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DESTREZA MANUAL, FORÇA DE PREENSÃO E
ANTROPOMETRIA DA MÃO: ESTUDO EM CRIANÇAS E
ADULTOS COM SÍNDROME DE DOWN E COM
DESENVOLVIMENTO TÍPICO
Anaïs de Almeida Reis
Porto, 2014
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iii
DESTREZA MANUAL, FORÇA DE PREENSÃO E
ANTROPOMETRIA DA MÃO: ESTUDO EM CRIANÇAS E
ADULTOS COM SÍNDROME DE DOWN E COM
DESENVOLVIMENTO TÍPICO
Orientadora: Professora Doutora Maria Olga Fernandes Vasconcelos
Coorientador: Professor Doutor Rui Manuel Nunes Corredeira
Autor: Anaïs de Almeida Reis
Porto, 2014
Dissertação apresentada à Faculdade de
Desporto da Universidade do Porto, no
âmbito do curso do 2º Ciclo de Estudos
conducente ao grau de Mestre, em
Atividade Física Adaptada, nos termos do
Decreto-lei nº74/2006, 24 de março.
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Ficha de catalogação
Reis, A. A. (2014): Destreza Manual, Força de preensão e Antropometria
da mão. Estudo em crianças e adultos com Síndrome de Down e com
Desenvolvimento Típico. Porto: A. A. Reis. Dissertação apresentada à
Faculdade de Desporto da Universidade do Porto para obtenção do grau
de Mestre, na área de especialização em Atividade Física Adaptada.
Palavras-chave: DESTREZA MANUAL; FORÇA DE PREENSÃO,
ANTROPOMETRIA, SÍNDROME DE DOWN.
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DEDICATÓRIA
On ne voit bien qu’avec le coeur
L’essentiel est invisible pour les yeux
Le petit Prince
Com todo o amor, carinho e admiração aos meus pais, irmã, namorado e
amigos dedico-lhes este trabalho.
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AGRADECIMENTOS
“Tudo o que um sonho precisa para ser realizado é alguém que acredite que
ele possa ser realizado”
Roberto Shinyashiki
A construção deste estudo foi concretizada graças ao contributo de inúmeras
pessoas. Assim sendo, em primeiro lugar queria expressar os meus sinceros
sentimentos de gratidão e carinho às crianças, jovens e adultos que
participaram neste trabalho, assim como aos seus cuidadores por
possibilitarem o mesmo. O empenho, disponibilidade e carinho demonstrado
por estes foi inimaginável.
Contudo, este estudo só foi avante, pelo apoio, incentivo, críticas construtivas,
profissionalismo e ensino dado pela Professora Doutora Maria Olga Fernandes
Vasconcelos; orientadora que acompanhou com interesse, empenho e
disponibilidade a “minha/nossa” caminhada.
Ao Professor Doutor Rui Manuel Nunes Corredeira, pela disponibilidade,
partilha e participação neste trabalho.
Ao Dr. António José Lemos, presidente da Associação Portuguesa de Pais e
Amigos do Cidadão Deficiente Mental de Viseu, APPACDM Viseu; assim como
à Dra. Emília Dias, diretora executiva desta mesma instituição, pela confiança,
apoio e disponibilidade que sempre demonstraram e por me “abrirem” a porta
desta instituição dinâmica, inovadora e íntegra. Além disso, obrigada à Dra.
Alice Tomás e ao Dr. Miguel Amado, por me terem ajudado a estabelecer
contactos com possíveis famílias interessadas, pela amizade constante e
partilha.
Porém, esta instituição, torna-se ainda mais magnífica pelos colaboradores que
dela fazem parte. Obrigada a todos pela vossa amizade, apoio e escuta ativa.
À Dra. Rita Pereira, representante da Associação de Viseu de Portadores de
Trissomia 21, AVISPT21; pela confiança, disponibilidade, partilha. Muito
obrigada por esta oportunidade.
x
À Dra. Florbela Marques, coordenadora do serviço de Terapia Ocupacional, do
serviço de Medicina Física e de Reabilitação do Hospital São Teotónio, EPE –
Viseu, assim como, à Dra. Rute Alves, Dra. Paula Fernandes e Dra. Ondina
Coelho pela confiança, ensino, disponibilidade constate e amizade.
À Dra. Leonor Miranda pelo ensino, incentivo, partilha e escuta ativa. Obrigada
por me ter ensinado a ser a aluna e profissional empenhada que sou na
atualidade.
À Dra. Kátia Pereira pela confiança, disponibilidade, apoio prestado e amizade.
Aos meus colegas de trabalho, pela escuta ativa, reforço positivo,
companheirismo e amizade.
Ao Bruno pelo disponibilidade, ajuda e amizade.
Às minhas amigas, Ana Antunes e Andreia Vasconcelos que apesar de longe
geograficamente estão sempre presentes. Obrigada por me apoiarem, pela
vossa disponibilidade nos momentos mais difíceis e amizade constante.
Obrigada aos meus pais, por todo o amor que me deram, ensino, partilha,
escuta ativa e por terem feito de mim esta aluna, trabalhadora, filha, irmã,
amiga … que hoje sou. Obrigada por me amarem e cuidarem sempre de mim.
Obrigada à Sandra, minha irmã sempre presente, que me ensinou a contar
com lápis na escola primária, a utilizar o computador na escola básica, que foi
comigo na inscrição da faculdade, … Obrigado por tudo que me ensinaste, pelo
amor e disponibilidade que sempre me deste e principalmente pela paciência
que sempre tiveste.
Ao João, pelo amor, carinho, apoio e paciência. Obrigada por me fazeres rir
nos bons momentos e transformares cada momento difícil num momento calmo
e mais fácil de resolver. Obrigada por isto:
I can’ t promise
To fix all your problems
But i can promise
You won’t have to face them alone.
xi
ÍNDICE GERAL
ÍNDICE DE FIGURAS ...................................................................................... xiii
ÍNDICE DE QUADROS ..................................................................................... xv
ÍNDICE DE TABELAS ..................................................................................... xvii
ÍNDICE DE ANEXOS ....................................................................................... xix
RESUMO.......................................................................................................... xxi
ABSTRACT .................................................................................................... xxiii
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS ..................................................... xxv
Introdução Geral ............................................................................................. 1
1.1 Propósitos e Finalidades ........................................................................... 3
1.2 Estrutura da Dissertação ........................................................................... 7
1.3 Bibliografia ................................................................................................ 9
CAPÍTULO II .................................................................................................... 13
Revisão da Literatura .................................................................................... 13
2.1 Síndrome de Down ................................................................................. 15
2.1.1 Definição do conceito e classificação da síndrome de Down ........... 15
2.1.2 Causas, fatores de risco e incidência da síndrome de Down ........... 19
2.1.3 Caracterização dos indivíduos com síndrome de Down ................... 21
2.2 Membro superior – caracterização morfo-funcional da mão ................... 25
2.3 Síndrome de Down e funcionalidade manual .......................................... 33
2.4 Bibliografia .............................................................................................. 37
CAPÍTULO III ................................................................................................... 43
Estudos Empíricos ........................................................................................... 43
Estudo 1 ..................................................................................................... 45
ANTROPOMETRIA DA MÃO, FORÇA DE PREENSÃO E DESTREZA
MANUAL: ESTUDO EM CRIANÇAS COM TRISSOMIA 21 E COM
DESENVOLVIMENTO TÍPICO .................................................................. 45
ABSTRACT ................................................................................................ 48
INTRODUÇÃO ........................................................................................... 49
METODOLOGIA ........................................................................................ 50
xii
RESULTADOS .......................................................................................... 53
CONCLUSÃO ............................................................................................ 60
BIBLIOGRAFIA .......................................................................................... 60
Estudo 2 ........................................................................................................ 63
DESTREZA MANUAL, FORÇA DE PREENSÃO E ANTROPOMETRIA DA
MÃO: ESTUDO EM CRIANÇAS E ADULTOS COM SÍNDROME DE DOWN E
COM DESENVOLVIMENTO TÍPICO ............................................................ 63
RESUMO ................................................................................................... 65
ABSTRACT ................................................................................................ 66
INTRODUÇÃO ........................................................................................... 67
METODOLOGIA ........................................................................................ 69
RESULTADOS .......................................................................................... 72
DISCUSSÃO .............................................................................................. 79
CONCLUSÃO ............................................................................................ 82
BIBLIOGRAFIA .......................................................................................... 83
CAPÍTULO IV ................................................................................................... 87
Conclusões e sugestões ............................................................................... 87
4.1 Conclusões ............................................................................................. 89
4.2 Sugestões ............................................................................................... 91
CAPÍTULO V .................................................................................................... 93
Bibliografia Geral........................................................................................... 93
CAPÍTULO VI ................................................................................................... ciii
Anexos .......................................................................................................... ciii
xiii
ÍNDICE DE FIGURAS
CAPÍTULO II – Revisão da Literatura
Figura 1 - Cariótipo de um indivíduo do sexo feminino com SD por
bandeamento G - Trissomia Homogénea livre - (Antonarakis et al., 2004). ..... 15
Figura 2 - Cariótipo de um indivíduo do sexo feminino com uma translocação
Robertsoniana equilibrada entre o cromossoma 21 e 14 (Centre for Genetics
Education, 2012). ............................................................................................. 16
Figura 3 - Cariótipo de um indivíduo, do sexo masculino, com T21 com 47
cromossomas devido a uma translocação. Na ilustração constata-se que o par
21 tem 2 cromossomas e existe um cromossoma adicional no par 14 (Centre
for Genetics Education, 2012). ......................................................................... 16
Figura 4 - Modelo de organização funcional cerebral de indivíduos com
Síndrome de Down (Chua, 1996). .................................................................... 22
Figura 5 - Ossos do punho e da mão. Vista posterior (dorsal) (Netter, 2008). . 26
Figura 6 - Músculos individualizados do antebraço: Flexores dos dedos (Netter,
2008). ............................................................................................................... 27
Figura 7 - Músculos intrínsecos responsáveis pelo fecho da mão: Flexor curto
do polegar, Oponente do polegar; Adutor do polegar, Flexor curto do dedo
mínimo e Oponente do dedo mínimo (Behnke & de Albernaz, 2004). ............. 28
Figura 8 – Músculos extrínsecos que abrem a mão (Behnke & de Albernaz,
2004). ............................................................................................................... 28
Figura 9 – Músculos intrínsecos envolvidos na abertura da mão (Behnke & de
Albernaz, 2004). ............................................................................................... 29
Figura 10 – Grupos musculares responsáveis por movimentos de precisão:
lumbricoides, interósseos palmares e dorsais (Henderson & Pehoski, 2005). . 29
Figura 11 – Inervação Cutânea do nervo cubital, mediano e radial. Vista
anterior (palmar) e vista posterior (dorsal) (adaptado de Erazo & Pires, 1996).
......................................................................................................................... 30
Figura 12 – Componentes que influenciam a capacidade para usar as mãos
(adaptado de Henderson & Pehoski, 2005)...................................................... 31
xiv
CAPÍTULO III
Estudo 1
Figura 1 – Destreza Manual da mão preferida. Interação entre os fatores grupo
e idade ………………………………………………………………………….…… 55
Figura 2 – Destreza Manual da mão não preferida. Interação entre os fatores
grupo e idade ………………………………………………………………….…… 55
Figura 3 – Força da mão preferida. Interação entre os fatores grupo e idade
………………………………………………………………………………………... 56
Figura 4 – Força da mão não preferida. Interação entre os fatores grupo e
idade .………………………………………………………………………………... 56
Figura 5 – Comprimento da mão preferida. Interação entre os fatores grupo e
idade ……………………………………………………………………………..….. 57
Figura 6 – Comprimento da mão não preferida. Interação entre os fatores grupo
e idade ………………………………………….………………………………..….. 57
Figura 7 – Largura da mão preferida. Interação entre os fatores grupo e idade
………………………………………………………………………………………… 58
Estudo 2
Figura 1 – Destreza Manual da mão preferida. Interação entre os fatores grupo
e faixa etária …...………………………………………...…………………….…… 74
Figura 2 – Destreza Manual da mão não preferida. Interação entre os fatores
grupo e faixa etária ...………………………………………………………….…… 75
Figura 3 - Força da mão não preferida. Interação entre os fatores grupo e faixa
etária ……………………………………………………………………………….... 75
xv
ÍNDICE DE QUADROS
Estudo 1
Quadro 1 - Análise descritiva da destreza manual, da força manual e das
medidas antropométricas da mão, em cada grupo e considerando a faixa etária
………………………………………………………………………………………… 54
Estudo 2
Quadro 1 - Análise descritiva da destreza manual, da força manual e das
medidas antropométricas da mão preferida e não preferida, em cada grupo e
considerando a faixa etária ……………………………………………………….. 73
Quadro 2 – Destreza manual mão preferida. Regressão linear entre as
variáveis destreza manual, força manual e medidas antropométricas da mão,
na amostra total e em cada grupo ……………………………………………….. 76
Quadro 3 – Destreza manual mão não preferida. Regressão linear entre as
variáveis destreza manual, força manual e medidas antropométricas da mão,
na amostra total e em cada grupo ……………………………………………….. 77
Quadro 4 – Adultos. Destreza manual mão preferida e Destreza manual mão
não preferida. Regressão linear entre as variáveis destreza manual, força
manual e medidas antropométricas da mão em cada grupo ………………….. 78
Quadro 5 – Crianças. Destreza manual mão preferida e Destreza manual mão
não preferida. Regressão linear entre as variáveis destreza manual, força
manual e medidas antropométricas da mão em cada grupo ……………..…… 79
xvi
xvii
ÍNDICE DE TABELAS
Estudo 1
Tabela 1 - Caraterização e procedimentos dos instrumentos seleccionados .. 52
Estudo 2
Tabela 1 - Caraterização e procedimentos dos instrumentos seleccionados .. 71
xviii
xix
ÍNDICE DE ANEXOS
ANEXO 1 - Pedido de autorização para empréstimo de instrumentos de
avaliação. Centro Hospitalar Tondela-Viseu, EPE …………………………..… CV
ANEXO 2 - Pedido de autorização: APPACDM Viseu ……………………….. CVI
ANEXO 3 – Pedido de autorização: AVISPT21 …………………………….… CVII
ANEXO 4 – Questionário de preferência lateral …………………………...… CVIII
ANEXO 5 – Instrumentos de avaliação ………………...…………………..….. CIX
ANEXO 6 – Questionário sóciodemográfico …………………………………… CX
ANEXO 7 – Folha de registo …………………………………………………..… CXI
ANEXO 8 – Pedido de autorização aos encarregados de educação ……… CXII
xx
xxi
RESUMO
Objetivo: Analisar a variação da destreza manual (DM), da força de preensão
manual (FM) e das medidas antropométricas da mão, no total da amostra e em
função do grupo e da faixa etária (estudos 1 e 2), e verificar o efeito da FM e
das medidas antropométricas na DM, no total da amostra e em função do
grupo e da faixa etária (est. 2). Metodologia: Estudo 1: 36 crianças, 16 (8♂ e
8♀) com diagnóstico de síndrome de Down (SD) e 20 (6♂ e 14♀) com
desenvolvimento Típico (DT), entre 6 e 18 anos (SD: 13,31±3,24; DT:
12,50±3,90). Estudo 2: 81 indivíduos, 39 (16 crianças e 23 adultos) com
diagnóstico de SD e 42 (20 crianças e 22 adultos) com DT, entre 6 e 58 anos
(crianças SD: 13,31±3,24; adultos SD: 34,68±9,59; crianças DT: 12,50±3,90;
adultos DT: 39,64±11,00). Instrumentos: Teste de Caixa e Blocos (Patricia
Holser Buehler e Elizabeth Fuchs, 1975), Dutch Handedness Questionnaire
(Van Strien, 2003), Dinamómetro Hidráulico de Jamar e paquímetro analógico.
Resultados: Verificou-se um efeito significativo quer do fator grupo quer do
fator idade, quer da interação entre estas duas variáveis na DM, na FM e em
algumas medidas antropométricas (est. 1 e 2). Os efeitos da interação
revelaram que o grupo DT apresenta diferenças significativas entre as faixas
etárias, contrariamente ao grupo SD, relativamente à DM, FM e algumas
medidas antropométricas (est. 1). Os resultados evidenciaram ainda que no
grupo DT a variabilidade da DM foi explicada pelas variáveis FM, Comprimento,
Largura, Espessura e Diâmetro, em ambas as mãos, enquanto no grupo SD, a
variabilidade é unicamente explicada pelo Diâmetro da mão preferida. Além
disso, no grupo DT verificou-se que quanto menor é a idade dos participantes,
maior é o número de variáveis que explicam a variabilidade da DM (est. 2).
Conclusão: O grupo e a idade apresentaram um efeito significativo nas
variáveis analisadas. A avaliação e compreensão do comportamento destas
capacidades possibilitarão a delineação de programas de estimulação
pretendendo melhorar o desempenho das atividades da vida diária.
Palavras-chave: Síndrome de Down; desenvolvimento típico; força manual;
destreza manual; medidas antropométricas.
xxii
xxiii
ABSTRACT
Objective: To analyze the variation of manual dexterity (MD), the muscular
force (MF) and anthropometric measures of the hand, in all sample and as a
function of group and age (study 1 and 2), as well as verify the effect of MF and
anthropometric measures in MD, in all sample and as a function of group and
age (std. 2). Participants and Methods: Study 1: 36 children, 16 (8♂ and 8♀)
diagnosed with Down syndrome (DS) and 20 (6♂ and 14♀) with a typical
development (TD), between 6 and 18 years (DS: 13,31 ± 3,24; TD: 12,50 ±
3,90). Study 2: 81 individuals, 39 diagnosed with DS (16 children and 23 adults)
and 42 with a TD (20 children and 22 adults), between 6 and 58 years (DS
Children: 13,31 ± 3,24; adults DS: 34,68 ± 9,59; children TD: 12,50 ± 3,90;
adults TD: 39,64 ± 11,00). The instruments employed were: Box and Block Test
(Patricia Holser Buehler and Elizabeth Fuchs, 1975), Dutch Handedness
Questionnaire (Van Strien, 2003), Hydraulic Dynamometer Jamar and analog
caliper. Results: There was a significant effect of group factor, age factor and
the interaction between these two variables in MD, MF and in some
anthropometric measures (std. 1 and 2). The interaction revealed that, while in
DT group shows significant differences between age groups, in SD group
differences between these age groups do not occur in relation to DM, FM and
some anthropometric measures (std. 1). The results also show that the TD
group variability was explained by the DM, FM, length, width, thickness and
diameter variables in both hands, while in SD group, the variability is explained
uniquely by diameter variable in the preferred hand. Furthermore, in DT group
was found that younger is the sample, a greater number of variables explain the
variability of DM (std. 2). Conclusion: The assessment and understanding of
these skills and their behavior, enable stimulation programs delineation and
improve performance on activities of daily living.
Keywords: Down Syndrome; typical development; muscular force; manual
dexterity; anthropometric measurements.
xxiv
xxv
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
antro_c_MNP / anthro_le_NPH
Comprimento da mão não preferida; medida
antropométrica.
Non-preferred hand length; anthropometric
measure.
antro_c_MP / anthro_le_PH
Comprimento da mão preferida; medida
antropométrica.
Preferred hand length; anthropometric
measure.
antro_d_MNP / anthro_d_NPH
Diâmetro da mão não preferida; medida
antropométrica.
Non-preferred hand diameter; anthropometric
measure.
antro_d_MP / anthro_d_PH
Diâmetro da mão preferida; medida
antropométrica.
Preferred hand diameter; anthropometric
measure.
antro_e_MNP / anthro_thi_NPH
Espessura da mão não preferida; medida
antropométrica.
Non-preferred hand thickness; anthropometric
measure.
antro_e_MP / anthro_thi_PH
Espessura da mão preferida; medida
antropométrica.
Preferred hand thickness; anthropometric
measure.
antro_l_MNP / anthro_w_NPH
Largura da mão não preferida; medida
antropométrica.
Non-preferred hand width; anthropometric
xxvi
measure.
antro_l_MP / anthro_w_PH
Largura da mão preferida; medida
antropométrica.
Preferred hand width; anthropometric
measure.
AVD's / ADL’s Atividades da vida diária
Activities of daily living
AVISPT21
Associação de Viseu de Portadores de
Trissomia 21
Viseu Association of Patients with Trisomy 21
C6/5/8 Vertebras da coluna cervical / Vertebrae of
the cervical spine
DM / MD Destreza manual /Manual dexterity
DM_MNP / MD_NPH Destreza manual da mão não preferida
Non-preferred hand of manual dexterity
DM_MP / MD_PH Destreza manual da mão preferida
Preferred hand of manual dexterity
DT / TD Desenvolvimento Típico
Typical development
FM / MF Força muscular / Muscular force
FM_MNP / MF_NPH Força muscular da mão não preferida
Non-preferred hand muscular force
FM_MP / MF_PH Força muscular da mão preferida
Preferred hand muscular force
M-ABC Movement Assessment Battery for Children
xxvii
MNP / NPH Mão não preferida / Non-preferred Hand
MP / PH Mão preferida / Preferred Hand
Mɪ/ Mɪɪ Meiose ɪ/ Meiose ɪɪ
Meiosis ɪ/ Meiosis ɪɪ
OMS / WHO Organização Mundial de Saúde / World
Health Organization
PM / MP Preferência Manual / Manual preferrence
SD / DS Síndrome de Down / Down syndrome
SPSS Statistical Package for the Social Science
T1 Vértebras da coluna torácica / Vertebrae of
the thoracic spine
♀ Sexo feminino / Female
♂ Sexo masculino / Male
xxviii
I. INTRODUÇÃO GERAL
1
CAPÍTULO I
Introdução Geral
I. INTRODUÇÃO GERAL
2
I. INTRODUÇÃO GERAL
3
1.1 Propósitos e Finalidades
Segundo a literatura assiste-se atualmente a um novo momento de capitalismo,
que se caracteriza por transformações significativas ao nível social, económico,
político e tecnológico, cujas consequências têm tido relevantes impactos no
mundo do trabalho, nomeadamente, instabilidade do emprego, procura
profissional constante e mercado cada vez mais competitivo (Amaral, 2012).
Estas transformações contribuíram para uma maior participação da mulher no
mercado do trabalho, quer pela necessidade de complementação do
rendimento familiar e pelas novas oportunidades surgidas, mas de igual modo
por progressos dos padrões comportamentais que estas mudanças trouxeram
(Amaral, 2012; Wall et al., 2010). Tais factos poderão condicionar o
evidenciado na literatura, a qual menciona que tanto os homens como as
mulheres têm os filhos, em particular o primeiro filho, cada vez mais tarde
(Gourbin & Wunsh, 2009). A idade avançada da mãe ao nascimento do filho
tem efeitos na morbilidade e mortalidade do mesmo, assim como, a idade
tardia do pai ao nascimento de um filho, controlada pela idade da mãe, tem um
efeito estatístico significativo na mortalidade neonatal e mortalidade fetal tardia,
como no risco da criança desenvolver anomalias congénitas (Gourbin &
Wunsh, 2009). A idade avançada dos pais aquando da conceção dos filhos é
deste modo um problema de saúde pública, na medida que existe maior risco
de ocorrência de anomalias genéticas na conceção dos bebés (Fisch et al.,
2003).
A síndrome de Down (SD) tem sido relacionada com a idade materna e
paterna, verificando-se todavia um efeito menos pronunciado da idade paterna
(Fisch et al., 2003; Gusmão et al., 2003; McIntosh et al., 1995).
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a SD é um tipo de
deficiência intelectual causada pela existência de material genético extra no par
21, designando-se também, por isso, de trissomia 21 (Castro & Pimentel, 2009;
World Health Organization, 2013). A literatura atual tem evidenciado diversas
alterações clínicas associadas à SD, variando o grau e intensidade da
I. INTRODUÇÃO GERAL
4
manifestação das caraterísticas consoante a maior ou menor expressão do
gene, estimulação, educação e meio ambiente facilitador e/ou limitante (Silva &
Kleinhans, 2006; Souza et al., 2012). Indivíduos com SD são descritos na
literatura por apresentarem caraterísticas peculiares das mãos, nomeadamente
mãos curtas e largas e dedos curtos, assim como, por apresentarem hipotonia,
laxidão ligamentar, anomalias esqueléticas e atrasos na motricidade global,
cognição e linguagem (Barbosa et al., 2009; Collacott, 1987; Silva et al., 2009;
Souza et al., 2012; Souza et al., 2014).
Características como a força e destreza manual, preensões, medidas
antropométricas, dominância lateral, entre outras, têm sido estudadas por
vários autores em crianças e adultos com SD (Barbosa et al., 2009; Germano,
2008; Guimarães & Blascovi-Assis, 2012; Guimarães et al., 2012; Jover et al.,
2010). Apesar de a literatura disponibilizar evidências sobre as limitações
consequentes desta condição genética em termos das funções e estruturas do
corpo, poucas informações existem acerca do impacto destas limitações
internas na participação nas atividades da vida diária, trabalho e lazer (Pazin &
Martins, 2007).
Aliado ao que foi mencionado anteriormente e de acordo com a literatura atual,
em Portugal um em cada oitocentos bebés nasce com SD e cerca de 18% do
total das pessoas com deficiência intelectual em instituições especializadas
apresentam esta síndrome (Moreira et al., 2000; Souschek & Turquim, 2013). A
conjugação dos fatores citados, bem como, o discurso político e legislação
atual, nomeadamente o Decreto-Lei n.º 3/2008 que enfatiza uma escola
inclusiva que acolha crianças e jovens com necessidades educativas especiais,
reforça ainda mais a aplicabilidade futura do presente estudo (Ministério da
Educação, 2008).
Para lidar com os défices reportados na literatura que caracterizam esta
população, atualmente, estas crianças e jovens beneficiam, em meio escolar,
do apoio de uma equipa multidisciplinar, nomeadamente terapeutas
ocupacionais, fisioterapeutas, terapeutas da fala, e outros (Oliveira, 2014).
I. INTRODUÇÃO GERAL
5
Deste modo, torna-se crucial existir, a nível nacional, investigações que
auxiliem e reforcem a avaliação por estes e por outros profissionais, de forma a
possibilitar, uma intervenção cada vez mais personalizada e efetiva às
necessidades das crianças com SD e, consequentemente, promovam melhor
qualidade de vida, autonomia e autossatisfação dos mesmos.
Posto isto, os objetivos da presente investigação foram:
a) Analisar a variação da destreza manual, da força de preensão manual e
das medidas antropométricas da mão, em função do grupo e da faixa
etária;
b) Verificar o efeito da força de preensão manual e das medidas
antropométricas na destreza manual, no total da amostra e em cada
grupo de indivíduos. Pretende-se perceber que grupo de variáveis
(relativas à força ou às medidas antropométricas) apresenta maior
influência na destreza manual.
I. INTRODUÇÃO GERAL
6
I. INTRODUÇÃO GERAL
7
1.2 Estrutura da Dissertação
A presente dissertação foi construída tendo em conta o modelo escandinavo e
encontra-se segmentada em cinco capítulos, nomeadamente:
Primeiro capítulo: refere-se à introdução geral apresentado o tema e sua
pertinência na atualidade, assim como, expõe o objetivo geral e a
organização estrutural da tese.
Segundo capítulo: apresenta uma revisão da literatura acerca dos temas
da investigação, nomeadamente, a Síndrome de Down e a mão.
Terceiro capítulo: expõe os dois estudos empíricos realizados, que se
encontram sob a forma de artigos científicos. Assim sendo, cada artigo
compreende um resumo, introdução, metodologia, resultados,
discussão, conclusão e bibliografia.
o Estudo 1: Destreza manual, força de preensão e antropometria da
mão: estudo em crianças com trissomia 21 e com
desenvolvimento típico;
o Estudo 2: Destreza manual, força de preensão e antropometria da
mão: estudo em crianças e adultos com síndrome de Down e com
desenvolvimento típico;
Quarto capítulo: apresenta uma síntese geral das principais conclusões,
algumas limitações e sugestões para futuros estudos;
Quinto capítulo: compreende a bibliografia geral;
Sexto capítulo: compreende todos os documentos anexos.
I. INTRODUÇÃO GERAL
8
I. INTRODUÇÃO GERAL
9
1.3 Bibliografia
Amaral, G. A. (2012). Os desafios da inserção da mulher no mercado de
trabalho. Revista Eletrónica do Curso de Pedagogia do Campus Jataí.,
2(13).
Barbosa, E. d. L., Fernandes, P. R., & Filho, J. F. (2009). Antropometria, força
muscular e dermatoglifia de portadores da Síndrome de Down. Fitness
and performance Journal, 8(4), 269-278.
Castro, A. S. A., & Pimentel, S. C. (2009). Síndrome de down: desafios e
perspectivas na inclusão escolar. Scientific Electronic Library Online, 9.
Collacott, R. A. (1987). Atlantoaxial instability in Down's Syndrome. British
Medical Journal, 294, 988-989
Fisch, H., Hyun, G., Golden, R., Hensle, T. W., Olsson, C. A., & Liberson, G. L.
(2003). The influence of paternal age on Down syndrome. Journal of
Urology, 169(6), 2275-2278.
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I. INTRODUÇÃO GERAL
12
II. REVISÃO DA LITERATURA
13
CAPÍTULO II
Revisão da Literatura
II. REVISÃO DA LITERATURA
14
II. REVISÃO DA LITERATURA
15
2.1 Síndrome de Down
2.1.1 Definição do conceito e classificação da síndrome de Down
A síndrome de Down foi descrita, pela primeira vez, de forma clínica por
Langdon Down em 1896, existindo contudo registos e trabalhos manuais que
evidenciavam mudanças estruturais associadas a esta síndrome já no século
XII e Idade Média (Moreira et al., 2000; Tecklin, 2002). Langdon Down, na sua
descrição clínica desta síndrome, estabeleceu erradamente, associações com
características étnicas, tendo denominado esta síndrome no seu trabalho de
idiotia mongoloide. Contudo, trabalhos desenvolvidos por Fraser e Michell
(1876), Irland (1877), Wilmarth (1890), Telford Smith (1896), Waardenburg
(1932), Adrian Bleyer (1934) e mais tarde por Jerome Lejeune e Patricia A.
Jacobs e seus colaboradores (1959) permitiram descobrir a existência de um
cromossoma extra na constituição cromossómica dos indivíduos com Síndrome
de Down (Moreira et al., 2000; Silva & Dessen, 2002).
Segundo a OMS, a SD é um tipo de deficiência intelectual causada pela
existência de material genético extra no par 21, designando-se também, por
isso, de trissomia 21 (Castro &
Pimentel, 2009; World Health
Organization, 2013).
O aparecimento da trissomia pode
surgir no momento da fecundação,
durante a mesma ou nas sucessivas
divisões celulares – fase mitótica -.
Dependendo do momento em que
ocorre o erro surgem três tipos de
SD, nomeadamente a Trissomia
Homogénea Livre, a Trissomia por
Translocação ou a Trissomia em
Mosaico (Le Gall (1995) cit in Ribeiro,
2009).
Figura 1 - Cariótipo de um indivíduo do sexo
feminino com SD por bandeamento G - Trissomia Homogénea livre - (Antonarakis et al., 2004).
II. REVISÃO DA LITERATURA
16
Na grande maioria dos casos, aproximadamente 96%, a SD é caracterizada
por um erro na distribuição dos cromossomas das células, na qual se constata
um cromossoma extra no par 21 - trissomia homogénea livre -, existindo por
conseguinte 47 cromossomas e não os 46 expectáveis. Este erro produz-se
durante o desenvolvimento do óvulo ou do espermatozoide, ou na primeira
divisão celular (Hultén et al., 2010; Ribeiro, 2009; Silva & Kleinhans, 2006; Silva
& Dessen, 2002). Os cariótipos destes indivíduos são 47, XX, +21 ou 47, XY,
+21 respetivamente para o sexo feminino e masculino (Figura 1) (Silva &
Dessen, 2002).
Na trissomia por translocação
ocorre um rearranjo do material
cromossómico, em que o
cromossoma 21 adicional está
fundido a um outro autosssoma,
sendo a mais comum a existente
entre o cromossoma 14 e 21,
denominada de translocação
Robertsoniana (Centre for Genetics
Education, 2012; Silva & Dessen,
2002). Nos indivíduos trissómicos,
constata-se uma translocação
desequilibrada, em que o indivíduo
tem mais material genético do que
o habitual, isto é, o cromossoma 21
adicional está deslocado e ligado
ao cromossoma 14 (maioria dos
casos). Segundo a literatura atual,
são reportados 3 a 4% de SD
devido a translocação,
constatando-se que em metade
dos casos os pais possuem cariótipo normal, sendo a criança a única a
apresentar translocação. Contudo, salienta-se que, quando a mãe
Figura 2 - Cariótipo de um indivíduo do sexo feminino com uma translocação Robertsoniana equilibrada entre o cromossoma 21 e 14 (Centre for Genetics Education, 2012).
Figura 3 - Cariótipo de um indivíduo, do sexo masculino,
com T21 com 47 cromossomas devido a uma translocação. Na ilustração constata-se que o par 21 tem 2 cromossomas e existe um cromossoma adicional no par 14 (Centre for Genetics Education, 2012).
II. REVISÃO DA LITERATURA
17
(principalmente) é portadora de uma translocação Robertsoniana equilibrada
entre os cromossomas 14 e 21, há um risco substancial de a criança ter a
síndrome de down por translocação (Centre for Genetics Education, 2012)
(Figuras 2 e 3).
A Trissomia em Mosaico não afeta simultaneamente todas as células,
existindo células de cariótipo normal (46 cromossomas) e células trissómicas
(com 47 cromossomas). A incidência de SD em Mosaico é consideravelmente
baixa, aproximadamente 1%, sendo esta consequência de uma distribuição
anormal dos cromossomas nas 2ª e 3ª divisões celulares (Silva & Kleinhans,
2006; Silva & Dessen, 2002).
II. REVISÃO DA LITERATURA
18
II. REVISÃO DA LITERATURA
19
2.1.2 Causas, fatores de risco e incidência da síndrome de Down
Inúmeras especulações foram levantadas durante décadas relativamente à
origem da SD, salientando-se como causas a tuberculose, na medida que esta
doença estava presente nos progenitores de crianças com SD sendo
considerada, no início, um factor etiológico. Posteriormente, também se
associaram como possíveis causadoras desta síndrome, as doenças
relacionadas com a tiróide (Silva & Dessen, 2002).
Contudo na atualidade já é sabido que a SD é a alteração genética mais
prevalente em humanos, assim como, a causa genética mais comum de
deficiência intelectual (Silva & Kleinhans, 2006; Tenenbaum et al., 2014).
A principal causa de SD, aproximadamente 95%, é a não disjunção dos
cromossomas do par 21 que ocorre durante a formação dos gâmetas, sendo
que em aproximadamente 95% dos casos o cromossoma 21 extra é de origem
materna e em 5% a não-disjunção é de origem paterna (S.L. Sherman et al.,
2005; Tiffany Renee Oliver et al., 2008). Segundo a literatura, dois fatores de
risco para essa não disjunção no sexo feminino são a idade avançada da mãe
e recombinação alterada (Tiffany Renee Oliver et al., 2008). Hassold &
Sherman (2000) constataram nos seus estudos que a percentagem de SD
sobe de 2% em mulheres com idade <25 anos e para 35% em mulheres com
idade >35 anos. Tais percentagens são explicadas pelo facto da idade
avançada acarretar as seguintes situações: a) o acúmulo de efeitos tóxicos
relacionados ao ambiente no período em que o oócito está retido em prófase ɪ;
b) a degradação da maquinaria meiótica, que é exposta ao acúmulo de fatores
relacionados à idade, o que consequentemente a torna menos eficiente e mais
suscetível de ocorrerem erros na Mɪ e Mɪɪ; c) falhas na sinalização hormonal
que despoletam alterações no funcionamento ovariano e d) degradação do
ambiente uterino (Hultén et al., 2010; S.L. Sherman et al., 2005; Tiffany Renee
Oliver et al., 2008).
Não obstante o referido, a idade avançada do pai aquando do nascimento do
filho, controlada pela idade da mãe, tem um efeito estatístico significativo na
mortalidade neonatal e mortalidade fetal tardia, assim como no risco da criança
desenvolver anomalias congénitas (Gourbin & Wunsh, 2009). Além disso,
II. REVISÃO DA LITERATURA
20
segundo Abrisqueta (1999), pais com idade superior a 45 anos têm um risco
ligeiramente acrescido de ter um filho com SD.
Segundo a literatura, outros fatores de risco externos poderão estar
relacionados com a etiologia da SD, salientando-se processos infeciosos,
exposições e radiações, agentes químicos, imunoglobina e tiroglobina em
excesso no sangue materno, aumento dos anticorpos, principalmente no sexo
feminino e deficiências vitamínicas (Silva & Dessen, 2002).
Tendo em conta o mencionado anteriormente, parece haver uma multiplicidade
de fatores etiológicos que interagem entre si, originando a SD, sendo crucial o
conhecimento dos mesmos, de forma, a preveni-los e minimizá-los.
No que diz respeito à incidência da SD, esta difere consoante a área
geográfica, sendo que em Portugal um em cada oitocentos bebés nasce com
SD. Em Portugal, constata-se ainda um recuo na taxa de nascimentos de
bebés com SD devido ao elevado número de interrupções voluntárias da
gravidez (Souschek & Turquim, 2013). Relativamente ao sexo, segundo Stray-
Gundersen (1998) a incidência de SD é semelhante nos dois sexos. Porém, no
estudo desenvolvido por Gibson (1978) foi evidenciado maior frequência de SD
no sexo masculino comparativamente ao feminino, numa relação de 60 para
40.
II. REVISÃO DA LITERATURA
21
2.1.3 Caracterização dos indivíduos com síndrome de Down
Na grande maioria dos casos, a SD carateriza-se por um erro na distribuição
dos cromossomas das células, o que provoca um desequilíbrio da função
reguladora que os genes exercem sobre a síntese proteica, perda de harmonia
no desenvolvimento e nas funções das células (Silva & Kleinhans, 2006).
Segundo a literatura atual, são diversas as alterações clínicas associadas à
SD, sendo a gravidade distinta consoante o indivíduo envolvido (Souza et al.,
2012). Além disso, o tipo de SD não é preditivo do prognóstico, não
determinando mais ou menos o aspeto físico ou maior e/ou menor défice
intelectual (Silva & Kleinhans, 2006).
O indivíduo com SD apresenta irregularidades estruturais e funcionais no
sistema nervoso (Silva & Kleinhans, 2006). Flórez & Troncoso (1997),
salientam que os neurónios formados são afetados na maneira como se
organizam no sistema nervoso, havendo por conseguinte alterações na
estrutura formada pelas redes neuronais, mas também nos processos
funcionais da comunicação de um neurónio para outro. O estudo desenvolvido
por estes autores, menciona também a influência que estas alterações poderão
exercer sobre o desenvolvimento inicial de circuitos cerebrais, afetando
consequentemente a instalação e as consolidações das conexões de redes
nervosas necessárias para estabelecer os mecanismos de atenção, memória e
pensamento abstrato, principalmente.
Aliado a isso, a literatura refere ainda que uma característica da SD é a
morfologia do cérebro, que inclui o reduzido peso do cérebro com porções
diminuídas nos volumes dos lobos frontais e temporais, sendo o cérebro do
adulto com SD cerca de 20% menor comparativamente a um adulto com
desenvolvimento típico (DT) (Flórez & Troncoso, 1997; Lott, 2012). Silva &
Kleinhans (2006) sublinham que a criança com SD nasce frequentemente com
redução até 50% dos casos no lobo temporal, podendo esta ser unilateral ou
bilateral, assim como, hipoplasia nos lobos frontais e occipitais. Além disso,
observa-se uma diminuição do corpo caloso, da comissura anterior e do
hipocampo no cérebro de alguns indivíduos (Flórez & Troncoso, 1997). Na
II. REVISÃO DA LITERATURA
22
literatura faz-se também referência ao facto de existirem alterações mais
significativas no cerebelo e no córtex pré-frontal. Tendo em conta as funções
destas estruturas, indivíduos com SD apresentarão um processamento mais
lento, serão mais lentos e simplificarão os seus movimentos como estratégia
para compensar a falta de dados sensoriais de alta qualidade (Silva &
Kleinhans, 2006). Por último, menciona-se que as crianças com SD
apresentam uma diminuição do recetor tipo muscarínicos no mesencéfalo, o
que poderá explicar as dificuldades para despertar a atenção, nos primeiros
meses, a hipotonia muscular, a dificuldade para dirigir o olhar a estímulos,
baixa resposta motora, entre outros (Silva & Kleinhans, 2006).
Como mencionado anteriormente, existem limitações na transmissão e
comunicação em muitos dos sistemas neurais na SD. A Literatura faz
referência a deficiências das ramificações dendríticas e da precoce redução
dos neurónios responsáveis pela conduta associativa e pela comunicação nas
áreas cerebrais (Troncoso et al., 1999).
Chua (1996) refere na sua investigação que
jovens e adultos com SD apresentam, no
hemisfério direito, uma especialização
anormal no que se refere à perceção da fala,
mas que o hemisfério esquerdo parece
desempenhar um papel crucial na
organização e controlo de movimentos,
incluindo os movimentos da fala. Este autor
explica no Modelo de organização funcional
cerebral de indivíduos com Síndrome de
Down, que os indivíduos com SD aparentam
apresentar uma dissociação ou desconexão
da perceção da fala (hemisfério direito) e
produção de movimento, incluindo a
produção de movimentos da fala (hemisfério
esquerdo).
Figura 4 - Modelo de organização
funcional cerebral de indivíduos com Síndrome de Down (Chua, 1996).
II. REVISÃO DA LITERATURA
23
Aliado ao que foi mencionado anteriormente, a literatura ainda faz referência a
um conjunto de alterações, nomeadamente físicas/anatómicas, sensoriais e
sistémicas. Ao nível físico/anatómico observa-se pescoço curto e grosso,
alterações nos dermatóglifos, occipital achatado, membros curtos, mãos curtas
e largas e dedos curtos (Barbosa et al., 2009; Silva et al., 2009; Souza et al.,
2012). De acordo com os estudos desenvolvidos por Collacott (1987) e
Eichstaedt & Lavay (1992), constata-se ainda que aproximadamente 12% a
22% de indivíduos com SD têm instabilidade atlantoaxial – desalinhamento das
1ª e 2ª vértebras cervicais -, sendo esta prevalência maior no sexo feminino.
Relativamente às alterações sensoriais, podem nomear-se os problemas de
audição (50 a 70%), de visão (15 a 50%) e linguísticos (Moreira et al., 2000).
A nível sistémico, podem mencionar-se a obesidade, distúrbios da tiróide
(15%), cardiopatia congénita (40%), hipotonia (100%), anomalias do aparelho
digestivo (12%), alterações hematológicas (3%) e alterações ortodônticas
(80%) (Moreira et al., 2000; Silva & Kleinhans, 2006).
Não obstante o que atrás foi referido, torna-se importante ressalvar que os
bebés e crianças com SD, apesar de apresentarem algumas ou muitas
caraterísticas da síndrome, não deixam de se parecer com os seus pais, uma
vez que herdam os genes destes. Deste modo, apresentarão caraterísticas
diferentes entre si, nomeadamente cor dos cabelos e olhos, estrutura corporal,
padrões de desenvolvimento, habilidades, entre outras. Além da herança
genética, a estimulação, educação, meio ambiente e problemas clínicos irão
condicionar diferenças de desenvolvimento (Silva & Kleinhans, 2006).
II. REVISÃO DA LITERATURA
24
II. REVISÃO DA LITERATURA
25
2.2 Membro superior – caracterização morfo-funcional da mão
[A Mão] “é o instrumento dos instrumentos”
Aristóteles
A mão é um sistema complexo de estruturas anatómicas estáticas e dinâmicas
através do qual o cérebro explora e domina o mundo (Esteves et al., 2005;
Moran, 1989). Assim sendo, a mão é um instrumento extremamente móvel que
pode facilmente adaptar-se à forma dos objetos que pretende agarrar,
contribuindo para tal a arquitetura particular da mesma (Tubiana & Thomine,
1992). Este segmento anatómico representa a extremidade distal e realizadora
do membro superior. O ombro é o ponto fixo da mão, dando-lhe suporte,
permitindo-lhe a adoção de posições mais favoráveis e mover-se num volume
espacial muito amplo. Consequentemente, o ombro proporciona à mão uma
grande eficácia na preensão, manipulação, precisão e transporte, possibilitando
um controlo óculo-manual quase permanente (Esteves et al., 2005; Kapandji &
da Costa, 2000).
O punho e a mão são constituídos por 27 ossos, 33 músculos (intrínsecos e
extrínsecos), três nervos periféricos (com funções sensoriais e motoras), um
sistema vascular complexo e outras estruturas, nomeadamente ligamentos,
cápsulas articulares e bainhas tendinosas, todas localizadas dentro de uma
camada de pele protetora de 1 a 2 centímetros de espessura (Noronha et al.,
2011; Tubiana & Thomine, 1992) (Figura 5). A mão apresenta duas faces
diferentes, tanto na perspetiva anatómica como na funcional, sendo o dorso da
mesma importante do ponto de vista estético, na medida em que é a face mais
visível e a palma da mão a parte mais funcional (Tubiana & Thomine, 1992).
II. REVISÃO DA LITERATURA
26
Relativamente aos dedos, pode-se observar que apresentam uma distribuição
desigual e são diferentes ao nível de comprimento. Quanto à distribuição, o
polegar ocupa uma posição mais proximal e pode opor-se quer à palma da
mão, quer aos outros dedos, enquanto os restantes dedos prolongam
distalmente a parte compacta da mão, possibilitando o movimento. No que se
refere ao comprimento dos dedos, em extensão, formam uma curvatura quase
regular, sendo os dedos periféricos os mais curtos. Quando os dedos estão em
abdução, divergem de maneira irregular: a comissura do polegar é a maior e
mais profunda e as extremidades dos outros dedos formam um círculo cujo
centro se situa ao nível da extremidade distal do terceiro metacarpo (Tubiana &
Thomine, 1992).
Os ossos da mão estão organizados em três arcos, dois orientados
transversalmente (proximal e distal) e um que é longitudinal. O arco transverso
proximal é menos móvel comparativamente ao arco transverso distal, na
medida que o primeiro assenta na extremidade distal do carpo ao nível do
capitato, enquanto, o transverso distal passa pelas cabeças dos metacarpos.
Os dois arcos transversais estão ligados pela parte rígida do arco longitudinal
que é composto por quatro raios digitais e o carpo proximal. A mobilidade deste
último arco permite à palma da mão acomodar objetos de diferentes tamanhos
e formas. Em grande parte, os músculos intrínsecos da mão são responsáveis
Figura 5 - Ossos do punho e da mão. Vista posterior (dorsal) (Netter, 2008).
II. REVISÃO DA LITERATURA
27
por alterações na configuração dos arcos ósseos (Henderson & Pehoski,
2005).
Tyldesley & Grieve (1996) dividem as ações da mão em três grupos, tendo em
vista uma melhor sintetização da descrição dos movimentos e dos músculos
envolvidos na atividade funcional da mão:
a) Músculos que fecham a mão em torno de um objeto para o agarrar;
b) Músculos que abrem a mão, preparando-a para prender ou largar um
objeto;
c) Músculos que realizam movimentos de precisão.
a) Músculos que fecham a mão
O fecho da mão é possibilitado através da existência de músculos extrínsecos
(com origem no antebraço) e intrínsecos (originários da mão) (Henderson &
Pehoski, 2005; Tyldesley & Grieve, 1996). Ao nível do antebraço salientam-se,
principalmente, o flexor comum superficial dos dedos, o flexor comum profundo
dos dedos e o longo flexor do polegar (Behnke & de Albernaz, 2004).
Figura 6 - Músculos individualizados do antebraço: Flexores dos dedos (Netter, 2008).
II. REVISÃO DA LITERATURA
28
No que se refere aos músculos intrínsecos menciona-se principalmente, o
flexor curto do polegar, o oponente do polegar, o adutor do polegar, o flexor
curto do dedo mínimo e o oponente do dedo mínimo (Behnke & de Albernaz,
2004).
b) Músculos que abrem a mão
Músculos extrínsecos e intrínsecos são responsáveis pela abertura da mão.
Dos músculos extrínsecos podemos salientar, principalmente o extensor
comum dos dedos, o extensor próprio do dedo mínimo, o extensor próprio do
indicador, longo abdutor do polegar, curto extensor do polegar e longo extensor
do polegar.
Os músculos intrínsecos envolvidos na abertura da mão são o curto abdutor do
polegar e o abdutor do dedo mínimo (Behnke & de Albernaz, 2004).
Figura 7 - Músculos intrínsecos responsáveis pelo fecho da mão: Flexor curto do polegar,
Oponente do polegar; Adutor do polegar, Flexor curto do dedo mínimo e Oponente do dedo mínimo (Behnke & de Albernaz, 2004).
Figura 8 – Músculos extrínsecos que abrem a mão (Behnke & de Albernaz, 2004).
II. REVISÃO DA LITERATURA
29
c) Músculos que realizam movimentos de precisão
Os lumbricóides, interósseos palmares e interósseos dorsais, são três grupos
musculares responsáveis pela execução de movimentos de precisão (Behnke
& de Albernaz, 2004) (Figura 10).
Como mencionado anteriormente, 3 nervos periféricos com funções sensoriais
e motoras irão condicionar a funcionalidade da mão. Assim, o nervo radial,
formado por fibras provenientes de C5 a T1, é responsável pela sensibilidade
de parte do dorso da mão, assim como, pela inervação dos músculos
responsáveis pela extensão dos dedos e do punho. Por outro lado, o nervo
mediano, formado por fibras provenientes de C6 a T1, compreende um
território sensitivo mais importante, nomeadamente polegar, indicador, médio e
a metade do anelar (palma) sendo também responsável pela flexão do punho e
Figura 9 – Músculos intrínsecos envolvidos na abertura da mão (Behnke & de Albernaz, 2004).
Figura 10 – Grupos musculares responsáveis por movimentos de precisão: lumbricoides, interósseos palmares e dorsais (Henderson & Pehoski, 2005).
II. REVISÃO DA LITERATURA
30
dedos, pronação do antebraço e oposição e abdução do polegar. Por fim, o
nervo cubital, formado por fibras provenientes de C8 a T1, é responsável pela
inervação sensitiva da outra metade do anelar e do dedo mínimo, assim como,
pela inervação dos músculos intrínsecos da mão, nomeadamente interósseos
palmares, interósseos dorsais, lumbricais dos dedos mínimos e anelar,
músculos da eminência hipotenar, adutor do polegar e porção profunda do
flexor curto do polegar (Tubiana & Thomine, 1992).
A avaliação da mão deverá, deste modo, compreender a avaliação da função
motora, nomeadamente, força muscular e mobilidade articular; avaliação
sensitiva: superficial, profunda e combinada; avaliação estética: cor e brilho; e
avaliação funcional (Guimarães et al., 2012). A avaliação funcional permite
identificar a capacidade funcional da mão, nomeadamente a capacidade
motora grossa e fina, assim como, a destreza manual. (Guimarães et al., 2012).
Segundo Carmeli et al. (2003) a qualidade e o desempenho nas atividades da
vida diária, trabalho e lazer são determinadas em grande parte pelas funções
da mão e destreza manual.
Cubital Cubital Radial
Mediano
Mediano
Figura 11 – Inervação Cutânea do nervo cubital, mediano e radial. Vista anterior (palmar) e vista posterior (dorsal) (adaptado de Erazo & Pires, 1996).
II. REVISÃO DA LITERATURA
31
Aliado ao que foi mencionado até ao momento, torna-se ainda pertinente
salientar outros componentes que influenciam a capacidade para usar as mãos
(Figura 12).
O uso da mão é altamente dependente da cognição, na medida em que é
preciso atribuir-se uma finalidade precisa e/ou objetivo significativo para se
usar a mão. Assim sendo, a tarefa a ser executada tem de ser codificada e
traduzida em ações intencionais, e estas devem ser realizadas na sequência
adequada. Outro aspeto cognitivo é a motivação, que está intimamente
relacionado com a atenção e concentração, tendo todos uma influência sobre o
bom desempenho de competências motoras (Henderson & Pehoski, 2005).
No que diz respeito à integração da informação somatosensorial, esta é
essencial para que ocorra um ajuste dos comandos motores, regulação da
força e acumulo de memórias estratégicas para agarrar e manipular os objetos
(Henderson & Pehoski, 2005). O controlo somatosensorial, assim como, a
coordenação dos movimentos desenvolvem-se rapidamente nos primeiros
anos de vida, não sendo o controlo somatosensorial “adulto” atingido no início
da adolescência (Henderson & Pehoski, 2005). Aliado a isso, informações
sobre o posicionamento da mão no espaço, bem como do alvo são fornecidas
pelo sistema percetivo, o que possibilita um movimento dirigido ao objetivo,
sendo este output motor devido ao sistema músculo-esquelético. Outros
componentes pertinentes são a autoeficácia e a imagem do corpo que também
Perceção
Sistema Músculo-esquelético
Motivação Sistema
Sensoriomotor
Autoeficácia
Cognição Compreensão da tarefa
Uso da Mão
Atenção
Perceção
Figura 12 – Componentes que influenciam a capacidade para usar as mãos (adaptado de Henderson & Pehoski, 2005).
II. REVISÃO DA LITERATURA
32
têm um impacto sobre a capacidade de realizar uma tarefa (Henderson &
Pehoski, 2005).
Concluindo, torna-se importante ressalvar que todo o movimento é altamente
dependente da forma como o sistema nervoso central o planeia e organiza,
sendo os componentes contráteis dos músculos, ossos e articulações efetores
do movimento planeado que por sua vez é condicionado por aspetos
cognitivos, somatosensoriais e percetivos (Henderson & Pehoski, 2005).
II. REVISÃO DA LITERATURA
33
2.3 Síndrome de Down e funcionalidade manual
A literatura atual reporta um grande número de investigações em torno dos
indivíduos com diagnóstico de SD, principalmente no que concerne às
competências motoras e cognitivas.
No que se refere às crianças com SD, os estudos têm sido detalhados,
explorando capacidades como a destreza manual, motricidade fina e grossa,
lateralidade e/ou preferência manual, coordenação óculo-manual, força manual
e funcionalidade (Coppede et al., 2012; Guimarães & Blascovi-Assis, 2012;
Guimarães et al., 2012; Jover et al., 2010; Priosti et al., 2013). De uma forma
geral, a taxa de desenvolvimento destas competências ou capacidades
motoras tem sido relatada como sendo semelhante ao das crianças com DT,
ocorrendo todavia, com um ritmo muito mais lento (Connolly et al., 1993).
Possíveis causas para um score inferior nas crianças com SD, têm sido
atribuídos a fatores como a laxidão ligamentar em algumas articulações,
diminuição da força muscular e hipotonia (Connolly et al., 1993). Estudos em
crianças mais velhas/jovens com SD revelam deficits na coordenação óculo-
manual, lateralidade, controlo motor e força, obtendo scores significativamente
inferiores (Connolly et al., 1993).
A destreza manual (DM) é uma capacidade motora que necessita de
coordenação rápida dos movimentos voluntários grossos ou finos, sendo
desenvolvida através de aprendizagem, treino e experiência (Poirier (1988) cit.
Guimarães & Blascovi-Assis, 2012). Esta capacidade pode dividir-se em DM
fina e DM global. A DM fina consiste na capacidade de manipular objetos de
pequenas dimensões com os dedos de forma rápida e precisa, enquanto a DM
global refere-se ao manuseio de objetos de maiores dimensões, com
movimentos mais globais, em detrimento de movimentos interdigitais
(Desrosiers et al., 1997 cit in Freitas et al., 2014). Segundo um estudo de
Souza et al. (2012) no qual participaram crianças e jovens com SD e DT, foi
evidenciado um atraso global do desenvolvimento nos que tinham SD,
relativamente à destreza manual (Teste de Caixa e Blocos), à força muscular
(dinamómetro de Jamar) e ao desempenho funcional (PEDI–Inventário de
II. REVISÃO DA LITERATURA
34
Avaliação Pediátrica de Incapacidade). Estes resultados foram ainda
sustentados pelos estudos de Guimarães e Blascovi-Assis (2012), Germano
(2008) e de Jover et al. (2010) no que se refere à destreza manual, tendo ainda
acrescentado os estudos de Guimarães e Blascovi-Assis (2012) e Germano
(2008) que esta capacidade apresenta pouca evolução com o aumento da
idade, nas crianças/jovens com SD. Além disso, no estudo desenvolvido por
Jover et al. (2014), no qual foi avaliada a destreza manual em crianças, jovens
e adultos com SD e DT através da Bateria de Avaliação Movement Assessment
Battery for Children (M-ABC), foi constatado que os participantes com SD eram
mais lentos, isto é, apresentavam menor destreza comparativamente ao grupo
controlo. Aliado a estes estudos, Coppede et al. (2012), ao avaliarem o
desempenho motor fino (Bayley Scales of Infant and Toddler Development –
Third Edition) e o desempenho nos autocuidados (Inventário Pediátrico de
Avaliação de Incapacidade) verificaram que as crianças com SD apresentavam
um desempenho inferior comparativamente às crianças com DT. Neste estudo,
Coppede et al. (2012) indicaram como possíveis causas, dificuldades na
destreza e coordenação óculo-manual.
A força muscular nos indivíduos com SD, também tem sido alvo de estudos, na
medida que a hipotonia muscular, gera um aumento da hipermobilidade
articular com hiperextensão e laxidão ligamentar e muscular, o que causará
dificuldades em realizar movimentos e uma diminuição da força dos músculos
estriados esqueléticos, atrasando consequentemente o desenvolvimento motor
dos indivíduos com SD (Silva et al., 2009). Segundo estudos desenvolvidos por
Priosti et al. (2013) e Barbosa et al. (2009), indivíduos com SD têm um
desempenho inferior na força manual comparativamente aos indivíduos com
DT, sendo inclusive a força uma caraterística específica dos indivíduos com
SD.
Relativamente às medidas antropométricas da mão, a literatura faz referência a
membros curtos, mãos curtas e largas e dedos curtos em indivíduos com SD
(Barbosa et al., 2009; Silva et al., 2009; Souza et al., 2012). Aliado a isso
II. REVISÃO DA LITERATURA
35
Barbosa et al. (2009), mencionam no seu estudo, padrões dermatóglifos
marcantes nos indivíduos com SD, referindo a existência de casos onde se
observa um trirrádio palmar axial do tipo “t” deslocado distalmente, grau
acentuado de transversalidade das linhas palmares e 40% dos casos
apresentam uma só prega palmar transversal ou prega palmar transversal
única.
Paschoarelli et al. (2010) desenvolveram um estudo com estudantes
universitários com DT, tendo constatado que a antropometria da mão é
influenciada por variáveis como género, faixa etária e cultura, devendo estas
diferenças antropométricas serem consideradas no design de instrumentos
manuais.
Das pesquisas realizadas, constatamos que poucos estudos reuniam
informações sobre destreza manual, força muscular e antropometria da mão,
tendo em conta o grupo e faixa etária. Deste modo, orientamos os nossos
objetivos no sentido de analisar estas três variáveis, assim como, perceber qual
das duas variáveis, força muscular ou antropometria da mão, influenciam com
maior grau a destreza manual e consequentemente a funcionalidade.
II. REVISÃO DA LITERATURA
36
II. REVISÃO DA LITERATURA
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III. ESTUDOS EMPÍRICOS
43
CAPÍTULO III
Estudos Empíricos
III. ESTUDOS EMPÍRICOS
44
III. ESTUDOS EMPÍRICOS
45
Estudo 1
ANTROPOMETRIA DA MÃO, FORÇA DE PREENSÃO E
DESTREZA MANUAL: ESTUDO EM CRIANÇAS COM
TRISSOMIA 21 E COM DESENVOLVIMENTO TÍPICO
Anaïs Reis1, Rui Corredeira 2 & Olga Vasconcelos1
Uma versão reduzida deste estudo foi aceite para publicação no livro Desenvolvimento Motor
da Criança IX e foi apresentada como comunicação oral no 9º Seminário de Desenvolvimento
Motor da Criança. Lisboa, 2014.
1 Laboratório de Aprendizagem e Controlo Motor, CIFI2D, Faculdade de Desporto – Universidade do Porto.
2 Departamento de Atividade Física Adaptada, CIAFEL, Faculdade de Desporto – Universidade do Porto.
III. ESTUDOS EMPÍRICOS
46
III. ESTUDOS EMPÍRICOS
47
RESUMO
As crianças com síndrome de Down (SD) apresentam um atraso na aquisição
de competências motoras, nomeadamente, ao nível da força de preensão e
destreza manual, comparativamente às crianças com desenvolvimento típico
(DT). Além disso, ainda apresentam diversas alterações clínicas associadas.
No nosso estudo foram avaliadas a força manual (FM) (dinamómetro Hidráulico
de Jamar), a destreza manual (DM) (Teste de Caixa e Blocos), as medidas
antropométricas da mão (paquímetro analógico) e a preferência manual (PM)
(Dutch Handedness Questionnaire). Participaram neste estudo 36 crianças,
tendo 16 o diagnóstico de SD e 20 DT, com idades compreendidas entre os 6 e
os 18 anos. Verificou-se um efeito significativo quer do fator grupo quer do fator
idade, quer ainda, da interação entre estas duas variáveis na DM, na FM e em
algumas medidas antropométricas. Os efeitos da interação revelam que,
enquanto o grupo DT apresenta diferenças significativas entre as faixas etárias,
no grupo SD essas diferenças entre faixas etárias não ocorrem, relativamente à
DM, FM e a algumas medidas antropométricas. A avaliação destas
capacidades e a compreensão do seu comportamento em grupos típicos e
atípicos poderá possibilitar o delineamento de programas de estimulação e
contribuir para um melhor desempenho das atividades da vida diária (AVD’s).
Palavras-chave
Síndrome de Down; crianças; força manual; destreza manual; medidas
antropométricas.
III. ESTUDOS EMPÍRICOS
48
ABSTRACT
Children with Down syndrome (DS) show a delay in the acquisition of motor
skills, particularly in terms of grip strength and manual dexterity skills compared
to children with typical development (TD). Moreover, they have several
associated clinical changes. In our study we evaluated the manual force (MF)
(Hydraulic Jamar dynamometer), manual dexterity (MD) (Box and Blocks Test),
anthropometric measures of the hand (analog caliper) and the preferred hand
(PH) (Dutch Handedness Questionnaire). Participated in this study 36 children,
16 children with a diagnosis of DS and 20 TD, aged between 6 and 18 years.
There was a significant effect of group factor, age factor and the interaction
between these two variables in MD, MF and in some anthropometric
measurements. The interaction revealed that, while the TD group has significant
differences between age groups in the DS group differences between these age
groups do not occur with respect to MD, MF and some anthropometric
measurements. An assessment of these skills and understanding of their
behavior in typical and atypical groups may permit delineation of stimulation
programs and contribute to a better performance of activities of daily living.
Key-words
Down syndrome; children; manual force; manual dexterity; anthropometric
measurements.
III. ESTUDOS EMPÍRICOS
49
INTRODUÇÃO
A mão é um dos principais instrumentos do ser humano, que se destina a
inúmeras funções e objetivos, pelo facto de apresentar características únicas
de habilidades como o controlo da força e da precisão durante uma tarefa, o
transporte, a manipulação e a preensão de objetos, assim como, por ser tratar
do órgão sensorial tátil mais importante (Esteves et al., 2005). Este segmento é
o mais ativo e importante ao nível dos membros superiores, sendo a qualidade
e o desempenho nas AVD’s, trabalho e lazer determinadas em grande parte
pelas funções e capacidades ao nível manual, entre as quais se destacam a
destreza e a força (Carmeli et al., 2003). De acordo com a literatura, a
síndrome de Down (SD) apresenta diversas alterações clínicas associadas,
sendo a sua gravidade distinta consoante o indivíduo envolvido (Souza et al.,
2012). De entre as múltiplas alterações evidenciadas na literatura, podem
salientar-se as alterações morfológicas e físicas, hipotonia, cardiopatia
congénita, distúrbios da tiroide, problemas neurológicos, alterações sensoriais,
protusão da língua, obesidade e envelhecimento precoce (Barbosa et al., 2009;
Moreira et al., 2000). No que respeita à hipotonia muscular, esta gera o
aumento da hipermobilidade articular com hiperextensão e laxidão ligamentar e
muscular, o que causará dificuldade em realizar movimentos e uma diminuição
da força dos músculos estriados esqueléticos, atrasando consequentemente o
desenvolvimento motor (Silva et al., 2009). A destreza manual em indivíduos
com SD tem sido estudada por vários autores (Jover et al., 2010, Guimarães &
Blascovi-Assis, 2012 e Souza et al., 2012). Neste último estudo, no qual
participaram crianças e jovens com SD e DT, foi evidenciada a existência, nos
indivíduos com SD, de um atraso global do desenvolvimento, relativamente à
destreza manual (Teste de Caixa e Blocos), à força muscular (dinamómetro de
Jamar) e ao desempenho funcional (PEDI – Inventário de Avaliação Pediátrica
de Incapacidade). Estes resultados são sustentados pelos estudos de
Guimarães e Blascovi-Assis (2012) e de Jover et al. (2010) no que se refere à
destreza manual, tendo ainda o estudo de Guimarães e Blascovi-Assis (2012)
acrescentado que esta capacidade apresenta pouca evolução com o aumento
da idade, nas crianças/jovens com SD. Posto isto, o nosso objetivo foi analisar
III. ESTUDOS EMPÍRICOS
50
a variação da destreza manual, da força de preensão manual e das medidas
antropométricas da mão, em função do grupo (indivíduos com SD e com DT) e
da faixa etária (6-11; 12-18 anos).
METODOLOGIA
Este estudo pode ser caraterizado como sendo de natureza transversal do tipo
descritivo e não-randomizado (Marôco, 2010).
Amostra
Devidamente autorizadas pelos seus encarregados de educação participaram
neste estudo 36 crianças, 16 com o diagnóstico de SD (8♂ e 8♀) e 20 com DT
(6♂ e 14♀), com idades compreendidas entre os 6 e os 18 anos (SD:
13,31±3,24; DT: 12,50±3,90). Das crianças com DT, 4 apresentavam prática
desportiva e das que apresentavam diagnóstico de SD, 2 praticavam Boccia.
No que se refere à preferência manual (PM) (Dutch Handedness
Questionnaire, Van Strien, 2003) obtiveram-se 5 crianças sinistrómanas, sendo
3 com SD e 2 com DT. As recolhas realizaram-se em escolas regulares do
distrito de Viseu e na Associação de Viseu de Portadores de Trissomia 21
(AVISTP21). As crianças com DT e SD, foram selecionadas pelo método não
probabilístico (Marôco, 2010). O diagnóstico das crianças com SD foi da
responsabilidade dos psicólogos e clínicos das entidades envolvidas.
Os critérios de exclusão envolveram a não participação de crianças e jovens
com problemas sensoriais que interferissem na execução dos testes, com
distúrbios ou doenças incapacitantes ou limitantes da função em membros
superiores, que estivessem sujeitas a medicação que pudesse comprometer as
funções motoras e ainda aquelas que manifestassem dificuldades de
compreensão que comprometessem a realização do teste (Guimarães &
Blascovi-Assis, 2012; Silva et al., 2009; Souza et al., 2012).
Em consonância com as normas que constam da Declaração de Helsínquia, foi
apresentado uma carta informativa aos participantes e/ou seus encarregados
de educação, com o intuito de explicar e clarificar os mesmos acerca dos
III. ESTUDOS EMPÍRICOS
51
objetivos e aplicações futuras do estudo, tendo sido de seguida assinado o
termo de consentimento informado, livre e esclarecido. Os procedimentos
científicos do presente estudo foram aprovados pelo Comité de Ética em
Pesquisa da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.
Instrumentos e Procedimentos
A recolha dos dados foi efetuada através de um questionário breve e simples –
Questionário de Preferência Lateral - (Strien, 2003), e através da aplicação de
dois aparelhos manuais portáteis – Teste de caixa e blocos e Dinamómetro
hidráulico de Jamar. Foram também efetuadas as mensurações de medidas
antropométricas da mão (Tabela 1).
III. ESTUDOS EMPÍRICOS
52
Tabela 1 - Caraterização e procedimentos dos instrumentos selecionados.
INSTRUMENTOS CARATERIZAÇÃO / PROCEDIMENTOS
Questionário de Preferência Lateral
a) Objetivo: Proporciona informações sobre a direção e intensidade da preferência manual (Strien, 2003).
Teste
de C
aix
a e
Blo
co
s
a) Objetivo: avalia a destreza manual grossa (Guimarães & Blascovi-Assis, 2012; Mathiowetz et al., 1985; Souza et al., 2012) b) Posição durante o teste: o participante deverá estar sentado confortavelmente numa cadeira e mesa adequada ao seu tamanho, com a caixa colocada em posição horizontal, na qual a divisória central deverá estar alinhada com o plano sagital da cabeça do participante possibilitando uma total visão da área do equipamento (Guimarães & Blascovi-Assis, 2012; Mathiowetz et al., 1985). O contexto deverá apresentar como requisitos a ausência de ruídos e deverá estar bem iluminado e ventilado (Guimarães & Blascovi-Assis, 2012; Guimarães et al., 2012). c) Instruções: o examinador deverá colocar os 150 cubos num dos dois compartimentos da caixa de teste. Após sinal o participante pega e transfere os blocos, um de cada vez, para o compartimento contralateral (Guimarães & Blascovi-Assis, 2012; Guimarães et al., 2012; Mathiowetz et al., 1985) . O teste inicia-se com a mão preferida ou mão não preferida, e a medida do teste é expressa pelo número de blocos transferidos em um minuto (Guimarães & Blascovi-Assis, 2012; Guimarães et al., 2012; Mathiowetz et al., 1985). De forma a contrabalançar a amostra, aproximadamente metade da amostra iniciará o teste com a mão preferida e a outra metade iniciará com a mão não preferida. d) Número de medidas: duas avaliações sequenciais para a mão preferida e duas para a mão não preferida (Guimarães et al., 2012). e) Período de treino: os participantes deverão treinar 15 segundos antes da aplicação do teste (Guimarães & Blascovi-Assis, 2012; Guimarães et al., 2012). f) Instrumentos utilizados: cronómetro (Mathiowetz et al., 1985).
Din
am
óm
etr
o H
idrá
uli
co
de J
am
ar
a) Objetivo: Mede a quantidade de força produzida por uma contração isométrica (Figueiredo et al., 2007). b) Posição durante o teste: o paciente deverá estar confortavelmente sentado. O ombro posicionado em adução, o cotovelo fletido a 90º, o antebraço em posição neutra e o punho pode variar de 0º a 25º de extensão (American Society of Hand Therapists cit. Figueiredo et al., 2007) c) Instruções: Comandos de voz com os mesmos volumes, na medida que, segundo estudos o uso de um volume de voz mais alto durante as instruções produz contrações isométricas significativamente mais fortes (Johansson et al., 2013) d) Número de medidas: é recomendado que sejam realizadas três medidas e seguidamente seja usado a média das três medidas (Figueiredo et al., 2007; Silva et al., 2009) e) Período de descanso entre as medidas: é recomendado um período de descanso de 60 segundos entre as medidas em testes isométricos (Figueiredo et al., 2007)
Med
idas
an
tro
po
métr
ica
s
da m
ão
a) Medidas antropométricas selecionadas: A) Comprimento longitudinal da mão (linha do processo estiloide do cúbito até à extremidade distal do dedo médio); B) largura da mão (linha metacarpofalangeana); C) Espessura da mão; D) Distância entre a extremidade do polegar e a extremidade distal do quinto dedo (na região palmar e com os dedos em abdução total) (Esteves et al., 2005; Ruiz-Ruiz et al., 2002; Visnapuu & Jürimäe, 2007) . b) Instrumentos utilizados: paquímetro analógico e régua (Fernandes et al., 2011; Ruiz-Ruiz et al., 2002).
A) B) C) D)
III. ESTUDOS EMPÍRICOS
53
Análise Estatística
Para a análise estatística, os participantes foram subdivididos segundo os
seguintes parâmetros: grupo (SD e DT), idade/faixa etária (6-11anos; 12-18
anos), sexo (feminino e masculino), zona geográfica (meio urbano e meio
rural), prática de atividade física, direção da destreza manual (DM_MP,
DM_MNP), medidas antropométricas: comprimento (antro_c_MP,
antro_c_MNP), largura (antro_l_MP, antro_l_MNP), espessura (antro_e_MP,
antro_e_MNP), diâmetro (antro_d_MP, antro_d_MNP) e força muscular
(FM_MP, FM_MNP).
O tratamento estatístico foi precedido pela análise exploratória de dados que
garantiu a normalidade da distribuição através do teste de kolmogorov-
Smirnov. Através do Statistical Package for the Social Science (SPSS 21.0),
procedeu-se à análise descritiva (média e desvio-padrão) e univariada através
da ANOVA 2 (grupo) x 2 (faixa etária), para verificar o comportamento das
variáveis DM, medidas antropométricas e FM. O nível de significância foi fixado
em 5%.
RESULTADOS
Uma análise prévia do efeito do sexo em cada grupo não revelou efeitos
significativos desta variável, a qual não foi considerada nas análises que se
seguem. No quadro 1 apresentamos a estatística descritiva das variáveis
investigadas para cada grupo, considerando a faixa etária.
III. ESTUDOS EMPÍRICOS
54
Quadro 1 - Análise descritiva da destreza manual, da força manual e das
medidas antropométricas da mão, em cada grupo, no total e considerando a
faixa etária.
SD DT
5-11 12-18 Valor médio 5-11 12-18 Valor médio
DM MP 45,50±6,63 49,56±13,90 47,93±11,42 71,14±8,38 88,83±8,26 82,32±11,91
MNP 44,67±7,97 44,00±13,39 44,27±11,19 67,14±11,00 83,83±6,49 77,68±11,60
FM MP 10,28±6,97 16,66±4,79 14,11±6,40 14,01±4,13 29,64±8,17 23,88±10,32
MNP 10,63±5,77 16,01±3,88 13,86±5,29 13,31±4,15 27,46±7,71 22,25±9,55
Comp MP 14,05±1,46 14,53±1,56 14,34±1,49 14,12±1,15 16,98±0,88 15,92±1,71
MNP 13,93±1,32 14,67±1,75 14,37±1,58 13,98±1,18 17,10±0,85 15,95±1,82
Larg MP 6,63±1,00 6,72±0,37 6,69±0,66 5,59±0,56 6,81±0,46 6,36±0,78
MNP 6,68±0,99 6,72±0,35 6,71±0,65 5,48±0,52 6,80±0,50 6,3±0,82
Esp MP 1,98±0,10 2,17±0,36 2,09±0,30 1,93±0,19 2,18±0,17 2,09±0,21
MNP 2,08±0,17 2,19±0,29 2,15±0,25 1,90±0,14 2,27±0,19 2,13±0,25
Diâm MP 13,00±2,28 13,83±1,44 13,50±1,79 13,86±1,07 15,92±1,76 15,16±1,82
MNP 13,25±2,36 14,33±0,83 13,90±1,64 14,29±1,04 16,33±1,63 15,58±1,73
O quadro 1 demonstra, através da análise multivariada, um efeito significativo
do fator grupo na: (i) DM.MP (F1,32=90,99; p<0,001; eta=0,740); (ii) DM.MNP
(F1,32=84,39; p<0,001; eta=0,725); (iii) Comp.MP (F1,32=10,87; p=0,002;
eta=0,254); (iv) Comp.MNP (F1,32=9,87; p=0,004; eta=0,236); (v) Larg.MP
(F1,31=5,46; p=0,026; eta=0,150); (vi) Diâm.MP (F1,32=6,46; p=0,016;
eta=0,168); (vii) Diâm.MNP (F1,32=7,39; p=0,011; eta=0,188); (viii) FM.MP
(F1,32=12,80; p=0,001; eta=0,286) e (ix) FM.MNP (F1,31=8,29; p=0,007;
eta=0,211). Posto isto, constatamos que o grupo DT apresenta um melhor
desempenho na DM, uma maior FM, assim como, um maior Diâm e Comp, em
ambas as mãos. Além disso os DT têm uma maior Larg_MP.
Relativamente ao fator idade, constatamos um efeito significativo:
(i) DM.MP (F1,32=9,56; p=0,004; eta=0,230); (ii) DM.MNP (F1,32=5,21; p=0,029;
eta=0,140); (iii) Comp.MP (F1,32=17,88; p<0,001; eta= 0,359); (iv) Comp.MNP
(F1,32=21,89; p<0,001; eta=0,406); (v) Larg.MP (F1,31=10,57; p=0,003;
eta=0,254); (vi) Larg.MNP (F1,32=12,61; p=0,001; eta=0,283); (vii) Esp.MP
(F1,32=6,70; p=0,014; eta=0,173); (viii) Esp.MNP (F1,32=9,59; p=0,004;
eta=0,231); (ix) Diâm.MP (F1,32=6,25; p=0,018; eta=0,163); (x) Diâm.MNP
(F1,32=7,90; p=0,008; eta=0,198); (xi) FM.MP (F1,32=22,72; p<0,001; eta=0,415)
III. ESTUDOS EMPÍRICOS
55
Figura 1 – Destreza Manual da mão preferida. Interação entre os fatores grupo e idade.
e (xii) FM.MNP (F1,31=17,14; p<0,001; eta=0,356). Estes resultados permitem-
nos constatar que a faixa etária dos mais velhos (12–18 anos) apresentam um
melhor desempenho na DM, uma maior FM e aumento das medidas
antropométricas das mãos.
Na DM verificaram-se interações estatisticamente significativas entre o grupo e
a idade na MP (F1,32=5,23; p=0,029; eta=0,140) (Figura 1) e na MNP
(F1,32=8,05; p=0,008; eta=0,201) (Figura 2).
Figura 2 – Destreza Manual da mão não preferida. Interação entre os fatores grupo e idade.
III. ESTUDOS EMPÍRICOS
56
No grupo DT, mas não no grupo SD, a faixa etária condiciona alterações
significativas na DM. Consta-se ainda que 14% da DM_MP é explicada pela
interação entre os fatores grupo e faixa etária, enquanto 20,1% destes dois
fatores explicam a DM_MNP.
Relativamente à FM, também foram constatadas interações estatisticamente
significativas entre o grupo e a idade na MP (F1,32=5,83; p=0,022; eta=0,154)
(Figura 3) e na MNP (F1,32=6,11; p=0,019; eta=0,165) (Figura 4).
Figura 4 – Força da mão não preferida. Interação entre os fatores grupo e
idade.
Figura 3 - Força da mão preferida. Interação entre os fatores grupo e idade.
III. ESTUDOS EMPÍRICOS
57
Figura 5 - Comprimento da mão preferida. Interação entre os fatores grupo e idade.
Figura 6 - Comprimento da mão não preferida. Interação entre os fatores grupo e idade.
Tal como para a DM, no grupo DT, mas não no grupo SD, a faixa etária
condiciona alterações significativas na FM. Verifica-se também que 15,4% e
16,5% da FM_MP e FM_MNP, respetivamente, são explicados pela interação
entre os fatores grupo e faixa etária.
Nas medidas antropométricas verificam-se interações estatisticamente
significativas entre o grupo e a idade no comprimento da MP (F1,32=5,19;
p=0,030; eta=0,140) (Figura 5) e da MNP (F1,32=5,27; p=0,028; eta=0,141)
(Figura 6), assim como na largura da MP (F1,31=7,92; p=0,008; eta=0,204)
(Figura 7).
III. ESTUDOS EMPÍRICOS
58
Figura 7 - Largura da mão preferida. Interação entre os fatores grupo e idade.
Sujeitos com DT, contrariamente àqueles com SD, apresentam alterações
significativas no comprimento da MP, da MNP e na largura da MP, quando
comparados os grupos etários. Constata-se ainda que aproximadamente 14%
do comprimento de ambas as mãos é explicado pela interação entre os fatores
grupo e faixa etária. No que se refere à largura da mão preferida, 20,4% é
explicada pela interação entre os fatores grupo e faixa etária.
DISCUSSÃO
Os resultados do presente estudo sobre a DM, FM e medidas antropométricas
em função do grupo, DT e SD, em diferentes faixas etárias corroboram estudos
prévios. Segundo a literatura atual, verifica-se um rápido aumento da eficiência
motora, medidas antropométricas da mão e força de preensão manual nas
duas primeiras décadas de vida (Esteves et al., 2005; Lima & Moura, 2008;
Paschoarelli et al., 2010; Santos et al., 2004). No nosso estudo foram
encontradas diferenças estatisticamente significativas entre o grupo com SD e
DT relativamente às variáveis DM e FM, sendo estes resultados corroborados
por estudos prévios (Jover et al., 2010; Souza et al., 2012). Segundo estes
estudos, crianças com SD demonstram ser mais lentas do que crianças com
III. ESTUDOS EMPÍRICOS
59
DT, podendo tal facto ser atribuído a distintas explicações. Estas reportam que
o desenvolvimento de competências manuais depende de complexas
interações entre a anatomia específica do corpo da criança, a sua hipotonia
muscular e a deficiência cognitiva (Jover et al., 2010). Relativamente às
medidas antropométricas – Comprimento e Diâmetro, foram igualmente
encontradas diferenças significativas entre o grupo SD e DT. Estes resultados
são parcialmente corroborados pela literatura, na medida que são reportados
mãos e dedos mais curtos nos indivíduos com SD. Segundo Moreira et al.
(2000), o fenótipo dos sujeitos com SD depende de processos morfogenéticos
que sofreu influência de fatores epigenéticos. Estes autores salientam ainda
que os traços fenótipos poderão ser explicados por interações celulares,
causas ambientais e fatores estocásticos.
Relativamente aos resultados do grupo com SD não apresentarem alterações
significativas na DM quando comparadas as faixas etárias, contrariamente aos
do grupo DT na DM, estes são confirmados pelos estudos de Guimarães et al.
(2012) e de Guimarães e Blascovi-Assis (2012). Para estes últimos autores, o
défice intelectual, a hipotonia própria desta síndrome, as alterações físicas,
nomeadamente membros curtos, mãos curtas e largas, dedos curtos, prega
palmar transversal profunda única, ou ainda a dificuldade na coordenação de
movimentos poderão estar na origem da pouca alteração/atraso da DM com a
idade. Os resultados da FM, que não sofreram alterações na comparação entre
os grupos etários nos SD, são corroborados pelo estudo de Priosti et al. (2013),
o qual sugere que fatores como o défice intelectual, a hipotonia e o crescimento
físico, que cessa mais cedo neste grupo, poderão influenciar a força de
preensão. No que concerne às crianças com SD, não se identificaram
alterações significativas no comprimento da MP, da MNP e na largura da MP
com o passar da idade, comparativamente às crianças com DT, estes
resultados são parcialmente confirmados pela literatura (Esteves et al., 2005;
Roche, 1964; Sannomiya et al., 1998). Segundo Roche (1964), nos indivíduos
com SD existem períodos em que a maturação óssea e o crescimento
esquelético são mais rápidos do que nos DT, contudo os SD podem atingir a
puberdade com um pequeno crescimento esquelético. No estudo de
III. ESTUDOS EMPÍRICOS
60
Sannomiya et al. (1998) é mencionado que fatores intrínsecos (aspetos
genéticos e hormonais) e extrínsecos (aspetos nutricionais e meio ambiente)
influenciam o desenvolvimento do ser humano.
CONCLUSÃO
O presente estudo verificou um efeito significativo quer do fator grupo quer do
fator idade, quer ainda da interação entre estas duas variáveis na DM, na FM e
em algumas medidas antropométricas. Sugerem-se estudos futuros nesta
temática na tentativa de melhor compreender o comportamento de
caraterísticas motoras e morfológicas em grupos atípicos de modo a permitir
delinear programas de estimulação que contribuam para um melhor
desempenho nas AVD’s.
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III. ESTUDOS EMPÍRICOS
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III. ESTUDOS EMPÍRICOS
62
III. ESTUDOS EMPÍRICOS
63
Estudo 2
DESTREZA MANUAL, FORÇA DE PREENSÃO E
ANTROPOMETRIA DA MÃO: ESTUDO EM CRIANÇAS E
ADULTOS COM SÍNDROME DE DOWN E COM
DESENVOLVIMENTO TÍPICO
Anaïs Reis 3, Rui Corredeira 4 & Olga Vasconcelos 3
3 Laboratório de Aprendizagem e Controlo Motor, CIFI2D, Faculdade de Desporto – Universidade do Porto.
4 Departamento de Atividade Física Adaptada, CIAFEL, Faculdade de Desporto – Universidade do Porto.
III. ESTUDOS EMPÍRICOS
64
III. ESTUDOS EMPÍRICOS
65
RESUMO
A mão é um dos principais instrumentos do ser humano, que se destina a
inúmeras funções e objetivos. Tal facto deve-se às suas caraterísticas únicas,
tais como o controlo da força e da precisão durante uma tarefa, o transporte, a
manipulação e a preensão de objetos (Esteves et al., 2005). Indivíduos com
Síndrome de Down (SD) apresentam caraterísticas peculiares das mãos,
nomeadamente mãos curtas e largas e dedos curtos, sendo descritos na
literatura como indivíduos que apresentam hipotonia, laxidão ligamentar,
anomalias esqueléticas e atrasos na motricidade global, cognição e linguagem
(Barbosa et al., 2009; Collacott, 1987; Silva et al., 2009; Souza et al., 2012;
Souza et al., 2014). No nosso estudo foram avaliadas a força manual (FM)
(dinamómetro Hidráulico de Jamar), a destreza manual (DM) (Teste de Caixa e
Blocos), medidas antropométricas da mão (paquímetro analógico) e a
preferência manual (PM) (Dutch Handedness Questionnaire). Participaram no
estudo 81 indivíduos, 39 com diagnóstico de SD e 42 com desenvolvimento
típico (DT), com idades compreendidas entre os 6 e os 58 anos. Verificou-se
um efeito significativo quer do fator grupo quer do fator idade, quer da interação
entre estas duas variáveis na DM, na FM e em algumas medidas
antropométricas, com existência de algumas diferenças entre os grupos. Os
efeitos da interação revelam que, enquanto o grupo DT apresenta diferenças
significativas entre as faixas etárias, no grupo SD essas diferenças entre faixas
etárias não ocorrem, relativamente à DM. Os resultados também evidenciam
que no grupo DT a variabilidade da DM foi explicada pelas variáveis FM, Comp,
Larg, Esp e Diâm, em ambas as mãos, enquanto no grupo SD, a variabilidade
é unicamente explicada pela variável Diâm na mão preferida. Além disso, no
grupo DT foi constatado que quanto mais nova for a amostra, maior o número
de variáveis que explicam a variabilidade da DM, não se verificando o mesmo
no grupo SD. A avaliação e análise destas capacidades e a compreensão do
seu comportamento nestes grupos poderá possibilitar o delineamento de
programas de estimulação e contribuir para um melhor desempenho das
atividades da vida diária (AVD’s). Palavras-chave: Síndrome de Down; força
manual; destreza manual; medidas antropométricas.
III. ESTUDOS EMPÍRICOS
66
ABSTRACT
The hand is one of the main instruments of the human being, which is intended
to numerous functions and objectives. This is due to their unique features, such
as the force control and precision during a task, transportation, handling and
gripping objects (Esteves et al., 2005). Individuals with Down syndrome (DS)
have peculiar characteristics of the hands, particularly short and broad hands
and short fingers, being described in the literature as individuals who have
hypotonia, ligamentous laxity, skeletal anomalies and global delays in motor,
cognition and language skills (Barbosa et al, 2009; Collacott, 1987, Silva et al,
2009; Souza et al, 2012; Souza et al, 2014). In our study, muscular force (MF)
(Hydraulic dynamometer Jamar), manual dexterity (MD) (Box and Blocks Test),
anthropometric measures of the hand (analog caliper) and Preferred Hand (PH)
(Dutch Handedness Questionnaire) were accessed. 81 subjects participated in
the study, 39 with DS diagnosis and 42 with typical development (TD), aged 6
to 58 years. There was a significant effect of group factor, age factor and the
interaction between these two variables in MD, MF and in some anthropometric
measurements, with certain differences between the groups. The interaction
revealed that, while the TD group shows significant differences between age
groups in the DS group differences between these age groups do not occur,
relative to MD. The results also show that the TD group variability was
explained by the MD, MF, length, width, thickness and diameter variables in
both hands, while in DS group, the variability is explained only by diameter
variable in the preferred hand. Besides that, in TD group was found that
younger the sample, greater the number of variables that explain the variability
of MD. This aspect was not observed in DS group. The evaluation and analysis
of these capabilities and the understanding of their behavior in these groups
may enable stimulation programs design and contribute to a better performance
of activities of daily living (ADLs). Keywords: Down Syndrome; muscular force;
manual dexterity; anthropometric measures.
III. ESTUDOS EMPÍRICOS
67
INTRODUÇÃO
A síndrome de Down (SD) carateriza-se, na grande maioria dos casos, por um
erro na distribuição dos cromossomas das células, especificamente pela
existência de material genético extra no par 21, o que provoca um desequilíbrio
da função reguladora que os genes exercem sobre a síntese proteica, perda de
harmonia no desenvolvimento e nas funções das células (Silva & Kleinhans,
2006). Segundo a literatura atual, são diversas as alterações clínicas
associadas à SD, variando o grau e intensidade da manifestação das
caraterísticas consoante a maior ou menor expressão do gene, estimulação,
educação e meio ambiente facilitador e/ou limitante (Silva & Kleinhans, 2006;
Souza et al., 2012). De entre as múltiplas caraterísticas evidenciadas na
literatura, podem salientar-se as alterações físicas/anatómicas, sensoriais e
sistémicas. Ao nível físico/anatómico observa-se nestes indivíduos um pescoço
curto e grosso, alterações nos dermatóglifos, occipital achatado, membros
curtos, mãos curtas e largas, dedos curtos e instabilidade atlantoaxial (Barbosa
et al., 2009; Collacott, 1987; Eichstaedt & Lavay, 1992; Silva et al., 2009; Souza
et al., 2012). Relativamente às alterações sensoriais, poder-se-ão nomear os
problemas de audição (50 a 70%), de visão (15 a 50%) e linguísticos (Moreira
et al., 2000). A nível sistémico, podem mencionar-se a obesidade, distúrbios da
tiróide (15%), cardiopatia congénita (40%), hipotonia (100%), anomalias do
aparelho digestivo (12%), alterações hematológicas (3%) e alterações
ortodônticas (80%) (Moreira et al., 2000; Silva & Kleinhans, 2006).
Características como a força e destreza manual, preensões, medidas
antropométricas, dominância lateral, entre outras, têm sido estudadas por
vários autores em crianças e adultos com SD (Barbosa et al., 2009; Germano,
2008; Guimarães & Blascovi-Assis, 2012; Guimarães et al., 2012; Jover et al.,
2010).
O controlo da força manual, preensão, precisão, manipulação e transporte
devem-se, principalmente, ao sistema complexo de estruturas anatómicas
estáticas e dinâmicas que é a mão. Este segmento anatómico é constituído por
III. ESTUDOS EMPÍRICOS
68
ossos, músculos (intrínsecos e extrínsecos), nervos periféricos (com funções
sensoriais e motoras), um sistema vascular complexo e outras estruturas,
nomeadamente ligamentos, cápsulas articulares e bainhas tendinosas, todas
localizadas dentro de uma camada de pele protetora de 1 a 2 centímetros de
espessura (Noronha et al., 2011; Tubiana & Thomine, 1992) através do qual o
cérebro explora e domina o mundo (Esteves et al., 2005; Moran, 1989). Aliados
a isso, a qualidade e o desempenho nas atividades da vida diária, trabalho e
lazer são determinadas em grande parte pelas funções da mão e destreza
manual (Carmeli et al., 2003).
A destreza manual (DM) é uma capacidade motora que necessita de
coordenação rápida dos movimentos voluntários grossos ou finos, sendo
desenvolvida através de aprendizagem, treino e experiência (Poirier (1988) cit.
Guimarães & Blascovi-Assis, 2012). Esta capacidade pode dividir-se em DM
fina e DM global. A DM fina consiste na capacidade de manipular objetos de
pequenas dimensões com os dedos de forma rápida e precisa, enquanto a DM
global refere-se ao manuseamento de objetos de maiores dimensões, com
movimentos mais globais, em detrimento de movimentos interdigitais
(Desrosiers et al., 1997 cit in Freitas et al., 2014). Segundo um estudo de
Souza et al. (2012) no qual participaram crianças e jovens com SD e
desenvolvimento normal (DN), foi evidenciado nos SD um atraso global do
desenvolvimento, relativamente à destreza manual (Teste de Caixa e Blocos),
à força muscular (dinamómetro de Jamar) e ao desempenho funcional (PEDI –
Inventário de Avaliação Pediátrica de Incapacidade). Estes resultados foram
ainda sustentados pelos estudos de Guimarães e Blascovi-Assis (2012),
Germano (2008) e de Jover et al. (2010) no que se refere à destreza manual,
tendo ainda os estudos de Guimarães e Blascovi-Assis (2012) e Germano
(2008) acrescentado que esta capacidade apresenta pouca evolução com o
aumento da idade, nas crianças/jovens com SD. Além disso, no estudo
desenvolvido por Jover et al. (2014), no qual foi avaliada a destreza manual em
crianças, jovens e adultos com SD e DN através da Bateria de Avaliação
Movement Assessment Battery for Children (M-ABC), foi constatado que os
III. ESTUDOS EMPÍRICOS
69
participantes com SD eram mais lentos, isto é, apresentavam menor destreza
comparativamente ao grupo controlo.
A força muscular nos sujeitos com SD, também tem sido alvo de estudos, na
medida em que a hipotonia muscular gera um aumento da hipermobilidade
articular com hiperextensão e laxidão ligamentar e muscular, o que poderá
causar dificuldades na realização de movimentos e uma diminuição da força
dos músculos estriados esqueléticos, atrasando consequentemente o
desenvolvimento motor dos indivíduos com SD (Silva et al., 2009). Posto isto,
os nossos objetivos foram analisar a variação da destreza manual, da força de
preensão manual e das medidas antropométricas da mão, em função do grupo
(indivíduos com SD e com DT) e da faixa etária (crianças e adultos), assim
como, verificar o efeito da força de preensão manual e das medidas
antropométricas na destreza manual na amostra total e em cada grupo de
indivíduos. Com este último objetivo, pretende-se perceber que grupo de
variáveis (relativas à força ou às medidas antropométricas) apresenta maior
influência na destreza manual, na amostra total e em cada grupo.
METODOLOGIA
Este estudo pode ser caraterizado como sendo de natureza transversal do tipo
descritivo e não-randomizado (Marôco, 2010).
Amostra
Participaram no estudo 81 indivíduos, sendo 39 indivíduos com diagnóstico de
SD (16 crianças e 23 adultos) e 42 com DT (20 crianças e 22 adultos), com
idades compreendidas entre os 6 e os 58 anos (crianças SD: 13,31±3,24;
adultos SD: 34,68±9,59; crianças DT: 12,50 ±3,90; adultos DT: 39,64 ±11,00).
Dos indivíduos com diagnóstico de SD, 6 (2 crianças e 4 adultos) praticavam
Boccia e dos indivíduos com DT, 10 realizavam prática desportiva: natação,
pilates, andebol e futebol (4 crianças e 6 adultos).
No que se refere à preferência manual (PM) (Dutch Handedness
Questionnaire, Van Strien, 2003) obtiveram-se 6 indivíduos sinistrómanas com
diagnóstico de SD (3 crianças e 3 adultos) e 3 sinistrómanas com DT (2
III. ESTUDOS EMPÍRICOS
70
crianças e 1 adulto). A seleção das crianças realizou-se em escolas regulares
do distrito de Viseu e na AVISPT21, sendo que as crianças foram selecionadas
pelo método não probabilístico (Marôco, 2010). Por outro lado, as recolhas dos
indivíduos adultos realizaram-se na APPACDM de Viseu. O diagnóstico das
crianças e adultos com diagnóstico de SD foi da responsabilidade dos
psicólogos e clínicos das entidades envolvidas. Os critérios de exclusão
envolveram a não participação de crianças e adultos com problemas sensoriais
que interferissem na execução dos testes, com distúrbios ou doenças
incapacitantes ou limitantes das funções nos membros superiores, que
estivessem sujeitas a medicação que pudesse comprometer as funções
motoras e ainda aquelas que manifestassem dificuldades de compreensão que
comprometessem a realização do teste (Guimarães & Blascovi-Assis, 2012;
Silva et al., 2009; Souza et al., 2012). No que se refere aos indivíduos com SD,
foram excluídos 3 sujeitos devido ao uso de medicação sistémica e/ou por
apresentarem doença ou distúrbio limitante das funções nos membros
superiores (Guimarães & Blascovi-Assis, 2012; Souza et al., 2012).
Foram respeitadas as normas constantes da Declaração de Helsínquia, tendo
sido apresentado uma carta informativa aos participantes e/ou seus
encarregados de educação, onde constavam as explicações e foram
clarificados os objetivos e aplicações futuras do estudo em causa, tendo sido
assinado o respetivo termo de consentimento informado, livre e esclarecido. Os
procedimentos científicos do presente estudo foram aprovados pelo Comité de
Ética em Pesquisa da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.
Instrumentos e Procedimentos
A recolha dos dados foi efetuada através de um questionário breve e simples –
Questionário de Preferência Lateral - (Strien, 2003), e com o auxílio de dois
aparelhos manuais portáteis – Teste de Caixa e Blocos e Dinamómetro
hidráulico de Jamar. Foram ainda efetuadas mensurações de medidas
antropométricas da mão (Tabela 1).
III. ESTUDOS EMPÍRICOS
71
Tabela 1 - Caraterização e procedimentos dos instrumentos selecionados.
INSTRUMENTOS CARATERIZAÇÃO/ PROCEDIMENTOS
Questionário de Preferência Lateral
a) Objetivo: Proporciona informações sobre a direção e intensidade da preferência manual (Strien, 2003).
Teste
de C
aix
a e
Blo
co
s
a) Objetivo: avalia a destreza manual grossa (Guimarães & Blascovi-Assis, 2012; Mathiowetz et al., 1985; Souza et al., 2012) b) Posição durante o teste: o participante deverá estar sentado confortavelmente numa cadeira e mesa adequada ao seu tamanho, com a caixa colocada em posição horizontal, na qual a divisória central deverá estar alinhada com o plano sagital da cabeça do participante possibilitando uma total visão da área do equipamento (Guimarães & Blascovi-Assis, 2012; Mathiowetz et al., 1985). O contexto deverá apresentar como requisitos a ausência de ruídos e deverá estar bem iluminado e ventilado (Guimarães & Blascovi-Assis, 2012; Guimarães et al., 2012). c) Instruções: o examinador deverá colocar os 150 cubos num dos dois compartimentos da caixa de teste. Após sinal o participante pega e transfere os blocos, um de cada vez, para o compartimento contralateral (Guimarães & Blascovi-Assis, 2012; Guimarães et al., 2012; Mathiowetz et al., 1985) . O teste inicia-se com a mão preferida ou mão não preferida, e a medida do teste é expressa pelo número de blocos transferidos em um minuto (Guimarães & Blascovi-Assis, 2012; Guimarães et al., 2012; Mathiowetz et al., 1985). De forma a contrabalançar a amostra, aproximadamente metade da amostra iniciará o teste com a mão preferida e a outra metade iniciará com a mão não preferida. d) Número de medidas: duas avaliações sequenciais para a mão preferida e duas para a mão não preferida (Guimarães et al., 2012). e) Período de treino: os participantes deverão treinar 15 segundos antes da aplicação do teste (Guimarães & Blascovi-Assis, 2012; Guimarães et al., 2012). f) Instrumentos utilizados: cronómetro (Mathiowetz et al., 1985).
Din
am
óm
etr
o H
idrá
uli
co
de J
am
ar
a) Objetivo: Mede a quantidade de força produzida por uma contração isométrica (Figueiredo et al., 2007). b) Posição durante o teste: o paciente deverá estar confortavelmente sentado. O ombro posicionado em adução, o cotovelo fletido a 90º, o antebraço em posição neutra e o punho pode variar de 0º a 25º de extensão (American Society of Hand Therapists cit. Figueiredo et al., 2007) c) Instruções: Comandos de voz com os mesmos volumes, na medida que, segundo estudos o uso de um volume de voz mais alto durante as instruções produz contrações isométricas significativamente mais fortes (Johansson et al., 2013) d) Número de medidas: é recomendado que sejam realizadas três medidas e seguidamente seja usado a média das três medidas (Figueiredo et al., 2007; Silva et al., 2009) e) Período de descanso entre as medidas: é recomendado um período de descanso de 60 segundos entre as medidas em testes isométricos (Figueiredo et al., 2007)
Med
idas
an
tro
po
métr
ica
s
da m
ão
a) Medidas antropométricas selecionadas: A) Comprimento longitudinal da mão (linha do processo estiloide do cúbito até à extremidade distal do dedo médio); B) largura da mão (linha metacarpofalangeana); C) Espessura da mão; D) Distância entre a extremidade do polegar e a extremidade distal do quinto dedo (na região palmar e com os dedos em abdução total) (Esteves et al., 2005; Ruiz-Ruiz et al., 2002; Visnapuu & Jürimäe, 2007) . b) Instrumentos utilizados: paquímetro analógico e régua (Fernandes et al., 2011; Ruiz-Ruiz et al., 2002).
A) B) C) D)
III. ESTUDOS EMPÍRICOS
72
Análise Estatística
Para análise estatística, os participantes foram subdivididos em grupos do
seguinte modo: grupo (SD e DT), faixa etária (criança e adulto), sexo (feminino
e masculino), zona geográfica (meio urbano e meio rural), prática de atividade
física, direção da destreza manual (DM_MP, DM_MNP), medidas
antropométricas: comprimento (antro_c_MP, antro_c_MNP), largura
(antro_l_MP, antro_l_MNP), espessura (antro_e_MP, antro_e_MNP), diâmetro
(antro_d_MP, antro_d_MNP) e força muscular (FM_MP, FM_MNP).
O tratamento estatístico foi precedido pela análise exploratória de dados que
garantiu a normalidade da distribuição através do teste de Kolmogorov-
Smirnov. Através do Statistical Package for the Social Science (SPSS 21.0),
procedeu-se à análise descritiva (média e desvio padrão) e univariada através
da ANOVA 2 (grupo) x 2 (faixa etária), para verificar o comportamento das
variáveis DM, medidas antropométricas e FM. O nível de significância foi fixado
em 5%.
RESULTADOS
Uma análise prévia do efeito do sexo, da zona geográfica (meio urbano e meio
rural) e prática de atividade física em cada grupo não revelou efeitos
significativos destas variáveis, as quais não foram consideradas nas análises
que se seguem.
III. ESTUDOS EMPÍRICOS
73
Destreza manual, força de preensão manual e medidas antropométricas
da mão, em função do grupo e da faixa etária
No quadro 1 apresentamos a estatística descritiva das variáveis investigadas
para cada grupo, considerando a faixa etária (criança e adulto).
Quadro 1 - Análise descritiva da destreza manual, da força manual e das
medidas antropométricas da mão preferida e não preferida, em cada grupo e
considerando a faixa etária.
SD DT
Crianças Adultos Valor médio Crianças Adultos Valor médio
DM MP 47,93±11,42 50,36±11,27 49,38±11,23 82,32±11,91 99,41±10,48 91,49±14,00
MNP 44,27±11,19 47,00±10,58 45,89±10,77 77,68±11,60 90,36±11,53 84,49±13,09
FM MP 14,11±6,39 21,84±7,73 18,71±8,10 23,88±10,32 37,75±10,49 31,32±12,43
MNP 13,86±5,29 19,96±6,38 17,49±6,62 22,25±9,55 34,41±9,55 28,78±11,25
Comp MP 14,34±1,49 16,23±1,19 15,47±1,61 15,92±1,71 17,58±1,13 16,81±1,64
MNP 14,37±1,58 16,27±1,31 15,50±1,69 15,95±1,82 17,77±1,09 16,92±1,72
Larg MP 6,69±0,66 7,38±0,61 7,10±0,71 6,36±0,78 7,41±0,52 6,92±0,83
MNP 6,71±0,65 7,39±0,71 7,11±0,75 6,31±0,82 7,35±0,52 6,87±0,85
Esp MP 2,09±0,30 2,46±0,21 2,31±0,31 2,09±0,21 2,46±0,25 2,29±0,30
MNP 2,15±0,25 2,41±0,24 2,30±0,28 2,13±0,25 2,44±0,23 2,30±0,28
Diâm MP 13,50±1,79 15,14±1,61 14,47±1,85 15,16±1,82 16,66±1,66 15,96±1,87
MNP 13,90±1,64 15,14±1,63 14,64±1,72 15,58±1,73 16,91±1,67 16,30±1,81
O quadro 1 demonstra através da análise univariada, ANOVA 2 (grupo) x 2
(faixa etária), um efeito significativo do fator grupo (SD e DT) na: (i) DM.MP
(F1,77=271,44; p<0,001; eta=0,779); (ii) DM.MNP (F1,77=232,15; p<0,001;
eta=0,751); (iii) Comp.MP (F1,76=25,25; p<0,001; eta=0,249); (iv) Comp.MNP
(F1,76=24,92; p<0,001; eta=0,247); (v) Diâm.MP (F1,76=17,67; p<0,001;
eta=0,189); (vi) Diâm.MNP (F1,76=21,23; p<0,001; eta=0,218); (vii) FM.MP
(F1,77=42,42; p<0,001; eta=0,355) e (viii) FM.MNP (F1,76=38,34; p<0,001;
eta=0,335). Através destes resultados, constatamos que o grupo DT apresenta
um melhor desempenho na DM, uma maior FM, assim como, um maior Diâm e
Comp, em ambas as mãos.
Relativamente ao fator faixa etária (criança e adulto), constatamos um efeito
significativo: (i) DM.MP (F1,77=11,61; p=0,001; eta=0,131); (ii) DM.MNP
III. ESTUDOS EMPÍRICOS
74
Figura 1 - Destreza Manual da mão preferida. Interação entre os fatores grupo e faixa etária.
(F1,77=6,83; p=0,011; eta=0,081); (iii) Comp.MP (F1,76=33,51; p<0,001;
eta=0,306); (iv) Comp.MNP (F1,76=33,39; p<0,001; eta=0,305); (v) Larg.MP
(F1,75=34,47; p<0,001; eta=0,315); (vi) Larg.MNP (F1,76=30,95; p<0,001;
eta=0,289); (vii) Espe.MP (F1,76=45,93; p<0,001; eta=0,377); (viii) Espe.MNP
(F1,76=27,43; p<0,001; eta=0,265); (ix) Diâm.MP (F1,76=15,78; p<0,001;
eta=0,172); (x) Diâm.MNP (F1,76=10,86; p=0,001; eta=0,125); (xi) FM.MP
(F1,77=25,09; p<0,001; eta=0,246) e (xii) FM.MNP (F1,76=21,40; p<0,001;
eta=0,220). Estes resultados permitem-nos verificar que a faixa etária dos mais
velhos (adultos) apresentam um melhor desempenho na DM, uma maior FM e
aumento das medidas antropométricas das mãos.
Relativamente à DM verificaram-se interações estatisticamente significativas
entre o grupo e a faixa etária na MP (F1,77=9,27; p=0,003; eta=0,107) (Figura 1)
e na MNP (F1,77=4,47; p=0,038; eta=0,055) (Figura 2).
No grupo com DT, mas não no grupo com SD, a faixa etária condiciona
alterações significativas na DM. Consta-se ainda que 10,7% da DM_MP é
explicada pela interação entre os fatores grupo e faixa etária, enquanto
somente 5,5% destes dois fatores explicam a DM_MNP no Teste de Caixa e
Blocos.
III. ESTUDOS EMPÍRICOS
75
Figura 2 - Destreza Manual da mão não preferida. Interação entre os fatores grupo e faixa etária.
Figura 3 - Força da mão não preferida. Interação entre os fatores grupo e faixa etária.
Relativamente à FM observou-se uma interação substancialmente relevante
entre o grupo e a faixa etária na FM.MNP (F1,32=3,87; p=0,053; eta=0,048)
(Figura 3).
No grupo com DT, mas não no grupo com SD, parece verificar-se uma
tendência para a faixa etária e grupo condicionarem alterações na FM na mão
não preferida. Observa-se ainda que 4,8% dos fatores grupo e faixa etária
III. ESTUDOS EMPÍRICOS
76
explicam a FM_MNP. Nas medidas antropométricas não se verificaram
interações estatisticamente significativas entre o grupo e a faixa etária.
Regressão linear entre as variáveis destreza manual, força manual e
medidas antropométricas das mãos; em cada grupo, no total da amostra e
em função da faixa etária.
No quadro 2 apresentamos a regressão linear das variáveis destreza manual,
força manual e medidas antropométricas da mão preferida, investigadas para o
total da amostra e para cada grupo.
Quadro 2 – Destreza manual mão preferida. Regressão linear entre as
variáveis destreza manual, força manual e medidas antropométricas da mão,
na amostra total e em cada grupo.
DM_MP
Total SD DT
r r2 β p R r
2 β p r r
2 β p
FM 0,700 0,490 1,424 0,000 0,240 0,058 0,349 0,141 0,733 0,538 0,825 0,000
Comp 0,565 0,319 7,652 0,000 0,169 0,028 1,094 0,311 0,693 0,481 5,923 0,000
Larg 0,139 0,019 4,439 0,221 0,060 0,004 0,954 0,723 0,716 0,513 12,036 0,000
Esp 0,156 0,024 12,930 0,167 0,026 0,001 0,963 0,876 0,617 0,380 28,944 0,000
Diâm 0,558 0,311 6,909 0,000 0,420 0,176 2,553 0,009 0,530 0,281 3,958 0,000
A regressão linear apresentada no quadro 2, no que respeita ao total da
amostra e para cada variável introduzida no modelo, indica que a variabilidade
da DM_MP foi explicada em 49% pela FM (β=1,424; p<0,001), em 31,9% pelo
Comp (β=7,652; p<0,001) e em 31,1% pelo Diâm (β=6,909; p<0,001).
Quando consideramos o grupo SD, constatamos que a variabilidade da
DM_MP foi explicada unicamente pelo Diâm em 17,6% (β=2,553; p=0,009).
Relativamente ao grupo DT, observamos que 53,8% da FM (β=0,825;
p<0,001); 48,1% do Comp (β=5,923; p<0,001); 51,3% da Larg (β=12,036;
p<0,001); 38% da Esp (β=28,944; p<0,001) e 28,1% do Diâm (β=3,958;
p<0,001) explicam a variabilidade da DM_MP.
III. ESTUDOS EMPÍRICOS
77
No quadro 3 apresentamos a regressão linear das variáveis destreza manual,
força manual e medidas antropométricas da mão não preferida, investigadas
para o total da amostra e para cada grupo.
Quadro 3 – Destreza manual mão não preferida. Regressão linear entre as
variáveis destreza manual, força manual e medidas antropométricas da mão,
na amostra total e em cada grupo.
DM_MNP
Total SD DT
r r2 β p r r
2 β p r r
2 β p
FM 0,698 0,487 1,469 0,000 0,186 0,035 0,302 0,257 0,750 0,562 0,872 0,000
Comp 0,537 0,288 6,440 0,000 0,051 0,003 0,307 0,760 0,674 0,455 5,149 0,000
Larg 0,103 0,011 2,693 0,363 0,096 0,009 -1,129 0,567 0,703 0,494 10,891 0,000
Esp 0,180 0,032 14,824 0,110 0,012 0,000 0,471 0,943 0,630 0,397 28,993 0,000
Diâm 0,563 0,317 6,650 0,000 0,231 0,053 1,450 0,163 0,543 0,295 3,945 0,000
Relativamente à regressão linear, apresentada no quadro 3, referente ao total
da amostra e para cada variável introduzida no modelo, constamos que tal
como no quadro 2, a variabilidade da DM_MNP é explicada pelas variáveis FM,
Comp e Diâm. Assim sendo, verificamos que 48,7% da FM (β=1,469; p<0,001);
28,8% do Comp (β=6,440; p<0,001) e 31,7% do Diâm (β=6,650; p<0,001)
explicam a variabilidade da DM_MNP.
Relativamente ao grupo DT, observamos que 56,2% da FM (β=0,872;
p<0,001); 45,5% do Comp (β=5,149; p<0,001); 49,4% da Larg (β=10,891;
p<0,001); 39,7% da Esp (β=28,993; p<0,001) e 29,5% do Diâm (β=3,945;
p<0,001) explicam a variabilidade da DM_MNP; sendo estes mesmos
resultados constatados no quadro 2.
No quadro 4 apresentamos a regressão linear das variáveis destreza manual,
força manual e medidas antropométricas da mão preferida e não preferida,
investigadas para cada grupo unicamente na faixa etária dos adultos.
III. ESTUDOS EMPÍRICOS
78
Quadro 4 – Adultos. Destreza manual mão preferida e Destreza manual mão
não preferida. Regressão linear entre as variáveis destreza manual, força
manual e medidas antropométricas da mão em cada grupo.
DM_MP
SD DT
r r2 β p r r
2 Β p
FM 0,231 0,053 0,353 0,289 0,458 0,210 0,458 0,032
Comp 0,084 0,007 -0,789 0,712 0,290 0,084 2,687 0,191
Larg 0,072 0,005 -1,339 0,749 0,277 0,077 5,566 0,213
Esp 0,188 0,035 -10,044 0,402 0,122 0,015 5,113 0,590
Diâm 0,392 0,153 2,737 0,071 0,244 0,060 1,544 0,274
DM_MNP
SD DT
r r2 β p r r
2 Β p
FM 0,225 0,051 0,367 0,302 0,558 0,311 0,673 0,007
Comp 0,140 0,020 -1,131 0,534 0,310 0,096 3,285 0,160
Larg 0,096 0,009 -1,446 0,670 0,428 0,183 9,554 0,047
Esp 0,059 0,003 2,543 0,795 0,222 0,049 10,952 0,320
Diâm 0,279 0,078 1,817 0,208 0,375 0,140 2,594 0,086
Através da regressão linear apresentada no quadro 4, constatamos que a
variabilidade da DM_MP adultos é explicada, de forma significativa, unicamente
no grupo DT pela variável FM, sendo que esta variável explica 21,0% (β=0,458;
p=0,032) da variabilidade.
Quanto à variabilidade da DM_MNP adultos, esta é explicada, de forma
significativa, unicamente pelo grupo DT. Constatamos que 31,1% da FM
(β=0,673; p=0,007) e que 18,3% da Larg (β=9,554; p=0,047) explicam a
variabilidade da DM_MNP adultos.
No quadro 5 apresentamos a regressão linear das variáveis destreza manual,
força manual e medidas antropométricas da mão preferida e não preferida,
investigadas para cada grupo unicamente na faixa etária das crianças.
III. ESTUDOS EMPÍRICOS
79
Quadro 5 – Crianças. Destreza manual mão preferida e Destreza manual mão
não preferida. Regressão linear entre as variáveis destreza manual, força
manual e medidas antropométricas da mão em cada grupo.
DM_MP
SD DT
r r2 β p r r
2 Β p
FM 0,284 0,081 0,506 0,287 0,750 0,562 0,862 0,000
Comp 0,386 0,149 2,666 0,140 0,760 0,577 5,331 0,000
Larg 0,121 0,015 2,083 0,668 0,727 0,528 11,247 0,000
Esp 0,125 0,016 4,839 0,646 0,689 0,475 39,042 0,001
Diâm 0,470 0,221 3,025 0,066 0,540 0,292 3,563 0,014
DM_MNP
SD DT
r r2 β p R r
2 β p
FM 0,092 0,008 0,181 0,734 0,780 0,608 0,947 0,000
Comp 0,127 0,016 0,833 0,640 0,770 0,592 5,005 0,000
Larg 0,236 0,055 -2,766 0,380 0,736 0,541 10,544 0,000
Esp 0,178 0,032 -8,125 0,508 0,801 0,642 38,675 0,000
Diâm 0,114 0,013 0,785 0,673 0,536 0,287 3,663 0,015
Com base na regressão linear apresentada no quadro 5 constatamos que
56,2% da FM (β=0,862; p<0,001); 57,7% do Comp (β=5,331; p<0,001); 52,8%
da Larg (β=11,247; p<0,001); 47,5% da Esp (β=39,042; p=0,001) e 29,2% do
Diâm (β=3,563; p=0,014) explicam a variabilidade da DM_MP crianças, no
grupo DT.
Para a variabilidade da DM_MNP crianças, verificamos que 60,8% da FM
(β=0,947; p<0,001); 59,2% do Comp (β=5,005; p<0,001); 54,1% da Larg
(β=10,544; p<0,001); 64,2% da Esp (β=38,675; p<0,001) e 28,7% do Diâm
(β=3,663; p=0,015) explicam a variabilidade da DM_MNP crianças, no grupo
DT.
DISCUSSÃO
Os resultados do presente estudo sobre a DM e FM em função do grupo, SD e
DT, são corroborados por estudos prévios (Germano, 2008; Guimarães &
Blascovi-Assis, 2012; Guimarães et al., 2012; Jover et al., 2014). De acordo
com os nossos resultados existem diferenças estatisticamente significativas
entre o grupo com SD e com DT relativamente às variáveis DM e FM, sendo
que os participantes com diagnóstico de SD apresentam menor DM e FM
III. ESTUDOS EMPÍRICOS
80
comparativamente aos participantes com DT. Estes resultados são sustentados
pelos estudos de Cunningham (2008), Jover et al. (2014), Guimarães &
Blascovi-Assis (2012), Guimarães et al. (2012) e Priosti et al. (2013). Segundo
Cunningham (2008), cópias extras do cromossoma 21 à volta do segmento
q22.2, e os efeitos consequentes da sobredosagem daí resultante, poderão
condicionar a hipotonia muscular, instabilidade nas articulações e um
desenvolvimento mais lento. Jover et al. (2014), Guimarães & Blascovi-Assis
(2012), Guimarães et al. (2012) e Priosti et al. (2013) reforçam nos seus
estudos que a hipotonia muscular poderá ser uma das causas destes
resultados, acrescentado ainda fatores como o deficit intelectual, dificuldade na
coordenação dos movimentos e caraterísticas físicas, nomeadamente, mãos
curtas e largas, dedos curtos e prega palmar transversal única, assim como,
dificuldades da capacidade manipulativa e função de preensão, como possíveis
causas de um desempenho inferior dos participantes com SD. Ainda podemos
acrescentar, perante os resultados alcançados, que o facto dos indivíduos com
SD apresentarem uma hipotonia generalizada e consequentemente menor
força muscular gerada, assim como, serem descritos por apresentarem fadiga
rápida, leva a uma grande dificuldade para realizarem atividades com maior
duração e intensidade. Esta possível instalação precoce de fadiga muscular
poderá ser também uma das possíveis causas para os indivíduos com
diagnóstico de SD apresentam menor DM e FM comparativamente aos
participantes com DT. Tendo ainda em conta o mencionado na revisão da
literatura relativamente aos componentes que influenciam a capacidade de
usar as mãos, nomeadamente a atenção, cognição, motivação e integração
somatosensorial, estes poderão também justificar os resultados obtidos. Este
aspeto deve-se ao facto destes componentes serem essenciais para que
ocorra um ajuste dos comandos motores, regulação da força e acumulação de
estratégias para a preensão e manipulação de objetos.
No que se refere às medidas antropométricas os nossos resultados são
parcialmente corroborados pela literatura. Segundo Cunningham (2008), a
sobredosagem devida à cópia extra do cromossoma 21 extra em torno do
seguimento q22.2, também é responsável pela maioria das caraterísticas
III. ESTUDOS EMPÍRICOS
81
físicas, nomeadamente, mãos curtas e largas. Nos nossos resultados foram
observadas diferenças estatisticamente significativas entre os grupos SD e DT
relativamente às variáveis Comp e Diâm, sendo que os participantes com
diagnóstico de SD apresentavam menor valor numérico nestas duas variáveis
comparativamente aos participantes com DT. Apesar do reportado na literatura,
no nosso estudo não foram encontradas diferenças estatisticamente
significativas relativamente à largura das mãos entre os grupos SD e DT,
contudo, os participantes SD apresentaram uma média superior, no que se
refere à largura das mãos.
Relativamente ao fator faixa etária, criança e adulto, foram verificadas
diferenças estatisticamente significativas nas variáveis DM, FM e medidas
antropométricas, com as crianças a apresentarem valores médios inferiores
nestas variáveis. Estes resultados são corroborados pela literatura, na medida
que se verifica um rápido aumento da eficiência motora, medidas
antropométricas da mão e força de preensão manual nas duas primeiras
décadas de vida (Esteves et al., 2005; Lima & Moura, 2008; Paschoarelli et al.,
2010; Santos et al., 2004)
No presente estudo, ainda se verificou um efeito significativo da interação do
fator grupo e faixa etária na variável DM. Este resultado é corroborado pelo
estudo desenvolvido por Jover et al. (2014), no qual a destreza manual foi
avaliada em três faixas etárias: crianças, jovens e adultos, através da Bateria
Movement Assessment Battery for Children (M-ABC). Segundo este estudo, o
pior desempenho ao nível da destreza manual deve-se principalmente às
dificuldades motoras caraterísticas das crianças com SD.
Tendo em conta o segundo objetivo, foi observado no nosso estudo que a
variabilidade da DM, no grupo DT, foi explicada pelas variáveis FM, Comp,
Larg, Esp e Diâm, em ambas as mãos, enquanto no grupo SD, a variabilidade
é unicamente explicada pela variável Diâm na mão preferida. Aliado a isso, no
grupo DT foi constatado que quanto mais nova for a amostra maior o número
de variáveis explicam a variabilidade da DM (crianças: FM, Comp, Larg, Esp e
Diâm; Adultos: FM, Larg), não se verificando o mesmo no grupo SD. Estes
resultados são parcialmente confirmados pela literatura (Priosti et al., 2013;
III. ESTUDOS EMPÍRICOS
82
Souza et al., 2014). No estudo desenvolvido por Souza et al. (2014), cuja
população apresentava uma idade compreendida entre os 7 anos e 6 meses e
os 14 anos, constata-se a ausência de uma correlação linear entre as variáveis
destreza manual e comprimento da mão no grupo SD. Todavia, existia uma
correlação linear entre estas duas variáveis no grupo com DT, resultados que
vão ao encontro dos observados no nosso estudo. No estudo citado
anteriormente foi constatada ainda uma correlação linear entre a variável Larg
e a DM nos grupos DT e SD, contrariamente aos nossos resultados em que a
correlação apenas se revelou para o grupo DT. No estudo desenvolvido por
Priosti et al. (2013), também com crianças com idades compreendidas entre os
7 e os 9 anos, não houve uma relação linear entre as variáveis FM e DM no
grupo SD, enquanto no grupo DT foi constatada esta relação entre as variáveis
FM e DM. Estes resultados confirmam parcialmente os nossos. Priosti et al.
(2013) referem que nos indivíduos com SD, fatores como o deficit intelectual, a
hipotonia, o crescimento físico – que cessa mais cedo -, as caraterísticas
antropométricas da mão, e o facto de, principalmente as crianças, usarem um
menor número de dedos na manipulação, assim como realizarem
hiperextensão ao agarrar objetos, poderão comprometer a força e as
capacidades manipulativas. Tanto Souza et al. (2014) como Priosti et al. (2013)
apresentam uma multiplicidade de fatores que poderão separadamente ou em
conjunto influenciar estes resultados, tais como, a hipotonia, laxidão ligamentar,
deficits intelectuais e motores.
CONCLUSÃO
No presente estudo verificou-se um efeito significativo quer do fator grupo quer
do fator idade, quer ainda da interação entre estas duas variáveis na DM, na
FM e em algumas medidas antropométricas, com algumas diferenças entre os
grupos. Relativamente à DM, os efeitos da interação revelam que, enquanto o
grupo com DT apresenta diferenças significativas entre as faixas etárias, no
grupo com SD essas diferenças entre faixas etárias não ocorrem. Os
resultados também evidenciam que no grupo DT a variabilidade da DM foi
III. ESTUDOS EMPÍRICOS
83
explicada pelas variáveis FM, Comp, Larg, Esp e Diâm, em ambas as mãos,
enquanto no grupo SD, a variabilidade é unicamente explicada pela variável
Diâm na mão preferida. Além disso, no grupo DT foi constatado que, quanto
mais novos são os participantes, maior é o número de variáveis que explicam a
variabilidade da DM, não se verificando o mesmo no grupo SD.
Sugerem-se estudos futuros nesta temática com o intuito de melhor
compreender o comportamento de caraterísticas motoras e morfológicas em
grupos atípicos de modo a permitir delinear programas de estimulação que
contribuam para um melhor desempenho nas AVD’s e, no geral, para uma
melhor qualidade de vida.
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IV. CONCLUSÕES E SUGESTÕES
87
CAPÍTULO IV
Conclusões e sugestões
IV. CONCLUSÕES E SUGESTÕES
88
IV. CONCLUSÕES E SUGESTÕES
89
4.1 Conclusões
Através da análise dos resultados do presente estudo podemos inferir que os
nossos objetivos foram alcançados. Estes foram expostos, analisados e
discutidos nos estudos empíricos I e II.
Salientamos como principais conclusões destes estudos:
As variáveis sexo, zona geográfica e prática de atividade física não
revelaram efeitos significativos nos grupos SD e DT.
Estudo I:
o O grupo DT apresentou um melhor desempenho na DM, uma maior
FM, assim como, um maior Diâm e Comp, em ambas as mãos. Além
disso os DT têm uma maior Larg_MP.
o A faixa etária dos mais velhos (12–18 anos), independentemente do
grupo, apresentaram um melhor desempenho na DM, uma maior FM
e aumento das medidas antropométricas das mãos.
o O grupo DT apresentou diferenças significativas entre as faixas
etárias relativamente à DM, FM e algumas medidas antropométricas,
nomeadamente Comp em ambas as mãos e Larg mão preferida.
Estudo II:
o O grupo DT apresentou um melhor desempenho na DM, uma maior
FM, assim como, um maior Diâm e Comp, em ambas as mãos.
o A faixa etária dos mais velhos (adultos), independentemente do
grupo, apresentaram um melhor desempenho na DM, uma maior FM
e aumento das medidas antropométricas das mãos.
o O grupo DT apresentou diferenças significativas entre as faixas
etárias relativamente à DM, contrariamente ao grupo SD.
o No grupo DT a variabilidade da DM foi explicada pelas variáveis FM,
Comp, Larg, Esp e Diâm, em ambas as mãos, enquanto no grupo
SD, a variabilidade é unicamente explicada pela variável Diâm na
mão preferida.
o No grupo DT foi constatado que quanto mais novos são os
participantes, maior é o número de variáveis que explicam a
IV. CONCLUSÕES E SUGESTÕES
90
variabilidade da DM, não se verificando o mesmo no grupo SD. Isto
é:
o Grupo DT Adultos: a variabilidade da DM foi explicada em
ambas as mãos pela variável FM. Constatou-se ainda que a
variabilidade da DM_MNP foi ainda explicada pela Larg.
o Grupo DT crianças: a variabilidade da DM foi explicada, em
ambas as mãos, pelas variáveis FM, Comp, Larg, Esp e Diâm
o Grupo SD Adulto e crianças (cada grupo analisado
isoladamente): a variabilidade da DM não foi explicada por
nenhuma variável.
Com base no presente estudo, foi possível ampliar e clarificar os nossos
conhecimentos científicos relativamente à Síndrome de Down, quer através da
fundamentação teórica desenvolvida, quer ainda pelos resultados alcançados,
que permitiram análises e discussões que, certamente, permitirão compreender
um pouco melhor o comportamento motor de indivíduos com esta patologia.
Como em qualquer estudo empírico, constatámos algumas limitações,
nomeadamente no que se refere ao tamanho amostral, principalmente no
reduzido número de crianças com SD comparativamente aos adultos com SD.
IV. CONCLUSÕES E SUGESTÕES
91
4.2 Sugestões
Tendo em conta o presente trabalho e após a finalização do mesmo, cabe-nos
partilhar possíveis futuras investigações que poderão complementar e ampliar
os conhecimentos nesta área e população. Assim sendo, achamos pertinente
salientar:
I. Conciliar a avaliação da força muscular do dinamómetro com a
eletromiografia, no sentido de:
Identificar se os músculos que supostamente deveriam
contribuir para o movimento estão efetivamente ativados;
Monitorizar o estado de fadiga muscular à medida que o
número de repetições aumenta; em função do grupo (SD e
DT) e faixa etária (crianças e adultos)
II. Avaliar a motricidade fina e a coordenação óculo-manual; de
forma a perceber:
Qual dos grupos (SD e DT) tem um desempenho inferior
na realização de testes que avaliem estas capacidades;
O possível impacto/efeito das medidas antropométricas na
motricidade fina.
III. Implementar e avaliar a influência de um programa de intervenção
na força muscular, destreza manual e coordenação óculo-manual,
através de uma equipa multidisciplinar, nomeadamente terapeuta
ocupacional, fisioterapeuta, professor de educação física e
técnico de psicomotricidade.
Em diferentes faixas etárias: crianças, jovens e adultos.
Em diferentes faixas etárias, tendo em conta as variáveis
sexo, zona urbana e contexto familiar (barreira vs
facilitador).
IV. CONCLUSÕES E SUGESTÕES
92
93
CAPÍTULO V
Bibliografia Geral
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V. BIBLIOGRAFIA GERAL
102
VI. ANEXOS
ciii
CAPÍTULO VI
Anexos
VI. ANEXOS
civ
VI. ANEXOS
cv
ANEXO 1 - Pedido de autorização para empréstimo de instrumentos de
avaliação. Centro Hospitalar Tondela-Viseu, EPE
Exma. Dra. Florbela Marques
Coordenadora do serviço de Terapia Ocupacional, do serviço de Medicina Física e de
Reabilitação do Hospital São Teotónio, EPE - Viseu.
Assunto: Pedido de autorização para empréstimo e utilização do dinamómetro de Jamar
e Teste de Caixa e Blocos, no âmbito de um estudo intitulado “Força de
preensão manual, destreza manual, medidas antropométricas e
funcionalidade”. Contributo para a questão da destreza manual e
consequentemente funcionalidade”.
Anaïs de Almeida Reis, mestranda em Atividade Física Adaptada da Faculdade de Desporto
da Universidade do Porto e Maria Olga Fernandes Vasconcelos, orientadora da referida tese
de mestrado, vêm por este meio solicitar o empréstimo e utilização do dinamómetro de Jamar e
Teste de Caixa e Blocos, no âmbito de um estudo intitulado “Força de preensão manual,
destreza manual, medidas antropométricas e funcionalidade”. O presente estudo pretende
avaliar objectivamente os parâmetros salientados anteriormente, na medida em que, segundo a
literatura atual, constatam-se diferenças significativas nestes parâmetros entre esta população
e a população sem diagnóstico, assim como entre esta população consoante a faixa etária. A
recolha de dados será efectuada através de um questionário breve e simples, e através de dois
aparelhos manuais portáteis, Teste de caixa e Blocos e Dinamómetro, os quais permitem
avaliar a Destreza Manual Global e força de preensão manual, respectivamente; assim como
será efectuado mensurações de medidas antropométricas da mão.
Objetiva-se que este empréstimo seja concedido durante todas as sextas-feiras, do mês de
novembro de 2013 a fevereiro de 2014, sendo a segurança e bom uso do material assegurado
pela aluna e universidade de ensino.
Desde já agradecemos a disponibilidade e o tempo despendido.
Atenciosamente,
_________________________
Anaïs de Almeida Reis
_________________________
Maria Olga Vasconcelos
(Professora Associada)
VI. ANEXOS
cvi
ANEXO 2 - Pedido de autorização: APPACDM Viseu
Exmo. Dr. António José Ramos Aguiar Lemos
Presidente da Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental de
Viseu
Assunto: Pedido de autorização para a realização de um estudo no âmbito da “Força de
preensão manual, destreza manual, medidas antropométricas e
funcionalidade”. Contributo para a questão da destreza manual e
consequentemente funcionalidade”.
Anaïs de Almeida Reis, mestranda em Atividade Física Adaptada da Faculdade de Desporto
da Universidade do Porto e Maria Olga Fernandes Vasconcelos, orientadora da referida tese
de mestrado, vêm por este meio solicitar a participação de clientes com Síndrome de Down da
presente instituição no estudo intitulado “Força de preensão manual, destreza manual, medidas
antropométricas e funcionalidade”. O presente estudo pretende avaliar objectivamente os
parâmetros salientados anteriormente, na medida em que, segundo a literatura atual,
constatam-se diferenças significativas nestes parâmetros entre esta população e a população
sem diagnóstico, assim como entre esta população consoante a faixa etária. A recolha de
dados será efectuada através de um questionário breve e simples, e através de dois aparelhos
manuais portáteis, Minnesota e Dinamómetro, os quais permitem avaliar a Destreza Manual
Global e força de preensão manual, respectivamente; assim como será efectuado
mensurações de medidas antropométricas da mão.
Desde já asseguramos a confidencialidade dos participantes, sendo os dados utilizados
apenas para efeitos da investigação. Agradecemos também a disponibilidade e o tempo
despendido.
Atenciosamente,
_________________________
Anaïs de Almeida Reis
_________________________
Maria Olga Vasconcelos
(Professora Associada)
VI. ANEXOS
cvii
ANEXO 3 – Pedido de autorização: AVISPT21
Exma. Drª. Rita Pereira
Associação de Viseu de Portadores de Trissomia 21
Assunto: Pedido de autorização para a realização de um estudo no âmbito da “Força de
preensão manual, destreza manual, medidas antropométricas e
funcionalidade”. Contributo para a questão da destreza manual e
consequentemente funcionalidade”.
Anaïs de Almeida Reis, mestranda em Atividade Física Adaptada da Faculdade de Desporto
da Universidade do Porto e Maria Olga Fernandes Vasconcelos, orientadora da referida tese
de mestrado, vêm por este meio solicitar a participação de indivíduos com Síndrome de Down
da presente associação no estudo intitulado “Força de preensão manual, destreza manual,
medidas antropométricas e funcionalidade”. O presente estudo pretende avaliar objectivamente
os parâmetros salientados anteriormente, na medida em que, segundo a literatura atual,
constatam-se diferenças significativas nestes parâmetros entre esta população e a população
sem diagnóstico, assim como entre esta população consoante a faixa etária. A recolha de
dados será efectuada através de um questionário breve e simples, e através de três aparelhos
manuais portáteis, Minnesota, Teste de Caixa e Blocos e Dinamómetro (Anexo 4), os quais
permitem avaliar a Destreza Manual Global e força de preensão manual, respectivamente;
assim como será efectuado mensurações de medidas antropométricas da mão.
Desde já asseguramos a confidencialidade dos participantes, sendo os dados utilizados
apenas para efeitos da investigação. Agradecemos também a disponibilidade e o tempo
despendido.
Atenciosamente,
_________________________
Anaïs de Almeida Reis
_________________________
Maria Olga Vasconcelos
(Professora Associada)
VI. ANEXOS
cviii
ANEXO 4 – Questionário de preferência lateral
QUESTIONÁRIO DE PREFERÊNCIA LATERAL
(Van Strien, 2002)
Local: Nome :
Ano:
MÃO Esquerda Direita Qualquer
delas
1– Qual das mãos prefere para pegar no lápis quando
desenhas?
2– Qual das mãos preferes para segurar a escova
quando lava os dentes?
3– Qual das mãos preferes para desenroscar a tampa
de uma garrafa?
4– Qual das mãos preferes para lançar uma bola?
5– Qual das mãos preferes para dar as cartas de um
baralho?
6– Qual das mãos preferes para pegar numa raquete?
7– Qual das mãos preferes para abrir a tampa de uma
caixa?
8– Qual das mãos preferes para pegar numa colher
quando comes sopa?
9– Qual das mãos preferes para apagar com uma
borracha?
10– Qual das mãos preferes para abrir uma porta com
uma chave?
Que mão usas para escrever? Direita Esquerda Qualquer delas
Foste forçado(a) a usar a mão direita para escrever? Sim Não
Atualmente, praticas algum desporto de rendimento em que sejas atleta federado(a)? Sim
Não Se SIM, Qual? _______________________
Atualmente praticas algum tipo de atividade regular que utilize o desempenho manual como:
pitura, bordar, croché, tricô, tocar instrumentos musicais ou outras atividades semelhantes?
Sim Não Se SIM, Qual? _______________________
Obrigado pela tua colaboração!
VI. ANEXOS
cix
ANEXO 5 – Instrumentos de avaliação
TESTE DE CAIXA E BLOCOS
DINAMÓMETRO
MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS DA MÃO
VI. ANEXOS
cx
ANEXO 6 – Questionário sócio-demográfico
Nome__________________________________ Idade___ Sexo: Feminino Masculino
Habilitações Académicas:
Sabe escrever 6 anos de escolaridade
Escreve por cópia (input visual) 9.º ano
Sabe ler 11. º ano
Sabe ler e escrever 12.º ano
Menos de 4 anos de escolaridade Curso Tecnológico/profissional/ outros
4 anos de escolaridade
Resposta Social em que está integrado: Centro de Actividades Ocupacional da APPACDM
Centro de Actividades Ocupacional do IVF
Formação e integração profissional
Há quanto tempo integra esta resposta social_____
Integrou alguma precedentemente? Sim Não se sim, qual?________________
Residência atual: Meio Urbano Meio Rural
Local onde vive: Lar residencial Casa
Tem doenças diagnosticadas: Sim Não se sim, quais?__________________
Grau de Deficiência Intelectual:
Profunda Grave/severa Moderado/Média Leve/ligeira
_____________________No que se refere ao cuidador do cliente____________________
I. Cuidador do cliente
Habilitações Académicas:
Menos de 4 anos de escolaridade 12.º ano
4 anos de escolaridade Curso Tecnológico/profissional/ outros
6 anos de escolaridade Bacharelato
9.º ano Licenciatura
11. º ano Mestrado
VI. ANEXOS
cxi
ANEXO 7 – Folha de registo
Folha de Registo
Nome__________________________________Idade___Sexo: Feminino Masculino
Data:__/__/____ Período do dia: Manhã Tarde
1. Teste de Caixa e Blocos
Iniciou pela: Mão Direita Mão Esquerda
2. Dinamómetro
Iniciou pela: Mão Direita Mão Esquerda
3. Medidas antropométricas da mão
Mão Direita
Mão Esquerda
Mão Direita Mão Esquerda
1ª tentativa (nº de blocos transferidos)
2ª tentativa (nº de blocos transferidos)
Força Mão Direita Mão Esquerda
1ª tentativa
2ª tentativa
3ª tentativa
Média
VI. ANEXOS
cxii
ANEXO 8 – Pedido de autorização aos encarregados de educação
Ex.mo(a)
Senhor(a)
Assunto: Pedido de autorização para a realização de um estudo no âmbito da “Força de
preensão manual, destreza manual, medidas antropométricas e funcionalidade”.
Contributo para a questão da destreza manual e consequentemente
funcionalidade”.
Anaïs de Almeida Reis, licenciada em Terapia Ocupacional e mestranda em Atividade Física
Adaptada da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto e Maria Olga Fernandes
Vasconcelos, orientadora da referida tese de mestrado, vêm por este meio solicitar a
autorização do seu/sua filho(a) para participar no estudo intitulado “Força de preensão manual,
destreza manual, medidas antropométricas e funcionalidade”.
O presente estudo pretende avaliar objetivamente os parâmetros salientados anteriormente,
sendo a recolha dos dados realizada na Associação de Viseu de Portadores de Trissomia 21. A
presente recolha será efetuada através de um questionário breve e simples, (Anexo 1), e
através de três aparelhos manuais portáteis, Minnesota (Anexo 2), Teste de Caixa e Blocos
(Anexo 3) e Dinamómetro (Anexo 4), os quais permitem avaliar a Destreza Manual Global e
força de preensão manual, respetivamente; assim como será efetuado mensurações de
medidas antropométricas da mão (anexo 5).
Para a participação do seu/sua filho/a no referido projeto será necessária a sua autorização,
a qual desde já agradeço. Para qualquer esclarecimento poderá contactar-me através do n.º
968026846.
Atentamente,
Viseu, 15 de Novembro de 2013.
Anaïs de Almeida Reis
___________________________________________
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
Eu, _____________________________________________, mãe do aluno, autorizo a
participação do/a meu/minha filho/a _____________________________________ na
investigação subordinada ao tema “Força de preensão manual, destreza manual, medidas
antropométricas e funcionalidade”
____/ novembro / 2013.
_______________________________________
(assinatura do/a Encarregado/a de Educação)