desigualdades de saúde no género na população adolescente...
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UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA
Escola Nacional de Saúde Pública
VIII Mestrado de Gestão em Saúde
TRABALHO DE PROJETO
Desigualdades de saúde
no género na população
adolescente: Tabaco e
Obesidade
Discente: Inês Penalva Loução
Orientador: Professor Doutor Julian Perelman
Lisboa, 2015
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
2
Agradecimentos
Ao Orientador, Sr.º Professor Doutor Julian Perelman por ter aceite ser meu orientador
e pela ajuda sempre prestada ao longo de aproximadamente 5 meses de trabalho.
Ao Sr.º Professor Doutor Pedro Aguiar a disponibilidade e apoio relativamente ao
tratamento estatístico dos dados.
Sr.ª D.ª Manuela Santos, secretária do Curso de Mestrado de Gestão em Saúde,
sempre incansável e disponível para ajudar os alunos.
Sr.ª Dr.ª Isabel Andrade no apoio prestado relativamente à elaboração das referências
bibliográficas.
Um agradecimento muito especial à família.
A todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste
trabalho.
Muito Obrigado.
II
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
3
Abreviaturas
AVC- Acidente vascular cerebral
DGS- Direção Geral de Saúde
ESPAD- European School Survey Project on Alcohol and Other Drugs
EUA- Estados Unidos da América
HBSC- Health Behaviour in School-Aged Children
IMC- Índice de massa corporal
INE- Instituto Nacional de Estatística
INS- Inquérito Nacional de Saúde
INSA- Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge
IOTF- International Obesity Task Force
MG- Massa gorda
OMS- Organização Mundial de Saúde
PC- Perímetro da cintura
VIH- Vírus da Imunodeficiência Humana
WHO- World Health Organization
III
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
4
Índice
Resumo
X
Abstract
XI
Introdução
12
Parte I Enquadramento teórico
1. Saúde da adolescência: relevância
17
2. Determinantes da saúde nos adolescentes
19
3. Determinantes sociais em saúde e desigualdade
20
4. Comportamentos de saúde nos adolescentes
23
5. Prevalência do tabagismo nos adolescentes e os seus
determinantes
28
6. Prevalência da obesidade nos adolescentes e os seus
determinantes
33
7. Desigualdades socioeconómicas nos comportamentos dos
adolescentes
38
Parte II Metodologia
1. Metodologia da investigação
41
1.1. Objetivo geral/ específico 41
IV
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
5
1.2. Desenho da investigação
41
1.3. Instrumento da avaliação
42
1.4. Definição das variáveis
43
Parte III Apresentação e discussão dos resultados
1. Análise estatística dos dados
44
2. Apresentação dos resultados
45
3. Discussão dos resultados
63
3.1. Limitações do estudo
67
4. Enquadramento das políticas de saúde: Tabagismo/
obesidade
68
Parte IV Conclusão e considerações finais
72
Parte V Referências bibliográficas
74
Anexo 93
Índice de Gráficos
Gráfico 1- Distribuição segundo a idade 46
V
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
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Índice de Tabelas
Tabela 1-Distribuição segundo o sexo 45
Tabela 2-Distribuição de tabagismo por grupo etário 10-13
anos
46
Tabela 3- Distribuição de tabagismo por grupo etário 14-
16 anos
46
Tabela 4- Distribuição de tabagismo por grupo etário 17-
19 anos
47
Tabela 5- Distribuição da obesidade por grupo etário 10-
13 anos
47
Tabela 6- Distribuição da obesidade por grupo etário 14-
16 anos
47
Tabela 7- Distribuição da obesidade por grupo etário 17-
19 anos
48
Tabela 8- Distribuição do tipo de dieta por grupo etário 10-
13 anos (sopa)
48
Tabela 9- Distribuição do tipo de dieta por grupo etário 14-
16 anos (sopa)
48
Tabela 10- Distribuição do tipo de dieta por grupo etário
17-19 anos (sopa)
49
VI
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
7
Tabela 11- Distribuição do tipo de dieta por grupo etário
10-13 anos (salada/legumes)
49
Tabela 12- Distribuição do tipo de dieta por grupo etário
14-16 anos (salada/legumes)
49
Tabela 13- Distribuição do tipo de dieta por grupo etário
17-19 anos (salada/legumes)
50
Tabela 14- Distribuição do tipo de dieta por grupo etário
10-13 anos (fruta)
50
Tabela 15- Distribuição do tipo de dieta por grupo etário
14-16 anos (fruta)
50
Tabela 16- Distribuição do tipo de dieta por grupo etário
17-19 anos (fruta)
51
Tabela 17- Distribuição do tipo de dieta por grupo etário
10-13 anos (bolos/chocolate/sobremesas doces)
51
Tabela 18- Distribuição do tipo de dieta por grupo etário
14-16 anos (bolos/chocolate/sobremesas doces)
51
Tabela 19- Distribuição do tipo de dieta por grupo etário
17-19 anos (bolos/chocolate/sobremesas doces)
52
Tabela 20- Associação entre o tabagismo e género de
acordo com grupo etário 10-13 anos
52
Tabela 21- Associação entre o tabagismo e género de
acordo com grupo etário 14-16 anos
53
VII
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
8
Tabela 22- Associação entre o tabagismo e género de
acordo com grupo etário 17-19 anos
53
Tabela 23- Associação entre a obesidade e género de
acordo com grupo etário 10-13 anos
54
Tabela 24- Associação entre a obesidade e género de
acordo com grupo etário 14-16 anos
54
Tabela 25- Associação entre a obesidade e género de
acordo com grupo etário 17-19 anos
55
Tabela 26- Associação entre o tipo de dieta e género de
acordo com grupo etário 10-13 anos (sopa)
56
Tabela 27- Associação entre o tipo de dieta e género de
acordo com grupo etário 14-16 anos (sopa)
56
Tabela 28- Associação entre o tipo de dieta e género de
acordo com grupo etário 17-19 anos (sopa)
57
Tabela 29- Associação entre o tipo de dieta e género de
acordo com grupo etário 10-13 anos (salada/legumes)
58
Tabela 30- Associação entre o tipo de dieta e género de
acordo com grupo etário 14-16 anos (salada/legumes)
58
Tabela 31- Associação entre o tipo de dieta e género de
acordo com grupo etário 17-19 anos (salada/legumes)
59
Tabela 32- Associação entre o tipo de dieta e género de
acordo com grupo etário 10-13 anos (fruta)
59
VIII
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
9
Tabela 33- Associação entre o tipo de dieta e género de
acordo com grupo etário 14-16 anos (fruta)
60
Tabela 34- Associação entre o tipo de dieta e género de
acordo com grupo etário 17-19 anos (fruta)
60
Tabela 35- Associação entre o tipo de dieta e género de
acordo com grupo etário 10-13 anos
(bolos/chocolate/sobremesas doces)
61
Tabela 36- Associação entre o tipo de dieta e género de
acordo com grupo etário 14-16 anos
(bolos/chocolate/sobremesas doces)
61
Tabela 37- Associação entre o tipo de dieta e género de
acordo com grupo etário 17-19 anos
(bolos/chocolate/sobremesas doces)
62
VIII IX
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
10
Resumo
Introdução: Apesar de ocorrerem melhorias significativas na saúde das
populações devido aos avanços tecnológicos continuam a surgir desigualdades
de saúde no género, nomeadamente na população adolescente, quando estes
não adotam comportamentos saudáveis.
Objetivos: Analisar as desigualdades de saúde no género na população
adolescente relativamente ao tabaco, obesidade e tipo de dieta.
Métodos: Foi realizado um estudo analítico e descritivo, onde foram recolhidos
dados acerca de fatores relacionados com comportamento, dos quais se
destacam o tabagismo, obesidade, e tipo de dieta (consumo de sopa;
salada/legumes cozidos; fruta e bolos, chocolates e sobremesa doce) por
grupo etário. Dados pertencentes ao INS 2005/2006.
Resultados: Verificou-se que a prevalência do tabagismo é estatisticamente
significativa relativamente ao género apenas no grupo etário 17-19 anos (p=0).
Demonstrou-se que havia associação estatisticamente significativa entre o
género e obesidade apenas no grupo etário 10-13 anos (p=0). Quanta à
variável tipo de dieta apenas no consumo de fruta existiu associação
estatisticamente significativa no género no grupo etário 10-13 anos (p=0,036).
Conclusões: Assim, com a realização do estudo verificou-se que o período
crítico do consumo tabágico é no grupo etário 17-19 anos, já obesidade são os
mais jovens pertencentes ao grupo etário 10-13 anos.
Palavras-chave: desigualdades de saúde; género; adolescentes; tabagismo
obesidade e dieta.
X
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
11
Abstract
Introduction: Although there are significant improvements in the health of
populations due to technological advances continue to emerge health
inequalities in gender, particularly in adolescents, when they do not adopt
healthy behaviours.
Objectives: To analyze health inequalities in gender in adolescents in relation
to smoking, obesity and type of diet.
Methods: We conducted an analytical and descriptive study in which we
collected data about factors related to behaviour, among which are smoking,
obesity, and type of diet (soup consumption; salad / cooked vegetables; fruit
and cakes, chocolates and sweet dessert) by age group. Data belonging to the
INS 2005/2006.
Results: It was found that the prevalence of smoking is statistically significant
only on gender in the age group 17-19 years (p=0). It was shown that there was
a statistically significant association between gender and obesity only 10-13
years age group (p=0). The variable type of diet only in fruit consumption was
statistically significant association in the age group 10-13 years (p=0,036).
Conclusions: Thus, with the study it was found that the critical period of
tobacco consumption is the age group 17-19 years, since obesity are the
youngest belonging to the age group 10-13 years.
Key-words: health inequalities; gender; adolescent; smoking, obesity and diet.
XI
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
12
Introdução
É notória uma melhoria gradual das condições de saúde das populações e
desde longo os avanços tecnológicos deram enfase a essa problemática.
Segundo Loureiro, Miranda e Miguel (2013) “A saúde é um fator fundamental
para o desenvolvimento. Os indivíduos e as populações saudáveis vêm
aumentados a sua capacidade de adaptação às mudanças. Sob uma
perspetiva de adaptação social e adequação às situações, a saúde insere-se
num quadro conceptual organizador dos recursos individuais e coletivos” (p.
24).
Todavia apesar da melhoria global dos índices de saúde, persistem ainda
profundas desigualdades neste campo.
Contudo é notório que a desigualdade em saúde está conotada com
determinantes socioeconómicos, culturais, políticos e ambientais que são
necessários para a realização de um indivíduo como um todo (Portugal.
Ministério da Saúde, 2011).
No que concerne as desigualdades de saúde no género, estas não
compreendem única e exclusivamente a distinção entre sexo mas sim regras e
percursos que regulam os destinos individuais pertencentes a ambos os sexos
e às relações entre si.
É notório que independente de ser menino ou menina, existem diferenças
biológicas que consequentemente estão na base das desigualdades em função
de género.
O conceito de género distingue-se do sexo, uma vez que o primeiro está
inerente à cultura e o segundo pertencente ao campo da biologia (Nogueira e
Saavedra, 2007).
Segundo Vintém, Guerreiro e Carvalho (2008), estudos acerca do conceito de
género com algum renome, foram desenvolvidos a partir do Século XX, com
objetivo de diferenciar sexo/género.
“O género é pois uma categorização social que se impõe a todas as pessoas,
rapazes ou raparigas, homens e mulheres, em diferentes contextos e níveis.
Por mais que se queira pensar e acreditar que todo o desenvolvimento humano
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
13
assenta numa evolução linear tendente à justiça social e igualdade a realidade
vem evidenciar que nem sempre acontece. Negar ou subestimar tal facto
conduz-nos a reproduzir desigualdades e discriminações com base no género.”
(REDE, 2013).
Este conceito é deveras importante uma vez que é característico das
sociedades e está subjacente a todos os indivíduos logo a partir do
nascimento, prevê tanto as identidades masculinas como femininas e enfatiza
as diferenças entre sexos no que concerne as suas necessidades, experiências
e prioridades (Comissão Europeia, 2004).
Esta temática encontra-se cada vez mais premente ao nível da Organização
Mundial de Saúde (OMS) e União Europeia na promoção da saúde (Portugal.
Ministério da Saúde, 2005).
O tema do presente trabalho surge no âmbito da saúde, mais especificamente
nas desigualdades de saúde no género na população adolescente
relativamente ao tabaco e obesidade. O interesse suscitado por esta temática
deve-se a nesta fase de vida, adolescência, a saúde por vezes ser
negligenciada pelos próprios e pelo facto de se pretender aferir quais dos
jovens no que concerne ao género adota comportamentos mais lesivos para a
saúde.
O adolescente desenvolve-se a ritmos diferentes, tanto a nível somático, como
psíquico. É um período de transformações no âmbito biológico, cognitivo e
psicológico, que ocorrem em contextos culturais, socioeconómicos, familiares e
de saúde diferentes (Fonseca, 2012). Segundo a autora este percurso por
vezes é experienciado por situações de dependência e pouca responsabilidade
relativamente aos comportamentos de risco.
De acordo com World Health Organization (WHO), o consumo de tabaco
durante a adolescência acarreta uma perda de cerca de 14 anos de vida, mas
este facto é desprezado pelos jovens uma vez que iniciam este “mau
comportamento” e a dependência (WHO, 2008; Mathers et al, 2006). O tabaco
apesar de ser um produto legalizado na nossa sociedade pode lesar todas as
pessoas a que a ele são expostas. Muito embora o seu efeito devastador não
seja imediato, uma vez que pode levar anos a aparecer, o que faz com que
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
14
esta epidemia por vezes não seja valorizada (WHO, 2008). Ao nível global,
estima-se que 170 milhões de crianças (com idade inferior a 18 anos)
apresentem excesso de peso (Lobstein, Baur e Uauy, 2004).
Ao longo das últimas três décadas a prevalência de excesso de peso e
obesidade tem aumentado substancialmente (WHO, 2011). Constata-se que a
prevalência de excesso de peso na infância ocorre nos países com rendimento
médio e superior, e os países de baixo rendimento apresentam menor
prevalência. Muito embora o excesso de peso aumente em quase todos os
países (WHO, 2011).
Relativamente ao tabagismo é um problema de saúde pública que necessita de
medidas urgentes de forma a controlar os seus efeitos adversos (Machado,
Nicolau e Dias, 2009). É a principal causa evitável de morte prematura e
posteriormente de doença (WHO, 2008), está implícito a variadíssimas
patologias, surtindo efeitos ao nível do sistema nervoso central, aparelho
respiratório, cardiovascular, digestivo, reprodutor, efeitos carcinogéneos (Lopez
et al, 2006).
O seu consumo não é algo recente, a sua existência remonta há vários séculos
atrás quando os nossos antepassados mascavam as folhas, utilizavam o
cachimbo ou inalavam o fumo (Charlton, 2004).
Segundo Shafey et al (2009), citado por WHO (2011), existem um bilião de
fumadores em todo o mundo, e os cigarros representam a principal forma,
estima-se que o consumo seja de seis triliões de cigarros por ano.
O tabaco pode matar mais de cinco milhões de pessoas, mais que a
tuberculose, vírus da imunodeficiência humana (HIV) e malária combinado. No
entanto, o uso de tabaco é comum em todo o mundo devido aos baixos preços,
a um marketing agressivo e muito embora a falta de consciência generalizada
sobre os seus perigos, e inconsistência das políticas contra o seu uso (WHO,
2008).
O tabaco para fumar, é de longe, a forma mais comumente utilizada no mundo
contém mais de 4000 substâncias químicas, das quais 50 são conhecidas por
serem cancerígenas (WHO, 2011).
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
15
Em 2015 prevê-se que a carga de doença atribuída ao tabagismo corresponda
a 30 % de mortes, responsável pelo desenvolvimento de cancro, doenças
cardiovasculares e doenças respiratórias (Mathers e Loncar, 2006).
A mudança da epidemia do tabaco para o mundo em desenvolvimento acarreta
um nível de doença e morte prematura nos países onde o crescimento da
população e do potencial de aumento do uso de tabaco são mais altos e onde
serviços de saúde estão menos disponíveis (Liu et al, 1998; Gajalakshmi et al,
2003). Uma vez dado início a este comportamento torna-se bastante difícil
reduzir ou mesmo parar, por esse mesmo motivo o melhor tratamento consiste
na prevenção (Nunes, 2004).
De acordo com Sousa, Loureiro e Carmo (2008) a obesidade pode ser definida
como um excesso de gordura ou seja aporte energético que é superior à
quantidade de energia despendida.
A Direção Geral de Saúde (DGS) define a obesidade como um problema de
saúde pública grave, uma vez que esta patologia está relacionada a doenças
como a diabetes, apneia do sono, dislipidémias, com um risco aumentado da
mortalidade e morbilidade, sendo por isso considerada a segunda causa de
morte passível de prevenção, sendo a primeira o tabagismo (Portugal.
Ministério da Saúde, 2005a).
Na Europa também tem vindo a aumentar a prevalência da obesidade
progressivamente, constatando-se que a obesidade no sexo masculino variou
entre 4% para 28,3% e no sexo feminino de 6,2% para 36,5% o que são
valores bastantes consideráveis (Berghofer et al, 2008). Este aumento da
obesidade tem como consequência o desenvolvimento de doenças não
transmissíveis. Quase três em cada quatro adolescentes obesos permanecem
assim na vida adulta e aumentam o risco de doenças cardíacas, diabetes tipo
2, acidente vascular cerebral e cancro (Dehghan, Akhtar-Danesh e Merchant,
2005). Tanto nas crianças como nos adolescentes a obesidade é influenciada
por variadíssimos fatores nomeadamente sociais, culturais, económicos e
ambientes físicos (WHO, 2006).
Hoje em dia, a qualidade dos alimentos consumidos predispõem o excesso de
peso, pois não vão de encontro com as recomendações nutricionais ocorrendo
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
16
um consumo alimentar que excede o gasto energético (Ekmekcioglu e Touitou,
2010). Logo um consumo de alimentos desadequado e desequilibrado
associado a outros fatores de risco, nomeadamente aumento de sedentarismo,
são uma atenuante no desenvolvimento de doenças crónicas, com aumento
dos casos de obesidade (Yunsheng et al, 2003; WHO, 2003).
Posto isto, é deveras premente que nesta patologia, tal como noutras, se
aposte na prevenção e no tratamento (Lobstein; Baur; Uauy, 2004), uma vez
que estão implícitas inúmeras complicações com elevado risco de mortalidade
e morbilidade para os jovens, para além do mais esta patologia persiste até à
idade adulta (Juonala et al, 2011; Fokeena e Jeewon, 2012). As consequências
para a saúde são inúmeras, bem como os custos sociais e financeiros, a
ocorrência da doença desde a infância até à idade adulta torna a obesidade
num problema grave e de saúde pública (Gigante, Moura e Sardinha, 2009;
Beja, Ferrinho e Craveiro, 2014).
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
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Parte I - Enquadramento Teórico
1. Saúde da adolescência: relevância
A adolescência é uma fase de vida em que as oportunidades para a saúde se
encontram em grande expansão e desde logo os padrões futuros, no que
concerne à saúde se estabelecem (Sawyer et al, 2012). É um período crucial
tanto a nível biológico como psicológico e qualquer adversidade nesta fase
implicará nos futuros adultos. A OMS considera que esta fase de vida está
compreendida entre 10 e 19 anos de idade (Mcintyre et al 2002).
Segundo Sawyer et al (2012), a saúde na adolescência é o resultado de
interações entre os primeiros meses de vida e o desenvolvimento da primeira
infância juntamente com todas as mudanças biológicas e sociais que
acompanham a puberdade, através de determinantes sociais e de risco e
fatores de proteção que afetam os comportamentos relacionados com a saúde.
Os adolescentes representam uma “porta de entrada” para a saúde uma vez
que os padrões comportamentais adquiridos nesta etapa de vida repercutir-se-
ão na vida adulta (WHO, 2001). É um período de rápido crescimento e
desenvolvimento em termos físico, cognitivo, psicológico e social (Ribeiro e
Rosendo, 2011). As emoções, atitudes, valores e comportamentos que
determinam o futuro do jovem começam a consolidar e tomar forma. Este
processo é marcado por um aumento da exposição e experimentação, existem
riscos inerentes a determinados comportamentos, nomeadamente o uso de
tabaco, álcool e outras drogas, má alimentação (WHO, 2001). Do mesmo modo
que a infância, a adolescência é um período sensível no que diz respeito a
normas e padrões adaptativos em trajetórias futuras (Catalano et al, 2012).
Muitos destes comportamentos de risco, referenciados anteriormente,
geralmente têm início na adolescência (tabaco, álcool, obesidade e
sedentarismo) e num futuro próximo poderão contribuir para a uma epidemia
de doenças crónicas não transmissíveis em adultos (Beaglehole et al, 2011).
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
18
Em 2008, 36 milhões de pessoas morreram derivado a doenças crónicas não
transmissíveis, especialmente em países de baixo e médio rendimento (WHO,
2010), mais de metade dessas mortes relacionadas com os comportamentos
que têm início na adolescência ou por vezes reforçados durante este período
de vida. O tabaco, o álcool, os maus hábitos alimentares, e falta de exercício
físico são disso exemplo (WHO, 2002).
As tendências globais demonstram que estes comportamentos de risco estão
em ascensão entre os jovens, os padrões de comportamento persistem ao
longo da vida e são difíceis de alterar (Astrazeneca, 2011).
A adolescência é crucial para a prevenção das doenças não transmissíveis,
uma vez que uma abordagem realizada ao longo da vida direcionada para a
prevenção, diagnóstico e tratamento pode resultar em ganhos significativos na
saúde (Proimos e Klein, 2012).
Contudo esta fase de vida nem sempre foi reconhecida uma vez que só neste
século se valorizou e se teve em linha de conta todas as características
inerentes (Sprintthall e Collins, 1999).
Embora os jovens compreendem uma parte substancial da população em todo
mundo, foram por vezes descurados em detrimento da família (mulher/criança),
uma vez que durante algum tempo foram tidos como uma população
relativamente saudável sem carga de doença (Dehne e Riedner, 2001).
Calcula-se que em todo o mundo a população jovem com idade compreendida
entre 10 e 24 anos representem ¼ da população significando
aproximadamente 1,5 a 1,8 biliões de indivíduos (Kleinert, 2007; Resnick e
Bowes, 2007).
De acordo com WHO (1978), citado por Blum e Nelson-Mari (2004) estima-se
que a população jovem, num período compreendido entre 1970 e 2025
aumente 600%.
Nalguns estudos publicados os jovens são um grupo vulnerável no que
concerne a alguns comportamentos de risco que num futuro próximo trarão
consequências negativas à saúde (National Research Council, 2007).
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
19
2. Determinantes da saúde nos adolescentes
A adoção de uma perspetiva no início de vida para promover a compreensão
de fatores que possam afetar infância e consecutivamente os adolescentes é
importantíssima. Assim, programas destinados a melhorar a saúde materna,
infantil e saúde da criança também afetam positivamente a saúde dos
adolescentes. Contudo as características de saúde dos adolescentes são
conhecidas por se encontrarem relacionadas a fatores anteriores, dando
menos importância ao produto de experiências biológicas e sociais que são
específicos para esta fase de vida (Catalano et al, 2012).
Como a primeira infância, a adolescência é um período sensível no que
respeita a normas e padrões de futuras trajetórias. Parte desta sensibilidade
refere-se à incorporação social dos riscos para a saúde e às alterações
biológicas antes, durante e para além da adolescência (Sawyer et al, 2012).
Há 100 anos, a puberdade foi amplamente considerada um processo de
maturação física que impulsionou indivíduos em diferentes contextos sociais
que afetaram a saúde. Nos dias de hoje é um processo biológico altamente
programado impulsionado que afeta o comportamento, bem-estar emocional e
saúde de forma complexa. Como exemplo, o início da puberdade, em vez de
idade cronológica, é mais associado com o aumento de comportamentos
relacionados com a saúde durante a adolescência (Patton e Viner, 2007).
Esta etapa de vida tem uma base biológica, e os diversos comportamentos
associados (por exemplo, ser destemido, sem receios) são evidentes em outras
espécies, e a maturação cerebral nos seres humanos não está completa até
que atinja 25 anos de idade (Spear, 2010 citado por Blum et al, 2012).
Como é sabido, os resultados de saúde na adolescência têm sustentado efeito
sobre a saúde futura da população, uma abordagem ao longo da vida promove
uma diferença temporal para compreender uma prevenção atempada no que
concerne a algumas patologias nomeadamente doenças mentais, doenças
crónicas nos adultos que podem ter o seu início antes ou durante a
adolescência. (Unicef, 2007; Temin e Levine, 2009).
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
20
Segundo a Comissão para os determinantes sociais da saúde (OMS, 2010) a
desigualdade em saúde está conotada com as diferenças no estado de saúde
ou com a distribuição dos seus próprios determinantes. Determinantes esses
que se podem definir em várias categorias, nomeadamente, fatores biológicos
ou genéticos relacionados com idade, sexo e fatores genéticos; fatores sociais
as condições no qual o adolescente está inserido no ambiente em que nasce,
vive, aprende, brinca e trabalha e por último mas não menos importantes
estilos de vida/comportamentos (tabaco, obesidade, outras drogas) (U.S.
Departmant of Health and Human Services. Office of Disease Prevention and
Health Promotion, 2014).
A saúde dos jovens é fortemente afetada por todos estes determinantes, os
comportamentos de saúde enraizados nesta fase de vida são posteriormente
passados para a vida adulta (WHO, 2013).
3. Determinantes sociais em saúde e desigualdade
É também importante referir que os determinantes sociais na saúde dos jovens
são cruciais para a saúde de uma população e no que respeita ao
desenvolvimento da sociedade (Viner et al, 2012).
Relativamente aos fatores de risco, nomeadamente, tabaco, má alimentação e
inatividade física estão relacionados com aparecimento de doenças não
transmissíveis (doenças crónicas) e são problemas de comportamento que
aumentam a curto ou longo prazo a morbilidade e mortalidade (Catalano et al,
2012). Esses fatores de risco podem adotar proporções graves na saúde,
verificando-se em quase todos os países, mas de acordo com o
desenvolvimento do mesmo (Mcintyre et al 2002).
Continuam a aumentar e assumir muitas formas, nomeadamente falta de
acesso aos serviços de saúde, aumento da mortalidade prematura, e tem como
consequência o desenvolvimento social e o bem-estar (WHO, 2013).
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
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Segundo WHO (2013), os mecanismos estruturais e socioeconómicos
resultante da posição dos indivíduos são determinantes estruturais que
representam a desigualdade em saúde.
Os jovens adquirem as estruturas de oportunidade à medida que crescem. Os
seus comportamentos de saúde são importantes para toda uma população.
Viner et al (2012), analisaram dados existentes acerca dos “malefícios” dos
determinantes estruturais e proximais, e respetivas interações, sobre a saúde
nos jovens e constataram que eram afetados por fatores sociais, pela família e
também pela comunidade. Contudo estes autores referem que os
determinantes estruturais como riqueza do país, a desigualdades de
rendimento e o acesso à educação eram os mais importantes. É também
sugerido que a adolescência pode ser considerada um segundo período de
desenvolvimento crucial no qual os determinantes sociais em saúde podem
modificar as trajetórias para a saúde e bem-estar na vida adulta.
Um estudo realizado na Suécia a crianças e adolescentes demonstrou que
havia desigualdade na saúde, uma vez que a maioria dos problemas de saúde,
nomeadamente físicos, saúde mental e lesões foram mais comuns no grupo
com condições sociais menos favorecidas (Swedish National Institute of Public
Health, 2011). Segundo Due et al (2003) através de uma pesquisa à população
adolescente concluiu que existiam evidências que os indivíduos com posição
socioeconómica mais baixa apresentavam maior carga de doença o que se
refletia tanto a nível físico como psíquico. Estes autores concluíram também
que a escola era uma das primeiras instituições sociais que estava diretamente
vinculada às crianças e as desigualdades socioeconómicas na forma como os
adolescentes e pais se relacionam com a mesma, podia influenciar o início da
vida, que conduziria num futuro próximo a uma desvantagem social e de
saúde.
Outro estudo realizado também constata que a desigualdade em saúde foi
evidente nos adolescentes que pertenciam uma grupo socioeconómico mais
baixo uma vez que eram menos saudáveis (Koivusilta, Rimpela e Kautiainen,
2006).
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
22
Um elemento importante de prevenção e controle de doenças e promoção da
saúde é a compreensão das causas subjacentes, incluindo fatores de risco,
determinantes do sistema de saúde e os determinantes sociais da saúde, que
estão na base da doença e respetiva distribuição (WHO, 2013).
Apesar de todos os fatores intervenientes, nomeadamente biológico ou
genéticos; fatores sociais e comportamentos/estilo de vida apresentarem um
papel de destaque no que concerne as desigualdades em saúde no
adolescente, neste trabalho o foco principal irá incidir no papel dos
comportamentos mais propriamente, tabagismo e obesidade uma vez que
muitos destes comportamentos relacionados com a saúde de um modo geral
têm o seu início na adolescência (tabaco e álcool, obesidade e inatividade
física) (Beaglehole et al, 2011).
São estas desigualdades sociais nos comportamentos de risco em saúde que
se pretendem aferir ao longo do trabalho.
Segundo Goodman (1999), há algumas décadas atrás a literatura acerca das
desigualdades sociais não se debruçava sobre a adolescência, o tempo de
transição era efetuado da criança para o adulto. Contudo as desigualdades
sociais persistem ao longo da vida e são responsáveis pela morbilidade e
mortalidade.
Torsheim et al (2004) refere que os jovens ganham a sua independência e a
influência dos pais ao nível socioeconómico fica reduzida, logo nessa altura
são os colegas que se tornam no grupo de referência, outra das possíveis
explicações para a falta de consistência relativamente ao estudos das
desigualdades nos adolescentes pode ser classificada de acordo com
rendimento dos pais, o nível de educação ou ocupação.
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
23
4. Comportamentos de saúde nos adolescentes
A adolescência foi considerada uma etapa de vida subentendida como
transição da infância para a idade adulta. Mais recentemente tornou-se numa
preocupação com intuito de evitar resultados adversos para a saúde durante a
vida adulta. A maior parte deste esforço tem sido focada em fatores de risco
comportamentais, nomeadamente tabagismo, uso excessivo de álcool, hábitos
de exercício físico, hábitos alimentares, bem como os comportamentos
sexuais. A grande preocupação é que esses hábitos são estabelecidos durante
a adolescência, continuam na idade adulta, e podem vir a constituir em curso
fatores de risco para a saúde (Raphael, 2013; Due et al, 2011).
De acordo com estudo elaborado por Frech (2012) a jovens com idade
compreendida entre os 13 e 24 anos relativamente aos comportamentos
saudáveis, este apurou que a importância desses mesmos comportamentos
eram benéficos para a saúde global durante toda a vida pois inibiriam num
futuro próximo o aparecimento doenças crónicas não transmissíveis nos
adultos.
É notório que os comportamentos de risco são uma problemática global. O
consumo de tabaco e outras drogas encontram-se generalizados na sociedade
acontece tanto em países desenvolvidos bem como em países que os jovens
tentam “fugir” da pobreza inseridos em economias emergentes. Nos países
desenvolvidos o aumento de peso nos jovens é uma constante preocupação,
isto porque se torna cada vez mais preocupante, uma vez que ocorre a ritmo
vertiginoso. Os Estados Unidos da América (EUA) são exemplo disso (Kleinert,
2007).
Um dos fatores de risco responsáveis pelas doenças crónicas não
transmissíveis, relacionado desde logo com comportamento que se pode
alterar, é o tabaco. É a causa mais evitável de morte nos dias de hoje, em todo
o mundo. De acordo com WHO aproximadamente 100 milhões de pessoas
morreram no século XX, calcula-se que atualmente o número de mortes
ascende a 5,4 milhões por ano, em 2030 se não forem implementadas medidas
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
24
adequadas para combater este tipo de flagelo prevê-se 8 milhões de mortes
por ano (WHO, 2008).
Outro comportamento de risco é a obesidade que é considerada como uma
epidemia mundial, dado que incide em indivíduos de diferentes idades, estatuto
socioeconómico, regiões e raças (Antunes e Moreira, 2011), é um dos maiores
desafios de saúde do início do século XXI (WHO, 2000), uma patologia de
origem multifatorial no qual compreende excesso de gordura acumulada que
pode originar diversos danos para a saúde de um indivíduo.
Alguns estudos sustentam a associação entre a obesidade e os
comportamentos de risco em saúde na população adolescente. Existe
evidência entre índice de massa corporal (IMC) e a iniciação tabágica (Cawley,
Markowitz e Tauras, 2004; Lowry et al, 2002). Esta interligação torna
adolescente obesos mais vulneráveis a consumo de drogas comparativamente
com adolescentes com peso dito normal (Iannoti et al, 2009; Larson et al,
2007).
Os jovens são comumente considerados como indivíduos saudáveis no
entanto, a adolescência e início da vida adulta coincidem com alterações na
saúde (Kleinert, 2007; Patton et al, 2009).
De acordo com estudo internacional elaborado por Patton et al (2012; 2010)
foram encontrados grandes variações em quase todos os aspetos da saúde
dos adolescentes. Tal como comprovado por vários autores as doenças não
transmissíveis, associadas a comportamentos de risco, com maior prevalência
a nível mundial são o consumo de tabaco e excesso de peso, a redução da
atividade física, predominantes em adolescentes que vivem em países de
rendimentos intermédios e baixos.
Um estudo realizado nos EUA (McDade et al 2011), onde se constatou
múltiplos comportamentos de risco de saúde relacionados com inexistência de
atividade física, dieta e tabaco sendo os principais determinantes de risco de
obesidade e de doenças crónicas na adolescência. Esta etapa é muitas vezes
caracterizada como um período de invulnerabilidade percebido, mas os
adolescentes subestimam significativamente as hipóteses de morte num futuro
próximo (Nightingale e Fischhoff, 2001).
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
25
A doença cardiovascular é a principal causa de morte nos EUA, e uma das
principais causas de incapacidade e perda de produtividade (U.S. Department
of Health and Human Service, 2012). Apesar da diabetes e doenças
cardiovasculares consideradas doenças do envelhecimento, as pesquisas
recentes refutaram esses indícios e traçaram a sua origem e fatores de risco
relacionadas com excesso de peso e obesidade entre crianças e adolescentes
(McDade et al, 2011; Goodman et al, 2005).
Os comportamentos de saúde são as principais ferramentas para a prevenção
e tratamento de doenças cardiovasculares e metabólicas, e as recentes
recomendações incentivam as pessoas a parar de fumar, manter o peso
corporal saudável, a envolver em atividade física diária, reduzir a ingestão de
gorduras saturadas e trans, sódio, açúcares e reduzir os níveis de colesterol
(Grundy et al, 2005).
Segundo McDade et al (2011), os adolescentes que adotaram comportamentos
saudáveis, nomeadamente não fumar e prática de exercício físico regular
tinham melhores oportunidades de vida, pretendiam frequentar universidade e
menor probabilidade de morrer antes dos 35 anos. Estas associações são
inclusão de um conjunto abrangente de variáveis de controlo de linha de base,
e responsáveis por partes substancial das associações entre comportamentos
de saúde e educação dos pais. Como tal, as expectativas para o futuro na
adolescência, podem desempenhar um papel importante no delineamento de
trajetórias individuais de saúde, e pode também representar um caminho
através do qual os contextos socioeconómicos formam o indivíduo nos
comportamentos e padrões de saúde na população nos EUA.
A obesidade, doenças cardiovasculares, diabetes são as principais causas de
morbilidade e mortalidade na sociedade, falta de atividade física, dietas de
baixa qualidade, e tabagismo são os fatores mais importantes que moldam o
risco individual para estas doenças (Mcdade et al, 2011).
Consumo de frutas e vegetais são elementos constituintes de uma dieta
saudável. Embora esses produtos variem consideravelmente entre os países
refletindo-se na economia, ambientes culturais e agrícolas.
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
26
A ingestão insuficiente de frutas e legumes é responsável por 14% de mortes
de cancro gastrointestinal, cerca de 11% doenças isquémicas e 9% das mortes
por acidente vascular cerebral (AVC) em todo o mundo. A maioria dos
benefícios do consumo de frutas e vegetais aporta uma redução na doença
cardiovascular (WHO, 2009).
A atividade física reduz o risco de doenças cardiovasculares, alguns tipos de
cancro e a diabetes tipo 2. Pode também melhorar a saúde músculo-
esquelético, um controle do peso e reduzir os sintomas de depressão. Em
contrapartida a inatividade física é responsável estimada por 27% dos diabetes
e cerca de 30% da doença isquémica (WHO, 2009).
Os custos para a sociedade, bem como a qualidade de vida individual, são
elevados e, por conseguinte, é importante compreender as fontes de variação
de comportamentos que contribuem para ajudar a prevenir estas doenças.
Um estudo elaborado entre 1998 e 2006 entre jovens de diferentes géneros na
Eslováquia, para aferir os comportamentos de saúde constatou que houve um
aumento da prevalência de comportamentos de risco entre o sexo feminino no
que concerne ao uso de substâncias (tabaco) e uma diminuição ainda mais
acentuada na atividade física em contrapartida não houve aumento no
consumo de álcool (Pitel, 2010).
O comportamento de adolescentes do sexo feminino da Eslováquia tornou-se
semelhante à dos seus pares masculinos em termos de tabagismo e atividade
física.
Um estudo realizado a jovens portugueses (Wetzels et al, 2003) refere que o
tabaco é a droga mais utilizada pelos jovens comparativamente com o álcool,
sendo este um forte determinante no consumo de outras drogas. Constata-se
também que o consumo do tabaco persiste por mais tempo ao longo da vida
(Chen e Kandel, 1995).
O álcool e drogas que se podem considerar como sendo apenas um hábito
temporário são comportamentos de risco, por vezes experimentais e muitos
adolescentes passam por esse período incólume. Mas para uma pequena
proporção de adolescentes até mesmo o uso ocasional resulta num desastre,
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
27
enquanto que outros são atraídos para o uso regular o que acarreta problemas
a longo prazo (McIntyre, 2002).
É um motivo de grande preocupação, uma vez que a utilização precoce de
substâncias psicoativas podem ser prejudiciais à saúde, a curto prazo as
lesões sofridas ou infligidas podem levar a padrões de consumo duráveis, que
aumentam o risco de muitas doenças crónicas e problemas sociais (McArdle,
2004; Viner e Macfarlane, 2005).
Os jovens derivados à sua natureza, estão mais suscetíveis para começar a
fumar, são portanto um público-alvo para informar acerca dos malefícios do
tabaco. Desde logo é fundamental diferentes abordagens, e esforços
educacionais específicos para abranger toda esta faixa etária (WHO, 2011).
O consumo de substâncias pode comprometer o comportamento dos jovens e
afetar a capacidade para destrinçar as ações corretas.
O grupo etário onde por norma se iniciam os consumos de substâncias é
aproximadamente por volta dos 15-19 anos, e regra geral se esse mesmo
consumo perdurar pode evoluir para situações de dependência entre 20-24
anos, por esse mesmo motivo uma prevenção atempada diminui efeitos
colaterais (Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas
Dependências, 2013).
Para além de todos estes determinantes de saúde associados ao
comportamento, não menos importante estão os problemas de saúde mentais
em adolescentes e adultos jovens. Estes problemas são, indiscutivelmente, os
principais contribuintes para a carga da doença entre os jovens em muitas
partes do mundo, mas estes raramente levam à morte (Lopez et al, 2006).
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
28
5. Prevalência do tabagismo nos adolescentes e os seus
determinantes
Estudos realizados em vários países indicam que a maioria dos fumadores
iniciam o seu consumo na adolescência (WHO, 2010; Nunes, 2004; Ferreira e
Torgal, 2010).
De acordo com Global Youth Tobacco, onde foi realizada uma pesquisa a 140
estados membros da OMS, juntamente com seis territórios (Samoa Americana,
Ilhas Virgens Americanas, Ilhas Virgens Britânicas, Guam, Montserrat, e Porto
Rico), duas regiões geográficas (Faixa de Gaza e da Cisjordânia), uma
província administrada das Nações Unidas (Kosovo), e uma região
administrativa (Macau) acerca do consumo de tabaco por parte dos
adolescentes com idade compreendidas entre 13-15 anos. Neste estudo
constatou-se que a prevalência de consumo tabágico nas raparigas está muito
próximo da prevalência de consumo dos rapazes, não houve diferença na
prevalência de tabagismo entre rapazes e raparigas em 87 dos locais; em 59
as prevalências mais elevadas ocorreram no sexo masculino, e apenas em
cinco locais as meninas apresentavam uma maior prevalência no consumo de
tabaco (Warren, 2008).
The European School Survey Project on Alcohol and Other Drugs (ESPAD) é
um projeto do qual fazem parte 100 000 estudantes com idade compreendida
entre os 15-16 anos, e constituído por 35 países Europeus onde Portugal está
inserido (Hibell et al, 2009).
Neste relatório consta o planeamento, a metodologia a colheita dos dados e
comunicação dos resultados nacionais. De acordo com ESPAD a média de
alunos portugueses que fumaram nos últimos 30 dias foi 19%, uma das
menores prevalência de consumo de tabaco, no que concerne à diferença de
géneros. No número de cigarros fumados por dia a resposta foi de 80% dos
estudantes de sexo masculino responderam que não fumavam e 82% dos
estudantes do sexo feminino responderam de igual forma. Quando
questionados relativamente à idade do primeiro cigarro, com 13 anos ou
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
29
menos, os rapazes apresentaram uma prevalência de 36% e as raparigas de
32% (Hibell, 2009).
Outro estudo que também tem por base os adolescentes, com idade
compreendidas entre 11-15 anos e que envolve 41 países é o Health Behaviour
in School-Aged Children (HBSC) 2005/2006 em colaboração OMS que
investiga os comportamentos e estilo de vida dos jovens (Currie et al, 2008).
Quanto questionados acerca da idade em que começaram a fumar (tendo
como referência 13 anos ou menos, semelhante ao ESPAD), obteve-se uma
prevalência para raparigas de 23% e para os rapazes 26%.Relativamente à
frequência do consumo de tabaco pelo menos uma vez por semana, são os
mais velhos que obtêm maior prevalência independentemente do género,
sendo que as raparigas têm 12% e os rapazes 9% (Currie et al, 2008).
Na Suécia um estudo prospetivo revela que a prevalência de jovens fumadores
era de 22% nos rapazes e 15% nas raparigas, um ano depois constata-se que
houve um aumento da prevalência de consumo de tabágico especialmente nas
raparigas (Galanti et al, 2001).
Um estudo elaborado a adolescentes a frequentar o 3º ciclo de ensino de
escola portuguesas revela que a experimentação tabágica é maior no sexo
masculino (53%),e mais de metade da amostra (68%), independentemente do
género, começaram a fumar com aproximadamente 12 anos. A autora constata
também o consumo maior no sexo masculino (32,5%) comparativamente com
sexo feminino (12,2%) (Nunes, 2004).
Em Portugal também foram realizados estudos para indagar a iniciação do
consumo tabágico em jovens universitários em 2001/2002, essa amostra era
composta por 388 alunos da Universidade do Minho. Conclui-se que a iniciação
tabágica destes jovens teve início no 3º ciclo (11-14 anos) que representava
22%, 49% no ensino secundário e os restantes 29% na universidade. Os
indivíduos do sexo masculino começaram a fumar mais precocemente uma vez
que 32% iniciaram no ensino básico, 50% no ensino secundário e 18% na
universidade em contrapartida os indivíduos do sexo feminino no ensino básico
eram apenas 17%, 50 % no ensino secundário e 33% na universidade
(Precioso, 2004).
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
30
Segundo Hedman et al (2007), foi realizado um estudo para aferir o consumo
de tabaco em adolescentes de ambos os sexos. Esta amostra era composta
por 3000 jovens do Norte da Suécia. Os autores deste estudo constataram que
não haviam diferenças no consumo de tabaco nos adolescentes entre 12 e os
14 anos, a partir desta idade a prevalência dos rapazes era superior à das
raparigas com 16,7% e 12% respetivamente.
Em Portugal mais precisamente provenientes de 5 escola públicas localizadas
no Porto, com uma amostra de 680 adolescentes que frequentavam o ensino
secundário e com idades compreendidas entre 15 e 19 anos concluíram que a
prevalência de rapazes fumadores era superior à das raparigas, 15,3% e
12,1% respetivamente. É de ressalvar que segundo as autoras foram
indivíduos do sexo feminino que começaram a fumar mais cedo (Ferreira e
Torgal, 2010).
Foi realizada uma pesquisa com uma amostra constituída por estudantes
representativos do ensino público português, da qual faziam parte 8764 alunos
dos quais 4060 eram sexo masculino e 4704 sexo feminino. Constatou-se que
10,2% dos rapazes e 9,1% das raparigas eram fumadores. É referido também
que consumo tabágico aumenta com a idade a partir dos 15 anos, nos rapazes
12,3% e nas raparigas 8,6%. Os autores referem que 6,1% dos rapazes e 4,0%
das raparigas consomem tabaco ocasionalmente (Precioso et al, 2012).
Outro estudo realizado a adolescentes portugueses de ambos os sexos refere
que a maioria dos jovens já experimentaram fumar, e a percentagem mais
elevada foi encontrada nas raparigas (Mirieme et al 2013).
É notório que a idade de iniciação deste comportamento devastador tem
implicações inerentes, uma vez que existe uma predisposição para o jovem se
tornar num fumador regular quando adota este comportamento mais cedo,
comparativamente com uma iniciação mais tardia. Outro dado que pode
influenciar o consumo de tabaco por parte dos adolescentes é o nível
socioeconómico, nalguns países os adolescentes com mais dinheiro para
gastar têm níveis mais elevados no consumo do tabaco. No entanto nos países
em desenvolvimento, a falta de programas de saúde, que resulta no pouco
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
31
conhecimento dos efeitos nocivos do consumo de tabaco nos adolescentes
também influência o seu aumento por parte dos adolescentes (WHO, 2011).
A supressão do apetite é um aspeto crítico no que diz respeito ao apelo do
consumo por muitas mulheres e meninas em diferentes grupos
socioeconómicos. A pesquisa indica que, em alguns países, as raparigas que
usam o tabaco estabelecem ligações relativamente mais fortes com os colegas
e amigos do que os rapazes que fumam. Existe um maior desconhecimento por
parte dos jovens do sexo feminino acerca dos malefícios da nicotina e
dependência, e geralmente têm pais ou amigos que fumam (WHO, 2010a).
Outro estudo realizado com adolescentes refere, especialmente nas raparigas,
uma maior predisposição para fumar derivado a baixa autoestima e
necessidade de ser reconhecida pelos seus pares, mencionam que a
justificação dada para fumar reflete-se na redução do stress e um maior
relaxamento por parte das mesmas (Wagner e Atkins, 2000; Nichter et al,
1997).
Outra pesquisa realizada comprova que os jovens do sexo feminino
apresentavam uma maior dependência e um início muito mais rápido dos
sintomas, nomeadamente um humor mais deprimido, irritabilidade, frustração,
raiva, ansiedade e dificuldade em concentrar-se o que acarreta uma maior
propensão para fumar e para aliviar sintomas de abstinência É também
referenciado por estudos que as mulheres têm dificuldade em deixar de fumar,
talvez se deva ao aspetos biológicos e psicossociais (DiFranza et al, 2000;
2002).
Existem inúmeros fatores mencionados pelos adolescentes, de ambos os
sexos para fumar, de acordo com Precioso “… a necessidade de demonstrar
que atingiu a maioridade; o desejo de ser e comportar-se como os adultos; a
curiosidade natural do jovem; algumas crenças relacionadas com o fumo, tais
como, «o tabaco emagrece», «ajuda a esquecer», a «resolver os problemas»,
a «acalmar os nervos», «a lidar com o stress»; a necessidade de chamar a
atenção dos outros exibindo um comportamento desviante perante os pares ou
os pais…” (p. 203, 2006).
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
32
Pesquisas internacionais também concluíram que o ato de fumar nos países
desenvolvidos está relacionado com controlo por parte do indivíduo, imagem
social, relacionamentos, controlo de peso, o reforço da identidade social e
status e automedicação (Lambert et al, 2002; Nichter et al, 1997; WHO, 2010).
Segundo Sanchez et al (2010) a importância da família, da religião e das
atividades de lazer nos jovens de ambos sexos são determinantes importantes
no que concerne ao consumo de tabaco. Para estes autores a idade mais
avançada, o facto de não ter religião, viver com alguém que fuma e a
frequência da vida noturna com os amigos foram associadas ao
comportamento tabágico. No entanto existiam diferenças entre géneros, o
consumo de tabaco nas raparigas estava associado a fatores familiares e
religiosos, o facto de receber cuidados e atenção dos pais e participar em
reuniões religiosas foram inversamente associados com consumo de tabaco.
Em contrapartida nos rapazes, a morte de um ou ambos os pais estava
associado ao consumo de tabaco.
Ao nível de um plano mais macro, o marketing, a publicidade e todas as formas
de promoção existentes na indústria tabaqueira, com o intuito de influenciar o
comportamento dos jovens (USDHHS, 2012). Design de produto e marketing,
incluindo o uso de modelos de publicidade e marcas comercializadas
especificamente para as jovens e mulheres, são explicitamente criados para
encorajar este tipo de comportamento (WHO, 2010a).
De acordo com Vitória et al (2009; 2011) existe evidência que o determinante
principal que indicia o comportamento tabágico é o próprio comportamento, tal
como dos respetivos familiares e amigos.
Para além destes determinantes os estudos supracitados também referem o
nível socioeconómico, o rendimento, a ligação à escola e os estados
emocionais.
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
33
6. Prevalência da obesidade nos adolescentes e os seus
determinantes
O aumento da prevalência da obesidade é deveras preocupante, em todo o
mundo pelo menos 2,8 milhões de pessoas morrem a cada ano como resultado
de excesso de peso ou obesidade (WHO, 2010).
Um estudo realizado em 97-98 em 13 países Europeus, Israel e EUA, com
amostra considerável de 29 242 adolescentes de ambos os sexos constatou
diferenças significativas de excesso de peso e obesidade. Os países que
apresentaram uma maior prevalência foram os EUA, Irlanda, Grécia e Portugal
(Lissau et al, 2004).
No Canada a prevalência da obesidade nos jovens tem aumentado, em 1981
os rapazes apresentavam uma prevalência de excesso de peso de 11% e as
raparigas 13%, já em 1996 o aumento foi muito significativo para ambos os
sexos, 33% nos rapazes e 27% nas raparigas (Lobstein; Baur; Uauy, 2004).
Na Ásia em 2010, 18,8% dos jovens do sexo masculino com idades entre os 7
e 18 anos residentes em áreas urbanas da China exibiam excesso de peso e
prevalência de 8% de obesidade, no caso das jovens do sexo feminino 11,9%
apresentavam excesso de peso e 2,4% obesidade (Zhang e Wang, 2013).
A prevalência da obesidade e excesso de peso na Europa varia entre 3% e
35% respetivamente aos 13 anos, aos 15 anos apresenta prevalência de 5%
na obesidade e 28% excesso de peso. No que diz respeito há diferença de
géneros, os rapazes ostentavam uma maior prevalência comparativamente
com as raparigas, exceto na Irlanda. Portugal não apresenta diferenças entre
géneros, mas aos 13 anos encontra-se no 8º lugar, e aos 15 anos no 19º lugar,
o que revela que a obesidade e excesso de peso diminuíram quando aumentou
a idade (WHO, 2007).
Um outro estudo realizado em Portugal, mais propriamente na área do grande
Porto a adolescentes entre 10 e 15 anos demonstra que os rapazes
apresentam uma maior prevalência de excesso de peso e obesidade,
comparativamente com as raparigas (Ribeiro, 2003).
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
34
Num estudo realizado no distrito de Viseu evidenciou prevalência de excesso
de peso de 16% no sexo masculino e 11,1% no sexo feminino. Esse mesmo
estudo demonstrou que a prevalência de obesidade é de 4,2% no sexo
masculino e 2,8% no sexo feminino (Amaral, Pereira e Escoval, 2007).
Na Região Autónoma da Madeira foi efetuado um estudo de excesso de peso e
obesidade a jovens de ambos os sexos. Os rapazes apresentaram valores de
excesso de peso de 14,22% e obesidade 2,61%, nas raparigas o excesso de
peso foi de 10,99% e obesidade 1,86%. Os autores constatam que de um
modo geral, em todas as faixas etárias há uma prevalência maior nos rapazes
tanto no excesso de peso como na obesidade (Gouveia et al, 2009).
Outro estudo com adolescentes dos 10 aos 18 anos, utilizou dois critérios de
acordo com a International Obesity Task Force (IOTF) e a WHO. Segundo
Sardinha et al (2011) quando utilizado o critério da IOTF a prevalência de
excesso de peso e obesidade para indivíduos do sexo feminino era 17% e
4,6% respetivamente, para sexo masculino era de 17,7% com excesso de peso
e 5,8% com obesidade. No que concerne ao critério de acordo com WHO a
prevalência de excesso de peso e obesidade para indivíduos do sexo feminino
era 23,1% e 4,6% respetivamente, para sexo masculino era de 20,4% com
excesso de peso e 10,3% com obesidade. Constata-se com o critério IOTF
existiu uma menor prevalência de obesidade e excesso de peso em idades
mais elevadas, em ambos os sexos. Quando aplicado o critério da WHO uma
menor prevalência de obesidade e excesso de peso em idades mais elevadas,
no sexo masculino, em contrapartida no sexo feminino, a prevalência de
excesso de peso e obesidade aumenta entre os 10-12 anos de idade e
diminuiu de 13 para 18 anos de idade. A prevalência combinada de excesso de
peso/obesidade foi maior quando aplicado o critério da WHO, em ambos os
sexos e para todas as faixas etárias.
De acordo com Antunes e Moreira (2011), inúmeros estudos foram realizados
em Portugal, com base no critério IOTF no âmbito do excesso de peso e
obesidade. De acordo com os autores o sexo masculino apresenta uma
frequência entre 3,2% e 13% e o sexo feminino entre 0,6% e 0,5%.
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
35
Outro estudo realizado no distrito de Castelo Branco a adolescentes entre os
12 e os 17 anos vem corroborar os anteriores, há uma elevada prevalência de
jovens pré-obesos e obesos. Neste estudo foram utilizados 3 critérios distintos,
o IMC, o perímetro da cintura (PC) e a percentagem de massa gorda, obtida
por bio impedância (%MG).
De acordo com o IMC, a prevalência de pré-obesidade e obesidade foi de 17,3
e 2,5% no sexo feminino e 17,2 e 4,9% no sexo masculino. De acordo com o
PC, a prevalência de pré-obesidade e obesidade foi de 22,7 e 37,9% nas
raparigas e 21,7 e 28% nos rapazes. Quanto à %MG a prevalência de pré-
obesidade e obesidade é de 13,4 e 12,2% nas raparigas e 8,3 e 11,2% nos
rapazes (Ferreira, Mota e Duarte, 2012).
Nos EUA (2009-2010), crianças e adolescentes com uma faixa etária
compreendida entre os 2 e os 19 anos de idade revelam maior prevalência de
obesidade nos jovens do sexo masculino (18,6%) comparativamente com
jovens do sexo feminino (15%) (Ogden et al, 2012).
Por todos estes estudos mencionados, podemos desde logo considerar que a
obesidade é uma epidemia global, afeta quase todos os países do mundo e
está na base de muitas co morbilidades.
Os determinantes da obesidade são devido a vários fatores nomeadamente a
fatores biológicos (genético e metabólicos), comportamentais e ambientais que
se relacionam entre si.
Sabe-se hoje que a causa principal, correspondente a 95 a 99%, do
aparecimento da obesidade deve-se a fatores exógenas (ingestão excessiva
alimento) e os restantes 1 a 5% a causas endócrinas (causas genéticas e
endócrinas) (Singhal, Schwenk e Kumar, 2007). A mudança dos padrões
alimentares, a diminuição da atividade física por parte dos jovens tem
contribuído para o avanço desta epidemia.
Um dos fatores determinantes que estão na base para o aumento da
obesidade são sem dúvida as más práticas alimentares, uma vez que o papel
da dieta é fundamental na regulação energética para o equilíbrio do consumo e
gasto energético (Enes e Slater, 2010).
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
36
O consumo dos alimentos industrializados, os chamados “fast food” nos
adolescentes, tem características bastante apelativas tais como um baixo
preço, acesso fácil e aporte de energia considerável (Pedraza, 2009). De
acordo com WHO (2003), um alto consumo de alimentos processados que são
ricos em gorduras e açucares promove a obesidade comparativamente com
alimentos de baixo aporte energético como as frutas e legumes.
De acordo com Sousa, Loureiro e Carmo (2008) há menor tempo despendido
na confeção dos alimentos, o que faz um aumento exponencial na compra de
refeições já preparada que não são saudáveis e equilibradas. Outros autores
também referem a diminuição de refeições realizadas por dia, nomeadamente
à evidência que suporta que o facto de não se consumir o pequeno-almoço
leva a um aumento de peso durante a adolescência e um aumento de IMC na
idade adulta, este comportamento alimentar está associado a maior ganho de
peso desde a adolescência (Niemeier, 2006).
É notório que este tipo de comportamento alimentar associado à redução da
atividade física torna-se num percursor da obesidade na adolescência.
Para além de um comportamento alimentar descompensado que aumenta o
crescimento da prevalência de obesidade, a redução da atividade física dos
adolescentes também tem um papel primordial. Isto reflete-se no sedentarismo
por parte dos nossos jovens e o pouco tempo dedicado à atividade física,
passam demasiado tempo a ver televisão, no jogos eletrónicos ou computador.
O facto de ocorrer atividade física entre os jovens diminui o risco de doenças
não transmissíveis, da qual se destaca a obesidade, e este padrão de atividade
enquanto adolescente repercutir-se-á em adulto (Mendes; Sousa e Barata,
2011).
Segundo WHO (2009) a atividade física insuficiente é o quarto principal fator de
risco, aproximadamente 3,2 milhões de mortes atribuíveis. Indivíduos que são
insuficientemente ativos fisicamente têm um risco aumentado de 20-30% de
todas as causas de mortalidade em comparação com aqueles que se envolvem
em pelo menos 30 minutos de atividade física de intensidade moderada na
maioria dos dias da semana (WHO, 2010). Contudo apesar de todos os alertas
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
37
a prevalência de sedentarismo torna-se bastante preocupante em países de
rendimento alto, médio e baixo.
De acordo com Corte-Real et al (2008), Portugal é um dos países que
apresenta piores resultados no âmbito da atividade física por parte dos jovens,
neste estudo os autores concluíram que apenas um 1/3 de ambos os sexos
apresentavam prática desportiva regular, contudo os rapazes mais novos
manifestavam maior prevalência na prática de desporto, que as raparigas em
todas as idades. Num estudo elaborado para quantificar a atividade física de
450 adolescentes portugueses comprovou-se que eram as raparigas as mais
sedentárias (Santos, Gomes e Mota, 2005).
Hallal et al (2006) constatou na sua pesquisa a adolescentes entre 10 e os 12
anos que mais de 50% da amostra apresentavam prática de atividade física
muito reduzida.
Segundo Gouveia et al (2007) um estudo realizado em Portugal, na área de
Lisboa, com uma amostra com idades entre os 11 e os 17 anos no qual se
conclui que a inatividade física e sedentarismo apresentavam uma prevalência
alta, contudo mais elevada no sexo feminino representantes de um baixo
estatuto socioeconómico.
Muitos estudos têm evidenciado os problemas de saúde de um estilo de vida
sedentário, a percentagem de sedentarismo na europa é alta e Portugal
apresenta uma prevalência superior a 50% (Varo et al, 2003).
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
38
7. Desigualdades socioeconómicas nos comportamentos dos
adolescentes
As desigualdades socioeconómicas na área da saúde compreendem os vários
problemas de saúde entre diferentes classes socioeconómicas, desde logo a
sua ligação na qualidade de vida e na atuação dos grupos no qual estão
inseridos (Mackenbach e Kunst, 1997).
As desigualdades socioeconómicas nos comportamentos envolvem mais do
que estilos de vida livremente escolhidos. Os comportamentos não saudáveis
resultam das grandes diferenças nas circunstâncias sociais entre grupos de
níveis socioeconómicos diferentes (Pampel; Krueger e Denney, 2010). De
acordo com os autores estes comportamentos diferem de grupo para grupo,
uma vez que os recursos financeiros para a compra de saúde não são iguais
para todos.
O estatuto socioeconómico tem profundo efeito sobre a saúde e
comportamentos de saúde (Lahelma, 2006; Mackenbach, 2006).
Comportamentos de saúde, como o tabagismo, má alimentação, consumo de
álcool e falta de atividade física são os responsáveis por uma parte das
desigualdades na saúde, bem como uma forte ligação aos diferentes
resultados existentes na mortalidade e morbilidade, de acordo a posição
socioeconómica (Mackenbach, 2006).
Segundo (Lahelma, 2006) a padronização socioeconómica do tabagismo e
consumo de álcool é cada vez mais desigual, e explica muitas das
desigualdades sociais em saúde em alguns países.
Richter et al (2009),efetuaram uma pesquisa para aferir o papel dos fatores
comportamentais e as diferenças socioeconómicas na saúde do adolescente
em 33 países. No que diz respeito ao tabagismo, houve uma associação
significativa tanto para os rapazes como para as raparigas com um risco
ligeiramente aumentado de consumo regular nos adolescentes com baixo
estatuto socioeconómico (escala desenvolvida pela HBSC, para avaliar
estatuto socioeconómico do adolescente refletido através de 4 características
diferentes, nomeadamente o número de carros na família, o número de viagens
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
39
feitas durante 12 meses, número de computadores e se o adolescente
partilhava o quarto). O consumo diário de frutas e hortaliças também era
menos comum nos adolescentes pertencentes a famílias com estatuto
socioeconómico mais baixo. Verificou-se que os fatores comportamentais
também estão associados de forma significativa com o estatuto
socioeconómico da família, especialmente no tabagismo. Outros
comportamentos, como o consumo de fruta e vegetais, estão significativamente
associados com o estatuto socioeconómico dos países (Richter et al, 2009).
De acordo com Piko e Fitzpatrick (2007) um estudo efetuado a jovens com
idades compreendidas entre 14 e 21 anos na Hungria relacionado com estatuto
socioeconómico e comportamentos de saúde, demonstrou que a estrutura
familiar influenciou significativamente o comportamento de saúde dos jovens.
Relativamente à situação laboral dos pais e escolaridade a influência foi
limitada no que concerne aos resultados em saúde, fazendo referência ao
estatuto socioeconómico dos adolescentes era inconsistente e irregular nos
comportamentos em saúde.
Um estudo elaborado em Espanha, que pretendeu avaliar os comportamentos
de saúde nomeadamente tabagismo, álcool e atividade física, comparando com
a classe social revelou que eram os indivíduos do sexo feminino que
apresentavam maior prevalência de consumo tabágico e pertenciam classe
social mais alta, já os indivíduos do sexo masculino não apresentavam
diferenças entre classes sociais, em contrapartida a atividade física no sexo
masculino diminuía com a redução classe social (Borrell et al, 2000).
As desigualdades socioeconômicas nos adolescentes podem desencadear
comportamentos de risco e posteriormente essas desigualdades continuarem
nos adultos (Tuinstra et al, 1998). Estes autores estudaram a relação entre o
nível socioeconômico e comportamentos de risco em saúde (tabagismo,
consumo de álcool, uso de drogas leves, e sedentarismo) em ambos os sexos.
A amostra originária da Holanda com 1984 adolescentes. A relação do nível
socioeconómico com comportamentos de risco na saúde não são tão lineares
como é frequentemente encontrada na idade adulta (Tuinstra et al, 1998;
Hanson e Chen 2007). De um modo geral os resultados foram caracterizados
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
40
por ausência de relação entre o nível socioeconómico e os comportamentos de
risco para a saúde, com exceção da atividades física (Tuinstra et al, 1998).
Hanson e Chen (2007), ao efetuarem uma revisão de literatura a esta temática
constataram que a prática de má alimentação, sedentarismo, tabagismo
estavam mais associados a adolescentes com baixo nível socioeconómico.
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
41
Parte II - Metodologia
1. Metodologia da Investigação
1.1. Objetivos geral/ específicos
O objetivo geral deste trabalho consiste em averiguar as desigualdades no
tabagismo, obesidade e tipo de dieta.
Objetivos específicos:
-Caracterizar a população segundo sexo e idade;
-Averiguar as diferenças entre população do sexo feminino e masculino
relativamente ao consumo de tabaco;
-Determinar as diferenças entre sexo feminino e masculino no que concerne à
obesidade;
-Determinar as diferenças de género quanto ao tipo de dieta.
1.2. Desenho da investigação
Este estudo efectuado tem um caráter analítico e descritivo.
Segundo Fortin (1999), “Os estudos descritivos fornecem uma descrição dos
dados, quer seja por forma de palavras, de números ou de enunciados
descritivos de relações entre variáveis (p. 135). Esta investigação é baseada
nos dados do Inquérito Nacional de Saúde 2005/2006 (INS), em Portugal.
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
42
1.3. Instrumento da Avaliação
Para a realização deste estudo foi necessário recorrer ao INS, inquérito esse
promovido pelo Ministério da Saúde desde 1987, para colmatar as falhas
existentes no que concerne à saúde. Este inquérito é constituído por 4 edições,
realizados nomeadamente em 1987, 1995/1996, 1998/1999 e 2005/2006,
sendo o último o único que estudou a população na Região Autónoma dos
Açores e Madeira.
Os dados são provenientes de um estudo transversal da população
portuguesa, obtidos através de entrevista, e retratam a saúde da população, os
determinantes da saúde bem como a utilização dos cuidados de saúde ( Dias,
2009).
Foi determinada uma parceria entre o Instituto Nacional de Saúde Dr Ricardo
Jorge (INSA) e o Instituto Nacional de Estatística (INE) para o planeamento e
realização do 4ºINS, cujo trabalho de campo decorreu entre Fevereiro de 2005
e Fevereiro 2006 (INSA/INE, 2008).
A responsabilidade pela realização do inquérito esteve a cargo do
Departamento de Epidemiologia do INSA (Despacho Normativo, 2009).
A população do 4ºINS é constituída pelos indivíduos que residiam em
alojamentos familiares em Portugal à data da realização das entrevistas. Neste
inquérito não fazem parte alojamentos coletivos, que compreendem os hotéis e
similares. A amostra é selecionada a partir de uma amostra-mãe,
posteriormente selecionada a partir dos dados de recenseamento da
População e Habitação de 2001.
A recolha de dados para o 4ºINS decorreu entre 7 de Fevereiro de 2005 e 5 de
Fevereiro de 2006, realizadas 15 457 entrevistas a famílias, correspondendo a
41 193 indivíduos.
Neste trabalho a amostra é constituída por 4818 adolescentes com idades
compreendidas entre os 10 e os 19 anos.
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
43
1.4. Definição das Variáveis
As variáveis escolhidas têm intuito de determinar os resultados para desta
forma atingir os objetivos anteriormente definidos. Para além da caracterização
da amostra com as variáveis género (masculino/ feminino) e idade (grupo
etário: 10-13; 14-16; 17-19), foram também fatores relacionados com
comportamentos como tabagismo, obesidade, e tipo de dieta.
A variável tabagismo é definida pelos adolescentes que fumam diariamente ou
ocasionalmente, a variável obesidade para ser avaliada em crianças e
adolescentes (que é o caso) é definida através de curvas IMC através da idade
e sexo entre os 5 e 19 anos. As curvas foram definidas com suporte nos dados
de 1977 do National Centers for Health Statistics e nas curvas de crescimento
até aos 5 anos já definidas pela OMS (Onis et al, 2007).
Esta alteração deve-se ao crescimento e alterações da composição corporal
tanto nas crianças como nos adolescentes, que acontecem a um ritmo muito
mais rápido do que nos adultos uma vez que IMC modifica-se na primeira
infância, mantém-se na idade pré-escolar e escolar e aumenta novamente na
adolescência o que significa a sua não linearidade (Sousa, Loureiro e Carmo,
2008).
De acordo com OMS, quando uma criança/adolescente entre os 5 e 19 anos de
idade apresenta um percentil entre 85 e 97 significa que se encontram em pré
obesidade, quando é superior ao percentil 97 apresenta obesidade (Onis et al,
2007). Para tal considerei que superior ao percentil 97 apresentava obesidade
tanto para o sexo feminino e masculino de acordo com as respetivas idades,
com base nas tabelas IMC para rapazes (Anexo I) e IMC para raparigas (Anexo
II) entre os 10 e os 19 anos segundo WHO.
A variável tipo de dieta está relacionada com o consumo de alimentos,
nomeadamente sopa, salada/legumes cozidos, fruta e bolos/chocolate e
sobremesa consumidos nas três refeições principais, no dia anterior.
Segundo Spear et al (2007) as frutas e os legumes são constituídos por fibras,
vitaminas e minerais funcionam como antioxidantes, e são essenciais numa
alimentação equilibrada uma vez que apresentam uma baixa densidade
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
44
energética. Desde logo para que haja hábitos alimentares saudáveis é fulcral o
aumento de ingestão de fibras através dos alimentos anteriormente
mencionados (Gidding et al, 2005; Davis et al, 2007).
Mas para além da manutenção de uma alimentação correta, também é
importante reduzir o consumo de açúcares, uma vez que um aumento da
ingestão desses mesmos alimentos está associado a um aumento de peso
(Rosenheck, 2008).
Parte III - Apresentação e discussão de resultados
1. Análise estatística dos dados
Para a análise e tratamento estatístico dos dados foi utilizado programa
estatístico Statistical Package for the Social Sciences - SPSS for Windows
20.0. Foi realizada a análise descritiva da prevalência dos dados sexo e idades,
posteriormente agrupados as idades por grupo etário e fazendo a prevalência
pelas variáveis tabagismo, obesidade e tipo de dieta, os respetivos resultados
foram apresentados através de tabelas. Apenas elaborado um gráfico para
determinar a prevalência das idades na amostra, no programa Word 2007.
Por fim no que concerne à estatística de inferência foi aplicado o teste de
hipóteses do Qui-Quadrado para aferir se existia diferença de género
significativa quanto às variáveis em estudo, nomeadamente tabagismo,
obesidade e tipo de dieta. Os resultados foram apresentados para um nível de
significância de 5%.
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
45
2. Apresentação dos resultados
Os dados analisados pertencem à base de dados do INS 2005/2006. Neste
capítulo, serão apresentados e analisados os resultados, a discussão dos
mesmos após o tratamento estatístico das variáveis inerentes ao estudo.
Posteriormente os resultados obtidos serão confrontados com a revisão de
literatura.
Caracterização da amostra
A amostra é constituída por 4818 adolescentes, no qual 2497 pertencem ao
sexo feminino (48,2%) e 2321 ao sexo masculino (51,8%) (Tabela 1). A faixa
etária está compreendida entre 10 e os 19 anos de idade, com maior
prevalência para 16 anos de idade (11,10%) (Gráfico 1).
Distribuição segundo sexo
Sexo Total
Masculino Feminino
2321
51,8%
2497
48,2%
4818
100%
Tabela 1- Distribuição segundo o sexo
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
46
Distribuição segundo a idade
Gráfico 1- Distribuição segundo a idade
Distribuição de tabagismo por grupo etário
Grupo etário Tabagismo
Total Sim Não
10-13 3
0,2%
1753
99,8%
1756
100%
Tabela 2- Distribuição de tabagismo por grupo etário 10-13 anos
Grupo etário Tabagismo
Total Sim Não
14-16 71
4,7%
1451
95,3%
1522
100%
Tabela 3- Distribuição de tabagismo por grupo etário 14-16 anos
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
47
Grupo etário Tabagismo
Total Sim Não
17-19 100
6,5%
1440
93,5%
1540
100%
Tabela 4- Distribuição de tabagismo por grupo etário 17-19 anos
Na distribuição do tabagismo por grupo etário as tabelas 2,3,4 evidenciam um
maior consumo de tabaco por parte dos adolescentes que fazem parte do
grupo etário mais velho uma vez que se constata uma prevalência 6,5% (tabela
4) em contrapartida no grupo etário 10-13 anos apresenta menor prevalência
com apenas 0,2% (tabela 2).
Distribuição da obesidade por grupo etário
Grupo etário Obesidade
Total Sim Não
10-13 263
15%
1493
85%
1756
100%
Tabela 5- Distribuição da obesidade por grupo etário 10-13 anos
Grupo etário Obesidade
Total Sim Não
14-16 86
5,7%
1436
94,3%
1522
100%
Tabela 6- Distribuição da obesidade por grupo etário 14-16 anos
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
48
Grupo etário Obesidade
Total Sim Não
17-19 75
4,9%
1465
95,1%
1540
100%
Tabela 7- Distribuição da obesidade por grupo etário 17-19 anos
Pela observação das tabelas 5,6 e 7 constata-se que dos três grupos etários
incluídos na amostra os adolescentes pertencentes ao grupo etário 10-13 anos
apresentam maior prevalência relativamente à obesidade (15%) (tabela 5) e os
adolescentes mais velhos apresentam menor prevalência (4,9%) (tabela 7).
Distribuição do tipo de dieta por grupo etário
Sopa (consumida nas três refeições principais, no dia anterior)
Grupo etário Sopa
Total Sim Não Não sabe
10-13 1162
66,2%
581
33,1%
13
0,7%
1756
100%
Tabela 8- Distribuição do tipo de dieta por grupo etário 10-13 anos
Grupo etário Sopa
Total Sim Não Não sabe
14-16 913
60%
597
39,2%
12
0,8%
1522
100%
Tabela 9- Distribuição do tipo de dieta por grupo etário 14-16 anos
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
49
Grupo etário Sopa
Total Sim Não Não sabe
17-19 919
59,7%
603
39,2%
18
1,2%
1540
100%
Tabela 10- Distribuição do tipo de dieta por grupo etário 17-19 anos
Relativamente ao tipo de dieta, consumida nas três refeições principais 66,2%
dos adolescentes pertencentes ao grupo etário 10-13 anos apresentam uma
maior prevalência de consumo de sopa (tabela 8), comparativamente com os
restantes grupos etários.
Salada/ legumes cozidos (consumidos nas três refeições principais, no dia
anterior)
Grupo etário Salada/ legumes cozidos
Total Sim Não Não sabe
10-13 1111
63,3%%
633
36%
12
0,7%
1756
100%
Tabela 11- Distribuição do tipo de dieta por grupo etário 10-13 anos
Grupo etário Salada/ legumes cozidos
Total Sim Não Não sabe
14-16 1005
66%
508
33,4%
9
0,6%
1522
100%
Tabela 12- Distribuição do tipo de dieta por grupo etário 14-16 anos
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
50
Grupo etário Salada/ legumes cozidos
Total Sim Não Não sabe
17-19 1005
65,3%
516
33,5%
19
1,2%
1540
100%
Tabela 13- Distribuição do tipo de dieta por grupo etário 17-19 anos
Segundo as tabelas 11,12 e 13 o consumo de salada/ legumes cozidos,
consumidos nas três refeições principais no dia anterior, apresenta uma maior
prevalência nos jovens 14-16 anos com 66% (tabela 12) e menor nos jovens
10-13 anos com 63,3% (tabela 11).
Fruta (consumida nas três refeições principais, no dia anterior)
Grupo etário Fruta
Total Sim Não Não sabe
10-13 1385
78,9%
362
20,6%
9
0,5%
1756
100%
Tabela 14- Distribuição do tipo de dieta por grupo etário 10-13 anos
Grupo etário Fruta
Total Sim Não Não sabe
14-16 1153
75,8%
359
23,6%
10
0,7%
1522
100%
Tabela 15- Distribuição do tipo de dieta por grupo etário 14-16 anos
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
51
Grupo etário Fruta
Total Sim Não Não sabe
17-19 1153
74,9%
370
24%
17
1,1%
1540
100%
Tabela 16- Distribuição do tipo de dieta por grupo etário 17-19 anos
De acordo com as tabelas 14,15 e 16 a prevalência do consumo de fruta nas
três refeições principais no dia anterior, é superior no grupo etário 10-13 anos
com 78,9% (tabela 14), contudo é no grupo etário 17-19 anos que apresenta
menor consumo de fruta (74,9%) (tabela 16).
Bolos/Chocolate /Sobremesa doce (consumidos nas três refeições principais,
no dia anterior)
Grupo etário Bolos/Chocolate /Sobremesa doce
Total Sim Não Não sabe
10-13 741
42,2%
1001
57%
14
0,8%
1756
100%
Tabela 17- Distribuição do tipo de dieta por grupo etário 10-13 anos
Grupo etário Bolos/Chocolate /Sobremesa doce
Total Sim Não Não sabe
14-16 627
41,2%%
883
58%
12
0,8%
1522
100%
Tabela 18- Distribuição do tipo de dieta por grupo etário 14-16 anos
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
52
Grupo etário Bolos/Chocolate /Sobremesa doce
Total Sim Não Não sabe
17-19 546
35,5%
974
63,2%
20
1,3%
1540
100%
Tabela 19- Distribuição do tipo de dieta por grupo etário 17-19 anos
De acordo com as tabelas 17, 18 e 19 o consumo de bolos/chocolate
/sobremesa doce nas três refeições principais no dia anterior, apresenta maior
prevalência nos jovens entre 10-13 anos com 42,2% (tabela 17) e observa-se
uma menor prevalência no grupo etário 17-19 anos com 35,5% (tabela 19).
Feita a caraterização da amostra, irei seguidamente debruçar sobre as
desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco,
Obesidade e Tipo de Dieta. Para precisar as diferenças entre géneros, nas
diferentes variáveis em estudo foi realizado o teste de Qui- Quadrado. Irei
começar por aferir a associação entre tabagismo e género de acordo com o
grupo etário; obesidade e género de acordo com o grupo etário e o tipo de
dieta e género de acordo com o grupo etário.
Associação entre o tabagismo e género de acordo com o grupo etário
Tabagismo Sexo Total
Valor P Masculino Feminino
Sim 3
0,3%
0
0%
3
0,2%
0,099 Não 919
99,7%
834
100%
1753
99,8%
Total 922
100%
834
100%
1756
100%
Tabela 20- Associação entre o tabagismo e género de acordo com o grupo
etário 10-13 anos
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
53
Tabagismo Sexo Total
Valor P Masculino Feminino
Sim 42
5,4%
29
3,9%
71
4,7%
0,176 Não 739
94,6%
712
96,1%
1451
95,3%
Total 781
100%
741
100%
1522
100%
Tabela 21- Associação entre o tabagismo e género de acordo com o grupo
etário 14-16 anos
Tabagismo Sexo Total
Valor P Masculino Feminino
Sim 217
27,3%
82
11%
299
19,4%
0,000 Não 577
72,3%
664
89%
1241
80,6%
Total 794
100%
746
100%
1540
100%
Tabela 22- Associação entre o tabagismo e género de acordo com o grupo
etário 17-19 anos
Ao analisar a associação entre o tabagismo e género de acordo com o grupo
etário, relativamente ao grupo etário 10-13 anos (Tabela 20), a prevalência de
consumo de tabaco é superior no sexo masculino (0,3%), no sexo feminino não
existe fumadores seja ocasionalmente ou diariamente (0%). No que concerne
ao teste do Qui-Quadrado o valor p>0,05 e não existem diferenças
estatisticamente significativas entre sexos e o consumo de tabaco.
Tanto no grupo etário 14-16 anos (tabela 21) e grupo etário 17-19 anos (tabela
22) é o sexo masculino que apresenta maior prevalência de consumo de
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
54
tabaco 5,4% e 27,3% respetivamente. Contudo no grupo etário 14-16 anos o
teste do Qui-quadrado apresenta um valor de p>0,05 e não existem diferenças
estatisticamente significativo entre sexos e o consumo de tabaco
Relativamente ao grupo etário 17-19 anos o teste do Qui-Quadrado revela um
valor de p<0,05 e existem diferenças estatisticamente significativas entre os
sexos e o consumo de tabaco.
Associação entre obesidade e género de acordo com o grupo etário
Obesidade Sexo
Total Valor P Masculino Feminino
Sim 176
19,1%
87
10,4%
263
15%
0,000 Não 746
80,9%
747
89,6%
1493
85%
Total 922
100%
834
100%
1756
100%
Tabela 23- Associação entre obesidade e género de acordo com o grupo etário
10-13 anos
Obesidade Sexo
Total Valor P Masculino Feminino
Sim 52
6,7%
34
4,6%
86
5,7%
0,080 Não 729
93,3%
707
95,4%
1436
94,3%
Total 781
100%
741
100%
1522
100%
Tabela 24- Associação entre obesidade e género de acordo com o grupo etário
14-16 anos
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
55
Obesidade Sexo Total
Valor P Masculino Feminino
Sim 43
5,4%
32
4,3%
75
4,9%
0,305 Não 751
94,6%
714
95,7%
1465
95,1%
Total 794
100%
746
100%
1540
100%
Tabela 25- Associação entre obesidade e género de acordo com o grupo etário
17-19 anos
A associação entre obesidade e género de acordo com o grupo etário, permitiu
constatar que em todos os grupos etários a prevalência da obesidade foi
superior no sexo masculino, no grupo etário 10-13 anos a prevalência do sexo
masculino foi de 19,1% e sexo feminino 10,4%, no grupo etário 14-16 anos foi
6,7% de prevalência no sexo masculino e 4,6% no sexo feminino, relativamente
aos mais velhos o sexo masculino apresentou uma prevalência de 5,4% e sexo
feminino de 4,3%.
Aquando da realização do teste do Qui-Quadrado apenas no grupo etário 10-
13 anos o valor de p<0,05 revela assim que existe associação estatisticamente
significativa entre os sexos e a obesidade, os restantes grupos etários
apresentaram um valor de p>0,05.
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
56
Associação entre o tipo de dieta e género de acordo com o grupo etário
Sopa (consumida nas três refeições principais, no dia anterior)
Sopa Sexo
Total Valor P Masculino Feminino
Sim 607
66,3%
555
67,1%
1162
66,7%
0,709 Não 309
33,7%
272
32,9%
581
33,3%
Total 916
100%
827
100%
1743
100%
Tabela 26- Associação entre o tipo de dieta e género de acordo com o grupo
etário 10-13 anos
Sopa Sexo
Total Valor P Masculino Feminino
Sim 460
59,5%
453
61,5%
913
60,5%
0,437 Não 313
40,5%
284
38,5%
597
39,5%
Total 773
100%
737
100%
1510
100%
Tabela 27- Tabela 26- Associação entre o tipo de dieta e género de acordo
com o grupo etário 14-16 anos
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
57
Sopa Sexo
Total Valor P Masculino Feminino
Sim 467
59,5%
452
61,3%
919
60,4%
0,463 Não 318
40,5%
285
38,7%
603
39,6%
Total 785
100%
737
100%
1522
100%
Tabela 28- Associação entre o tipo de dieta e género de acordo com o grupo
etário 17-19 anos
Pela observação das tabelas 26, 27 e 28 relativamente ao tipo de dieta
consumido nas três refeições relativamente à sopa, são os jovens do sexo
feminino que em todos os grupos etários apresentam maior prevalência de
consumo, no grupo etário 10-13 anos a prevalência do sexo masculino foi de
66,3% e o sexo feminino foi de 67,1%, no grupo etário 14-16 anos a
prevalência no sexo masculino foi de 59,5% e o sexo feminino foi de 61,5% e
por fim os adolescentes pertencentes ao grupo etário mais velho, o sexo
masculino apresentou uma prevalência de 59,5% e o sexo feminino de 61,3%.
Contudo na realização do teste do Qui-Quadrado nenhum grupo etário
apresentou uma diferença estatisticamente significativa entre o sexo e o
consumo de sopa uma vez que o valor p>0,05.
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
58
Salada /legumes cozidos (consumidos nas três refeições principais, no dia
anterior)
Salada /legumes
cozidos
Sexo Total Valor P
Masculino Feminino
Sim 578
63%
533
64,5%
1111
63,7
0,497 Não 340
37%
293
37%
633
36,3%
Total 918
100%
826
100%
1744
100%
Tabela 29- Associação entre o tipo de dieta e género de acordo com o grupo
etário 10-13 anos
Salada /legumes
cozidos
Sexo Total Valor P
Masculino Feminino
Sim 500
64,4%
505
68,5%
1005
66,4%
0,092 Não 276
35,6%
232
31,5%
508
33,6%
Total 776
100%
737
100%
1513
100%
Tabela 30- Associação entre o tipo de dieta e género de acordo com o grupo
etário 14-16 anos
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
59
Salada /legumes
cozidos
Sexo Total Valor P
Masculino Feminino
Sim 513
65,4%
492
66,6%
1005
66,1%
0,586 Não 271
34,6%
245
33,2%
516
33,9%
Total 784
100%
737
100%
1540
100%
Tabela 31- Associação entre o tipo de dieta e género de acordo com o grupo
etário 17-19 anos
Pela análise das tabelas 29,30 e 31 em todos os grupos etários os jovens do
sexo feminino apresentam maior prevalência de consumo salada e legumes
cozidos nas três refeições principais no dia anterior, foi notório que o valor de
p>0,05 em todos os grupos etários portanto não existe uma associação
significativamente estatística entre o sexo e o consumo deste tipo de alimentos.
Fruta (consumidos nas três refeições principais, no dia anterior)
Fruta Sexo
Total Valor P Masculino Feminino
Sim 710
77,3%
675
81,4%
1385
79,3%
0,036 Não 208
22,7%
154
18,6%
362
20,7
Total 918
100%
829
100%
1747
100%
Tabela 32- Associação entre o tipo de dieta e género de acordo com o grupo
etário 10-13 anos
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
60
Fruta Sexo
Total Valor P Masculino Feminino
Sim 582
75%
571
77,6%
1153
76,5%
0,238 Não 194
25%
165
22,4%
359
23,7%
Total 776
100%
736
100%
1512
100%
Tabela 33- Associação entre o tipo de dieta e género de acordo com o grupo
etário 14-16 anos
Fruta Sexo
Total Valor P Masculino Feminino
Sim 595
75,8%
558
75,6%
1153
100%
0,932 Não 190
24,2%
180
24,4%
370
24,3%
Total 785
100%
738
100%
1523
100%
Tabela 34- Associação entre o tipo de dieta e género de acordo com o grupo
etário 17-19 anos
Relativamente ao consumo de fruta nas três refeições principais no dia anterior,
o grupo etário 10-13 anos (tabela 32) e o grupo etário 14-16 anos (tabela 33)
apresentam maior prevalência no sexo feminino (com 81,4% e 77,6%
respetivamente), já no grupo etário 17-19 anos (tabela 34) foi o sexo masculino
que apresenta maior prevalência com 75,8%. Quando realizado o teste do Qui-
Quadrado apenas o grupo etário 10-13 anos apresenta o valor de p<0,05 o que
revela que existe uma associação estatisticamente significativa entre o sexo e
o consumo de fruta.
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
61
Bolos/chocolate /sobremesa doce (consumidos nas três refeições principais, no
dia anterior)
Bolos/chocolate
/sobremesa
doce
Sexo
Total Valor P Masculino Feminino
Sim 391
42,7%
350
42,4%
741
42,5%
0,895 Não 525
57,3%
476
57,6%
1001
57,5%
Total 916
100%
826
100%
1742
100%
Tabela 35- Associação entre o tipo de dieta e género de acordo com o grupo
etário 10-13 anos
Bolos/chocolate
/sobremesa
doce
Sexo
Total Valor P Masculino Feminino
Sim 332
42,9%
295
40%
627
41,5%
0,249 Não 441
57,1%
442
60%
883
58,5%
Total 773
100%
737
100%
1510
100%
Tabela 36- Associação entre o tipo de dieta e género de acordo com o grupo
etário 14-16 anos
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
62
Bolos/chocolate
/sobremesa
doce
Sexo
Total Valor P Masculino Feminino
Sim 295
37,6%
251
34,1%
546
35,9%
0,152 Não 489
62,4%
485
65,9%
974
64,1%
Total 784
100%
736
100%
1520
100%
Tabela 37- Associação entre o tipo de dieta e género de acordo com o grupo
etário 17-19 anos
Em todos os grupos etários são os rapazes os maiores consumidores de
bolos/chocolate /sobremesa doce. De um modo geral à medida que a idade
aumenta em ambos os sexos existe uma diminuição do consumo (com
exceção do grupo etário 14-16 anos no sexo masculino, que apresentou ligeiro
aumento).
Neste caso o valor p>0,05 em todos os grupos etários, logo considera-se que
as diferenças entre o sexo e consumo de bolos/chocolate /sobremesa doce não
são estatisticamente significativas.
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
63
3. Discussão dos resultados
A discussão dos resultados permite aferir os resultados obtidos e confrontá-los
com a revisão da literatura.
Neste estudo a amostra é constituída por 4818 indivíduos de ambos os sexos,
com idades compreendidas entra 10 e 19 anos de idade. A idade mais
prevalente corresponde aos 16 anos com 11,1% independente do género.
No que concerne às variáveis em estudo, nomeadamente o tabagismo, foram
os rapazes que apresentaram maior prevalência em todos os grupos etários,
de salientar que grupo o etário 10-13 anos relativamente às raparigas não
houve qualquer tipo de consumo diário ou ocasional uma vez que não existiu
nenhum caso. É também notório que à medida que a idade aumenta, em
ambos os sexos, o consumo diário ou ocasional de tabaco também aumenta.
Contudo é no grupo etário 17-19 anos que a diferença de género e o consumo
de tabaco é estatisticamente significativo, a prevalência do sexo masculino é
de 27,3% e do sexo feminino de 11%.
Tais resultados não corroboram alguns dos estudos inseridos na revisão de
literatura, nomeadamente a pesquisa elaborada por Global Youth Tobacco
(Warren, 2008), a adolescentes com idade compreendidas entre 13-15 anos no
qual se constata que não houve diferença na prevalência de tabagismo entre
rapazes e raparigas e nalguns locais onde o estudo foi efetuado existiu uma
maior prevalência no consumo de tabaco nas raparigas. No estudo HBSC
refere que são os mais velhos que obtêm maior prevalência
independentemente do género, sendo que as raparigas têm 12% e os rapazes
9% (Currie et al, 2008).
Tais resultados não se encontram em conformidade com a amostra do INS
2005/2006, uma vez que apesar de serem os mais velhos que mais fumam não
são as raparigas que apresentam maior prevalência mas sim os rapazes.
Apesar Hedman et al (2006) referir no seu estudo que a prevalência de
consumo de tabaco era superior nos rapazes, estes autores não verificaram a
existência de diferenças significativas no consumo entre os 12 e 14 anos, o que
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
64
aconteceu na amostra do INS 2005/2006, uma vez que só o grupo etário 17-19
anos apresentou.
De acordo com o ESPAD são os rapazes que iniciam o consumo mais cedo
(Hibell et al, 2009), este resultado está em conformidade com a amostra em
estudo do INS 2005/2006, uma vez que no grupo etário mais jovens 10-13
anos apenas os rapazes tinham consumo diário ou ocasional com prevalência
0,3% e as raparigas de 0%, contudo as prevalências no estudo ESPAD são
bem superiores 36% e 32% respetivamente (Hibell et al, 2009). Também
Nunes (2004) na sua pesquisa revela que o maior consumo tabaco é no sexo
masculino (32,5%) relativamente ao sexo feminino (12,2%), este é o resultado
demonstrado no estudo independente do grupo etário.
Segundo os estudos elaborados por Ferreira e Torgal (2010) e Precioso et al
(2012), concluem que o consumo tabágico apresenta maior prevalência nos
rapazes.
É notório que este tipo de comportamento de risco tem início na adolescência
(Nunes, 2004; Park, 2011), e todas as suas formas de consumo acarretam
efeitos adversos na saúde que a longo prazo podem resultar em morte ou
incapacidade (Eriksen e Mackay, 2002).
Segundo Park (2011), aproximadamente 90% dos indivíduos que fumam pela
primeira vez são adolescentes e menores de 18 anos, e a taxa de tabagismo
nesta população aumenta de forma constante, estes resultados são similares
aos encontrados com a amostra do INS 2005/2006 uma vez que em todos os
grupos etários haviam fumadores com a exceção dos jovens do sexo feminino
do grupo etário 10-13 anos.
De um modo geral Portugal apresenta prevalência de tabagismo mais baixa da
Europa (European Comission, 2009), contudo quando avaliado em termos de
do género e idade ocorre um aumento da prevalências nos adultos jovens e na
população em idade ativa (Machado, Nicolau e Dias, 2009).
Relativamente à variável obesidade a maior prevalência foi encontrada no sexo
masculino, em todos os grupos etários. No entanto constata-se que ocorre uma
diminuição da prevalência da obesidade nos diferentes géneros há medida que
aumenta a idade. Apesar de se concluir a existência de diferença
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
65
estatisticamente significativa entre géneros apenas no grupo etário mais novo,
o sexo masculino apresentou uma prevalência de 19,1% e no sexo feminino
10,4%. Ao longo dos grupos etários 14-16 anos e 17-19 anos ocorre uma
aproximação na prevalência tanto nos rapazes como nas raparigas.
Estudos elaborados na Europa confirmam uma diminuição da obesidade, com
o aumento da idade. Contudo a maior prevalência, no que concerne há
diferença de géneros era nos rapazes (WHO, 2007), o que corrobora com o
estudo efetuado. Refere também que em Portugal não apresentava diferenças
entre géneros e que à medida que aumentava a idade a obesidade diminuía,
mas de acordo com estudo realizado apesar da prevalência diminuir com o
avançar da idade, foram os rapazes que apresentaram diferenças
estatisticamente significativas apenas no grupo etário mais novo.
Segundo Lobstein, Baun e Uauy (2004), a prevalência de obesidade nos
rapazes é de 33% e nas raparigas de 27%. Segundo Zhang e Wang (2013) a
prevalência da obesidade no sexo masculino foi superior ao sexo feminino com
8% e 2,4% respetivamente.
Ribeiro (2003) numa pesquisa efetuada no grande Porto obteve resultados
semelhantes à amostra do INS (2005/2006).
Também Amaral, Pereira e Escoval (2007) demonstram que a prevalência de
obesidade do sexo masculino foi de 4,2% e do sexo feminino de 2,8%. Um
estudo elaborado na Região Autónoma da Madeira também apresentou uma
maior prevalência de obesidade no sexo masculino em detrimento do sexo
feminino, os rapazes com 2,61% e as raparigas com 1,86% (Gouveia et al,
2009).
No estudo elaborado por Sardinha et al (2011), foram utilizados distintos
critérios para avaliar a prevalência da obesidade, segundo IOTF e WHO.
Apesar de terem sido utilizados critérios distintos, obtiveram resultados
semelhantes, uma vez que o sexo masculino apresentou a maior prevalência.
Ferreira, Mota e Duarte (2012), avaliaram a obesidade através IMC, PC e MG e
apenas um dos critérios usados, nomeadamente o IMC apresentou resultados
similares ao estudo efetuado. Relativamente aos restantes critérios foi o sexo
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
66
feminino que obteve maior prevalência na obesidade comparativamente com o
sexo masculino.
É notório que a grande parte da revisão da literatura refere que a prevalência
de obesidade no sexo masculino era superior ao sexo feminino, sendo também
os resultados obtidos com a amostra do INS 2005/2006.
Relativamente à variável tipo de dieta relacionada com o consumo de
alimentos, consumidos nas três refeições principais e no dia anterior,
constatou-se que o consumo de sopa é mais prevalente nos jovens do sexo
feminino, contudo não existe diferença estatisticamente entre sexos e o
consumo deste tipo de alimento em nenhum dos grupos etários.
A prevalência de consumo de salada e legumes cozidos nas três refeições
principais no dia anterior, apresenta maior prevalência em todos os grupos
etários no sexo feminino e não existe associação entre o género e consumo
destes tipos de alimentos.
Quanto ao consumo de fruta, nos 2 grupos etários mais jovens existe uma
maior prevalência no sexo feminino já no grupo etário 17-19 anos ocorre uma
alteração, e é o sexo masculino que apresenta uma maior prevalência de
consumo de fruta. Contudo existe diferença estatisticamente significativa entre
o género e o consumo de fruta somente no grupo etário 10-13 anos.
Quando se pretende aferir a associação existente no consumo de
bolos/chocolate /sobremesa doce nas três refeições principais no dia anterior,
são os rapazes que apresentam maior prevalência em todos os grupos etários.
Porém também não existe diferença estatisticamente significativa entre o
género e o consumo de bolos/chocolate /sobremesa doce nas três refeições
principais no dia anterior.
De acordo com o estudo efetuado, apenas existiu associação estatisticamente
significativa no grupo etário 10-13 entre o género e o consumo de fruta.
Existe evidência que ocorre aumento da obesidade e excesso de peso nestes
grupos etários referido (WHO, 2007).
O ambiente envolvente do jovem é premente e tem um papel fundamental no
desenvolvimento da obesidade. Hoje em dia os fatores comportamentais,
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
67
sociais e económicos também influenciam os padrões alimentares (WHO,
2010).
Logo juntamento com outros fatores de risco, nomeadamente o sedentarismo
demonstram um impacto preponderante no desenvolvimento de doenças
crónicas com agravamento nos casos de obesidade (Yunsheng et al, 2003;
WHO, 2003).
3.1. Limitações do estudo
De realçar que existem limitações no estudo em causa que podiam explicar
melhor os resultados.
Quando estudados o consumo de tabaco e obesidade nos adolescentes
portugueses talvez a variável de estatuto socioeconómico fosse importante
para aferir as desigualdades de género neste tipo de comportamentos.
Relativamente aos estudos de obesidade encontrados na revisão de literatura,
muitos desses estudos utilizavam critérios distintos ou não mencionavam que
critérios tinham sido utilizados e os grupos etários por vezes também eram
mais reduzidos.
Existem vários determinantes no tabagismo e obesidade, de acordo com base
de dados utilizada para o estudo não foi possível avaliá-los e estes podem ter
um papel de confundimento.
Em particular a relação com os grupo de pares uma vez que pode ser um
determinante preponderante na saúde dos adolescentes, dado que os amigos
exercem um papel de grande importância nas ações que podem levar a cabo.
Posto isto a influência exercida pelos grupo de pares na adoção ou não de
estilos de vida saudáveis, através da comunicação ou imitação que
desenvolvem no grupo em que o adolescente está inserido (Stiles e Raney,
2004). Apesar de o grupo de pares exercer, ao longo desta etapa de vida um
papel fundamental pode nem sempre ser desempenhado da melhor forma, isto
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
68
é, ser facilitador de comportamento de riscos, nomeadamente consumo de
substâncias entre outros (Shook et al, 2009; Morton e Chen, 2006), ou em
contrapartida representar um papel indispensável na saúde e bem-estar dos
adolescentes (Heinrich e Gullone, 2006).
Segundo Kalavana, Maes e Gucht ( 2010) citado por Poinhos, R. (2010) o
papel dos pares nos hábitos alimentares está ao nível tanto dos processos bem
como dos resultados, uma vez que podem desempenhar influência no sentido
positivo bem como no sentido oposto.
É notório que os amigos sejam importantes no desenvolvimento dos
adolescentes, mas os pais / educadores prestam também uma importante base
emocional e psicológica nos adolescentes (Wilkinson, 2010).
Existe evidência que o comportamento tabágico dos adolescentes tem como
base, esse mesmo comportamento nos seus progenitores. De acordo com
Precioso, Macedo e Rebelo (2007), a prevalência obtida de alunos fumadores
foi superior no grupo de alunos pertencentes aos pais fumadores, e referido
uma maior influência se for a mãe a fumadora.
Outro pilar fundamental é a modificação dos hábitos alimentares das famílias, a
preparação dos alimentos e as quantidades ingeridas (Sousa, Loureiro e
Carmo, 2008).
Uma vez que os dados da amostra se reportam ao INS 2005/2006, a
prevalência deste tipo de comportamentos de risco nos adolescentes em
Portugal pode já não corresponder á situação presente.
4. Enquadramento das políticas de saúde tabagismo/obesidade
De acordo com WHO (2008), terminar com a epidemia tabágica que afeta tanto
homens como mulheres e crianças é deveras premente, o tabaco é um fator de
risco para principais causas de morte no mundo e a melhor forma de colmatar
esta epidemia depende da sociedade civil e das ações governamentais.
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
69
Segundo Macedo e Precioso (2006), quando o comportamento tabágico tem
inicio atempadamente, ou seja em idades precoces existe uma maior
vulnerabilidade por parte do fumador ficar dependente muitos anos da sua vida
ou até mesmo a vida inteira (Vries et al, 2003). É também de realçar, segundo
estes autores que quanto mais precocemente é iniciado o seu consumo maior
probabilidade de ocorrer efeitos adversos para a saúde, regra geral é a
primeira droga a ser experimentada, desde logo é importante que se invista na
prevenção do consumo de tabaco.
Para que ocorra uma prevenção eficaz esta tem que se desenvolver no âmbito
das escolas, uma vez que é ai que os adolescentes passam mais tempo logo
os professores são fundamentais no papel de educadores, contudo não
podemos esquecer o papel da família e amigos também.
Segundo Precioso (2006) as sessões/ ações sensibilização para contrariar este
comportamento tabágico devem ser inseridas no contexto escolar e na
comunidade. Relativamente às ações no âmbito escolar podem ser programas
esclarecedores, implementação de estilos de vida saudáveis quanto à
comunidade este autor dá como exemplos a proximidade da família
(nomeadamente dos pais), proibição de colocação de máquinas de tabaco
próximo de escolas, as campanhas nos media com jovens atores e cantores
indivíduos com os quais os adolescentes se identificam. Por sua vez também é
necessário que os profissionais ligados à área da saúde e da docência estejam
sensibilizados para os problemas inerentes ao tabagismo nesta faixa etária.
No que concerne a medidas governamentais estas poderiam passar por menor
acessibilidade ao tabaco na medida em que aumentar-se-iam os padrões
fiscais do tabaco que reverteriam em benefícios de mulheres, jovens e grupos
carenciados. Promulgar e exigir o cumprimento da lei para que todos os locais
de trabalho e locais públicos sejam isentos de fumo. Relativamente aos media,
toda e qualquer publicidade que promova e patrocine o incentivo ao tabaco
fosse proibida, também seria importante especificar efeitos adversos nos
produtos de tabaco mas diferenciando consoante o género (WHO 2007).
Em países com rendimento elevado as política de controlo de tabaco tiveram o
impacto pretendido, contudo não chegaram a igual forma a todos os grupos
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
70
populacionais, mais limitados entre jovens e mulheres com um baixo estatuto
socioeconómico (Greaves; Vallone e Velicer, 2006).
Quanto ao aumento dos preços, constata-se uma redução na prevalência de
consumo em jovens do sexo masculino, no entanto um estudo norte-americano
evidenciou que o impacto dos preços era menor nos jovens do sexo feminino.
Os fumadores pertencentes a um baixo estatuto socioeconómico eram
sensíveis às oscilações de preço do tabaco comparativamente com fumadores
alto estatuto socioeconómico (Rice et al, 2010).
À luz destas análises as tendências e estratégias de controlo do tabaco
destinado a parar e, inverter a epidemia tabágica, principalmente nos jovens
precisam ser fundamentadas e bem compreendidas. Dada a falta de
compreensão dos malefícios do tabaco por parte dos jovens de ambos os
sexos é necessário programas de cessação tabágicos específicos direcionados
e com interesses locais.
No que concerne à obesidade, considerada como uma epidemia do século XXI,
pela Organização Mundial de Saúde, uma doença com várias causas, sendo as
principais comportamentais direcionadas para a má alimentação e inatividade
física. Nos países industrializados é uma doença que afeta crianças e
adolescentes.
Segundo Kirk, Scott e Daniels (2005) o tratamento recomendado para o jovens
com excesso de peso passa por várias estratégias complementares entre si,
sendo elas de índole comportamental. A redução do consumo de energia
excessiva, que passa por ingestão de nutrientes essenciais para o bom
funcionamento do organismo para proteger o crescimento e desenvolvimento,
aumentar o gasto energético através da promoção da atividade física,
empenhar ativamente os pais, escolas e prestadores dos cuidados de saúde
cuidadores primários como agentes de mudança, e se possível facilitar um
ambiente familiar favorável.
É necessário incentivar os adolescentes a serem mais ativos fisicamente. Para
além disso, precisamos melhorar o ambiente para criar locais em que a
atividade física possa ter o seu papel, isso inclui ruas seguras e calçadas,
parques melhores e mais seguros, ginásios, e mais ciclovias e piscinas
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
71
públicas. Iniciativas baseadas no âmbito escolar, devem ser criadas para tentar
desenvolver programas eficazes e práticas para prevenir e reverter a
obesidade (Sunyer e Etherton, 2005).
Existem evidências em estudos genéticos que indicam que a maioria das
crianças estão em risco de aumento de peso, e que as estratégias para
prevenir a obesidade na população infantil como incentivar dietas saudáveis e
atividade física abundante vai beneficiar a saúde de todas os jovens, estejam
em risco de obesidade ou não (Lobstein, Baur e Uauy, 2004).
Mais e melhor educação sobre nutrição e educação física são necessários nas
escolas. Em termos simples, isso significa desenvolvimento e implementação
de estratégias eficazes para o tratamento de excesso de peso e obesidade
num contexto individualizado para posteriormente serem implementado em
grandes grupos (Sunyer e Etherton, 2005).
Muito do tratamento da obesidade passa sem dúvida pela prevenção, ou seja
adequar comportamentos corretos no sentido de motivar os atores principais,
através de intervenções ao nível da família ou da escola acompanhada por
mudanças no contexto social e cultural, de modo que os benefícios possam ser
sustentados e reforçados. Tais estratégias de prevenção exigirão um esforço
coordenado entre a comunidade médica, responsáveis de saúde, professores,
pais, produtores de alimentos, fornecedores, media e os meios de
comunicação, políticos e legisladores (Lobstein, Baur e Uauy, 2004).
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
72
Parte IV - Conclusão e considerações finais
Foi deveras fundamental a elaboração deste tipo de trabalho, referente a esta
temática para tentar compreender e esclarecer a saúde dos nossos jovens que
são o futuro do amanhã, e dar a relevância necessária a esta etapa de vida.
Desde logo é crucial compreender e desmistificar as circunstâncias em que os
adolescentes Portugueses, com idades compreendidas entre 10 e os 19 anos
de idade se encontra no que se refere às desigualdades de género em saúde,
nomeadamente ao tabaco e obesidade. Existe evidência da associação entre
obesidade e comportamentos de risco nos adolescentes (Cawley, Markowitz e
Tauras, 2004; Lowry et al, 2002).
No estudo realizado conclui-se que:
Apesar dos rapazes apresentarem uma maior prevalência de consumo de
tabaco diário ou ocasional em todos os grupos etários, apenas nos
adolescentes pertencentes ao grupo etário 17-19 anos ocorreu associação
estatisticamente significativa entre o sexo e o consumo de tabaco.
De realçar que houve aumento de consumo de tabaco em todos os grupos
etários com aumento da idade em ambos os géneros.
Referente à obesidade também foram os rapazes que apresentaram uma maior
prevalência em todos os grupos etários mas contrariamente ao consumo de
tabaco, foi no grupo etário 10-13 anos (mais novo) que existe associação
estatisticamente significativa entre o género e a obesidade. À medida que a
idade aumentava a prevalência da obesidade diminuía, situação contrária ao
consumo de tabaco.
De salientar que neste estudo quando questionado relativamente ao tipo de
dieta consumido nas três refeições principais, no dia anterior foram as
raparigas que consumiam mais sopa, salada/legumes cozidos e fruta (com
exceção do grupo etário 17-19 anos foi sexo masculino que apresenta maior
prevalência). Apenas no consumo de fruta existiu associação estatisticamente
significativa mas no grupo etário 10-13 anos.
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
73
Em contrapartida foram os rapazes que mais bolos, chocolates e sobremesa
doce consumiam, contudo não houve associação estatisticamente significativa
em nenhum grupo etário.
Tanto o tabagismo como a obesidade são passiveis de prevenção sendo a
primeira a principal causa de morte precedido imediatamente pela segunda
(Portugal. Ministério da Saúde, 2005a).
De acordo com o estudo efetuado o período crítico do tabagismo é o grupo
etário 17-19 anos, já obesidade são os mais jovens pertencentes ao grupo
etário 10-13 anos.
A realização deste trabalho evidenciou o quão importante seria apostar na
prevenção de modo a diminuir as estatísticas de obesidade e tabagismo na
adolescência, torna-se fundamental uma intervenção em políticas e estratégias
para combater estes números inquietantes. Também seria importante aferir os
problemas e as razões pelas quais os adolescentes visados não adquirem os
comportamentos saudáveis dados os imensos recursos disponíveis,
nomeadamente ao nível da promoção de saúde.
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
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Parte V - Referências bibliográficas
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Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
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Anexo I
BMI-for-age BOYS 10 to 19 years (percentiles)
Desigualdades de saúde no género na população adolescente: Tabaco e Obesidade
98
Anexo II
BMI-for-age GIRLS 10 to 19 years (percentiles)