dia municipal da lembrança 2014

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Reunião Solene Dia Municipal da Lembrança 2014 Lei nº 6.316 de 24 de Setembro de 2008, autoria do vereador João Manoel dos Santos

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Este folheto é parte integrante das solenidades do Dia Municipal da Lembrança em Piracicaba - SP, em acordo com a lei nº 6.316 de 24 de Setembro de 2008. Coordenação: Jayme Rosenthal Editores: Rebeca Serrano Thiago D’Angelo

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Reunião SoleneDia Municipal da Lembrança 2014

Lei nº 6.316 de 24 de Setembro de 2008,autoria do vereador João Manoel dos Santos

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Holocausto é o termo usado para se referir à destruição sistemática do povo judeu durante o governo dos nazistas na Alemanha. A palavra holocausto vem do grego, e a partir de 1950 passou a ser utilizada para descrever o extermínio realizado na Polônia e em outros países europeus durante a Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945).

O cerco aos judeus começou com as Leis de Nuremberg em 1935 com a exclusão da cidadania do Reich e a proibição de casamentos com pessoas de “sangue alemão”. Além disso, os judeus perderam a maioria de seus direitos políticos. Foram destituídos de seus pertences e de suas profissões. Eram obrigados a usar a estrela amarela como forma de identificação, obedeciam a toques de recolher e não podiam frequentar lugares como cinemas, lojas e praças públicas.

Holocausto

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Este folheto é parte integrante das solenidades do Dia Municipal da Lembrança em Piracicaba - SP,

em acordo com a lei nº 6.316 de 24 de Setembro de 2008.

Coordenação: Jayme Rosenthal

Editores: Rebeca Serrano

Thiago D’Angelo

Apoio:

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Apesar das condições, grupos de resistência trabalhavam na clandestini-dade: davam aulas para crianças que não podiam mais frequentar as escolas, contrabandeavam comida e armas e or-ganizavam saraus e eventos culturais na tentativa de tornar a vida de seus habi-

tantes mais suportável.Um dos guetos mais famosos foi

o de Varsóvia, pelo episódio conhecido como O Levante do Gueto de Varsó-via, no qual judeus se rebelaram e fo-ram massacrados pela da máquina de guerra alemã.

Os GuetosOs guetos foram bairros utilizados para reunir os judeus de várias cidades europeias. A vida

era vigiada e a saída autorizada somente para os homens e mulheres que trabalhavam em outras áreas. Não havia comida e nem água suficiente e as instalações eram precárias, o que favorecia a transmissão de doenças e o alto índice de mortalidade.

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O Levante do Gueto de VarsóviaEntre julho e setembro de 1942, as auto-

ridades alemãs deportaram aproximadamente 300.000 judeus do Gueto de Varsóvia. Durante essas operações, mais de 10.000 judeus foram assassinados. Apenas 35.000 judeus obtiveram permissão para permanecer no gueto, além de milhares que se mantinham escondidos.

Em resposta às deportações, as organiza-ções de resistência judaica criaram unidades de defesa conhecidas como Organização Judaica de Combate (Zydowska Organizacja Bojowa) e a União Militar Judaica (Zydowski Zwiazek Wojskowy). O objetivo dos grupos era a des-truição do gueto.

Após uma tentativa de revolta pronta-mente reprimida pelos alemães, em abril de 1943 os combatentes receberam a notícia de que a liquidação do gueto seria iniciada no dia seguinte. Na manhã de 19 de abril, a popula-ção estava preparada. As tropas nazistas não encontraram judeus nas ruas. A luta começou e os alemães foram obrigados a se retirar. O combate durou vários dias, até que os alemães decidiram queimar o gueto. Apesar da luta e da resistência, a máquina alemã de guerra era mais poderosa, e no dia 8 de maior de 1942 os judeus foram derrotados. Alguns judeus conseguiram escapar pela rede de esgoto. Mais de 56.000 pereceram na batalha.

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As Deportações e os Campos de ExtermínioApós o confi namento em guetos, grupos

de judeus começaram a ser deportados para diversas localidades na Polônia. Os transpor-tes ocorriam próximos a feriados religiosos, e muitas pessoas não resistiam às viagens em vagões de carga trancados, sem comida, sem água e temperaturas abaixo de zero.

Os nazistas começaram o extermí-nio sistemático dos judeus com a invasão da União Soviética em junho de 1941. No princípio, centenas de milhares de prisionei-ros judeus foram assassinados a tiros. En-tretanto, este método foi considerado lento e trabalhoso demais. Os nazistas iniciaram experimentos com gases, entre eles o Zyklon B, que foi utilizado nas câmaras de gás. A morte ocorria em 20 minutos (aproximada-mente). Após a morte, os corpos dos judeus eram incinerados nos fornos crematórios, e as cinzas eram dispensadas no solo, junta-mente com os resíduos de ossos que even-tualmente resistiam ao fogo. Os cabelos dos mortos foram aproveitados como matéria--prima para tecidos e travesseiros; os dentes de ouro foram fundidos e mandados para a Alemanha.

Nos campos de extermínio de Aus-chwitz, Birkenau (Auschwitz II, foto acima), Chelmno, Belzec, Sobibor, Treblinka e Mad-janek pereceram mais de 3,5 milhões de pes-soas de diferentes etnias.

O comando especial vivia em uma situação extrema. A cada dia, sob os nossos olhos, milhares e milhares de inocentes desapareciam pela cha-miné. Podíamos perceber, com nossos próprios olhos, a signifi cação profunda do ser humano: eles chegavam lá, homens, mulheres, crianças, todos inocentes...desapareciam de repente... e o mundo estava mudo! Nós nos sentíamos abandonados. Pelo mundo. Pela humanidade. É preciso, en-quanto se vive, jamais abdicar da esperança. E foi assim que lutamos na nossa vida tão dura, dia a dia, semana a semana, mês a mês , ano a ano. Com a esperança de que conseguiríamos, talvez, contra toda esperança, escapar daquele inferno”.

Filip MüllerSobrevivente do Sonderkommando

(unidades especiais de trabalho forçado nas câmaras de gás e fornos crematórios).

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As Crianças e o HolocaustoAs crianças eram especialmente vulnerá-

veis durante a época do Holocausto. Os na-zistas defendiam o assassinato de crianças de grupos “indesejáveis” ou “perigosos”, de acordo com a sua visão ideológica, tanto como parte da “luta racial” quanto como medidas de seguran-ça preventiva.

Os alemães e seus colaboradores assassina-ram cerca de 1,5 milhões de crianças, sendo um milhão delas judias, e dezenas de milhares de ciganos Romas, além de crianças alemãs com deficiências físicas ou mentais que viviam em instituições, crianças polonesas, e crianças que moravam na parte ocupada da União Soviética.

As crianças também foram vítimas das de-cisões dos Judenrat (Conselhos Judaicos) que indicavam a cota de judeus a serem deporta-dos. Janusz Korczak, diretor de um orfanato no Gueto de Varsóvia, recusou-se a abandonar as crianças sob seu cuidado, e quando elas foram selecionadas para a deportação, ele as acompa-nhou até o campo de extermínio de Treblinka, entrando com elas nas câmaras de gás, onde também foi assassinado.

Na França, de 1942 a 1944, quase toda a população protestante da cidade de Le Cham-bon-sur-Lignon, bem como padres, freiras e católicos laicos deram abrigo a crianças judias, mantendo-as longe dos olhos dos nazistas. Na Itália e na Bélgica muitas crianças conseguiram salvar-se por terem sido escondidas nestes tipos de esconderijo.

Quando as crianças chegavam em Aus-chwitz-Birkenau, e em outros campos de ex-termínio, as autoridades nos campos enviavam

a maioria delas diretamente para as câmaras de gás. Médicos e pesquisadores “médicos” das SS as utilizavam, principalmente aos gêmeos, para experiências crueis.

Após a rendição da Alemanha nazista e o fim da Segunda Guerra Mundial, os refugia-dos e pessoas deslocadas pela guerra passaram a procurar seus filhos por toda a Europa. Havia também milhares de órfãos nos campos para refugiados.

Hannah Hershkowitz nasceu em 1935 na Polônia. Ela sobreviveu à guerra. Em suas me-mórias, Hannah relata:

“Eu tinha seis anos de idade. Era o primei-ro dia de aula em Setembro de 1941. Marisha, minha melhor amiga, havia me convidado para ir à escola. Nós nos encontramos de manhã e caminhamos com muitas outras crianças. Nós chegamos a um portão alto. O vigia da escola estava em frente ao portão. Marisha entrou e eu a segui.

- Onde você vai? - ele me perguntou.- Para a escola, para a primeira série, res-

pondi orgulhosamente.O vigia bloqueou minha passagem.- Não, você não vai.- Mas eu já tenho seis anos!- Você é judia. Judeus não tem direito de

aprender. Nenhum judeu estuda aqui. Vá para casa!

Eu não chorei. Eu pensei: sou judia. Não há lugar para mim. Eu fiquei parada em frente a escola. Só eu. O novo ano escolar havia come-çado. Mas não para mim”.

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Por iniciativa do Museu Yad Vashem, o título de Justo entre as Nações é uma honraria concedida aos não judeus que salvaram judeus durante o nazis-mo. Uma árvore é plantada em homenagem aos cidadãos de várias nações que se recusaram a ser cúmplices do genocídio perpetrado pelos nazistas.

Os Justos entre as Nações

Chiune Sugihara foi o vice Cônsul do Consulado Japonês na Lituânia durante a Segunda Guerra Mundial. Refugiados ju-deus poloneses e de outros países chegavam à Lituânia na esperança de conseguir um visto para fugir da perseguição nazista. Os vistos japoneses eram vistos de trânsito, que reque-riam um destino final para os refugiados. Su-gihara sugeriu Curaçao, uma colônia holan-desa que não exigia vistos de entrada. Sem a autorização de seus superiores, Sugihara começou a trabalhar dia e noite na emissão dos documentos. Perturbado pelos pedidos dos refugiados, não deixou de trabalhar mes-mo perto da exaustão, emitindo três mil e quinhentos vistos que salvaram a vida dos re-fugiados. Mesmo após o fechamento do Con-

sulado mediante ordens soviéticas, Sugihara continuou a trabalhar em seu quarto de hotel e numa estação de trem, seguido pelos grupos de judeus, que viam nele sua única salvação. Em 1946, Sugihara foi dispensado de sua po-sição no Consulado Japonês, como punição à sua insubordinação e desobediência.

Em 1984 Chiune Sugihara foi reconhe-cido pelo Yad Vashem como um Justo entre as Nações. Uma árvore foi plantada em sua ho-menagem. Estima-se que seu trabalho salvou mais de seis mil vidas.

Chiune-Sempo Sugihara

1900 – 1986

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Assistente social em Varsóvia, Irena ficou conhecida como o “anjo do Gueto de Varsóvia”. Ela resgatava crianças judias para que estas fossem adotadas por famílias po-lonesas, o que aumentava as suas chances de sobreviver à guerra.

Através de seu trabalho, conseguiu res-gatar mais de duas mil e quinhentas crianças. Para que as crianças pudessem sair em segu-rança do gueto, eram escondidas em sacos, carregamentos de mercadorias e até dentro

de canos. Irena foi torturada pela Gestapo, teve

suas pernas e braços quebrados, e mesmo as-sim não desistiu de seu trabalho. Ela manteve um arquivo com os nomes das crianças, para que estas pudessem reencontrar suas famílias após a guerra. Infelizmente, a maior parte das famílias pereceu nos campos de morte.

Em 1965, Irena foi reconhecida como Justa entre as Nações e tem sua árvore plan-tada na Avenida dos Justos, em Jerusalém.

Irena Sendler1910 – 2008

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Arie Yaari, filho de David Greenwald e Reisl Krieser, nasceu no dia 30 de julho de 1922 em Katowice, Polônia, e teve dois ir-mãos, Moshe e Jacob.

Durante a 2ª Guerra Mundial (1939-1945) passou por inúmeros campos de traba-lhos forçados e campos de concentração na-zistas. Ao final da guerra retornou para a sua terra natal, onde integrou um grupo de jovens sionistas que pretendiam imigrar para Israel. Sua imigração ocorreu em janeiro de 1948, quando serviu o exército na Guerra da Inde-pendência e participou do famoso episódio do navio Altalena.

Em 1953 retornou à Europa, para fi-nalmente imigrar para o Brasil em janeiro de 1954. Morou em São Paulo e em Santo André, e trabalhou como mascate, corretor de imóveis e construtor. Em novembro de 1979 inaugurou o hotel Leão da Montanha, em Campos do Jordão, no interior do Estado de São Paulo, e ainda nos anos 1980 construiu na mesma cidade, junto com seu filho Josef, o Hotel Veredas. Foi casado por 37 anos com Fela, com quem teve três filhos: Josef, na Ale-manha, Shoshana, em Israel, e Paulina, no Brasil. Viveu com a esposa Olívia em Taubaté, onde foi membro atuante da comunidade ju-daica local. Participou da celebração do Dia da Lembrança em Piracicaba como palestrante. Faleceu em 30 de agosto de 2010.

Ari sobre a passagem pelos campos de extermínio:

“Há infernos e infernos. Soube, através de depoimentos de pessoas que passaram por

Auschwitz, que este campo foi o inferno dos infernos. Fui chamuscado no inferno, mas

depois li relatos sobre aqueles que foram queimados vivos dentro dele”.

Sobre a vida no Brasil:

“Criei três filhos e tenho netos e bisnetos. E meus laços com a Alemanha agora se

renovam sob bons sentimentos na união de um neto com uma alemã não-judia. Sempre

fui otimista e penso que com o tempo tudo acaba bem.”

Desejamos relembrar as palavras do se-nhor Ari quando ele nos diz que é necessário ter um projeto para o futuro, para que a barbá-rie conhecida como Holocausto jamais se re-pita. Que suas palavras possam transformar-se em sementes nos corações dos jovens.

Homenagem ao sobrevivente Arie Yaari

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O número de judeus mortos ultrapassa os seis milhões, além de outros milhões de russos mortos em batalha e milhares de outras vítimas da crueldade nazista.

A negação do Holocausto é condenada pela ONU, a Organização das Nações Unidas. A resolução de 26 de janeiro de 2007 declara: “Peçam os Estados que ensinem nas escolas sobre o massacre nazista, para que tais fatos ja-mais se repitam”.

Em toda a América Latina há centenas de sobreviventes do Holocausto. No Brasil, solenidades do Dia Internacional em Me-mória às Vítimas do Holocausto ocorrem em várias cidades, entre elas, Porto Alegre, São Paulo, Curitiba, Ribeirão Preto e Pira-cicaba. Em Israel, uma sirene toca e toda a população para por dois minutos para pres-tar suas homenagens às vítimas do regime nazista.

No dia 24 de setembro de 2008, a Câ-mara dos Vereadores aprovou por unani-midade a Lei 6.316 de autoria do vereador João Manoel dos Santos, sancionada e pro-mulgada pelo então prefeito Barjas Negri, determinando que, anualmente, 30 de abril seja o Dia Municipal da Lembrança.

Nesta data, a memória dos mortos e

dos sobreviventes é homenageada, assim como é realizado um trabalho de conscien-tização com os jovens através de filmes, palestras e testemunhos. O projeto de lei é iniciativa de Jayme Rosenthal, represen-tante da FISESP – Federação Israelita do Estado de São Paulo e da comunidade ju-daica da cidade de Piracicaba.

Lembrar para quê?

O Dia da Lembrança em Piracicaba-SP

As sobreviventes Nanette Konig e Rita Braun no Colégio Dom Bosco,

Piracicaba-SP, em 2012.

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As árvores são manifestações da força e do poder divino.

Além de serem veneradas em várias culturas, simbolizam a vida e a renovação. Produzem

frutos que alimentam, e através de suas sementes carregam a

sua continuidade.

Em abril de 2011 uma árvore foi plantada na praça Tibiriçá,

no centro da cidade de Piracicaba. O ato simbólico realizado teve como objetivo

homenagear as vítimas do Holocausto perpetrado pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial e também

servir de alerta às novas gerações, a fim de que o

terror nazista jamais volte a acontecer.

A celebração foi parte das solenidades que ocorrem

anualmente no Dia Municipal da Lembrança.