diarréia aguda em crianças e adolescentes - diretrizes para o diagnóstico e tratamento.pdf
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Ttulo DocumentoDiarria aguda em crianas e adolescentes - Diretrizes para o diagnstico e tratamento
TE-5Suporte s Agncias
Diarreia aguda em crianas e adolescentes
INTRODUO
Diarreia uma afeco caracterizada pela perda excessiva de gua e eletrlitos atravs das fezes, resultando em aumento do volume e frequncia das evacuaes e diminuio da consistncia das fezes, por mais de 3 episdios ao dia. Pela sua durao, pode ser classificada em:
Aguda - diarreia com durao menor que 14 dias.
Persistente diarreia com durao superior a 14 dias
Crnica diarreia com durao superior a 14 dias de carter insidioso
A disenteria a diarreia acompanhada da presena de sangue e/ou muco nas fezes.
Epidemiologia
A diarreia aguda uma das principais causas de mortalidade nos pases em desenvolvimento, especialmente em crianas menores de seis meses. A diarreia mata por desidratao e causa morbidade por desnutrio.
Por ser uma doena autolimitada e de tratamento relativamente simples, a correta identificao, aporte hdrico necessrio e manuteno da dieta so medidas que evitam a morte e a desnutrio.
No mundo, a disseminao do uso da terapia de reidratao oral, maior frequncia e durao do aleitamento materno, melhor nutrio, melhor estado sanitrio e de higiene e aumento da cobertura vacinal para sarampo diminuram o perfil da morbimortalidade nas ltimas dcadas, principalmente nos pases em desenvolvimento (relatrio da OMS, 2002) (Tabela 1).
Tabela 1: Mortalidade por diarreia em < 5 anos de idade no mundo
1979 4,5 milhes /ano2002 1,6milhes/ano2004 1,5milhes/ano
No Brasil, o nmero de mortes de crianas menores de um ano de idade por diarreia caiu 93,9%
em 25 anos passando de 32.704, em 1980, para 1.988, em 2005. Com a reduo, o problema deixou
de ser a segunda causa de mortalidade infantil (24,3% em 1980) no pas e passou para a quarta
posio (4,1% em 2005), de um total de seis principais causas. No mesmo perodo, o nmero absoluto
de mortes infantis caiu 71,3% - de 180.048 para 51.544. Os dados so referentes ao perodo de 1980 a
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2005 e integram o estudo Sade Brasil 2008, que revela tendncia de queda na taxa de mortalidade
infantil (TMI) em todo o pas.
So consideradas situaes de risco: crianas menores que 5 anos, principalmente os lactentes,
desnutrio, as populaes moradoras na periferia dos centros urbanos, reas sem saneamento bsico
e moradias insalubres.
Os principais fatores agravantes para aumento do risco de mortalidade so:
Baixo peso ao nascer
Desidratao grave
Desnutrio grave
Lactente jovem
Febre elevada (> 39 C)
Pneumonia
Pais com baixo grau de instruo.
Classificao
Podemos classificar as diarreias de acordo com a patognese e etiologia:
A. Patognese:
1. Osmtica: por adeso mucosa, causa leso dos entercitos da superfcie, com reduo da
produo das dissacaridases (lactase) e reteno de lquidos dentro do lmen intestinal devido
presena de solutos (acares) osmoticamente ativos no absorvidos, que carreiam a gua para
dentro da ala intestinal e so metabolizados pela via anaerbica resultando na produo de
radicais cidos (por ex: Rotavrus).
2. Secretora: a liberao de enterotoxina bloqueia o transporte ativo de gua e eletrlitos do
entercito ocasionando o aumento da sua secreo intestinal, principalmente de nions cloreto e
bicarbonato (por ex: E.coli enterotoxignica).
3. Invasora: a leso da clula epitelial do intestino impede a absoro de nutrientes. Nesta situao
pode haver tambm um componente secretor, uma vez que a mucosa invadida produz
substancias (bradicinina e histamina) que estimulam a secreo de eletrlitos para o lmen
intestinal. Pode ocorrer invaso da mucosa causando diarreia com muco, pus e sangue nas
fezes (por ex. Salmonella, Shiguella) ou invaso da lmina prpria com disseminao
hematognica e sintomas sistmicos (por ex: E.coli enteroinvasora, Salmonella).
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B. Etiologia:
1. Viral: Rotavirus, Adenovirus, Astrovirus, Calicivirus, Norwalk vrus Adenovirus entrico
sorotipos40 e41, Picornavirus.
2. Bacteriana: E. coli, principalmente enteropatognica clssica (EPEC), Salmonella sp, Shiguella
sp, Yersinia sp, Clostridium difficile, Aeromonas, Vibrio cholerae, Campylobacter jejuni.
3. Protozorios: Giardia lambia, Entamoeba histolytica, Criptosporidium; Cyclospora.
OBJETIVO
Orientar avaliao diagnstica de diarreia aguda e seu diagnstico diferencial.
Orientar reposio hidroeletroltica de acordo om grau de desidratao presente.
Orientar teraputica diettica e adjuvante para melhor controle clnico do quadro agudo.
APLICABILIDADE
Populao Alvo: Crianas com diarreia com durao 14 dias.
Populao excluda: diarreia com durao > 14 dias ou crianas imunossuprimidas.
DIRETRIZ
O quadro clnico de desidratao pode ser leve, com discreta repercusso sistmica, at formas graves de desidratao. A histria clnica e o exame fsico so o principal recurso para o diagnstico da gastroenterite aguda (RECOMENDAO C).
Os sintomas so febre, vmitos, tenesmo, flatulncia, dor abdominal, distenso abdominal, tosse, coriza, anorexia, ocorrncia de eliminaes durante o sono, dejees ps-alimentares, fezes explosivas e disria.
Deve-se avaliar as caractersticas, frequncia e quantidade de perdas (fezes ou vmitos) e se h sintomas associados de alerta tais com febre, presena de sangue/muco ou comprometimento de estado geral, indcios epidemiolgicos e condies clinicas pregressas.
No exame fsico o principal enfoque avaliar a presena e o grau de desidratao: sinais como aumento de tempo de enchimento capilar, turgor pastoso da pele e ausncia de lgrimas so as melhores evidncias de desidratao (RECOMENDAO B).
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Embora o gold-standart permanea a variao real de peso entre o perodo antes e aps inicio do quadro clinico (RECOMENDAO B), devese tambm avaliar temperatura, presso arterial, frequncias cardaca e respiratria.
A classificao clnica (Tabela 2) entre desidratao leve, moderada ou grave, embora imprecisa, torna-se uma ferramenta importante para inicio do tratamento (RECOMENDAO B).
Tabela 2: Classificao da desidrataoSem Desidratao (1 grau)
Alguma desidratao(2 grau)
Desidratao Grave (3 Grau)
Estado geral Irritada, com sede,consolvel
Muito agitada, no dorme, muito sedenta
Deprimida, comatosa, aceita pouco ou nada de lquidos
Mucosa oral Seca, lbios vermelhos, lngua saburrosa
Muito seca Cianose
Olhos Normais Fundos Muito encovadosLgrimas Presentes Reduzidas AusentesFontanela Normal Pouco deprimida Muito deprimida
Pele Elasticidade normal, pele quente e seca
Extremidades frias e elasticidade diminuda(2seg)
Pulsos perifricos Normais Finos e taquicrdicos Muito finos /ausentesTempo de enchimento capilar
Normal At 2s > 3s
Dbito urinrio Normal Diminudo AnricoDficit estimado Lactentes: 25-50ml/kg
Crianas maiores: 30ml/kg
Lactentes: 50-100ml/kgCrianas maiores: 60ml/kg
Lactentes > 100 ml/kgCrianas maiores: 90 ml/kg
Perda de peso Lactentes: 2,5-5%Crianas maiores: 3%
Lactentes: 5-10% Crianas maiores: 6%
Lactentes >10%Crianas maiores: 9%
Clculo de Dficit de Perdas:
Dficit Fludico (L) = peso hidratado pr-doena (kg) peso desidratado (kg)
Grau de desidratao (%) = (peso hidratado pr-doena peso desidratado)/ peso hidratado pr-doena X 100
A desidratao a complicao mais grave e frequente, mas tambm podem ocorrer desnutrio, distrbio hidroeletroltico, acidose metablica, choque, insuficincia renal aguda.
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Diagnstico
A parte mais importante do diagnstico baseada na anamnese e no exame fsico. A maioria das crianas com diarreia aguda no necessitam realizar exames, mas em casos especiais com evoluo grave, comprometimento do estado geral, imunodeprimidos ou em surtos em berrios e creches podem ser realizados.
Testes laboratoriais no so recomendados de rotina, incluindo a pesquisa especfica para patgenos, tais como pesquisa fecal para rotavrus, protozorios ou coprocultura (RECOMENDAO C).
Outros exames complementares como: hemograma, bioqumica (dosagem srica de Na+, K+, Cl-) e gasometria venosa podem ser teis em pacientes com desidratao moderada a grave (RECOMENDAO B).
Diagnstico Diferencial
Os principais diagnsticos diferenciais esto listados no Algoritmo 1.
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Tratamento
O manejo teraputico visa evitar a desidratao e a desnutrio.
1. Terapia de reidratao oral (TRO)
A TRO o tratamento de escolha das desidrataes e geralmente determinam a resoluo do
problema em curto espao de tempo (RECOMENDAO A). Ela recomendada se bem tolerada e
com oferta acima das perdas ocorridas para correo da desidratao em 4-6hs (RECOMENDAO
A).
Atualmente a orientao da OMS (2002) a utilizao dos Sais de Reidratao Oral (SRO),
soluo hipotnica com osmolaridade de 245 mOsm/L, com Sdio (Na+): 75mEq/L, Cloreto (Cl-):
65mEq/L, Potssio (K+): 20mEq/L, Citrato: 10mEq/L, Glicose: 75mMol/L.
Porm em nosso pas, nos Postos de Sade, ainda dispomos da SRO tradicional (1975), com
osmolaridade de 311 mOsm/L com Na+: 90mEq/L, Cl-: 80mEq/L, K+: 20mEq/L, Citrato: 10mEq/L,
Glicose: 111 mMol/L
Em farmcias encontramos Solues de Reidratao Oral prontas (Tabela 3), ou em p para
preparo em gua com apresentaes similares (Tabela 4).
Tabela 3: Solues prontas para Reidratao oral
Pedialyte 90 Pedialyte 45 Pedialyte 60Na 90 mEq/L Na 45 mEq/L Na 60 mEq/LCl 80 mEq/L Cl 35 mEq/L Cl 50 mEq/LK 20 mEq/l K 20 mEq/L K 20 mEq/LCitrato 30 mEq/L Citrato 30 mEq/L Citrato 30 mEq/LGlicose 111 mMol/L Glicose 126 mMol/L Glicose 60 mMol/L
Zn 6 mg/100 ml
Tabela 4: P para preparo de Solues de Reidratao oralRehidrat 90 Reidramax Rehidrat 50
Na 90 mEq/L Na 90 mEq/L Na 50 mEq/L
Cl 80 mEq/L Cl 80 mEq/L Cl 50 mEq/L
K 20 mEq/l K 20 mEq/L K 20 mEq/L
Citrato 30 mEq/L Citrato 30 mEq/L Citrato 20 mEq/L
Glicose 111 mMol/L Glicose 111 mMol/L Glicose - 134 mMol/L
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Algumas solues no so recomendadas para TRO como Coca-Cola, Gatorade, soro
caseiro e gua de coco.
A OMS tambm recomenda a administrao de gua adicional na proporo de uma parte de
gua para cada duas partes da soluo, principalmente nas crianas menores de 6 meses que no
recebem aleitamento materno, devido ao risco de hipernatremias.
Nas crianas sem desidratao, a TRO est indicada para sua preveno, sendo oferecida
sempre aps as perdas, nas seguintes quantidades:
Crianas menores 24 meses: 50 a 100 ml Crianas maiores 24 meses: 100 a 200 ml Adolescentes (maiores 10 anos): vontade
Na criana com desidratao, a quantidade de soluo que dever ser ingerida depender da
sede da criana, mas como orientao inicial dever ser oferecido 50 ml/Kg da soluo no perodo de 4
horas nos quadros leves e at 100 ml/kg em 4 horas nos quadros moderados (Tabela 5).
Tabela 5: Quantidade aproximada a ser oferecida por peso/idade do paciente
Idade Peso estimado Volume TROAt 4 meses < 6 kg 200 - 400 ml4 12 meses 6 9 kg 400 700 ml12m 2 anos 10 11 kg 700 900 ml2 5 anos 12 19 kg 900 1400 ml
Aps a hidratao, a reposio das perdas poder ser mantida por SRO, na dose de 10 ml/kg
aps cada episdio de evacuao diarreica ou vmitos (RECOMENDAO A).
A hidratao oral deve ser suspensa quando houver:
Perda de peso aps 2 horas de TRO Vmitos persistentes Distenso abdominal persistente Dificuldade de ingesto da TRO
Nestas situaes indica-se a hidratao endovenosa ou por sonda nasogstrica. A
administrao dos SRO pela sonda dever ser de 20 ml/Kg/hora por 6 horas, at a reidratao. Se a
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reteno de peso for menor de 20%, por duas horas consecutivas, mesmo aps gastrclise, considerar
hidratao EV.
Clculo de ndice de reteno (%) = (Peso atual Peso inicial) x 100 / volume ingerido de SRO
A deciso de escolha de reidratao por sonda nasogstrica ou via parenteral dever ser
tomada em conjunto com a famlia do paciente (RECOMENDAO B).
2. Desidratao Grave
A hidratao endovenosa est indicada em casos de choque, desidratao grave, vmitos
incoercveis mesmo aps gastroclise, perdas fecais acima de 10 ml/kg/hora, leo paraltico ou alterao
do estado neurolgico (coma) que no mantenha os reflexos de proteo das vias areas.
Nesta fase o objetivo o restabelecimento rpido da perfuso normal dos rgos vitais
eliminando o dficit de gua e sdio, com recuperao dos pulsos perifricos, melhora de tempo de
enchimento capilar, normalizao da presso arterial e recuperao do nvel de conscincia.
A soluo habitualmente utilizada isotnica (soro fisiolgico ou ringer lactato). A dose
recomendada de 100 ml/Kg, sendo at 30 ml/kg (< 1 ano) na 1 hora ou 30ml/kg em 30 min (1 5
anos), reavaliando o paciente ao final de cada hora. Caso persistam os sinais de desidratao
administrar mais 70 ml/Kg em 5 horas (em 1 ml/kg/h com densidade urinria < 1020 e recuperao do peso quando
hidratado (Algoritmo 2).
Algoritmo 2: Tratamento da Desidratao
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Fase II
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A fase de manuteno realizada baseando-se na regra de Holliday-Segar (Tabela 6). Lembrando que soros de manuteno hipotnicos aumentam o risco de hiponatremia iatrognica quando comparados com solues isotnicas de manuteno em 24hs de infuso.
Tabela 6: Regra Holliday - Segar
Peso Necessidades hdricas
At 10 kg 100 ml/kg10-20 kg 1000 ml +50 ml/kg acima de 10 kg> 20 kg 1500 ml +20 ml/kg acima de 20 kg
Necessidades dirias de eletrlitos e glicose a cada 100 kcalNa-3-5 mEq K- 2,5-5 mEq Glicose 4-8g
A fase de reposio visa repor as perdas que continuam, mesmo aps correo da desidratao, durante o perodo de 24hs. Nas perdas diarreicas leves a moderadas pode-se utilizar reposio de 30-60 ml/kg com soro fisiolgico.
Nas diarreias mais intensas, este volume pode chegar at 100 ml/kg, sendo preferencialmente utilizado soro fisiolgico. H tambm necessidade de aumento da oferta de potssio nestes casos, podendo ser ofertado na quantidade de 5 mEq/kg/dia, desde que a funo renal esteja preservada.
A fase de reposio dever correr em conjunto com a fase de manuteno, ao longo de 24 horas, devendo sempre o paciente ser reavaliado clinicamente para observar se a sua hidratao est sendo adequada.
3. Alimentao
O aleitamento materno deve ser mantido durante a TRO, e as crianas em aleitamento artificial
no necessitam de troca de frmulas lcteas durante o quadro da diarreia (RECOMENDAO B).
A nutrio baseia-se em oferecer suporte calrico, em maior proporo que o habitual, utilizando
alimentos com fcil digestibilidade e absoro, aumentando o nmero de refeies dirias para
compensar as perdas. No h qualquer restrio alimentar s gorduras. A dieta deve ser iniciada o mais
precoce possvel aps melhora da desidratao (RECOMENDAO A).
Dietas restritivas (BRAT- banana, arroz, suco de ma, torradas) podem ser oferecidas somente
como parte complementar da dieta habitual da criana (RECOMENDAO C), pois as dietas regulares
se mostram mais efetivas na reduo da durao da diarreia (RECOMENDAO A).
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Lquidos claros (sucos, chs, refrigerantes, Gatorade) no so recomendados como substitutos
da soluo de reidratao oral (RECOMENDAO C).
A maioria dos pacientes com diarreia no desenvolve intolerncia a lactose, e sua restrio s
recomendada em pacientes com intolerncia persistente e documentada (RECOMENDAO B).
Em pacientes com vmitos, a dieta e soro oral devem ser oferecidos mais frequentemente em
pequenas quantidades (RECOMENDAO A).
4. Suplemento de zinco
Nos episdios diarreicos grande a perda de zinco pelas fezes. Sua suplementao diminui a
gravidade e a durao da diarreia e atua na preveno de novos episdios nos prximos 2-3 meses,
pela sua ao no sistema imunolgico.
A OMS recomenda o uso de zinco para todas as crianas com diarreia, na dose de 10mg para
menores de 6 meses e 20mg para os maiores, iniciando o mais precoce possvel e mantendo por 10 a
14 dias (RECOMENDAO B).
A sua suplementao deve ser iniciada assim que a criana puder ser realimentada e tiver
completado 4 horas de hidratao. Apresentaes comerciais no esto disponveis no Brasil, porm
possveis apresentaes de manipulao so Sulfato de Zinco soluo oral com 10 ou 20mg/ml e
Sulfato de Zinco cpsulas de 10 ou 20mg.
5. Probiticos
Seu uso recomendado como tratamento adjuvante, com reduo da durao da diarreia ao
redor de 24 horas, principalmente nas causadas por rotavrus (RECOMENDAO B).
As dosagens utilizadas foram de 107 a 1010 CFU com grande variabilidade de agentes
(Lactobacillus reuteri, Lactobacillus acidophilus, levedura Saccharomyces, etc), porm os produtos
disponveis no mercado no tem a quantidade preconizada. Os microrganismos utilizados em iogurtes
no so considerados probiticos e no so efetivos na reduo da durao da diarreia
(RECOMENDAO B).
6. Antiemticos e antidiarreicos
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No so recomendados para uso rotineiro na diarreia em crianas (RECOMENDAO C). A
Ondansetrona pode diminuir as incidncias de vmitos e internaes em pacientes que necessitaram de
hidratao por via parenteral ou nasogstrica (RECOMENDAO A).
O uso de antidiarreicos contraindicado em crianas (RECOMENDAO C).
7) Antibioticoterapia
Como diarreia um processo infeccioso autolimitado, raramente indicado o uso de antibiticos.
A exceo nos casos de clera, pacientes imunossuprimidos, evoluo clnica para sepse ou na
presena de disenteria prolongada e debilitante (Tabela 7 e 8).
O uso indiscriminado de antibiticos pode determinar alterao da flora intestinal determinando
evoluo para diarreia prolongada ou colite pseudomembranosa (RECOMENDAO C).
Tabela 7 - Antibioticoterapia na Diarreia Aguda
Agente Antibitico ambulatorial Antibitico ParenteralVibrio cholerae SMZ +TMP: 50mg/kg/dia em 2 doses - 3 diasShiguella SMT +TMP: 50mg/kg/dia em 2 doses 5 dias
Ciprofloxacina: 15mg/kg em 2 doses - 3 diasAmpicilina: 150mg/kg/dia em 4 doses - 5 diasCeftriaxone: 50-100 mg/kg/d - 2 a 5 dias
Salmonella SMT+TMP: 50mg/kg/dia em 2 doses 5 diasAmoxicilina: 50mg/kg/dia em 2 doses - 7dias
Ceftriaxone: 75-80 mg/kg/dia - 5 dias
Campylobacter Eritromicina: 50mg/kg/dia em 4 doses - 7 dias Azitromicina: 5-10 mg/kg 1x/dia - 3 a 5 dias
E.coli enterotoxignicaenteropatogenicaenteroinvasora
SMT+TMP: 50mg/kg/dia em 2 doses - 7 dias Ceftriaxone: 75-80 mg/kg/dia - 5 dias
Clostridium difficile Metronidazol 30 mg/kg/dia, em 2 doses (mximo 2g/dia) 10 diasVancomicina 40mg/kg/dia em 4 doses (mximo 500mg/dia) 10 dias
Tabela 8: Antiparasitrios na Diarreia Aguda
Agente AntiparasitrioAmeba Metronidazol - 30mg/kg/d em 3 dose por -5-10 diasGiardia Metronidazol - 15mg/kg/d em 3 doses-5 por 10 dias
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EspcieASSISTENCIAL
EspecialidadeMEDICO
StatusAprovado
Cdigo Legado Cdigo do DocumentoDI.ASS.25.2
Verso2
Data Criao11/09/2013
Data Reviso19/11/2014
ElaboradorElda Maria Stafuzza Gonalves Pires
RevisorEduardo Juan Troster
Parecerista Aprovado porAdriana Vada Souza Ferreira | Adalberto Stape
Data Aprovao19/11/2014
DOCUMENTO OFICIAL
Tipo DocumentalDiretrizAssistencial
Ttulo DocumentoDiarria aguda em crianas e adolescentes - Diretrizes para o diagnstico e tratamento
8) Outras orientaes:
recomendado que as internaes hospitalares sejam breves, de 1 dia ou menos
(RECOMENDAO C)
So critrios para alta hospitalar (RECOMENDAO C):
Quadro clnico e peso recuperados. Sem necessidade de reposio por via nasogstrica ou endovenosa Aporte de lquidos por via oral igual ou superior s perdas Adequada orientao familiar Retaguarda mdica ambulatorial ou por contato telefnico.
Nota: Estas recomendaes resultaram da reviso crtica da literatura e de prticas atuais, e no tem a inteno de impor padres de conduta, mas ser um instrumento na prtica clnica diria. O mdico, frente ao seu paciente (inclusive considerando as opinies deste), deve fazer o julgamento a respeito da deciso de tratamento ou das prioridades de qualquer procedimento.
Nvel de evidncia e fora de recomendao para teraputica
Nvel de evidncia
1 Reviso sistemtica de ensaios clnicos randomizados (ECR).Um ou mais ECRs controlados, de tamanho adequado e com intervalo de confiana estreito.
2 Reviso sistemtica de estudos de coorte.Estudo de coorte de boa qualidade.ECR de baixa qualidade (pequeno, com seguimento < 80%).
3 Reviso sistemtica de estudos caso-controle.Estudos caso-controle.
4 Srie de casos.Estudos de coorte de baixa qualidade.Estudos de caso-controle de baixa qualidade.
5 Baseado na opinio de especialistas, ou em pesquisas experimentais, ou na fisiologia.
Fora da recomendao
A Consiste em estudos de nvel de evidncia 1. H boas evidncias para apoiar a recomendao.
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B Consiste em estudos de nvel de evidncia 2 ou 3 ou extrapolado de estudos de nvel de evidncia 1 realizados com populaes diferentes do estudo. H evidncias razoveis para apoiar a recomendao.
C Consiste em de nvel de evidncia 4 ou extrapolados de estudos de nvel de evidncia 2 ou 3 realizados com populaes diferentes do estudo. As evidncias so insuficientes, contra ou a favor.
D Correspondente ao nvel de evidncia 5. H evidncias para descartar a recomendao.
Adaptado de: oxford centre for evidence - based medicine - levels of evidence (march 2009) http://www.cebm.net/index.aspx?o=5653
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
1. WHO/UNICEF Diarrhoea Treatment Guidelines including New Recomendations for use of
ORS and Zinc supplementation for Clinic-based Healthcare Workers, 2005.
2. Ministrio da Sade, Secretaria de vigilncia em sade, Departamento de anlise de
situao de sade. Estudo Sade Brasil 2008 http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/
saude_brasil_2008_web_20_11.pdf.
3. CDC Recommendations and Reports. Managing Acute Gastroenteritis among Children.
MMWR, CDC, 52/RR-16, 2003.
4. DeBuys W, et al. National Guideline Clearinghouse Evidence based clinical care guideline
for acute gastroenteritis (AGE) in children aged 2 months through 5 years Cincinnati
Childrens Hospital Medical Center; 2006 May.
5. Farthing, M et al. Guia Pratico da Organizao Mundial de Gastrenterologia: Diarria Aguda.
Maro 2008.
6. Hazinski MF et al. Provider Manual Pediatric Advanced Life Support - American Heart
Association 2011.
7. Pickering, L. K., Snyder, J.D. Gastroenterite. In Tratado de Pediatria Nelson 17 Ed.
Elservier 2005.
8. Greenbaum, L.A. Terapia dos Dficits. In Tratado de Pediatria Nelson 17 Ed. Elservier
2005.
9. Montaana, P A, Modesto I, Alapont, V et al. The use of isotonic fluid as maintenence
therapy prevents iatrogenic hyponatremia in pediatrics: A randomized controlled open study.
Pediatr Crit Care Med, 2008; 9: 589-597.
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10. Allen, JS, Martinez, EG, Gregorio, GV et al. Probiotics for treating acute infectious diarrhea.
Cochrane Database of Systematic Reviews, 2010, issue12, Art No.CD003048.DOI
10.1002/14651858 CD003048 pub 2.
ELABORAO DESTE DOCUMENTO
Autora: Anna Julia Sapienza
Ncleo de Pediatria Baseada em Evidncias ( poca da discusso): Eduardo Juan Troster, Adalberto Stape, Ana Claudia Brando, Debora A Kalman, Elda Maria Stafuzza Gonalves Pires, Marcelo L Abranczk, Tania M Russo Zamataro, Denise Katz, Maraci Rodrigues.
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GASTROENTEROCOLITE AGUDA CRIANAS E ADOLESCENTESORIENTAES PS ALTA HOSPITALAR
Informaes sobre a doena
A gastroenterocolite aguda (GECA) caracterizada por febre, vmitos, dor abdominal e diarreia. Estes sintomas podem aparecer isoladamente ou em associao. A diarreia propriamente dita caracterizada pelo aumento do nmero de evacuaes e/ou alterao da consistncia das fezes (lquidas ou semilquidas).
Os vrus so a causa mais comum. A eliminao destes ocorre pelas prprias fezes, podendo durar at duas semanas. Muitas vezes os quadros virais gastrointestinais so acompanhados de quadros respiratrios, com coriza, dor de garganta e tosse.
Durante o perodo de doena existe o risco de desidratao devido s perdas de lquido nas fezes e vmitos e pela baixa ingesto via oral.
Sobre o tratamento
No existe um tratamento especfico para o vrus. O objetivo do tratamento o alvio dos sintomas e a preveno da desidratao. O alvio dos sintomas realizado com medicamentos para combater a dor, a febre e os vmitos, conforme prescrio mdica. Para preveno da desidratao est indicada oferta frequente de lquidos por via oral.
Instrues para a casa
Oferea lquidas a vontade, vrias vezes ao dia. No necessrio evitar o leite. Oferea a dieta normal para a idade, de acordo com a aceitao da criana/ adolescente.
Retorne com seu mdico ou ao pronto atendimento se:
Seu filho apresentar sinais de desidratao como, por exemplo: Choro sem lgrimas; Boca seca, com saliva espessa ou ausente; Olhos encovados; Fontanela (moleira) deprimida nos bebs; Urina amarela escuro em pequena quantidade ou ausente; Prostrao, sonolncia.
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RESUMO
ANEXOS
DOCUMENTOS RELACIONADOS
DESCRIO RESUMIDA DA REVISO
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Eduardo Juan Troster (17/09/2013 01:42:50 PM) - A diarreia aguda uma doena autolimitada e de tratamento relativamente simples. A correta identificao, aporte hdrico necessrio e manuteno da dieta so as medidas que evitam a morte e desnutrio.
Eduardo Juan Troster (14/11/2014 10:01:50 AM) - Diretriz reformatada e revisada.
INTRODUOPOPULAO EXCLUDA: DIARREIA COM DURAO > 14 DIAS OU CRIANAS IMUNOSSUPRIMIDAS.DIRETRIZADAPTADO DE: OXFORD CENTRE FOR EVIDENCE - BASED MEDICINE - LEVELS OF EVIDENCE (MARCH 2009) HTTP://WWW.CEBM.NET/INDEX.ASPX?O=5653REFERENCIAS BIBLIOGRAFICASRESUMOANEXOSDOCUMENTOS RELACIONADOSDESCRIO RESUMIDA DA REVISO