dicas de prevenção ao bullying e cyberbullying (1)

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Dicas de Prevenção ao Bullying e ao Cyberbullying Ana Maria Albuquerque Lima Psicóloga, formada pela Universidade de Brasília. Mestre em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Desde 1999, trabalha na área de inclusão digital. Desenvolve prevenção ao cyberbullying em escolas públicas do país no Portal do Professor do MEC atuando na formação de educadores, tendo proferido várias palestras sobre a temática e ministrando cursos de prevenção sobre prevenção ao cyberbullying e sua relação com o bullying tradicional e uso ético e seguro da Internet.  Autora do livro Cyberbullying e Outros Riscos na Internet: Despertando a Atenção de Pais e Educadores, Editora Wak, 2011. 

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Cartilha de prevenção ao bullying e cyberbullying elaborada por Ana Maria Albuquerque para o Portal do Professor do MEC.

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Page 1: Dicas de prevenção ao bullying e cyberbullying (1)

Dicas de Prevenção ao Bullying e ao 

Cyberbullying

Ana Maria Albuquerque Lima

Psicóloga, formada pela Universidade de Brasília. Mestre em Educação pela Pontifícia Universidade Católica 

de São Paulo. Desde 1999,  trabalha na área de  inclusão digital. Desenvolve prevenção ao cyberbullying 

em  escolas  públicas  do  país  no  Portal  do  Professor  do  MEC  atuando  na  formação  de  educadores,  tendo 

proferido  várias  palestras  sobre  a  temática  e  ministrando  cursos  de  prevenção  sobre  prevenção  ao 

cyberbullying e sua relação com o bullying  tradicional e uso ético e seguro da Internet.   Autora do  livro 

Cyberbullying e Outros Riscos na  Internet: Despertando a Atenção de Pais e Educadores, Editora Wak, 

2011. 

Page 2: Dicas de prevenção ao bullying e cyberbullying (1)

∙O que é o bullying?

A palavra bullying é  de origem  inglesa e  implica o desejo consciente e deliberado de maltratar outra 

pessoa e colocá­la sob tensão. É um termo usado para descrever comportamentos agressivos e anti­sociais 

ou  um  conjunto  de  agressões,  intencionais  e  repetitivas,  sem  causa  aparente,  adotado  por  um  ou  mais 

indivíduos.  Em  relação  a  escola,  é  a  agressão  gerada  a  um  estudante  e  que  provoca  dor,  angustia, 

sofrimento, depressão e desequilíbrio de poder em outro aluno. As práticas de bullying, virtual ou presencial, 

apenas ocorrem quando a vítima não consegue se defender facilmente por ter menor força física ou por ser 

minoria, existindo, portanto, um desequilíbrio de poder entre ambos. 

 

Quais as principais características de bullying? 

1. Existência de um desequilíbrio de poder. 

2. Intenção de causar danos ao próximo.

3. Existência de uma ameaça ou agressão propriamente dita.

4. Clima tenso na escola gerado por bullying.

∙Quais os principais tipos de bullying? 

1. O bullying verbal: que inclui o ato de afrontar, atacar com ofensas, falar mal, caçoar, colocar 

apelidos depreciativos ou fazer piadas ofensivas. 

2. O bullying físico e material: que inclui o ato de espancar, chutar, empurrar, bater, golpear e roubar 

objetos da vítima. 

3. O bullying psicológico: que implica o ato de irritar, depreciar, desrespeitar, excluir do grupo, isolar, 

desprezar, perseguir, desonrar, provocar desavenças ou fofocas. 

4. O bullying moral: que inclui difamar, caluniar e discriminar. 

5. O bullying sexual: inclui estuprar, assediar ou insinuar.

6. O Cyberbullying: quando tais ações ou comportamentos negativos são desenvolvidos 

através de redes virtuais e do uso de outras tecnologias da informação e da comunicação.

Page 3: Dicas de prevenção ao bullying e cyberbullying (1)

Quais os sinais de alerta para bullying?

1. Quando o jovem apresenta um total desinteresse pela escola;

2.  Começa a fazer novos caminhos para ir até a escola;

3.  Sofre uma diminuição nas notas;

4. Começa a faltar as atividades da família e da escola;

5.  Tem muita fome depois da escola;

6.  Começa a roubar dinheiro de casa;

7.  Fica triste ou assustado após receber um telefonema ou correio eletrônico;

8. Começa a chegar em casa com roupa rasgada ou material escolar danificado;

9.  Para de falar sobre os pares e as atividades cotidianas;

10.  Começa a aparecer com machucados;

11.   Tem  dores  de  estômago  e  dores  de  cabeça,  ataques  de  pânico,  tem  insônia  e  se  sente  exausto 

durante o dia. 

12.  Prefere brincar sozinho ou ficar na presença de adultos. 

∙ 

Porque os jovens não falam do problema?

1. Eles se sentem envergonhados. 

2.  Têm medo de retaliação.

3.  Eles acham que ninguém pode ajudá­los. 

4.  Eles acham que ninguém irá ajudá­los. 

5. Eles acham que o bullying faz parte do crescimento e da vida. 

Page 4: Dicas de prevenção ao bullying e cyberbullying (1)

∙ O que fazer quando o seu filho sofrendo de bullying?

1. Procure ficar do lado do seu filho e acreditar nele. 

2. Não coloque a falta na criança. 

3. Afirmar que existem coisas que podem ser feitas para combater o problema. 

4.  Reporte o caso de bullying para a escola.

 

∙ O que evitar fazer se o seu filho está sofrendo de bullying?

1. Não procure minimizar ou racionalizar o problema. 

2.  Não tente apressar as coisas e tentar resolver o problema fazendo justiça com as próprias mãos. 

3.  Não diga o seu filho para evitar o agressor. 

4. Não incentive o seu filho a reagir a agressão de bullying. 

5.  Não confronte o agressor ou os pais dos agressores sozinho.

∙ Como reportar os casos de bullying na escola?

1. Marque um encontro entre você e sua criança com a pessoa apropriada na escola ou    telecentro. 

2. Traga  ao  encontro  os  fatos  escritos  com  data,  tempo,  lugar,  crianças  envolvidas  e  mais  algumas 

especificidades dos incidentes de bullying e o impacto que isso está gerando no seu filho.

3. Trabalhe na elaboração de um plano de como evitar novas situações de bullying com o seu filho na 

escola ou no telecentro. 

4. Procure saber o que está sendo feito com o agressor e o que a escola deve esperar acerca de como 

os pais do agressor devem agir.

5. Se você sentir que o problema não está sendo bem abordado pela escola, você pode  levar o caso 

para outras instâncias do distrito de sua escola ou inclusive chamar a polícia.

Já nos casos de cyberbullying, são feitos outros procedimentos, tais como veremos a seguir. 

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 Cyberbullying? Mas, o que seria isso?  

Cyberbullying  é  “o desejo  intenso de  infringir  danos  repetitivos a partir  do uso de 

computadores, Internet, celulares e outros tipos de dispositivos eletrônicos” (Hinduja 

& Patchin, 2006)

Na prática de cyberbullying estão incluídos os seguintes elementos: 

∙ Desejo intenso: o comportamento deve ser premeditado e intencional e não acidental. 

∙ Repetição: o bullying virtual reflete um padrão de comportamento repetitivo e não apenas um 

incidente isolado. 

∙ Dano: a vítima deve perceber que um dano foi infringido. 

∙ Uso de computadores, Internet, celulares ou outros aparelhos eletrônicos

Quais os principais tipos de cyberbullying?

Existem oito tipos de cyberbullying, tais como:

1. Provocação  incendiária:  mediante  discussões  que  se  iniciam  online  e  se  propagam  de  forma 

rápida usando linguagem vulgar e ofensiva;

2. . Assédio: caracterizado como sendo o envio de mensagens ofensivas, com o objetivo de insultar a 

vítima; 

3. Difamação: o ato de difamar ou injuriar alguém mediante fofocas e rumores disseminados na Internet 

visando causar danos a sua reputação; 

4.  Roubo de identidade: quando uma pessoa se faz passar pela outra na internet, usando seus dados 

pessoais, tais como conta de e­mail ou messenger, com o intuito de constranger e gerar danos à 

outra pessoa;

5.   Violação  da  intimidade:  mediante  divulgação  de  segredos,  informações  e  imagens  íntimas  ou 

comprometedoras de alguém; 

6.  Exclusão: mediante o distanciamento de alguém de modo intencional, em uma comunidade virtual;

7.  Ameaça cibernética: envio repetitivo de mensagens ameaçadoras ou intimidadoras.

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8. Happy Slapping: é a  interface mais nítida entre o bullying presencial e o virtual. Este  tipo de 

violência é gerado pela divulgação de vídeos mostrando cenas de agressão física, onde uma vítima 

pode ser escolhida, de forma intencional ou não, para ser agredida na rua e a violência infringida é 

gravada com câmeras de celular ou filmadoras e posteriormente o vídeo é postado em sites como o 

You Tube ou o Google Vídeos, visando humilhar ainda mais a pessoa agredida. Não há tradução 

deste termo para o português. 

Características do Bullying e Cyberbullying Direto e Indireto

Bullying Tradicional  Cyberbullying 

Bullying Direto 

Físico (ex. Bater). 

Material (ex. Destruir os pertences do outro. 

Verbal (ex. Falar mal). 

Não verbal (ex. Fazer gestos obscenos). 

Social (excluir alguém do grupo). 

Físico (ex. Happy Slapping). 

Material  (ex.  Mandar  propositalmente 

arquivos  com  vírus  para  danificar  o 

computador da vítima. 

Não  verbal  (ex.  Mandar  fotos  ou  imagens 

agressivas ou obscenas). 

Social  (ex.  Excluir  a  vítima  de  uma 

comunidade virtual). 

Bullying indireto  Cyberbullying indireto

Espalhar falsos rumores sobre a vítima.  Roubo  de  identidade  (ex.  Se  fazer  passar 

pela vítima). 

Disseminação  de  falsos  rumores  sobre  a 

vítima  usando  Internet,  celulares  e  outros 

aplicativos. 

Participação de sites de votação para difamar 

a vítima sem o seu conhecimento. 

Page 7: Dicas de prevenção ao bullying e cyberbullying (1)

∙  Quais  os  principais  sinais  emocionais  emitidos  pelos  jovens  vítimas  de 

cyberbullying?

1. Apresentam sinais de perturbação ou de ansiedade após o uso da Internet;

2. Tentam minimizar a tela sempre que um adulto passa por perto;

3. Tentam de apagar o histórico dos sites navegados;

4. Apresentam sinais de auto­estima baixa;

5.  Isolam­se da família e dos amigos.

Dicas de enfrentamento às práticas de cyberbullying:

1. Nunca responda, pois quando a pessoa reage, acaba atendendo ao objetivo do agressor que é o de 

incomodar e ferir, o que faz com que tais ações se tornem cada vez freqüentes. 

2. Não  faça  nenhuma  retaliação,  para  não   reforçar  o  comportamento  do  agressor  e  também   não 

alimentar o ciclo de agressão. 

3. Fale sobre o problema com um adulto da sua confiança, como pais e educadores da escola 

que você  freqüenta. É sempre bom contar com o apoio dos pais para  tentar  resolver este  tipo de 

problema, mas quando isso não é possível, pode procurar um professor ou o psicólogo da escola. Se 

isto  lhe deixa muito aflito e nervoso,  procure  reportar o  incidente de  forma anônima na escola ou, 

então,  converse  com especialistas  de  instituições  como a  Safernet,  que  poderá  lhe  dar  dicas  para 

resolver  o  problema. Para denunciar  causas de  cyberbullying para a  safernet,  deve­se mandar  um 

email para prevençã[email protected]

4. Procure sempre salvar as evidências. Devido ao  fato do cyberbullying ocorrer no ciberespaço, 

as ações do agressor podem ser  registradas e salvas para serem mostradas para uma pessoa de 

confiança que possa ajudar. Sem contar que salvar as evidências é fundamental, caso a vítima queira 

buscar apoio na Justiça. 

5. Bloqueie o agressor. Procure bloquear todas as comunicações com o agressor e caso isso ocorra 

numa sala de chat, saia dela imediatamente. 

6. Procure  ter  atitudes  civilizadas,  pois  você  estará  fazendo  um  favor  a  si  mesmo,  pois  isto  pode 

ajudar a terminar com o ciclo da agressão. 

Page 8: Dicas de prevenção ao bullying e cyberbullying (1)

7. Não se torne um agressor que pratica cyberbullying, pois esta ação pode reverter contra você 

mesmo e deve ser evitada. 

8. Seja amigo, ou seja,  sensível a quem  foi  agredido e procure evitar  ser parte da platéia, pois 

mandar forward de mensagens agressivas pode dar mais poder ao agressor e machucar ainda mais 

a vítima. Se você puder, procure pedir para o agressor parar, pois esta não é uma atitude adequada 

com  o  próximo.  Se  você  não  conseguir  convencer  o  agressor  a  parar  com  a  violência,  você  pode 

ajudar a vítima, auxiliando­a a explicar o que está acontecendo a um adulto responsável.

9. Procure  ajuda  profissional  especializada.  Se  necessário,  procure  ajuda  de  profissionais  de 

instituições especializadas em combater o cyberbullying, tais como: a Safernet, Polícia de Crimes 

Digitais, ou um psicólogo, ou um psiquiatra, ou um advogado de direito em informática.

Referências

ALBUQUERQUE­LIMA, Ana Maria. Cyberbullying e Outros Riscos na Internet: despertando a 

atenção de pais e educadores. Rio de Janeiro: Ed. Wak, 2011. 

HINDUJA, Sammer & PATCHIN, Justin. Bullies move beyound the schoolyard: a preliminary look at 

cyberbullying. Youth Violence and Juvenile Justice, 2006, Vol. 4, n.2, april, 2006, p. 148­169.