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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
INSTITUTO DE QUÍMICA
DEPARTAMENTO DE QUÍMICA ANALÍTICA
“DESENVOLVIMENTO DE MÉTODOS ANALÍTICOS USANDO
ESPECTROMETRIA DE RAIOS X E QUIMIOMETRIA”
GISELE GONÇALVES BORTOLETO
Orientadora: Profa Dra Maria Izabel Maretti Silveira Bueno
TESE DE DOUTORADO
Campinas – SP
Maio de 2007
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AGRADECIMENTOS
A Profa. Dra. Maria Izabel Maretti Silveira Bueno pela orientação e amizade que
proporcionaram um grande crescimento pessoal e profissional.
Aos professores da Unicamp pelas contribuições que, direta ou indiretamente,
enriqueceram meu trabalho.
A Profa. Dra. Nelci F. Höehr por intermediar com confiança meu acesso ao
laboratório de análises clínicas da Unicamp.
Ao pessoal do HC-UNICAMP pelas facilidades.
As pessoas que gentilmente cederam amostras de urina para realização desse
trabalho.
As pessoas que colaboraram com amostras de óleos e azeites.
Aos colegas de trabalho e amigos: Greice, Larissa, Karen, Sandrinha, Thaís,
Simone, Alexandre, André, Guto, Luiz, Rafaele, Fabíola e, em especial, ao Rafael pelo
auxílio com o ICP OES.
Aos funcionários do IQ (BIQ, CPG, Xerox, Desenho, Vidraria, Segurança e
Limpeza) pela prestação de serviços com eficiência.
Ao CNPq pela bolsa de estudo concedida e todo apoio financeiro.
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CURRICULUM VITAE
DADOS PESSOAIS Nome: Gisele Gonçalves Bortoleto Nascimento: 28/02/1978 - Piracicaba/SP - Brasil CPF: 27765943804 FORMAÇÃO ACADÊMICA/TITULAÇÃO 2003 - 2007 Doutorado em Química.
Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP, Campinas, Brasil. Título: Desenvolvimento de métodos analíticos usando espectrometria de raios X e quimiometria. Orientador: Maria Izabel Maretti Silveira Bueno Bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
2001 - 2003 Mestrado em Química.
Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP, Campinas, Brasil. Título: Pré-concentração e determinação em linha de arsênio inorgânico em águas usando espectrometria de absorção atômica com geração de hidreto. Ano de obtenção: 2003 Orientador: Solange Cadore Bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo Licenciatura em Química. Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP, Campinas, Brasil
1997 - 2001 Bacharelado em Química.
Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP, Campinas, Brasil. Bolsista do Serviço de Apoio ao Estudante
PRODUÇÃO EM C, T & A Produção bibliográfica Artigos completos publicados em periódicos 1. BORTOLETO, G. G., BORGES, S. S. O., BUENO, M. I. M. S. X-ray scattering and multivariate analysis for classification of organic samples: a comparative study using Rh tube and synchrotron radiation. Analytica Chimica Acta. v.595, p.38 - 42, 2007. 2. XAVIER, A. M., LIMA, A. G., VIGNA, C. R. M., VERBI, F. M., BORTOLETO, G. G., GORAIEB, K., COLLINS, C. H., BUENO, M. I. M. S. Marcos da história da radioatividade e tendências atuais. Química Nova. v.30, p.83 - 91, 2007. 3. MACAROVSCHA, G. T., BORTOLETO, G. G., CADORE, S. Silica modified with zirconium oxide for on-line determination of inorganic arsenic using a hydride generation-atomic absorption system. Talanta (Oxford). v.71, p.1150 - 1154, 2007. 4. BORTOLETO, G. G., PATACA, L. C. M., BUENO, M. I. M. S. A new application of X-ray scattering using principal component analysis - classification of vegetable oils. Analytica Chimica Acta. v.539, p.283 - 287, 2005.
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5. BORTOLETO, G. G., PATACA, L. C. M., BUENO, M. I. M. S. Determinação de arsênio em águas contaminadas usando fluorescência de raios X por dispersão de energia. Química Nova. v.28, p.579 - 582, 2005. 6. BORTOLETO, G. G., CADORE, S. Determination of total inorganic arsenic in water using on-line pre-concentration and hydride-generation atomic absorption spectrometry. Talanta. v.67, p.169 - 174, 2005. 7. TREVISAN, M. G., POPPI, R. J., PATACA, L. C. M., MARCUCCI, M. C., LIMA, A. G., BUENO, M. I. M. S., BORTOLETO, G. G., ASHIDANI, L. Semi-quantitative analysis of propolis and determination of geographical origin using SXRF, fundamental parameters and PLS-DA. Activity Report (Laboratório Nacional de Luz Síncrotron), 2005. 8. BORGES, S. S. O., MORAES, S. G., LIMA, A. G., HEMERLY, F. P., GORAIEB, K., BUENO, M. I. M. S., BORTOLETO, G. G., ALEXANDRE, T. L. X-ray scattering and multivariate analysis - a new technique for classification of organics. Activity Report (Laboratório Nacional de Luz Síncrotron), 2005. 9. BORTOLETO, G. G., MACAROVSCHA, G. T., CADORE, S. Determination of cadmium by flame-atomic absorption spectrometry after preconcentration on silica gel modified with cupferron. Journal of the Brazilian Chemical Society. v.15, p.313 - 317, 2004. Comunicações e Resumos Publicados em Anais de Congressos ou Periódicos (resumo)
43 trabalhos apresentados em reuniões científicas.
Produção Técnica Processos ou técnicas com registro ou patente 1. BORTOLETO, G. G., PATACA, L. C. M., BUENO, M. I. M. S. Espalhamento de Raios X e Quimiometria para Classificação de Óleos Vegetais, Minerais e/ou Sintéticos, 2005. Patente: Privilégio de Inovação n.PI0500177-3, Espalhamento de raios X e quimiometria. 21 de Janeiro de 2005 (Depósito).
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RESUMO
Esta tese de doutorado apresenta uma inovação na química analítica abordando
novas aplicações da técnica de fluorescência de raios-X, na qual o espalhamento da
radiação X e a quimiometria exercem papel fundamental.
Os sinais de espalhamento dos raios X provenientes da interação de diferentes
fontes de excitação com amostras essencialmente orgânicas foram avaliados a partir de
estudos realizados com um espectrômetro de bancada com tubo de Rh, como também
com luz síncrotron, da linha de fluorescência de raios-X do Laboratório Nacional de Luz
Síncrotron (LNLS), Campinas, SP, Brasil. Os resultados mostraram diferentes perfis de
espalhamento da radiação para as diferentes fontes de excitação empregadas. Uma
banda contínua em toda região espectral foi obtida como sinal, no caso do uso da luz
síncrotron, e intensos picos em determinadas regiões espectrais caracterizaram os
espalhamentos Compton e Rayleigh, quando o tubo de Rh foi utilizado. A alta
intensidade da luz síncrotron resolveu os problemas de precisão intermediária
observados nas medidas das amostras de álcoois realizadas com tubo de Rh.
Em outro estudo, no qual os espectros de XRF de amostras de adoçantes
dietéticos e óleos vegetais foram analisados por PCA, os resultados revelaram
agrupamentos entre compostos com composições químicas ligeiramente distintas.
Nesse caso, o uso do tubo de Rh foi adequado para atingir os objetivos propostos. Nas
análises de óleos, a formação dos diversos grupos foi baseada nas variedades de óleos
de soja, canola, girassol e milho. Nos testes realizados com adoçantes, os resultados
mostraram uma tendência de diferenciação entre as amostras compostas por diferentes
edulcorantes, principalmente entre aqueles que contêm ou que não contêm o átomo de
enxofre em suas moléculas.
O estudo realizado com amostra de urina conclui este trabalho, ressaltando mais
uma vantagem do uso da XRF aliada a quimiometria: a possibilidade de realizar
quantificações diretas e simultâneas de elementos inorgânicos e compostos orgânicos
em amostras líquidas complexas. Nesse caso, um método para determinação de Ca, P,
Na, K, Mg, Cl, uréia, glicose e creatinina em amostra de urina é apresentado, no qual os
coeficientes de regressão da ordem de 0,99, obtidos para os modelos de calibração dos
xii
diferentes analitos, mostram a potencialidade da técnica para ser implementada em
laboratórios de rotina.
xiii
ABSTRACT
This work presents an innovation in analytical chemistry dealing with new
applications of X-ray fluorescence technique in which the X-ray scattering effects and
the chemometric tools play essential roles.
X-ray scattering spectra resulting from interaction of simple organic samples were
obtained with two sources, a common bench top spectrometer equipped with a Rh tube
and also with synchrotron radiation (from the XRF beam line of the Laboratório Nacional
de Luz Síncrotron (LNLS), Campinas, SP, Brazil). Distinct scattering profiles are
observed for both excitation sources: a continuum for synchrotron light and intense
peaks related to Compton and Rayleigh effects when a Rh tube is used. After
processing the spectra from both sources, it was observed that the high intensity of
synchrotron radiation solved the intermediate precision problems found in measuring
samples via Rh tube.
In another study, the spectra of sweetners and vegetable oils were analysed by
XRF with PCA and the results showed distinct groupings for distinct samples. In this
case, the Rh source was adequate to reach the objectives. In oil analyses, different
groupings are based on the varieties of soybean, corn, canola and sunflower oils. In the
case of sweetners, the results show a tendence to diferentiate samples of dissimilar
artificial sweetners, especially when the presence of sulfur is of major importance.
A study performed with urine samples is the final part of this work, poiting out one
more advantage of using X-ray fluorescence with chemometrics, that is, the possibility of
simultaneous and direct quantifications of inorganic elements and organic compounds in
complex liquid samples. In this case a method for determining Ca, P, Na, K, Mg, Cl,
urea, glucose and creatinine is presented with good regression coefficients being
obtained for the different analytes. This can be taken as a good indication of the
potential of the technique for implementation in routine laboratories.
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SUMÁRIO
LISTA DE ABREVIATURAS.........................................................................................xvii
LISTA DE TABELAS .................................................................................................... xix
LISTA DE FIGURAS ..................................................................................................... xxi
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO .........................................................................................1
I.1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................3
CAPÍTULO II – OBJETIVOS............................................................................................5
II.1 OBJETIVOS GERAIS ........................................................................................7
CAPÍTULO III – ESPECTROMETRIA DE RAIOS X ........................................................9
III. 1 A DESCOBERTA DOS RAIOS X ..................................................................11
III. 2 FLUORESCÊNCIA DE RAIOS X (XRF)........................................................11
III. 2.1 FLUORESCÊNCIA DE RAIOS X POR COMPRIMENTO DE ONDA
DISPERSIVO (WDXRF) ...................................................................................13
III. 2.2 FLUORESCÊNCIA DE RAIOS X POR DISPERSÃO DE ENERGIA
(EDXRF)............................................................................................................14
III. 2.3 FLUORESCÊNCIA DE RAIOS X COM REFLEXÃO TOTAL (TXRF) ..16
III. 2.4 FLUORESCÊNCIA DE RAIOS X COM FONTE DE LUZ SÍNCROTRON
(SEXRF)............................................................................................................17
III. 2.5 FLUORESCÊNCIA DE RAIOS X INDUZIDA POR PARTÍCULA
(PIXE) ...............................................................................................................18
III. 3 ESPALHAMENTO DE RAIOS X....................................................................18
III. 4 MÉTODOS QUIMIOMÉTRICOS E A ESPECTROMETRIA DE RAIOS X......26
III. 4.1 ANÁLISE EXPLORATÓRIA ..................................................................27
III. 4.2 CALIBRAÇÃO MULTIVARIADA ...........................................................28
CAPÍTULO IV – ESTUDO DO ESPALHAMENTO DE RAIOS X ...................................31
IV. 1 ESTUDO DO ESPALHAMENTO DE RAIOS X .............................................33
IV. 2 PARTE EXPERIMENTAL ..............................................................................34
IV. 3 ANÁLISE DE GRAFITE, NANOTUBOS DE CARBONO, COQUE E
CARVÃO ATIVADO ..............................................................................................35
xvi
IV. 4 ANÁLISE DE ÁLCOOIS ................................................................................39
CAPÍTULO V – ANÁLISE DE ADOÇANTES DIETÉTICOS ..........................................47 V. 1 ANÁLISE DE ADOÇANTES DIETÉTICOS ....................................................49
V. 2 PARTE EXPERIMENTAL ...............................................................................50
V. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................51
CAPÍTULO VI – ANÁLISE DE ÓLEOS VEGETAIS.......................................................57 VI. 1 ANÁLISE DE ÓLEOS VEGETAIS .................................................................59
VI. 2 PARTE EXPERIMENTAL ..............................................................................60
VI. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO .....................................................................61
CAPÍTULO VII – ANÁLISE DE URINA ..........................................................................67 VII. 1 ANÁLISE DE URINA ....................................................................................69
VII. 2 PARTE EXPERIMENTAL .............................................................................70
VII. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................71
CAPÍTULO VIII – CONCLUSÕES..................................................................................85
VIII. 1 CONCLUSÕES............................................................................................87
CAPÍTULO IX – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................89
IX. 1 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................91
xvii
LISTA DE ABREVIATURAS
EDXRF – Fluorescência de Raios X por Dispersão em Energia
ET-AAS – Espectrometria de Absorção Atômica com Atomização Eletrotérmica
FSA – Agência de Padrões de Alimentos
FT - IR – Espectrometria no Infravermelho com Transfromada de Fourier
GERX – Grupo de Espectrometria de Raios X
HCA – Análise Hierárquica de Agrupamento
HC-UNICAMP – Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas
ICP-MS – Espectrometria de Massas com Fonte de Plasma por Acoplamento Indutivo
ICP OES – Espectrometria de Emissão Óptica com Fonte de Plasma por Acoplamento
Indutivo
INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
IOOC – Conselho Internacional do Azeite
KNN – Regra dos K-Vizinhos mais Próximos
LNLS – Laboratório Nacional de Luz Síncrotron
MS – Espectrometria de Massas
NIR – Espectrometria no Infravermelho Próximo
PC – Componente Principal
PCA – Análise de Componentes Principais
PCR – Regressão de Componentes Principais
PIXE – Fluorescência de Raios X Induzida por Partìculas
PLS – Regressão por Quadrados Mínimos Parciais
RDA – Análise Discriminante Regularizada
SIMCA – Modelos Independentes e Similaridades utilizando Componentes Principais
SRXRF – Fluorescência de Raios X com Luz Síncrotron
SR TXRF – Fluorescência de Raios X com Reflexão Total induzido por Luz Síncrotron
TXRF – Fluorescência de Raios X com Reflexão Total
WDXRF – Fluorescência de Raios X por Dispersão em Comprimento de Onda
XAS – Espectrometria de Absorção de Raios X
XRF – Fluorescência de Raios X
xix
LISTA DE TABELAS
Tabela VII.3 Valores previstos pelos modelos de calibração construídos com dados do
EDXRF para os diferentes analitos e valores de referência (obtidos por ICP OES para os
elementos químicos e por métodos padrão do HC-UNICAMP para os compostos
orgânicos)...............................................................................................................................83
xxi
LISTA DE FIGURAS
Figura III.2 Representação do efeito fotoelétrico.........................................................................12 Figura III.3.1 Representação dos fenômenos Compton e Rayleigh........................................... 19 Figura III.3.2 Espectros da grafite contendo o pico Rayleigh e as bandas Compton e Raman, onde λ0 nas figuras representam a posição do pico Rayleigh, λC a posição da banda Compton e λR a posição da pequena banda do efeito Raman (Suzuki et al., 1970) .....................................21 Figura III.3.3 Espectros de diferentes amostras contendo o pico Rayleigh e as bandas Compton e Raman, onde λ0 nas figuras representam a posição do pico Rayleigh, λC a posição da banda Compton e λR a posição da pequena banda do efeito Raman (Suzuki et al., 1970) ..................23 Figura III.3.4 Espectros de espalhamento Raman e de absorção de raios X para amostras puras de lítio e berílio (Suzuki et al., 1970) .................................................................................24 Figura III.3.5 Representaçã da ocorrência do fenômeno Raman de raios X (Tohji & Udagawa, 1989) ...........................................................................................................................................24 Figura IV.1 Espectro de uma amostra de sílica pura..................................................................33 Figura IV.3.1 Espectros das amostras de matriz de carbono a) Espectros obtidos no EDXRF com tubo de Rh b) Espectros obtidos no LNLS com luz síncrotron.............................................36 Figura IV.3.2 Gráficos de scores das amostras a base de carbono, após processar PCA a) Amostras analisadas no EDXRF com tubo de Rh b) Amostras analisadas no LNLS com radiação síncrotron.......................................................................................................................38 Figura IV.4.1 Espectros das amostras dos diferentes álcoois a) Amostras analisadas por EDXRF com tubo de Rh b) Amostras analisadas por EDXRF com radiação síncrotron.............40 Figura IV.4.2 Gráficos de scores das amostras de álcoois, obtidos após processar PCA a) Amostras analisadas por EDXRF com tubo de Rh b) Amostras analisadas por EDXRF com radiação síncrotron.......................................................................................................................41 Figura IV.4.3 Modelo de regressão construído empregando-se o método PLS.........................42 Figura IV.4.4 Espectros contendo o pico Rayleigh e as bandas Compton e Raman, onde λ0 nas figuras representam a posição do pico Rayleigh, λC a posição da banda Compton e λR a posição da pequena banda do efeito Raman (Suzuki et al., 1970) ..........................................................44 Figura V.1 Estruturas moleculares dos diferentes edulcorantes presentes nos adoçantes analisados....................................................................................................................................50 Figura V.3.1 Espectro de amostra de adoçante irradiada com 15 kV de voltagem aplicada ao tubo de Rh....................................................................................................................................51
xxii
Figura V.3.2 Espectro de uma amostra de adoçante irradiada com 50 kV de voltagem aplicada ao tubo de Rh...............................................................................................................................52 Figura V.3.3 Resultados de PCA das amostras de adoçantes dietéticos irradiadas com 15 kV de voltagem aplicada ao tubo de Rh a) Gráficos de scores das amostras de adoçantes. b) Gráficos de loadings das amostras de adoçantes.......................................................................53 Figura V.3.4 Resultados de PCA das amostras de adoçantes dietéticos irradiadas com 50 kV de voltagem aplicada ao tubo de Rh a) Gráficos de scores das amostras de adoçantes. b) Gráficos de loadings das amostras de adoçantes.......................................................................54 Figura VI.3.1 Resultados obtidos para as amostras de óleos vegetais, após processar PCA utilizando Pirouette 2.02. a) Gráfico de scores das amostras de óleos. b) Gráfico de loadings das amostras de óleos.................................................................................................................62 Figura VI.3.2 Gráfico de scores das amostras de azeites obtido após processar PCA..............63 Figura VI.3.3 Gráfico de scores das amostras de óleos de oliva autênticas e adulteradas, após processar PCA .................................... .......................................................................................64 Figura VII.3.1 Superfície de resposta obtida para o elemento Ca...............................................73 Figura VII.3.2 Superfície de resposta obtida para o elemento P.................................................74 Figura VII.3.3 Superfície de resposta obtida para o elemento Mg..............................................74 Figura VII.3.4 Superfície de resposta obtida para o elemento Cl................................................75 . Figura VII.3.5 Superfície de resposta obtida para o elemento Na...............................................76 Figura VII.3.6 Superfície de resposta obtida para o elemento K.................................................76 Figura VII.3.7 Curvas de calibração e validação obtidas por PLS para o Ca com 3 variáveis latentes, usando-se espectros de EDXRF convencional (valores previstos pelo modelo) e dados de ICP OES (valores de referência).............................................................................................77 Figura VII.3.8 Curvas de calibração e validação obtidas por PLS para o P com 3 variáveis latentes, usando-se espectros de EDXRF convencional (valores previstos pelo modelo) e dados de ICP OES (valores de referência) ............................................................................................78 Figura VII.3.9 Curvas de calibração e validação obtidas por PLS para o Na com 2 variáveis latentes, usando-se espectros de EDXRF convencional (valores previstos pelo modelo) e dados de ICP OES (valores de referência).............................................................................................78 Figura VII.3.10 Curvas de calibração e validação obtidas por PLS para o K, usando-se espectros de EDXRF convencional (valores previstos pelo modelo) e dados de ICP OES (valores de referência).................................................................................................................79 Figura VII.3.11 Curvas de calibração e validação obtidas por PLS para o Mg com 5 variáveis latentes, usando-se espectros de EDXRF convencional (valores previstos pelo modelo) e dados de ICP OES (valores de referência).............................................................................................79
xxiii
Figura VII.3.12 Curvas de calibração e validação obtidas por PLS para o Cl com 2 variáveis latentes, usando-se espectros de EDXRF convencional (valores previstos pelo modelo) e dados de ICP OES (valores de referência).............................................................................................80 Figura VII.3.13 Curvas de calibração e validação da uréia, obtidas por PLS com 4 variáveis latentes, usando-se espectros de EDXRF convencional (valores previstos pelo modelo) e dados do HC-UNICAMP (valores de referência) ...................................................................................81 Figura VII.3.14 Curvas de calibração e validação da glicose, obtidas por PLS com 4 variáveis latentes, usando-se espectros de EDXRF convencional (valores previstos pelo modelo) e dados do HC-UNICAMP (valores de referência) ...................................................................................81 Figura VII.3.15 Curvas de calibração e validação da creatinina, obtidas por PLS com 4 variáveis latentes, usando-se espectros de EDXRF convencional (valores previstos pelo modelo) e dados do HC-UNICAMP (valores de referência) ...................................................................................82
Introdução ______________________________________________________________________
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CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO �
Introdução ______________________________________________________________________
3
I. 1 INTRODUÇÃO
A Química Analítica é a área responsável pelo desenvolvimento de novas
metodologias de análise, aplicáveis aos mais variados campos da pesquisa científica e
em laboratórios de rotina. A contínua procura por métodos cada vez mais seletivos,
versáteis, econômicos, robustos, etc., é que mantém o desenvolvimento desta área, o
que acaba contribuindo significativamente para o progresso de outras.
Uma das grandes sub-áreas da Química Analítica é a Espectrometria, dentro da
qual, nesse trabalho, destaca-se a técnica de fluorescência de raios X (XRF, do inglês,
X-ray Fluorescence). A XRF nasceu por volta de 1912, quando o físico inglês Henry
Moseley estabeleceu uma relação matemática entre as energias dos raios X e os
números atômicos dos elementos químicos (Jenkis, 1999).
Pode-se dizer que a XRF hoje está bem disseminada na comunidade científica,
por sua habilidade em determinar elementos químicos, geralmente de forma rápida,
sem destruir a matriz, com baixo custo operacional e mínimo, ou mesmo nenhum,
preparo da amostra. Está pronta a solucionar certos problemas químicos, além das
inúmeras aplicações em outras áreas da ciência como medicina, geologia, biologia,
arqueologia, entre outras (Börjesson et al, 2003; Potts et al, 2003)
O fenômeno que fundamenta as medidas por XRF é o efeito fotoelétrico. Porém,
além deste, efeitos de espalhamento do feixe incidente, conhecidos como
espalhamentos Rayleigh, Compton e Raman de raios X, ocorrem simultaneamente,
embora sejam pouco utilizados pelos pesquisadores em medidas analíticas.
Considerando-se a importância dos estudos científicos voltados para o
aprimoramento das técnicas analíticas e visando avanços, especialmente dentro da
espectrometria de raios X, desenvolveu-se neste trabalho uma alternativa para análises
envolvendo a fluorescência de raios X, mas enfocando principalmente o uso do
espalhamento da radiação X e a análise multivariada de dados químicos, área
conhecida como quimiometria.
Objetivos ______________________________________________________________________
5
CAPÍTULO II - OBJETIVOS
Objetivos ______________________________________________________________________
7
II. 1 OBJETIVOS GERAIS
O principal objetivo deste trabalho é apresentar uma nova aplicação da técnica
de espectrometria de raios X, baseada nos sinais analíticos gerados tanto pelo efeito
fotoelétrico, como pelos efeitos dos espalhamentos Compton, Rayleigh e,
principalmente, Raman de raios X. A partir disso, outros objetivos fazem parte do
trabalho:
��Estudar o espalhamento de raios X, avaliando a posição e a intensidade dos
picos ou bandas de espalhamento provenientes de diferentes amostras contendo
essencialmente elementos leves.
�� Avaliar o perfil espectral do espalhamento de raios X provenientes de diferentes
fontes de excitação, comparando as informações obtidas dos diferentes sinais.
��Conduzir estudos que comprovem que a região do espalhamento da radiação
traz informações qualitativas e quantitativas a respeito das amostras.
��Empregar a quimiometria no tratamento dos espectros obtidos, utilizando análise
de componentes principais (PCA, do inglês, Principal Component Analysis) para
a análise exploratória não supervisionada dos dados e o método de regressão
PLS (do inglês, Partial Least Squares), para a construção de modelos de
calibração multivariada.
��Desenvolver métodos analíticos que, aprimorados em estudos futuros, possam
ser implementados na prática, segundo as necessidades de laboratórios de
rotina.
Espectrometria de raios X ______________________________________________________________________
9
CAPÍTULO III -
ESPECTROMETRIA DE RAIOS X �
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Espectrometria de raios X ______________________________________________________________________
11
III. 1 A DESCOBERTA DOS RAIOS X
Na noite de 08 de novembro de 1895, o físico alemão Wilhelm Conrad Röntgen
trabalhava numa sala totalmente escura, utilizando um tubo de Coolidge com o qual
estudava a condutividade dos gases. A certa distância do tubo, havia uma folha de
papel tratada com platinocianeto de bário usada como tela. Röntgen viu com espanto a
tela brilhar, emitindo luz. Ele achou que esta luz não poderia ser proveniente da válvula,
pois estava coberta por uma cartolina negra e nada (luz ou raio catódico) poderia ter
vindo dela. Surpreso, fez várias investigações. Virou a tela, expondo o lado sem o
revestimento de platinocianeto de bário, e esta continuava a brilhar. Colocou diversos
objetos entre a válvula e a tela e viu que todos pareciam transparentes, mas não
demorou a ter uma surpresa maior quando sua mão escorregou em frente à válvula e
viu seus ossos na tela. Registrou em chapas fotográficas suas observações e só então
teve certeza de que estava diante de algo novo. Em 28 de dezembro de 1895, Röntgen
entregou à Sociedade Físico-Médica de Wurzburg, Alemanha, um relatório preliminar
de sua descoberta, descrevendo as pesquisas que fizera nas sete semanas anteriores:
os objetos tornavam-se transparentes diante dos novos raios que, por serem
desconhecidos, chamou-os de raios X. Em 1901, Röntgen foi laureado com o primeiro
Prêmio Nobel da Física e, posteriormente, o seu nome foi dado ao elemento 111
(IUPAC, 2004). Na Primeira Guerra Mundial, pode-se dizer que os benefícios dos raios
X salvaram mais de 10 mil vidas. A partir de 1950, técnicas baseadas em raios X se
tornaram ferramentas importantes dentro da física teórica e desde então, seu uso vem
crescendo em diversas áreas, como a de caracterização de materiais, por exemplo.
Hoje, os métodos baseados em absorciometria de raios-X são essenciais para as
indústrias e radiografias médicas (Jenkins, 1999).
III. 2 FLUORESCÊNCIA DE RAIOS X (XRF)
A técnica de fluorescência de raios X nasceu por volta de 1912, com um trabalho
apresentado por Henry Moseley embora, somente a partir de 1948, a técnica ganhou
força com um trabalho apresentado por Freidman & Birks (Jenkins, 1999).
Espectrometria de raios X ______________________________________________________________________
12
A XRF é classificada como uma técnica de emissão atômica, fundamentada no
efeito fotoelétrico. Quando um átomo é submetido a um processo de irradiação
utilizando-se de uma fonte de raios X (tubos de raios X, indução por partícula,
radioisótopos naturais, luz síncrotron, etc.), um elétron pode ser ejetado das camadas
eletrônicas mais internas do átomo. Para estabilização deste estado de excitação,
elétrons das camadas eletrônicas mais externas ocupam rapidamente as vacâncias
geradas, liberando a diferença de energia existente entre os dois níveis de energia; a
radiação emitida para cada transição é característica para cada elemento presente na
amostra. O fenômeno está representado na Figura III.2. Desta maneira, a energia ou
comprimento de onda da radiação emitida pode ser diretamente utilizada na
determinação qualitativa de um elemento, assim como a intensidade da radiação
emitida pode ser empregada na quantificação de tal espécie (Jenkins, 1999; Skoog et
al., 2002).
Figura III.2 Representação do efeito fotoelétrico.
A partir de 1950, começaram a surgir os primeiros espectrômetros de
fluorescência de raios X comerciais, de forma que hoje a técnica apresenta uma ampla
variedade de equipamentos que se diferenciam pelo modo de excitação ou pela
configuração (geometria), sendo basicamente divididos em 3 categorias:
��
��
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����������������� ������������������ ������������������ ������������������ ��
������������� ��������������������� ��������������������� ��������������������� ������������
Espectrometria de raios X ______________________________________________________________________
13
1 – Por dispersão em comprimento de onda (seqüencial ou simultâneo), sigla em inglês,
WDXRF (Wavelength Dispersive X-ray Spectrometry).
2 – Por dispersão em energia (com diferentes modos de excitação), sigla em inglês,
EDXRF (Energy Dispersive X-ray Spectrometry).
3 – Os especiais, que apresentam configurações que merecem ser destacadas:
3.1 – Reflexão Total, sigla em inglês, TXRF (Total Reflection X-ray Spectrometry).
3.2 – Com Fonte de Luz Síncrotron, sigla em inglês, SRXRF (Synchrotron Radiation X-
ray Spectrometry).
3.3 – Indução por Partículas, sigla em inglês, PIXE (Particle Induced X-ray Emission).
Equipamentos portáteis de XRF, que utilizam radioisótopos ou tubos de raios X
como fonte de excitação, também já são bastante empregados em análises de rotina,
sendo que as principais aplicações estão voltadas para análises de obras de arte
(Calligaro, 2002; Pappalardo et al., 2006). Na ciência, seu grande potencial é enfocado
para análises in vivo (Aro et al., 2000; Börjesson et al., 2003).
III. 2.1 FLUORESCÊNCIA DE RAIOS X POR COMPRIMENTO DE ONDA
DISPERSIVO (WDXRF)
Os espectrômetros de comprimento de onda dispersivo (WDXRF, do inglês,
Wavelength Dispersive X-Ray Fluorescence) são constituídos essencialmente por um
cristal e um detector monocanal que são usados para a medida seqüencial de vários
comprimentos de onda, ou por um detector multicanal que apresenta um conjunto de
cristais e detectores para realização de medidas simultâneas. Nos espectrômetros
convencionais, um cristal de espaço interplanar conhecido (cristal analisador), que é
movimentado por um goniômetro, atua como uma rede de difração. Ele dispersa o feixe
policromático proveniente da emissão da amostra, difratando cada comprimento de
onda característico a um ângulo específico. Ou seja, quanto maior o comprimento de
onda, maior o ângulo de dispersão, segundo a lei de Bragg (Skoog et al., 2002).
Uma das grandes vantagens associadas à utilização de instrumentos de WDXRF
está no fato das análises serem obtidas quase sem interferências espectrais, devido à
Espectrometria de raios X ______________________________________________________________________
14
alta resolução proporcionada pelo sistema cristal/goniômetro. Isso permite uma seleção
de comprimentos de onda com máxima eficiência na linha de interesse ou eficiência
mínima nas linhas interferentes. Além disso, existem filtros que possibilitam eliminar as
interferências entre as linhas características da fonte e o sinal de emissão do elemento
de interesse, bem como a escolha correta do cristal analisador, que permite separar e
selecionar uma região específica e muito estreita do espectro de emissão de raios X.
Recentemente, Barilaro et al. (2006) empregaram a técnica em análises
arqueológicas para caracterização de fragmentos obtidos de escavação no sul da Itália.
A escolha da WDXRF e da FT-IR (do inglês, Fourier Transformed Infrared
Spectroscopy) pelos autores foi baseada na possibilidade de realizar análises não
destrutivas das amostras consideradas preciosas, e na possibilidade de correlacionar
os dados obtidos com a origem dos fragmentos. Os resultados obtidos usando WDXRF,
principalmente relativos às concentrações de Ni e Cr, foram valiosos na diferenciação
das amostras pertencentes à Itália e algumas pertencentes à Grécia. Valores abaixo de
150 e 250 mg L-1 para Ni e Cr, respectivamente, são característicos de amostras da
Sibari, região do sul da Itália, enquanto valores acima destes supostamente são de
origem grega.
Em outro trabalho (Marguí et al., 2005), a técnica foi empregada para
determinação multielementar de mais de 14 elementos em amostras de vegetais.
Considerando a ampla faixa de concentração obtida em material de referência
certificado, que variou de < 0,1 mg L-1 até > 1000 mg L-1 para diferentes elementos,
considera-se o uso da WDXRF bastante adequado para o estudo em questão.
III. 2.2 FLUORESCÊNCIA DE RAIOS X POR DISPERSÃO DE ENERGIA (EDXRF)
A maioria dos instrumentos de fluorescência de raios X por EDXRF é multicanal
e consiste somente de duas unidades básicas: a fonte de excitação e o sistema de
detecção, que geralmente emprega um detector semicondutor de Si(Li) acoplado a
sistemas eletrônicos que atuam como agente de dispersão.
A análise quantitativa por EDXRF apresenta baixa resolução e pobre
detectabilidade para certos elementos, quando comparada à análise por WDXRF;
Espectrometria de raios X ______________________________________________________________________
15
porém, tem a grande vantagem de ser rápida, permitir a montagem de um
espectrômetro de baixo custo, entre outras.
Para contornar o problema dos limites de detecção, alguns trabalhos reportados
na literatura empregam métodos de concentração da amostra antes da análise por
EDXRF (Nagata et al., 1997; Cornejo-Ponce et al., 1998). Recentemente, Teixeira et al.
(2007) propuseram um método de quantificação para cobre e ferro em gasolina
automotiva, após concentração dos analitos em papel celulose. Embora muitas técnicas
sejam capazes de realizar determinações quantitativas de Cu e Fe, o trabalho é
interessante, se for considerado que XRF é a técnica padrão para quantificar enxofre
em gasolina, e que pode se estender para quantificar simultaneamente outros
elementos de grande importância nesse tipo de amostra.
Em outro estudo recente, a técnica de EDXRF foi aplicada para análises
arqueológicas e metalúrgicas de amostras provenientes de certas regiões de Israel,
com base na vantagem da técnica que permite realizar análises em campo (Shalev et
al., 2006). As amostras foram irradiadas em uma estação piloto com um espectrômetro
improvisado com tubo de Rh e detector Peltier e os resultados foram bastante
satisfatórios, podendo ser correlacionados com a procedência das amostras.
Outros trabalhos recentes reportados na literatura mostram muitas aplicações da
EDXRF. Enfocando especificamente o uso de radioisótopos como fontes de excitação
da amostra, Papachristodoulou et al. (2006) e Mukhamedshina & Mirsagatova (2005)
empregaram 109Cd em estudos de caracterização de amostras de porcelanas antigas e
ligas metálicas, respectivamente. Os autores ressaltam que a XRF mostrou ser
bastante útil, considerando a rápida obtenção da composição química dos materiais, a
determinação de macro-componentes com resultados semi-quantitativos, sem a
necessidade de um padrão, e ainda, no estudo com as porcelanas, possibilitar o uso da
quimiometria para o tratamento dos dados obtidos, o que foi essencial para avaliação
da procedência e processos de manufatura.
Espectrometria de raios X ______________________________________________________________________
16
III. 2.3 FLUORESCÊNCIA DE RAIOS X COM REFLEXÃO TOTAL (TXRF)
Uma vertente de grande sucesso da técnica de XRF é a TXRF, baseada nos
mesmos princípios da técnica convencional, embora com algumas diferenças na
configuração do equipamento, que são bastante significativas. Nesse caso, o feixe de
radiação atinge a amostra com um ângulo de incidência muito pequeno, minimizando a
sua interação com o substrato. A radiação emitida é detectada perpendicularmente e
bem próxima à amostra, maximizando o número de fótons coletados pelo detector. Para
isso, a amostra, que deve ser líquida ou solubilizada, deve ser apresentada na forma de
um filme depositado sobre um suporte muito limpo e opticamente plano, geralmente de
quartzo.
Essas modificações elevam a detectividade da técnica de XRF convencional,
famosa por apresentar alta radiação de fundo decorrente de efeitos de espalhamento
da radiação.
Considerando as vantagens dessa vertente da XRF, muitos trabalhos que
envolvem a TXRF estão sendo publicados com diferentes enfoques (Misra & Singh
Mudher, 2002; Meinschad et al., 2003; Klockenkämper, 2006; Nagata et al., 2006; Streli
et al. 2006).
Com os 30 anos da descoberta da TXRF, é interessante mencionar que hoje,
além da sua grande importância em microanálises, ela vem ganhando espaço em
análises de superfície e de camadas finas. Segundo Misra & Singh Mudher (2002),
nenhuma outra técnica de análise pode competir com a TXRF, considerando sua
aplicação para análises de wafers finos. Segundo Klockenkämper (2006), os bons
limites de detecção que vêm sendo alcançados pela técnica a tem colocado em pé de
igualdade com outras bastante empregadas, como ICP OES, ET-AAS e ICP-MS. Os
maiores desafios são combinar a reflexão total dos raios X com os diversos métodos de
excitação de raios X e, assim, disseminar a potencialidade da técnica. Nesse contexto,
Streli et al. (2006) descreveram alguns resultados recentes obtidos com a SR TXRF (do
inglês, Synchrotron Radiation Induced Total Reflection X-Ray Fluorescence), os quais
foram bastante satisfatórios para análises de aerosol, alumina ultra pura e especiação
Espectrometria de raios X ______________________________________________________________________
17
de As em xilema. Nagata et al. (2006) determinaram traços de chumbo e arsênio em
soluções aquosas, após empregarem quimiometria para análise de dados.
III. 2.4 FLUORESCÊNCIA DE RAIOS X COM FONTE DE LUZ SÍNCROTRON
(SRXRF)
A técnica de SRXRF difere da XRF convencional pelo fato de empregar a luz
síncrotron como fonte de excitação. Para se gerar a luz síncrotron, elétrons são
injetados em um anel com alto vácuo e mantidos em alta energia cinética através de
uma bobina de radiofreqüência e de um oscilador eletromagnético. Os campos verticais
aceleram os elétrons horizontalmente, e esta aceleração por um imã curvo, causa a
emissão tangencial de um feixe de radiação de amplo espectro, denominada luz
síncrotron.
Este tipo de fonte tem proporcionado melhoras significativas na detectabilidade
dos elementos, decorrentes das próprias propriedades físicas deste tipo de radiação. A
radiação síncrotron apresenta um feixe muito mais intenso que as fontes convencionais,
distribuição contínua de energia, feixe altamente colimado e polarização linear no plano
da trajetória em que o elétron é mantido, permitindo reduzir os efeitos de espalhamento
e, conseqüentemente, a radiação de fundo. Assim, recentemente, Bazhanova et al.
(2007) aplicaram a SRXRF num estudo de avaliação da composição elementar de
tecidos humanos saudáveis e doentes, enquanto Farquharson et al. (2007) mapearam
cobre e outros elementos traços em tumor de mama, usando um micro feixe de luz
síncrotron. Muitos outros trabalhos reportados na literatura envolvendo SRXRF têm sido
aplicados em análises biológicas, principalmente em estudos de casos, como os citados
acima.
Apesar das grandes vantagens de se empregar luz síncrotron, deve ser
ressaltado que um dos principais inconvenientes desta técnica é o alto custo embutido
na construção e manutenção do gerador dessa radiação. Além disso, a intensidade da
fonte diminui com tempo, propriedade que deve ser contornada através do
monitoramento contínuo do feixe primário ou com o emprego de padrão interno nas
amostras analisadas.
Espectrometria de raios X ______________________________________________________________________
18
III. 2.5 FLUORESCÊNCIA DE RAIOS X INDUZIDA POR PARTÍCULA (PIXE)
A técnica PIXE difere da XRF tradicional basicamente por empregar um
acelerador de partículas (Acelerador de Van de Graaff), que acelera partículas alfa ou
prótons que são os responsáveis pela excitação do átomo. Para evitar perdas de
intensidade da fonte, o sistema é mantido em câmara de vácuo. A maior intensidade e a
facilidade de focalização do feixe produzido pelo acelerador de partículas são as
grandes vantagens da técnica PIXE em relação a XRF tradicional, enquanto o alto custo
é o principal inconveniente da técnica.
Zhu et al. (2006) aplicou PIXE num estudo de origem de porcelanas chinesas
antigas e Wierzchos et al. (2006) estudou a composição elementar de pedras do
deserto da Antártica. Os autores sempre destacam a vantagem de a técnica possibilitar
análises não destrutivas, tornando-a bastante apropriada para estudos nessas áreas.
O uso de quimiometria para tratamento de dados provenientes de PIXE também
vem ganhando algum espaço na comunidade científica. Biancato et al. (2006)
empregaram análise de componentes principais para analisar os resultados obtidos das
composições elementares de partículas de aerosol provenientes da costa da Antártica,
enquanto no trabalho realizado por Zhu et al. (2006), a análise de fatores foi empregada
para identificar a procedência das porcelanas analisadas.
III. 3 ESPALHAMENTO DE RAIOS X
O espalhamento da radiação X ocorre quando um fóton de raios X interage com
os elétrons dos elementos químicos, sem que haja os fenômenos quantizados de
absorção/emissão de energia pelo átomo. Assim, esses efeitos acontecem
concomitantemente ao efeito fotoelétrico, sendo o efeito de espalhamento mais
acentuado para os elementos que apresentam baixos coeficientes de absorção para a
radiação X.
O espalhamento Rayleigh, também chamado de espalhamento coerente, ocorre
quando a interação entre os fótons da fonte de excitação e os elétrons das camadas
externas do átomo é elástica, ou seja, quando não há perda de energia durante o
Espectrometria de raios X ______________________________________________________________________
19
processo de colisão. Todos os átomos espalham fótons de raios X pelo processo
Rayleigh a uma maior ou menor extensão, embora a intensidade do espalhamento
dependa do número atômico.
O espalhamento Compton, também chamado de espalhamento incoerente,
ocorre quando os fótons espalhados dispersam uma pequena parte de sua energia
durante a colisão, especialmente quando o elétron que colide com o fóton está ligado
fracamente ao átomo (Jenkins, 1999). Segundo Compton, os raios espalhados sofrem
mudanças no comprimento de onda, caracterizadas por um aumento no seu tamanho
(Compton, 1929). Nesse trabalho, Compton denominava os efeitos de espalhamento
como as linhas “não modificadas” e linhas “modificadas”, o que hoje correspondem aos
fenômenos Rayleigh e Compton.
Uma representação simples desses fenômenos se encontra na Figura III.3.1
abaixo:
Figura III.3.1 Representação dos fenômenos Compton e Rayleigh.
As intensidades relativas destes fenômenos dependem também da composição
da matriz da amostra e aumentam proporcionalmente com a diminuição da massa
molar média da amostra. Portanto, amostras com grande quantidade de átomos leves
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Espectrometria de raios X ______________________________________________________________________
20
(amostras orgânicas, por exemplo) apresentam espalhamento muito intenso
(Jenkins,1999).
Considerando as aplicações da XRF tradicional, o espalhamento da radiação
incidente sempre foi considerado muito indesejável. Estes efeitos de espalhamento
foram estudados com a ajuda de métodos matemáticos sofisticados e têm sido usados
para corrigir resultados quantitativos de concentrações elementares (Marcó et al., 1999)
Mais freqüentemente, tenta-se minimizar estes efeitos, já que eles contribuem
fortemente para a radiação de fundo, quando sinais de certos elementos químicos são
monitorados (Bos & Vrielink, 2005).
Além dos efeitos Compton e Rayleigh, outro tipo de espalhamento de baixa
intensidade também ocorre, chamado espalhamento Raman de raios X ou
espalhamento eletrônico (Tohji & Udagawa, 1987; Tohji & Udagawa, 1989). Já em
1929, Compton relatou algumas palavras sobre as linhas “modificadas”
correspondentes à radiação espalhada serem raios X muito análogos às linhas Raman
vibracionais, descobertas alguns meses antes. Todavia, a teoria do espalhamento
Raman de raios X só foi aceita pela comunidade científica após publicação do trabalho
de Mizuno & Ohmura (1967), no qual o espalhamento foi definido como o referente à
perda de energia do fóton durante sua interação com um átomo, caracterizada como a
energia de ionização de elétrons de camadas internas (K, L, ou mesmo M) do átomo em
questão.
No mesmo ano, Suzuki (1967), baseando-se nas considerações teóricas de
Mizuno e Ohmura, resolveu demonstrar experimentalmente o espalhamento Raman,
trabalhando com amostras de elementos puros leves tais como lítio, berílio, boro e
carbono, tubos de raios X (radiação K� do Cu e Cr) e espectrômetros por dispersão de
comprimento de onda. Os autores variavam o ângulo de incidência dos raios X (30°,
60°, 80°, 120° e 140°, dependendo do elemento usado como espalhador) e detectavam
a ocorrência de um processo de absorção de energia, no qual os elétrons eram
deslocados para níveis atômicos não quantizados acima do nível de Fermi, o que
gerava um pico deslocado em relação ao espalhamento Rayleigh, que representava
esse processo. Os autores provavam assim a ocorrência de um fenômeno
desconhecido até então, chamando-o de espalhamento Raman de raios X. Nesta
Espectrometria de raios X ______________________________________________________________________
21
situação, os fótons de alta energia que incidiram sobre as amostras com baixo número
atômico não provocariam a ocorrência do fenômeno fotoelétrico.
Em 1970, Suzuki e colaboradores (Suzuki et al., 1970) publicaram outro trabalho
na área, quando foi observado e confirmado experimentalmente que o pico Compton
variava seu perfil e sua posição no espectro com a variação no ângulo entre a fonte de
excitação e o detector (Figura III.3.2). Por outro lado, o espalhamento Raman se
deslocava e tinha sua intensidade alterada de acordo com a composição da amostra
(Figura III.3.3).
Figura III.3.2 Espectros da grafite contendo o pico Rayleigh e as bandas Compton e Raman,
onde λ0 nas figuras representam a posição do pico Rayleigh, λC a posição da banda Compton e
λR a posição da pequena banda do efeito Raman (Suzuki et al., 1970).
Analisando a Figura III.3.2, retirada do trabalho de Suzuki e colaboradores
(1970), observa-se o aparecimento de uma banda deslocada em relação ao pico
Espectrometria de raios X ______________________________________________________________________
22
Rayleigh, com uma perda de energia bastante significativa. Além disso, observa-se o
deslocamento do pico Compton com o aumento do ângulo entre fonte e detector.
Isso leva a concluir que o espalhamento Compton não é dependente da
composição da amostra, mas sim do desenho experimental analítico. Essa
consideração está de acordo com a teoria que descreve o pico Compton em XRF
proposta por Van Gysel et al. (2003), que mostra a dependência desse efeito com seu
ângulo de medida. Nesse trabalho, os autores apresentam a equação:
∆E = E0 – EC / mc2 (1 – cosθ ) Equação 1
onde ∆E é a diferença de energia (keV) entre a radiação incidente e a radiação
espalhada, mc2 é a energia de um elétron no estado de repouso (510,996 keV), θ é o
ângulo de espalhamento, E0 é a energia do fóton antes do processo do espalhamento
ocorrer e Ec é o valor de energia devido ao espalhamento Compton. Sendo assim,
outros fenômenos de espalhamento, se característicos da amostra irradiada, não
podem estar relacionados com o espalhamento Compton, que depende somente de
parâmetros geométricos.
Analisando outra figura (Figura III.3.3), também retirada do trabalho de Suzuki e
colaboradores (1970), podem ser observados novamente os deslocamentos de uma
banda de baixa intensidade referente ao efeito Raman de raios X. Neste estudo, os
deslocamentos foram observados em função da variação da composição da amostra.
Assim, é possível associar o espalhamento Raman aos sinais analíticos obtidos para
certas amostras, como é descrito mais adiante.
Espectrometria de raios X ______________________________________________________________________
23
Figura III.3.3 Espectros de diferentes amostras contendo o pico Rayleigh e as bandas Compton
e Raman, onde λ0 nas figuras representam a posição do pico Rayleigh, λC a posição da banda
Compton e λR a posição da pequena banda do efeito Raman (Suzuki et al., 1970).
Ainda analisando a Figura III.3.3, nota-se que quanto mais pesado é o elemento,
maior é o deslocamento Raman em relação ao Rayleigh, ou seja, maior é a perda de
energia em relação à energia incidente. Esse fato só vem a reforçar a teoria de Mizuno
& Ohmura (1967) que atribuem essa perda de energia a energia de ionização de
elétrons das camadas K dos átomos leves. Nesse caso, quanto mais pesado é o
elemento, maior é a energia de ionização e maior é a diferença de energia referente ao
processo de espalhamento.
Outro aspecto bastante interessante do efeito Raman de raios X, observado por
pesquisadores que passaram a estudar o fenômeno em questão (Tohji & Udagawa,
1987; Tohji & Udagawa, 1989; Bergmam et al., 2002), é que o perfil do espectro obtido
para o espalhamento Raman é muito análogo ao espectro de absorção de raios X para
um mesmo material, como pode ser observado na Figura III.3.4.
Espectrometria de raios X ______________________________________________________________________
24
Figura III.3.4 Espectros de espalhamento Raman e de absorção de raios X para amostras
puras de lítio e berílio (Suzuki et al., 1970)
Exatamente pelo fato do espalhamento Raman de raios X se iniciar com um
processo de absorção de energia pelos elétrons da camada K dos elementos leves, a
sua resposta é exatamente a mesma dos processos de XAS (do inglês, X-Ray
Absorption Spectroscopy). A partir desses trabalhos, ficou mais fácil a compreensão do
efeito Raman de raios X, representado na Figura III.3.5, extraída do trabalho de Tohji &
Udagawa (1989).
Figura III.3.5 Representação da ocorrência do fenômeno Raman de raios X (Tohji &
Udagawa, 1989).
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Espectrometria de raios X ______________________________________________________________________
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De qualquer maneira, até alguns anos atrás, ainda se acreditava que, para medir
especificamente o efeito Raman, seriam necessários seguir alguns requisitos:
1. utilizar uma fonte de radiação muito intensa, altamente polarizada e modulável,
como é o caso da radiação síncrotron.
2. empregar tempos bastante elevados para a contagem do sinal durante as
irradiações, para a produção de uma razão sinal/ruído razoável.
3. empregar um detector especial, já que a resolução requerida para observação do
sinal é de décimos de eV, o que não é, de forma alguma, comum em
equipamentos convencionais de XRF.
De fato, linhas específicas de processos Raman eram somente observáveis em
condições muito especiais e, por isso, muitas vezes sua existência foi considerada
duvidosa, antes do experimento de Suzuki em 1967.
Porém, como esses fenômenos se apresentam como uma multiplicidade de
sinais, principalmente para amostras complexas, hoje se sabe que estes podem ser
perfeitamente tratados por quimiometria, como descrito por Bueno et al. (2005) e
mostrado no decorrer desse trabalho. Mesmo assim, embora muitos pesquisadores
saibam da existência desses efeitos de espalhamento nos espectros obtidos por XRF,
não se costuma usar as informações contidas nesses espectros como sinal de medida
em análises por XRF. Poucos trabalhos são reportados na literatura, que envolvem o
uso do espalhamento da radiação X como resposta do instrumento analítico. Somente
alguns deles tratam da teoria que explica os fenômenos envolvidos, considerando a
composição química das amostras.
Molt & Schramm em 1999 determinaram C, H e O em matrizes líquidas orgânicas
de óleos, glicerina e 2-propanol empregando análise orgânica elementar e usaram PCR
(do inglês, Principal Component Regression) para a construção de modelos de
calibração multivariada, considerando o espalhamento da radiação X como medida
analítica. Os autores apontaram uma maneira simples de quantificar elementos leves
por XRF usando quimiometria para o tratamento de dados, embora não tenham
discutido nada a respeito da correlação entre o espalhamento Raman e os elementos
da amostra. Em continuidade ao estudo, Schramm (2000) mostra ainda a possibilidade
Espectrometria de raios X ______________________________________________________________________
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de se quantificar Zn nessas amostras orgânicas empregando o espalhamento de raios
X como resposta.
Em trabalho apresentado por Kessier et al. (2002), o uso do espalhamento
Compton e Rayleigh foi fundamental para a identificação de compostos químicos
usando PCA e RDA (do inglês, Regularized Discriminant Analysis). Nesse trabalho, os
autores apontaram a alta correlação existente entre o tamanho das amostras, a posição
e a espessura delas com o sinal do espalhamento da radiação X. Nesse mesmo ano,
Vázquez et al. (2002) empregaram o espalhamento proveniente de experimentos
realizados no modo TXRF, PCA e HCA (do inglês, Hierarchical Cluster Analysis) para
analisar semelhanças e diferenças entre amostras de polímeros. Continuando os
estudos com polímeros, Boeykens & Vázquez (2004) concluíram que a técnica se
mostrou interessante e inovadora para ser aplicada na área, embora estudos teóricos
que possam vir a explicar os resultados experimentais mereçam ainda maior atenção,
sem, portanto, mencionar o efeito Raman como responsável pelo processo.
A partir de 2005, alguns trabalhos começaram a ser publicados pelo grupo de
pesquisa GERX – Grupo de Espectrometria de Raios X (Bortoleto et al., 2005; Bueno et
al., 2005; Verbi et al., 2005; Alexandre & Bueno, 2006; Pereira, 2006; Bortoleto et al.,
2007), mostrando resultados interessantes de estudos com o espalhamento de raios X,
principalmente no que se refere às hipóteses para as observações experimentais.
Dentro desse contexto esta tese foi desenvolvida, ressaltando que a quimiometria para
a análise dos dados exerce um papel fundamental em todos os trabalhos da área.
III. 4 MÉTODOS QUIMIOMÉTRICOS E A ESPECTROMETRIA DE RAIOS X
Devido aos grandes avanços em hardware e software, o uso de computadores
para interpretar resultados de medições químicas aumentou drasticamente nos últimos
anos. Paralelamente, a aquisição de dados na área de química analítica atingiu níveis
bastante sofisticados com o interfaceamento de instrumentos aos computadores,
produzindo uma enorme quantidade de informação, muitas vezes complexa e variada.
Os modernos instrumentos analíticos têm a capacidade de produzir respostas
multivariadas para cada amostra, gerando a necessidade de métodos matemáticos e
Espectrometria de raios X ______________________________________________________________________
27
estatísticos para o tratamento de dados e a máxima extração de informações
relevantes. Foi nesse panorama que surgiu a quimiometria, que é considerada uma
área da química destinada à análise de dados de natureza multivariada (Ferreira et al.,
1999; Hopke, 2003). Embora a quimiometria seja uma área relativamente nova, ela já
produz um grande impacto no campo da espectroscopia, de tal modo que hoje existem
diversos softwares comerciais disponíveis para o processamento dos mais diversos
métodos quimiométricos, além daqueles que já estão incorporados em muitos
instrumentos analíticos comerciais (Geladi, 2003; Hopke, 2003).
De acordo com Luo (2006), embora a quimiometria venha sendo aplicada à
espectrometria de raios X desde o início da década de 90 (Wang et al., 1990; Swerts et
al., 1993; Swerts et al., 1994) quando os primeiros trabalhos começaram a surgir, ela
poderia ter alcançado um sucesso ainda maior na área de XRF, se estudos fossem
conduzidos na mesma proporção como os das outras áreas espectroscópicas.
III. 4.1 ANÁLISE EXPLORATÓRIA
A análise exploratória não supervisionada baseada em métodos de
reconhecimento de padrões visa evidenciar similaridades ou diferenças entre amostras
de um determinado conjunto de dados (Silva et al., 2002). A PCA é a base principal de
diversos métodos de análise multivariada e seu grande objetivo é comprimir a
quantidade de informação de um conjunto de dados iniciais para um novo sistema de
eixos, denominados Componentes Principais (PC). Estas PC representam as amostras,
possibilitando visualizar características multivariadas dos dados em poucas dimensões,
através de uma projeção de dados sobre um subespaço dimensional menor,
maximizando a variância, sem perda de informação relevante. A primeira componente
principal, PC1, é a combinação linear de máxima variância (isto é, de máxima
informação) das variáveis originais, ou seja, os auto vetores, num determinado eixo. A
segunda componente, PC2, de segunda maior variância, é ortogonal a PC1, isto é, não
correlacionada a ela. A terceira apresenta a terceira maior variância e é ortogonal às
duas primeiras PC, portanto também não correlacionadas, e assim por diante. Como
esses eixos são calculados em ordem decrescente de importância, a informação
Espectrometria de raios X ______________________________________________________________________
28
relevante fica concentrada nas duas ou três primeiras PC, que podem ser então
confrontadas com padrões de características conhecidas (Wold et al.,1987; Silva et al.,
2002; Neto et al., 2006).
De acordo com Luo (2006), as aplicações dos métodos de reconhecimento de
padrões não supervisionados, que envolvem PCA, HCA e outros, à espectrometria de
raios X, têm apresentado resultados bastante promissores nas mais diversas áreas
como materiais, análise forense, investigações arqueológicas, alimentos e agricultura,
entre outras. Nesse contexto, é interessante mencionar o trabalho de Swerts et al.
(1994), um dos primeiros a empregar quimiometria à análise de dados de XRF, no qual
os autores determinaram a idade de porcelanas chinesas empregando PCA e métodos
de calibração multivariada.
III. 4.2 CALIBRAÇÃO MULTIVARIADA
Calibração é o procedimento para encontrar uma função matemática que
produza relações entre propriedades de interesse com resultados registrados pelos
instrumentos. A calibração multivariada é uma das mais bem sucedidas combinações
de métodos estatísticos com dados químicos, tanto na química analítica quanto na
química teórica. Dentre os diversos métodos de calibração multivariada existentes, o
mais utilizado é o de regressão por quadrados mínimos parciais (PLS) (Ferreira et al.,
1999).
O método PLS (Barthus, 2005) abrange aplicações em vários campos da
Química, tais como analítica, físico-química, processos industriais e análises. Neste
método de regressão, a matriz dos sinais instrumentais (matriz X de dados
independentes), como um espectro, por exemplo, é relacionada com a matriz das
variáveis dependentes (matriz Y), como concentrações, por exemplo. As duas matrizes
são decompostas em uma soma de n variáveis latentes, equivalentes a componentes
principais no PCA, que sofreram rotação durante a decomposição. O número de
variáveis latentes utilizadas no processo de calibração é normalmente obtido usando
um procedimento chamado validação cruzada (cross validation), que é uma
Espectrometria de raios X ______________________________________________________________________
29
metodologia baseada na magnitude dos erros de previsão de um dado modelo de
calibração (Geladi & Kowalski, 1986; Ferreira et al., 1999).
Alguns trabalhos que envolvem análises de dados de XRF por PLS surgiram na
literatura por volta de 1990 (Wang et al., 1990; Swerts et al., 1993; Urbanski &
Kowalska, 1995). Mais recentemente, o espalhamento da radiação X vem
complementando as informações dos sinais de XRF, o que provavelmente levará a um
aumento considerável nas publicações que envolvem a espectrometria de raios X e a
calibração multivariada (Goraieb et al. 2006; Pereira et al., 2006).
Estudo do espalhamento de raios X ______________________________________________________________________
31
CAPÍTULO IV –
ESTUDO DO ESPALHAMENTO DE
RAIOS X
Estudo do espalhamento de raios X ______________________________________________________________________
33
IV. 1 ESTUDO DO ESPALHAMENTO DE RAIOS X
Em certos espectros de XRF obtidos por um equipamento de EDXRF
convencional de bancada, equipado com tubo de raios X de Rh, linhas características
de XRF dos elementos químicos e picos característicos dos espalhamentos Compton e
Rayleigh geralmente podem ser observados, o que facilmente prova a existência de
certos elementos na amostra, assim como a presença de elementos leves que geram
intenso espalhamento da radiação.
A Figura IV.1 mostra um exemplo destes efeitos, quando uma amostra de sílica
pura foi irradiada nestas condições.
0 10 20 30 40
0,0
0,5
1,0
1,5
Inte
nsid
ade
/ cps
µµ µµA
-1
Energia / keV Figura IV.1 Espectro de uma amostra de sílica pura.
No espectro acima, é possível notar a presença de Si, caracterizado pelo intenso
sinal de XRF desse elemento em 1,74 keV, além dos picos Compton Kα e Kβ e
Si Kαααα
Rh Kαααα Compton
Rh Kαααα Rayleigh Rh Kββββ Compton Rh Kββββ Rayleigh
Estudo do espalhamento de raios X ______________________________________________________________________
34
Rayleigh Kα e Kβ característicos da interação da fonte de Rh com a amostra composta
por elementos leve, Si e O. Como era de se esperar, devido às condições de análise, o
espalhamento Raman específico de cada elemento não é observado, mas a
multiplicidade de variações de intensidade do sinal na região do espalhamento da
radiação (em torno de 20 keV) pode conter manifestações do efeito Raman, que
ocorrem junto ao Compton e Rayleigh.
Neste capítulo, o objetivo principal do trabalho visa mostrar os perfis do
espalhamentos provenientes da interação do tubo de Rh com diferentes amostras à
base de carbono e diferentes álcoois simples, assim como o proveniente da interação
da luz síncrotron com as mesmas amostras. Em ambos os casos, realizaram-se as
medidas no modo de detecção do sinal por dispersão de energia.
Também é de interesse provar que a região de espalhamento de raios X pode
ser útil, quando se assume que, nessa região, a quantidade de informação a respeito
da amostra é bastante significativa. Nesse contexto, o uso de quimiometria se torna
fundamental para interpretação dos dados gerados.
IV. 2 PARTE EXPERIMENTAL
Para realização deste estudo, foram analisadas amostras sólidas de grafite
(Synth), de carvão ativado (Norit), de nanotubos de carbono (CNT Co.) e de coque
(obtido da refinaria de petróleo da Paulínia, SP-Brasil). Amostras líquidas de quatro
diferentes tipos de álcoois (metanol, etanol, propan-1-ol e propan-2-ol), todos de grau
analítico, de três diferentes marcas, também foram analisadas.
Todas as amostras foram inseridas em celas apropriadas para irradiação
(Chemplex®), adaptadas com um filme de Mylar®, com 2,5 µm de espessura. Alíquotas
de 2 mL foram utilizadas para as amostras líquidas, enquanto as amostras sólidas
foram inseridas nas celas até seu preenchimento. Todas as amostras, em todas as
análises, foram irradiadas por 100 segundos sob atmosfera de ar, com colimação do
feixe de 10 mm, sendo este último considerado só no caso do uso do EDXRF.
Para as análises de espectrometria de raios X por dispersão de energia com
equipamento convencional, um espectrômetro modelo EDX 700, marca Shimadzu,
Estudo do espalhamento de raios X ______________________________________________________________________
35
equipado com tubo de raios X de Rh e detector de Si(Li) foi empregado. A voltagem
aplicada ao tubo foi 50 kV, produzindo corrente ao redor de 100 mA, quando o dead-
time do detector é 25%.
As análises na linha de fluorescência de raios X do Laboratório Nacional de Luz
Síncrotron (LNLS – Campinas, SP-Brasil) foram realizadas com energia do anel
operando em 1,37 GeV, corrente variável de 240,8 – 163,2 mA (normalizada) e detector
de Ge hiper puro.
Os espectros gerados foram usados para construção de matrizes de variáveis
independentes (valores de energia, em keV) para serem analisadas por PCA, utilizando
o programa The Unscrambler, versão 9.2, da CAMO. As variáveis empregadas para o
processamento de PCA foram de 18,00 – 24,00 keV, quando os experimentos foram
realizados com o EDX 700 e de 5,00 – 20,00 keV, quando os experimentos foram
realizados no LNLS.
IV. 3 ANÁLISE DE GRAFITE, NANOTUBOS DE CARBONO, COQUE E CARVÃO
ATIVADO
Para avaliar a influência da estrutura atômica no sinal do espalhamento
(provenientes de um tubo de Rh e de radiação síncrotron), quatro materiais sólidos,
compostos essencialmente por carbono, foram selecionados: carbono ativado, coque,
grafite e nanotubos de carbono. Quando elementos leves são irradiados com energia
muito maior que 0,284 keV (energia de ligação do elétron K do carbono), eles não
devem absorver a radiação X, mas sim espalhá-la, já que esses átomos não têm
elétrons fortemente ligados ao núcleo que permitam a ocorrência do efeito fotoelétrico.
Assim, o resultado do fenômeno de interação da radiação X com as amostras sólidas
de matriz leve, que deveria ser basicamente o espalhamento, está mostrado na Figura
IV.3.1.
Estudo do espalhamento de raios X ______________________________________________________________________
36
5 10 15 20 25 300
1
2
Inte
nsid
ade
/ cps
µµ µµA
-1
Energia / keV
carvão ativado coque grafite nanotubo de carbono
a) Espectros obtidos no EDXRF com tubo de Rh.
0 5 10 15 20
500
1000
1500
2000
Inte
nsid
ade
/ cps
µµ µµA
-1
Energia / keV
carvão ativado coque grafite nanotubo de carbono
b) Espectros obtidos no LNLS com luz síncrotron.
Figura IV. 3.1 Espectros das amostras de matriz de carbono.
Estudo do espalhamento de raios X ______________________________________________________________________
37
A Figura IV.3.1 mostra diferentes perfis de espectros de raios X usando duas
distintas fontes de raios X para irradiação das mesmas amostras. Nos espectros obtidos
com tubo de Rh, além de alguns picos característicos de certos elementos químicos
presentes nos materiais analisados, é possível visualizar também os picos
característicos da fonte de Rh, que correspondem ao espalhamento da radiação X:
Compton Kα (19,20 keV), Rayleigh Kα (20,16 keV), Compton Kβ (21,56 keV) e Rayleigh
Kβ (22,74 keV). Já nos espectros obtidos com luz síncrotron, observam-se muitas linhas
de fluorescência (referentes aos elementos que compões estes materiais sólidos) e um
baixo sinal de fundo, correspondente ao espalhamento da radiação X. Os picos em 13,3
keV e 14,7 keV nas amostras de grafite e nanotubos de carbono são correspondentes
às linhas Kα e Kβ do Rb, respectivamente, outro elemento provavelmente presente nos
materiais analisados.
A diferença observada nos espectros obtidos é perfeitamente normal,
considerando que a intensidade da luz síncrotron é propositalmente empregada para
detectar elementos não detectáveis por XRF convencional. Todavia, no estudo em
questão realizado com amostras sólidas, a alta intensidade da luz síncrotron não se
mostrou adequada para fornecer dados de espalhamento de raios X. Ela fez com que
os sinais gerados pelos elementos se sobressaíssem sobre o sinal de espalhamento
que seria gerado pelo carbono.
De qualquer forma, uma observação interessante pôde ser feita a respeito da
semelhança dos espectros da grafite e dos nanotubos de carbono representados na
Figura IV. 3.1b. Para explicar esse resultado, Iijima (1991) afirma que nanotubos de
carbono são formados essencialmente por folhas de grafite enroladas em formas
cilíndricas, o que provavelmente, nesse caso, gerariam espectros muito parecidos.
Mesmo após a obtenção dos espectros com baixo sinal de espalhamento quando
se empregou a luz síncrotron, resolveu-se continuar esse estudo seguindo para o
tratamento de dados por análise multivariada. Para processar os espectros por PCA,
primeiramente centraram-se os dados na média. Os gráficos de scores da Figura IV.3.2
foram obtidos, a partir dos quais é possível concluir que existe uma tendência de
separação dos compostos a base de carbono, no eixo da PC1, em ambos os casos.
Estudo do espalhamento de raios X ______________________________________________________________________
38
Isso é interessante, pois informações químicas de compostos essencialmente orgânicos
estão sendo obtidas a partir de análises de XRF e quimiometria.
-6 -3 0 3 6
-1
0
1
2
PC
2 2%
PC1 96%
carvão ativado coque grafite nanotubo de carbono
-20000 0 20000 40000 60000
-3000
-2000
-1000
0
1000
2000
3000
4000
PC
2 1%
PC1 99%
carvão ativado coque grafite nanotubo de carbono
a) Amostras analisadas no EDXRF com tubo de Rh. b) Amostras analisadas no LNLS com radiação
síncrotron.
Figura IV.3.2 Gráficos de scores das amostras à base de carbono, após processar PCA.
Analisando a Figura IV.3.2b, nota-se que a grafite e os nanotubos de carbono
não são completamente separados em dois distintos grupos, principalmente usando as
respostas do experimento com fonte de luz síncrotron. Novamente, isso está de acordo
com a literatura (Iijima, 1991), na qual esses materiais estão descritos como compostos
de mesma composição e estrutura.
Considerando os resultados obtidos com o tubo de Rh, observa-se uma baixa
precisão das medidas, já que as distâncias entre as replicatas são maiores que as
distâncias entre os diferentes tipos de amostras. Nesse caso, considerou-se o uso do
Rh não adequado para estudos desse tipo. Por outro lado, melhores resultados
poderiam ser obtidos com aumentos significativos no tempo de irradiação das análises,
o que aumentaria a intensidade do sinal analítico.
De qualquer modo, avaliando a tendência da separação dos diferentes materiais
a base de carbono em amostras de estrutura cristalina (grafite e nanotubos de carbono)
e amostras de estrutura amorfa (coque e carvão ativado), conclui-se que informações
Estudo do espalhamento de raios X ______________________________________________________________________
39
relevantes podem ser obtidas da região do espalhamento no espectro, mesmo que
obtidos em equipamentos de baixa resolução, como os que utilizam os tubos de raios X
de Rh como fonte de radiação.
IV. 4 ANÁLISE DE ÁLCOOIS
Outro estudo que visou investigar o perfil do espalhamento da radiação X e o tipo
de informação que pode ser obtida desses efeitos de espalhamento, empregando
diferentes fontes primárias de raios X, foi realizado com amostras líquidas de diferentes
álcoois, variando-se o número de carbonos que compõem a molécula e a isomeria do
composto: metanol, etanol, propan-1-ol e propan-2-ol.
Observando os espectros dos materiais em questão (Figura IV.4.1), é possível
notar intenso espalhamento da radiação X das amostras líquidas, gerado por ambas as
fontes de raios X. No experimento realizado com tubo de Rh, os picos de espalhamento
Compton e Rayleigh, Kα e Kβ do Rh, aparecem como o esperado, enquanto no
experimento realizado com luz síncrotron, o sinal de espalhamento aparece como uma
banda intensa.
Estudo do espalhamento de raios X ______________________________________________________________________
40
5 10 15 20 25 30
0,0
0,2
0,4
0,6In
tens
idad
e / c
ps µµ µµ
A-1
Energia / keV
metanol etanol 1-propanol 2-propanol
a) Amostras analisadas por EDXRF com tubo de Rh.
5 10 15 20 250
200
400
600
800
1000
Inte
nsid
ade
/ cps
µµ µµA
-1
Energia / keV
metanol etanol 1-propanol 2-propanol
b) Amostras analisadas por EDXRF com radiação síncrotron.
Figura VI.4.1 Espectros das amostras dos diferentes álcoois.
Estudo do espalhamento de raios X ______________________________________________________________________
41
O fato dos picos de espalhamento não aparecerem em posições determinadas
nos espectros obtidos com a luz síncrotron (região em torno de 20 keV) é devido à
radiação síncrotron ser policromática, sem apresentar linhas referentes aos elementos
que compõem os tubos de raios X, de Rh, no caso presente.
Tratando os espectros por quimiometria (empregando PCA, após centrar os
dados na média), foi obtida a Figura IV.4.2, na qual é possível observar uma tendência
de separação dos álcoois em grupos, de acordo com o número de átomos de carbono
das moléculas das amostras e com a isomeria presente nessas moléculas.
-3000 -2000 -1000 0 1000-100
-50
0
50
100
PC
2 0,
8%
PC1 99%
metanol etanol 1-propanol 2-propanol
-2x106 -1x106 0 1x106 2x106-1,5x106
-1,0x106
-5,0x105
0,0
5,0x105
1,0x106
PC
2 27
%
PC1 49%
metanol etanol 1-propanol 2-propanol
a) Amostras analisadas por EDXRF com tubo de
Rh.
b) Amostras analisadas por EDXRF com radiação
síncrotron.
Figura IV.4.2 Gráficos de scores das amostras de álcoois, obtidos após processar PCA.
Na Figura IV.4.2a, embora a PC1 explique 99% da variância, nota-se que as
distâncias entre amostras do mesmo tipo estão maiores que as distâncias entre
amostras de tipos diferentes, indicando baixa precisão intermediária das medidas.
Nesse caso, a tendência de separação dos diferentes álcoois no eixo da PC1 perde um
pouco seu significado quando as análises são feitas com o tubo de Rh.
Os resultados obtidos para a separação das diferentes amostras estão bastante
satisfatórios, quando as análises são realizadas com luz síncrotron. A PC1 explica 49%
da variância para separar os álcoois pelo número de átomos de carbono que compõe
Estudo do espalhamento de raios X ______________________________________________________________________
42
as moléculas e a PC2 explica 27% de variância para separar os álcoois isômeros. A
melhor performance obtida com luz síncrotron está relacionada com o fato da
intensidade da luz síncrotron ser da ordem de 10000 vezes maior que a proveniente de
um tubo de raios X, o que obviamente influencia significativamente nas variações dos
sinais de espalhamento e, por conseqüência, na separação de amostras consideradas
muito semelhantes a olho nu. Uma forma de contornar esse problema com o tubo de Rh
seria aumentar o tempo de irradiação das amostras de forma a atingir sinais de
espalhamento mais precisos, o que pareceu ser fundamental nas análises em questão,
já que a luz síncrotron forneceu resultados bastante satisfatórios.
Outro estudo, realizado com os espectros das amostras de álcoois e dados da
literatura (Lide, 1996), foi conduzido com objetivo de se construir um modelo de
calibração multivariada para prever pontos de ebulição de álcoois. As curvas de
calibracão e validação do modelo, obtidas utilizando duas variáveis latentes, estão
apresentadas na Figura IV.4.3.
Figura IV.4.3 Modelo de regressão construído empregando-se o método PLS.
A curva apresentada na Figura IV.4.3 visa mostrar a gama de informações que
podem ser obtidas com o espalhamento de raios X, embora estudos mais detalhados
devam ser feitos para obtenção de modelos de calibração e previsão mais confiáveis.
Estudo do espalhamento de raios X ______________________________________________________________________
43
Nesse contexto, Henriques & Bueno (2005), em trabalho desenvolvido junto com a
Petrobrás, depositaram uma patente que aborda um método de quantificação de
parâmetros da indústria petrolífera, usando a técnica proposta nesse trabalho.
Em suma, nesse capítulo, fica clara a quantidade de informações que pode ser
obtida a partir de espectros de XRF gerados a partir do uso da luz síncrotron ou,
mesmo, com tubos de raios X. Deve ser considerado que os equipamentos
convencionais que empregam tubos de raios X para excitação da amostra são
construídos com geometria fixa entre seus componentes, para minimizar efeitos de
espalhamento da radiação. Sabe-se que o ângulo de 90o adotado para construção dos
espectrômetros, segundo Van Gysel et al. (2003), foi otimizado para diminuir ao máximo
a intensidade de espalhamento que chega ao detector, o qual a princípio interferiria em
estudos de quantificação baseados unicamente no efeito fotoelétrico.
Além disso, após análise dos artigos que descrevem o espalhamento Raman, foi
considerado que, em ângulos acima de 90o, o espalhamento Compton que ainda
consegue chegar ao detector pode ser suficientemente intenso para se sobrepor ao
espalhamento Raman, que é o principal responsável pelas informações a respeito da
composição das amostras, como mostra a Figura IV.4.4 (Suzuki, 1970).
Estudo do espalhamento de raios X ______________________________________________________________________
44
Figura IV.4.4. Espectros contendo o pico Rayleigh e as bandas Compton e Raman, onde λ0 nas
figuras representam a posição do pico Rayleigh, λC a posição da banda Compton e λR a posição
da pequena banda do efeito Raman (Suzuki et al., 1970).
Assim, dificilmente o efeito Raman de raios X é visualizado em espectros obtidos
com equipamentos convencionais, uma vez que este efeito geralmente está sobreposto
pelo espalhamento Compton.
Em visita a Delft University of Technology em 2006, foi realizado um experimento
rápido com um equipamento XRF modular e fonte radioativa para excitar uma amostra
de papelão. Foi possível observar claramente o deslocamento do pico Compton,
enquanto variava-se manualmente a posição da fonte radioativa em relação à amostra
e ao detector. Além disso, observou-se o aparecimento de um pequeno pico deslocado
em relação ao Rayleigh, o qual foi atribuído ao efeito Raman.
Pode ser concluído então que, independente da fonte de raios X, o
espalhamento gerado pode ser analisado por quimiometria, que mais uma vez se
mostra como uma poderosa ferramenta para análise de dados químicos.
Estudo do espalhamento de raios X ______________________________________________________________________
45
Aumentos consideráveis no tempo de irradiação das amostras poderiam
aumentar significativamente o sinal do espalhamento da radiação, o que poderia
minimizar o problema de precisão intermediária das medidas realizadas com o tubo de
Rh.
Mudanças na configuração dos equipamentos convencionais de bancada
poderiam possibilitar uma observação do pico Raman de raios X.
Análise de adoçantes dietéticos ______________________________________________________________________
47
CAPÍTULO V –
ANÁLISE DE ADOÇANTES
DIETÉTICOS
Análise de adoçantes dietéticos ______________________________________________________________________
49
V. 1 ANÁLISE DE ADOÇANTES DIETÉTICOS
Enquanto o açúcar atua como parte da dieta alimentar das pessoas, os cientistas
têm observado um aumento em problemas de saúde como cáries dentárias, diabetes
tipo II e obesidade, problemas diretamente relacionados com a alimentação.
Conseqüentemente, a substituição de açúcar comum por outras substâncias com poder
de adoçar tem mudado hábitos alimentares e gerado muita discussão.
O uso de adoçante alternativamente à sacarose permite a obtenção de alimentos
com baixo teor calórico e doçura normal. Ele pode assim ser apropriado para pessoas
que têm restrições na ingestão de sacarose, frutose e glicose, como é o caso dos
obesos e dos diabéticos. Neste contexto, o uso de edulcorantes, como ciclamato,
sacarina, aspartame e esteviosídeo, ficou popular no Brasil, Europa e Ásia, países nos
quais eles são comumente usados na produção de alimentos “light“ e “diet” e também
na produção de adoçantes de mesa.
Nos últimos 50 anos, muitos estudos foram realizados visando encontrar
substitutos para a sacarose e, também, para monitorar a qualidade de alimentos que
contêm edulcorantes. A avaliação da degradação de aspartame em bebidas e a
determinação de contaminantes como metanol e anilina em alimentos que contêm
aspartame e ciclamato, respectivamente, são alguns exemplos (Saurina et al., 2004;
Sales & Cardeal, 2003). Além disso, ainda existe a necessidade de se garantir a
qualidade do adoçante quanto ao edulcorante utilizado. Algumas pessoas apresentam
restrição ao uso de alguns edulcorantes e, nesse caso, a presença deles deve constar
no rótulo, além de outras informações importantes, como o limite de consumo diário.
Em uma pesquisa realizada pelo IDEC (2007) os resultados constataram que os
adoçantes e bebidas light desrespeitam o Código de Defesa do Consumidor quanto à
omissão de dados importantes nos rótulos dos produtos em questão.
Dessa forma, o objetivo principal desse trabalho foi avaliar a eficiência da técnica
de XRF aliada à quimiometria em estudos de diferenciação de compostos basicamente
orgânicos, realizados com amostras de impacto social como os adoçantes dietéticos. O
equipamento de XRF convencional de bancada, equipado com o tubo de raios X de Rh,
foi empregado neste estudo.
Análise de adoçantes dietéticos ______________________________________________________________________
50
Os adoçantes analisados são compostos por diferentes tipos de edulcorantes, os
quais estão apresentados na Figura V.1.
NHS
O
OO
NHSO3 Na
HOCCH2CHCNHCHCOCH3
O
NH2
O
CH2
O
OOH
O
OH
O
C CO
H
OH H2
C
O
CH3CH2
O
CH2
OH
O
OO
CH2
O
OH
OH
OH
H
H
OH
3H
�������������������������������� ����0��1 ������0��1 ������0��1 ������0��1 ��
����������������������������
(������(������(������(������
NHS
O
OO
NHSO3 Na
HOCCH2CHCNHCHCOCH3
O
NH2
O
CH2
O
OOH
O
OH
O
C CO
H
OH H2
C
O
CH3CH2
O
CH2
OH
O
OO
CH2
O
OH
OH
OH
H
H
OH
3H
�������������������������������� ����0��1 ������0��1 ������0��1 ������0��1 ��
����������������������������
(������(������(������(������
Figura V.1. Estruturas moleculares dos diferentes edulcorantes presentes nos adoçantes
analisados.
V. 2 PARTE EXPERIMENTAL
Para realização desse estudo, foram analisadas vinte e seis amostras de
adoçantes dietéticos líquidos de diferentes marcas, obtidas de supermercados locais.
Detalhes sobre o procedimento, o equipamento, as condições de operação do EDXRF e
o tratamento de dados estão descritos no item IV. 2 desta tese, com o diferencial de
que neste estudo, mais uma etapa de irradiação também foi realizada com voltagem de
15 kV aplicada ao tubo de Rh.
Análise de adoçantes dietéticos ______________________________________________________________________
51
V. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A voltagem aplicada aos tubos de raios X é um parâmetro comumente avaliado
quando se propõe à determinação de elementos leves com maior eficiência, já que os
coeficientes de absorção para esses elementos são maiores a baixas energias. Durante
a realização deste estudo, foi possível perceber que este parâmetro também tem
grande importância em análises que envolvem o uso do espalhamento da radiação X.
Quando se aplica baixa voltagem nos tubos de raios X, a energia alcançada,
muitas vezes, não é suficiente para promover excitação de elétrons de camadas K
dessas fontes e o que se observa como sinais do espalhamento da radiação X são as
linhas pouco intensas, Lα e Lβ do Rh (Figura V.3.1).
0 5 10 15
0,0
0,1
0,2
Inte
nsid
ade
/ cps
µµ µµA
-1
Energia / keV
Figura V.3.1. Espectro de uma amostra de adoçante irradiada com 15 kV de voltagem aplicada
ao tubo de Rh.
Ainda, analisando a Figura V.3.1, pode-se notar a presença de um pico de
fluorescência de raios X, em 2,3 keV, referente ao elemento enxofre presente na
amostra de adoçante analisada.
Rh Lββββ
S Kαααα Rh Lαααα
Análise de adoçantes dietéticos ______________________________________________________________________
52
Em uma outra situação, trabalhando-se com energia suficiente para excitar
elétrons de camadas K das fontes de raios X, o que se observa, geralmente, são sinais
do espalhamento da radiação X que podem aparecer como as linhas Kα e Kβ (Compton
e Rayleigh) da fonte de radiação, como pode ser observado no espectro obtido com
tubo de Rh (Figura V.3.2). Nesse caso (Figura V.3.2), também é possível notar as linhas
pouco intensas Kα do S e Lα do Rh.
0 10 20 30 40
0
300
600
900
1200
Inte
nsid
ade
/ cps
µµ µµA
-1
Energia / keV
Figura V.3.2 Espectro de uma amostra de adoçante irradiada com 50 kV de voltagem aplicada
ao tubo de Rh.
Dessa forma, fica evidente que, dependendo da amostra, certas condições de
análise podem fornecer melhores resultados que outras.
Assim, trabalhando-se com os resultados provenientes da irradiação das
amostras de adoçantes com 15 kV de voltagem aplicada ao tubo, realizou-se a análise
exploratória não supervisionada dos espectros obtidos empregando-se PCA. Os dados
foram centrados na média e todas as variáveis do espectro foram empregadas para
geração dos resultados mostrados na Figura V.3.3.
Rh Lαααα
Rh Kαααα Compton
Rh Kββββ Compton
Rh Kαααα Rayleigh
Rh Kββββ Rayleigh
S Kαααα
Análise de adoçantes dietéticos ______________________________________________________________________
53
-0,5 0,0 0,5
-0,4
-0,2
0,0
0,2
PC
2 (4
%)
PC1 (73 %)
Ciclamato e sacarina Esteviosídeo Aspartame
0,0 0,1 0,2 0,3
0,0
0,1
0,2
1,711,721,731,741,751,761,771,781,791,81,811,821,831,841,851,861,871,881,891,91,911,921,931,941,951,961,971,981,9922,012,022,032,042,052,062,072,082,092,12,112,122,132,142,152,162,172,182,19
2,22,212,22
2,232,24
2,25
2,26 2,27
2,282,29
2,32,312,322,33
2,342,35
2,36
2,37
2,382,392,4
2,412,42
2,432,442,452,462,472,482,492,52,512,522,53
2,542,552,562,572,582,592,6
2,612,622,632,642,652,662,672,682,692,72,71
2,722,732,742,752,762,772,782,792,82,812,822,832,842,852,862,87
2,882,892,92,912,922,932,942,952,962,972,982,9933,013,02
3,033,043,053,063,073,08
3,093,13,11
3,123,133,143,153,163,173,183,193,23,213,223,233,243,253,263,273,283,293,33,313,323,333,343,35
3,363,373,383,393,43,413,423,433,443,453,463,473,483,493,53,513,523,533,543,55
3,563,573,583,593,63,613,623,633,643,653,663,673,683,693,73,713,723,733,743,753,763,773,783,793,83,813,823,833,843,853,863,873,883,893,93,913,923,933,943,953,963,97
3,983,9944,014,024,034,044,054,064,074,084,094,14,114,124,134,144,154,164,174,184,194,24,214,224,234,244,254,264,274,284,294,34,314,324,334,344,354,36
4,374,384,394,44,414,424,434,444,454,464,474,484,494,54,514,524,534,544,554,564,574,584,594,64,614,624,634,644,654,664,674,684,694,74,714,724,734,744,754,764,774,78
4,794,84,814,824,834,844,854,864,874,884,894,94,914,924,934,944,954,964,974,984,9955,015,025,035,045,055,065,075,085,095,15,115,125,13
5,14
5,155,165,175,185,195,25,215,225,235,245,255,265,275,285,295,35,31
5,325,335,345,355,365,375,385,395,45,415,425,435,445,455,465,475,485,495,55,515,525,535,545,555,565,57
5,585,595,65,615,625,635,64
5,655,665,675,685,695,7
5,715,725,735,745,755,765,775,785,795,85,815,825,835,845,855,865,875,885,895,95,915,925,935,945,955,965,975,985,9966,01
6,026,036,046,056,066,076,08
6,09
6,16,116,126,136,146,156,166,176,186,196,26,216,226,236,246,256,266,276,286,296,36,31
6,32
6,336,346,356,36
6,37
6,38
6,396,46,416,426,436,446,456,46
6,476,48
6,496,56,516,526,536,546,556,566,576,586,59
6,6
6,616,626,636,646,656,666,676,686,696,76,716,726,736,74
6,756,766,776,786,796,86,816,826,836,846,856,866,876,886,896,96,916,926,93
6,946,956,966,976,986,9977,017,02
7,03
7,047,057,067,077,087,097,17,117,127,137,147,157,167,177,187,197,2
7,217,227,237,247,25
7,267,277,287,297,37,317,32
7,337,347,357,367,377,387,39
7,4
7,417,427,437,447,457,467,477,487,497,57,517,527,537,547,557,567,577,587,597,6
7,617,62
7,637,647,65
7,667,677,687,697,77,717,727,73
7,747,757,767,777,787,797,87,817,827,837,84
7,857,867,877,887,897,97,917,927,937,94
7,957,967,977,987,9988,018,028,038,048,05
8,068,078,088,098,18,118,128,138,148,158,168,178,188,198,28,218,228,238,248,25
8,26
8,278,288,298,3
8,318,328,338,348,35
8,36
8,378,388,39
8,4
8,418,428,438,448,458,468,478,488,498,58,518,528,538,548,558,56
8,578,588,598,68,618,628,638,64
8,658,668,678,688,69
8,78,718,728,738,748,758,768,778,788,798,88,818,828,838,848,858,86
8,878,888,89
8,98,918,928,938,948,958,968,978,988,9999,019,029,039,049,059,069,07
9,089,099,19,11
9,129,139,149,159,16
9,179,189,199,29,219,229,239,249,259,269,279,289,29
9,39,319,329,339,349,359,369,379,389,399,49,419,429,439,449,459,469,47
9,489,499,59,519,529,539,549,559,569,579,589,599,69,619,629,639,649,659,66
9,679,689,699,79,719,729,73
9,749,759,76
9,779,789,799,89,81
9,829,839,849,85
9,869,879,889,899,99,919,929,93
9,949,959,969,979,989,991010,0110,0210,0310,0410,0510,0610,0710,0810,0910,110,11
10,12
10,13
10,1410,1510,1610,1710,1810,1910,2
10,2110,2210,2310,2410,2510,2610,27
10,2810,2910,310,3110,3210,3310,3410,3510,3610,3710,3810,3910,410,4110,4210,4310,4410,4510,4610,4710,4810,4910,5
10,5110,5210,5310,5410,5510,56
10,5710,5810,5910,610,61
10,6210,6310,6410,6510,6610,67
10,6810,6910,710,7110,7210,7310,7410,7510,7610,7710,7810,7910,810,8110,8210,8310,8410,8510,8610,8710,8810,8910,910,9110,92
10,9310,9410,9510,9610,9710,9810,991111,0111,0211,0311,0411,0511,0611,0711,08
11,0911,1
11,1111,1211,1311,1411,1511,1611,1711,1811,1911,211,2111,22
11,2311,2411,2511,2611,2711,28
11,2911,311,3111,3211,3311,3411,35
11,36
11,3711,3811,3911,4
11,4111,4211,4311,4411,4511,4611,47
11,4811,4911,511,5111,52
11,5311,5411,5511,5611,5711,5811,5911,611,6111,6211,6311,6411,6511,66
11,6711,6811,69
11,711,7111,7211,7311,7411,7511,7611,7711,78
11,7911,811,8111,8211,8311,84
11,85
11,8611,8711,8811,8911,911,9111,9211,9311,9411,9511,9611,9711,98
11,99
1212,0112,0212,0312,0412,0512,0612,0712,08
12,0912,112,1112,1212,13
12,1412,1512,1612,1712,1812,1912,2
12,2112,2212,2312,2412,25
12,2612,2712,2812,2912,312,3112,3212,3312,3412,3512,3612,3712,3812,3912,412,4112,4212,4312,4412,4512,4612,4712,4812,4912,512,5112,5212,5312,54
12,5512,5612,5712,5812,59
12,612,6112,62
12,6312,64
12,65
12,6612,6712,6812,69
12,712,7112,7212,7312,7412,7512,7612,7712,7812,7912,812,8112,8212,8312,8412,8512,8612,8712,8812,8912,912,9112,9212,9312,9412,9512,9612,9712,9812,991313,0113,0213,0313,0413,0513,0613,0713,0813,0913,113,1113,1213,1313,1413,1513,16
13,17
13,1813,1913,213,2113,2213,2313,2413,25
13,2613,2713,2813,2913,313,3113,3213,33
13,3413,3513,3613,3713,3813,3913,4
13,4113,4213,4313,4413,4513,4613,4713,4813,4913,513,5113,5213,5313,5413,5513,5613,5713,5813,5913,613,6113,6213,6313,6413,6513,6613,6713,6813,6913,713,7113,7213,7313,7413,7513,7613,7713,7813,7913,813,8113,8213,8313,8413,8513,8613,8713,8813,8913,913,9113,9213,9313,9413,9513,9613,9713,9813,991414,0114,0214,0314,0414,0514,0614,0714,0814,0914,114,1114,1214,1314,1414,1514,1614,1714,1814,1914,214,2114,2214,2314,2414,25
14,2614,2714,2814,2914,314,3114,3214,3314,3414,3514,3614,3714,3814,414,4114,4314,4414,4514,4614,4714,4814,4914,514,5114,5214,5314,5414,5514,5614,5714,5814,5914,614,6114,6214,6314,6414,6514,6614,6714,6814,6914,714,7114,7214,73
PC
2 (4
%)
PC1 (73%)
a) Gráfico de scores das amostras de adoçantes. b) Gráfico de loadings das amostras de adoçantes.
Figura V.3.3 Resultados de PCA das amostras de adoçantes dietéticos irradiadas com
15 kV de voltagem aplicada ao tubo de Rh.
É possível observar no gráfico de scores da Figura V.3.3a uma separação das
amostras de adoçantes dietéticos em basicamente dois grupos. Considerando as
estruturas dos edulcorantes presentes nas amostras analisadas (Figura V.1), associou-
se a separação obtida à presença do átomo de enxofre no ciclamato de sódio e na
sacarina sódica, que compõem certas amostras. Ainda vale ressaltar que algumas
amostras de adoçantes a base de esteviosídeo, que se agruparam com amostras a
base de ciclamanto e sacarina, são justamente aquelas que contém, segundo seus
rótulos, ciclamato e sacarina em suas composições, ou seja, são misturas dos três
edulcorantes em questão.
O gráfico de loadings da Figura V.3.3b mostra que as variáveis responsáveis
pelo agrupamento das amostras são os valores próximos a 2,3 keV, cujos valores são
exatamente os que geram o pico de fluorescência Kα do enxofre (fenômeno
fotoelétrico). Pode-se dizer, então, que a influência do sinal de fluorescência foi maior
que a dos sinais de espalhamento, o que condiz com o perfil do espectro mostrado na
Análise de adoçantes dietéticos ______________________________________________________________________
54
Figura V.3.1, no qual é possível notar a linha Kα do S bem mais intensa que as linhas
Lα e Lβ do Rh.
Em uma outra situação, a irradiação das amostras foi realizada com 50 kV de
voltagem aplicada ao tubo e os resultados obtidos, após serem analisados por PCA,
estão representados na Figura V.3.4. Nesse caso, também centraram-se os dados na
média e processou-se a PCA com todas as variáveis que compõem o espectro.
-3 -2 -1 0 1 2
-0,25
0,00
0,25
0,50
PC
2 (3
%)
PC 1 (88%)
Esteviosídeo Ciclamato/Sacarina Aspartame
0,0 0,1 0,2
-0,1
0,0
0,1
0,2
0,760,780,80,820,840,860,880,90,920,940,960,9811,021,041,061,081,11,121,141,161,181,21,221,241,261,281,31,321,341,361,381,41,421,441,461,481,51,521,541,561,581,61,621,641,661,681,71,721,741,761,781,81,821,841,861,881,91,921,941,961,9822,022,042,062,082,12,122,142,162,182,22,22
2,24
2,26
2,282,32,32
2,34
2,36
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22,1222,1422,1622,1822,222,2222,2422,2622,2822,322,3222,3422,3622,3822,422,4222,4422,4622,4822,5
22,5222,5422,5622,5822,622,6222,6422,6622,6822,722,7222,7422,7622,7822,822,8222,8422,8622,8822,922,9222,9422,9622,982323,0223,0423,0623,0823,123,1223,1423,1623,1823,223,2223,2423,2623,2823,323,3223,3423,3623,3823,423,4223,4423,4623,4823,5
23,5223,5423,5623,5823,623,6223,6423,6623,6823,723,7223,7423,7623,7823,823,8223,8423,8623,8823,923,9223,9423,9623,982424,0224,0424,0624,0824,124,1224,1424,1624,1824,224,2224,2424,2624,2824,324,3224,3424,3624,3824,424,4224,4424,4624,4824,524,5224,5424,5624,5824,624,6224,6424,6624,6824,724,7224,7424,7624,7824,824,8224,8424,8624,8824,924,9224,9424,9624,982525,0225,0425,0625,0825,125,1225,1425,1625,1825,225,2225,2425,2625,2825,325,3225,3425,3625,3825,425,4225,4425,4625,4825,525,5225,5425,5625,5825,625,6225,6425,6625,6825,725,7225,7425,7625,7825,825,8225,8425,8625,8825,925,9225,9425,9625,982626,0226,0426,0626,0826,126,1226,1426,1626,1826,226,2226,2426,2626,2826,326,3226,3426,3626,3826,426,4226,4426,4626,4826,526,5226,5426,5626,5826,626,6226,6426,6626,6826,726,7226,7426,7626,7826,826,8226,8426,8626,8826,926,9226,9426,9626,982727,0227,0427,0627,0827,127,1227,1427,1627,1827,227,2227,2427,2627,2827,327,3227,3427,3627,3827,427,4227,4427,4627,4827,527,5227,5427,5627,5827,627,6227,6427,6627,6827,727,7227,7427,7627,7827,827,8227,8427,8627,8827,927,9227,9427,9627,982828,0228,0428,0628,0828,128,1228,1428,1628,1828,228,2228,2428,2628,2828,328,3228,3428,3628,3828,428,4228,4428,4628,4828,528,5228,5428,5628,5828,628,6228,6428,6628,6828,728,7228,7428,7628,7828,828,8228,8428,8628,8828,928,9228,9428,9628,982929,0229,0429,0629,0829,129,1229,1429,1629,1829,229,2229,2429,2629,2829,329,3229,3429,3629,3829,429,4229,4429,4629,4829,529,5229,5429,5629,5829,629,6229,6429,6629,6829,729,7229,7429,7629,7829,829,8229,8429,8629,8829,929,9229,9429,9629,983030,0230,0430,0630,0830,130,1230,1430,1630,1830,230,2230,2430,2630,2830,330,3230,3430,3630,3830,430,4230,4430,4630,4830,530,5230,5430,5630,5830,630,6230,6430,6630,6830,730,7230,7430,7630,7830,830,8230,8430,8630,8830,930,9230,9430,9630,983131,0231,0431,0631,0831,131,1231,1431,1631,1831,231,2231,2431,2631,2831,331,3231,3431,3631,3831,431,4231,4431,4631,4831,531,5231,5431,5631,5831,631,6231,6431,6631,6831,731,7231,7431,7631,7831,831,8231,8431,8631,8831,931,9231,9431,9631,983232,0232,0432,0632,0832,132,1232,1432,1632,1832,232,2232,2432,2632,2832,332,3232,3432,3632,3832,432,4232,4432,4632,4832,532,5232,5432,5632,5832,632,6232,6432,6632,6832,732,7232,7432,7632,7832,832,8232,8432,8632,8832,932,9232,9432,9632,983333,0233,0433,0633,0833,133,1233,1433,1633,1833,233,2233,2433,2633,2833,333,3233,3433,3633,3833,433,4233,4433,4633,4833,533,5233,5433,5633,5833,633,6233,6433,6633,6833,733,7233,7433,7633,7833,833,8233,8433,8633,8833,933,9233,9433,9633,983434,0234,0434,0634,0834,134,1234,1434,1634,1834,234,2234,2434,2634,2834,334,3234,3434,3634,3834,434,4234,4434,4634,4834,534,5234,5434,5634,5834,634,6234,6434,6634,6834,734,7234,7434,7634,7834,834,8234,8434,8634,8834,934,9234,9434,9634,983535,0235,0435,0635,0835,135,1235,1435,1635,1835,235,2235,2435,2635,2835,335,3235,3435,3635,3835,435,4235,4435,4635,4835,535,5235,5435,5635,5835,635,6235,6435,6635,6835,735,7235,7435,7635,7835,835,8235,8435,8635,8835,935,9235,9435,9635,983636,0236,0436,0636,0836,136,1236,1436,1636,1836,236,2236,2436,2636,2836,336,3236,3436,3636,3836,436,4236,4436,4636,4836,536,5236,5436,5636,5836,636,6236,6436,6636,6836,736,7236,7436,7636,7836,836,8236,8436,8636,8836,936,9236,9436,9636,983737,0237,0437,0637,0837,137,1237,1437,1637,1837,237,2237,2437,2637,2837,337,3237,3437,3637,3837,437,4237,4437,4637,4837,537,5237,5437,5637,5837,637,6237,6437,6637,6837,737,7237,7437,7637,7837,837,8237,8437,8637,8837,937,9237,9437,9637,983838,0238,0438,0638,0838,138,1238,1438,1638,1838,238,2238,2438,2638,2838,338,3238,3438,3638,3838,438,4238,4438,4638,4838,538,5238,5438,5638,5838,638,6238,6438,6638,6838,738,7238,7438,7638,7838,838,8238,8438,8638,8838,938,9238,9438,9638,983939,0239,0439,0639,0839,139,1239,1439,1639,1839,239,2239,2439,2639,2839,339,3239,3439,3639,3839,439,4239,4439,4639,4839,539,5239,5439,5639,5839,639,6239,6439,6639,6839,739,7239,7439,7639,7839,839,8239,8439,8639,8839,939,9239,9439,9639,984040,0240,0440,0640,0840,140,1240,1440,1640,1840,240,2240,2440,2640,2840,340,3240,3440,3640,3840,440,4240,4440,4640,4840,540,5240,5440,5640,5840,640,6240,6440,6640,6840,740,7240,7440,7640,7840,840,8240,8440,8640,8840,940,9240,94
PC
2 (3
%)
PC1 (88%)
a) Gráfico de scores das amostras de adoçantes. b) Gráfico de loadings das amostras de adoçantes.
Figura V.3.4 Resultados de PCA das amostras de adoçantes dietéticos irradiadas com 50 kV
de voltagem aplicada ao tubo de Rh.
O gráfico de scores (Figura V.3.4a) mostra que 88% da variância explicada na
PC1 e 3% da variância explicada na PC2 levam a uma tendência de separação das
amostras, dada a variação nas suas composições químicas. O gráfico de loadings
(Figura V.3.4b) mostra a influência do espalhamento da radiação na separação obtida,
já que as energias em torno de 19 keV são correspondentes aos sinais dos efeitos
Compton, Rayleigh e às manifestações do espalhamento Raman de raios X.
Observando ainda o gráfico de loadings também é possível notar, no eixo da
PC2, a influência do enxofre (Kα = 2,307 keV) na separação dos diferentes compostos.
Análise de adoçantes dietéticos ______________________________________________________________________
55
Nesse caso, não só a região do espalhamento de raios X foi importante para a
separação dos compostos, mas o pico do enxofre representado por um sinal de
fluorescência de raios X teve um papel fundamental para os resultados obtidos. Assim,
empregando-se essa nova proposta de análise, é importante considerar que os
resultados obtidos com toda a região espectral, além daquela em torno do
espalhamento da radiação devem ser avaliados. Um estudo de seleção de variáveis é
bastante adequado na otimização dos métodos da XRF aliada à quimiometria.
Em suma, nesse capítulo fica mostrada a potencialidade da técnica proposta em
estudos de diferenciação de amostras orgânicas. Uma avaliação detalhada dos
compostos em estudo pode fornecer importantes informações químicas, que se
correlacionam muito bem com os resultados da análise multivariada. O uso do tubo de
raios X mostrou que pode ser útil, dependendo da amostra a ser analisada, não
fazendo da luz síncrotron um pré-requisito para estudos com o espalhamento da
radiação X.
Análise de óleos vegetais ______________________________________________________________________
57
CAPÍTULO VI -
ANÁLISE DE ÓLEOS VEGETAIS
Análise de óleos vegetais ______________________________________________________________________
59
VI. 1 ANÁLISE DE ÓLEOS VEGETAIS
Nos últimos anos, os consumidores têm demonstrado crescente interesse por
alimentos de elevada qualidade, com clara identidade de origem. As razões variam
desde patriotismo, qualidades organolépticas, hábitos de consumo específicos de cada
região, possíveis benefícios à saúde associados com produtos de certas origens,
exigência maior pela qualidade e segurança de alimentos produzidos fora da região ou
país de consumo, até preocupações concernentes a métodos de produção
ambientalmente corretos e que respeitem os animais. Paralelamente, a globalização do
mercado de alimentos e a relativa facilidade com que as mercadorias são transportadas
através de países e continentes vêm favorecendo o aparecimento de fraudes de forma
que, cada vez mais os consumidores se preocupam com a autenticidade do alimento
que consomem (Kelly et al., 2005). Uma recente matéria publicada pelo jornal britânico
The Independent (2006) revela que fraudes em alimentos são atualmente um “grande
negócio”, gerando imensos lucros aos criminosos. Em 2005, as alfândegas da União
Européia (UE) chegaram, pela primeira vez na história, à marca de 5 milhões de
produtos alimentícios apreendidos devido a falsificações (Food Navigator.com, 2006).
No Brasil, em 2001, Nagato et al. publicaram um trabalho sobre a fraude de
bebidas no Brasil, no qual a autenticidade de bebidas alcoólicas (whisky, vodka,
conhaque de gengibre, etc.), enviadas para análise ao Instituto Adolfo Lutz, foi
verificada no período de 1993 a agosto de 1999.
Aued-Pimentel et al. (2002) testaram a pureza de 236 amostras de azeites de
oliva, avaliando o teor de ácidos graxos presentes nessas amostras, entre janeiro de
1993 e setembro de 2000. Do total, 136 amostras também foram analisadas por
espectrometria ultravioleta, para verificar se a qualidade dos produtos era condizente
com a classificação da rotulagem. Foram observadas adulterações em 43 amostras
(18,2%), sendo que o principal tipo de fraude foi adição de óleos vegetais de menor
valor comercial, principalmente de soja. Esse fato sugere que um sistema de
fiscalização mais eficiente no que se refere à comercialização desse tipo de amostra
deveria ser implementado no país.
Análise de óleos vegetais ______________________________________________________________________
60
Dentro desse contexto de falsificação de alimentos, considerando análises de
óleos comestíveis, nota-se que muitos trabalhos estão reportados na literatura
ilustrando meios para identificação da amostra e de sua procedência. Geralmente,
técnicas que empregam quimiometria no tratamento dos dados (Lanteri et al., 2002;
Christy et al., 2004) têm sido propostas.
Assim, por se tratar de uma amostra complexa e de grande apelo no mercado
industrial, avaliou-se neste trabalho a possibilidade de se empregar a nova técnica em
questão, usando a análise exploratória de dados, para diferenciar amostras de óleos
comuns (como os de soja, girassol, entre outros) e amostras de azeites de oliva. Isso
possibilitaria, em estudos futuros, a construção de bancos de dados para identificação e
classificação de amostras de diferentes tipos de óleos, inclusive identificação de azeites
de oliva adulterados com óleos de pior qualidade.
A IOOC (International Olive Oil Council) estabelece em suas normas algumas
categorias de azeites de oliva, sendo que a categoria dos extra-virgens é a dos azeites
de oliva de melhor qualidade, com os maiores benefícios para a saúde. Considerando
que isso também implica em um produto de maior custo, a adulteração de azeites extra-
virgens com outros óleos vegetais como os de canola, girassol, soja ou até mesmo com
azeites de oliva de pior qualidade, é prática no Brasil, já detectada pelo INMETRO
(Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial), principalmente
quando o envasamento do produto importado é feito no próprio país (INMETRO, 2007).
A fim de garantir a identidade e a qualidade desses produtos à população, segundo
Aued-Pimentel et al. (2002), é necessário um aprimoramento dos laboratórios
brasileiros de controle de adulterações e falsificações de óleos, contando
principalmente com métodos e parâmetros rápidos e confiáveis para a realização das
análises e classificações.
VI. 2 PARTE EXPERIMENTAL
Seis diferentes tipos de óleos comestíveis (algodão, soja, milho, girassol, canola
e oliva) de pelo menos quatro diferentes marcas comerciais, obtidos de supermercados
locais, foram analisados. Detalhes sobre o procedimento para análise de amostras
Análise de óleos vegetais ______________________________________________________________________
61
líquidas, sobre o espectrômetro e as condições de operação do EDXRF são os mesmos
descritos no item IV. 2.
Os espectros gerados foram usados para construção de matrizes de variáveis
independentes (valores de energia, em keV) para serem analisadas por PCA, utilizando
o programa Pirouette 2.02. O único pré-tratamento realizado com as variáveis originais
foi centrar os dados na média antes do processamento de PCA. Neste estudo, o
programa The Unscrambler não foi empregado, devido à sua indisponibilidade no
laboratório na época em que se realizou o tratamento de dados.
VI. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os estudos descritos neste capítulo mostram resultados satisfatórios,
considerando a separação dos diferentes tipos de óleos após análise por XRF e
quimiometria. As análises foram conduzidas separadamente, considerando dois grupos
de óleos: comuns e de azeites. Os resultados das amostras de óleos comuns, após
serem processados por PCA, estão representados na Figura VI.3.1. Nesse caso, não só
a região em torno de 19 keV, referente aos sinais de espalhamento da fonte, foi
selecionada para o tratamento dos dados, mas toda a região espectral, que inclui
também os possíveis sinais de fluorescência, ou seja, todas as variáveis que compõem
o espectro obtido.
Análise de óleos vegetais ______________________________________________________________________
62
-0,4 -0,2 0,0 0,2 0,4
-0,0005
0,0000
0,0005
0,0010
PC
4 1,
5 %
PC1 81,6 %
Canola Girassol Milho Soja
0,0 0,1 0,2
-0,1
0,0
0,1
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22,2822,322,3222,3422,3622,3822,422,4222,4422,46
22,4822,522,5222,5422,5622,5822,622,6222,6422,6622,6822,722,7222,7422,7622,7822,822,8222,8422,8622,8822,922,9222,9422,9622,982323,0223,0423,0623,0823,123,1223,1423,1623,1823,223,2223,2423,2623,2823,323,3223,3423,3623,3823,423,4223,4423,4623,4823,523,5223,5423,5623,5823,623,6223,6423,6623,6823,723,7223,7423,7623,7823,823,8223,8423,8623,8823,923,9223,9423,9623,982424,0224,0424,0624,08
24,124,1224,1424,1624,1824,224,2224,2424,2624,2824,324,3224,3424,3624,3824,424,4224,4424,4624,4824,524,5224,5424,5624,5824,624,6224,6424,6624,6824,724,7224,7424,7624,7824,824,8224,8424,8624,8824,924,9224,9424,9624,982525,0225,0425,0625,0825,125,1225,1425,1625,1825,225,2225,2425,2625,2825,325,3225,3425,3625,3825,425,4225,4425,4625,4825,525,5225,5425,5625,5825,625,6225,6425,6625,6825,725,7225,7425,7625,7825,825,8225,8425,8625,8825,925,9225,9425,9625,982626,0226,0426,0626,0826,126,1226,1426,1626,1826,226,2226,2426,2626,2826,326,3226,3426,3626,3826,426,4226,4426,4626,4826,526,5226,5426,5626,5826,626,6226,6426,6626,6826,726,7226,7426,7626,7826,826,8226,8426,8626,8826,926,9226,9426,9626,982727,0227,0427,0627,0827,127,1227,1427,1627,1827,227,2227,2427,2627,2827,327,3227,3427,3627,3827,427,4227,4427,4627,4827,527,5227,5427,5627,5827,627,6227,6427,6627,6827,727,7227,7427,7627,7827,827,8227,8427,8627,8827,927,9227,9427,9627,982828,0228,0428,0628,0828,128,1228,1428,1628,1828,228,2228,2428,2628,2828,328,3228,3428,3628,3828,428,4228,4428,4628,4828,528,5228,5428,5628,5828,628,6228,6428,6628,6828,728,7228,7428,7628,7828,828,8228,8428,8628,8828,928,9228,9428,9628,982929,0229,0429,0629,0829,129,1229,1429,1629,1829,229,2229,2429,2629,2829,329,3229,3429,3629,3829,429,4229,4429,4629,4829,529,5229,5429,5629,5829,629,6229,6429,6629,6829,729,7229,7429,7629,7829,829,8229,8429,8629,8829,929,9229,9429,9629,983030,0230,0430,0630,0830,130,1230,1430,1630,1830,230,2230,2430,2630,2830,330,3230,3430,3630,3830,430,4230,4430,4630,4830,530,5230,5430,5630,5830,630,6230,6430,6630,6830,730,7230,7430,7630,7830,830,8230,8430,8630,8830,930,9230,9430,9630,983131,0231,0431,0631,0831,131,1231,1431,1631,1831,231,2231,2431,2631,2831,331,3231,3431,3631,3831,431,4231,4431,4631,4831,531,5231,5431,5631,5831,631,6231,6431,6631,6831,731,7231,7431,7631,7831,831,8231,8431,8631,8831,931,9231,9431,9631,983232,0232,0432,0632,0832,132,1232,1432,1632,1832,232,2232,2432,2632,2832,332,3232,3432,3632,3832,432,4232,4432,4632,4832,532,5232,5432,5632,5832,632,6232,6432,6632,6832,732,7232,7432,7632,7832,832,8232,8432,8632,8832,932,9232,9432,9632,983333,0233,0433,0633,0833,133,1233,1433,1633,1833,233,2233,2433,2633,2833,333,3233,3433,3633,3833,433,4233,4433,4633,4833,533,5233,5433,5633,5833,633,6233,6433,6633,6833,733,7233,7433,7633,7833,833,8233,8433,8633,8833,933,9233,9433,9633,983434,0234,0434,0634,0834,134,1234,1434,1634,1834,234,2234,2434,2634,2834,334,3234,3434,3634,3834,434,4234,4434,4634,4834,534,5234,5434,5634,5834,634,6234,6434,6634,6834,734,7234,7434,7634,7834,834,8234,8434,8634,8834,934,9234,9434,9634,983535,0235,0435,0635,0835,135,1235,1435,1635,1835,235,2235,2435,2635,2835,335,3235,3435,3635,3835,435,4235,4435,4635,4835,535,5235,5435,5635,5835,635,6235,6435,6635,6835,735,7235,7435,7635,7835,835,8235,8435,8635,8835,935,9235,9435,9635,983636,0236,0436,0636,0836,136,1236,1436,1636,1836,236,2236,2436,2636,2836,336,3236,3436,3636,3836,436,4236,4436,4636,4836,536,5236,5436,5636,5836,636,6236,6436,6636,6836,736,7236,7436,7636,7836,836,8236,8436,8636,8836,936,9236,9436,9636,983737,0237,0437,0637,0837,137,1237,1437,1637,1837,237,2237,2437,2637,2837,337,3237,3437,3637,3837,437,4237,4437,4637,4837,537,5237,5437,5637,5837,637,6237,6437,6637,6837,737,7237,7437,7637,7837,837,8237,8437,8637,8837,937,9237,9437,9637,983838,0238,0438,0638,0838,138,1238,1438,1638,1838,238,2238,2438,2638,2838,338,3238,3438,3638,3838,438,4238,4438,4638,4838,538,5238,5438,5638,5838,638,6238,6438,6638,6838,738,7238,7438,7638,7838,838,8238,8438,8638,8838,938,9238,9438,9638,983939,0239,0439,0639,0839,139,1239,1439,1639,1839,239,2239,2439,2639,2839,339,3239,3439,3639,3839,439,4239,4439,4639,4839,539,5239,5439,5639,5839,639,6239,6439,6639,6839,739,7239,7439,7639,7839,839,8239,8439,8639,8839,939,9239,9439,9639,984040,0240,0440,0640,0840,140,1240,1440,1640,1840,240,2240,2440,2640,2840,340,3240,3440,3640,3840,440,4240,4440,4640,4840,540,5240,5440,5640,5840,640,6240,6440,6640,6840,740,7240,7440,7640,7840,840,8240,8440,8640,8840,940,92
PC
4 1,
5 %
PC1 81,6 % a) Gráfico de scores das amostras de óleos. b) Gráfico de loadings das amostras de óleos.
Figura VI.3.1 Resultados obtidos para as amostras de óleos após processar PCA.
Avaliando a composição dos óleos analisados, foi possível associar a formação
dos grupos de óleos de soja, girassol, milho e canola apresentada no gráfico de scores
(VI.3.1a) às diferentes proporções de ácidos graxos saturados, monoinsaturados e
poliinsaturados presentes em cada tipo de amostra, que variam de acordo com suas
diferentes fontes de origem. Um exemplo típico é a alta concentração de ácidos graxos
monoinsaturados presentes nas amostras de óleos de canola, em comparação à baixa
concentração desses compostos nos óleos de soja, (Lima et al., 2006).
Observando os resultados fornecidos pelo gráfico dos loadings (Figura VI.3.1b),
nota-se que, mesmo trabalhando com o espectro todo, as variáveis de peso na
separação das amostras correspondem às energias dos espalhamentos Compton,
Rayleigh e Raman de raios X. Em outra situação de análise, na qual somente a região
do espalhamento foi selecionada para o tratamento dos dados (18,00 – 24,00 keV), os
resultados obtidos foram bastante semelhantes aos da Figura VI.3.1, comprovando que
os sinais analíticos de importância na análise em questão são realmente os referentes
ao espalhamento da radiação X.
Durante a análise dos azeites de oliva, outro resultado interessante foi obtido,
após processamento dos dados por PCA. É possível observar no eixo da PC2 (Figura
Análise de óleos vegetais ______________________________________________________________________
63
VI.3.2) a formação de um grupo referente aos azeites de oliva extra-virgens e de um
grupo que englobou todos os outros tipos de óleos de oliva. A ausência de água ou
qualquer tratamento químico durante o processo de extração para produção dos azeites
extra-virgens é o que pode estar diferenciando facilmente essas amostras dos outros
azeites, além dos teores diferenciados das gorduras que compõem a amostra.
-1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0-0,1
0,0
0,1
0,2
PC
2 1,
7 %
PC1 97,2 %
Azeites comuns Azeites extra-virgens
Figura VI. 3.2 Gráfico de scores das amostras de azeites obtido após processar PCA.
A amostra assinalada com o círculo na Figura VI.3.2 é um azeite extra-virgem
que se diferencia dos demais azeites extra-virgens por ter sido temperado com um
condimento chamado Tartufo, o qual deve ter modificado as características originais do
azeite. Nesse caso, essa amostra pode ser considerada como um outlier.
A partir desses resultados, a técnica de XRF que usa a quimiometria para o
tratamento de dados se mostra promissora para análises de amostras orgânicas, assim
como NIR, FT-IR, MS, entre outras.
Em outro estudo realizado com amostras de azeites de oliva extra-virgem, uma
adulteração foi simulada com 10% e 50% de óleo de soja, visando avaliar a capacidade
da técnica em separar grupos de amostras de azeites extra-virgens autênticos de
amostras de azeites extra-virgens adulterados, com diferentes quantidades de óleos de
pior qualidade.
Análise de óleos vegetais ______________________________________________________________________
64
Os resultados obtidos após processamento dos dados por PCA estão mostrados
na Figura VI.3.3, onde se observa a formação de basicamente dois grupos de óleos: o
dos óleos autênticos e o dos óleos adulterados. Antes do processamento da PCA
centaram-se os dados na média.
Figura VI.3.3 Gráfico de scores das amostras de óleos de oliva autênticas e adulteradas, após
processar PCA.
Embora outros testes tenham sido realizados visando à construção de modelos
de calibração e de previsão para quantificação dos adulterantes nas amostras de
azeites, os resultados obtidos não foram satisfatórios. Considerando que as
adulterações foram simuladas com pequenas quantidades do óleo adulterante (1% até
10%), o que pode ter interferido na obtenção de uma boa resposta analítica é a baixa
detectabilidade da técnica em questão para determinar compostos orgânicos em matriz
leve como a de óleo, figura de mérito ainda não avaliada para a XRF aliada à
quimiometria.
• 10% � 50 %
Análise de óleos vegetais ______________________________________________________________________
65
Assim, neste capítulo fica mais uma vez mostrada a potencialidade da técnica
em empregar sinais do espalhamento para realizar análises químicas. Nesse caso
específico dos óleos, o trabalho apresenta uma metodologia viável para ser
implementada nos laboratórios de rotina de controle de qualidade de óleos.
Obviamente, para isso, estudos mais detalhados devem ser realizados, principalmente
visando à construção de modelos de classificação de amostras de óleos, empregando
métodos supervisionados de análise multivariada como SIMCA ou KNN, por exemplo.
Análise de urina ______________________________________________________________________
67
CAPÍTULO VII -
ANÁLISE DE URINA
Análise de urina ______________________________________________________________________
69
VII.1 ANÁLISE DE URINA
A técnica de XRF teve sua primeira aplicação para análise de urina reportada na
literatura em 1969, quando Beyermann et al. determinaram quantidades em torno de
nanogramas de cromo, utilizando 25 mL de urina, após uma etapa de pré-concentração
com 8-quinolinol como agente quelante do analito. Até a década de 90, poucos
trabalhos foram reportados na literatura (Agarwal et al., 1975; Vos et al., 1981; Ping et
al., 1983), o que evidencia o desinteresse, na época, em utilizar a técnica para análises
de amostras líquidas, principalmente de amostras líquidas complexas, como é o caso
da urina.
Após o desenvolvimento da técnica de TXRF, o número de trabalhos que
envolvem a aplicação da XRF em análises de amostras líquidas aumentou
significativamente, colocando-a em pé de igualdade com outras técnicas
espectroquímicas (Klockenkämper, 2006). De qualquer maneira, a aplicação de XRF
em laboratórios de rotina ainda é bastante reduzida, sendo que os métodos
espectrofotométricos, os eletroanalíticos e os baseados em absorção atômica e
emissão óptica são os mais utilizados (Fleury, 1999).
Entretanto, se alguns aspectos interessantes da XRF forem considerados, como
a não necessidade de um preparo laborioso de amostra e, principalmente, a
possibilidade de determinação multielementar e simultânea de analitos inorgânicos e
orgânicos (como vem sendo descrita nesta tese), a proposta de empregar XRF e
quimiometria parece ser uma alternativa viável na área de análises clínicas.
Recentemente, o laboratório Fleury Medicina e Saúde vem investindo em novos
sistemas de análise de urina adquirindo novos equipamentos, visando à redução do
tempo gasto nas análises realizadas pelos métodos tradicionais (SaudeBusinessWeb,
2007).
Nesse contexto, o trabalho descrito neste capítulo propõe o uso da
espectrometria de raios X aliada a quimiometria para avaliar a quantificação
multielementar e simultânea de Ca, P, Na, K, Mg e Cl, glicose, uréia e creatinina em
urina, compostos frequentemente requisitados em exames clínicos, devido ao
importante controle destes compostos no organismo.
Análise de urina ______________________________________________________________________
70
A determinacao de Ca em urina é útil na avaliação de cálculo renal, lesões
ósseas, acidose tubular renal, etc. A determinação de P, na avaliação do balanço Ca/P,
acidose tubular renal, uso de diuréticos, etc. A determinação de Na, no equilíbrio hidro-
salino, oliguria renal, etc. A determinação de K, no balanço hidro-salino, ácido-básico,
hipocalemias renais, etc. A quantificação de Mg, na avaliação de homeostase. A
quantificação de Cl, no metabolismo hidro-salino, ação de diuréticos, etc. A
quantificação de uréia, como indicador da função renal. A quantificação de glicose, na
glicosúria em diabéticos e a determinação de creatinina, como índice de várias
substâncias (Fleury, 1999).
Para o desenvolvimento do método, uma parceria com o laboratório de análises
clínicas da UNICAMP foi estabelecida, a qual previa o fornecimento das amostras e
resultados das análises dessas amostras obtidos por métodos padrão de rotina.
Com a metodologia proposta, visa-se propor uma única alternativa para substituir
os diversos métodos empregados para quantificação de cada analito, gerando assim
economia de tempo e reagentes. Além disso, uma inovação dentro dos laboratórios de
análises clínicas poderia ser implementada usando o banco de dados gerado pela
técnica.
VII.2 PARTE EXPERIMENTAL
As amostras de urina (coletadas por 24 horas em frascos volumétricos de 2000
mL) cedidas pelo HC-UNICAMP são condicionadas em HNO3, 0,1 mol L-1 e
armazenadas em geladeira em frascos volumétricos de polietileno menores, de 50 mL,
por, no máximo, dois dias. Após esse tempo, as amostras são descartadas.
Para análise por XRF, porções analíticas (2 mL) são colocadas nos suportes
específicos para análise no espectrômetro e, em seguida, são irradiadas por 100
segundos em um equipamento EDXRF, modelo EDX 700, marca Shimadzu, operando
nas seguintes condições otimizadas: 15 kV de voltagem aplicada no tubo de Rh,
corrente variável (para 25% de dead-time do detector) e 10 mm de colimação do feixe.
Para análise por ICP OES, as amostras são diluídas a 50% e introduzidas diretamente
no espectrômetro modelo Optima 3000 DV, marca Perkin-Elmer, utilizando os seguintes
Análise de urina ______________________________________________________________________
71
parâmetros otimizados: visão axial do plasma, potência do plasma de 1,4 kW e vazões
de nebulização da amostra e do gás auxiliar iguais a 0,6 L min-1 e 0,5 L min-1,
respectivamente.
Os espectros gerados pelo EDXRF foram usados para construção de matrizes X,
de variáveis independentes (valores de energia, em eV) e Y, de variáveis dependentes
(concentrações de cada espécie nas amostras, obtidas pelo ICP OES para os
elementos Ca, P, Na, K, Mg e Cl e pelos métodos padrão do HC-UNICAMP para uréia,
glicose e creatinina). Os dados da matriz X foram centrados na média e analisados por
PLS, para construção dos modelos de calibração, via The Unscrambler, versão 9.2 da
CAMO.
VII.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os primeiros estudos com urina se iniciaram com a otimização da melhor
condição de armazenamento das amostras em laboratório. Sabe-se que os exames de
urina realizados em laboratórios de análises clínicas são feitos a partir da coleta e
análise da amostra no mesmo dia, para que não haja perdas e/ou contaminação
durante a estocagem do material. Entretanto, para o desenvolvimento de um método
analítico em laboratório de pesquisa, este procedimento fica inviável e, portanto, um
método eficiente de armazenamento da amostra teve que ser otimizado. Para isso,
quantificaram-se os elementos de interesse em amostras de urina, imediatamente após
a coleta e compararam-se os resultados obtidos com os das quantificações realizadas,
utilizando-se as condições citadas abaixo.
1. Armazenamento durante 2 dias fora da geladeira, sem nenhum conservante;
2. Armazenamento durante 2 dias fora da geladeira, com HNO3 0,1 mol L-1 como
conservante;
3. Armazenamento durante 2 dias na geladeira, sem conservante;
4. Armazenamento na geladeira com HNO3 0,1 mol L-1 como conservante por 1 dia, 2
dias e 3 dias.
Análise de urina ______________________________________________________________________
72
O armazenamento da amostra de urina na geladeira, com HNO3 0,1 mol L-1 como
conservante, por no máximo 2 dias, foi a melhor forma de estocar a amostra de urina no
laboratório. Nesta situação, nenhum precipitado se formou no fundo dos frascos, como
observado nas outras condições testadas, além dos testes não apresentarem diferença
significativa entre os valores obtidos antes e depois da estocagem, para os
elementos/compostos de interesse determinados. Além disso, a condição foi compatível
com as necessidades requeridas para análise da amostra no ICP OES.
No decorrer do trabalho, outro fator limitante do desenvolvimento do método foi a
dificuldade encontrada para obtenção dos resultados por métodos padrão utilizados no
Hospital das Clínicas da UNICAMP. Assim, houve a necessidade de se empregar uma
técnica de referência do IQ-UNICAMP para facilitar o desenvolvimento do método
proposto.
A técnica de ICP OES, já bastante utilizada para esse tipo de análise (Fleury,
1999), foi avaliada e apresentou resultados em concordância com os fornecidos pelo
laboratório do HC-UNICAMP. Assim, foi escolhida como técnica de referência para o
desenvolvimento do método por XRF.
Para a otimização das melhores condições de análise do ICP OES, foram
realizados testes envolvendo diferentes configurações do plasma, vazões de
nebulização e do gás auxiliar e potência do plasma. Para diagnosticar o plasma, foi
avaliada a robustez, que é um parâmetro geralmente analisado e pode ser calculada
através da razão das intensidades dos sinais de MgII/MgI. Essa razão forneceu um
resultado em torno de 10 para a matriz de urina, valor considerado adequado segundo
Mermet (1991). Dessa forma, as condições de operação do ICP OES descritas no item
VII.2 deste capítulo foram as selecionadas.
Considerando os testes realizados com o EDXRF, notou-se que os sinais
obtidos, empregando-se diferentes condições de operação do espectrômetro, variavam
de forma aleatória. Para otimizar as melhores condições do EDXRF, ou seja, que
fornecessem os melhores sinais analíticos, considerando-se também o espalhamento
como medida analítica, um planejamento fatorial 22 com ponto central foi realizado.
Análise de urina ______________________________________________________________________
73
Como respostas do planejamento experimental, os coeficientes de regressão das
curvas obtidas para cada analito, em cada experimento realizado, foram utilizados. Os
fatores avaliados foram tempo de irradiação da amostra (100 e 1000 segundos) e
voltagem aplicada ao tubo de Rh (15 e 50 kV). Os resultados obtidos se apresentam
nas Figuras VII.3.1 a VII.3.6, ressaltando que a melhor condição de trabalho,
representada nas superfícies de respostas, é a correspondente ao ponto (experimento)
mais alto da superfície. Nesse estudo, pode-se concluir que tanto a voltagem aplicada
ao tubo de Rh como o tempo de irradiação das amostras são fatores significativos na
obtenção da melhor resposta.
Figura VII.3.1 Superfície de resposta obtida para o elemento Ca.
Análise de urina ______________________________________________________________________
74
Figura VII.3.2 Superfície de resposta obtida para o elemento P.
Figura VII.3.3 Superfície de resposta obtida para o elemento Mg.
Análise de urina ______________________________________________________________________
75
Figura VII.3.4 Superfície de resposta obtida para o elemento Cl.
Observando as Figuras VII.3.1 a VII.3.4, nota-se que a voltagem aplicada ao tubo
de raios X e o tempo de irradiação das amostras influenciaram na quantificação desses
elementos (Ca, P, Mg e Cl) da mesma maneira, ou seja, quanto menor a voltagem e
menor o tempo de irradiação, melhor é a resposta obtida. Nesses casos, a
quantificação simultânea de Ca, P, Mg e Cl é favorecida, empregando-se as condições
do EDXRF estabelecidas em 15 kV e 100 segundos, enquanto 50 kV de voltagem no
tubo de Rh e 1000 segundos de irradiação das amostras levam aos piores resultados
analíticos.
Nas Figuras VII.3.5 e VII.3.6, é possível observar que o fator tempo passou a não
influenciar nas respostas para os analitos Na e K.
Análise de urina ______________________________________________________________________
76
Figura VII.3.5 Superfície de resposta obtida para o elemento Na.
Figura VII.3.6 Superfície de resposta obtida para o elemento K.
Empregando-se qualquer tempo para irradiação das amostras de urina, os
resultados obtidos para os elementos Na e K não se alteram, o que pode estar
relacionado com as altas concentrações desses elementos na urina.
Análise de urina ______________________________________________________________________
77
Tendo que optar por uma condição que atenda a análise simultânea de todos os
analitos avaliados, escolheu-se continuar os estudos com as amostras de urina
empregando-se o tempo de 100 segundos para irradiação das amostras e voltagem de
15 kV aplicada ao tubo de Rh.
A partir desses estudos, iniciou-se a construção dos modelos de calibração
multivariada com espectros de FRX, obtidos nas condições ótimas de operação do
EDXRF, e dados de referência do ICP OES (também obtidos com o ICP OES otimizado
para analisar urina) para os elementos Ca, P, Na, K, Mg e Cl. Empregou-se o método
PLS no modo leave-one-out para obtenção dos modelos, que estão representados nas
figuras VII.3.7 a VII.3.12.
Figura VII.3.7 Curvas de calibração e validação obtidas para o Ca com 3 variáveis latentes,
usando-se espectros de EDXRF convencional (valores previstos pelo modelo) e dados de ICP OES (valores de referência).
Análise de urina ______________________________________________________________________
78
Figura VII.3.8 Curvas de calibração e validação obtidas por PLS para o P com 3 variáveis
latentes, usando-se espectros de EDXRF convencional (valores previstos pelo modelo) e dados de ICP OES (valores de referência).
Figura VII.3.9 Curvas de calibração e validação obtidas por PLS para o Na com 2 variáveis
latentes, usando-se espectros de EDXRF convencional (valores previstos pelo modelo) e dados de ICP OES (valores de referência).
Análise de urina ______________________________________________________________________
79
Figura VII.3.10 Curvas de calibração e validação obtidas por PLS para o K com 2 variáveis
latentes, usando-se espectros de EDXRF convencional (valores previstos pelo modelo) e dados de ICP OES (valores de referência).
Figura VII.3.11 Curvas de calibração e validação obtidas por PLS para o Mg com 5 variáveis
latentes, usando-se espectros de EDXRF convencional (valores previstos pelo modelo) e dados de ICP OES (valores de referência).
Análise de urina ______________________________________________________________________
80
Figura VII.3.12 Curvas de calibração e validação obtidas por PLS para o Cl com 2 variáveis,
usando-se espectros de EDXRF convencional (valores previstos pelo modelo) e dados de ICP OES (valores de referência).
Os bons coeficientes de regressão das curvas apresentadas indicam modelos de
calibração eficientes para realizar as determinações requeridas em amostras de urina.
Com as facilidades oferecidas pela análise multivariada, avaliou-se também a
possibilidade de quantificar simultaneamente alguns compostos orgânicos
rotineiramente requisitados nos exames urina: uréia, glicose e creatinina, utilizando as
mesmas condições de irradiação. Os resultados estão mostrados nas figuras VII.3.13 a
VII.3.15.
Análise de urina ______________________________________________________________________
81
Figura VII.3.13 Curvas de calibração e validação da uréia com 4 variáveis, obtidas por PLS,
usando-se espectros de EDXRF convencional (valores previstos pelo modelo) e dados do HC-UNICAMP (valores de referência).
Figura VII.3.14 Curvas de calibração e validação da glicose com 4 variáveis, obtidas por PLS, usando-se espectros de EDXRF convencional (valores previstos pelo modelo) e dados do HC-
UNICAMP (valores de referência).
Análise de urina ______________________________________________________________________
82
Figura VII.3.15 Curvas de calibração e validação obtidas por PLS para a creatinina com 4 variáveis latentes, usando-se espectros de EDXRF convencional (valores previstos pelo
modelo) e dados do HC-UNICAMP (valores de referência).
Novamente, os coeficientes de regressão obtidos para as curvas de calibração e
validação indicam modelos adequados para a determinação dos compostos em
questão, em amostras de urina.
Utilizaram-se assim amostras retiradas do conjunto de validação (não incluídas
no modelo de calibração), para testar a previsão dos valores dos elementos e
compostos de interesse nas amostras de urina.
Os resultados estão apresentados na Tabela VII.3, na qual é possível observar
resultados razoavelmente próximos entre os valores de referência e os valores
previstos pelos modelos de calibração, embora alguns deles apresentem altos valores
dos desvios padrão das medidas.
Análise de urina ______________________________________________________________________
83
Tabela VII.3 Valores previstos pelos modelos de calibração construídos com dados do
EDXRF para os diferentes analitos e valores de referência (obtidos por ICP OES para os
elementos químicos e por métodos padrão do HC-UNICAMP para os compostos orgânicos).
Analito Amostra Valor previsto pelo modelo (mg L-1) Valor de referência (mg L-1)
Ca 1
2
3
4,9 + 0,3
23 + 1
176 + 2
5,5 + 0,3
24 + 1
176 + 9
P 1
2
3
103 + 4
328 + 6
504 + 9
125 + 6
305 + 15
564 + 28
Na 1
2
3
238 + 75
1232 + 58
3761 + 56
310 + 15
1250 + 62
3800 + 90
K 1
2
3
133 + 38
278 + 18
1703 + 27
144 + 7
308 + 15
1746 + 85
Mg 1
2
3
15 + 2
18 + 2
11 + 5
31 + 1
27 + 1
9,6 + 0,5
Cl 1
2
3
264 + 41
1408 + 92
5549 + 94
212 + 11
1464 + 70
5878 + 98
Uréia 1
2
3
ND*
20 + 3
50 + 9
0,5 + 0,1
15,5 + 0,7
50 + 3
Glicose 1
2
3
0,6 + 0,5
14 + 3
101 + 14
0,5 + 0,1
10 + 1
100 + 5
Creatinina 1
2
3
5,6 + 4,8
305 + 39
1116 + 18
8,8 + 0,5
280 + 14
1120 + 53
* ND = não detectado
Análise de urina ______________________________________________________________________
84
Ainda, analisando a Tabela VII.3, nota-se que a quantificação do elemento Mg
não foi satisfatória, considerando tanto a exatidão quanto a precisão da análise. Uma
possível explicação para isso pode ser o fato de, nesse caso, oito variáveis latentes
terem sido empregadas na construção do modelo proposto, o que deve ter causado um
super ajustamento da curva, levando a tais resultados.
De qualquer maneira, com os estudos realizados, fica mostrada a potencialidade
do método em realizar quantificações simultâneas de compostos orgânicos e
inorgânicos em amostras de urina, o que pode gerar alternativas interessantes de
análise dentro dos laboratórios de análises clínicas. Além disso, o fato desse tipo de
análise funcionar para amostras de urina, perspectivas de análise podem ser
consideradas para outros tipos de amostras, nas quais a determinação tanto de
compostos orgânicos como de certos elementos químicos tenham importância
considerável.
Considerando os resultados obtidos neste estudo, ainda é interessante
mencionar que existe uma coerência em se empregar a menor voltagem no tubo para
conseguir as melhores respostas analíticas para as análises das amostras de urina.
Quando o EDXRF efetua as irradiações nessas condições, o equipamento seleciona
uma faixa de energia para realizar a detecção dos sinais que se estende até ao redor
de 15 keV. Exatamente nessa região, muitos sinais Kα de fluorescência dos elementos
de interesse estariam se manifestando, além das linhas Lα e Lβ do tubo de Rh, que
aparecem como espalhamento da radiação. Ou seja, não haveria necessidade de se
ampliar o espectro para detectar altas energias referentes a elementos mais pesados.
Outra conclusão interessante é que os resultados obtidos neste trabalho
confirmaram que a melhor condição de análise a ser escolhida depende fortemente do
tipo de amostra que se está estudando. A melhor condição do EDXRF para análise de
urina foi diferente daquela mais apropriada para avaliar as amostras de adoçantes,
assim como o tubo de Rh, utilizado como fonte de excitação, também mostrou ser
eficiente nesse caso, conclusão oposta àquela em que foi empregado para irradiar
amostras a base de carbono e amostras de álcoois.
Conclusões ______________________________________________________________________
85
CAPÍTULO VIII - CONCLUSÕES
Conclusões ______________________________________________________________________
87
VIII. 1 CONCLUSÕES
Considerando os resultados mostrados nos capítulos anteriores fica provada a
potencialidade da técnica de XRF aliada à quimiometria para análises de diferentes
tipos de amostras como álcoois, adoçantes, óleos vegetais e urina.
Nos primeiros capítulos, o uso do espalhamento de raios X como sinal analítico
foi fundamental para abrir novas perspectivas de se empregar a XRF em análises de
amostras orgânicas de matriz leve, simples e complexas, um desafio da área de
espectrometria de raios X, até então.
Nos estudos com as amostras de adoçantes dietéticos e óleos vegetais, foi
possível avaliar a possibilidade de se empregar a técnica em estudos de identificação
de amostras, de grande interesse dentro da área de alimentos.
O desenvolvimento do método de determinação simultânea dos elementos Ca,
P, Na, K, Mg, Cl e dos compostos glicose, uréia e creatinina em urina, embora com
algumas pendências para ser aplicado na prática, ilustra outros aspectos positivos da
técnica proposta, baseados em análises rápidas e de baixo custo, atendendo às
necessidades dos grandes laboratórios de análises clínicas como os do HC-UNICAMP
e Fleury, por exemplo.
Assim, esta tese se apresenta como um trabalho pioneiro que visa incentivar o
desenvolvimento de novos trabalhos, dentro da área em que está sendo proposta.
Algumas funcionalidades, possibilidades e potencialidades da XRF aliada à
quimiometria, aqui apresentadas podem vir a ser bastante úteis em estudos futuros.
Referências Bibliográficas ______________________________________________________________________
89
CAPÍTULO IX -
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Referências Bibliográficas ______________________________________________________________________
91
IX. 1 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGARWAL, M.; BENNETT, R.B.; STUMP, I.G.; D’AURIA, J. Analysis of urine for trace elements by energy dispersive x-ray fluorescence spectrometry with a pre-concentrating chelating resin. Analytical Chemistry, v. 47, n. 6, p. 924-927, 1975. ALEXANDRE, T.L.; BUENO, M.I.M.S. Classification of some species, genera and families of plants by x-ray spectrometry. X-Ray Spectrometry, v. 35, p. 257-260, 2006. ARO, A.; AMARASIRIWARDENA, C.; LEE, M.L; KIM, R.; HU, H. Validation of K x-ray fluorescence bone lead measurements by inductively coupled plasma mass spectrometry in cadaver legs. Medical Physics, v. 27. n.1, p. 119-123, 2000. AUED-PIMENTEL, S.; TAKEMOTO, E.; MINAZZI-RODRIGUES; R.S.; BADOLATO, E.S.G. Azeite de oliva: incidência de adulterações entre os anos de 1993 a 2000. Revista do Instituto Adolfo Lutz, v. 61, n. 2, p. 69-75, 2002. Azeite de Oliva II INMETRO. 07 de mar. 2004. Disponível em <http://www.inmetro.gov.br/consumidor/produtos/azeite2.asp>. Acesso em 25 mar. 2007. BARILARO, D; BARONE, G.; CRUPI, V.; MAJOLINO, D.; MAZZOLENI, P.; TRISCARI, M.; VENUTI, V. Characterization of ancient amphorae by spectroscopic techniques. Vibrational Spectroscopy, v. 42, p. 381-386, 2006. BARTHUS, R.C.; MAZO, L. H.; POPPI, R.J. Determinação simultânea de NADH e ácido ascórbico usando voltametria de onda quadrada com eletrodo de carbono vítreo e calibração multivariada. Eclética Química, v. 30, p. 51-58 , 2005. BAZHANOVA, V.V; GULJAEVA, L.F.; KRASILNIKOV, S.E.; TITOVA, V.S.; SHAPORENKO, A.D.; SHULGA, Y. Using XRF SR for the study of changes in elemental composition of healthy and pathological tissues of human organisms. Nuclear Instruments and Methods in Physics Research A, doi: 10.1016/j.nima.2007.01.069, 2007. BERGMANN, U.; GLATZEL, P.; CRAMER, S.P. Bulk-sensitive XAS characterization of light elements: from X-ray Raman scattering to X-ray Raman spectroscopy. Microchemical Journal, v. 71, p. 221-230, 2002. BEYERMANN, K.; ROSÈ, H.J.; CHRISTIAN, R.P. The determination of nanogram amounts of chromium in urine by x-ray fluorescence spectroscopy. Analytica Chimica Acta, v. 45, p. 51-55, 1969. BIANCATO, D.; CECCATO, D.; CHIMINELLO, F.; MITTNER, P. Micro-PIXE and principal component analysis in a study of internal mixing phenomena in Antarctic coastal aerosol. Nuclear Instruments and Methods in Physics Research B, v. 249, p. 561-565, 2006. BOEYKENS, S.; VÁZQUEZ, C. Preliminary classification of polymers by using total-reflection X-ray fluorescence spectra. Spectrochimica Acta Part B, v. 59, p. 1189-1192, 2004. BORJESSON, J.; ISAKSSON, M.; MATTSSON, S. X-ray fluorescence analysis in medical sciences: a review. Acta Diabetologica, v. 40, p. S39-S44, 2003.
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