diagnostico da situacao dos residuos de construcao e demolicao
DESCRIPTION
apresenta uma situação dos resíduos de construção e demolicçãoTRANSCRIPT
-
UNIVERSIDADE CATLICA DE PERNAMBUCO
PR-REITORIA ACADMICA
COORDENAO DE PS-GRADUAO
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA CIVIL
(MESTRADO)
DIAGNSTICO DA SITUAO DOS RESDUOS DE
CONSTRUO E DEMOLIO (RCD) NO
MUNICPIO DE PETROLINA (PE)
ALMAI DO NASCIMENTO DOS SANTOS
RECIFE/2008
-
ii
ALMAI DO NASCIMENTO DOS SANTOS
DIAGNSTICO DA SITUAO DOS RESDUOS DE
CONSTRUO E DEMOLIO (RCD) NO MUNICPIO DE
PETROLINA (PE)
Dissertao apresentada Universidade Catlica de
Pernambuco, como parte dos requisitos para a obteno do
ttulo de Mestre em Engenharia Civil.
rea de Concentrao: Tecnologia das Construes
Orientadores: Prof. Dr. Silvio Romero de Melo Ferreira
Prof. Dr. Joaquim Teodoro Romo de Oliveira
RECIFE/2008
-
iii
UNIVERSIDADE CATLICA DE PERNAMBUCO
PR-REITORIA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSO PROESPE.
MESTRADO EM ENGENHARIA CIVIL
ALMAI DO NASCIMENTO DOS SANTOS
DIAGNSTICO DA SITUAO DOS RESDUOS DE CONSTRUO E
DEMOLIO (RCD) NO MUNICPIO DE PETROLINA (PE)
Banca Examinadora
________________________________________ Professor Dr. Silvio Romero de Melo Ferreira
Orientador UNICAP-PE
_________________________________________
Professor Dr. Joaquim Teodoro Romo de Oliveira
Orientador UNICAP-PE
_______________________________________________
Professor Dr. Romilde Almeida de Oliveira
Examinador Interno UNICAP-PE
_______________________________________________
Professora Dra. Stela Fucale Sukar
Examinadora Externa UPE-PE
Aprovada em 25 de Setembro de 2008
-
iv
Meus avs queridos, Benedito e Nair (in
memorian) que ao lado de Deus, razo da
existncia humana, luz divina de amor e paz,
continuam a brilhar e a iluminar os meus
caminhos. Obrigada por tudo que sou, obrigada
por me amar.
-
v
AGRADECIMENTO
A Deus pai todo poderoso que me mostra a cada momento o caminho correto a trilhar.
Ao meu esposo Paulo Roberto Freire a quem dedico todo este trabalho, que com seu carinho e
companheirismo vibra comigo cada momento do meu crescimento. Obrigada pelo seu amor,
por ser meu porto seguro, por est sempre comigo. Voc tudo para mim.
As minhas filhas, Ana Carolina, Camila e Paula Daniele, razo de todas as minhas conquistas,
amor incondicional, obrigada pela pacincia com as minhas ausncias, pela fora, por
existirem na minha vida.
minha me Antnia exemplo de luta e proteo. Obrigada me, por est sempre acreditando
em meu potencial, por est sempre orando por mim, por me fazer existir.
Ao meu mais novo amor, Nicolas Freire anjo que chegou iluminando este trabalho. Netinho
amado.
A toda a minha famlia, irmos, cunhados, genro que de uma forma ou de outra estiveram
presentes colaborando e incentivando o meu trabalho.
Aos meus orientadores Prof. Dr. Silvio Romero e Prof. Dr. Joaquim Teodoro pela intensa
dedicao, pacincia e compreenso para a concretizao deste trabalho.
Aos meus amigos Francisco Alves e Alba Valria pelo incentivo e orientao na produo
deste trabalho.
Ao prof. Francisco Jesus pela valiosa colaborao para o encaminhamento final deste
trabalho.
Aos meus colegas de turma, Aliomar, Diogo, Eduardo, Jason, Wellington, Sergio, exemplo de
amizade e companheirismo.
minha internacional sobrinha Sarah Freire pelo abstract mais perfeito da terra. Obrigada
pelas brilhantes tradues.
Ao Centro Federal de Educao Tecnlgica de Petrolina-PE.
Aos funcionrios da Universidade Catlica de Pernambuco pela ateno dispensada durante a
realizao do trabalho.
Aos rgos Municipais da cidade de Petrolina pela colaborao no fornecimento dos dados
que auxiliou este trabalho.
-
vi
RESUMO
Apesar de ser uma grande geradora de impactos ambientais devido ao grande consumo de
matria-prima e da grande gerao de resduos, a Construo Civil reconhecida como uma
das mais importantes atividades para o desenvolvimento econmico e social do pas. Nos
pases desenvolvidos, a gerao de RCD nas obras de demolio entre os anos de 1994 a 1999
variava entre 32 e 99 ton/ano. O que no difere muito do Brasil, que em 2005, atravs de
pesquisas em 11 Municpios, observou-se uma gerao de resduos com mdia de 59%
tambm, provenientes de obras de reforma, ampliao e demolio. O Municpio de Petrolina
localizado em pleno serto Pernambucano, atualmente, tem uma populao de 268.339
habitantes e ainda no possui um sistema de gerenciamento de RCD, conforme preceitua a
Resoluo n. 307 do CONAMA (2002). Visando contribuir com o estudo desta problemtica,
a presente dissertao realiza um diagnstico dos RCD do Municpio verificando sua
potencialidade de reciclabilidade. A pesquisa constitui de um trabalho de campo de natureza
exploratria e descritiva que visa identificar os materiais descartados pela indstria da
construo civil de 10(dez) empresas geradoras de RCD, bem como identificar, para efeito de
estudos de impacto ambiental, 11(onze) pontos de deposio irregular de RCD e a possvel
reutilizao desses materiais. Os resultados demonstraram que 91,2% dos materiais so
resduos classe A, com potencial de reciclabilidade, tendo em vista os descartes de materiais
cermicos representar no total da amostra 45,5% de todo o material observado, seguido de
argamassas com (23,6%), de concreto (14,1%) e da areia (8,0%), ficando os 8,8% restantes
destinados ao descartes de plsticos, gesso e madeira. Apesar da falta de uma destinao
adequada, tanto as empresas quanto o Poder Pblico do referido municpio, tentam se adequar
ao que determina a Resoluo 307, em especial, no que se refere ao beneficiamento dos RCD,
implantando uma usina de reciclagem no aterro remediado Raso da Catarina,
proporcionando assim, emprego e renda populao. Esta pesquisa tambm prope aes
futuras que podero colaborar na realizao de estudos de viabilidade tcnica utilizando
agregados de RCD na produo de agregados para pavimentao, confeco de blocos sem
funo estrutural, peas para o meio fio, entre outros, beneficiando a populao e o Municpio
de Petrolina.
Palavras-chave: resduos slidos, resduos de construo civil, gerao de RCD.
-
vii
ABSTRACT
Besides the fact that it is the cause of some environmental impact due to the great
consumption of raw material and generation of residues, construction engineering is
recognized as one amongst the most important activities that contributes to the economic and
social development of our country. Within underdevelopment countries the generation of
CDW (Construction and Demolition waste) in demolition works between the years 94-99
varied from 32 to 99 tons/year. CDW in Brazil is not different. In 2005, a research carried in
11 municipalities showed that the medium CDW was 59% as well. The municipality of
Petrolina is located in the arid backlands of the state Pernambuco, the current population is
268,339 and still doesnt own a system for management of the CDW as required in the
resolution 307 of CONAMA(2002) (National Council for Environmental Issues). Willing to
contribute to the solving of this problem, the present dissertation brings a survey of variability
of CDW in the municipality of Petrolina and verifies its recycling potential. The research is
based on exploratory and descriptive field work and aims to identify the varied waste material
discarded through the work of ten civil engineering companies and also to identify 11(eleven)
points of irregular discard and the possible re-use of the discarded material. Results show that
91, 2% of residues are class A, waste with recycling potential. 45, 5% of the waste is ceramic,
23, 6% is mortar, 14, 1% is concrete and 8% is sand. The other 8, 8% are discard of wood,
plastic and plaster. Despite the lack of place for disposal, private and governmental companies
try to adjust themselves to what is required in resolution 307, specially regarding to recycling
of CDW.There have been implemented a recycling industry in a disposal area called Raso da
Catarina therefore providing jobs for the population. The present work of study also suggests
some future action that may collaborate in studies for the use of CDW aggregates for paving,
blocks with non-structural function and pieces for sidewalk, benefitting population and
municipality as a whole.
Keywords: solid waste, construction engineering waste, CDWs generation.
-
viii
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 Fluxograma de Estudo de Gesto Integrada dos RCD.......................................................33
Figura 2.2- Relao do ngulo de atrito solo-muro com o ngulo de atrito do solo...............................40
Figura 2.3 - Mquinas e Equipamentos da Usina de RCD de Petrolina/PE...........................................47
Figura 2.4 - Mquinas e Equipamentos da Usina de RCD de Petrolina/PE...........................................47
Figura 2.5 Mapa da Regio Integrada de Desenvolvimento Econmico Integrado RIDE So
Francisco.................................................................................................................................................48
Figura 2.6 - Classificao dos solos do municpio de Petrolina.............................................................51
Figura 4.1 - Entulhos lanados no aterro Raso da Catarina antes da remediao..............................67
Figura 4.2 - Processo de remediao do aterro Raso da Catarina......................................................68
Figura 4.3 - Vista geral do aterro em fase final de remediao do aterro..............................................68
Figura 4.4 - Construo e equipamentos para a instalao da usina de RCD........................................69
Figura 4. 5 - Localizao dos Pontos de Deposio Irregular de RCD..................................................70
Figura 4.6 - Disposio e descarrego dos Entulhos no Ponto de Deposio..........................................73
Figura 4.7 - Deposio Irregular - Ponto 01, a) localizao, b) composio gravimtrica....................75
Figura 4.8 - Deposio Irregular - Ponto 02, a) Localizao, b) Composio gravimtrica..................75
Figura 4.9 - Deposio Irregular - Ponto 03, a) Localizao, b)Composio Gravimtrica.................76
Figura 4.10 - Deposio Irregular - Ponto 04, a) Localizao, b)Composio Gravimtrica...............77
Figura 4.11 - Deposio Irregular - Ponto 05, a) Localizao, b) Composio Gravimtrica...............78
Figura 4.12 - Deposio Irregular - Ponto 06 a) Localizao, b)Composio Gravimtrica................78
Figura 4.13 - Deposio Irregular - Ponto 07 a) Localizao, b)Composio Gravimtrica................79
Figura 4.14 - Deposio Irregular - Ponto 08 a) Localizao, b)Composio Gravimtrica.................80
Figura 4.15 - Deposio Irregular - Ponto 09 a) Localizao, b) Composio Gravimtrica................80
Figura 4.16 - Deposio Irregular - Ponto 10 a) Localizao, b)Composio Gravimtrica.................81
Figura 4.17 - Deposio Irregular - Ponto 11 a) Localizao, b)Composio Gravimtrica.................82
Figura 4.18 Composio dos RCD nos locais de deposio irregular.................................................82
Figura 4.19 Composio dos 11 pontos de deposio irregular de RCD............................................84
-
ix
LISTA DE QUADROS
Quadro 2.1 - Contribuio Individual das Fontes de Origem em (%) dos RCD......................27
Quadro 2.2 - Composio do RCD em diversas cidades brasileiras...................................... 29
Quadros 4.1 - Dados das Empresas..........................................................................................57
Quadro 4.2 - rea de atuao das Empresas............................................................................59
Quadro 4. 3 - Procedncia dos entulhos gerados no ano de 2007............................................60
Quadro 4.4 - Materiais que constituem o entulho no ano de 2007...........................................61
Quadro 4.5 - Tipo de veculo/Responsvel pela remoo e Local de deposio.....................62
Quadro 4.6 - Adequao das empresas quanto minimizao de perdas de material.............63
Quadro 4.7 - Pontos Crticos de Deposio monitorados........................................................64
Quadro 4.8 - Quantitativo do volume de resduos pelas empresas coletoras em 2006............66
Quadro 4.9 - Quantitativo do volume de resduos pelas empresas coletoras em 2007............66
Quadro 4.10 - Localizao dos Pontos de Deposio de RCD................................................72
Quadro 4.11 - Quantitativo de RCD em pontos irregulares no Municpio de Petrolina..........74
Quadro 4.12 - Resumo do Quantitativo de RCD......................................................................83
Quadro 4.13 - Resduos classe A com potencial de reciclagem para agregado........................83
Quadro 4.14 - Composio dos RCD das cidades do Recife/PE e Petrolina/PE......................85
-
x
LISTA DE SIGLAS
ABNT - Associao Brasileira de Normas Tcnicas
Att's - reas de Transbordo e Triagem
Bswh - Clima rido,chuvas de inverno,chuvas de vero,seco e quente
CBIC - Cmara brasileira da Indstria da Construo
CC - Construo Civil
CEF - Caixa Econmica Federal
CEFET/PET - Centro Federal de Educao Tecnolgica de Petrolina
COHAB/PE - Companhia de Habitao Popular do Estado de Pernambuco
CONAMA - Conselho Nacional do Meio do Meio Ambiente
CREA - Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia
CTR - Companhia de Tratamento de Resduos
CUR - Centro Holands para Pesquisa e Cdigos em Engenharia
DETRAN - Departamento Estadual de Trnsito
EDUFBA - Editora da Universidade Federal da Bahia
EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria
GPS - Global Positioning System - Sistema de Posicionamento Global
IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica
NBR - Norma Brasileira
PED Pediplanos
PMP - Prefeitura Municipal de Petrolina
POLI/UPE - Escola de Engenharia da Universidade de Pernambuco
PRR - Postos de Recebimento de Resduos
RCD - Resduos de Construo e Demolio
-
xi
RIDE - Regio de Desenvolvimento Econmico Integrado
RSU - Resduos Slidos Urbanos
SAQ - Macro-unidade Arenito-Quartzosa
SER - Macro-unidades Serra e Serrotes
SWANA - Associao de Resduos Slidos da Amrica do Norte
TAB Tabuleiro
TF - Terrao Fluvial
UFPE - Universidade Federal de Pernambuco
UNIVASF - Universidade Federal do Vale do So Francisco
ZAPE - Zoneamento Agroecolgico do Estado de Pernambuco
-
xii
Sumrio
Captulo I Introduo.....................................................................................
15
1.1.Consideraes Gerais......................................................................................... 15
1.1.1. Identificao do Problema de pesquisa............................................................. 15
1.2. Justificativa......................................................................................................... 17
1.3. Objetivos............................................................................................................. 19
1.3.1. Geral.................................................................................................................. 19
1.3.2. Especficos........................................................................................................
19
1.4. Estrutura da Dissertao................................................................................... 19
Captulo II - Reviso da Literatura..............................................................
21
2.1. Resduos Slidos Urbanos RSU..................................................................... 21
2.1.1. Conceitos.......................................................................................................... 21
2.1.2. Classificao dos Resduos Slidos Urbanos................................................... 21
2.1.2.1.Quanto sua Origem...................................................................................... 21
2.1.2.2 Quanto a Periculosidade................................................................................. 22
2.1.3. Classificao de Resduos de Construo e Demolio...................................
2.1.3.1.Segundo Caractersticas Regionais.................................................................
2.1.3.2.Segundo a Resoluo 307/02 do CONAMA..................................................
23
24
25
2.2. Gerao de RCD................................................................................................ 26
2.2.1. Definies e Breve Histrico............................................................................ 26
2.2.2. Gerao de RCD no Brasil e no Mundo........................................................... 27
2.2.3. Gerao de RCD na cidade do Recife-PE......................................................... 30
2.2.4.Gerao de RCD no municpio de Petrolina-PE................................................ 30
2.3. Gesto de RCD...................................................................................................
31
2.3.1. Reduo dos RCD............................................................................................. 36
2.3.2. Reutilizao dos RCD....................................................................................... 37
2.3.3. Reciclagem dos RCD........................................................................................
38
-
xiii
2.4. Legislao............................................................................................................
41
2.4.1. Legislao Internacional................................................................................... 41
2.4.2. Legislao Nacional..........................................................................................
41
2.5. Gesto de RCD no municpio de Petrolina/PE................................................
44
2.6. Caractersticas Geo-Ambientais no municpio de Petrolina-PE................... 47
2.6.1. Generalidades.................................................................................................... 47
2.6.2.Caractersticas Fisiogrficas.............................................................................. 49
2.6.3.Clima e Vegetao............................................................................................. 49
2.6.4.Caractersticas Geolgicas, Geomorfolgicas e Pedolgicas de Petrolina........ 49
Captulo III - Materiais e Mtodos................................................................ 52
3.1. Campo de Aplicao..........................................................................................
52
3.2. Tipo e Natureza da Pesquisa.............................................................................
52
3. 3. Coleta de Dados.................................................................................................
52
3.4. Tratamento e Anlise dos Dados...................................................................... 53
3.4.1.Descrio das Empresas Estudadas................................................................... 54
3.4.2.Estimativa de Gerao de RCD no Municipio de Petrolina.............................. 55
3.4.3.Segregao dos RCD......................................................................................... 55
3.4.4.Mapeamento do destino final dos RCD.............................................................
56
Captulo IV - Resultados e Discusses..........................................................
57
4.1.Generalidades......................................................................................................
57
4.2.Identificao do setor produtivo construtoras.............................................. 57
4.2.1.Dados da Empresa.............................................................................................. 57
4.2.2.rea de Atuao das Empresas.......................................................................... 58
4.2.3.Procedncias dos Entulhos Gerados.................................................................. 59
4.2.4.Materiais que Constituem o Entulho.................................................................. 60
4.2.5.Tipo de veculo/Responsvel pelo bota fora/Legalidade dos locais de deposio
dos RCD.....................................................................................................
62
-
xiv
4.2.6.Adequao Quanto Minimizao de Perdas e Gerao de RCD....................
63
4.3.Identificao dos Pontos Crticos de RCD Monitorados pelo Poder Pblico/
Empresas Coletoras...................................................................................................
4.4.Identificao do Volume de RCD Coletado pelas Empresas Coletoras........
4.5.Identificao de RCD no Aterro do Municpio...............................................
4.6.Localizao dos Pontos de Deposio Irregular de RCD...............................
4.7.Composio dos RCD em Pontos Irregulares no Municpio de Petrolina.....
4.8.Resumo Geral da Composio de RCD dos Pontos de Deposio
Irregular.................................................................................................................... 4.9. Detalhamento das Informaes dos RCD no Municpio de Petrolina..........
4.10.Potencialidade de Reaproveitamento dos RCD em Petrolina.......................
Captulo V - Concluses e Sugestes.............................................................
5.1.Concluso.............................................................................................................
5.2.Sugestes para Trabalhos Futuros........................................................................
Referncias Bibliogrficas................................................................................
Apndices................................................................................................................
Glossrio.................................................................................................................
64
65
67
69
73
82
85
86
88
88
89
90
96
110
-
15
CAPTULO I INTRODUO
1.1 Consideraes gerais
O processo de urbanizao por que vem passando o Brasil a partir da dcada de 1950,
com o conseqente adensamento dos centros urbanos, tem feito com que muitas cidades
brasileiras, em especial aquelas que crescem de forma acelerada, sofram graves problemas
ambientais, sociais e sanitrios.
Os problemas sanitrios so provocados principalmente pelo gerenciamento
inadequado dos Resduos Slidos Urbanos (RSU), entre eles os resduos provenientes da
indstria da construo civil. Esses entulhos so lanados de forma desordenada nas ruas,
praas, crregos e terrenos baldios provocando riscos ao ser humano e ao ambiente, onde
proliferam animais peonhentos e, principalmente o mosquito transmissor da dengue. Pases
como os Estados Unidos e Alemanha j adotaram uma poltica de reciclagem e destino final
desses resduos (JOHN & AGOPYAN, 2003).
No Brasil, a preocupao com resduos slidos urbanos, de uma maneira geral,
relativamente recente. A Resoluo n. 307 do Conselho Nacional de Meio Ambiente
CONAMA (2002), em vigor desde 02 de janeiro de 2003, vem direcionando normas que
disciplinam as atividades econmicas e de desenvolvimento urbano responsveis por esse
quadro de degradao.
Em decorrncia desta resoluo, os municpios esto desenvolvendo um plano
integrado de gerenciamento de Resduos da Construo e Demolio (RCD) que estabelece a
responsabilidade dos rgos geradores, sejam pblicos ou privados, de implantarem uma
poltica de manuseio desses resduos.
-
16
1.1.1. Identificao do Problema de Pesquisa
Visualizando o problema dos resduos slidos no universo da gesto ambiental urbana,
o gerenciamento dos Resduos de Construo e Demolio apresenta-se como uma questo de
difcil soluo. No Brasil, tal problema ocorre devido ao crescimento da populao urbana,
impulsionada pelo xodo rural, e pela melhoria da renda, resultando na necessidade de novas
moradias para essa populao.
Muito embora, a construo civil brasileira venha introduzindo novos modelos de
gesto, novas tecnologias e novos materiais, visando reduzir a gerao dos RSU, ainda
representa de 13 a 67% em massa dos resduos slidos urbanos (JOHN, 2000; ANGULO
2005).
Para o promotor do meio ambiente do Estado de So Paulo, Lus Roberto Jordo
Wakim,
importante e necessrio que os gestores pblicos municipais passem a
abordar o problema do gerenciamento dos RCD sem solues emergenciais
ou corretivas, que tanto propiciam o aterramento de reas naturais.
fundamental que o Ministrio Pblico atue ativamente na fiscalizao e
participe do processo de reflexo para se alcanar uma nova gesto
municipal (WAKIM, 2007).
A administrao do municpio de Petrolina, cidade de aproximadamente 260.000
habitantes, situada margem esquerda do rio So Francisco, no estado de Pernambuco, atenta
legislao, vem se preocupando com a deposio irregular dos RCD. Para isso, criou um
projeto de implantao de uma usina de reciclagem em uma rea de deposio de 22 hectares,
denominado Raso da Catarina, que ser utilizada para beneficiar os RCD do municpio.
Diante do exposto, a questo central deste projeto de pesquisa : Como equacionar os
problemas gerados pelos RCD da cidade de Petrolina/PE?
-
17
Visando contribuir com o estudo desta problemtica, a presente dissertao realiza um
diagnstico dos RCD, identificando as empresas geradoras de RCD, certificando-se quanto ao
atendimento da Resoluo 307; quantifica o volume de RCD depositado clandestinamente no
Municpio; identifica a composio gravimtrica desses resduos; classifica pedologicamente
a rea de deposio clandestina, alm de apresentar a destinao final do RCD no municpio
de Petrolina/PE
1.2. Justificativa
Os Resduos Slidos Urbanos (RSU) tm, cada vez mais, influncia direta na
qualidade de vida do ser humano, sendo, portanto, fonte de preocupao e de busca de
soluo por parte do governo federal e seus ministrios. Os RSU so vistos como parte
importante do saneamento dos ambientes urbanos. Entre eles, encontram-se os Resduos de
Construo e Demolio RCD provenientes, segundo a Resoluo n. 307 do CONAMA
(2002), de construo, reformas, reparos e demolies de obras de construo.
A grande quantidade de resduos produzidos pela construo civil est diretamente
relacionada a fatores do tipo: falta de qualificao do trabalhador, a no utilizao de novas
tecnologias (equipamentos e processos construtivos), alm do alto grau de desperdcio
identificados nas obras.
Segundo ZORDAN (1997), existe uma necessidade de maiores estudos no que se
refere a uma melhor destinao dos materiais descartados de uma construo dos municpios
das cidades brasileiras, do ponto de vista da viabilidade tcnica e do uso dos RCD.
Pesquisas indicam que as perdas da construo civil brasileira contribuem para a
gerao de RCD. Segundo CAVALCANTI (2003), o entulho que sai dos canteiros de obras
composto, em mdia, por 64% de argamassa, 30% de componentes de vedao, e 6% de
-
18
outros materiais. Para SOUZA (2005), este desperdcio representa em mdia 120 kg/m de
RCD por obra.
Estudar a sustentabilidade na construo civil, tema de grande importncia, j que a
indstria da construo causa impacto ambiental ao longo de toda a sua cadeia produtiva
(SPOSTO, 2006), alm de ser, segundo o CIB (2000: 17), a indstria da construo, um
grande contribuinte do desenvolvimento scio-econmico em todos os pases.
Nos ltimos anos, a construo civil tem avanado na reduo dos desperdcios, obtido
principalmente por meio de programas de reduo de perdas e implantao de sistemas de
gesto da qualidade. O aproveitamento de RCD deve ser uma das prticas a serem adotadas
na produo de edificaes, visando um processo sustentvel ao longo dos anos,
proporcionando economia de recursos naturais e minimizando o impacto ao meio-ambiente. O
potencial de reaproveitamento e reciclagem de RCD significativo, e a exigncia da
incorporao destes resduos em determinados produtos tende a ser benfica, j que
proporciona economia de matria-prima e energia.
A importncia terica da presente pesquisa est relacionada com a atualidade do tema
para a indstria da construo civil brasileira, que passa por profundas mudanas, tentando se
adequar a um processo de produo ambientalmente correto, socialmente justo e
economicamente vivel, bem como da necessidade de se contribuir com o entendimento das
transformaes por que passa o setor diante tantos desafios.
O trabalho, que servir tambm como subsdio ao municpio de Petrolina e demais
municpios circunvizinhos, tomadores de decises, na elaborao de planos e de
gerenciamento de resduos e reciclagem que estejam voltados realidade da regio na qual
est inserida.
-
19
1.3. Objetivos
1.3.1. Objetivo Geral
A pesquisa tem como objetivo geral identificar, caracterizar e descrever os Resduos
de Construo e Demolio para as diversas formas de aproveitamento no Municpio de
Petrolina/PE.
1.3.2. Objetivos Especficos
Identificar o setor produtivo (empresas construtoras) no municpio de Petrolina/PE.
Identificar e caracterizar os locais de deposio de RCD no municpio de Petrolina/PE.
Averiguar e mapear as destinaes irregulares dos RCD no municpio de Petrolina/PE.
Avaliar a composio gravimtrica dos Resduos de Construo e Demolio do
municpio de Petrolina.
1.4. Estrutura da Dissertao
Esta dissertao esta dividida em cinco captulos, que esto descritos a seguir:
No Captulo I, abordam-se as consideraes gerais sobre os RCD, a identificao do
problema que envolve a pesquisa e os objetivos que regem a mesma.
No Captulo II, apresenta-se um histrico dos Resduos de Construo e Demolio -
RCD no Brasil e no mundo, do volume gerado em algumas cidades brasileiras, das normas
que estabelecem a sua utilizao, bem como informaes de possveis tipos de
reaproveitamentos dos materiais a partir do acompanhamento das instalaes de uma usina de
reciclagem no municpio de Petrolina. Ainda neste captulo, aborda-se a legislao ambiental
-
20
no Brasil, focando a Resoluo 307 do CONAMA, sua evoluo e seu impacto no Brasil, nas
Prefeituras e no mercado de Resduos da Construo. Tambm so apresentadas experincias
de gerenciamento de RCD nas cidades de So Paulo, Belo Horizonte, Salvador e Recife,
verificando como elas esto lidando com a reciclagem de resduos.
O Captulo III trata dos materiais e mtodos utilizados, verificando o campo de
atuao do trabalho, a natureza da pesquisa, bem como o tratamento e a anlise de dados
levantados pelo estudo.
O Captulo IV apresenta os resultados obtidos da pesquisa e os interpreta para as
condies em que se encontram os RCD no municpio em estudo, desde o bota fora pelas
empresas, aos que so encontrados em terrenos baldios e os que chegam ao aterro remediado.
O Captulo V apresenta as concluses obtidas na pesquisa para o emprego em obras de
engenharia, alm de sugestes de temas de pesquisa para futuros trabalhos acadmicos.
Por fim, so apresentadas as referncias bibliogrficas que foram utilizadas para fornecer
subsdios ao trabalho do pesquisador.
-
21
CAPTULO II: REVISO DA LITERATURA
2.1. Resduos Slidos Urbanos
2.1.1. Conceitos
A ABNT atravs da NBR 10.004 (1987) define os resduos slidos como:
Resduos nos estados slido e semi-slido, que resultam de atividades de
comunidades, de origem industrial, domstica, hospitalar, agrcola, de
servios e varrio. Alm de lodos provenientes de sistemas de tratamento
de gua, aqueles gerados de equipamentos e instalaes de controle de
poluio, bem como determinados lquidos cujas particularidades tornem
invivel o seu lanamento na rede pblica de esgoto ou corpos de gua ou
exijam para isso, solues tcnicas e economicamente inviveis em face de
melhor tecnologia disponvel (ABNT, 1987 p...).
2.1.2. Classificao dos Resduos Slidos Urbanos
Entre as classificaes dos resduos, pode-se destacar quanto origem e
periculosidade.
2.1.2.1. Quanto a sua origem
De acordo com DAlmeida et al. (2000) apud Pinheiro (2005), os resduos slidos so
classificados, quanto sua origem, em:
Domiciliar - aqueles oriundos do dia-a-dia das residncias, constitudos por restos de
alimentos, jornais, revistas, produtos deteriorados, fraldas descartveis, e tantas outras
diversidades de itens;
Comercial - aquele que provm dos vrios estabelecimentos comerciais e de servios,
tais com: lojas, supermercados, bancos, bares e outros;
-
22
Pblico - que so originados pelos servios de limpeza pblica (das vias pblicas,
galerias, crregos e terrenos, restos de podas de rvores, etc.), e de limpeza de feiras
livres;
De servios de sade e hospitalar - constituem de resduos spticos. Que so
produzidos em hospitais, clnicas, laboratrios, clnicas veterinrias, farmcias, posto de
sade, etc. Produtos como: seringas, gases bandagens, agulhas, algodes, luvas
descartveis, remdios com prazos de validade vencidos, instrumentos de resina
sinttica, filmes de Raios-X, etc;
De portos, aeroportos, terminais rodovirios e ferrovirios - basicamente originam-
se de material de higiene, asseio pessoal e restos de alimentao que podem encaminhar
doenas entre cidades, estados e paises;
Industrial - aqueles originados pelas atividades das indstrias de metalurgias, qumicas,
papeleiras, petroqumicas, alimentcias e consideradas txicos ao homem e ao meio
ambiente. Esses resduos podem ser representados por: plsticos, cinzas, madeiras,
fibras, borrachas, escrias, cermicas, vidros, metal, leos, resduos alcalinos ou cidos,
etc;
Agrcola - resduos originados das atividades agrcolas e da pecuria, como: embalagens
de adubos, defensivos agrcolas, restos de colheitas, etc;
Entulho - resduos de construo civil, provenientes das obras de construo e de
demolio de obras civis, alm de restos de solos de escavaes e outros.
2.1.2.2. Quanto a Periculosidade
A Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT) elaborou normas referentes
classificao dos Resduos atravs da NB 10.004/1987; lixiviao de resduos e
-
23
procedimentos NB 10.005/1987; solubilizao e procedimentos de resduos NB 10.006/1987;
e amostragem dos resduos NB 10.007/1987, vinculando-as entre si.
A partir de ensaios normatizados, a norma tcnica NBR 10.004/2004 (que classifica os
resduos conforme seus riscos ao meio ambiente e a sade pblica), revisada em 2004, a partir
de referida norma elaborada em 1987 classifica os resduos quanto periculosidade, em trs
classes correspondentes: Perigosos, No Inerte e Inerte.
Resduos perigosos (Classe I): So considerados perigosos, quando suas propriedades
fsicas, qumicas e infecto-contagiosas representam riscos a sade pblica ou ao meio
ambiente. A periculosidade caracterizada por um dos seguintes fatores: inflamabilidade,
corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenecidade. Exemplo: tintas, solventes, leos
lubrificantes, lmpadas fluorecentes, composto asfltico, outros.
Resduo no perigosos no inertes (Classe IIa): So aqueles que, apesar de no apresentar
riscos sade pblica ou ao meio ambiente, ainda assim podem ser biodegradveis (ex.:
madeira), combustveis (ex.: txteis) ou solveis em gua (ex.: gesso)
Resduos no perigosos e inertes (Classe IIb): So aqueles que, quando submetidos
ensaios de solubilizao (NBR 10006), no liberam compostos que ultrapassem os padres de
potabilidade da gua, excetuando cor, turbidez, dureza e sabor. Compostos analisados so: As,
Ba, Pb, Cd, Hg, etc. Exemplo: concretos e argamassas endurecidos; alvenaria; componentes
de concreto e cermico; azulejo; alumnio; vidro; cobre; plstico; papel; outros.
2.1.3. Classificao de Resduo de Construo e Demolio
Os RCD so classificados segundo caractersticas regionais e segundo a Resoluo
307 do CONAMA (2002).
-
24
2.1.3.1. Segundo as Caractersticas Regionais
A composio dos RCD, dentre outros aspectos, varia em funo de caractersticas
regionais. Em sua maioria, compostos por restos de argamassa, tijolo, alvenaria, concreto,
cermica, gesso, madeira, metais etc.
Com o objetivo de normalizar e facilitar o manuseio e processamento dos RCD nas
centrais de reciclagem, muito embora esta classificao no tenha sido adotada oficialmente,
LIMA (1999) elaborou uma proposta de classificao dos resduos de construo e demolio
em seis categorias:
Classe 1 - Resduo de concreto sem impurezas, composto predominantemente por concreto
estrutural, simples ou armado, com teores limitados de alvenaria, argamassa e impurezas
(gesso, terra, vegetao, vidro, papel etc.);
Classe 2 - Resduo de alvenaria sem impurezas, composto predominantemente por
argamassas, alvenaria e concreto, com presena de outros materiais inertes, como areia e
pedra britada, com teores limitados de impurezas;
Classe 3 - Resduo de alvenaria sem materiais cermicos e sem impurezas, composto
predominantemente por argamassa, concreto e alvenaria de componentes de concreto, com
presena de outros materiais inertes, como areia, pedra britada, fibrocimento, com teores
limitados de impurezas;
Classe 4 - Resduo de alvenaria com presena de terra e vegetao: composto
predominantemente pelos mesmos materiais do resduo da classe 2, mas admitindo a presena
de terra ou vegetao at uma certa porcentagem, em volume. Um teor de impurezas superior
ao das classes acima tolerado;
Classe 5 - Resduo composto por terra e vegetao, predominantemente, com teores acima
do admitido no resduo da Classe 4. Essa categoria de resduos admite presena de argamassa,
-
25
alvenarias e concretos, e de outros materiais inertes, como areia, pedra britada e fibrocimento.
Os teores de impurezas so superiores aos das demais classes;
Classe 6 - Resduo com predominncia de material asfltico, com limitaes para outras
impurezas, como argamassas, alvenarias, terra, vegetao, gesso, vidros e outros.
2.1.3.2. Segundo a Resoluo 307 do CONAMA (2002)
A Resoluo do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) N 307,
resoluo de mbito Nacional, homologada em 5 de julho de 2002, estabelece diretrizes,
critrios e procedimentos para a gesto dos resduos de construo e demolio, para que
sejam disciplinadas as aes necessrias, de forma a minimizar os impactos ambientais. Esta
Resoluo estabeleceu prazos para o enquadramento de municpios e de geradores de RCD
(CONAMA, 2002).
De acordo com esta Resoluo podem ser classificados como RCD os resduos
oriundos da construo, reformas e demolio de edifcios ou obras de infra-estrutura. Desta
forma, os entulhos podem ser constitudos por telhas, forros, tijolos e blocos cermicos,
concreto em geral, madeira, argamassa, gesso, tubulaes, vidros, entre outros. E so
classificados quanto as suas caractersticas de reuso e de reciclabilidade, diferenciando os
resduos ptreos dos outros tipos de resduos em quatro classes:
Classe A - resduos reutilizveis ou reciclveis como agregados, tais como:
a) de construo, demolio, reformas e reparos de pavimentao, e de outras obras de
infra-estrutura, inclusive solos provenientes de terraplenagem;
b) de construo, demolio, reformas e reparos de edificaes: componentes
cermicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto;
c) de processo de fabricao ou demolio de peas pr-moldadas em concreto
(blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras;
-
26
Classe B - resduos reciclveis para outras destinaes, tais como: plsticos,
papel/papelo, metais, vidros, madeiras e outros;
Classe C - resduos para os quais no foram desenvolvidas tecnologias ou aplicaes
economicamente viveis que permitam a sua reciclagem ou recuperao, tais como os
produtos oriundos do gesso;
Classe D - resduos perigosos oriundos do processo de construo, tais como: Tintas,
solventes, leos e outros, ou aqueles contaminados oriundos de demolies, reformas e
reparos de clnicas radiolgicas, instalaes industriais e outros.
2.2. Gerao de RCD
A produo de grandes volumes de materiais de construo e a atividade de canteiro
de obras de construo, manuteno e demolio so responsveis por cerca de 20 a 30%
dos resduos gerados pelos pases. A taxa de variao de volumes gerados de resduos nas
mdias e grandes cidades do Brasil de 400 a 700 kg/hab.ano. Essa taxa varia de cidade para
cidade dependendo do tamanho da mesma, do seu desenvolvimento econmico e do momento
econmico por que passa o pas entre outros fatores, ReCESA (2008).
2.2.1. Definies e Breve Histrico
Definem-se Resduos de Construo e de Demolio como todo rejeito de material
utilizado na execuo de etapas de obras de construo civil (PINTO, 1999). Afastar estes
resduos dos locais onde so gerados a diretriz predominante nas atividades do sistema de
gerenciamento dos resduos slidos (GNTER, 2000).
Vrios autores como JOHN, PINTO entre outros, realizaram trabalhos mensurando os
resduos gerados na produo de construes tanto no Brasil como no Exterior, chegando
concluso de que a falta de cultura de reutilizao e de reciclagem a principal causa da
gerao de entulhos.
-
27
Isto explica que depois de gerado o resduo, e no sendo reaproveitado, o mesmo ser
disposto em qualquer local. Para isto, as alternativas a esses destinos seria a criao de aterros
para a disposio desses resduos de maneira a no reduzir a vida til do aterro com as
deposies descontroladas.
Visando atender a Resoluo 307/02 do CONAMA, aps sua publicao em 05 de
julho de 2002, os municpios passaram a desenvolver aes de poltica pblica nacional que
afetaria na qualidade do gerenciamento pblico desses resduos e no volume das perdas.
2.2.2 Gerao de RCD no Brasil e no mundo
Investigar a origem da gerao de RCD tem sido uma atividade comum em trabalhos
de pesquisas tanto para quantificar quanto qualificar os volumes gerados em obras Civis.
Nos pases mais desenvolvidos, as obras de demolio so maiores que a de
construo e em conseqncia gera um maior nmero de resduos, tendo em vista, ser comum
as obras de reforma, renovao e infra-estrutura. Em alguns pases como Alemanha, Estados
Unidos, Japo e a Europa Ocidental a contribuio na gerao de resduo entre os anos de
1994 a 1999 variavam entre 32 e 99 ton/ano (PINTO, 1999). O Quadro 2.1 identifica a
contribuio individual em percentual da gerao dos resduos desses pases.
Quadro 2.1 Contribuio Individual das Fontes de Origem em % dos RCD.
Fonte: NGULO (2000). 1. LAURITZEN (1994); 2. PENG et al. (1997); 3. PINTO (1999), JOHN (2000); 4. ZORDAN (1997), HENDRICKS (1993).
Pas RCD
Milhes
(t/ano)
Resduo de
Construo
Milhes
(t/ano)
Resduos de
Demolio
Milhes
(t/ano)
% de
Resduo de
Construo
no RCD
% de
Resduos de
Demolio no
RCD
Ano
Alemanha1 32,6 10 22,6 31 69 1994
E U A2 31,5 10,5 21 33 66 1994/
1997
Brasil3 70 35 35 30-50 50-70 1999
Japo1 99 52 47 52 48 1993
Europa
Ocidental4 215 40 175 19 81
Previso
2000
-
28
Segundo ANGULO (2000), as principais fontes de ocorrncia para a gerao dos
RCD, esto:
na elaborao do projeto, causando erro de contratos e ou modificaes no projeto;
na interveno, causando excesso ou ausncia de ordens, alm de erros no
fornecimento;
na manipulao dos materiais, causando danos durante o transporte dos materiais e
realizando estoques inadequados;
na operao e outras aes, causando mau funcionamento dos equipamentos, uso
de materiais incorretos, sobras de materiais em dosagens, vandalismos e roubos.
A produo de insumos para a construo civil, alm de consumir recursos naturais,
tambm produz resduos. Segundo JOHN (2001), em geral, a gerao de RCD antecede ao
incio da obra.
O nvel de desenvolvimento da indstria da construo civil, os tipos de materiais
predominantes, o desenvolvimento de obras consideradas especiais juntamente com o
desenvolvimento econmico e a demanda de novas construes na regio, interferem na
quantidade, composio e caractersticas dos RCD. Essa variabilidade na composio dos
RCD, apresenta caractersticas diferenciadas para cada pas, estado, cidades e municpios,
justificando a heterogeneidade em sua composio (CARNEIRO, 2005). O Quadro 2.2
identifica a composio dos RCD em diferentes estados brasileiros onde possvel observar
um maior percentual de resduos de concreto e argamassa no estado de So Paulo, seguidos
por Salvador e Florianpolis.
-
29
Quadro 2.2 Composio do RCD em diversas cidades brasileiras. Material Origem
So Paulo/SP1 Ribeiro Preto/SP
2 Salvador/BA
3 Florianpolis/SC
4
Concreto e
Argamassa
Solo e Areia
Cermica Rochas
Outros
33
32
30 -
5
59
-
23 18
-
53
22
14 5
6
37
15
12 -
36
Fonte: CARNEIRO (2005). 1. BRITO FILHO (1999)citado por JONH (2000); 2. ZORDAN (1997); 3. PROJETO ENTULHO BOM (2001); 4. XAVIER et al. (2002).
Em 11 municpios brasileiros pde-se definir a origem e o volume mdio de gerao
de RCD atravs do manual Manejo e Gesto de Resduos da Construo Civil elaborado pela
(CEF, 2005). Foi constatado neste estudo que 20% da gerao de resduos eram provenientes
de novas residncias, 21% de edificaes novas, acima de 300m, e que 59% desses resduos
eram gerados por reformas, ampliaes e demolies.
Segundo MORAIS (2006), nas obras de demolies so os tijolos e concretos que se
apresentam com maior representatividade nos resduos. Enquanto que a gerao dos RCD,
originadas de novas construes, esto nas perdas fsicas resultantes do processo construtivo
desde a fundao, a elevao das alvenarias, nos revestimentos e acabamentos das
edificaes.
Na cidade do Recife, SILVA et al. (2007) diagnosticaram que o ndice de perda de
materiais cermicos nas novas construes, em particular na fase de acabamento, chega a
atingir uma mdia de 4,11% durante sua aplicao. So 03(trs) tijolos desperdiados a cada
1,0m de tijolos assentados, o que representa um ndice de perda mdio de 13,91% na cidade
do Recife (SIQUEIRA et al., 2008).
A gerao de resduos tambm influenciada pela forma como se constroem as
edificaes e como se faz a gesto dos resduos de construo e demolio (OLIVEIRA et al,
2008). Segundo o autor, 10% de todo o material utilizado em uma obra transforma-se em
resduo, um percentual significativo do custo total de uma obra.
-
30
2.2.3 Gerao de RCD na cidade do Recife-PE
Segundo SILVA (2003), bastante significativa a gerao de RCD na cidade do Recife.
Estima-se que 65% a 70% dos resduos procedem da demolio de antigas construes
enquanto que 30% a 35% dos resduos so de novas construes.
Por ser uma metrpole em desenvolvimento, vem apresentando alto ndice de novas
construes em acelerado processo de verticalizao, o que muito preocupante, tendo em
vista, segundo BARKOKBAS Jr. et al. (2002), s existir at o ano de 2004, uma rea para
deposio para todos os tipos de resduos da cidade. Ainda segundo os autores, causando
inmeros pontos de deposio irregular com a falta de fiscalizao por parte do Poder Pblico
no que se refere ao cumprimento das leis vigentes.
Em geral, so as construes de prdios de mltiplos andares as principais fontes
geradoras de RCD no Recife, em mdia 57% do total coletado. Seguida de 17% provenientes
de reformas e ampliaes trreas, 10% pelas construes de residncias trreas, 7% de coleta
industrial e servios, 6% de demolies e 3% geradas por servios de limpeza de terrenos
(CARNEIRO, 2005). Ainda segundo o autor, so 840m de volume dirio de RCD coletado
na regio, sendo os bairros de Boa Viagem, Graas, Espinheiro e Boa Vista os maiores
geradores de RCD, tendo em vista o grande nmero de edificaes de mltiplos andares
existentes no local.
2.2.4 Gerao de RCD no Municpio de Petrolina-PE
Nos ltimos anos, a indstria da construo civil, em Petrolina, tem se destacado
pelo crescimento do nmero de edificaes de mltiplos andares. Porm, as pesquisas sobre a
gerao de RCD ainda incipiente, PEREIRA JNIOR (2006). O volume de RCD gerados
no municpio de Petrolina-PE, segundo PINHEIRO (2006), bastante significativo. 48,67 %
dos RCD gerados na regio so provenientes de obras demolies, 30,83% tm procedncia
-
31
de limpeza de terrenos e movimentao de terras, 15,08% tm procedncia de perdas no
processo construtivo e 5,42% tm outras procedncias. A anlise dos estudos mostrou que os
resultados obtidos so provenientes de obras de demolies e que os resduos de alvenaria e
revestimento representam 25,25% de todo o volume de entulho gerado no municpio.
2.3 Gesto de RCD
Para definir um modelo de gesto de RCD seja atravs de instrumentos legais e ou
atravs de um plano de diretrizes do Municpio, o que se deve levar em conta a organizao
e a orientao do setor quanto a melhor destinao desses resduos.
Portanto, os atuais 48,67% de RCD gerado no Municpio de Petrolina-PE precisam ser
reconhecidos e adotados pelos seus geradores de limpeza urbana, assim como se faz
necessrio, obter solues durveis para a absoro eficiente desses volumes (PINHEIRO,
2006).
Para isso, ainda segundo o autor, a proposta de uma gesto diferenciada dos resduos
de construo e de demolio fundamental para a compreenso da destinao adequada dos
resduos e deve ser constituda de:
1. captao mxima de RCD por meio de reas de atrao diferenciada para pequenos e
grandes geradores e coletores;
2. reciclagem dos resduos captados em reas especialmente definidas para
beneficiamento;
3. alterao de procedimentos e culturas quanto intensidade da gerao, correo da
coleta e da disposio e possibilidade de reutilizao dos resduos reciclados.
A gesto de RCD tem como objetivo a melhoria da limpeza urbana, reduo dos
custos, facilidade de disposio de pequenos volumes gerados e os descartes dos grandes
volumes gerados, preservao ambiental, incentivo s parcerias e reduo da gerao de
-
32
resduos nas atividades construtivas bem como na preservao do sistema de aterros para a
sustentao do desenvolvimento. Neste pensamento, MARQUES NETO (2005), conforme
(Figura 2.1), prope ao municpio de So Carlos/SP um sistema de gesto integrada entre as
prefeituras e o setor gerador, constando de: aprovao de Programas Municipais de
Gerenciamento de RCD, execuo de Projetos de Gerenciamento de RCD, instalao e
implementao de reas licenciadas de triagem e reciclagem de RCD, reduo, reutilizao e
reciclagem dos RCD. Este sistema apresenta propostas de aes estruturadas em um
planejamento sustentvel e diferenciado para os RCD que eliminam a possibilidade de aes
corretivas e no preventivas podendo ainda, ser adotado em vrias localidades.
A publicao da Resoluo 307 do CONAMA de 05 de julho de 2002 veio oferecer
reforo no combate aos problemas de gerao e de destinao dos resduos de construo e de
demolio em mbito tanto nacional, como estadual e municipal.
Alguns estados e municpios programam medidas de reduo dos RCD, analisando os
princpios gerais para a gesto dos resduos no canteiro, direcionando os trabalhos para a
reduo, reutilizao, a reciclagem e a valorizao dos resduos da construo, alm de propor
aes de melhoria na gesto desses resduos.
Algumas cidades brasileiras como So Paulo, Belo Horizonte e Salvador j
apresentam sistemas de gerenciamento dos RCD e algumas delas mesmo antes da Resoluo
307/02 do CONAMA.
-
33
-
34
Na cidade de Belo Horizonte, desde 1993, foi criado um plano pioneiro denominado
Programa de Correo Ambiental e Reciclagem dos Resduos de Construo (PINTO,
1999). Este programa de gesto diferenciada prev aes especficas de captao, reciclagem,
informao ambiental e recuperao de reas degradadas com quatro unidades de recebimento
para captao de RCD. Esse programa fez parte de um conjunto de aes que constituiu um
modelo de gesto de resduos slidos de Belo Horizonte premiada pela Fundao Getlio
Vargas e a Fundao Ford em 1996, como melhores experincias de gesto municipal
brasileira. Alm disso, a cidade conta com duas usinas de reciclagem que processam os
materiais utilizando-os em pavimentao e manuteno de vias urbanas, e em servios como
preparao de vias internas e clulas no aterro municipal, substituindo o solo importado.
Na cidade de So Paulo, para solucionar o problema dos descartes indevidos de
resduos de construo, conciliando o crescimento econmico da cidade com a qualidade do
ambiente para a populao, foi criado em 18 de setembro de 1998 o decreto n. 37 633 que
Regulamenta a coleta, transporte, a destinao final de entulho, terras e sobras de materiais
de construo, de que trata a lei n. 10 315, de 30 de abril de 1987, da outras providncias
(PONTES, 2007).
Segundo CARNEIRO (2005), o Decreto n. 42. 217/02 da Prefeitura municipal de So
Paulo veio definitivamente solucionar o problema dos RCD, criando as reas de Transbordo
e Triagem de Entulhos, as chamadas ATTs, que prev a instalao de pontos de entregas
voluntrias desses resduos.
Em Salvador, a adoo de medidas para minimizar os problemas de gerao de
resduos acontece desde 1981. Em 1996, atravs do Projeto Entulho Bom, EDUFBA (2001),
foram mapeados pontos de deposio irregular de resduos de construo com objetivo de
melhorar o ambiente urbano, reduzir os custos com a coleta e beneficiar os pequenos
geradores. Tais aes visavam a instalao de pontos de descarga de resduos, a educao
-
35
ambiental, fiscalizao e monitorao desses pontos e por fim, a remediao de reas
degradadas.
Em Recife, as medidas para solucionar os problemas gerados pelos descartes de RCD
oriundos da construo civil, foram iniciadas somente a partir da Resoluo 307/02 do
CONAMA. Foi atravs da cartilha Projeto Entulho Limpo/PE de agosto de 2003 elaborada
pelo grupo AMBITEC da Escola Politcnica da Universidade de Pernambuco - POLI/UPE e
pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, e aprovada pelo
SEBRAE/PE, que determinou os princpios e tcnicas de produo mais limpa para as
empresas construtoras e a promoo de educao ambiental nos canteiros de obra. O resultado
do projeto, segundo CARNEIRO (2005), forneceu subsdios para a tomada de decises por
parte das construtoras e do poder pblico.
Atravs da referida cartilha, o poder pblico alm de elaborar um Programa de
Gerenciamento de Resduos da Construo civil sob a forma da lei municipal n.17. 072
(2005) criou pontos para coleta de at 1m3 de pequenos volumes de RCD.
Quanto s empresas construtoras geradoras de RCD da cidade de Recife, as mesmas
encontram-se desenvolvendo trabalhos no sentido de se adequarem Resoluo evitando o
desperdcio e vislumbrando tcnicas de reutilizao desses resduos. Atravs de pesquisa
realizada por PONTES (2007), as empresas que adotaram a metodologia Obra Limpa SP e
ou as que esto desenvolvendo outras adaptaes para atender Resoluo 307 encontram
dificuldades em conscientizar os funcionrios quanto importncia do gerenciamento dos
resduos na obra, ou seja, em criar conscincia ambiental aos seus funcionrios. Uma outra
dificuldade est na falta de soluo para a destinao final de alguns resduos, em especial o
gesso. Porm, segundo observao do autor, todas as empresas apresentam um canteiro de
obra mais limpo e procuram se adequar s determinaes da Resoluo 307/CONAMA. Para
-
36
o que se faz necessrio, um maior acompanhamento da metodologia adotada e uma maior
fiscalizao por parte do Poder Pblico.
No geral, os projetos de gerenciamento que devero ser implantados nos canteiros de
obras, visam segregao dos resduos, promovendo de acordo com a classe a destinao
adequada para cada tipo de material. Sendo ento, de responsabilidade do grande gerador
fazer a triagem, o acondicionamento e o transporte desses resduos.
A mesma resoluo determina que os geradores dos RCD devam ter como objetivo
principal a no gerao desses resduos, e secundariamente, a reduo, reutilizao e
reciclagem. E com essa viso, vrias pesquisas esto sendo desenvolvidas, buscando novas
possibilidades de reciclagem dos RCD.
2.3.1 Reduo dos RCD
A principal forma de se ter uma poltica de reduo dos RCD um planejamento
adequado de cada passo da obra, evitando-se os desperdcios pelo retrabalho e/ou pela falta de
previso de uma determinada etapa. Segundo SCHNEIDER (2003), o planejamento de
minimizao dos RCD deve acontecer j no incio da obra, em especial, especificando os
materiais quanto sua durabilidade e uma possvel reciclabilidade. Ainda segundo o autor,
alguns pases como: Alemanha, Coria e Japo, introduziram instrumentos regulatrios ou
econmicos nessa rea. Com leis de recomendaes para o maior uso de materiais reciclados
e ou reciclveis.
Na cidade de So Paulo, at o ano de 2002, o municpio limitava-se a proibir a
deposio em vias e logradouros pblicos estabelecendo a responsabilidade ao poder pblico
quanto coleta transporte e destinao de at 50 kg /dia por gerador (SANTOS, 2007).
-
37
Em Recife, a forma encontrada para reduo dos RCD, veio a partir de 04 de janeiro
de 2005 atravs da lei municipal n.17.072 que estabelece critrios de gerenciamento desses
resduos para o municpio. So eles:
1 - identificar os grandes e pequenos geradores;
2 - proibir qualquer volume de deposio de RCD, de podao e jardinagem em
volumes superior a 100 l/dia;
3 - classificar, segregar e identificar os RCD gerados no local de origem;
4 - obter a licena de operao da obra para o incio das atividades, bem como a
aprovao do rgo de limpeza urbana do municpio atravs de um projeto de
gerenciamento para cada canteiro de obra;
5 - apresentar Secretaria de Planejamento juntamente com o pedido de alvar, o
projeto de gerenciamento dos RCD;
6 - criaes de Instalaes para o recebimento dos RCD (os PRR - Posto de
Recebimento de Resduos).
2.3.2. Reutilizao dos RCD
Segundo a resoluo 307 do CONAMA, reutilizao o processo de reaplicao de
um resduo, sem que o mesmo tenha sido transformado.
O reaproveitamento de resduos slidos como materiais para a construo civil,
segundo BRUM et al. (2000), so de fundamental importncia, pois so alternativas de
controle e de minimizao dos problemas ambientais causados pela gerao de subprodutos
de atividades urbanas e industriais.
Estudos mostram que os resduos produzidos numa obra podem ser reutilizados na
mesma obra, desde que utilizados procedimentos adequados e disponibilidade de recursos que
podero ser utilizados para esse aproveitamento. Esses procedimentos e disponibilidades de
-
38
recursos dependero das caractersticas socioeconmicas e culturais de cada municpio.
Aterramento, base e sub-base de pavimentao, so alguns dos mais usuais procedimentos de
reutilizao dos RCD.
Em pases como: Holanda, (1997); Dinamarca, (1997); Blgica, (1998); Alemanha,
(2001) e Sucia, (2002), um dos instrumentos mais utilizados para facilitar o
reaproveitamento dos RCD, so a triagens obrigatrias desses materiais no local de sua
gerao com o intuito de prevenir o solo quanto deposio de materiais reciclveis e
reutilizveis (MURAKAMI et al., 2002).
Em Recife, estudos desenvolvidos por CARNEIRO (2005), identificam a reutilizao
do RCD para o municpio que segundo a autora, deve atingir um menor custo e um
aproveitamento ambientalmente adequado em uso na produo de componentes de concreto,
em base e sub-base de pavimentao e em aterramento. Segundo ROCHA e SPOSTO (2005),
respeitando sempre as caractersticas scio-econmica e cultural da regio.
2.3.3. Reciclagem dos RCD
Na escala social, alm dos benefcios trazidos pela aplicao de materiais reciclados
como forma de gerao de emprego e reduo nos custos de construo de habitaes
populares, pode-se afirmar atravs dos estudos (EPA, 1998, citado por JOHN, 2000, p.30),
que estes benefcios aumentam a competitividade.
A reciclagem de RCD iniciou-se na Europa, onde a frao de material reciclado
provenientes de resduos de construo chega a atingir cerca de 90%. o caso da Holanda,
que segundo HENDRICKS (2000), j discute a certificao do produto reciclado. Diferente
do que se encontra no Brasil, onde a reciclagem de materiais de RCD encontra-se ainda em
fase de pesquisa LIMA (2003).
-
39
Apesar do pequeno nmero de estudos realizados no Brasil em RCD utilizados em
dosagens estruturais, os resduos de construo se comparado com outros resduos apresentam
grande potencial de reciclabilidade (OLIVEIRA et al., 2007).
Existem no Brasil, aproximadamente, 13 usinas de reciclagem de RCD. A primeira,
inaugurada em 1991, denominada usina de entulho de Itainga, localizada na zona sul de So
Paulo, e outras como as de Londrina no Paran e as de Belo Horizonte em Minas Gerais
(ZORDAN, 1997 citado por SANTOS, 2007). Desde ento, vrios municpios brasileiros,
geralmente controlados pelo Poder Pblico, prosseguem com as construes das unidades de
instalaes de reciclagem, Em geral, no h reciclagem massiva no Brasil, muito embora,
exista uma preocupao crescente para com o beneficiamento desse material.
Em dezembro/2007 foi inaugurada no Brasil mais uma usina de reciclagem para
beneficiamento de RCD com capacidade de at 300m/dia. A mesma encontra-se localizada
no bairro de Mangabeira, situada na cidade de Joo Pessoa no Estado da Paraba.
Para a reciclagem dos materiais e reduo na extrao da matria prima do meio-
ambiente bem como na diminuio da poluio, algumas possibilidades de reciclagem j esto
sendo utilizadas em algumas cidades brasileiras, como confeco de blocos de concreto para
vedao e pavimentao de estradas.
Em Recife, alguns pesquisadores apresentam propostas para a utilizao dos materiais
reciclveis, a exemplo de FERREIRA et al. (2006), que desenvolveu estudos que envolvem a
interao solo-concreto convencional com o agregado reciclado em obras de conteno. O
estudo foi desenvolvido em dois bairros da cidade do Recife e avalia a rugosidade das
superfcies em contato com dois tipos de solos, um de areia argilosa (SC) e um outro com
argila de baixa compressibilidade (CL) de Formao Barreiras. O resultado obtido pelos
autores apresenta a relao entre o ngulo de atrito solo-muro e o ngulo de atrito do solo
-
40
( ) variando de 3/4 a 1 na areia argilosa (SC) no bairro do Ibura e de 1/3 a 3/4 em funo da
rugosidade da superfcie de contato na argila (CL) do bairro da Nova Descoberta (Figura 2.2).
Figura 2.2 - Relao do ngulo de atrito solo-muro com ngulo de atrito do solo. Fonte: FERREIRA et al.(2006).
Um outro estudo tambm desenvolvido na cidade do Recife foi elaborado por
OLIVEIRA et al. (2007), que avaliou a resistncia compresso do concreto com uso de
agregado de RCD, onde fora observado atravs de ensaios uma menor resistncia
compresso e um maior consumo de cimento, consequentemente obtendo um maior custo
para a produo do concreto. Mesmo assim, segundo os autores, o aproveitamento desses
resduos trar grande benefcio ambiental cujo valor de difcil mensurao e contribui para
resolver um dos problemas urbanos, que a destinao final dos RCD.
Estudos relatam ainda a utilizao de RCD reciclado como agregado mido em
obras de melhoramento de solo que, segundo SILVA et al. (2008), este RCD na forma
reciclada apresenta grande potencialidade de uso em estacas de compactao de areia e brita
devido similaridade encontrada entre as amostras de RCD e o p de pedra. Tal uso tende a
provocar uma reduo nos custos das obras de melhoramento do solo, alm de contribui para
a preservao do meio ambiente.
-
41
2.4. Legislao
A legislao e as Normas Tcnicas existentes para os RCD, constituem fundamental
importncia para a elaborao de trabalhos cientficos bem como para direcionar os agentes
geradores de resduos, a sua aplicabilidade e reutilizao nos canteiros de obras.
2.4.1. Legislao Internacional
Preocupados com as questes ambientais, pases como Estados Unidos, Japo,
Alemanha e Holanda, criaram instituies para o desenvolvimento de reciclagem de materiais
de RCD. So elas;
Estados Unidos: Associao de Resduos Slidos da Amrica do Norte (SWANA);
Japo: Sociedade de Construtores do Japo (B.S.S.J.); Comit Tcnico 121 DRG
(Demolition and Reuse of Concrete) da Unio Internacional de Laboratrios de Ensaios e de
Pesquisas sobre Materiais e Construes (RILEM).
Alemanha: Instituto Alemo para a Identificao e Garantia de Qualidade (RAL);
Comunidade Europia: Comit CEN/TC-154 AHG Recycled Aggregates;
Holanda: Centro Holands para Pesquisas e Cdigos em Engenharia (CUR);
2.4.2. Legislao Nacional
Segundo COSTA (2003), as normas tcnicas representam importante instrumento
para viabilizar o exerccio da responsabilidade para os agentes pblicos e os geradores de
resduos. Para isso, foram preparadas normas tcnicas;
Resduos da construo civil e resduos volumosos - reas de transbordo e triagem -
Diretrizes para projeto, implantao e operao NBR 15.112/2004 possibilitam o
recebimento dos resduos para posterior triagem e valorizao. Tm importante papel na
-
42
logstica da destinao dos resduos e poder se licenciados para esta finalidade, processar
resduos para valorizao e aproveitamento.
Resduos slidos da construo civil e resduos inertes Aterros Diretrizes para
projeto, implantao e operao NBR 15.113/2004 soluo adequada para disposio dos
resduos Classe A, de acordo com a Resoluo CONAMA n. 307, considerando critrios para
reservao dos materiais para uso futuro ou disposio adequada ao aproveitamento posterior
da rea.
Resduos slidos da construo civil - reas de reciclagem - Diretrizes para projeto,
implantao e operao NBR 15.114/2004 possibilitam a transformao dos resduos da
construo classe A em agregados reciclados destinados a reinsero na atividade da
construo;
Agregados reciclados de resduos slidos da construo civil-Execuo de camadas de
pavimentao Procedimentos; NBR 15.115/ 2004.
Agregados reciclados de resduos da construo civil Utilizao em pavimentao e
preparo de concreto sem funo estrutural Requisitos NBR 15.116/ 2004.
Na esfera Federal, a legislao Brasileira est estruturada em vrios rgos, a saber:
rgo superior (Conselho do Governo), rgo Central (Secretaria do Meio Ambiente da
Presidncia da Repblica), rgo Consultivo Deliberativo (Conselho Nacional do Meio
Ambiente), rgo Executor (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renovveis)-IBAMA, rgos Seccionais Estaduais, rgos Locais. Como disposto pela lei
de n. 8.028 de 1990, o CONAMA um rgo consultivo e deliberativo com finalidade de
assessoria, estudos e propostas ao conselho governamental, estabelecendo polticas e
diretrizes relativas ao meio ambiente e recursos naturais.
A assinatura do decreto de n. 4 875/2006, realizada na cidade de So Paulo, tornou
obrigatrio o uso de material proveniente da reciclagem de RCD nas obras e servios de
-
43
pavimentao de vias pblicas da capital paulista. Uma importante iniciativa, pois prev que
as contrataes de servios de engenharia bem como os seus projetos, devero contemplar o
uso de materiais reciclados (PONTES, 2007).
Analisando a legislao na esfera Estadual, a lei n. 12.008 de 2001 que dispe sobre a
poltica de resduos slidos e suas providncias para o estado de Pernambuco, tem como
objetivo: proteger o meio ambiente, evitar o agravamento dos problemas dos resduos slidos,
estabelecerem polticas governamentais para a gesto dos resduos e amplia o nvel de
informaes existentes integrando o cidado s questes de resduos slidos.
No mbito municipal, a cidade do Recife esta amparada pela lei municipal n. 16.377
de 1998, pelo decreto n. 18.082 de 1998 que dispe sobre transporte e os resduos de
construo e outros no abrangidos pela coleta regular do municpio, prestao de servios de
coleta, transporte e destinao final de resduos. E pela lei n. 17.072 de 2005 criada para
atender a resoluo do CONAMA, que estabelece as diretrizes e critrios para o Programa de
Gerenciamento de Resduos da Construo Civil, a qual define o grande gerador; enquadra os
pequenos geradores a 1m3/dia; obriga a classificao, separao e identificao dos resduos
gerados; exige a licena de operao desses resduos e a criao de instalaes para receber os
resduos em seus pontos de coleta (PONTES, 2007).
Apesar da ateno que se tem dado em atender as leis e normas estabelecidas no Brasil
sobre os resduos de construo, a atual legislao ainda pouco expressiva se comparada
especialmente com as vigentes em outros pases (ANGULO et al., 2004), muito embora, aps
a implantao dos critrios e procedimentos estabelecidos pela resoluo 307 do CONAMA
(2002), isso tenha mudado representando uma importante iniciativa para a reduo dos
materiais de RCD e consequentemente uma minimizao nos impactos ambientais.
-
44
2.5. Gesto de RCD no municpio de Petrolina/PE
Em Petrolina/PE, significativa a gerao de resduos slidos urbanos no municpio,
acarretando grandes danos sociais, econmicos e ambientais para uma populao de
aproximadamente 268 000 habitantes. comum identificar deposio irregular de RCD em
vrios pontos da cidade. prtica comum haver montes de entulhos em praas, terrenos
baldios, estradas e margens do Rio So Francisco. Nesse entendimento e na necessidade de se
criar critrios para atendimento da Resoluo 307 do CONAMA, a Prefeitura de Petrolina/PE
criou um plano de trabalho que contemplar no ano de 2008, a construo de uma usina de
reciclagem de resduos da construo civil, primeira usina do Estado de Pernambuco com
capacidade de processamento de 20 toneladas/hora, visando minimizar o impacto ambiental
causado pelo volume de gerao de RCD e reaproveitar esses resduos na fabricao de
produtos para a construo civil, bem como gerar emprego e renda para a populao carente
da regio combatendo assim, a excluso social.
O projeto contar com a parceria da Universidade do Vale do So Francisco -
UNIVASF, do Centro Federal de Educao Tecnolgica de Petrolina - CEFET, do Conselho
Regional de Engenharia e Arquitetura - CREA, da Empresa de Limpeza Urbana Municipal, da
Secretaria de Urbanismo da Prefeitura Municipal, da Secretaria de Desenvolvimento Social
Juventude e Cidadania da PM e da Associao e/ou Cooperativa de Catadores de Lixo de
Petrolina.
O valor total desse projeto, em 2005, orado em R$ 1.252.661,56 (hum milho,
duzentos e cinqenta e dois mil, seiscentos e sessenta e hum reais e cinqenta e seis
centavos), sendo 88,77 % deste valor oriundo do Ministrio da Cincia e Tecnologia do
Governo Federal, que sero utilizados em despesas correntes para obteno de material de
consumo, servios de terceiros e compra de mquinas e de equipamentos e, 11,23% do
mesmo, a ttulo de contrapartida, de responsabilidade da Prefeitura Municipal de Petrolina,
-
45
para aquisio do terreno que ser utilizado para a instalao da usina (PREFEITURA
MUNICIPAL DE PETROLINA, 2005).
Os resduos de construo que sero beneficiados funcionaro principalmente como
base e sub-base para pavimentao de ruas e estradas, agregados em pr-moldados para a
construo civil alm de argamassas e concretos. Pode substituir areia e brita, total ou
parcialmente, contribuindo para reduo do impacto ambiental causado pela extrao destes
materiais.
O desenvolvimento de produtos para a construo civil a partir do entulho reciclado no
municpio de Petrolina/PE ser feito inicialmente em Laboratrio. Sero pesquisados
processos para fabricao de blocos para alvenaria e bloquetes para pavimentao, peas para
meio-fio, etc.
A estimativa do volume de resduos de construo gerado na cidade, verificando a
situao atual da deposio final e a avaliao dos principais componentes do resduo, ser
executada pela equipe tcnica contratada pela prefeitura que caracterizaro o material
beneficiado atravs de ensaios de: Massa Especfica, Massa Unitria, Granulometria por
peneiramento, Teor de Material Pulverulento, Impurezas Orgnicas, Inchamento da Areia e de
Abraso Los Angeles.
Alm desses ensaios, sero feitos estudo do aproveitamento dos resduos reciclados
em produtos para a construo civil atravs de testes laboratoriais, estabelecendo-se traos
indicativos para as diversas finalidades. So testes de: Resistncia a Compresso, Resistncia
de Aderncia Trao, Absoro de gua por Imerso, Absoro de gua por Capilaridade,
Reteno de gua em argamassas e de Resistncia trao por compresso diametral.
Para implantao da usina de reciclagem, foram quantificadas e especificadas
mquinas e equipamentos para a sua instalao, so eles: Alimentador Vibratrio com
capacidade de 30 m/h motor eltrico trifsico, Transportador de Correia fixa com capacidade
-
46
de transporte de 30 m/h motor eltrico blindado trifsico, Britador de Impacto de 20 t/h em
circuito aberto passantes em peneira de 60 mm, Calha Metlica em chapa de ao,
Transportador de Correia Fixo de capacidade de transporte de 40 m/h motor eltrico blindado
trifsico, Transportador de Correia Mvel com capacidade de transporte de 30 m/h para leira
de estoque at 4,5m trifsico, Im Permanente, Quadro Eltrico de comando de proteo de
motores acima de 40CV, Sistema Antip para controle ambiental, com capacidade de 40
V/rnin, Sistema Anti-Rudo para controle ambiental, com manta de borracha
antichoque/rudo, Estrutura Metlica de Sustentao tipo desmontvel, Bicas de Transferncia
em chapa de ao, Peneira Vibratria Apoiada com capacidade de 25 m/h e rea de
peneiramento 2,5 m, Plataforma Metlica completa com guarda-corpo de segurana e escada
de acesso, P Carregadeira com potncia bruta do motor maior ou igual a 150 hp, Caminho
Poliguindaste com capacidade de movimentar container de 5,0 m de capacidade volumtrica,
Caminho Basculante com Caamba e capacidade de carga til com equipamento 8,9 t com
caamba basculante de 5,0 m de capacidade volumtrica. Betoneira Giratria com
capacidade volumtrica de 0,35 m, com motor eltrico trifsico, Mesa Vibratria com
superfcie mnima de 400 x 150 cm de baixa rotao, Conjunto de Formas para produo de
pr-moldados do tipo; bloquetes para pavimentao; bloco de fechamento e vedao e peas
para meio-fios e guias, alm de um Micro-Computador e uma Impressora Matricial (Figura
2.3 e 2.4).
-
47
Figura 2.3 Mquinas e Equipamentos da Usina de RCD de Petrolina-PE. a)Vista do eletrom e correias transportadoras; b) Vista parcial do britador.
Fonte: O Autor (2008).
Figura 2.4 Mquina e Equipamentos da usina de RCD de Petrolina PE. a) Obra civil da cabine de comando; b) Vista do britador.
Fonte: O Autor (2008).
2.6. Caractersticas Geo-Ambientais no municpio de Petrolina/PE
2.6.1 Generalidades
Pernambuco apresenta condies agroecolgicas distintas, com grandes variaes em
termos de clima, vegetao, solo, recursos hdricos, dentre outros; apresentando ambientes
com diferentes potencialidades de explorao. O conhecimento destas variaes de
fundamental importncia quando se pretende implantar uma estratgia de desenvolvimento
rural em bases sustentveis.
a) b)
a)
a)
b)
a)
-
48
Petrolina, municpio do estado de Pernambuco, que em 1840 servia apenas como
travessia do Rio So Francisco, para os viajantes vindo do Cear, Piau e Pernambuco com
destino a Bahia e ao Sul do Pas, chamava-se Passagem de Juazeiro.
(http://www.mp.sp.gov.br/acesso em: 4/10/2007).
Localizada em pleno serto, Petrolina encontra-se s margens do Rio So Francisco,
faz divisa com o estado da Bahia. Possui terras frteis o que proporciona crescimento e
desenvolvimento cidade, abrindo portas ao turismo e a execuo de obras de Engenharia.
Forma o maior aglomerado humano do semi-rido. Integra em conjunto com os municpios de
Lagoa Grande, Santa Maria da Boa Vista, estes localizados em Pernambuco, e os municpios
baianos de Juazeiro, Remanso, Casa Nova e Sobradinho, a Regio de Desenvolvimento
Econmico Integrado - RIDE - So Francisco (Figura 2.5). (EMBRAPA SEMI-RIDO 2001).
Figura 2.5 Mapa Poltico do Estado de Pernambuco Brasil Fonte: EMBRAPA SEMI-RIDO - 2001
-
49
2.6.2 Caractersticas Fisiogrficas do Municpio
Petrolina est situada margem esquerda do rio So Francisco distante 734 km da
capital Pernambucana, estando a uma altitude de 376 metros. A sede do municpio de
Petrolina est localizada na Latitude 9 23' 55" sul e uma Longitude 40 30' 03" oeste com
uma populao de 268.339 habitantes e uma rea de 4.756,8 Km2 (IBGE, 2007).
2.6.3 Clima e Vegetao
O clima nesta rea, segundo a classificao de Kppen, apresenta-se como tropical
semi-rido, tipo Bswh, seco e quente na parte norte e semi-rido quente estpico na parte sul,
caracterizado pela escassez e irregularidade das precipitaes com chuvas no vero e forte
evaporao em conseqncia das altas temperaturas. A temperatura uniforme durante todo o
ano apresentando uma mdia diria de 25 a 35C com precipitao mdia anual de 400 e 600
mm, concentrada no perodo de dezembro a abril e a evapotranspirao em torno de 5-6 mm
por dia. A vegetao constituda por plantas xerfilas devidas s caractersticas climticas da
regio. Esta vegetao conhecida como "Caatinga" sendo representada pela famlia das
Cactceas, das Malvceas e das Euforbiceas (EMBRAPA, 2000).
2.6.4 Caractersticas Geolgicas, Geomorfolgicas e Pedolgicas de Petrolina.
Segundo MOTTA (2004), as caractersticas geolgicas da regio de Petrolina so
constitudas litologicamente de paragnaisse, micaxisto e granito, os quais se apresentam
cortados por finos veios de quartzos, aplitos e pegmatitos que, no micaxisto, chegam a
apresentar acentuadas espessuras. Em meio a este micaxisto, tm-se intercalaes lenticulares
locais de quartzito e bastante granada. Estas rochas apresentam-se bastante dobradas e
trabalhadas pelo metamorfismo regional que ocorreu na rea, como tambm por processos
hidrotermais, quer decorrentes do metamorfismo regional, quer como conseqncia das
-
50
ltimas fases do magmatismo que determinou a intruso do granito. A seqncia de rochas na
regio, repousando discordante sobre um gnaisse prfiro de seqncia mais antiga, tem, no
paragnaise o seu membro mais inferior, sobre o qual repousa concordantemente o micaxisto,
sendo ambas as rochas cortadas pelo granito e por falhamento, portanto, mais recentes que as
citadas rochas, que apresentam caractersticas que sugerem a sua correlao com a Formao
Parelhas, da Srie Cear, de idade algonquiana.
Quanto a sua Geomorfologia, Petrolina, segundo a EMBRAPA (2000), apresenta
quatorze unidades geomorfolgicas distintas. Estas unidades foram reunidas em cinco macro-
unidades, de acordo com suas similaridades. a Macro-unidade Tabuleiro, denominada TAB,
que abrange as unidades tabuleiro Tpico, Misto e Degradado que juntos ocupam cerca de
64% do territrio municipal; a Macro-unidade Pediplano, denominada PED e abrange as
unidades Pediplanos Plnico, Podzlico, Vrtico e Litlico, ocupando cerca de 26%
da rea do municpio; a Macro-unidade Arenito-Quartzosa, denominada de SAQ e
compreende as unidades morfolgicas Superfcies Arenito-Quartzosa 1 e 2, esta macro-
unidade ocupa cerca de 4,5% da rea; encontra-se ainda, a Macro-unidade Terrao Fluvial,
denominada de TF, ocupando rea de 2,5% e compreende as unidades Terrao fluvial 1, 2 e 3
e por fim, a Macro-unidade Serras e Serrotes, denominada de SER, que compreendem as
unidades geomorfolgicas Serras e Serrotes 1 e 2. Corresponde a apenas cerca 1% da rea do
municpio de Petrolina.
Segundo MOTTA, (2004), as classes de solos que representam a pedologia e que so
predominantes no municpio de Petrolina so os Latossolos Amarelo e Vermelho-Amarelo; os
Podzlicos Amarelo e Vermelho-Amarelo; Podzlicos pedregosos (concrecionrios e no);
Podzlicos Vermelhos-Amarelos (profundos e pouco profundos); Podzlicos vermelhos
(rasos e pouco profundos); Podzlico Vermelho-escuro; os Planassolos, Cambissolos,
-
51
Vertissolos, Regossolos, Solos Aluviais, Areias Quartzosas e os Solos Litlicos que esto
indicados na Figura 2.6.
Figura 2.6 - Classificao dos solos do municpio de Petrolina
Fonte ZAPE-EMBRAPA-2001
-
52
CAPTULO III MATERIAIS E MTODOS
3.1. Campo de Atuao
O campo de atuao desta pesquisa o setor secundrio da economia, especificamente
na indstria da construo de edifcios de mltiplos andares do municpio de Petrolina,
situada margem do Rio So Francisco.
Observa-se a diversidade das obras de engenharia, desde o arrojo de sua arquitetura
com edifcios de mais de 12 pavimentos, como nos diferentes processos construtivos
utilizados em sua execuo.
Alm das obras civis, sero analisados para efeito de estudos de impacto ambiental, os
descartes dos RCD em reas de deposio irregular que causam degradao ao ambiente e ao
ser humano.
3.2. Tipo e Natureza da Pesquisa
O estudo em questo consiste em uma pesquisa de campo de natureza exploratria e
descritiva, visando a identificao dos materiais descartados pela indstria da construo civil
e a possvel reutilizao desses materiais, seja em blocos ou subleitos de estradas.
3.3. Coleta de Dados
A coleta de dados abrange cinco momentos distintos.
No primeiro momento, inicialmente, foi realizada uma pesquisa bibliogrfica, com o
objetivo de estabelecer um marco terico que possibilite a elucidao quanto importncia
do tema proposto, como tambm, identificar os impactos gerenciais da adoo de
tecnologias de reutilizao dos RCD, nas empresas de construo civil. A pesquisa
-
53
bibliogrfica fornecer as bases conceituais para a definio das variveis e indicadores da
pesquisa de campo.
No segundo momento, a pesquisa de campo utilizou questionrios, que conforme em
anexo, e serviram para obter as informaes das empresas de engenharia da regio em
relao a seus RCD.
No terceiro momento solicitou-se o aceite das empresas para participar do estudo, e
indicao do responsvel tcnico para fornecer os dados necessrios para a execuo
da pesquisa. O procedimento para a pesquisa de campo, descrita a partir deste
momento, ser adotada para as dez empresas de engenharia que faro parte desta
pesquisa.
No quarto momento foram realizadas reunies do pesquisador com os responsveis
tcnicos das empresas contatadas bem como o departamento de obras da Prefeitura
Municipal de Petrolina, onde foram apresentados os objetivos da pesquisa e
solicitados a responderem ao questionrio.
No quinto momento, foi conduzida a anlise dos resduos descartados pelas obras de
construo e de demolio, identificando o processo de segregao desses materiais e
verificando sua devida destinao. Neste momento, foi o confronto dos dados
levantados pelo questionrio e a observao direta do pesquisador, inclusive com
registro fotogrfico das principais atividades.
3.4. Tratamento e Anlise dos Dados
Considerando a natureza da pesquisa, os dados receberam