2013).
2.5 Biodegradabilidade
Segundo a Portaria nº 393, de 15 de maio de 1998 (BRASIL, 1998), que estabelece o
"Método para Determinação da Biodegradabilidade de Tensoativos Aniônicos", com validade
em todo Território Nacional; todas as substâncias tensoativas aniônicas utilizadas na
composição de produtos Saneantes Domissanitários de qualquer natureza, devem ser
biodegradáveis. Esta mesma portaria (BRASIL, 1998, texto digital) define o tensoativo
biodegradável como:
[...] substância química com propriedades tensoativas, susceptível de decomposição e
degradação por microrganismos e que, em decorrência desses processos, não dê
origem a substâncias consideradas nocivas ao meio ambiente ou que possuam grau de
toxicidade superior ao da substância tensoativa original.
O produto biodegradável é aquele que é degradado pelos microorganismos presentes
na natureza, normalmente ocorrendo em duas fases: no primeiro momento existe a quebra da
cadeia hidrofóbica, no segundo momento os produtos de degradação são transformados em
dióxido de carbono, água e sais minerais (SILVA; et al., 2011). A Figura 3 apresenta as
cadeias de sabões e detergentes biodegradáveis e não biodegradáveis.
Figura 3 - Cadeias biodegradáveis e não biodegradáveis
Fonte: DOM BOSCO, 2008
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A disposição linear dos átomos de carbono, ao longo das cadeias dos tensoativos,
constitui um importante parâmetro para avaliar o grau de biodegradabilidade do detergente,
sendo as cadeias ramificadas não biodegradáveis e as cadeias lineares biodegradáveis,
diminuindo o impacto ambiental provocado ao descartar esses materiais nos corpos hídricos
(SILVA et al., 2011). De acordo com a legislação, o produto saneante é considerado
biodegradável quando atingir o percentual mínimo de biodegradabilidade de 60% em 10 dias;
porém, o tensoativo utilizado na formulação deve ter grau de biodegradabilidade mínima de
90% (BRASIL, 1998).
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O desenvolvimento da pesquisa de uma formulação de Saponáceo Cremoso iniciou-se
com pesquisa de mercado, avaliando os produtos mais vendidos nesta linha. Analisou-se as
características deste tipo de produto e sua principal função no uso doméstico. Análises físico-
químicas como pH, viscosidade Copo Ford, volume e estabilidade de espuma, além de
eficiência do produto foram realizadas para que os estudos de formulação pudessem ser
iniciados. A descrição dos rótulos e aspecto visual do produto também foram observados.
Como produto de referência para os estudos subsequentes, utilizou-se o Saponáceo Cremoso
da marca Mr. Músculo, por este apresentar melhor aspecto, viscosidade e estabilidade.
Partindo de uma formulação sugestiva, iniciaram-se os testes realizando modificações
para o melhoramento do aspecto, estabilidade, pH, e eficiência. Após cada formulação, as
amostras foram submetidas a testes preliminares de estabilidade a temperatura ambiente e em
estufa a 40ºC. A Tabela 1 apresenta a composição química do saponáceo cremoso que
apresentou melhor resultado quanto a aspecto e estabilidade.
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Tabela 1 - Composição química do Saponáceo Cremoso
INCI NAME FUNÇÃO
Aqua Veículo
Acrylates Copolymer Espessante
Butyl Acrylates/Styrene Copolymer Opacificante
Calcium carbonate Abrasivo
Dodecylbenzene sulfonic acid Surfactante/Tensoativo
Fragrance Fragrância
Laureth – 7 Emulsificante
Methylchloroisothiazolinone Conservante
Sodium carbonate Ajustador de pH
Sodium hydroxide Alcalinizante
Tetrasodium EDTA Sequestrante
Fonte: HANDBOOK, 2004
Os testes foram realizados em bateladas de 500 mL de produto. Pesaram-se todos os
ingredientes em balança de precisão e conforme ordem pré estabelecida, adicionou-se a água
e o tensoativo principal e agitou-se até completa solubilização. Depois, alcalinizou-se o meio
até pH 10,5 e adicionaram-se os demais ingredientes na seguinte ordem: sequestrante,
conservante, opacificante, emulsificante, abrasivo, fragrância e espessante. Após variações de
velocidade da agitação, finalizou-se o processo e envasou-se a emulsão. Submeteu-se a
amostra a testes de estabilidade dentro de embalagem apropriada em temperaturas e tempos
pré-estabelecidos, além de análises físico-químicas.
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3.1 Metodologias Analíticas
As metodologias analíticas utilizadas apresentam-se juntamente com sua definição e
importância para o controle da qualidade do saponáceo cremoso. O desempenho do produto
depois de pronto foi avaliado, comparando seus resultados com os parâmetros estabelecidos
em cada análise. A Farmacopeia Brasileira 5ª Edição, com os volumes 1 e 2, apresenta
métodos gerais, textos e monografias sobre análises laboratoriais, embasando as metodologias
apresentadas (FARMACOPEIA, 2010). A ABNT (2014), Agência Nacional de Normas
Técnicas, é responsável pela elaboração das Normas Brasileiras (ABNT NBR) em que se
baseiam algumas metodologias aqui apresentadas, como também a ASTM (2016), a American
Society for Testing and Materials.
3.1.1 Determinação de pH
O pH (potencial hidrogeniônico) é uma grandeza físico-química que indica a acidez,
neutralidade ou alcalinidade de um meio qualquer. Sua escala varia entre 0 e 14, sendo que o
pH 7 a 25°C, indica um pH neutro, abaixo desse valor refere-se a um meio ácido e acima de 7
indica um meio alcalino (básico). As leituras de pH são realizadas através de potenciômetro
analógico ou digital (pHmetro) que mostra diretamente os resultados (PILCH; SCHMIDT,
2013). Segundo a legislação brasileira (BRASIL, 2010), os valores de pH para produtos de
risco 1 devem enquadrar-se entre 2 a 11,5 na forma pura, à temperatura de 25º C (vinte e
cinco graus Celsius).
Para a análise de pH, após a aferição conveniente do potenciômetro de bancada, lavou-
se o eletrodo com água destilada e posicionou-se a amostra formulada da forma pura, a
temperatura de 25ºC, para análise. Depois de obter o resultado, lavou-se novamente o eletrodo
com água destilada e colocou-se em modo stand-by dentro de solução de KCl
(METODOLOGIAS ANALÍTICAS, 2016; ABNT, 2014).
3.1.2 Análise de Viscosidade
De acordo com a Farmacopeia (2010, p. 87):
18
A viscosidade é a expressão da resistência de líquidos ao escoamento, ou seja, ao
deslocamento de parte de suas moléculas sobre moléculas vizinhas. A viscosidade
dos líquidos vem do atrito interno, isto é, das forças de coesão entre moléculas
relativamente juntas. Com o aumento da temperatura, aumenta a energia cinética
média das moléculas, diminui (em média) o intervalo de tempo que as moléculas
passam umas junto das outras, menos efetivas se tornam as forças intermoleculares e
menor viscosidade.
3.1.2.1 Viscosidade Copo Ford
A viscosidade Copo Ford é medida pelo tempo que um volume fixo de líquido gasta
para escoar através de um orifício existente no fundo de um recipiente. Para esta análise,
utilizou-se viscosímetro do tipo Copo Ford número 8, calibrado, medindo, portanto, a
viscosidade elástica do produto analisado. Homogeneizou-se a amostra e averiguou-se a
temperatura (temperatura ideal de 25,0 ºC ± 0,1 ºC). Fechou-se o orifício do viscosímetro e
preencheu-se o copo com a amostra, nivelando a mesma com o auxílio de uma placa de vidro.
Abriu-se o orifício do viscosímetro e acionou-se o cronômetro. Parou-se o cronômetro quando
houve a primeira interrupção do fluxo e anotou-se os segundos transcorridos, obtendo-se o
resultado em tempo (segundos ou minutos) (FARMACOPEIA, 2010; ABNT, 2015). A Figura
4 apresenta um modelo de Viscosímetro Copo Ford.
Figura 4 - Modelo de Viscosímetro Copo Ford
Fonte: DMBRASIL, 2009
3.1.2.2 Viscosidade Brookfield
19
Segundo a Farmacopeia (2010), a viscosidade Brookfield mede a resistência ao
movimento de rotação de eixos metálicos quando imersos no líquido, ou seja, mede a
viscosidade pela força necessária para girar o spindle no líquido a ser analisado. Para a
determinação da viscosidade utilizou-se um viscosímetro do tipo Brookfield Analógico
calibrado, que apresenta resultados diretamente em cP’s (centipoise). Transferiu-se a amostra
homogeneizada e a 25ºC para um béquer de 250 mL e posicionou-se no aparelho. Mergulhou-
se o spindle na amostra até a marca indicada e acionou-se o aparelho para a medição. Anotou-
se o resultado expresso em cP’s. Utilizou-se o spindle de número 3 a 12 rpm (rotações por
minuto). A Figura 5 apresenta o modelo de equipamento utilizado para a análise de
viscosidade.
Figura 5 - Modelo de Viscosímetro Brookfield Analógico
Fonte: DMBRASIL, 2009
3.1.3 Teor de Tensoativo Aniônico
Substâncias tensoativas aniônicas são ingredientes importantes em muitos produtos e
possuem um papel de destaque em vários processos industriais. É de extrema importância
realizar análises laboratoriais para saber a concentração de tensoativos aniônicos em produtos
saneantes, pois estes podem reagir com algum outro componente da formulação (GUIA DE
CONTROLE, 2007).
20
A metodologia se iniciou com o preparo de soluções necessárias para a análise de teor
de tensoativo aniônico. Seguem as preparações e metodologia de análise (METODOLOGIAS
ANALÍTICAS, 2016; BORSATO; GALÃO; MOREIRA, 2004):
Solução Azul de Metileno: Adicionar em um béquer de 1 L aproximadamente 700 mL
de água deionizada. Adicionar 6,2 g de Ácido Sulfúrico P.A., homogeneizar, e em seguida
adicionar lentamente sob agitação constante 45 g de Sulfato de Sódio Anidro, até total
solubilização. Pesar analiticamente em um vidro relógio 0,03 g de Azul de Metileno e
adicionar lentamente à solução, até completa solubilização. Transferir para um balão
volumétrico de 1 L e completar o volume com água deionizada. Guardar em vidro âmbar e
identificar.
Solução de Cloreto de Benzetônio (Hyamine) 0,004 M: Pesar em um béquer de 50 mL
1,8300 g de Hyamine P.A., previamente seco em estufa a 110ºC por uma hora e dissolver em
água destilada. Transferir para um balão volumétrico de 1 L e completar o volume com água
deionizada. Guardar em vidro âmbar e identificar. A solução deve ser fatorada para acerto de
sua real concentração. Esse fator é descoberto quando realiza-se uma titulação investigativa,
ou seja quando se titula a solução, que se quer saber o fator, contra um padrão, neste caso o
Lauril Sulfato de Sódio P.A. diluído (0,1333g em 100 mL de água deionizada).
Para a determinação do teor de tensoativo aniônico (METODOLOGIAS
ANALÍTICAS, 2016; ASTM, 2016), primeiramente pesou-se em um béquer de 100 mL 5 g
de produto e diluiu-se com água deionizada. Transferiu-se para balão volumétrico de 500 mL,
completou-se o volume com água deionizada e homogeneizou-se. Pipetou-se uma alíquota de
10 mL desta solução para uma proveta de 100 mL de boca esmerilhada com tampa,
adicionou-se 15 mL de Clorofórmio P.A. e 25 mL de Solução de Azul de Metileno à proveta.
Tampou-se e agitou-se a proveta, e em seguida iniciou-se a titulação com a Solução de
Hyamine 0,004 M fatorada. Agitou-se sempre após cada adição de titulante. O ponto final da
titulação determinou-se quando ambas as fases (superior e inferior) apresentaram a mesma
intensidade de cor. Anotou-se o volume de Hyamine gasto e procedeu-se com o cálculo:
Ativo %: 0,02 x Fc x V x PM
A
Onde:
21
Fc= Fator de correção da solução de Hyamine 0,004
V= Volume gasto de titulante
PM= Peso molecular do Dodecil Benzeno Sulfonato de Sódio (350)
A= Peso da amostra pesada
3.1.4 Poder de espumação método Ross Miles
No método de Ross Miles, a formação de espuma é dada através da queda, a partir de
uma altura fixa, de um volume da solução formadora de espuma para um cilindro contendo
um volume fixo da mesma solução formadora (AZEVEDO; FIUZA, 2014). Tem por objetivo
medir o volume e a estabilidade da espuma de tensoativos.
A análise para determinação do poder de espumação pelo método Ross Miles iniciou-
se com a pesagem de 5 g de amostra de saponáceo em um béquer de 100 mL. Dissolveu-se
em água destilada e transferiu-se a solução para um balão volumétrico de 500 mL. Avolumou-
se o balão com água destilada e agitou-se para total homogeneização. Transferiu-se a solução
para um béquer de 500 mL e ajustou-se a temperatura em banho-maria até 25ºC. Pipetou-se
50 mL da solução e colocou-se em uma coluna Ross Miles, descartando a primeira amostra.
Depois de dois minutos, fechou-se a válvula de saída e coletou-se uma alíquota de 50 mL da
solução, colocando-a novamente na coluna. Coletou-se 200 mL de água deionizada com a
pipeta Ross Miles e encaixou-se a mesma na coluna. Abriu-se a válvula da pipeta para descer
a água e acionou-se o cronômetro assim que a última gota caiu. Logo em seguida, iniciou-se a
marcação da altura da espuma formada, sendo que o zero da escala coincide com o início da
espuma. Anotou-se os resultados da altura da espuma no tempo 0 e 5 minutos. Após, abriu-se
a válvula de saída e lavou a coluna com água deionizada, até sair toda a espuma
(METODOLOGIAS ANALÍTICAS, 2016; ASTM, 1953).
3.1.5 Análise de Densidade
Densidade de massa de uma substância é a razão de sua massa por seu volume a 20ºC.
Cada substância tem sua densidade própria, diferindo-se umas das outras. Para sua
22
determinação, utilizou-se um picnômetro de metal, calibrado previamente com a
determinação da massa do picnômetro vazio e com água a 20ºC. Este tipo de picnômetro é
específico para a determinação de produtos com muita viscosidade. Transferiu-se a amostra
para o picnômetro e ajustou-se à temperatura de 20ºC. Tampou-se o picnômetro e retirou-se o
excesso de produto. Pesou-se e obteve-se a densidade da amostra através da diferença de
massa do picnômetro cheio e vazio (FARMACOPEIA, 2010; ABNT, 2000). Calculou-se a
densidade relativa seguindo o cálculo (METODOLOGIAS ANALÍTICAS, 2016):
Densidade: Pf - Pi
V
Onde:
Pf= Peso final do picnômetro, cheio
Pi= Peso inicial do picnômetro, vazio
V= Volume do picnômetro, determinado na calibração
3.1.6 Análise sensorial e Estabilidade
De acordo com Borsato, Galão, Moreira (2004), a análise sensorial é muito subjetiva e
cronologicamente é dividida em três etapas:
1 - Impressão visual e olfativa do produto no momento da abertura da embalagem e no
escoamento do mesmo;
2 - Impressão deixada pelo produto durante a aplicação no processo de limpeza (formação e
estabilidade da espuma, poder de limpeza efetiva e abrasividade);
3 - Impressão deixada do produto após a sua aplicação.
Realizou-se as três etapas descritas com o produto de referência no mercado e o
saponáceo cremoso desenvolvido, tendo em vista que não encontrou-se metodologia
específica para esta análise. Comparou-se os resultados obtidos em cada produto avaliando o
23
aspecto visual (homogeneidade e opacidade), escoamento do produto na saída do frasco,
poder de limpeza, abrasividade e impressão após sua aplicação.
A estabilidade do produto realizou-se em tubos de ensaio de vidro. A mesma
formulação foi observada a temperatura ambiente e em temperatura elevada, em estufa a 40ºC
por aproximadamente 20 dias, tendo como objetivo a estabilidade preliminar da formulação
(BRASIL, 2010). A separação de fases é algo indesejado para este tipo de produto, pois
acarreta em perda de eficiência e produto, pela decantação dos eletrólitos no fundo do frasco.
4 INTERPRETAÇÃO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS
Após realizadas as análises físico-químicas do saponáceo cremoso desenvolvido e do
produto de referência no mercado, obtiveram-se os resultados apresentados na Tabela 2.
Tabela 2 - Resultados das análises físico-químicas e teste de estabilidade
ANÁLISES PRODUTO REFERÊNCIA SAPONÁCEO DESENVOLVIDO
pH 10,49 9,85
Viscosidade
Copo Ford 16 segundos 25 segundos
Viscosidade
Brookfield 3000 cP’s 8100 cP’s
Tens. Aniônico 4,4 2,2
Espumação 0 segundos= 8 cm
5 minutos= 5 cm
0 segundos= 14 cm
5 minutos= 12 cm
Densidade 1,28 g/mL 1,10 g/mL
Aspecto Homogêneo, textura lisa, odor
característico da essência
Homogêneo, textura lisa, odor
característico da essência
24
Estabilidade Não apresentou separação de fases Não apresentou separação de fases
Fonte: Do Autor, 2016
Após avaliar os resultados obtidos, pode-se perceber que o saponáceo desenvolvido
neste estudo possui algumas variações de resultado, quando comparado às análises do produto
de referência do mercado. Estipulou-se como padrão de pH valores de 10 a 10,5, conferindo
ao saponáceo classificação nos produtos de Risco 1. Porém, a formulação desenvolvida
apresentou pH inferior ao padrão, e por isso a necessidade de mais alcalinizante é evidente. O
teor de tensoativo aniônico apresentou valor inferior ao produto de referência, mas a
espumação do produto desenvolvido apresentou valores superiores, sendo que a percepção do
consumidor quanto a maior espumação remete a ideia de maior limpeza. É difícil conseguir
resultados exatos na análise de teor de tensoativo aniônico e espumação, pois não é possível
saber a composição do produto de referência, podendo conter anti espumante para atenuar a
espuma.
O produto desenvolvido apresentou resultado superior de viscosidade quando
comparado ao produto de referência. A viscosidade Copo Ford é muito importante para
caracterizar a saída do produto pelo frasco, podendo-se dizer que o produto de referência tem
mais fluidez na saída do frasco, comprovado pela viscosidade feita no Brookfield. Por isso,
torna-se necessário o ajuste da porcentagem de espessante utilizado na formulação do
Saponáceo desenvolvido. A densidade relaciona-se com os componentes da formulação,
sendo que o produto de referência é mais denso que o desenvolvido neste trabalho, apesar de
não interferir em questões como aspecto e análise sensorial. A estabilidade não se
comprometeu com a densidade mais baixa.
A estabilidade preliminar do saponáceo desenvolvido apresentou resultado semelhante
ao produto de referência, não apresentando precipitação/decantação da emulsão quando
submetido à estabilidade em temperatura ambiente e em temperatura elevada (estufa a 40ºC),
o que é um ponto positivo da formulação, pois assim o consumidor não perderá produto por
estar decantado e nem precisará agitá-lo para homogeneização. O tempo de análise da
estabilidade não foi o mesmo para os dois produtos (produto de referência aproximadamente
70 dias; saponáceo desenvolvido aproximadamente 30 dias), e por isso pode-se afirmar que
ainda é necessário mais tempo para que o estudo de estabilidade acelerado possa ser
completamente concluído.
25
O aspecto do saponáceo desenvolvido atendeu as expectativas, pois apresentou
homogeneidade, textura lisa, estabilidade, viscosidade ótima, facilidade de aplicação e boa
espumação, apesar de ter a coloração um pouco amarelada. A Figura 6 apresenta o produto de
referência no mercado e o Saponáceo desenvolvido, para uma comparação visual dos
produtos.
Figura 6 - Comparação visual produto de referência x Saponáceo desenvolvido
PRODUTO REFERÊNCIA x SAPONÁCEO DESENVOLVIDO
Fonte: Do Autor, 2016.
O produto desenvolvido foi pensado para uso exclusivo doméstico, e, portanto,
caracteriza-se como um produto levemente abrasivo. Para a segurança dos consumidores, o
uso do produto por tempo prolongado requer o uso de luvas, evitando o ressecamento na pele
dos usuários. A irritação da pele, ingestão ou contato com os olhos requer cuidados, e se
necessário a procura por um médico.
5 CONCLUSÃO
A partir de diversos estudos e testes para o desenvolvimento de uma formulação de
Saponáceo Cremoso, pode-se concluir que os resultados obtidos foram satisfatórios,
atendendo as expectativas em comparação ao produto de referência do mercado,
desenvolvendo um produto prático e de qualidade. Questões como a estabilidade do produto e
26
o aspecto visual do mesmo foram os pontos mais críticos da formulação, sendo estes objetivos
alcançados com sucesso.
Levando-se em consideração as análises físico-químicas realizadas, o pH, viscosidade
e teor de tensoativo aniônico poderão sofrer alterações. A formulação de saponáceo ainda
passará por testes de estabilidade acelerada, além de revisão das porcentagens de cada matéria
prima utilizada, para que se encaixe nos custos da empresa, ainda a se definir. O espessante
utilizado também deverá ser aplicado em diferentes porcentagens, visando uma melhor
otimização de seu poder espessante.
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através da Resolução GMC no- 47/07. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Diário
Oficial [da República Federativa do Brasil], Brasília, junho de 2008.
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sobre os procedimentos e requisitos técnicos para a notificação e o registro de produtos
saneantes e dá outras providências. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Diário Oficial
[da República Federativa do Brasil], Brasília, dezembro de 2010.
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lista de substâncias de ação conservante permitidas para produtos saneantes constante do
Anexo da Resolução - RDC n. 35/2008 e revoga a Resolução - RDC n. 58/2009. Agência
Nacional de Vigilância Sanitária. Diário Oficial [da República Federativa do Brasil], Brasília,
julho de 2011.
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