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Diagnóstico Prévio da degradação ambiental na área do lixão de
Rosário Oeste/MT
Figura 01 – localização do município de Rosário Oeste MT
Fonte: Por Raphael Lorenzeto de Abreu - Imagem: Matogrosso Meso Micro Municip .svg, own work, CC BY 2.5,
https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=1417286
Diagnóstico ambiental da área do lixão
A identificação e análise dos fatores ambientais na área foram realizadas a partir de
pesquisa de campo, onde realizamos a descrição da condição ambiental atual dos
fatores ambientais para os meios: físico ou abiótico, biótico e antrópico.
Identificação dos impactos ambientais na área de estudo
A identificação dos impactos ambientais foi realizada a partir do levantamento das
principais atividades realizadas na área e do diagnóstico ambiental.
Os métodos utilizados para identificar os impactos ambientais nesse relatório Prévio
foram: Ad Hoc (Método espontâneo) e Check Lists (listagem de controle), na modalidade
descritiva.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Caracterização da área de estudo
O município de Rosário Oeste, possui uma área territorial de 8.802,047 km².
Segundo a contagem do IBGE em 2016 a população de Rosário Oeste é de 17.016
habitantes.
Na vegetação predominam-se 70% de campos limpos, 20% matas virgens e 10% cerrado.
Clima: classifica-se como tropical quente e subúmido, como período de 5 meses
de seca, a temperatura em média é de 26°C, alcançando máxima de 38°C e mínima de
19°C, os períodos de chuva são nos meses de novembro a março.
Relevo: de modo geral é tabular, com elevações acentuadas, característica de
todo o Planalto Central e encontra-se na zona fisiográfica da Chapada dos Guimarães.
A região leste apresenta como principais acidentes a Serra de Marzagão, a Serra
da Canguinha e a Serra de São Joaquim, que são divisórias da grande Bacia
Amazônica e Bacia Platina, enquanto que na região oeste destaca-se a Serra do
Tombador, zona tectônica com grande quantidade de calcário e dolomita.
Nessas serras nascem muitos córregos, riachos e ribeirões que formam os
rios Cuiabá e Teles Pires. O Rio Cuiabá localiza-se ao norte do município, servindo de
limite entre Rosário Oeste e Nobres, de água no rio Paraguai. O rio Teles Pires segue
direção contrária, dirigindo-se para o norte, na Bacia Amazônica e serve de divisor entre
Rosário Oeste e Chapada dos Guimarães.
Segundo informações, esse lixão está funcionando à cerca de 20 anos e possui
uma área de aproximadamente 2,5 há. O serviço de coleta dos resíduos funciona de
forma regular.
Georreferenciamento da área e Mapa de localização da área do lixão
Serão anexados ao Relatório os mapas da área.
Imagens aéreas do lixão de Rosário Oeste - MT
Fig 1 -Imagens feitas pelo Drone - Acervo fotográfico ADETEC -2016
Diagnóstico Prévio Ambiental da Área do Lixão
Apresentaremos a seguir, o diagnóstico prévio qualitativo, nos meios físicos (solo,
recursos hídricos, ar e paisagem), biótico (flora e fauna) e antropico (problemas sociais e
saúde pública).
Fig 03 - Acervo técnico ADETEC - 2016
Fig 2-Imagens feitas pelo Drone - Acervo fotográfico ADETEC -2016
Na área percebe-se que a estrutura do solo encontra-se alterada, devido à
disposição inadequada dos resíduos onde existe uma grande quantidade de resíduos que
são classificados como perigosos, apresentando potenciais altos de contaminação do
solo, tais como: embalagens de óleo de oficina, pneus, lâmpadas, produtos
eletroeletrônico, pilhas e baterias.
Fig 5 Resíduos classificados como perigosos misturados com resíduos domésticos, entulhos, sucatas, etc
– Acervo técnico ADETEC -2016
Fig 4 - Acervo fotográfico ADETEC -2016
Os resíduos citados como perigosos, são citados no Art.33, da Lei 12.305/2010,
que determina a obrigatoriedade da logística reversa, mediante retorno dos produtos após
o uso pelo consumidor, cuja embalagem, após uso, constitui resíduo perigoso.
Resíduos como pilhas e baterias apresentam em sua composição metais pesados
(mercúrio, chumbo, zinco, cádmio, manganês e lítio).
Outro resíduo que contem mercúrio são as lâmpadas florescentes. Monteiro
et.al.(2001) afirmam que o mercúrio e toxico para o sistema nervoso, e quando inalado ou
ingerido, causa problemas fisiológicos.
Ar
A composição do ar no lixão é alterada pela emissão de gases provenientes da
decomposição e queima dos resíduos sólidos, onde a decomposição gera o metano
(Ch4), gás sulfídrico, e outros (PAGLIUSO 2008). São gases extremamente inflamáveis
que geram risco de queimadas e explosões.
Fig 07 - Acervo técnico ADETEC - 2016
Fig 06 - Acervo técnico ADETEC - 2016
Paisagem
Foi modificada em função da degradação da área, alterando sua
paisagem causando impacto visual.
Fauna
As espécies nativas de animais no local encontram-se reduzida devido à destruição
do ecossistema que possibilitava a população da vida animal, dispersando para outras
áreas e dando oportunidade a aves oportunistas que encontram no lixo um ambiente
propicio para se viver.
Fig 9 Acervo técnico ADETEC - 2016
Fig 8 - Acervo técnico ADETEC - 2016
Adversidades Sociais
As condições sociais no lixão, pela presença dos catadores é degradante. Não
existe saneamento, nenhuma estrutura básica no local. Constatamos que não utilizam
nenhum tipo de equipamento de segurança mínimo, sejam botas ou luvas, as luvas que
alguns utilizavam estavam rasgadas ou furadas não oferecendo nenhuma proteção.
Verificou-se que não existe perspectiva de trabalho a não ser no lixão.
Identificação dos Impactos Ambientais
A avaliação dos impactos ambientais causados pela instalação do lixão no
município de Rosário Oeste – MT envolveu analise qualitativa dos efeitos, identificação da
ocorrência na área de influencia direta, possibilitando a classificação previa do seu valor,
ações de mitigação, significância, incidência e possível reversão, observando o grau de
prejuízo que essa atividade oferece ao meio ambiente.
Fig 10 - Acervo técnico ADETEC - 2016
Quadros 1 - Impactos Ambientais identificados e respectiva
classificação no lixão de
Rosário Oeste – MT
Impactos
Ambientais
Mitigação:
Preventivas,
minimizadoras,
compensatórias.
Relevância Incidênci
a
Reversibilidade Fatores
Afetados
Poluição e /ou contaminação de
solo
M S D e IN RV Solo, água e
antropico
Compactação de solo
M S D e IN RV Solo, água e fauna
Alteração nas características
físicas do solo
M S D e IN RV
Solo e fauna Alteração nas características
químicas do solo
M S D e IN RV
Alteração nas características
biológicas do solo
M S D e IN RV
Erosão
M S D e IN RV
Alteração da paisagem
M S D e IN RV Paisagem
Alteração de relevo M S D ou IN IR Solo, relevo e
paisagem
Poluição e/ou contaminação
recursos hídricos
NM S D e IN RV Água, antropico,
fauna e flora aquática
Proliferação de micro e macro
vetores
M S D e IN RV Antropico, fauna e
paisagem
Poluição e/ou contaminação do
ar atmosférico
M S D e IN RV Ar, antropico e fauna
Legenda: M – mitigável; NM não mitigável; S – significativa; NS – não significativo; D – direta; IN – indireta; RV – reversível;
IR - irreversível
Critérios de Classificação quanto ao valor
Impactos
Ambientais
Mitigação:
Preventivas,
minimizadoras,
compensatórias.
Relevância Incidência Reversibilidade Fatores
Afetados
Redução ou perda total da
flora
M S D RV Flora, fauna,
solo, água e
paisagem
Redução ou perda total da
fauna nativa
M ou NM S D RV Fauna
Contaminação dos animais
M S D e IN RV Fauna
Contaminação e/ou poluição
áreas vizinhas M S IN RV Antropico, solo,
fauna, água e
paisagem
Riscos de contaminação aos
catadores
M S D RV
antropico Saúde Publica - impactos
M S D e IN RV
Riscos de saúde do Trabalho
M S D RV
Incomodo para vizinhança
M S D RV
Desvalorização da área do
entorno
M NS D e IN RV OU IR
Geração de empregos
temporários
M S D RV
Legenda: POS – positivo; NEG – negativo; M – mitigável; NM não mitigável; S – significativa; NS – não significativo; D – direta; IN –
indireta; RV – reversível; IR - irreversível
Identificação dos tipos, das causas e das consequências da
degradação na área.
Dentre os impactos citados no Quadro 1, alguns tem o potencial da perda de voltar
ao estado natural, devido ao tempo do deposito do lixo no local de forma indiscriminada e
sem tratamento, causando a contaminação dos recursos naturais, hídricos e atmosférico.
No Quadro 2, a seguir, será apresentado a descrição com os tipos,classificação, causas
e consequências da degradação na área do lixão.
Quadro 2 - Tipo de degradação identificados no lixão de Rosário oeste
– MT
Tipo de degradação Classificação Causas Consequências Fatores ambientais
afetados
Poluição e
contaminação de
solo
Física, química e
biológica.
Natural (chuva)
ou antropico (
gestão
inadequada dos
resíduos)
Afeta saúde dos
seres vivos;
Limitação uso solo
Solo, água e
antrópico.
Compactação de
solo
Física, química e
biológica.
Presença e
veículos
pesados;
Pressão
exercida pelos
resíduos sólidos,
animais,
catadores.
Impermeabilização
da água,
Desenvolvimento
da fauna
comprometida
Solo, água e fauna
Contaminação
recursos hídricos
Química Natural (chuva);
Antropico
(formação de
chorume e
elementos
químicos
perigosos)
Afeta saúde dos
seres vivos;
Limitação uso das
águas;
Água, antrópico,
fauna, flora aquática
Natural Afeta saúde dos
Contaminação do ar
atmosférico
Física, química e
biológica.
(formação de
gases resultante
da ação de
bactérias na
matéria
orgânica);
Antrópica
(queima)
seres vivos;
Risco de incêndios
e explosão;
Odores
desagradáveis;
Contaminação do
ar por gases de
efeito estufa;
Ar, antrópico e fauna
Redução ou perda
total da flora
Biológica
Antrópica
(desmatamento)
Exposiçao do solo;
Compactaçao do
solo;
Degradação da
área;
Perda da
deposição natural
de MO oriunda da
flora)
Flora, fauna, solo,
água e paisagem
Redução ou perda
total da fauna nativa
Física, química e
biológica.
Antrópica
(presença de
veículos e
maquina
pessoas,
desmatamento)
Desequilíbrio da
cadeia alimentar;
Fauna
Erosivo acelerado
Física, química e
biológica.
Natural(ação dos
ventos e água);
Antrópico
(desmatamento,
compactação);
Perda das
camadas mais
férteis do solo;
Solo e fauna
Impacto na saúde
publica
Social
Antrópico
(fumaça,macro e
micro vetores,
material
contaminado)
Vários tipos de
doenças
(respiratória,
verminoses,
cortes, infecções)
Antrópico
Estratégias de recuperação da área em estudo
Constatamos que a área sofreu alterações em sua estrutura, seja de natureza
física, química ou biológica, levando à degradação da sociedade, do solo, dos recursos
hídricos, da flora e da fauna.
A Lei 12.305/2010 determina o encerramento das atividades dos lixões, o que
necessita de critérios técnicos para avaliação para as providencias necessárias e
corretas. Salientamos que o fechamento e abandono da área, acarretando o fim da
atuação dos catadores, e disposição inadequada dos residuos não é suficiente, pois há
continuação de geração de gases, odores e chorume, enquanto houver atividade
biológica de resíduos.
A primeira medida a ser tomada para recuperar uma área é o isolamento, seguido
da identificação da degradação existente no local. Após este diagnóstico, são sugeridas
medidas de mitigação para diminuir o efeito dos impactos ambientais, e com base na
escolha do uso futuro para área degradada, definem-se técnicas (físicas, químicas e
biológicas) para recuperação.
A seguir, serão descritas as etapas propostas para recuperação da área
degradada do lixão.
Isolamentos da Área
Primeiramente torna-se necessário eliminar o fator de degradação, isolando a área
e não permitir qualquer interferência. Intervir no lixão com o intuito de encerrar sua
operação, requalificando o ambiente local e, reduzindo os impactos ambientais. Além
disso, é necessário a escolha de um local adequado para destinação desses resíduos, ou
seja, um aterro sanitário devidamente licenciado e dentro das normas vigentes.
Retirada de Catadores na Área do lixão
Ao desativar o lixão, não podemos esquecer, daqueles que sobrevivem desta
atividade, os catadores, que buscam seu sustento no local. Uma das alternativas
sugeridas é a criação da associação dos catadores no município, podendo mobilizar a
sociedade para a coleta seletiva solidária e sensibilizar as pessoas para a importância do
trabalho dos catadores, usando a “ferramenta” da Educação Ambiental, além de integrá-
los nas atividades do aterro sanitário futuro.
Medidas Mitigadoras
As medidas mitigadoras constituem o conjunto de ações que visam a reduzir os
impactos negativos. Outra forma de controle é a compensação dos impactos não
mitigáveis.
Abaixo são apresentadas algumas medidas que devem ser adotadas para
minimizar os impactos significativos diagnosticados.
Quadro 3 - Impactos significativos e medidas de controle.
Tipo de Degradação Medidas
Mitigadoras
Contaminação do solo
Retirada dos resíduos do local;
Retirar a camada de solo contaminada e depositar solo
natural na área escavada, onde o solo contaminado iria
para aterro sanitário;
Usar técnicas de recuperação, como por exemplo,
“biorremediação microbiana” e “fitorremediação”.
Compactação do solo Descompactar o solo e implantar práticas conservacionistas;
Revegetar outras áreas no lixão, que não estejam
compactados.
Erosão acelerada Limitar o desmatamento;
Usar técnicas, de controle de erosão (laminar e sulcos)
Contaminação da água Análise dos corpos d’águas do entorno do lixão;
Eliminação das aberturas do solo, que ocasiona acúmulo de
água.
Contaminação do ar atmosférico Retirada dos resíduos do local;
Não realizar queimadas dos resíduos.
Redução ou perda total da flora Reflorestamento;
Recuperar as áreas de importância ecológica.
Redução ou perda total da fauna - Criar áreas de preservação ambiental, garantindo boas
condições para abrigo da fauna.
Riscos aos catadores - Criar uma associação de catadores;
- Proporcionar programa de educação ambiental.
Impacto na saúde pública - Implantar um plano de gerenciamento de resíduos sólidos;
- Implantar programa de educação ambiental para o
município em estudo.
Fonte:. (2015 -Pollyana B. de Azevedo)
Recomendações para uso da área
O uso recomendado para a área é a preservação ambiental, obtida com o
reflorestamento.
Reflorestamento
Para o reflorestamento é necessário que o solo esteja com sua
composição,estrutura,densidade, porosidade e sua fertilidade adequada.
Caso não esteja deve-se fazer a devida correção.
Devem-se diagnosticar os tipos de espécies vegetais em torno da área do lixão,
para serem usadas na revegetação. Para o preparo do solo é necessária à implantação
de espécies do estágio primárias encontradas no em torno da área e, em seguida, inserir
espécies vegetais de sucessão ecológica secundária e clímax.