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DESTINAÇÃO FINAL DA MADEIRA PROVENIENTE DE EMBALAGENS NA GERÊNCIA DE MÁQUINAS DE VIA DA ESTRADA DE FERRO VITÓRIA A MINAS EM GOVERNADOR VALADARES - MG D’Magna Tomaz Berou dos Santos – Aluna do 5º período do Curso de Tecnologia em Gestão Ambiental do IFMG, campus Governador Valadares. [email protected] Luiz Fernando da Rocha Penna – Professor Mestre do Curso Tecnologia em Gestão Ambiental do IFMG, campus Governador Valadares. RESUMO No passado, os resíduos gerados não eram foco de problemas na sociedade tão pouco existiam normas e leis que orientasse o destino correto. Entretanto, diante do crescimento populacional, da revolução industrial e do desenvolvimento urbano foram criadas políticas de gestão de tratamento dos resíduos a fim de garantir que os mesmos sejam dispostos adequadamente no meio ambiente. A destinação correta dos resíduos gerados é função de todos que contribuem para a sua geração. Dessa forma, empresas privadas montam estratégias para os resíduos gerados a partir de seu processo produtivo. Este trabalho visa verificar a destinação final da madeira proveniente de embalagens na Gerência de Manutenção de Máquinas de Via da Estrada de Ferro Vitória a Minas – Vale na cidade de Governador Valadares através da identificação do tipo de madeira descartada e do quantitativo de madeira gerada como resíduo. PALAVRAS-CHAVE: resíduos; madeira; destinação; embalagens. ABSTRACT In the past, the waste generated were not the focus of problems in society so little rules and laws that existed orient the correct destination. However, due to population growth, the industrial revolution and urban development were created management policies for waste treatment to ensure that they are properly disposed in the environment. The correct disposal of waste generated is a function of all who contribute to its generation. Thus, private companies riding strategies for waste generated from the production process. This work aimed to investigate the disposal of timber from packaging in Maintenance Management of Via Machines Railroad Vitória-Minas - Vale in the city of Governador Valadares by identifying the type of discarded wood and quantitative wood generated as waste. KEYWORDS: waste; wood; allocation; packaging.

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DESTINAÇÃO FINAL DA MADEIRA PROVENIENTE DE

EMBALAGENS NA GERÊNCIA DE MÁQUINAS DE VIA DA

ESTRADA DE FERRO VITÓRIA A MINAS EM GOVERNADOR

VALADARES - MG

D’Magna Tomaz Berou dos Santos – Aluna do 5º período do Curso de Tecnologia em Gestão Ambiental do IFMG, campus Governador Valadares. [email protected]

Luiz Fernando da Rocha Penna – Professor Mestre do Curso Tecnologia em Gestão Ambiental

do IFMG, campus Governador Valadares.

RESUMO

No passado, os resíduos gerados não eram foco de problemas na sociedade

tão pouco existiam normas e leis que orientasse o destino correto. Entretanto,

diante do crescimento populacional, da revolução industrial e do

desenvolvimento urbano foram criadas políticas de gestão de tratamento dos

resíduos a fim de garantir que os mesmos sejam dispostos adequadamente no

meio ambiente. A destinação correta dos resíduos gerados é função de todos

que contribuem para a sua geração. Dessa forma, empresas privadas montam

estratégias para os resíduos gerados a partir de seu processo produtivo. Este

trabalho visa verificar a destinação final da madeira proveniente de embalagens

na Gerência de Manutenção de Máquinas de Via da Estrada de Ferro Vitória a

Minas – Vale na cidade de Governador Valadares através da identificação do

tipo de madeira descartada e do quantitativo de madeira gerada como resíduo.

PALAVRAS-CHAVE: resíduos; madeira; destinação; embalagens.

ABSTRACT

In the past, the waste generated were not the focus of problems in society so

little rules and laws that existed orient the correct destination. However, due to

population growth, the industrial revolution and urban development were

created management policies for waste treatment to ensure that they are

properly disposed in the environment. The correct disposal of waste generated

is a function of all who contribute to its generation. Thus, private companies

riding strategies for waste generated from the production process. This work

aimed to investigate the disposal of timber from packaging in Maintenance

Management of Via Machines Railroad Vitória-Minas - Vale in the city of

Governador Valadares by identifying the type of discarded wood and

quantitative wood generated as waste.

KEYWORDS: waste; wood; allocation; packaging.

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1 INTRODUÇÃO

Há muito tempo, antes mesmo da revolução industrial quando o Brasil ainda

era colônia de Portugal, os resíduos gerados pela população não eram foco de

problemas na sociedade, afinal os mesmos eram depositados em lugares distantes

reduzindo incômodo para as pessoas. Entretanto, o cenário foi modificando pouco a

pouco quando o processo de urbanização tomou conta das cidades elevando o

crescimento populacional destas, assim como a instalação de indústrias que através

de seu processo produtivo contribuíram para a geração de resíduos.

Costa (2005), afirma que a revolução industrial, o desenvolvimento urbano e o

descontrole no crescimento populacional, junto com a evolução tecnológica nos

últimos anos, propiciaram a criação de novos produtos, cujo uso indiscriminado levou

à dilapidação dos recursos naturais e fez com que a quantidade de resíduos gerados

aumentasse significativamente, tornando-os atualmente um dos grandes problemas no

país.

De acordo com a NBR10004 (ABNT, 2004), resíduos sólidos são resíduos nos

estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de origem industrial,

doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Tal norma

classifica os resíduos em:

a) Resíduos classe I – Perigosos: aqueles que apresentam periculosidade tais como inflamabilidade, toxidade, corrosividade, patogenicidade e reatividade. b) Resíduos classe II – Não perigosos: aqueles que não apresentam periculosidade e podem ser classificados em: – resíduos classe II A – Não inertes: podem ter propriedades, tais como biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água. – resíduos classe II B – Inertes: Quaisquer resíduos que, quando amostrados de uma forma representativa, segundo a ABNT NBR 10007, e submetidos a um contato dinâmico e estático com água destilada ou desionizada, à temperatura ambiente, conforme ABNT NBR 10006, não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor.

Diante do exposto, políticas de gestão de tratamento dos resíduos foram

criadas com objetivo de garantir a gestão adequada dos resíduos incluindo a

segregação, a estocagem e a destinação final dos mesmos. Assim, a Política

Nacional dos Resíduos Sólidos Lei nº 12.305/2010 (PNRS) que, de acordo com artigo

4º, reúne o conjunto de princípios, objetivos, instrumentos, diretrizes, metas e ações

adotadas pelo Governo Federal, isoladamente ou em regime de cooperação com

Estados, Distrito Federal, Municípios ou particulares, com vistas à gestão integrada e

ao gerenciamento ambientalmente adequado dos resíduos sólidos. E tem por um dos

objetivos, de acordo o inciso II, a não geração, redução, reutilização, reciclagem e

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tratamento dos resíduos sólidos, além de disposição adequada dos rejeitos

respeitando o meio ambiente.

A PNRS define resíduos sólidos como materiais, substâncias, objetos ou bens

descartados resultantes de atividades humana em sociedade, aos quais a destinação

final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder. De acordo com

Art. 13, a PNRS possui a classificação:

I - quanto à origem: a) resíduos domiciliares: os originários de atividades domésticas em residências urbanas; b) resíduos de limpeza urbana: os originários da varrição, limpeza de logradouros e vias públicas e outros serviços de limpeza urbana; c) resíduos sólidos urbanos: os englobados nas alíneas “a” e “b”; d) resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços: os gerados nessas atividades, excetuados os referidos nas alíneas “b”, “e”, “g”, “h” e “j”; e) resíduos dos serviços públicos de saneamento básico: os gerados nessas atividades, excetuados os referidos na alínea “c”; f) resíduos industriais: os gerados nos processos produtivos e instalações industriais; g) resíduos de serviços de saúde: os gerados nos serviços de saúde, conforme definido em regulamento ou em normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama e do SNVS; h) resíduos da construção civil: os gerados nas construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, incluídos os resultantes da preparação e escavação de terrenos para obras civis; i) resíduos agrossilvopastoris: os gerados nas atividades agropecuárias e silviculturais, incluídos os relacionados a insumos utilizados nessas atividades; j) resíduos de serviços de transportes: os originários de portos, aeroportos, terminais alfandegários, rodoviários e ferroviários e passagens de fronteira; k) resíduos de mineração: os gerados na atividade de pesquisa, extração ou beneficiamento de minérios; II - quanto à periculosidade: a) resíduos perigosos: aqueles que, em razão de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade, carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenicidade, apresentam significativo risco à saúde pública ou à qualidade ambiental, de acordo com lei, regulamento ou norma técnica; b) resíduos não perigosos: aqueles não enquadrados na alínea “a”.

Destinar corretamente os resíduos gerados não é apenas função do poder

público, mas de todos que contribuem para a sua geração. Diante disso, as empresas

privadas, vêm montando estratégias para os resíduos gerados decorrentes de seu

processo produtivo. Tal ação vai além da responsabilidade sócio ambiental e o

atendimento às leis, pois atualmente o mercado consumidor exige um produto cuja

marca está associada a uma imagem positiva e que não causa impactos negativos ao

meio ambiente.

Um dos resíduos mais gerados no Brasil é a madeira, seja ela oriunda da

indústria madeireira que engloba cascas, pó de serras e qualquer outro tipo originário

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desta atividade; da construção civil caracterizados por entulhos de obras e

construções ou meio urbano definido como embalagens, móveis e até mesmo podas

de árvores. Segundo Tuoto (2009), os resíduos de madeira não podem ser evitados.

Na realidade, o principal problema por trás da geração dos resíduos de madeira é o

desperdício de matéria-prima (madeira) associado ao seu manejo e disposição, muitas

vezes, ambientalmente inadequados.

Tuoto (2009) estima que sejam gerados no Brasil aproximadamente 30 milhões

de toneladas de resíduos de madeira anualmente. A principal fonte geradora de

resíduos é a indústria madeireira, a qual contribui com 91% dos resíduos de madeira

gerados. Comparativamente, a participação dos resíduos de madeira da construção

civil (3%) e do meio urbano (6%) são menos expressivos. Tuoto (2009) ressalta que

embora os resíduos de madeira provenientes da construção civil e do meio urbano

sejam pouco significativos se comparados aos gerados pela indústria madeireira, eles

são importantes no contexto urbano. Nesse sentido é preciso melhorar seu

gerenciamento. A PNRS (2010) define gerenciamento de resíduos sólidos – GRS

como:

Conjunto de ações exercidas, direta ou indiretamente, nas etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, de acordo com plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos ou com plano de gerenciamento de resíduos sólidos, exigidos na forma desta Lei. (PNRS, 2010, p.2)

Assim, são imprescindíveis políticas públicas como a PNRS, que além de

regulamentar as diretrizes em relação aos resíduos, objetiva também a educação

ambiental na sociedade de uma forma geral, abrangendo cidadãos, esferas públicas e

setor privado. Baseado no princípio da gestão adequada dos resíduos gerados, este

trabalho tem como local de estudo a Gerência de Manutenção de Máquinas de Via da

Estrada de Ferro Vitória a Minas – Vale na cidade de Governador Valadares. A

realização desta pesquisa se justifica e poderá servir como modelo de gestão de

resíduos sólidos para outras empresas. E a pergunta que se faz é: Quais são os tipos

de madeira descartadas na área de estudo? Qual a quantidade de madeira de

resíduos gerados? O objetivo geral deste trabalho é verificar a destinação final da

madeira proveniente de embalagens observando se o descarte é correto ou não e se

existe a contaminação de tais resíduos. E os objetivos específicos são identificar o tipo

e o quantitativo de madeira descartada.

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2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

2.1 Caracterização da Área de Estudo

A Vale é uma empresa presente nos cincos continentes e sediada no Brasil

com mais de 100 mil empregados entre próprios e terceirizados e está entre as cinco

maiores mineradoras do mundo. O principal produto é o minério de ferro, cuja

exploração ocorre em três sistemas integrados, formados por mina-ferrovia-porto.

Nestes sistemas encontram-se as ferrovias Estrada de Ferro Carajás - EFC, Estrada

de Ferro Vitória Minas - EFVM e Ferrovia Centro Atlântica - FCA, que são o elo entre a

mina e o porto. A Estrada de Ferro Vitória a Minas está localizada na região sudeste

com 905 km de extensão que liga os estados de Minas Gerais e o Espírito Santo. Com

apenas 3,1% da malha ferroviária de todo o país, a EFVM transporta atualmente 40%

de toda a carga ferroviária brasileira como minério de ferro, aço, soja, carvão, calcário,

entre outros. Além do transporte de produtos, há também o transporte de passageiros

que no ano de 2012 levou quase 243 mil pessoas a diferentes destinos entre Minas

Gerais e Espírito Santo.

Para manter a malha ferroviária em boas condições, é necessária a

manutenção da ferrovia através de correções geométricas que confere à via

segurança na logística dos vagões carregados e dos carros de passageiros. A

manutenção da ferrovia é realizada por diversos equipamentos de via e estes também

passam por manutenções para que possam operar com confiabilidade e a

responsabilidade por essas preventivas cabe a uma gerência especializada nas

máquinas.

A Gerência de Manutenção de Equipamentos da Via EFVM (GAMOG),

responsável pela manutenção de Máquinas de Via na EFVM possui 173 empregados

e conta com 03 unidades de manutenção ao longo da EFVM conforme mostra a Figura

1: Oficina Nova Era (Desembargador Drumond - MG); Oficina Governador Valadares –

MG sede e local de estudo, e Oficina Cariacica (Itacibá) localizada no Espírito Santo.

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Figura 1 - Abrangência das Oficinas de Manutenção de Equipamentos de Via na Estrada de Ferro Vitória a Minas

Fonte: Vale (Intranet)

Em Governador Valadares, a Vale está localizada na região central, ocupando

uma área de aproximadamente 29.000m² com endereço oficial na Praça João Paulo

Pinheiro S/N, além de outras 02 portarias de acesso ao pátio sendo: portaria Peçanha

situada na rua de mesmo nome próximo ao Viaduto do Mergulhão e portaria Grã

Duquesa estabelecida na Rua Sete de Setembro no bairro Grã Duquesa, ao lado do

viaduto Mister Simpson. A GAMOG, compreendida na Figura 2, está centralizada no

pátio e ocupa uma área de 18.217m² com 110 empregados lotados em Governador

Valadares e dentre estes muitos trabalham ao longo da ferrovia a fim de garantir a

confiabilidade do equipamento de via durante sua operação. A oficina é dividida em

várias seções como caldeiraria, pneumática, hidráulica, usinagem, motores, banca,

tração, ferramentaria e laboratório de elétrica. Tais seções atuam em áreas específicas

como os próprios nomes indicam e agregam ao restante da oficina na fabricação e

recuperação de peças na manutenção das máquinas.

ES

MG

CL

CP

GV

MR

DD

CS

FU

VTTubarão

Itabira

Belo Horizonte

Fabrica

Cap. Eduardo

Itacibá

Oficinas GAMOG

O

AI BG

PA

RE

FS

IC

P2

OFICINA – DD OFICINA – GV OFICINA – TA

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Figura 2 - Localização da Oficina de Manutenção de Equipamentos de Via em Governador Valadares

Fonte: Google Maps, 2013.

2.2 Tipos de Estudo

Este trabalho é de caráter qualiquantitativo, exploratório e descritivo.

Segundo Alvarenga (2010), nas pesquisas qualitativas, o investigador coleta

dados expressados através da linguagem verbal e não verbal, já a investigação

quantitativa orienta-se no sentido da obtenção de informação ou a produção de novos

conhecimentos. Sampieri (2006) denota que o estudo qualitativo busca compreender o

fenômeno de estudo em seu ambiente usual. Ainda de acordo com este autor, os

estudos qualitativos se fundamentam mais em um processo indutivo que exploram e

descrevem, e logo geram perspectivas teóricas.

Já a pesquisa exploratória é definida por Sampieri (2006), como um tema

pouco explorado ou que não foi abordado anteriormente. O estudo de tais tópicos leva

a maiores informações tornando o assunto cada vez mais familiar conforme sua

abordagem.

Segundo Sampieri (2006), os estudos descritivos medem, avaliam ou coletam

dados sobre diversos aspectos, dimensões ou componentes de fenômeno a ser

pesquisado.

2.3 Técnica de coleta e análise de dados.

Consiste na pesquisa bibliográfica de normas e procedimentos gerados pela

empresa e acompanhamento do fluxo de destinação da madeira. Para conhecer o tipo

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de madeira foi feito, verificado o tipo de madeiras presentes na GAMOG e avaliado o

quantitativo daquelas geradas como resíduo, bem entrevista com o gestor responsável

pela área de resíduos e avaliação dos indicadores dos resíduos de madeira de

embalagens gerados nos meses de janeiro a dezembro de 2012, através do inventário

divulgado pela gerência de Meio Ambiente GAMBG.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Todo empregado ao realizar seu trabalho na Vale, deve ser capaz de identificar

os aspectos, impactos, valores e controles ambientais de suas atividades na empresa

e contribuir para a implantação do Sistema de Gestão Ambiental Vale na sua área.

Destinar corretamente os resíduos gerados faz parte do primeiro estágio do Sistema

de Gestão Ambiental SGA (Figura 3) conforme norma global NOR-0008-G cujo objetivo

consiste em estabelecer e implantar um sistema capaz de identificar e avaliar aspectos

e impactos ambientais associados às suas atividades, insumos, produtos e serviços,

bem como definir os controles necessários para abrandar os impactos ambientais.

Em consonância com a missão da empresa que é transformar recursos

naturais em prosperidade e desenvolvimento sustentável, a Vale considera a

sustentabilidade como um dos seus pilares estratégicos. Dessa forma todos os

empregados são treinados e incentivados a prática da destinação correta dos resíduos

cuidando para que o meio ambiente não seja impactado com más ações. Analisando a

Figura 3, nota-se que os aspectos ambientais compõem junto com demais outros

requisitos a base da pirâmide do SGA o que ratifica a importância da responsabilidade

sócio ambiental com a sociedade e o atendimento às leis.

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Figura 3 - Modelo de referência Sistema de Gestão Ambiental Vale

Fonte: Norma do Sistema da Gestão Ambiental Vale NOR-0008-G

Na GAMOG ocorre a geração de diversos resíduos provenientes da

manutenção, classificados como perigosos ou não perigosos, sendo eles: óleos,

graxas, metal, baterias, pilhas, vidro e madeira, dentre outros. O correto

armazenamento de resíduos, a disposição final dos materiais e sua rastreabilidade são

os principais fundamentos da Vale conforme os Mandamentos do Meio Ambiente da

empresa:

1º Utilizar os recursos com consciência;

2º Atenda os requisitos legais;

3º Pratique os controles ambientais;

4º Elimine os riscos ambientais;

5º Destine corretamente os resíduos;

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6º Trate os desvios ambientais;

7º Cuidado com os produtos químicos;

8º Valide junto ao Meio Ambiente, mudanças ou inovações;

9º Respeite a comunidade;

10º Comunique as ocorrências ambientais.

A maneira como a gerência realiza o descarte é através de um guia de

resíduos denominado Especificação de Produto e Serviço EPS000407 (2012), que

lista e classifica todos os resíduos gerados na EFVM além de orientar os cuidados

especiais como tratamento e identificação, do armazenamento intermediário na

empresa terceirizada contratada pela Vale e por fim a disposição final dos resíduos. Tal

documento tem sua utilização de forma interna na organização.

Na GAMOG são gerados dois tipos de resíduos provenientes da madeira.

� Madeira de embalagem (Figura 4): composto por madeiras proveniente de

embalagens, folhas de compensado (em bom estado de conservação), paletes de

madeira, etc.

Figura 4 - Madeira de embalagem na área de recebimento de materiais da

GAMOG

Autor: D’Magna Santos, Agosto de 2012

� Madeiras não reciclável: são compostas por cavacos, madeira podre, ciscos,

lascas, pequenos pedaços de madeira, troncos, galhos, podas de arvores e divisórias

de compensado sem condições de reaproveitamento.

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Figura 5 - Resíduo gerado à partir de remoção de uma árvore localizada na

entrada da GAMOG.

Autor: D’Magna Santos, Agosto de 2012

Um dos resíduos mais gerados na GAMOG é a madeira proveniente de

embalagens, pois diariamente são depositados na gerência materiais adquiridos e

estes muitas vezes vêm acondicionados em caixas e paletes de madeiras. Além disso,

os paletes também são utilizados na oficina, pois permitem o transporte de

componentes e materiais com maior facilidade.

De acordo com EPS000407 (Figura 6), a madeira de embalagem está

identificada dentro do Grupo 05 Madeira sob o código 05-002. Neste guia consta o

nome do resíduo com seu código identificador conforme acima citado, os

componentes que o compõe, o código segundo CONAMA (313/02) cuja resolução

aborda a gestão de resíduos de madeira com substâncias atóxicas; a classificação

conforme a NBR10004; a cor padrão do coletor do resíduo além da classe de risco em

caso de produtos perigosos, o que não é o caso da madeira de embalagem. Tais

orientações são fixadas no coletor representado na Figura 9 e Figura 10, localizado na

área geradora do resíduo.

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Figura 6 – Orientações para resíduos segregados e identificados

CÓDIGO NOME DO RESÍDUO

COMPONENTES PRINCIPAIS

UNIDADE DE

MEDIDA

CÓDIGO (CONAMA

313/02)

CLASSE (NBR

10.004)

IDENTIFICAO PADRÃO (Cor/Coletor)

CLASSE DE

RISCO produtos perigosos

05-002 Madeira de embalagem

Madeira proveniente de embalagens,

pallets de madeira sem condições de

reuso, etc.

Kg A 009 IIB Preto

Fonte: Padrão Guia de Resíduos EPS000407 (2012) – Adaptado por autora, 2013.

A destinação dos resíduos de madeira de embalagem segue um fluxo onde o

gerador, neste caso o empregado, adota procedimentos desde o descarte no depósito

intermediários denominados coletores (Figura 7 e Figura 8) que são devidamente

identificados até o Centro de Materiais Descartáveis (CMD). Seguindo o tratamento

conforme a diretriz do EPS000407, o gerador ao iniciar o processo de descarte deve

observar o estado de conservação das embalagens, tomando cuidado para não

misturar com madeiras degradadas pelo tempo, lascas, cavacos, tocos e ciscos.

Figura 7 - Coletor para madeira de embalagem (depósito intermediário) localizado na área de descarte da GAMOG

Autor: D’Magna Santos, Agosto de 2012

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Figura 8 - Etiqueta de identificação do coletor intermediário de madeira de embalagem.

Autor: D’Magna Santos, Agosto de 2012

A fim de identificar o processo da destinação das madeiras de embalagens, foi

entrevistado Fernando Barbosa de Paula, gestor de contratos da empresa terceirizada

Brasil Ambiental que opera no CMD. Tal empresa atua há três anos e possui vinte e

seis empregados, sendo 17 pessoas em Governador Valadares (MG) e 09 em João

Neiva (ES) e é responsável por atender os trechos Aimorés – Belo Horizonte, além dos

ramais de Itabira, Ouro Preto, Ouro Branco, Sabará, Santa Bárbara e Mariana,

recebendo destas localidades todos os resíduos gerados. De acordo com Fernando, o

CMD só recolhe os resíduos se o mesmo estiver de acordo com as instruções do

EPS000407. O processo se inicia com o preenchimento do Manifesto Interno de

Descartados (MID) pela área geradora do resíduo e a área coletora, neste caso o

CMD. Trata-se de um documento onde constam os dados informativos como área

geradora, empregado responsável, tipo do material (resíduo ou sucata) e informações

da área coletora como conferência do resíduo e responsável pela coleta. Com o

preenchimento do MID e após a conferência do resíduo, o mesmo segue para o

depósito temporário onde é feita a sua pesagem, a coleta dos dados gerados e por fim

a estocagem temporária para a destinação final. Devido à demanda, tal coleta é

realizada em média de uma a duas vezes por semana variando conforme volume de

resíduos descartados. O fluxo citado pode ser representado:

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Fluxograma de destinação e coleta da madeira

É importante ressaltar que, até junho de 2013 todos os resíduos eram

designados a aterros homologados pela Vale. No caso do CMD de Governador

Valadares, os resíduos eram destinados ao aterro de Santana do Paraíso, localizado

no Vale do Aço. A partir de julho deste mesmo ano, todos os resíduos, dentre eles a

madeira de embalagem, passaram a ser estocados, pois está em processo de

contratação uma empresa especializada em reciclagem. O contrato ainda não está

concluído, porém já nota-se as vantagens do mesmo que além de reduzir os resíduos

destinados ao aterro e promover a reciclagem beneficiará aqueles que receberem os

produtos.

Mesmo com as boas práticas de destinação correta, a Figura 8 expõe um

palete de madeira que apesar de ser originalmente uma madeira de embalagem e

reciclável, o mesmo não é mais classificado dessa forma, pois foi contaminado por

tinta. Caso o palete não estivesse contaminado, o mesmo seria descartado no coletor

designado para madeira de embalagem identificada conforme Figura 10. Averiguando

esta não conformidade ambiental, constata-se que pode haver duas causas: o

empregado ignorou as regras ambientais e realizou pintura sobre o palete

contaninando-o ou o empregado desconhece os procedimentos adotados na empresa

e realizou a atividade de pintura de forma incorreta.

Empregado

identifica o tipo

de madeira

Empregado

descarta a

madeira

no coletor

Coletor cheio,

preenche o

Manifesto Interno

de Descartados

(MID)

Empresa

terceirizada

é acionada

O resíduo segue

para estocagem

temporária e por fim

para a destinação final.

O resíduo segue para

depósito temporário

(CMD) onde é feita

a sua pesagem.

Os dados gerados

são coletados.

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Figura 9 - Madeira não reciclável localizada no estacionamento de caminhões da GAMOG

Autor: D’Magna Santos, Agosto de 2012

Ainda de acordo com entrevistado Fernando Barbosa de Paula, a maior área

geradora de resíduos é a GAMOG se considerarmos apenas a cidade de Governador

Valadares conforme dados coletados e apresentados na Figura 10, onde está descrito

o quantitativo mensal gerados em quilogramas de madeiras de embalagens pela

gerência no ano de 2012. O acompanhamento do volume gerado foi feito

mensalmente, observando o volume e as particularidades de cada mês.

Figura 10 - Quantitativo (kg) de resíduo de madeira de embalagem gerados em 2012 pela GAMOG

255,40

490,00

652,20

941,40

640,00

840,00

0,00

800,00

395,00

430,00

0,00

610,00

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Fonte: GAMBG Inventário de resíduos (2012) Governador Valadares – Adaptado por autora, 2013.

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Avaliando a Figura 10, observa-se que há um grande volume de resíduos de

madeira gerados mensalmente e nos meses em que o quantitativo foi zero, é porque

os coletores não estavam cheios fazendo com que a empresa terceirizada Brasil

Ambiental fosse acionada. Percebe-se que no mês seguinte ao que não ocorreu a

coleta, o quantitativo gerado teve um aumento considerável. Há também outros meses

como novembro e julho em que o volume também foi grande, isso deve-se ao fato de

que houve manutenções de equipamentos diversos o que levou a um número maior

de materiais requisitados. Além disso, há também os materiais, componentes e

equipamentos adquiridos através de projetos de investimentos da empresa, que por

serem importados, levam em média 6 -10 meses para chegarem e como os pedidos

são emitidos entre dezembro do ano anterior e janeiro seguinte, o período coincide

com os meses de maior volume.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Percebe-se cada vez mais que a educação ambiental está inserida no cotidiano

das pessoas, seja no meio doméstico, público e até mesmo organizacional. A

responsabilidade sócio ambiental tem levado os mais diversos setores do meio

empresarial a um processo produtivo mais limpo. Na Vale, a preocupação com a

sustentabilidade e o cumprimento dos mandamentos de meio ambiente já faz parte do

cotidiano da organização, tanto que normas e guias foram criadas afim de atender as

leis e a implementação de seu Sistema de Gestão Ambiental.

Verifica-se que muitas ações já estão arraigadas no dia a dia dos empregados,

contudo faz-se necessário a prática contínua de diálogos comportamentais e

treinamentos para que o exercício dos bons mandamentos com o meio ambiente

esteja com os funcionários dentro e fora da empresa para que episódios negativos

como mostrado na Figura 8, ainda que isolados, não voltem a repetir.

Em cumprimento do objetivo quanto a avaliação do quantitativo, constata-se

que o número de madeiras de embalagem gerado é alto, mas a implantação do projeto

de reciclagem trará benefícios como a destinação mais apropriada e o ganho que as

pessoas terão com o recebimento dos produtos frutos da reciclagem. Além disso, tal

volume representa o compromisso e a dedicação dos empregados envolvidos no

descarte correto, que se preocupam em descartar o resíduo corretamente

depositando-o no local adequado permitindo o gerenciamento de resíduos de forma

adequada. Assim, as ações tomadas em conjunto contribuirão com os princípios da

sustentabilidade. O tipo de madeira de embalagem e o seu quantitativo foi identificado,

portanto consideramos que os objetivo deste trabalho foi alcançado.

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