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Departamento de Artes & Design DESIGN E USABILIDADE DE APLICATIVOS DE SMARTPHONES PARA MOTORISTAS Aluno: Marcela Araújo Rodrigues Co-autor(es): Rafael Cirino Gonçalves Mariah Loureiro de Carvalho Orientador: Manuela Quaresma Introdução O uso de smartphones vem aumentando cada vez mais e já faz parte do dia-a-dia de muitas pessoas, seja em casa, no trabalho e no deslocamento pela cidade. Com isso, o desenvolvimento de diversos aplicativos também é, consequentemente, acelerado para suprir as necessidades que os usuários encaram durante o dia. Atualmente, existem vários aplicativos de smartphone para serem usados durante a condução de um automóvel, seja para guiar o motorista ao longo do caminho que ele deve percorrer, ou muitos outros serviços. É possível observar nas lojas de aplicativos que, a cada dia, novos aplicativos/serviços vem sendo desenvolvidos para o uso em automóveis. Apesar do crescimento desta fatia de mercado, muitas das funções e soluções dadas aos sistemas não estão de acordo com o contexto da condução. Quaresma e Gonçalves [1] apontaram em estudo anterior uma série de problemas no design de aplicativos de smartphone para motoristas, que podem oferecer riscos à condução e proporcionar eventuais acidentes. Por serem portáteis, smartphones e seus aplicativos podem ser utilizados, em tese, em qualquer situação, logo, os aplicativos devem estar preparados para a interação nos mais diversos contextos de uso, considerando as peculiaridades de cada um [2];[3]. Dessa forma, é preciso entender como o ambiente externo influencia nessa interação, quais os hábitos e estratégias de uso de cada motorista, para que os aplicativos possam se adaptar melhor às necessidades do usuário e ao contexto da condução, mitigando assim o risco em seu uso e otimizando a interação. Esta pesquisa é a continuação de um estudo em andamento sobre design e usabilidade de aplicativos de smartphone para motoristas.Os objetivos específicos da pesquisa realizada no período de 2014.2 e 2015.1 foram: 1) compreender as possibilidades de interações físicas com o smartphone dentro de um automóvel; 2) conhecer o contexto de uso dos aplicativos smartphone para uso em automóveis; 3) conhecer os hábitos e estratégias de uso e opinião dos motoristas usuários de smartphones em relação aos aplicativos destinados ao auxílio na condução de automóveis. Nesta segunda etapa da pesquisa, chegou-se a um panorama geral sobre o uso de aplicativos no contexto da condução, e seus resultados geraram 1 artigo nacional (avaliado como melhor trabalho de um congresso) e 1 artigo internacional (publicado em revista indexada). Aplicativos de smartphone para motoristas Diferente dos telefones celulares tradicionais, os smartphones são aparelhos de comunicação com tecnologia muito mais próxima a um computador pessoal (PC). Uma das suas principais características são aplicativos que podem ser instalados nele. Os aplicativos são programas (softwares) das mais variadas categorias, que rodam nos sistemas operacionais específicos de cada smartphone. Por exemplo, com o uso da rede de telefonia móvel 3G ou mesmo uma rede Wi-Fi disponíveis em smartphones, é possível acessar a internet através do aparelho para rodar aplicativos de e-mail, redes sociais e mesmo navegar por sites. Além dos aplicativos e aliada àquestão da mobilidade, a geolocalização é outro recurso dos smartphones bastante importante e utilizado, pois é possível através de uma

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Departamento de Artes & Design

DESIGN E USABILIDADE DE APLICATIVOS DE SMARTPHONES PARA

MOTORISTAS

Aluno: Marcela Araújo Rodrigues

Co-autor(es): Rafael Cirino Gonçalves

Mariah Loureiro de Carvalho

Orientador: Manuela Quaresma

Introdução

O uso de smartphones vem aumentando cada vez mais e já faz parte do dia-a-dia de

muitas pessoas, seja em casa, no trabalho e no deslocamento pela cidade. Com isso, o

desenvolvimento de diversos aplicativos também é, consequentemente, acelerado para suprir

as necessidades que os usuários encaram durante o dia. Atualmente, existem vários

aplicativos de smartphone para serem usados durante a condução de um automóvel, seja para

guiar o motorista ao longo do caminho que ele deve percorrer, ou muitos outros serviços. É possível observar nas lojas de aplicativos que, a cada dia, novos aplicativos/serviços vem

sendo desenvolvidos para o uso em automóveis. Apesar do crescimento desta fatia de mercado, muitas das funções e soluções dadas

aos sistemas não estão de acordo com o contexto da condução. Quaresma e Gonçalves [1]

apontaram em estudo anterior uma série de problemas no design de aplicativos de smartphone

para motoristas, que podem oferecer riscos à condução e proporcionar eventuais acidentes.

Por serem portáteis, smartphones e seus aplicativos podem ser utilizados, em tese, em

qualquer situação, logo, os aplicativos devem estar preparados para a interação nos mais

diversos contextos de uso, considerando as peculiaridades de cada um [2];[3]. Dessa forma, é

preciso entender como o ambiente externo influencia nessa interação, quais os hábitos e

estratégias de uso de cada motorista, para que os aplicativos possam se adaptar melhor às

necessidades do usuário e ao contexto da condução, mitigando assim o risco em seu uso e

otimizando a interação.

Esta pesquisa é a continuação de um estudo em andamento sobre design e usabilidade

de aplicativos de smartphone para motoristas.Os objetivos específicos da pesquisa realizada

no período de 2014.2 e 2015.1 foram: 1) compreender as possibilidades de interações físicas

com o smartphone dentro de um automóvel; 2) conhecer o contexto de uso dos aplicativos

smartphone para uso em automóveis; 3) conhecer os hábitos e estratégias de uso e opinião dos

motoristas usuários de smartphones em relação aos aplicativos destinados ao auxílio na

condução de automóveis.

Nesta segunda etapa da pesquisa, chegou-se a um panorama geral sobre o uso de

aplicativos no contexto da condução, e seus resultados geraram 1 artigo nacional (avaliado

como melhor trabalho de um congresso) e 1 artigo internacional (publicado em revista

indexada).

Aplicativos de smartphone para motoristas

Diferente dos telefones celulares tradicionais, os smartphones são aparelhos de

comunicação com tecnologia muito mais próxima a um computador pessoal (PC). Uma das

suas principais características são aplicativos que podem ser instalados nele. Os aplicativos

são programas (softwares) das mais variadas categorias, que rodam nos sistemas operacionais

específicos de cada smartphone. Por exemplo, com o uso da rede de telefonia móvel 3G ou

mesmo uma rede Wi-Fi disponíveis em smartphones, é possível acessar a internet através do

aparelho para rodar aplicativos de e-mail, redes sociais e mesmo navegar por sites.

Além dos aplicativos e aliada àquestão da mobilidade, a geolocalização é outro

recurso dos smartphones bastante importante e utilizado, pois é possível através de uma

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antena GPS localizar o ponto exato onde o smartphone está situado ou mesmo rastrear o

caminho percorrido quando ele está em movimento. Com esse recurso, muitos aplicativos

foram desenvolvidos para dar suporte à mobilidade das pessoas, possibilitando uma

diversidade de novos serviços, como por exemplo, os aplicativos para localização de postos

de gasolina próximo à área onde o automóvel/smartphone está circulando.

Aplicativos de smartphone para motoristas podem ser utilizados para diversas funções,

seja para guiar o motorista ao longo do caminho que ele deve percorrer, seja para dar

informações sobre o tráfego, seja para avisar sobre os eventos que estão ocorrendo no trânsito

(como acidentes, obras, etc.), e muitos outros serviços. É possível observar nas lojas de

aplicativos (virtuais) que, a cada dia, novos aplicativos/serviços vêm sendo desenvolvidos

para o uso em automóveis.

As imagens abaixo (figuras 1, 2 e 3) apresentam as interfaces de um dos tipos de

aplicativo disponíveis para os motoristas – os sistemas de navegação GPS. Esses sistemas,

através de uma base de dados com mapas das regiões e a geolocalização, guiam o motorista

de um ponto ao outro indicando cada passo do caminho, tanto por interfaces visuais como por

áudio. Além dessa característica básica desse tipo de aplicativo, outros serviços também estão

inseridos nesses sistemas, como alerta de radar e informações sobre o trânsito, utilizando a

rede de internet.

Figura 1–TomTom Brazil App

–sistema de navegação GPS de

origem holandesa com base de

dados e mapas do Brasil

Figura 2–iGO Primo BrazilApp

–sistema de navegação GPS de

origem húngara com base de

dados e mapas do Brasil

Figura 3–Sygic GPS Navigation

App –sistema de navegação GPS

de origem eslovaca com base de

dados e mapas do Brasil

Beneficiando-se da possibilidade de comunicação entre as pessoas/usuários de

smartphones através da internet, existe outro tipo de aplicativo para uso em automóveis, que

vem sendo amplamente utilizado a cada dia, conhecidos como aplicativos comunitários, que

funcionam como “redes sociais”de motoristas. As imagens a seguir (figuras 4, 5 e 6)

apresentam alguns exemplos de interfaces desse tipo de aplicativo. Basicamente, todos

funcionam como alertas de radar ou eventos (acidentes, obras, engarrafamento, etc.),

sinalizados pelos próprios motoristas, que formam uma comunidade específica de um dado

aplicativo. Por exemplo, ao conduzir o automóvel numa rua onde há um acidente, o motorista

através de inputs no aplicativo alerta a todos os outros motoristas da comunidade de que

existe um acidente naquele exato ponto, que é identificado através geolocalização e

apresentado para a comunidade pela interface do aplicativo.

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Figura 4–WazeApp –aplicativo

israelense de alerta comunitário e

sistema de navegação GPS

disponível em vários países,

incluindo o Brasil

Figura 5–TrapsterApp –aplicativo

americano de alerta comunitário

disponível em vários países,

incluindo o Brasil

Figura 6 –iCoyoteApp –

aplicativo francês de alerta

comunitário, disponível em

vários países europeus

Outro tipo de aplicativo para uso em automóvel muito útil é aquele que transmite

unicamente informações sobre trânsito da cidade, como os exemplos das interfaces abaixo

(figuras 7, 8 e 9). Nesses aplicativos não há um guia de rota, apenas as imagens de mapas ou

câmeras de monitoramento que apresentam as informações e condições do trânsito, vindas

pela internet.

Figura 7–Maplink Trânsito App

–aplicativo brasileiro de

informação de tráfego em tempo

real

Figura 8 – Sytadin App –

aplicativo francês de informação

de tráfego em tempo real

Figura 9 – Vai Rio App –

aplicativo brasileiro de alertas

sobre o tráfego no Rio de

Janeiro

Um quarto tipo de aplicativos para motoristas é o de assistência na condução, que

utiliza da tecnologia de realidade aumentada. Esses aplicativos auxiliam o motorista em

tempo real no monitoramento do status do veículo, apresentando a sua velocidade, a distância

em relação ao veículo a frente a fim de alertar para uma possível colisão, o diagnóstico da

condução (economia de combustível, emissão de CO2, etc.) e possibilitando a gravação do

percurso para análise posterior. Alguns exemplos de interfaces desse tipo de aplicativo são

apresentados a seguir nas figuras 10 e 11.

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Figura 10–iOnRoad App –aplicativo israelense de

assistência na condução Figura 11–Safety Sight App –aplicativo japonês de

assistência na condução

Esses são apenas alguns exemplos dos aplicativos mais populares no Brasil e no

exterior, que estão disponíveis para motoristas. Muitos outros estão disponíveis nas principais

lojas de aplicativos e muitos ainda devem surgir nessa categoria

Caracterização do problema

Como pode ser visto nos exemplos apresentados acima e mesmo em outros aplicativos

disponíveis para motoristas, várias das informações apresentadas nas telas têm um tamanho

muito pequeno para serem lidas durante a condução, ainda mais se for considerado que o

automóvel está em movimento com trepidação. Não só o tamanho reduzido das informações,

mas também a quantidade de informações apresentadas dificulta a leitura e compreensão das

mesmas, com telas sobrecarregadas de pictogramas, imagens e texto em alguns casos.

Além disso, outras questões parecem ser problemáticas nas interfaces desses

aplicativos, como a demanda visual necessária para a conclusão de tarefas de entrada de

dados e a falta de padronização e compatibilidade em relação à expectativa do usuário e aos

sistemas operacionais onde os aplicativos rodam [4], assim como o excesso de interações

necessárias para fazer o aplicativo funcionar durante a condução. Todos esses problemas

podem levar a potenciais distrações do motorista, prejudicando a segurança rodoviária.

Sendo assim, cabe esclarecer algumas questões quanto ao design das interfaces desse

tipo de aplicativo:

- as interfaces de aplicativos smartphones concebidos para o uso durante a condução de

automóveis estão adequadas, de forma a evitar distrações do motorista?

- as interfaces são fáceis de usar durante a condução?

- que diretrizes de design de interfaces existem para o desenvolvimento de aplicativos de

smartphone? Se existem algumas, será que elas consideram o uso dos aplicativos durante a

condução de um automóvel e seu potencial de distração ao motorista?

Distração do motorista

De acordo com a NHTSA –National Highway Traffic Safety Administration [5],

órgão responsável pela segurança no trânsito norte-americano, a distração do motorista pode

ser definida como “um tipo específico de desatenção que ocorre quando os motoristas

desviam sua atenção da tarefa de dirigir para se concentrar em outra atividade”. Esta distração

pode ocorrer de diferentes maneiras, de acordo com as seguintes categorias:

• Distração Visual –através de tarefas que exigem que o motorista desvie o olhar da via

para obter informação visual (como as interfaces visuais dos aplicativos);

• Distração Manual –através de tarefas que exigem que o motorista retire uma das mãos

do volante para manipular algum dispositivo (como a entrada de dados em aplicativos

através de touchscreens e botões físico);

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• Distração Cognitiva –através de tarefas que tiram a atenção do motorista para longe da

tarefa de dirigir (como tentar compreender uma informação confusa apresentada na

interface do aplicativo).

Como a tarefa de dirigir requer do motorista uma especial atenção ao que se passa a

sua frente, a distração visual pode ser considerada a que mais ocorre e, consequentemente, a

que mais pode causar acidentes. Wang et al. apud Burns & Landsdown [6] declararam que

13% dos acidentes com automóveis nos EUA estão relacionados à distração visual e que parte

desta distração pode estar relacionada ao uso de sistemas de informação e comunicação em

veículos. Brooks & Rakotonirainy [7] ainda colocam que quanto maior for a demanda visual

do sistema mais perigosa se torna a condução de um automóvel. Segundo Orski apud Burns &

Landsdown [6], empresas desenvolvedoras de equipamentos eletrônicos para automóveis vêm

sugerindo como solução para a distração visual a aplicação de interfaces baseadas na fala

(comando/reconhecimento de voz e áudio). Desta maneira, o motorista não teria mais a

necessidade de olhar para dentro do veículo e acionar manualmente os controles para concluir

a tarefa desejada no equipamento. Porém, neste momento, desconsidera-se o quão isto pode

influenciar na carga mental do motorista. Não só os olhos dos motoristas devem estar atentos

à via como também a mente, para evitar tanto a distração visual como também a distração

cognitiva. Vários pesquisadores [6]; [8]; [9]; consideram que sistemas baseados na fala não

solucionam totalmente o problema da distração com sistemas de informação em automóveis.

Distração do motorista com o uso de smartphones

O ambiente da condução é complexo, com muitas variáveis envolvidas, requerendo

muito esforço do motorista em diversas tarefas. McKnight & Adams [10] alegam que a tarefa

de dirigir é composta por mais de 1500 atividades mentais simultâneas, o que faz com que

nem sempre o motorista seja capaz de manter o foco na atividade principal e aumenta a

probabilidade de ocorrência de acidentes.

Junto à complexidade da tarefa de dirigir, produtos tecnológicos para o uso em

veículos estão em constante crescimento no mercado, porém muitas deles não são focados na

tarefa de conduzir. Lee et al. [11] define o contexto da condução como uma constante disputa

entre a tarefa principal e as secundárias pela atenção do motorista. Cada atividade secundária

pode prejudicar severamente a performance da atividade principal de conduzir, aumentando o

risco de acidentes. Toda vez que uma pessoa realiza uma atividade paralela, a atenção da

mesma deve alternar constantemente com a demanda da principal. Toda vez que a atenção do

motorista é requerida por ambas, o mesmo pode não ser capaz de lidar com as atividades de

forma efetiva, propiciando a ocorrência de acidentes.

Quando realizamos uma tarefa secundária dentro do contexto da condução, muitos

pontos importantes devem ser considerados, no que tange a interação com dispositivos

embarcados, como o campo de visão do motorista, trepidação do veículo, o alcance dos

controles/interface e a apresentação das informações.

Mesmo com todas as questões específicas inerentes a este contexto, o aumento do

número de smartphones no mercado permitiu o crescimento do número de aplicativos para

motoristas nas lojas de aplicativos (Apple AppStore, Google Play e Windows Phone). Estes

aplicativos desempenham diferentes funções, como oferecer informações sobre o tráfego,

alertar sobre anormalidades na via, navegação GPS e afins. Isso significa que aplicativos para

motoristas oferecem diferentes possibilidades, não se limitando apenas ao auxílio na tarefa

principal de conduzir. Para reduzir os impactos causados pelo uso de smartphones durante a

condução, aplicativos devem considerar todas as características do seu contexto de uso [2];

[3] além de também estarem de acordo com as estratégias de interação dos seus usuários e

com a forma com que eles utilizam seus aparelhos dentro de veículos. Como apontado por

Ramm et al. [12], quanto mais natural é a interação com dispositivos embarcados, menos

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distrações podem ocorrer durante a condução. Magnussonet et al. [13] também declaram que

toda atividade possui características sociais em diferentes ambientes, logo, devemos nos focar

no modo com que a tarefa é realizada, o que interfere na mesma e o que a modifica. Todas

essas informações trazem o respaldo necessário para a concepção de produtos melhor

adaptados para o uso no mundo real.

A fim de propor uma alternativa segura para o uso de aparelhos móveis dentro de

veículos, algumas montadoras (Ford, Honda, entre outras) criaram dispositivos embarcados

(IVIS) que se conectam com o smartphone do usuário, sincronizam seus

conteúdos/funcionalidades e exibindo-os em seus displays, além de permitir a operação por

seus botões. Porém Heikkinenet et al. [14] afirmam que a inserção das funcionalidades de um

smartphone em um IVIS não pode ser entendida apenas como uma simples adaptação da

interface do aplicativo para outro aparelho. Os designers devem entender as necessidades dos

usuários para além das demandas oferecidas pelo ambiente da condução, observando suas

atitudes e motivações para a interação. Os autores também pontuam que uma importante

diferença entre o uso de IVIS dedicados e aplicativos é o fato de que smartphones possuem

muitas outras funções que podem ser utilizadas ao mesmo tempo, o que altera o ambiente da

tarefa e traz novas demandas para o design de interface. Harvey et al. [15] alegam que os principais problemas a serem considerados sobre o

uso de IVIS podem ser divididos em 6 fatores principais: 1) a realização de duas atividades

concomitantes durante a condução; 2) a grande gama de características diferentes dos

usuários; 3) seu uso em múltiplas condições ambientais; 4) diferentes níveis de treinamento

dos usuários com sistemas; 5) variações nas frequências de uso; e 6) a adoção bem-sucedida

do sistema pelos usuários.Entretanto, todos estes pontos devem ser considerados

individualmente durante o processo de design de um aplicativo para motoristas, e isso só se

faz possível com o conhecimento pleno dado contexto de uso de smartphones durante a

condução.

Além disso, motoristas costumam utilizar muitos outros aplicativos em concomitância

com aqueles concebidos para o uso durante o contexto da condução. Acredita-se que os

impactos da interação com este tipo de serviço também devem ser levados em conta para o

entendimento das necessidades deste usuário.

Heikkinen et al. [14] apontam para o fato que aparelhos celulares também são

utilizados como ferramenta de comunicação entre o motorista e sua família/amigos. Os

autores enfatizam a importância da educação do motorista para uma interação segura com seu

smartphone durante a condução, porém estruturas reguladoras não proporcionam tal educação

de forma efetiva. Hallett et al. [16] afirmam que campanhas públicas desempenham um papel

bom papel informativo sobre os riscos oferecidos pelo uso de smartphones durante a

condução, porém, os avisos não são seguidos pelos motoristas em suas atividades cotidianas.

Metodologia

Para se alcançar os objetivos desta pesquisa, foram aplicadas técnicas de abordagem

quantitativa e qualitativa, cujos dados foram posteriormente analisados e organizados de

forma a representar informações contundentes.

Para o levantamento de um panorama geral das estratégias e opinião dos motoristas

quanto ao uso de aplicativos durante a condução, foi aplicado um questionário online [17],

com proposições/questões objetivas e algumas perguntas abertas. Optou-se pela utilização

desta técnica devido a seu grande espectro de abrangência, uma vez que para se traçar um

panorama de toda uma população, faz-se necessário uma grande amostragem de dados.

Com uma visão geral do contexto de uso de aplicativos durante a condução, hipóteses

de persona foram criadas [18] e com base nelas foram feitas inquirições contextuais [19]

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entendendo de forma mais aprofundada como se dão as interações entre o motorista e seu

smartphone durante a condução.

Por fim, todos os dados foram utilizados para a criação de personas [18] e cenários de

uso. As personas e os cenários foram construídos com base no cruzamento entre os dados

qualitativos e quantitativos, identificando padrões de comportamento. Ao fim, pôde-se

construir uma imagem geral sobre o uso de smartphones no contexto da condução; assim

como foi possível entender quais as principais demandas e estratégias de uso de aplicativos

dentro do cenário brasileiro.

Resultados do Questionário

O questionário foi composto de 30 perguntas divididas em 4 seções, cada uma delas

com perguntas relativas a uma questão sobre o uso de smartphones para motoristas. A

primeira seção era composta basicamente por questões de filtragem de perfil de respondente,

já que o escopo desta pesquisa visa apenas motoristas que utilizam smartphones durante a

condução, todos aqueles que não faziam parte deste perfil de usuário foram sumariamente

descartados. A segunda seção abarcou questões sobre a interação do motoristas com os seus

respectivos smartphones de forma genérica: onde eles o posicionam enquanto conduz, de que

forma interagem com os mesmos e afins. A terceira seção foi destinada especificamente a

informações sobre a interação de motoristas com os aplicativos: que tipos utiliza, se utiliza

mais de um, com que frequência utilizam, assim como as estratégias de uso. Por fim, a quarta

seção possuía questões de cunho demográfico, para coletar informações sobre quem era o

respondente, facilitando a caracterização dos dados e avaliar o espectro da amostragem

coletada.

A plataforma utilizada foi o “Eval&Go”e a divulgação ocorreu em território brasileiro,

com respondentes de todas as regiões do país. O principal meio de divulgação do questionário

foram redes sociais, fóruns e comunidades relacionados tanto a conteúdos relativos a

plataformas mobile, quanto a conteúdo automotivo. Os dados coletados nessa etapa são

quantitativos e mostram quais os hábitos mais comuns entre os brasileiros.

O questionário obteve 538 respondentes, sendo 366 que se encaixavam no perfil de

usuário (Brasileiro, maior de 18 anos e usuário de smartphone no carro). A maioria dos

respondentes estava entre 18-39 anos de idade e não houve uma diferença relevante de

gênero. A amostragem da pesquisa foi composta apenas por motoristas brasileiros, logo, não

necessariamente ela pode ser representativa de outros países.

Os dados coletados em relação à interação física com o smartphone demonstram que a

orientação de tela mais utilizada durante a condução é a vertical, sendo preferida por 79% dos

respondentes. Apesar da diferença expressiva, o local em que o smartphone é posicionado

influencia na opção pela orientação vertical ou horizontal da tela. Quando colocado em um

suporte no painel de instrumentos, a orientação vertical apresenta 61% de frequência entre os

respondentes em relação à orientação horizontal (39%). No entanto, ao comparar as

orientações de tela dos usuários que preferem colocar o smartphone em seu colo, a diferença

dentre elas foi de 92% para orientação vertical e 8% para orientação horizontal. Alguns

fatores influenciam a escolha do usuário pela orientação vertical: 1) em geral, os aplicativos

inicializam na orientação portrait, como é sugerido pela Apple Interfaces Human Guidelines

[20], por exemplo; e 2) fatores como a trepidação do veículo e alcance do dedo polegar

também exercem influência, visto que, ao segurar o smartphone na posição vertical, há mais

precisão na interação com a tela touch screen e uma maior firmeza ao interagir devido à pega

da mão.

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Fig. 12 - Gráfico do local de posicionamento do smartphone relacionado ao tipo de orientação

utilizada

Outro ponto que cabe ser ressaltado é o fato de que a orientação vertical possa estar

sendo preferida devido a sua capacidade de exibir mais informações sobre orientação do

trajeto de navegação durante o uso de mapas (informação esta de suma importância dentro

do contexto de condução). Por se tratar de um caminho contínuo, a informação à frente do

usuário ganha um papel de destaque em detrimento a informações sobre o trajeto já percorrido ou sobre o ambiente ao seu redor. Logo a orientação vertical permite a exibição

mais efetiva de informações relevantes ao usuário dentro deste contexto.

A figura 13 mostra que a maioria dos locais onde os smartphones são posicionados é:

perto do câmbio de marchas, no colo e no banco do passageiro. Em geral, tais locais se

encontram abaixo da linha de downvision [21]. Acredita-se que devido a esta prática, para

interagir com o smartphone, o motorista necessite desviar sua visão para fora da via. Young

et al. [21] afirma que o desvio da visão do motorista da via pode comprometer a sua

capacidade de controlar o veículo com eficiência e sua capacidade de reagir a situações

adversas. Devido a este fato, os autores alegam que todo dispositivo que possa vir a oferecer

informações ao usuário deve estar posicionado dentro do limite de downvision, o que nem

sempre ocorre no uso de smartphones. Acredita-se que esta prática seja danosa para a

segurança rodoviária, logo, deve ser considerada e combatida no design de interface de

aplicativos.

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Fig. 13 - Gráfico do posicionamento do smartphone durante a condução

O posicionamento do smartphone não influencia somente na orientação da tela, mas

também no dedo utilizado durante a interação com o dispositivo. Observou-se que o

indicador é o mais utilizado quando o aparelho é colocado no painel de instrumentos ou

quando está em um suporte no pára-brisas. Jáo polegar foi preferido nas situações em que o

smartphone é posicionado próximo ao câmbio de marchas, quando guardado no bolso ou na

bolsa, quando está no banco do passageiro ou no colo. O posicionamento no porta luvas

apresentou resultados iguais para ambos os dedos. Uma parcela pouco significativa revelou

usar o dedo médio. Presume-se que o uso do dedo polegar como o mais frequente possa estar

relacionado com o hábito do usuário de utilizar o smartphone segurando com a mão em

outros contextos de uso e com os outros fatores já mencionados quanto à orientação de tela.

Isso faz com que tal hábito se repita dentro do veículo por uma mera questão de costume.

Acredita-se que o aumento relativo do uso do indicador em locais como o suporte no para-

brisas possa estar relacionado com a distância entre o aparelho e o alcance do braço do

motorista. Assume-se que a distância pode fazer com que o usuário não consiga alcançar

facilmente o aparelho a ponto de conseguir segurá-lo com a mão, o que propicia o uso do

indicador para aumentar o alcance do braço.

Quando perguntados sobre a forma como conectam seu smartphone ao carro, 39%

dos usuários disseram conectar via bluetooth, 40% não faz conexão e 34% faz conexão por

cabo. Observa-se que a maior parte dos respondentes faz conexão entre seu smartphone e o

veículo. Entretanto, a conexão via Bluetooth ainda é uma novidade na maioria dos veículos

brasileiros. Um dos motivos que justifica o posicionamento do smartphone abaixo da linha

de downvision pode ser referente ao tipo de conexão feita entre o smartphone e o carro.

Percebeu-se que 42% das pessoas que colocam seu smartphone no câmbio de marcha,

utilizam como meio de conexão o cabo. Acredita-se que esse fato se deve à limitação de

mobilidade causado extensão do cabo.

Dentre os diferentes tipos de informações mais consumidas pelos motoristas durante

a condução, se destacam principalmente aquelas relativas ao trânsito, acompanhado por

chats/comunicação, como pode ser visto na figura 14. Destaca-se a grande frequência do uso

de aplicativos de chat (50%) e SMS (34%) durante a condução, mesmo com todos os

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problemas ressaltados por pesquisas quanto a esta prática durante a condução [16]; [22];

[23].

Fig. 14 - Gráfico de informações consultadas no smartphone durante a condução

No contexto da condução, não são apenas aplicativos relacionados à tarefa de dirigir

são consultados. Quando perguntados sobre que apps são utilizados em concomitância, a

maioria dos respondentes afirmou utilizar apps para motoristas e aplicativos de comunicação

(chats, email e afins), seguidos de aplicativos de música. Acredita-se que a adoção desses

tipos de aplicativos neste contexto se dá pela tentativa de otimização do tempo devido ao

excesso de engarrafamentos nas grandes cidades brasileiras. Damatta (2010), afirma que o

ambiente de trânsito do Brasil é extremamente conturbado e fonte de estresse, o que faz com

que pessoas busquem por formas de se desvencilhar de problemas ou amenizá-los tanto

quanto possível. Supõe-se que uso de aplicativos que monitorem o trânsito e que forneçam

informações fidedignas em tempo real é feito no intuito de evitar ao máximo a passagem por

engarrafamentos e possíveis estresses relativos ao deslocamento. A forte presença do uso de

aplicativos de chat durante a condução pode ser justificada pelo mesmo motivo, uma vez que

estes aplicativos podem ser vistos como sistemas de entretenimento para momentos críticos.

Também se acredita que o uso de chats desempenha uma função de otimizar o tempo no dia-

a-dia do motorista. As figuras 15 e 16 mostram que o uso do smartphone durante a condução

cumpre a função de tornar o motorista mais disponível para sua família, amigos e trabalho, o

que justifica a utilização dessas ferramentas para comunicação dentro do veículo.

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Fig. 15 - Me tornar mais acessível para

família e amigos

Fig. 16 - Me tornar mais disponível para o

trabalho

Sobre o tópico da opinião dos usuários quanto a sua própria segurança durante o uso

de aplicativos na condução, os dados apontam para uma incoerência entre a sua percepção de

risco e os atos praticados em prol da segurança. De acordo com os resultados do

questionário, constatou-se que 50% dos usuários não acham que os aplicativos de seus

smartphones os ajudam a dirigir de uma maneira mais segura. Nas questões abertas,

diversos respondentes reconheceram os riscos relacionados à distração causada pelo uso de

aplicativos durante a condução. Constata-se que a ideia do uso de aplicativos dentro do

veículo como prática arriscada seja senso comum dentro da população brasileira. Tal ideia

ainda se faz presente quando 72% dos respondentes afirmaram que se incomodariam de

poder acessar mais informações enquanto se está dirigindo. Acredita-se que mecanismos de

prevenção em massa, como o Código de Trânsito Brasileiro que proíbe o uso de celular

durante a condução, exercem influência para a construção de uma imagem negativa quanto

ao uso do smartphone durante a condução.

Apesar dos dados acima, constatou-se que o comportamento do usuário quanto ao uso

de smartphones se mostra antagônico ao seu discurso. Como dito anteriormente, grande

parte dos motoristas posicionam seus smartphones fora do campo de visão da via, o que

propicia o desvio do olhar do motorista para fora da via, impedindo-o de enxergar o que está a sua frente. Tal prática pode tornar o motorista incapaz de reagir em uma situação de risco.

Outro comportamento inapropriado observado foi o uso de ferramentas de mensagem e

comunicação por grande parte dos respondentes do questionário. Hallet et al. [16] constatou

que o ato de digitar no smartphone durante a condução é uma atitude que pode trazer riscos à segurança, mas que mesmo assim, motoristas ainda o fazem e consideram menos danoso do

que outras práticas, como falar no celular enquanto dirige.

Acredita-se que a incoerência entre o discurso do usuário e suas ações esteja

relacionada à sua própria percepção quanto aos riscos vinculados aos seus atos. De acordo

com Dejoy [25] pessoas quando estão sob o controle de um veículo tendem a se sentir mais

hábeis ao volante e menos propensas a se envolverem em acidentes. Dejoy [25]; Machado

[26] e Damatta [27] ainda afirmam que este fenômeno faz com que pessoas acreditem que

apenas os outros motoristas estejam sujeitos a riscos e erros.

Levando em consideração a teoria acima e os dados obtidos, faz-se crer que os

motoristas desvinculam suas práticas de uso do smartphone a um comportamento de risco.

Acredita-se que o discurso de represália quanto ao uso de aplicativos no trânsito seja

construído a partir da observação do comportamento dos demais motoristas, que ressaltam os

riscos inerentes a esta prática.

Ao se observar os anseios quanto a novas funções/aparelhos e/ou aplicativos para

serem utilizados durante a condução, pôde-se constatar que a maioria dos respondentes sente

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a necessidade de ferramentas contextuais que auxiliem a condução, entrada de dados e

visualização da informação sem a necessidade da interação física entre o humano e o

sistema. A função mais comentada/desejada dos respondentes deste estudo foi a

possibilidade de interação com o smartphone com comandos de voz. Acredita-se que a

comunicação por voz seja vista como algo importante devido ao fato de permitir ao

motorista utilizar o seu smartphone em quanto dirige, sem a necessidade de manipulá-lo

fisicamente e/ou olhar para ele.

O segundo ponto de maior importância foi relativo à apresentação de informações de

forma contextual diretamente no para-brisa do motorista, através de um HUD (head up

display). Acredita-se que este tipo de função esteja diretamente relacionada com a

necessidade dos comandos de voz, dispensando completamente a necessidade de interagir

com o aparelho smartphone para a utilização de aplicativos.

O terceiro ponto mais apontado por parte dos respondentes está relacionado com a

aplicação de uma inteligência artificial que realize algumas atividades sem a necessidade de

um comando expresso do usuário. Assume-se que a necessidade deste tipo de serviço esteja

relacionada a uma intenção de redução do esforço cognitivo durante a condução,

característica essa muito importante para tal contexto [10]. Outro fator que acredita-se estar

relacionado a isto é a difusão e popularização de tecnologias de inteligência artificial, que se

tornam cada vez mais presentes na mídia e orientam a vontade do consumidor, aliada a sua

necessidade.

Com base na literatura e nos relatos dos usuários, conclui-se que as necessidades dos

mesmos estejam diretamente relacionadas às demandas em termos de esforço por parte do

contexto da condução e consequentemente aos tipos de distração que podem se abater sobre

o motorista. Quando observamos as três principais necessidades/anseios dos respondentes,

fica evidente que cada uma delas é relativa a um tipo de demanda/distração do motorista

(NHTSA; 2005), sendo o comando de voz relativo à distração manual; o HUD à visual e a

inteligência artificial à cognitiva.

Apesar desta suposta preocupação dos usuários quanto à sua demanda durante o uso

de aplicativos, questiona-se se a abordagem proposta pelos mesmos durante o questionário se

mostra adequada ao contexto de uso, já que as mesmas não levam em consideração

prováveis consequências inerentes ao seu uso (como o esforço cognitivo em coordenar a fala

ou excesso de informação visual que HUD pode oferecer). Young [27] afirma que a

interação com sistemas automatizados pode trazer uma grande demanda de esforço cognitivo

para o motorista, o que pode vir a sobrecarregá-lo e oferecer riscos. Burns & Landsdown [6]

consideram que sistemas baseados na fala não solucionam totalmente o problema da

distração com sistemas de informação em automóveis. Dependendo do modelo mental que o

motorista faz sobre o sistema, este pode aumentar ainda mais a sua carga cognitiva causando

a distração.

Resultados da Inquirição Contextual

A Inquirição Contextual foi realizada com 11 usuários, no próprio automóvel do

motorista. Foram entrevistados 5 homens e 6 mulheres, com experiência no trânsito variando

entre 5 e 32 anos. Os carros dos entrevistados estavam entre os modelos Hatch, Sedan e

SUV.

O tempo de duração das entrevistas era de acordo com o percurso cotidiano dos

usuários, variando de 30 minutos à 1 hora, os trajetos foram realizados na cidade do Rio de

Janeiro e, em geral, eram percursos da casa para o trabalho ou vice versa. A entrevista foi

realizada por dois pesquisadores, um deles sentado no banco da frente, ao lado do motorista -

responsável por conectar a câmera no para-brisas do carro e fazer a mediação da entrevista,

explicando o passo a passo dela - e o outro no banco de trás - responsável por fazer a

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gravação de áudio e o registro de fotos do carro, do posicionamento do smartphone e de

momentos ou situações que caracterizassem o usuário. Ambos os entrevistadores fizeram

seus registros pessoais em blocos de notas, para posteriormente interpretarem os dados em

conjunto. O termo de consentimento era entregue enquanto os entrevistadores explicavam

sobre os procedimentos da entrevista. Ao final, era dado um feedback sobre as informações

coletadas para certificar que estavam de acordo com a realidade do motorista. Um roteiro de

entrevista foi desenvolvido com o intuito de elencar os principais pontos a serem observados

pelos entrevistadores, referentes às estratégias de uso e a relação do motorista com os seus

aplicativos, satisfação dos sistemas, bem como seus constragimentos e falhas, desvio do

olhar, tempo de conclusão de tarefas, quais os fatores externos que influenciam no seu

comportamento no trânsito, entre outros.

Os usuários eram alertados que os entrevistadores não estavam julgando a habilidade

de conduzir e, sim, a maneira com que os usuários interagiam com o seu smartphone dentro

do carro. Por isso, eram instruídos a não limparem seus veículos antes da entrevista e a

realizarem seus trajetos cotidianos. De acordo com as características dos usuários observadas

na Inquirição, foram elencados os comportamentos mais relevantes, ou seja, os que mais

interferem na conduta do usuário frente ao volante e foram observadas diversas relações

entre eles.

O primeiro deles foi a afinidade do motorista com tecnologias, característica que

apresentou alguns padrões recorrentes de comportamento entre os usuários. Os entrevistados

mais "high techs" apresentavam um maior prazer durante a condução, interagiam com

frequência com os dispositivos do carro e/ou com os aplicativos referentes àatividade de

conduzir. O número de aplicativos utilizados era variado neste perfil de usuário, visto que

determinados usuários interagiam muito com apenas um aplicativo, enquanto outros

utilizavam muitos aplicativos, mas com interações pontuais em cada. Os aplicativos

paralelos àcondução eram utilizados mais com o intuito de otimizar a experiência, como os

aplicativos de música.A personalização dos aplicativos também apresentou acentuada

relação, devido ao conhecimento das funções disponíveis e por isso eram adaptadas ao

contexto de uso. A informação mais consumida, em geral, eram sobre o trânsito e por isso

também eram usuários colaboradores, reportavam eventos importantes na via. Foi observada

uma maior tendência em realizar inputs alternativos, como comandos de voz, devido

àconexão completamente integrada do carro com o smartphone. Os usuários com menor

afinidade com tecnologias costumavam realizar uma interação mais direta com o hardware e

pouca interação com os dispositivos do carro, quando ocorria, era limitada aos sistemas de

áudio. Em geral, a integração do smartphone era realizada através de cabos, inviabilizando

determinadas funções que poderiam ser realizadas viabluetooth.

Outro quesito que gerou muitos comportamentos semelhantes foi referente ao trajeto

cotidiano do usuário. Em trajetos longos, o motorista tende à interagir mais com o

smartphone com o intuito de otimizar o tempo ocioso no trânsito. Os aplicativos que não

possuem funções referentes à de condução são utilizados para comunicação, para resolver

problemas de trabalho e, muitas vezes, para entretenimento. A utilização de aplicativos para

motoristas tem a finalidade de buscar o melhor trajeto e rotas alternativas afim de fugir dos

engarrafamentos, bem como alertar sobre o tempo de percurso. Há uma grande consulta

nesses aplicativos, ainda que os usuários apresentem senso crítico para avaliar os trajetos

sugeridos e nem sempre seguem a primeira rota definida. Por outro lado, a preferência por

trajetos específicos acontece com maior frequência em trajetos curtos, visto que a diferença

de tempo entre as rotas sugeridas não é tão significante e por isso optam por aquelas que

promovem uma melhor experiência. Em trajetos curtos, há uma tendência de minimizar a

interação com o smartphone e utilizá-lo apenas em casos de emergência, visto que na

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maioria dos casos é possível aguardar a chegada em determinado local para resolver seus

assuntos.

O nível de confiança nas informações fornecidas pelos aplicativos varia em

decorrência da frequência de uso dos mesmos. Usuários assíduos apresentaram maior

confiança em relação aos que usam esporadicamente.

A condução da maior parte dos entrevistados mostrou-se cautelosa. Os usuários que

apresentaram condução não cautelosa foram os que utilizaram muitos aplicativos enquanto

dirigiam com o intuito de entretenimento e por isso passíveis de muita distração.

O local de posicionamento do smartphone também foi observado para saber se os

usuários planejavam o local onde o colocavam ou se não havia um padrão e era posicionado

no lugar de maior conforto e rápido acesso, como o colo. Apesar de diferentes condutas, o

comportamento com maior relação ao local foi a frequência de uso. Motoristas que

interagiam constantemente com o smartphone, em geral, colocavam-o em locais de acesso

mais fácil e nem sempre planejado. Aqueles que interagiam com menos frequência e

mostraram-se mais preocupados com eventuais distrações, posicionavam o celular em um

local mais adequado ao campo de visão.

A preocupação relativa à assaltos não se mostrou tão relevante em grande parte dos

usuários. Muitos relataram que é inevitável, outros não gostariam de mudar sua conduta no

trânsito e afetar sua experiência de conduzir em detrimento de um comportamento mais

seguro à assaltos.

O prazer da direção também mostrou-se relacionado com a distância. Em geral,

trajetos longos são passíveis de muitos engarrafamentos em cidades grandes como o Rio de

Janeiro. Por esse motivo, a direção torna-se uma atividade obrigatória e menos prazerosa. Os

usuários que realizam trajetos menores e possuem afinidades com tecnologia, desfrutam

mais o momento da direção, escolhem playlists adequadas, interagem com seus dispositivos

de maneira completa visto que conseguem integrar o carro e o smartphone às suas

necessidades e tornam a experiência de conduzir o veículo única.

A partir dos comportamentos, foram estabelecidas as principais metas dos motoristas

enquanto estão conduzindo o veículo. A primeira dela é se desvencilhar do trânsito e buscar

o trajeto de menor duração para chegar ao seu destino. De diversas formas, os motoristas

entrevistados mostraram os meios utilizados para adquirir informações de trânsito. Seja por

rádios, aplicativos para motoristas, informações de familiares ou amigos, a maior parte dos

usuários revelou utilizar ao menos uma dessas formas, variando a intensidade e frequência

do consumo da informação e, em alguns casos, o local. Alguns usuários consultavam essas

informações antes de sair com o veículo, enquanto outros utilizavam durante todo o percurso

em busca de rotas alternativas. A segunda meta é otimizar o tempo, visto que, em muitos

casos, o engarrafamento é inevitável, o trajeto é muito longo e o veículo fica parado. Dessa

forma, ele se torna um ambiente para se comunicar com os amigos ou familiares, assim

como adiantar ou resolver problemas de trabalho, como enviar emails ou realizar ligações. A

terceira meta ainda é referente ao tempo ocioso no trânsito, no entanto, é utilizado para

buscar formas de entretenimento, seja através de redes sociais, jogos, aplicativos de notícias,

chats, entre outros. A quarta meta é referente à experiência do usuários. Foi constatado que

determinados usuários apreciam a experiência de estar dirigindo e por isso buscam meios de

otimizá-la ao máximo, seja configurando playlists adequadas ao momento, interagindo com

os diversos devices do carro ou até mesmo buscando rotas com um caminho mais prazeroso.

O momento de dirigir não é mais apenas uma obrigação, mas um lazer.

Observando os diferentes perfis de usuário, suas tarefas e objetivos, conseguimos

perceber que cada um dos fatores listados acima está relacionado diretamente com o

ambiente em que dirigem, seja ele interno (o veículo) ou externo (o trajeto que percorrem),

levando em consideração todas as atividades de seu dia-a-dia.

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Observando primeiramente o ambiente externo ao veículo – como os trajetos

percorridos, ambiente em que conduz e dia-a-dia do motorista, fica evidente diferentes

características que moldam os cenários e constroem diferentes experiências de condução,

cada uma com sua motivação. O primeiro fator que define este ambiente externo é a

distância percorrida pelo motorista em seus trajetos corriqueiros. Quanto mais longe ele

mora, maior o tempo gasto em seus percursos, o que influencia na sua busca por otimização

de rotas e corrobora para uma experiência negativa de condução. O segundo fator observado

foi referente à intensidade dos engarrafamentos enfrentados pelo motorista. Novamente

encontramos a variável tempo gasto com um elemento crucial para a construção de uma

experiência de conduzir. Desta forma, presume-se que quanto menos tempo ocioso, melhor

será a experiência do motorista e menos atividades paralelas o mesmo realizará. O último

fator referente ao ambiente externo é a periodicidade de realização destes trajetos por parte

do motorista. Observa-se que quanto mais pontual é a necessidade do trajeto, menos

dispendiosa ela se mostra, dando a entender que a mesma é uma questão opcional.

Os fatores acima influenciam diretamente o ambiente interno do carro, que por sua

vez também colaboram para a construção da experiência do motorista. Observou-se que

quanto mais as pessoas gastam tempo em seu deslocamento, maior a quantidade de coisas

que carregam, tornando o veículo uma “segunda casa”– como mudas de roupa, livros e

qualquer outra coisa que possam vir a necessitar ao longo do dia. Outro fator interno que foi

observado durante os estudos foi o nível de organização da cabine do motorista. Percebemos

muitas pessoas com uma cabine desorganizada, cheia de coisas àmão, mas sem

necessariamente um lugar específico para cada uma delas. Nos casos onde foram

encontrados carros muito organizados e limpos, os usuários possuíam uma relação prazerosa

com o ambiente da condução, o que motiva o motorista a manter sua cabine a mais

organizada possível – otimizando assim a experiência. Por fim, um fator crucial para a

construção do ambiente interno da condução foi a presença e o posicionamento do

smartphone no veículo. Observou-se que questões relativas à cabine do veículo influenciam

a forma com que as pessoas utilizam o aparelho, interferindo diretamente na condução. O

uso do cabo de áudio e de alimentação de bateria limitam a movimentação do smartphone, o

que faz com que as pessoas tenham que desviar o olhar da via para utiliza-los. Percebeu-se

que aqueles que buscam por uma condução mais prazerosa buscam interagir com o

smartphone sem desviar sua visão da via, seja com o uso de suportes ou a utilização de

métodos de conexão do aparelho com o sistema multimídia do veículo. O smartphone

também altera o ambiente ao oferecer diferentes atividades paralelas ao motorista durante a

condução (como já dito acima), o que faz com que eles busquem por formas de suprir suas

necessidades ao longo do percurso.

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Personas e Cenários

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Conclusão

A partir do cruzamento dos dados qualitativos e quantitativos, foram identificados

padrões de comportamentos e fatores ambientais que influenciam diretamente na maneira de

conduzir dos motoristas.

Os resultados do questionário mostraram que a maior parte dos motoristas utilizam o

smartphone durante a condução para otimizar o tempo do seu dia-a-dia, seja realizando

atividades paralelas como ligações, ou reduzindo o tempo gasto em engarrafamentos com

rotas alternativas. Um outro fenômeno observado foi a forte presença do uso de chats durante

a condução - tais como o facebook messenger e o whatsapp. Quanto à interação física com o

aparelho smartphone, foi observado que a maior parte dos usuários o utilizam em suas mãos,

os posicionando geralmente em lugares muito abaixo da linha de visão da via – por exemplo:

perto do câmbio de marchas ou no banco do passageiro, por uma questão de conforto e

praticidade de uso. As maiores reclamações e necessidades apresentadas pelos participantes

da pesquisa foram em relação ao uso de comandos de voz, o que mostra a sua necessidade de

aliviar a distração visual e manual imposta pela digitação.

Pôde-se observar no questionário, um perfil comportamental de um usuário brasileiro

pouco preocupado com segurança. Apesar deste achado, a maior parte dos respondentes da

pesquisa não se mostraram conscientes dos riscos de suas atitudes, alegando ter um

comportamento seguro no trânsito e reclamando de todos os outros motoristas a sua volta.

Com os dados obtidos na Inquirição Contextual, ficou evidente que motoristas que

apresentam uma condução cautelosa, interagem pouco com os aplicativos. Os que realizam

trajetos curtos apresentam, em geral, preferência por rotas específicas, visto que o

engarrafamento não influencia significativamente no seu percurso. Os usuários que

demonstram muita afinidade com tecnologia e prazer na direção, em geral, interagem bastante

tanto com o carro quanto com o smartphone e costumam fazer uma integração entre eles, seja

através de cabos auxiliares ou bluetooth; tem seus aparelhos personalizados e colaboram e

consomem significativamente informações de trânsito. Por outro lado, aqueles que possuem

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pouca afinidade com tecnologia, interagem pouco com os aplicativos e não confiam

plenamente nos mesmos; não costumam realizar atividades paralelas àtarefa de dirigir, ou

seja, não utilizam o momento da condução para resolver assuntos pessoais ou referentes ao

trabalho, concentram-se na direção, a menos que haja uma necessidade imediata.

Em suma, conclui-se que hádiferentes personas e cenários de uso durante a condução

e, por esse motivo, diferentes condutas são adotadas. Percebeu-se que as personas

diferenciam-se entre si pelas seguintes variáveis: 1) tempo gasto em seus trajetos; 2) afinidade

com tecnologias; 3) o prazer em dirigir; 4) preocupação com segurança. Independente da

persona adotada, todas elas possuem o mesmo objetivo, a busca por praticidade e conforto

durante a condução. Por terem demandas diferentes dentro do mesmo objetivo, a interação

com o smartphone é diferente, tanto no tipo de informação consumida quanto na forma de

interagir.

Para os próximos passos desta pesquisa, os perfis comportamentais e cenários

encontrados nesta etapa serão utilizados para a criação de propostas de requisitos de projeto

deste tipo de aplicativo, apoiados com as diretrizes coletadas na etapa anterior.

Posteriormente, tais requisitos serão validados e transformados em diretrizes de usabilidade,

atendendo o objetivo geral da pesquisa.

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