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Director José Rocha Dinis • Director Editorial Executivo Sérgio Terra • Nº • Sexta-feira, 20 de Junho de 2014 10 PATACAS PUB FOTO ARQUIVO Lisboa vai pagar subsídio de férias por inteiro Uma análise mais atenta à le- gislação levou o Governo a al- terar a estratégia em menos de 24 horas: os funcionários pú- blicos que já tenham recebido este ano a totalidade ou parte do subsídio de férias com o corte que estava previsto vão, afinal, receber o valor em fal- ta. Excluídos desta correcção estarão, porém, os trabalha- dores do sector empresarial do Estado que são regidos por normas de contratação colectiva de cada empresa. O anúncio foi feito pelo ministro da Presidência e dos Assuntos Parlamentares, Luís Marques Guedes, no final da reunião do Conselho de Ministros de ontem, vindo contrariar as de- clarações anteriores de Poiares Maduro segundo o qual quem já tinha recebido o subsídio de férias com cortes não teria di- reito a qualquer ajustamento depois da decisão do Tribunal Constitucional. Vídeo das agressões visto em Tribunal O Colectivo de Juízes do Tri- bunal Judicial de Base man- dou ontem exibir um vídeo que mostra imagens de agres- sões a um jovem num karaoke do NAPE. Pág. 7 Controvérsia no caso do aluno incapacitado Na sessão de esclarecimen- tos convocada pelo hospital público sobre o jovem alu- no incapacitado a família e o doente foram acusados de não cooperar. Pág. 6 O sector imobiliário não está de acordo que o Governo exija os contratos de arrendamento às agências imobiliárias para fiscalizar a contribuição predial urbana, dizendo mesmo que pode estar em causa uma violação da legislação sobre os dados pessoais. O sector critica o actual regime de imposto predial, dizendo que não é justo para os proprietários e que ainda faz falta uma lei de arrendamento que assegure os seus interesses perante os inquilinos não cumpridores. Proprietários não querem registo de arrendamentos A sonhar com a libertação Pág. 5 Tudo a postos para o derby local Benfica e Sporting defron- tam-se no domingo para de- cidir o campeão da Liga de Elite. Os intervenientes mos- tram-se confiantes num bom espectáculo. Págs. 8 e 9 Vistos gold originam queixas Em Portugal, há vivendas que estão a ser compradas a 500 mil euros por chineses, apesar de o valor de mercado ser 232 mil. As queixas já chegaram a advogados. Pág. 15 Fátima Almeida Págs 2 a 4 Já há proposta para lei dos animais Pág. 7

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Director José Rocha Dinis • Director Editorial Executivo Sérgio Terra • Nº • Sexta-feira, 20 de Junho de 2014 10 PATACAS

PUB

FOTO

ARQ

UIVO Lisboa vai pagar

subsídio de fériaspor inteiroUma análise mais atenta à le-gislação levou o Governo a al-terar a estratégia em menos de 24 horas: os funcionários pú-blicos que já tenham recebido este ano a totalidade ou parte do subsídio de férias com o corte que estava previsto vão, afinal, receber o valor em fal-ta. Excluídos desta correcção estarão, porém, os trabalha-dores do sector empresarial do Estado que são regidos por normas de contratação colectiva de cada empresa. O anúncio foi feito pelo ministro da Presidência e dos Assuntos Parlamentares, Luís Marques Guedes, no final da reunião do Conselho de Ministros de ontem, vindo contrariar as de-clarações anteriores de Poiares Maduro segundo o qual quem já tinha recebido o subsídio de férias com cortes não teria di-reito a qualquer ajustamento depois da decisão do Tribunal Constitucional.

Vídeo das agressõesvisto em TribunalO Colectivo de Juízes do Tri-bunal Judicial de Base man-dou ontem exibir um vídeo que mostra imagens de agres-sões a um jovem num karaoke do NAPE. Pág. 7

Controvérsia no casodo aluno incapacitadoNa sessão de esclarecimen-tos convocada pelo hospital público sobre o jovem alu-no incapacitado a família e o doente foram acusados de não cooperar. Pág. 6

O sector imobiliário não está de acordo que o Governo exija os contratos de arrendamento às agências imobiliárias para fiscalizar a contribuição predial urbana, dizendo mesmo que pode estar em causa uma violação da legislação sobre os

dados pessoais. O sector critica o actual regime de imposto predial, dizendo que não é justo para os proprietários e que ainda faz falta uma lei de arrendamento que assegure os seus interesses perante os inquilinos não cumpridores.

Proprietários não querem registo de arrendamentos

A sonharcom alibertação

Pág. 5

Tudo a postos para o derby localBenfica e Sporting defron-tam-se no domingo para de-cidir o campeão da Liga de Elite. Os intervenientes mos-tram-se confiantes num bom espectáculo. Págs. 8 e 9

Vistos goldoriginam queixasEm Portugal, há vivendas que estão a ser compradas a 500 mil euros por chineses, apesar de o valor de mercado ser 232 mil. As queixas já chegaram a advogados. Pág. 15

Fátima AlmeidaPágs 2 a 4

Já há propostapara lei dos animais

Pág. 7

02 JTM | LOCAL Sexta-feira, 20 de Junho de 2014

Propriedade: Tribuna de Macau, Empresa Jor na lística e Editorial, S.A.R.L. • Administração: José Rocha Dinis • Director: José Rocha Dinis • Director Editorial Executivo: Sérgio Terra • Grandes Repórteres: Fátima Almeida e Raquel Carvalho • Redacção: Sandra Lobo Pimentel (editora), André Jegundo, Liane Ferreira, Pedro André Santos, Susana Diniz e Viviana Chan • Correspondentes: Helder Almeida (Portugal) e Rogério P. D. Luz (Brasil) Colaboradores: Helder Fernando e Vitor Rebelo • Colunistas: Albano Martins, António Ribeiro Martins, Carlos Frota, Daniel Carlier, Francisco José Leandro, João Botas, João Figueira, Jorge Rangel e Luíz de Oliveira Dias • Grafismo: Rita Cameselle e Suzana Tôrres • Serviços Administrativos e Publicidade: Joana Chói ([email protected]) • Agências: Serviços Noticiosos da Lusa, Xinhua e Rádio ONU • Impressão: Tipografia Welfare, Ltd • Administração, Direcção e Redacção: Calçada do Tronco Velho, Edifício Dr. Caetano Soares, Nos4, 4A, 4B - Macau • Caixa Postal (P.O. Box): 3003 • Telefone: (853) 28378057 • Fax: (853) 28337305 • Email: [email protected] (serviço geral)

JORNAL TRIBUNA DE MACAU

Fátima Almeida*

São mulheres que experimentaram as teias do crime, algumas, dizem, sem o saberem. Há quem tenha sido condenada por falsificação de documentos, mas a sua pena maior seja privar o filho, de 10 meses e meio, de crescer em liberdade. Se para Li Guihua foi difícil ser mãe entre grades de ferro, para Lei Kuan é duro ter que aprender a ser adulta na prisão. Há um ano que está em preventiva. Aos 47 anos, Feng Li Hong também conheceu pela primeira vez as cores terra de um uniforme. Num mês aprendeu uma rotina veloz, embora o tempo ali avance pausadamente sem perdoar

JTM VISITOU O ESTABELECIMENTO PRISIONAL E CONHECEU HISTÓRIAS DE ALGUMAS RECLUSAS

As penas de uma ala sem liberdade

O bebé de Li Guihua não pára de chorar quan-do o traz consigo para

a sala perto do gabinete de relações públicas do Estabele-cimento Prisional de Macau. Além da cela que a mãe, de 25 anos, divide com outra mulher, o pequeno de 10 meses e meio só conhece as cores do recreio que fica para lá de uma porta azul, a alguns metros do edi-fício que este ano foi alargado para evitar que algumas re-clusas dormissem no chão. As lágrimas caem-lhe pelo rosto à medida que tenta encaixar nos olhos diferentes formas de es-paço. Desde que nasceu, o filho de Li Guihua saiu da ala femi-nina da prisão apenas uma vez, com a avó para cortar o cabelo.

Li Guihua foi condenada em 2012 a uma pena de três anos e meio por falsificação de docu-mentos, mas o peso do tempo atrás das grades é maior do que os dias que conta até à saída. “Sinto-me culpada, porque aqui aquilo que comemos e a vida diária é diferente. Estou encerra-da numa pequena cela num es-paço limitado e para o bebé não é um ambiente adequado, sinto--me culpada”, conta a jovem que foi detida em Macau por usar um cartão de crédito falso.

A história da sua detenção, diz Li Guihua, é “difícil de contar na totalidade”, mas na altura, afiança, “não sabia que estava a cometer um crime” quando veio de férias à RAEM. “Um amigo passou-me um car-tão para usar, mas afinal era falso e fui apanhada”, refere en-quanto o seu bebé procura con-solo nos braços, o único lugar que conhece com segurança.

Já Lei Kuan, natural de Ma-cau, tinha apenas 18 anos quan-do foi apanhada pela polícia, no ano passado, com droga, o que faz dela uma das mais novas detidas na ala feminina da prisão de Macau. O vício de consumir adensou o risco. “Um amigo meu pediu-me para ajudar a trazer a droga do Continente Chinês e depois fui apanhada. Já o tinha feito mais do que uma vez”, conta ao JTM com uma voz fina.

Quando olhamos para Lei Kuan pouco conseguimos adi-

vinhar do passado. O seu rosto de menina obriga-nos a querer trocar aquele uniforme prisio-nal – camisa branca e calças cor de terra seca – por outras vestes que nos lembrem mais a infância e os dias na escola. “Sei o que fiz e tenho que as-sumir as responsabilidade. Foi difícil habituar-me, mas tenho de aceitar, passo o tempo a ler livros”, refere.

22 de Julho de 2013 é uma data que não esquece: depois de detida pela polícia foi-lhe decretada pri-são preventiva. Vive há quase um ano sem saber o que o futuro lhe vai ditar. “Ainda não fui a julgamento. Acho que vai ser no próximo mês”.

Na prisão diz que é possível ouvir mú-sica mas o som das teclas do seu piano continua longínquo. Foi esta distância que lhe permitiu reflectir sobre a liberdade. “Quando sair, se conseguir, vou progredir nos estudos. Continuar a praticar piano. Gosto de música e que-

ria ter um trabalho ligado a esta área”, conta.

Lei Kuan entra nas estatísti-cas do Estabelecimento Prisio-nal em dois momentos: é uma das cinco reclusas com 20 anos ou menos e tem marcado no cadastro o crime que mais mu-lheres leva para trás das grades. Até Maio deste ano estavam detidas cerca de 70 mulheres por tráfico de estupefacientes.

Se a jovem de Macau esta-va ciente que além de traficar, consumir também era crime na RAEM, Feng Li Hong, de 47 anos, afirma que não sabia

que o consumo também lhe poderia tirar a liberdade, mes-mo na primeira tentativa. “Vim da China Continental jogar e consumi porque precisava de energia”, esclarece. “Quando me apanharam pensei que me iam expulsar do território. Não sabia que me conduziam para a prisão. Foi a primeira vez que entrei na prisão. Antes não con-sumia”, acrescenta a mulher que

também estava ilegal em Macau.

Dentro do edifício são agrupadas em ce-las onde cabem 16 ou

18 pessoas, havendo uma sepa-ração entre as mulheres conde-nadas e as que estão em prisão preventiva, como é o caso de Lei Kuan e Feng Li Hong. As mães dividem uma cela, duas as duas. Na parte do edifício que foi reservado para as re-clusas mais jovens, há menos pessoas dentro dos rectângulos. Uma rapariga negra está sozi-nha agarrada aos seus cader-

Divido a cela com uma companheira que também tem um filho. Não há

alternativa tenho que me adequar ao ambiente e à situação e não posso fazer nada. Um bebé está a comer e chora e

acorda o outro mas só podemos abraçá--los bem para se acalmarem

Li Guihua, 25 anos, reclusa mãe

Sexta-feira, 20 de Junho de 2014 JTM | LOCAL 03

-lo em mãos desconhecidas. Mesmo que não consiga sair da prisão em 2015, a pena termina antes do bebé fazer três anos, o máximo permitido para que uma criança viva com a mãe atrás das grades. Após aquela idade, é a família que vive cá fora que assume a responsabilidade ou então as crianças ficam ao cuidado de uma instituição.

Lei Kuan não sabe quando irá poder tocar no seu piano. Apenas descobriu o significado da família quando se viu pri-vada do contacto diário com os laços da sua existência. “Fiz uma introspeção já sei que cometi erros. Pensei sobretudo por causa da minha mãe. Não tínhamos uma relação boa, mas depois descobri que sempre me apoia”, vincou a jovem de 19 anos.

Quando foi presa tremeu de medo. A imagem que tinha da prisão era pior do que a realidade com que se deparou. “Não encontro dificuldades, desde que tenha uma boa relação com as outras reclusas”, refere. “Antes de entrar pen-sei que ia sofrer com a força das outras reclusas, mas não é assim. Também se

ajudam umas às outras”.A sua rotina é sobretudo alinha-

vada com histórias. “Aqui alugo livros e também me inscrevi para frequentar um curso de secundário. Vem aqui uma professora”, conta. Menos habituada à vida na prisão está Feng Li Hong, mas num mês tornou-se veloz. “Não tenho hábi-tos especiais. Vivo com as minhas

colegas de cela. A minha é transitória e tem oito camas. Actualmente está cheia. Agora faço todas as coisas mais depres-sa: ir à casa de banho, comer”.

Em Macau já conhecia bem o ritmo às mesas de jogo. Desde 2000 que gastou em apostas perdidas mais de 200 mi-lhões. “Já tinha este vício. Perdia e que-ria recuperar esse dinheiro, mas voltava a perder. Tal-vez agora que tenho de ficar aqui consiga parar”, espe-rançou. Por enquanto es-pera pela visi-ta semanal da família.

Até chegar à sala de visi-tas – um corre-dor com cabi-nes – há vários controlos de s e g u r a n ç a . Para os hu-manos, para a comida. Quan-do o filho a veio visitar da China as pala-vras bateram sempre num vidro. Se não fosse o telefo-ne que há de

de Macau

da China Continental

de Hong Kong

de Taiwan

de outros países ou regiões

Capacidade da prisão até Maio

Capacidade total

nos. Noutras ficam três ou quatro. Algu-mas camas estão vazias, sem colchões, apenas uma tábua de madeira decora os ferros dos beliches.

As obras de expansão que ficaram concluídas em Março deste ano permi-tiram que cada reclusa conseguisse vol-tar a ter uma cama onde dormir. Com a mudança há mais espaço para salas de aulas, mas são necessários ajustes para que seja possível ter outras estruturas e agrupar as presas e realizar actividades. Na parte do edifício onde fica a maioria das reclusas, uma sala designada para workshop foi transformada numa cela para que haja mais espaço. Ali ficam as que fumam.

Algumas sorriem ao ver um rosto desconhecido subir as escadas. Outras continuam voltadas de costas a apren-der Inglês numa sala com um professor. Ao longe avistam-se nos cadernos letras alinhadas. Jovens com camisa de man-ga curta com um número gravado nas costas escrevem uma nova página, na tentativa de esquecer o passado e tentar com que o presente avance rumo a um

futuro em que os dias não nasçam entre pequenas filas de ferros.

São cerca das quatro da tarde. A essa hora, a cantina está vazia. Com seis me-sas alinhadas e uma televisão desligada. Só podem ver por aquele ecrã o que se passa no mundo em determinado mo-mento. Comem por turnos.

Para Li Guihua a “rotina é simples”, mesmo que tenha de pensar por dois. “Levantamo-nos às 7h para a contagem de pessoas, depois trato do leite do bebé, mais tarde vamos ao recreio”, descre-veu. “Divido a cela com uma compa-nheira que também tem um filho. Não há alternativa tenho que me adequar ao ambiente e à situação e não posso fazer nada. Um bebé está a comer e chora e acorda o outro mas só podemos abraçá--los bem para se acalmarem”.

Aos 25 anos, Li também não escolheu ser mãe. “Logo à entrada descobri que estava grávida. Não queria ficar com o bebé mas não tinha alternativa. Não casei ainda. Ao ficar com ele a respon-sabilidade aumentou. Pensei: como ser mãe?”, referiu Li, do Continente Chinês, mas que estava na Malásia através de um programa de intercâmbio. “Há uma grande diferença entre ser mãe aqui e lá fora. Sinto-me culpada”, continua. “Quando tiver liberdade fico sozinha com ele, tenho que educá-lo, dar-lhe co-mida, tudo de melhor”.

No próximo ano Li vai pedir a liber-dade condicional. Sem ninguém que a possa amparar cá fora, a matemática é a única a dar-lhe a certeza que não pre-cisa de separar-se do filho para entregá-

Sei o que fiz e tenho que as-sumir as responsabilidade. Foi difícil habituar-me, mas

tenho de aceitar, passo o tempo a ler livros

Lei Kuan, 19 anos, em preventiva por tráfico de droga

cada lado do corre-dor poderiam ape-nas ler-se os lábios. Os abraços ficam quase sempre para os dias que a pri-são considera es-peciais, através de programas como o Dia da Criança. Normalmente os rostos familiares que foram deixa-dos no exterior observam-se na

prisão uma vez por semana, sem nunca se tocarem.

Li Guihua às vezes tem apenas o seu bebé. Os outros parentes ficam do ou-tro lado da fronteira. E assim vive num misto de emoções a tentar responder à pergunta, diariamente, como ser mãe entre grades, portas de ferro que quase

escondem o sol. A sentir ao mesmo tem-po que depois de se ver forçada a ser a matriarca de uma família a dois não poderia jamais deixar o pequeno rapaz, na esperança de um dia lhe recuperar a infância e quem sabe aquelas lágrimas assustadas se convertam em sorrisos quando se habituar aos parques infan-tis, às faces rosadas das outras crianças e com elas brincar. Talvez para o ano, em liberdade condicional, talvez daqui a dois, esqueçam ambos as cores terra da prisão. E nessa altura, quem sabe, se ouvirá também o piano de Lei Kuan, que já toca dentro de si uma melodia de arrependimento. No próximo mês conhecerá o seu destino: quanto tempo terá ainda de continuar a tocar as teclas da sua imaginação para apagar um erro à saída da adolescência.

* Os nomes usados nesta reportagem são fictícios para preservar a privacidade

dos entrevistados

Sexta-feira, 20 de Junho de 201404 JTM | LOCAL

A maioria das 211 mulheres detidas em Macau cometeu crimes relacionados com droga. Segundo uma técnica social do Estabelecimento Prisional de Macau houve um aumento deste tipo de delito o que também terá contribuído para a lotação da ala feminina. Depois das obras de ampliação todas as reclusas têm uma cama, mas o espaço ainda continua a ser limitado. Kuok Sok I acredita que quando estiver construída a nova prisão “as condições vão ser melhores”

CONDIÇÕES VÃO MELHORAR MAIS COM NOVA PRISÃO FEMININA

Expansão em espaço limitado

Fátima Almeida

TÉCNICA SOCIAL DIZ QUE SOCIEDADE DE MACAU ACEITA BEM EX-PRESIDIÁRIOS

20 reclusos conseguiram emprego desde 2012Dos 42 reclusos inscritos para entrevista 20 conseguiram um emprego para recomeçar a vida depois de deixarem a prisão. O programa de reinserção profissional dos reclusos pré-libertação começou há dois anos

Desde 2012, ano em que foi implementado o pla-no de reinserção profissional dos reclusos, foram inscritos para entrevista 42 reclusos – homens

e mulheres - tendo 20 sido recrutados com sucesso, de acordo com os números fornecidos ao JTM pelo Estabe-lecimento Prisional.

A técnica social, Kuok Sok I sublinha que a sociedade local tem recebido os ex-reclusos ajudando-os a integra-rem-se. “Na realidade de Macau, os residentes aceitam estas pessoas. Actualmente a prisão e a Direcção dos Ser-viços para os Assuntos de Justiça têm colaborado num plano de recrutamento que começa antes da libertação”, disse.

As áreas de emprego abrangidas no programa ga-rantem posto de trabalho em cozinhas de restaurantes, abastecimento de gasolina, pastelaria, limpeza e serviço de mesa e bar.

Para que as possibilidades de inserção sejam poten-

cializadas, têm vindo a ser organizados cursos. No ano lectivo de 2012/2013, 137 reclusos concluíram o ensino primário recorrente, 87 o ensino secundário geral e oito a universidade. A maioria aposta, contudo, em cursos de formação técnico profissional, tendo no ano passado 260 participado neste programa. Já 122 optaram por cursos profissionais com certificado.

Em 2013, houve ainda 879 participações em semi-nários e workshops e 386 integrações em actividades recreativo-culturais e passatempos. Os trabalhos volun-tários também fazem parte do currículo da prisão. No ano passado realizaram-se 27 actividades que contaram com a participação de 66 reclusos.

No total estão presas em Macau 1.210 pessoas, 999 dos quais são homens. 944 estão condenados (784 ho-mens e 160 mulheres) e 266 em prisão preventiva (215 homens e 51 mulheres).

F.A.

Há 1.210 pessoas detidas

Desde 2012…

42 reclusos foram entrevistados20 conseguiram emprego

Em 2013…

137 concluíram o ensino primário, 87 o ensino secundário geral

8 a universidade66 fizeram voluntariado

Até Maio deste ano esta-vam presas 211 mulhe-res, uma boa parte (67)

por tráfico de droga. A reentra-da ilegal no território é o segun-do crime da lista, com 29 casos registados. Há reincidência. Vinte seis furtaram, o mesmo número também burlou. Quatro chegaram a matar ou há provas que indicam que o fizeram.

O alargamento da ala femi-nina foi concluído este ano para evitar que as reclusas continuas-sem a dormir no chão, mas to-dos os problemas só deverão ficar resolvidos quando estiver em funcionamento o futuro Es-tabelecimento Prisional.

O aumento dos crimes re-lacionados com a droga foi um dos motivos para que a capaci-dade da ala feminina se tenha esgotado levando a que algu-mas reclusas não tivessem uma cama. “Talvez tenha a ver com o crescimento de crimes com estu-pefacientes. Este tipo de crimes estão sobretudo relacionados com mulheres. Com o aumento de reclusas no passado surgi-ram problemas de espaço, pelo que foram feitas as obras”, refe-riu Kuok Sok I.

Na perspectiva da técnica so-cial, tendo em conta o histórico

das reclusas da ala feminina do estabelecimento prisional pode-ria ser “reforçado o apoio pres-tado” ao “nível da relação com as famílias”. “Se os familiares estiverem disponíveis podem com a ajuda das técnicas recons-truir a relação”, vinca Kuok Sok

I, notando que este é um aspecto muito importante para a futura integração na sociedade.

“Acompanhei casos também de jovens que foram detidas por tráfico ou consumo de droga e geralmente essas pessoas têm problemas de família e depois

de terem sido presas, através de programas como o trabalho voluntário, mudaram. Quando saem, muitas delas, consegui-ram um emprego”, reportou a técnica social.

Porém, longe está a possi-bilidade de criar uma prisão para mulheres, como algumas académicas defendem devido às necessidades diferentes que as reclusas têm dos homens. “Uma prisão exclusiva para homens e outra para mulheres seria o ideal, mas face à realida-de de Macau, em que há falta de espaço não temos condições para isso”, considerou a técnica social. “Às vezes por causa do espaço limitado têm que passar em frente ao Estabelecimento Prisional dos homens [para ir para as oficinas] mas não há con-tacto. Acredito que com a nova prisão as condições vão ser me-lhores”, notou.

Kuok Sok I acredita que hou-ve benefícios com obras de alar-gamento, uma vez que além de mais celas foi possível integrar mais salas de aula, mas o espa-ço continua exíguo. “Naquela ala, devido ao espaço, os equi-pamentos são muito limitados, mas as infra-estruturas foram melhoradas e o ambiente tam-bém”. “No passado, durante um curto período de tempo as reclu-sas tiveram de dormir no chão e

essa situação foi melhorada com o alargamento da ala feminina”, acrescentou.

Até Maio, para as 211 deti-das havia uma capacidade de 243 pessoas, mas no total a ala feminina pode receber até 315 pessoas. A maioria das reclu-sas (68) tem entre 21 e 30 anos, mas Kuok Sok I revela que “há um pequeno aumento” entre as reclusas ainda mais jovens. Entre os 31 e os 40 anos existem 51 reclusas, número que é supe-rado por aquelas que têm entre 41 e 50 anos (63). Acima dos 60 existem apenas duas. Das 211 reclusas, 55 são de Macau, 80 da China Continental, 15 de Hong Kong, uma de Taiwan, 60 de ou-tros países ou regiões.

Como grande parte das mulheres detidas são jovens o programa de estudos é uma das componentes que está a ser desenvolvida. “Temos ensino secundário equivalente ao das escolas. Além disso também temos cursos de línguas como português, inglês e mandarim com a duração de alguns meses. Também temos cursos profis-sionais, como de contabilidade, empregados de mesa, cosmética, e para este último há um certifi-cado que é reconhecido a nível internacional depois de prestada uma prova”, exemplificou Kuok Sok I.

*As fotos desta reportagem foram feitas pelo Estabelecimento Prisional de Macau durante a visita do JTM

Sexta-feira, 20 de Junho de 2014 JTM | LOCAL 05

SECTOR IMOBILIÁRIO NÃO QUER QUE GOVERNO PEÇA VÍNCULOS DE ARRENDAMENTO ÀS AGÊNCIAS

Proprietários contra contribuição predial urbanaO sector imobiliário não concorda que o Governo exija os contratos de arrendamento às agências imobiliárias para efeitos de cobrança de impostos. Na opinião dos proprietários, a disponibilização dessa informação é passível de constituir uma violação da legislação sobre os dados pessoais. Por outro lado, o sector critica o actual regime de imposto predial, dizendo que não é justo para os proprietários e que ainda faz falta uma lei de arrendamento que assegure os seus interesses

Viviana Chan

Numa visita à Direcção dos Serviços de Finanças (DSF), o presidente da Associação Co-

mercial de Fomento Predial de Macau manifestou a dificuldade do sector em declarar o conteúdo escrito nos contra-tos de arrendamento, o que é obrigató-rio de acordo com a lei de Macau.

Lok Wai Tak, responsável máximo da associação, apontou que muitos membros apresentaram queixas sobre esta exigência dos Serviços de Finan-ças, indicando que consideram que os agentes imobiliários caso o façam, estão a violar a legislação respeitante à protecção de dados pessoais. Nesse contexto, o presidente da associação apelou às autoridades a “considerar mais a situação real” na lógica de im-plementação da lei.

Além disso, Lok Wai Tak referiu que, recentemente, a DSF tem obrigado as pequenas e médias agências imobi-liárias no território a entregar as cópias dos contratos de arrendamento feitos desde 2013. Perante essa situação, o dirigente considera que não é possível obedecer a esta ordem do organismo.

Na reunião com os dirigentes da DSF, o responsável revelou que mui-tos proprietários, depois de ouvir esta

exigência, pediram às agências para devolver a versão original do contrato, avisando que em caso de estas declara-

rem os dados, terão de assumir a res-ponsabilidade por violação dos dados pessoais.

Lok Wai Tak entende a necessidade de cobrança de impostos pelo Gover-no, mas no caso específico da contri-buição predial urbana, a associação considera que o Governo deve fazer mais na sensibilização aos proprie-tários, nomeadamente, explicar para que serve e motivar ao pagamento espontâneo. Mas para tal, não consi-dera “boa ideia” obter as informações dos proprietários através das agências imobiliárias.

Até porque entende que a contribui-ção predial urbana muito criticada em Macau, já que a obrigação fiscal existe mas “o interesse dos proprietários não pode ser assegurado” e não há segu-rança jurídica, por exemplo, quando é necessário despejar um inquilino por falta de pagamento das rendas. Segun-do a actual lei, os proprietários só po-dem expulsar os inquilinos após dois anos, mas não deixam de ter que pagar a contribuição predial urbana.

De acordo com o jornal “Ou Mun”, a directora da DSF, Vitória Alice Maria da Conceição, explicou que os fiscais não vão pedem a versão original do contrato de arrendamento às agências quando o contrato já foi sujeito ao pa-gamento do imposto do selo, salien-tando que a DSF tem feito uma cam-panha de sensibilização constante aos moradores.

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ARQ

UIVO

Sector diz que o Governo está a pedir os contratos originais às agências imobiliárias

FALTARAM TESTEMUNHAS NO JULGAMENTO DA AGRESSÃO FATAL NO NAPE

Tribunal exibiu vídeo com agressõesA falta de comparência de muitas das testemunhas convocadas para a sexta audiência do caso que resultou na morte de um jovem no NAPE levou o Colectivo de Juízes a visionar alguns dos vídeos da noite das agressões fornecidos pela PJ. A sessão foi ainda marcada pelos testemunhos de dois inspectores que garantiram não ter conseguido identificar nas imagens nenhum dos arguidos, nem mesmo a vítima

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ARQ

UIVOSusana Diniz

Testemunhas não compareceram em Tribunal

Dois inspectores da Po-lícia Judiciária (PJ) fo-ram duas das testemu-

nhas ouvidas na audiência de ontem relativa ao caso de uma agressão que resultou na mor-te de um jovem de 15 anos, na madrugada do dia 20 de De-zembro de 2012.

Face ao atraso das testemu-nhas convocadas para a sexta audiência do julgamento, o Co-lectivo de Juízes, presidido por Mário Silvestre, decidiu visionar alguns dos vídeos, apresentados como prova pela PJ. Numa das fitas visionadas, as imagens apresentaram a agressão a um jovem por outros seis. Contudo, nenhum dos inspectores presen-tes na sala disse ter conseguido identificar os jovens das ima-gens, nem mesmo identificaram a vítima da agressão.

O Juiz Presidente solicitou de seguida aos arguidos que se

levantassem, caso fossem os in-tervenientes na acção praticada no vídeo. Os arguidos Tam Chi Chon, Kuan Man Hou, Chan Wai Chon, Lao Kit Wo, Iong Chi Hang e Wong Man Seng levan-taram-se, assumindo-se como culpados daquele acto.

No entanto, os inspectores da PJ garantiram que o jovem agredido não se tratava de Cau Chon, o estudante de 15 anos que acabou por falecer na se-quência do alegado ataque que sofreu naquela noite.

Porém, a história começou a delinear contornos com a pre-sença de outras testemunhas. Uma das ouvidas em tribunal na audiência de ontem era uma das jovens que foi convidada pelo arguido Ao Ieong Weng Hang, que celebrava o aniversá-rio nesse dia.

Segundo o seu testemunho, a jovem e a amiga “Si Si” foram até à sala onde estava a vítima, por “ser seu amigo”. De repen-te, um dos arguidos terá entrado

na sala e agredido a vítima com murros, pontapés e socos e com copos de vidro.

A jovem disse ao Juiz Presi-dente que Lei Chi Keong estava interessado na sua amiga “Si Si” e que pretendia pedir-lhe namo-ro, por isso não terá gostado que ela entrasse na outra sala do bar de karaoke.

A audiência ficou ainda mar-cada pelo testemunho de mais um jovem que esteve presente na noite dos factos que, com muito esforço e várias pergun-tas por parte do Colectivo, do Ministério Público e dos advo-gados de defesa, acabou por confessar ter visto a agressão à vítima, chegando a identificar três dos arguidos como respon-sáveis pelos actos.

Porfírio Azevedo Gomes, advogado de Chan Chi Meng, chamou duas testemunhas abo-natórias, que confirmaram os óptimos resultados do arguido na escola bem como a sua dis-ponibilidade para trabalhos de

voluntariado, sendo considera-do um “jovem obediente e intro-vertido”.

Devido à não comparência de muitas das testemunhas ar-

roladas ao processo, o Colecti-vo de Juízes decidiu proceder à sua notificação formal para que sejam ouvidas na próxima au-diência.

Sexta-feira, 20 de Junho de 2014Sexta-feira, 20 de Junho de 201406 JTM | LOCAL

O caso que envolve o jovem Chan Pou U, que ficou incapacitado depois de uma lesão na coluna, continua a gerar controvérsia. Os médicos não sabem explicar a incapacidade do jovem e denunciam a falta de cooperação do doente e da família. O Centro Hospitalar Conde São Januário contou a sua versão, mas foi a presença da funcionária dos Serviços de Saúde na casa do jovem que dominou as questões

ESTADO DO JOVEM NÃO TEM EXPLICAÇÃO DIZ O HOSPITAL PÚBLICO

Confusão no caso do jovem incapacitado

FOTO

WON

G SA

NGLiane Ferreira

Numa conferência de imprensa destinada a esclarecer a posi-ção dos Serviços de Saúde e

do Centro Hospitalar Conde de São Ja-nuário (CHCSJ), relativamente ao caso do adolescente Chan Pou U, a presen-ça de uma funcionária para assistir à conferência de imprensa realizada em conjunto pela família do jovem e pela associação “Consciência de Macau”, na fracção onde o jovem habita, acabou por ser o tema mais debatido.

Iong Iat Fong, responsável da Equi-pa de Ligação e de Apoio à Comuni-cação Social dos Serviços de Saúde, declarou que o envio da funcionária foi motivado pelo desejo de saberem rapidamente o que seria discutido, ad-mitindo que “não fizemos uma avalia-ção” prévia.

A responsável de relações públicas afirmou que a funcionária “obteve a minha concordância”, assumindo as-sim que é sua “responsabilidade”. Em momento posterior e após mais ques-tões, mencionou a instauração de um processo disciplinar para averiguação

da situação e para perceber melhor o que se passou na conferência de im-prensa.

Para além disso, foi ainda referido

que o director dos Serviços de Saú-de desconhecia a decisão tomada por aquele departamento.

Caso de Chan Pou U “não é normal”Antes de as atenções se direcciona-

rem para os acontecimentos de quarta--feira, um painel composto pelo director do CHSJ, Chan Wai Xin, pelo médico ortopedista Xie Lin e por Wong Soi Tou, médico consultor de medicina de reabi-litação, apresentaram factos relaciona-dos com o estado físico e emocional de Chan Pou U.

Wang Soi Tou, da unidade de cui-dados continuados, revelou que a 23 de Novembro de 2013, a mãe de Chan

Cutelos apreendidos pela polícia, pertencentes à mãe de Chan Pou U

ANÚNCIO

Nos termos do artigo 62º do Código Comercial e da alínea b) do nº 1 do artigo 65º do Código do Registo Comercial, dá-se conhecimento que foram registados a dissolução e o encerramento da liquidação da “COMPANHIA DE CONSULTADORIA E MEDIÇÃO DE CONSTRUÇÃO SINO-TECH LIMITADA”, em chinês “中偉建築測量顧問有限公司”, em inglês “SING-TECH CONSTURCTION AND SURVEYING CONSULTANCY COMPANY LIMITED”, com sede em Macau, na Calçada da Vitória, nº 40, Edifício “Chong Pak”, rés-do-chão “A”, matrículada na Conservatóra dos Registos Comercial e de Bens Móveis sob o nº 43935. Não existindo dividas, o activo será partilhado pelos sócios de acordo com a quota de cada um.

COMPANHIA DE CONSULTADORIA E MEDIÇÃO DE CONSTRUÇÃO

SINO-TECH LIMITADA

Direcção dos Serviços de Turismo

Mandado de Notificação Nº 276/AI/2014

--Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se os infractores NG HONG YI (Portador do Bilhete de Identidade de Residente Permanente da RAEM n.° 13285xx(x)) e WU WANFANG (Portadora do Salvo-Conduto de Dupla Viagem da R.P.C. n.° W57222xxx), que na sequência do Auto de Notícia n.° 24/DI-AI/2012 de 07.03.2012, levantado pela DST, por controlar a fracção autónoma situada na Avenida da Amizade n.° 898, Edifício Amizade 4.° andar G, Macau e utilizada para a prestação ilegal de alojamento, bem como por despacho da signatária de 10.06.2014, exarado no Relatório n.° 474/DI/2014, de 19.05.2014, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas), e ordenada a cessação imediata da prestação ilegal de alojamento no prédio ou da fracção autónoma em causa, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e n.° 1 do artigo 15.°, todos da Lei n.° 3/2010. --O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma. --Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo, a interpor no prazo de 60 dias, conforme estipulado na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro e no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010. --Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada. --O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.ºs 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau. --Direcção dos Serviços de Turismo, aos 10 de Junho de 2014.

A Directora dos Serviços, Subst.ª,Tse Heng Sai

Direcção dos Serviços de Turismo

Mandado de Notificação Nº 277/AI/2014

--Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor NG HONG YI (Portador do Bilhete de Identidade de Residente Permanente da RAEM n.° 13285xx(x)), que na sequência do Auto de Notícia n.° 24.1/DI-AI/2012 de 07.03.2012, levantado pela DST, por quem angariar pessoa com vista ao seu alojamento na fracção autónoma situada na Avenida da Amizade n.° 898, Edifício Amizade 4.° andar G, Macau e utilizada para a prestação ilegal de alojamento, bem como por despacho da signatária de 10.06.2014, exarado no Relatório n.° 475/DI/2014, de 19.05.2014, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $20.000,00 (vinte mil patacas), nos termos do n.° 2 do artigo 10.° da Lei n.° 3/2010. --O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma. --Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo, a interpor no prazo de 30 dias, conforme estipulado na alínea a) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro e no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010. --Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada. --O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção nºs 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau. --Direcção dos Serviços de Turismo, aos 10 de Junho de 2014.

A Directora dos Serviços, Subst.ª,Tse Heng Sai

Dois mil milhões em tratamentos no exterior

O director Chan Wai Xin afirmou que desde 20 de Dezembro de 1999, o Governo gastou dois mil milhões de patacas em serviços de saúde no estrangeiro, para cerca de 20.000 residentes. Com 99 por cento dos requerimentos deferidos, a concessão desta ajuda governamental sofreu um aumento substancial de 2000 a 2012, de 720 pessoas para 2.591. O aumento do investimento subiu de 30 milhões para 300 milhões de patacas. “É um regime transparente e público. Não consideramos a despesa ou o local, o mais importante é a necessidade”, afirmou Chan Wai Xin.

Pou U terá levado um mestre de me-dicina tradicional chinesa a visitar o adolescente, sem ter informado o hospital. O mestre terá feito massa-gens ao jovem, que após a visita, se queixou do agravamento das dores o que terá originado o desmaio relatado pela mãe.

A progenitora foi informada e terá ficado muito agitada, tendo ido para o hospital com dois cutelos de cozinha, sendo necessária a intervenção da polí-cia, disseram.

No seguimento de exames a Chan Pou U, nos quais não foi detectado ne-nhum problema, o adolescente teve um acesso de raiva, tentando bater nos fun-cionários hospitalares.

O director do hospital afirmou que o caso não é normal. O médico ortope-dista Xie Lin, que acompanhou o caso a partir de 2011, admitiu que os exa-mes não apontam para a existência de um problema, pelo que desconhecem o motivo que o impede de levantar ou andar. Xie Lin indicou que havia uma deslocação no cóccix, que seria resulta-do do acidente, mas não pode afirmar que não houve lesão anterior.

Segundo o mesmo médico, numa primeira fase, o jovem estava bem, podendo ir à escola e até jogar bas-quetebol, porém, dores muito fortes terão despoletado acessos tempera-mentais do jovem, tendo-se tornado difícil comunicar com ele e com a fa-mília, nunca lhe tendo sido negado o tratamento.

O director explicou que houve finan-ciamento para que o jovem pudesse re-ceber tratamento em outras instituições e fez 28 sessões de tratamento no hospi-tal público.

Sexta-feira, 20 de Junho de 2014 JTM | LOCAL 07

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ARQ

UIVO

Depois de sete anos em processo de elaboração – entre auscultações, revisões e silêncios – a Lei de Protecção dos Animais foi ontem apresentada pelo Conselho Executivo contemplando uma moldura penal com multas de 2.000 até às 100.000 patacas e pena máxima de prisão de três anos. As sanções são aplicadas em casos de maus tratos, como ferir gravemente, tirar órgãos ou matar um animal. Para a Sociedade Protectora dos Animais o diploma devia ter seguido uma filosofia em que se tipificasse a crueldade

ANIMA LAMENTA NÃO SE FALAR EM TIPIFICAÇÃO DE CRUELDADE

Três anos de prisão para maus tratos a animais

Fátima Almeida

O Conselho Executivo apresentou ontem a proposta de Lei de Pro-

tecção dos Animais que prevê multas entre as 2.000 e as 100.000 patacas e três anos de prisão para maus tratos que resultem em defeitos graves, perda de órgãos principais ou causem a morte ao animal. A pena máxi-ma pode ser aplicada em casos de abate ilegal, como matar um cão ou gato para consumo, ex-plicou a administradora do Ins-tituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), Ung Sau Hong.

O diploma proíbe ainda o abandono, a incitação à luta entre animais e a exposição ou venda de animais recém-nasci-dos, mas não foi referido em que termos. No documento estarão também vertidas as obrigações que o proprietário tem que cumprir sob pena de ficar sem o animal. Nesse caso compete ao IACM “apreender e conduzir ao canil municipal os animais”. Se não encontrarem um novo dono os animais serão alvo do que o Governo considera um “abate legal”.

De acordo com o porta-voz do Conselho Executivo, o di-ploma que esteve em elabora-ção desde 2007 – passando por

consultas públicas e sucessivos atrasos – foi definido tendo em conta duas vertentes. “Há toda a conveniência em legislar nesse sentido, não só para salvaguar-dar a saúde pública e zoonoses [doenças transmitidas por ani-mais vertebrados], como para prevenir e reprimir, de forma eficaz, os casos de maus tratos que, não raros, são infligidos a animais e a resolver os conflitos sociais que surgem do acto de os criar”.

Leong Heng Teng sublinhou que o articulado inclui um me-canismo de maior protecção para os animais, uma vez que, por exemplo, ao nível das san-ções houve um agravamento. “Antes as multas eram peque-nas, entre as 200 e 300 patacas, mas com este diploma houve um aumento muito elevado”, referiu. “A partir de 2007 o IACM iniciou a elaboração de um documento da lei de posse de animais e na altura foram ouvidos vários sectores. Mas a sociedade considerou que era necessário um aprofundamento e fazermos um documento mais completo”, disse Leong Heng Teng para justificar o atraso.

Contudo, o presidente da So-ciedade Protectora dos Animais (Anima) lamenta que o IACM não tenha seguido a “filosofia” proposta por quem trabalha no terreno pelos direitos dos

animais. Além do aumento das multas e da previsão de uma pena de prisão para quem mal trate os animais, medidas que a Anima defende, Albano Mar-tins mostra-se preocupado com o facto do IACM não ter partido para a tipificação dos casos de “crueldade”.

Isto porque, “maus tratos” são apenas um tipo de cruelda-de. Se a proposta de lei prevê que ferir um animal é nitidamente um mau trato, dúvidas conti-nuam a existir quanto a outros tipos de abuso. “Por exemplo, se um cão for deixado fechado dias a fio numa jaula não é um mau trato? Temos animais em Macau

que estão toda a vida enjaula-dos”, refere Albano Martins.

O presidente da Anima con-gratula, contudo, o facto de o IACM ter desistido da ideia de criar uma lei de animais de es-timação. “Protestámos e pelo menos não fizeram uma lei para animais de estimação, como es-tava para ser feito, assim os gal-gos não estavam abrangidos”, disse.

Segundo o IACM, esta pro-posta de lei também “inclui” estes cães que participam em corridas, mas o organismo não deu muitos detalhes sobre o seu futuro quando abandonam os recintos de corrida. A adminis-

Lei de Protecção dos Animais foi ontem apresentada pelo Conselho Executivo

Multas mais altaspara excesso depermanênciaAs multas para o excesso de permanência vão ser aumentadas de 200 para 500 pa-tacas por dia, com o objectivo de prevenir que as pessoas fiquem em Macau além do permitido. Ao mesmo tempo, o período de reincidência para quem comete de novo a infracção de excesso de permanência sobe de 180 dias para um ano. Estas medidas foram ontem apresentadas pelo Conselho Executivo depois de se ter verificado que as alterações de 2009, ano em que a multa de excesso de permanência subiu de 20 para 200 patacas, tiveram efeito. De acordo com os números avançados ontem houve “uma redução significativa” de 100.000 pessoas em excesso de permanência se compa-rarmos 2009 e 2010. Porém, em relação ao número de pessoas com excesso de perma-nência, principalmente não superior a 30 dias, registou-se um aumento em média, anualmente, de cerca de 5.000. Também no número de indivíduos que cometem nova-mente a infracção de excesso de permanên-cia no período de 180 dias se registou uma tendência de subida anual, tendo em 2013 sido contabilizados em média mais de cinco indivíduos por cada dia.

NOVAS DISPOSIÇÕES PARA TODAS OS NÍVEIS DE ENSINO FORAM ONTEM APRESENTADAS

Mais moral, arte e desporto nas escolasA duração mínima das actividades educativas de cada ano lectivo vai subir de 180 para 195 dias. O Conselho Executivo apresentou ontem um regulamento administrativo que prevê ainda um aumento dos tempos lectivos dedicados à educação física, artística, moral e cívica

Com o objectivo de promover currículos uniformizados para todos os níveis de ensi-

no – do primário ao secundário – foi elaborado um regulamento admi-nistrativo com algumas disposições a entrar em vigor já a partir de Se-tembro. O documento visa dar “en-fâse à relação entre a faixa etária dos alunos e as regras do seu desenvol-vimento físico e mental, valorizando a articulação curricular de todos os níveis de ensino e as suas caracterís-ticas de desenvolvimento”.

Assim serão reguladas “as dis-ciplinas obrigatórias de todos os níveis, ocorrendo simultaneamente um aumento dos tempos lectivos da educação moral e cívica, educação fí-sica e artística”. Neste sentido, dá-se uma “maior relevância à globaliza-

ção dos currículos” dos vários níveis de ensino, determinando que o ensi-no secundário geral pode criar disci-plinas opcionais e o ensino secundá-rio deve, obrigatoriamente” fazê-lo.

O projecto prevê também o au-mento da duração mínima das ac-tividades educativas de cada ano escolar de 180 dias para 195, regras pelas quais não ficam condicionados os alunos de alguns níveis de ensino. Ao mesmo tempo “será reduzida de forma adequada a duração semanal das actividades lectivas” definindo--se contudo que para os níveis de ensino primário, secundário geral e secundário complementar, as escolas têm que assegurar aos alunos “um tempo dedicado à prática desporti-va, não inferior a 150 minutos por semana”.

Com o “intuito de desenvolver as potencialidades e personalidade dos alunos, no projecto são integradas as actividades extracurriculares no pla-no curricular da edução regular, exi-gindo que os alunos desde o ensino primário ao secundário complemen-tar participem nestas actividades e cumpram a duração estipulada”.

Este projecto, ontem apresenta-do pelo Conselho Executivo, entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação sendo que as disposições sobre o ano escolar e o número de dias lectivos produzem efeitos a par-tir de Setembro, em todos os anos de ensino, e as restantes regras produ-zem efeito em cada nível de ensino a partir do ano lectivo de 2015/2016.

F.A.

tradora do IACM falou apenas num programa de adopção que está a ser levado a cabo pelo Canídromo, sem conseguir pre-cisar o número de cães que já conseguiram um lar depois de terminarem a vida activa.

Na conferência de imprensa de ontem não foi apontada uma data para o diploma chegar à Assembleia Legislativa, tendo porta-voz do Conselho Executi-vo afirmado que “será submeti-do em breve”.

O presidente da Anima não acredita que haverá já este ano uma lei que proteja os animais. Albano Martins entende que Governo “foi a correr apresentar a proposta para evitar a mani-festação” agendada para do-mingo através da Associação de Protecção dos Animais Aban-donados. “Depois de nos terem ouvido deviam ter discutido o que colocaram no diploma”, referiu, notando que não conhe-ce o texto que foi feito e poderá chegar às mãos dos deputados.

A tipificação dos casos de maus tratos é um dos temas que mais preocupa a associação, porque há situações em que a crueldade não é punida. Para Albano Martins, o abandono deveria ser sancionado, não só quando se deixa um animal na rua, mas também quando este é entregue ao IACM, pois poderá ser alvo de um abate “legal”.

Sexta-feira, 20 de Junho de 201408 JTM | LOCAL

Sandra Lobo Pimentel

Quem compõe a empresa de consultadoria UMHQ?CAPITÃES MOSTRAM-SE CONFIANTES NA VITÓRIA

De garras bem afiadasBenfica e Sporting entram em campo no domingo para a decisão final da Liga

de Elite. Brito e Cuco estão confiantes e prometem um bom espectáculo que atraia muitos adeptos ao Estádio da Taipa

É um jogo “único” por ser dis-putado o título de campeão na última jornada e entre

equipas de matriz portuguesa. No próximo domingo Benfica

e Sporting decidem quem vai ser o campeão da Liga de Elite, sendo que os encarnados precisam ape-nas do empate, mas é na vitória que pensam. “O pensamento é um só: ganhar. É para isso que vamos en-trar em campo”, garante o capitão Cuco.

Do lado dos leões, Bruno Brito também dá garantias que “a equi-pa está motivada e confiante”, lembrando que o Sporting não tem nada a perder, “ao contrário do Benfica de Macau que se propôs a ser campeão desde o início”.

A época do Sporting pode-se de-finir como surpreendente e o con-junto chega ao jogo decisivo com a moral em alta. “Vamos dar tudo por tudo para vencer”, garante o capitão. Sobre o normal nervosis-mo que possam sentir, o artilheiro da equipa não acusa, mas admite que “a responsabilidade é outra”. “Todos queremos vencer o jogo e escrever uma página na história do clube”.

Mas do outro lado estará um conjunto com muitos jogadores pro-

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3.000.000, respectivamente, no montante

global de 100.000.000,00 de patacas.

fissionais e que tem um objectivo claro desde a primeira hora: ser campeão. Cuco acredita que o Ben-fica tem um colectivo “mais forte”, mas teve recentemente algumas contrariedades, como a lesão de Edgar Teixeira. “A lesão do Ed-gar caiu como uma bomba no seio da equipa, era uma peça chave e faz muita falta. Mas o Benfica tem uma coisa boa, que é o conjunto em si, e va-mos saber dar resposta”.

A concentração do lado dos leões está asse-gurada, fez saber o capi-tão Brito, e promete que não preten-dem “entrar em picardias”, desejando que “só os jogado-res joguem este jogo”, referindo-se à arbitragem que pede que “seja isenta”.

O numero 10 dos leões prevê “um jogo equilibrado” e lembra que no encontro da primeira volta o Sporting não esteve na máxima força. “Teremos jogadores que não puderam jogar no primeiro jogo”.

Desse embate, Bruno Brito re-corda que “houve vários lances polémicos”, considerando que o Sporting foi “carregado de amare-los”, lembrando ainda a expulsão de Francisco Cunha ao intervalo por alegadas palavras dirigidas ao

árbitro.Mas o timoneiro do grupo recu-

sa “olhar para trás” e prefere subli-nhar “o prazer de chegar ao fim com a possibilidade de ser campeão”.

Brito não esquece “o apoio da equipa técnica, da direcção e dos adeptos”, e para os parâmetros de Macau, espera uma enchente nas bancadas. Também Cuco espera “um ambiente fantástico” no Está-dio da Taipa, com muitos adeptos a comparecer.

Está tudo dito. Agora só falta o árbitro apitar para o início dos 90 minutos.

Sexta-feira, 20 de Junho de 2014 JTM | LOCAL 09

Calendário da 16ª Jornada da Liga de Elite

AmanhãPolícia/Ka I (17.30)Lai Chi/Sub 23 (19.30)

DomingoBenfica/Sporting (17.30)Monte Carlo/Chau Pak Kei (19.30)

Jogos a realizar no Estádio de Macau

Vítor Rebelo

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ARQ

UIVO

DOMINGO HÁ TÍTULO NO ESTÁDIO DA TAIPA

Escaldante “derby” Benfica-Sportingpara encontrar o campeão de MacauO jogo é no Estádio de Macau e espera-se que a comunidade portuguesa adira à importância do espectáculo. “Encarnados” partem em vantagem porque lhes basta o empate. Sporting está na máxima força

Quis o sorteio de início de temporada que os dois clubes portugueses se encontrassem na última jornada da Liga de Elite, sem se saber

portanto o que ambos iriam fazer até lá.O Benfica era considerado favorito para discutir o

título, principalmente depois da grande segunda vol-ta que realizou em 2013 e da vitória na Taça.

Já o Sporting surgia como um “outsider”, capaz de poder estragar resultados aos principais candidatos, como eram, para além do Benfica, também o Monte Carlo e o Ka I, mas nunca integrado no lote dos favo-ritos.

Os próprios dirigentes e corpo técnico dos “leões” do território apontaram sempre, em especial no início da temporada, para o quinto lugar, como uma posição que já seria positiva, atendendo a que o clube acabava de chegar ao escalão maior do futebol da RAEM.

Com o desenrolar do campeonato e depois de uma vitória surpreendente face ao detentor do título, Monte Carlo, os pupilos de Mandinho e João Pegado foram-se soltando e acreditando que poderiam ir mais além naqueles objectivos delineados.

Qualidade confirmada

Havia ainda algumas dúvidas da qualidade e con-sistência da equipa quando começou a segunda volta, até porque o Sporting tinha sofrido uma derrota algo pesada (3-0) face ao rival Benfica, mas um segundo triunfo, categórico, sobre o Monte Carlo, uma vitória muito sofrida diante do Ka I e a “chapa 5” à Polícia, fazem acreditar que o primeiro lugar é um sonho não impossível de concretizar.

O técnico do Sporting, João Pegado, diz que vai ser um jogo intenso, “um dos melhores provavelmente que a Liga irá proporcionar este ano”.

Quanto ao estado de espírito dos “leões”: “Estamos bastante confiantes, principalmente por causa dos úl-timos resultados. Já somos campeões internamente, por aquilo que fizemos até agora. Agora queremos ser campeões totalmente. A pressão está do outro lado. Vamos tentar desfrutar e tentar ser campeões”.

Acreditar até ao fim“É um grande jogo em perspectiva, no qual o Spor-

ting vai tentar concretizar um sonho, com a noção de que o Benfica é um pouco mais favorito, até porque não precisa de ganhar. Vamos acreditar até ao último minuto que é possível o título”, palavras do defesa central Rui Cid, ele que agarrou o lugar a partir da terceira ronda, na maior parte das vezes actuando ao lado de Wamba.

“Quando começou a temporada o objectivo era o quinto lugar. Sabíamos que era possível fazer melhor do que isso, mas nunca nos passou pela cabeça que poderíamos lutar pelo título”, salienta Rui Cid, que foi ponta-de-lança durante vários anos da sua carreira como jogador em Macau, tendo vestido, na I Divisão,

as camisolas do Monte Carlo e do Heng Tai.

Vindo de um sustoDo lado do Benfica, uma temporada a um nível

que se esperava, face ao investimento que a direcção voltou a fazer, em especial depois do regresso do trei-nador Bruno Álvares, com apenas a cedência de dois pontos ao Monte Carlo, já na segunda volta.

Só que a equipa tem mostrado, ao contrário do Sporting, alguma irregularidade exibicional, em espe-cial no confronto com o Ka I e mais recentemente no susto que apanhou diante do Chau Pak Kei.

Com o balanço de todos os resultados, as “águias” chegam a esta altura do “cair do pano” da liga de Eli-te, em igualdade pontual com o Sporting, mas com vantagem directa, pelo facto de ter ganho na primeira volta.

Essa situação vai naturalmente provocar um maior risco por parte do “onze” leonino, que tem necessida-de de ganhar.

Desafio de emoçõesEspera-se um desafio com muitas cautelas de parte

a parte, mas por aquilo que se conhece dos dois trei-nadores, o ataque e o bom espectáculo são a priorida-de das duas equipas.

“Vai ser um grande jogo, de grandes emoções, o que é bom para fomentar o crescimento do futebol. É destes jogos que Macau precisa. Sabemos que são

noventa minutos e o Benfica vai querer agarrar este título, embora na nossa máxima concentração”, refere o treinador dos “encarnados”.

Bruno Álvares, que está pelo segundo ano, embo-ra incompleto, ao comando do Benfica, afirma que a equipa não irá abordar o desafio para pensar em em-patar:

“Vamos jogar da mesma maneira que temos vindo a fazer, para ganhar. Iremos ter momentos com uma estratégia e outros com uma diferente, consoante o jogo”.

Ausências no BenficaEm termos de jogadores, ditos influentes, à dispo-

sição dos técnicos, o Sporting tem menos dores de ca-beça, apresentando-se praticamente na máxima força.

O Benfica nem tanto, uma vez que Edgar Teixei-ra, estratega no meio campo, se encontra lesionado, enquanto que o central Filipe Duarte não estará ain-da a cem por cento, recuperando de um problema no joelho, isto para além da ausência certa de Lei Kam Hong.

Na jornada passada, o Sporting não contou com Jardel, para evitar qualquer cartão, e o Benfica não teve William Carlos Gomes, um dos melhores marca-dores do campeonato, este por ausência no território.

Tudo aponta para que os dois avançados pisem domingo o relvado do Estádio da Taipa.

Luta de artilheirosOs adeptos do futebol e concretamente destes dois

clubes, vão ter oportunidade de ver em campo alguns bons executantes, principalmente para os parâmetros de Macau, como Bruno Brito, Wamba, Jardel, Edgar Silva, Timba, William Gomes, Nicholas Torrão, Cuco, Bruno Martinho, Fabio Silva, sem desprimor para os restantes.

Está ainda na retina aquele belíssimo golo com um pontapé de bicicleta de Bruno Brito, jogador que, mes-mo sendo um médio, discute igualmente o título de melhor artilheiro da prova (Associação deveria insti-tuir um troféu oficial para o efeito), ao lado de William Gomes, Bruno Martinho e Rodrigo Carmo.

Este é também outro dos aliciantes da última jorna-da e principalmente deste “derby” Benfica/Sporting, equipas recheadas de portugueses, o que é um grande atractivo para os adeptos, que se espera acorram em bom número às bancadas

Campeonato da II Divisão

AmanhãSub 18/Hong Lok (19 horas)

DomingoHong Nam/Alfândega (17.30)Roma/Hong Ngai (19.30)

DomingoCasa de Portugal/Chuac Lun (17.30)Pau Peng/Man Fung Hong (19.30)

Jogos no Estádio da Universidade de Ciência e Tecnologia

10 JTM | ESPECIAL

À segunda jornada do Grupo B, a Espanha con-firmou que chegou ao Brasil sem estofo para defender o título, uma a ideia que já tinha dei-

xado de forma vincada no primeiro jogo, quando foi goleada por 5-1 pela Holanda, que na última jornada bateu a Austrália, por 3-2.

No Estádio Maracanã, no Rio de Janeiro, que será palco da final do Mundial, Eduardo Vargas (19 mi-nutos) e Charles Aránguiz (43) marcaram os golos de uma inédita vitória sobre a Espanha e mostraram à ir-reconhecível campeã mundial e bicampeã europeia o caminho de volta a casa.

Os sul-americanos impuseram a segunda derrota consecutiva aos espanhóis, algo que nunca tinha su-cedido sob o comando de Vicente Del Bosque, e co-locaram a “roja” ao nível de outros quatro campeões afastados na primeira fase: Itália (1950 e 2010), Brasil (1966) e França (2002).

Ao mesmo tempo, o Chile, que venceu a Austrália na estreia (3-1), “arrastou” a Holanda para os oitavos--de-final. Horas antes, a selecção “laranja”, vice-cam-peã mundial, cumpriu a “obrigação” de bater os aus-tralianos e ficou pendente do resultado do outro jogo para saber se festejava já ou não o apuramento.

Embora tenha vencido os “socceroos” em Porto Alegre, a Holanda teve dificuldades inesperadas e chegou mesmo a estar a perder, quando Mile Jedniak, de grande penalidade (54), desfez a igualdade regista-da ao intervalo, com um tento de Arjen Robben (20), para os holandeses, e um “golão” Tim Cahill (21), para os australianos.

A equipa de Louis van Gaal recompôs-se e deu a volta, por intermédio de Robbie van Persie (58) e Memphis Depay (68), garantindo a sua segunda vitó-ria. Com seis pontos, Holanda e Chile decidem entre si

A Espanha, campeã em título, vai regressar a casa após a primeira fase do Mundial, depois de ter sido derrotada pelo Chile, que já está a caminho dos oitavos-de-final juntamente com a Holanda

Espanha despede-se, Chile e Holanda garantem “oitavos”

Cristiano Ronaldo vai a jogo com os Es-tados Unidos, apesar de não estar a 100%, mas é um outro jogador da se-

lecção portuguesa que preocupa os adeptos no território: Fábio Coentrão.

O lateral esquerdo lesionou-se na partida com os alemães e ficou afastado dos restantes jogos, tendo inclusive já regressado a Portugal. “Acho que as ausências do Pepe e do Rui Pa-trício até se podem colmatar, agora a do Fábio Coentrão é que não estou a ver quem poderá entrar como defesa esquerdo”, disse Pelé, trei-nador da Casa de Portugal em Macau.

Uma opinião, de resto, partilhada por outros dois adeptos ouvidos pelo JTM, José Aires Reis e José Carlos Matias. O director comercial da Macau Business “torce” o nariz à chamada de André Almeida, consideran-do que “não deveria ter sido convocado”, enquanto que o jornalista da TDM aponta a ausência do lateral esquerdo do Real Madrid como a “baixa principal”, enquanto que as restantes são “remendáveis”.

Portugal, recorde-se, não irá ter em campo,

JOSÉ REIS, PELÉ E JOSÉ CARLOS MATIAS CAUTELOSOS PARA A PARTIDA CONTRA OS EUA

Ausência de Fábio Coentrão preocupa adeptos em MacauPortugal não terá vida fácil, mas tem qualidade suficiente para ultrapassar os Estados Unidos na próxima partida do Mundial. É essa a opinião de alguns adeptos da selecção portuguesa em Macau, que se mostraram preocupados com o lado esquerdo da defesa

Pedro André Santos

Sexta-feira, 20 de Junho de 2014

PARTIDO SOCIALISTA

Jantar -convívio do Núcleo de Macau

Vai ter lugar na próxima quarta-feira, dia 25 de Junho, pelas 20H00, no Clube Militar, mais um jantar de convívio do Núcleo do PS,

como habitualmente, aberto a militantes e simpatizantes.

As inscrições para participação, podem ser feitas até às 20 horas de terça-feira dia 24 de Junho

Contactos - António Mota: 6651 7534 - J. Sousa Martins: 6298 2027 - J.R. Dinis: 6680 9498

que será o primeiro classificado do grupo, enquanto a Espanha vai tentar retocar a imagem frente à Austrália num jogo entre equipas já eliminadas.

Individualmente, Robben e Van Persie, com três golos cada, subiram ao topo da lista de marcadores e igualaram Müller, embora com mais um jogo.

A fechar a jornada, confirmou-se mais uma elimi-

para além de Fábio Coentrão, o guarda-redes Rui Patrício, o defesa central Pepe e ainda o avançado Hugo Almeida, mas são ausências que não preocupam os adeptos entrevistados pelo JTM, que se mostram optimistas, embo-ra cautelosos, para o jogo com os norte-ame-ricanos. “Parece-me uma selecção ao alcance de Portugal, que tem uma componente física muito forte e que, com Klinsmman à frente, começa a privilegiar esquemas tácticos muito ofensivos, e tem dois ou três executantes tec-nicamente evoluídos. É preciso ter cuidado e respeitar o adversário, mas se fizermos o nos-so jogo acho que conseguimos passar”, disse José Aires Reis.

Mais cauteloso, Pelé refere estar com um “mau pressentimento”, sobretudo depois da eliminação da Espanha. “Acho que se a selec-ção quer passar tem mesmo que mudar com-pletamente. Tem lá jogadores que podem jo-gar em vez de serem sempre os mesmos, mas isso vai depender do treinador. Os Estados Unidos são uma equipa que corre, não dá o braço a torcer. Tem um futebol de bola para a frente, apesar de não terem muita técnica”, referiu. No entanto, o treinador da equipa de futebol da Casa de Portugal considera a se-

JTM | ESPECIAL 11

A Espanha, campeã em título, vai regressar a casa após a primeira fase do Mundial, depois de ter sido derrotada pelo Chile, que já está a caminho dos oitavos-de-final juntamente com a Holanda

Espanha despede-se, Chile e Holanda garantem “oitavos”

JOSÉ REIS, PELÉ E JOSÉ CARLOS MATIAS CAUTELOSOS PARA A PARTIDA CONTRA OS EUA

Ausência de Fábio Coentrão preocupa adeptos em MacauPortugal não terá vida fácil, mas tem qualidade suficiente para ultrapassar os Estados Unidos na próxima partida do Mundial. É essa a opinião de alguns adeptos da selecção portuguesa em Macau, que se mostraram preocupados com o lado esquerdo da defesa

Sexta-feira, 20 de Junho de 2014

Duelos de líderes

Os jogos do Campeonato do Mundo disputados hoje podem vir a qualificar mais duas selecções para a próxima fase, nomeadamente nos grupos D e E. Itália e Costa Rica venceram ambos o primeiro desafio e, caso vençam, carimbam a passagem para os oitavos-de-final. Os italianos são favoritos, mas os costa-riquenhos já provaram que têm qualidade para seguir em frente. No Grupo E, Suíça e França vão medir forças em Salvador, depois de vencerem Equador e Honduras, respectivamente, na primeira jornada, em mais um duelo que promete ser emotivo.

Espanha perdeu com o Chile e ficou arredada da próxima fase

que será o primeiro classificado do grupo, enquanto a Espanha vai tentar retocar a imagem frente à Austrália num jogo entre equipas já eliminadas.

Individualmente, Robben e Van Persie, com três golos cada, subiram ao topo da lista de marcadores e igualaram Müller, embora com mais um jogo.

A fechar a jornada, confirmou-se mais uma elimi-

nação na primeira fase, a dos Camarões, que foram goleados em Manaus pela Croácia, por 4-0, num jogo do Grupo A em que Mario Mandzukic foi a grande figura, com uma assistência e dois golos.

De regresso à equipa após uma suspensão que o impediu de estar no primeiro encontro - derrota com o Brasil por 3-1 - o avançado do Bayern de Munique

ofereceu o primeiro golo a Ivica Olic (11) e na segunda parte fechou a goleada com um “bis” (61 e 73), depois de Perisic ter feito o 2-0 (48).

A Croácia entra assim na rota do apuramento, que será discutido na última jornada, frente ao México, enquanto o Brasil tem tarefa teoricamente mais sim-ples frente aos Camarões, que jogaram toda a segunda parte reduzida a 10, depois de o árbitro Pedro Proen-ça ter expulsado Alexandre Song (40) por agressão a Manzukic.

Brasileiros e mexicanos comandam o grupo, com quatro pontos, mais um do que os croatas, enquanto os camaroneses não somaram qualquer ponto e ape-nas vão cumprir calendário frente aos anfitriões. Os apurados cruzam-se com Holanda e Chile.

P.A.S.

para além de Fábio Coentrão, o guarda-redes Rui Patrício, o defesa central Pepe e ainda o avançado Hugo Almeida, mas são ausências que não preocupam os adeptos entrevistados pelo JTM, que se mostram optimistas, embo-ra cautelosos, para o jogo com os norte-ame-ricanos. “Parece-me uma selecção ao alcance de Portugal, que tem uma componente física muito forte e que, com Klinsmman à frente, começa a privilegiar esquemas tácticos muito ofensivos, e tem dois ou três executantes tec-nicamente evoluídos. É preciso ter cuidado e respeitar o adversário, mas se fizermos o nos-so jogo acho que conseguimos passar”, disse José Aires Reis.

Mais cauteloso, Pelé refere estar com um “mau pressentimento”, sobretudo depois da eliminação da Espanha. “Acho que se a selec-ção quer passar tem mesmo que mudar com-pletamente. Tem lá jogadores que podem jo-gar em vez de serem sempre os mesmos, mas isso vai depender do treinador. Os Estados Unidos são uma equipa que corre, não dá o braço a torcer. Tem um futebol de bola para a frente, apesar de não terem muita técnica”, referiu. No entanto, o treinador da equipa de futebol da Casa de Portugal considera a se-

lecção das “quinas” como “sempre favorita”, lamentando apenas não ter recorrido a uma outra estratégia mais defensiva frente aos ale-mães na estreia no Campeonato do Mundo.

Apesar de ser o segundo jogo do gru-po, José Carlos Matias descreve esta partida como um “mata-mata”, e onde Portugal tem

que se apresentar em campo “como se fosse a eliminar”. “Acho que este jogo é um grande ponto de interrogação, os portugueses estão um pouco apreensivos. Mas se Portugal jogar como jogou contra a Suécia no ‘play-off’, ou contra a Irlanda, tem argumentos para ganhar aos Estados Unidos”, acredita o jornalista.

Portugal necessita de vencer as duas par-tidas que tem em disputa, e mesmo assim poderá não ser suficiente devido ao saldo de golos. A selecção entra em jogo na segunda--feira (6h da manhã) em mais uma partida que promete poucas horas de sono para os adeptos em Macau.

PeléJosé ReisJosé Carlos Matias

Mesmo sem ter a sua selecção na Copa das Copas, as autoridades chinesas mostram-se orgulhosas de já terem ganho o Mundial. O “jogo” dos negócios” do Mundial 2014, entenda-se...

“A vitória no Mundial?... é chinesa !”

É geralmente aceite que a maior par-te das camisolas e calções das selec-ções que estão a evoluir no Mun-

dial, são fabricadas na China. Há muito que as grandes marcas de equipamento desportivo deslocalizaram as suas uni-dades de produção para a Ásia, a maior parte para a China. Por acaso, a Nike que equipa a selecção de Portugal é excepção. Os jogadores portugueses vestem de ver-melho ou branco “Made in Bangladesh”, o que não assegura, contudo, que estas fábricas não procedam já de uma mais moderna deslocalização: da China para mão de obra asiática mais barata.

Mas “a vitória” chinesa do Mundial não se resume aos milhares de camisolas e calções. Como as autoridades chine-sas não esqueceram de nos recordar em Pequim, o contributo mais importante foi no Brasil. Os estádios, melhoria de infra-estruturas viárias, ou mesmo equi-pamentos desportivos tiveram uma for-te participação da tecnologia e materiais chineses.

“Desta vez a selecção nacional de fu-tebol da China não conseguiu ser apu-rada para essa grande prova do futebol mundial, mas tudo o que foi feito no Bra-sil em torno do Mundial teve uma forte incorporação dos nossos materiais e dos nossos técnicos” disseram-nos com evi-

dente orgulho.Esta é, por enquanto “a vitória chine-

sa”. “Mais tarde ou mais cedo, acabare-mos por formar uma grande equipa de futebol e um dia seremos campeões do Mundo”, garantem-nos.

Quem assistiu ao modo como em poucos anos subiram no ranking olímpi-co, não aposta o contrário.

Negócios para todos os gostosPossuidores de um grande espírito

comercial, não admira que a capital chi-nesa, com céu bem poluído e forte tem-pestade, tenha aproveitado o “espírito” do Mundial para fazer alguns negócios.

Nos restaurantes há alusões nem sempre muito discretas às mais conheci-das selecções, mas desta vez a maior cria-tividade firmou-se nos seguros, embora algumas pessoas admitam que seja uma forma disfarçada de promover o jogo.

Desde logo, o “plano contra a desilu-são”. Por alguns renminbis, a companhia de Seguros Ancheng oferece cobertura aos fãs de equipas de renome como a Argentina, França, Espanha ou Brasil, no caso de “derrota humilhante” no ter-reno de jogo. Através de uma apólice de apenas oito, o adepto pode receber até 49 renminbis, caso a sua equipa preferida seja afastada na fase de grupos.

Outras apólices destinam-se a pre-venir acidentes pessoais dos adeptos, ou por lutarem com adeptos alheios por causa dos resultados finais, ou mesmo por ficarem mal dispostos com a exibição das suas equipas preferidas. E natural-mente há também uma apólice de seguro para os que tenham acidentes pelo facto de terem dormido pouco, ou excesso de bebidas alcoólicas.

De acordo com um porta-voz da

empresa de seguros ZhongAn “ nesta altura do Mundial no Brasil, criámos muitos produtos especificamente para os adeptos do futebol” aconselhando-se os clientes a conhecer o vasto catálogo de produtos.

Não surpreende, pois, que, embora sem a sua selecção a jogar no Brasil, a China e os chineses sintam que a primei-ra vitória é deles. Pelo menos, de alguns...

J.R.D.

Estádios brasileiros tiveram uma forte participação da tecnologia chinesa

12 JTM | ESPECIAL Sexta-feira, 19 de Junho de 2014

A TDM-Teledifusão de Macau, S.A. faz público que se encontra aberto concurso público para a aquisição da Prestação de serviços de segurança privada para a empresa TDM – Teledifusão de Macau, S.A..

O respectivo programa do concurso e o caderno de encargos encontram-se patentes na Direcção Financeira e Administrativa da TDM-Teledifusão de Macau, S.A., sita na Avenida da Praia Grande nº. 429, Centro Comercial Praia Grande, 24º andar, Macau, e os mesmos poderão ser consultados nas horas do expediente, sendo as fotocópias dos referidos documentos, fornecidas, a solicitação dos interessados, mediante o paga-mento de MOP100,00 (cem patacas).

A fim de permitir aos concorrentes compreenderem os requisitos para a prestação dos respectivos serviços de segurança privada, a TDM vai organizar uma sessão de observação no local. Os concorrentes devem informar o Sector Aprovisionamento e Serviços Gerais dos nomes dos presentes (dois representantes no máximo), através do nº de telefone 85994522 ou do nº de fax 28518183 até às 18H00, do dia 23 de Junho de 2014, no sentido de facilitar a organização.

Hora de início da sessão de observação: Dia 24 de Junho de 2014, pelas 10H00Local de concentração: Porta junto do átrio da sede da empresa sita na Rua Francisco Xavier Pereira nº 157A

Os concorrentes deverão entregar as suas propostas na Direcção Financeira e Administrativa - Comissão de Abertura de Propostas - na Avenida da Praia Grande nº. 429, Centro Comercial Praia Grande, 24º andar, Macau, até às 18H00, do dia 10 de Julho de 2014. Além da entrega dos documentos referidos no respectivo programa do concurso e no caderno de encargos, deverá ser apresentado o documento comprovativo da caução provisória, no valor de MOP50,000.00 (cinquenta mil patacas) prestada em numerário, ordem de caixa (em nome da TDM-Teledifusão de Macau, S.A.), ou por garantia bancária. Caso a referida caução seja depositada em dinheiro ou em ordem de caixa, esta deve ser efectuada através da conta da TDM no Banco Nacional Ultramarino. Caso seja prestada em garantia bancária, esta não deve possuir quaisquer limitações de responsabilidade.

A abertura das propostas realizar-se-á no dia 11 de Julho de 2014, pelas 10H00 na Direcção Financeira e Administrativa, sita na Avenida da Praia Grande nº. 429, Centro Comercial Praia Grande, 24º andar, Macau. Os concorrentes ou seus representantes legais deverão estar presentes ao acto público de abertura de propostas, a fim de esclarecerem as eventuais dúvidas relativas aos documentos apresentados no concurso.

Desde a data da publicação do presente aviso até à data limite de entrega de propostas do concurso público, devem os concorrentes dirigir-se à Direcção Financeira e Administrativa, para tomar conhecimento de eventuais esclarecimentos adicionais.

Aos 20 de Junho de 2014

O Presidente da Comissão ExecutivaManuel Gonçalves Pires Junior

Comissão de Assuntos Eleitorais do Chefe do Executivo

EDITAL

Nos termos dos n.ºs 1, 3 e 4 do artigo 62.º, do n.º 1 do artigo 71.º e da alínea 1) do n.º 1 do artigo 72.º da Lei Eleitoral para o Chefe do Executivo, a Comissão de Assuntos Eleitorais do Chefe do Executivo (CAECE) publicitou em 4 de Junho do ano corrente, por edital, os locais das assembleias de voto das eleições dos membros da Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo e o respectivo horário de abertura.

A CAECE, após deliberação, decidiu ajustar o horário de votação.

Publica-se, por este meio, que os locais das assembleias de voto se mantêm inalterados, enquanto o horário de votação passa a ser o seguinte:

Dia 29 de Junho de 2014 Das 09H00 às 18H00

A Presidente Song Man Lei

19 de Junho de 2014

DATA DE PUBLICAÇÃO : 20 de Junho de 20141/4 página App. 13cm (w) x 16cm (h)

Sexta-feira, 20 de Junho de 2014 JTM | PUBLICIDADE 13

Sexta-feira, 20 de Junho de 201414 JTM | ROTEIRO

TDM 13:00 TDM News (Repetição) 13:30 Telejornal RTPi (Diferido) 14:30 RTPi Directo 16:00 A Vida da Gente (Repetição) 16:50 TDM Talk Show (Repetição) 17:20 Mundial do Brasil 2014 Grupo C: Japão - Grécia (Repetição) 18:50 Mundial do Brasil 2014 Grupo D: Uruguai - Inglaterra (Repetição) 20:30 Telejornal 21:15 Ler+, Ler Melhor 21:30 Série Documental 22:00 A Vida da Gente 23:00 TDM News 23:30 Diário do Mundial 00:00 Mundial do Brasil 2014 Grupo D: Itália - Costa Rica (Directo) 02:00 RTPi Directo 03:00 Mundial do Brasil 2014 Grupo E: Suíça - França (Directo) 05:00 RTPi Directo

30 FOX SPORTS13:00 Wimbledon Official Film 2008 14:00 Wimbledon Official Film 2009 15:00 History Of The Championships 16:00 World Championship Kickbox-ing 17:00 Wimbledon Classic Matches 1978 Ladies Singles Final 19:00 (LIVE) FOX SPORTS Central 19:30 A Fashion Statement 20:30 FOX SPORTS Central 21:00 History Of The Championships 22:00 (LIVE) FOX SPORTS Central 22:30 The Ultimate Fighter 23:30 FOX SPORTS Central

31 STAR SPORTS13:00 X Games Austin 14:00 US Open Championships Highlights 2014 16:00 Sports Max 2013/14 17:00 Asian Festival Of Speed 2014 17:30 Premier League Darts 2014 19:00 Rebel TV 21 19:30 FIM Sidecar World Championship 2014 - Highlights 20:00 FIM Mx2 World Championship 2014 - Races 22:00 Petronas FIM Asia Road Racing Championship 23:00 Acceleration 2014 - Highlights

40 FOX MOVIES12:10 Hansel & Gretel: Witch Hunters 13:40 Hook 16:00 Alex Cross 17:40 The Three Stooges 19:15 Swelter 21:00 Now You See Me 22:55 Terminator 3: Rise Of The Machines 00:45 The Possession 41 HBO11:00 42 13:30 King Kong 16:30 Salmon Fishing In The Yemen 18:20 Saturday Night Fever 20:00 The Boxer 21:20 Kon-Tiki 23:35 Total Recall

42 CINEMAX12:20 Waterworld 14:30 Hard To Kill 16:00 The 3 Worlds Of Gulliver 17:35 Hot Rod 19:00 Valentine 20:30 Foxfire 22:00 Black Forest 23:25 Spartacus: War Of The Damned S307: Mors Idecepta 00:20 Safe House

50 DISCOVERY13:00 Magic Of Science 13:30 Deadly Dilemmas 14:00 Building The World Cup 15:00 Surviving The Cut 16:00 Rampage! 17:00 How Do They Do It? 17:30 How It’s Made 18:00 Man Vs. Wild 19:00 River Monsters: Untold Stories 20:00 Dallas Car Sharks 21:00 You Have Been Warned 22:00 Behind Bars 23:00 Bear Grylls: Extreme Survival Caught On Camera 23:30 Destroyed In Seconds 00:00 Dallas Car Sharks

51 NGC12:30 Fish Warrior 13:25 Mad Scientists 13:50 Construction Zone 14:20 World’s Toughest Fixes 15:15 Mega Factories 16:10 Do or Die 17:05 Perfect Storms 18:00 Mad Scientists 18:30 Construction Zone 19:00 Hooked 20:00 Building Wild 21:00 Mega Factories 22:00 Do or Die 23:00 Perfect Storms 00:00 Mega Factories

54 HISTORY13:00 The Pickers 14:00 Cajun Pawn Stars 15:00 The Curse Of Oak Island 16:00 The Pickers 17:00 Ancient Aliens 18:00 Kings Of Restoration 18:30 Pawn Stars 19:00 The Pickers 20:00 Storage Wars 20:30 Counting Cars

21:00 Swamp People 22:00 Top Shot All-Stars 23:00 Pawn Stars 00:00 Swamp People

55 BIOGRAPHY13:00 Hoarders 14:00 Bondi Vet 16:00 The Great Australian Bake Off 17:00 Baggage Battles 18:00 Flip This House 19:00 Destination Flavour 20:00 The Great Australian Bake Off 22:00 Private Chefs Of Beverly Hills 23:00 Hoarders 00:00 The Great Australian Bake Off

62 AXN13:00 Supernatural 13:55 24: Live Another Day 14:50 The Voice 16:40 Csi: Ny 17:30 American Ninja Warrior 18:20 Csi: Crime Scene Investigation 19:15 The Blacklist 20:10 American Ninja Warrior 21:05 Csi: Ny 22:00 Hannibal 22:55 Supernatural 23:50 Hannibal 00:45 Supernatural

63 STAR WORLD12:55 Top Chef: Just Desserts 13:45 How I Met Your Mother 14:35 Once Upon A Time In Wonderland 15:25 Revenge 16:15 Scandal 17:05 Asia’s Next Top Model 18:00 Grey’s Anatomy 18:55 How I Met Your Mother 19:50 MasterChef Junior US 21:40 Witches of East End 22:35 Top Chef: Just Des-serts 23:30 Grey’s Anatomy 00:25 Mistresses

82 RTPI13:30 Telejornal Madeira 14:00 Bom Dia Portugal-Directo 15:01 Os Nos-sos Dias 15:45 Um dia, Cinco Estórias 16:25 Poplusa 17:18 Bem-vindos a Beirais 18:00 Telejornal Ásia-Directo 18:31 3 Por Uma 19:22 Um dia, Cinco Estórias 20:00 Jornal da Tarde 21:13 Ser e Agir 22:13 Os Nossos Dias 22:56 O Preço Certo 23:46 Um dia, Cinco Estórias 00:22 Poplusa 01:13 Tanto Para Conversar 01:54 Do Ar à Água 02:18 Bem-vindos a Beirais 03:00 Telejornal-Directo 04:00 Sexta às 9-Directo 04:50 Verão Total

Número de Socorro 999Bombeiros 28 572 222PJ (Linha aberta) 993PJ (Piquete) 28 557 775PSP 28 573 333Serviços de Alfândega 28 559 944Hospital Conde S. Januário 28 313 731Hospital Kiang Wu 28 371 333CCAC 28 326 300IACM 28 387 333DST 28 882 184Aeroporto 88 982 873/74Táxi (Amarelo) 28 519 519Táxi (Preto) 28 939 939Água - Avarias 28 990 992Telecomunicações - Avarias 28 220 088Electricidade - Avarias 28 339 922Directel 28 517 520Rádio Macau 28 568 333Macau Cable 28 822 866

• • • TEMPO

260C/300C

• • • CÂMBIOSPATACA COMPRA VENDAUS DÓLAR 7.93 8.03EURO 10.82 10.95YUAN (RPC) 1.239 1.293

SOCIEDADE PROTECTORA

DOS ANIMAIS DE MACAU

TEL: 28715732/63018939ANIMA

TELEFONES ÚTEIS

CLUBE MILITAR DE MACAUAvenida da Praia Grande, 975, Macau

TEL: 28714000

• • • AMANHÃ 21/06

• • • HOJE 20/06260C/310C

WWW.SMG.GOV.MO

A programação é da responsabilidade das estações emissoras

00:00

06:00 da madrugada de segunda

TDM/TDM HDItália vs Costa Rica

EUA vs Portugal

CINETEATROS1 Maleficient (3D)19:15

S2 The Eternal Zero-19:00

TORRE DE MACAUMalefiecient (3D)14:30 • 16:30 • 19:30• 21.30

GALAXYTHEATER VÁRIOSThe Amazing Spider - Man 2 (3D) - 14:10 • 16:10

THEATER 6Godzilla (3D) - 14:20

THEATER VÁRIOSOverheard 3 - 14:30 • 15:40 • 18:1018:50 • 20:40 • 21:20 • 22:50

THEATER VÁRIOSX-Men: Days of Future Past (3D) - 15:40 • 16:30 • 16:4018:10 • 18:50 • 20:40 • 21:20 • 22:50

THEATER VÁRIOSMaleficient (3D) -14:20 • 14:40 • 17:00 • 19:00 • 20:5521:15 • 23:00 • 23:50

THEATER VÁRIOSEdge of Tomorrow - 15:25 • 16:40 • 18:10 • 19:10 • 20:35 • 23:10

Sexta-feira, 20 de Junho de 2014 JTM | ACTUAL 15

Tendo como pano de fundo a pior crise que o Iraque já sofreu, depois do derrube de Saddam Hussein, leio o último livro

de Hillary Clinton, Hard Choices - o seu legado como Secretária de Estado de Barack Obama.

Não deixo de sublinhar a coincidência: por um lado, uma terra a ferro e fogo que se encon-tra hoje no epicentro da feroz batalha que se li-vram sunitas e xiitas, no seu solo.

E por outro, uma líder política americana de primeiro plano, candidata quase certa às eleições presidenciais de 2016 que se confessa “arrependida, ter apoiado Bush na invasão do Iraque”.

Por mais arrependimento que hoje manifes-te, fica arquivado desde já um dos testemunhos de péssima avaliação política, de trágicas con-sequências, como tem estado à vista desde há uma década.

E talvez este, por isso mesmo, o melhor pris-ma para se ler o livro:

É escrito por quem, no fundo, se vanglo-ria de ter abarcado o mundo, durante quatro anos, como ministra dos negócios estrangeiros, a bordo do Boeing branco e azul, com a águia imperial da grande potência - mas que não dei-xou de errar. Em decisões certamente difíceis ... como poder evitá-lo?.

É só humano, dir-se-ia! Pois é... ******

O que nos reserva o futuro?Se Hillary Clinton ganhar a eleição e assu-

mir a presidência em final de 2016, e se per-fizer os dois mandatos constitucionalmente possíveis, uma das duas maiores potências do mundo viverá, entre 2017 e 2025, sob a liderança de uma das figuras com maior ex-periência da vida política do seu país e da po-lítica internacional.

Associada durante oito anos à presidência do seu marido, Bill Clinton, senadora por Nova Iorque, candidata presidencial combativa e ar-ticulada, e Secretária de Estado, é de facto inve-jável o currículo desta mulher fora do comum.

Mas como evoluirá o mundo, nesse pe-ríodo?

E como evoluirão os Estados Unidos?Um dos gurus da teoria do risco político,

quando aplicado ao mundo dos negócios, é o jovem e brilhante professor Ian Bremmer que não há muito publicou o já clássico The Fat Tail.

Assumindo que o planeta em que vivemos é um mundo cada vez mais perigoso, Bremmer ensina aos executivos como pensar estrategica-mente, incorporando na sua análise o risco de alterações políticas à escala global.

Ninguém pode prever que alterações glo-bais em curso serão mais potenciadoras de con-flito do que outras.

Mas uma coisa sabemos.Como uma das grandes potências do pre-

sente e do futuro, os Estados Unidos concorre-rão sempre para a solução dos problemas - ou para o seu oposto... porque podem errar!

Numa sessão de debate sobre o livro acima citado, ouvi o Prof. Bremmer dizer algo que gostaria de ter podido decifrar:

- Que os Estados Unidos não estão em declí-nio. O que está em declínio é a política externa americana.

Sugere isto um novo triunfalismo?Creio que o mundo precisará da (futura)

Presidente Hillary que recuse liminarmente tal tentação.

*Ex-embaixador de Portugal nas Coreias, ASEAN e Indonésia. Docente da Universidade de S. José.

As escolhas (difíceis) de Hillary Clinton

OBSERVATÓRIOCarlos Frota*

PORTUGAL

Construtoras exploram chinesesVivendas estão a ser compradas a 500 mil euros por chineses, apesar de o valor de mercado ser 232 mil. Queixas de cidadãos com vistos dourados começam a chegar a advogados

CHINA

População de Pequim sempre a aumentarA população do município de Pequim aumentou quase meio milhão no ano passado, excedendo os 21 milhões de habitantes, indicam estatísticas do governo municipal que são unanimemente consideradas como conservadoras

Os cidadãos chineses na posse de vistos gold – a investir em força em negócios imobiliários em Portugal – estão a detectar irregularidades na

compra e venda de imóveis e, por isso, querem recorrer à justiça. Em causa, os preços cobrados por empreitei-ros portugueses na venda de casas, que se têm revelado mais altos em mais do dobro do valor de mercado e mais do triplo do valor patrimonial avaliado pelas Finanças. Perante este cenário, há vários cidadãos chineses que já estão a bater à porta dos escritórios de advogados, por forma a perceber como poderão travar alguns desses negócios alegadamente usurários, reduzindo o preço da venda ou mesmo recorrendo a tribunal.

Os dados estatísticos do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) revelam que já foram emitidos 894 au-torizações de residência para investimento desde que o programa foi implementado. Só nos primeiros cinco meses de 2014, já foram emitidas 400 autorizações. A este número somam-se ainda 1190 autorizações dadas a familiares desses mesmos investidores.

O DN consultou algumas das escrituras celebradas já este mês. Uma delas, a título de exemplo, foi celebrada entre a empresa construtora de Empreendimentos Al-morávia, em Albufeira, na primeira semana deste mês, e dois cidadãs chineses. Em causa está uma vivenda situa-da na Urbanização Almorávia, em Olhos d’Água, com 120 metros quadrados de área útil. A vivenda – com três quartos – tem um valor de mercado avaliado em 232 mil euros e o valor patrimonial atribuído pelas Finanças é de 155 mil euros. Porém, o imóvel foi vendido por 500 mil euros. Curiosamente, o valor mínimo exigido como requisito para investir em património imobiliário, para obtenção de um visto dourado. Durante dois dias, o DN tentou contactar o gerente da Almorávia, José Brazão, mas sem êxito.

O investimento realizado por estes estrangeiros, a grande maioria chineses (87%), centra-se sobretudo na compra de residências de valor igual ou superior a meio milhão de euros – 95% dos casos –, seguido da transfe-rência de capitais num montante mínimo de um milhão de euros.

Contactado pelo DN, o advogado João Massano refe-re que tem conhecimento de “que existem situações de abusos e que por vezes o valor cobrado aos estrangei-ros ultrapassa em muito o valor de mercado do imóvel”. Mas sublinha: “Este sistema é uma forma inteligente de captação de capitais”, concluiu o advogado.

O Ministério da Economia não esclareceu, até à hora de fecho da edição, se estes casos estavam a ser vigiados pelas autoridades. O DN contactou ainda o Instituto da Construção e do Imobiliário. Pedro Coimbra, diretor do Departamento de Inspecção, admite que “tem conheci-mento de algumas situações de abusos mas está fora da sua esfera, já que as Finanças não revelam o valor patri-monial das casas”.

JTM/DN

Os dados oficiais indicam que no final de 2013, a capi-tal chinesa tinha 21,15 mi-

lhões de habitantes, mais 455 mil que no anterior, e mais de um terço (38%) do total correspondia a tra-balhadores migrantes, oriundos de outras regiões do país.

Mesmo em termos oficiais, po-rém, toda a gente sabe que há mui-to mais gente em Pequim, uma vez que a população “flutuante” é estimada em qualquer coisa como três milhões, na versão de fonte do gabinete de Imprensa do Conselho de Estado aos jornalistas portu-gueses e ingleses de Macau

“Os flutuantes” são pessoas das províncias que trabalham na cida-de, embora oficialmente não te-nham permissão para o fazer, pelo que não estão registados.

O fenómeno passou a ser nor-mal na República Popular da Chi-na, a partir da década de 90, com a abertura económica e a crescente urbanização. O Governo Central começou a “fechar os olhos” à po-

lítica de residência e assistiu-se a um verdadeiro êxodo rural em direcção aos centros urbanos que quase não tem controlo. Estima-se, por exemplo, que a cidade de Xan-gai tem hoje quase cinco milhões de trabalhadores “flutuantes”.

De acordo com a Lusa a mega metrópole de Xangai, a “capital

económica” da China, é a mais densamente povoada, tendo hoje mais de 24 milhões de pessoas con-centradas numa área de 6.340 qui-lómetros quadrados (apenas cerca de 1.000 quilómetros quadrados mais do que o Algarve).

J.R.D com Lusa

Filipa Ambrósio de Sousa

Sexta-feira, 20 de Junho de 201416 JTM | OPINIÃO

Curiosidades da História de Macau no Século XIX [5]

UM ARTIGOAntónio Aresta*

No primeiro de Abril de 1829, D. Manuel de Por-tugal e Castro oficia de Goa para o Leal Sena-do da Câmara da Cidade do Nome de Deus de

Macau para que esta instituição “mandasse fazer nesta Cidade as demonstrações de alegria pela feliz chegada do Sereníssimo Senhor Infante D. Miguel à Côrte de Lis-boa”, e “ordenando-lhe que tenham lugar todas aquelas demonstrações de regozijo público, que em tão grandes e faustas ocorrências se costumam fazer, cumprindo que os habitantes destes Estados se persuadam que um dos principais desvelos às solicitudes do dito Serenís-simo Senhor Infante Regente em nome d’El-Rei, a bem da Monarquia Portuguesa serão sempre os interesses e prosperidades dos mesmos Estados, em que já se tem começado de entender”.

***No “Boletim do Governo da Província de Macau, Ti-

mor e Solor”, publicado no dia 24 de Setembro de 1846, é registado o propósito de ser criado um novo jornal “A Voz dos Macaístas”, nestes precisos termos: “Tendo eu achado a permissão do Governo, para dar uma Folha se-manal, que será intitulada – A Voz dos Macaístas – faço por esta constar a vós Macaístas. Macaístas! Faço por esta circular, saber-vos, em como me acho já estabelecido em Hong-kong, e pronto a dar publicação de um Periódico intitulado – A Voz dos Macaístas – no qual serão francas as colunas para todos e quais quer correspondências; ad-vertindo aos meus concidadãos, que se eu abandonei a minha Pátria, foi por que me negaram a permissão de publicar o meu Periódico, talvez com receio de que nele se falasse verdades a eles pesadas; mas o triste e lamen-tável estado a que se vê agora reduzido Macau, foram estes motivos suficientes, que me obrigou a largar a mi-nha Pátria, e expor a todos os perigos, vindo estabelecer em um país estrangeiro, por que na Pátria é negado a liberdade de Imprensa: por tanto reanimai-vos Macaís-tas! é já tempo de fazer soar ao longe os vossos justos clamores! eu vos ofereço as minhas colunas, aproveitai--vos delas! só vos peço que me coadjuveis com as vossas assinaturas ao meu Periódico, assegurando-vos que o meu intento é só de suplantar intrigas, desmascarar os perversos, abater os vícios e fazer triunfar os inocentes oprimidos! Hei Macaenses, ajudai-me nesta árdua e di-ficultosa tarefa! coadjuvai-me para que as justas queixas dos inocentes que possam por este meio chegar até aos augustos pés da nossa benigna Raínha, que nunca dei-xou de prestar ouvidos compassivos aos infelizes Ma-caístas! e clamai livremente. Não deveis temer! Macau! Quem te diria que havias de te ver reduzido num tão lamentável estado! Chorai Macaístas! Chorai! a desgraça da vossa Pátria. Ele sairá a luz no primeiro de Outubro próximo vindouro, por ano $ 8, por 6 meses $ 5. As cor-respondências devem vir acompanhadas de um bilhete do seu autor para meu consto. Todo o pagamento deve ser adiantado. Hongkong, Victoria, 18 de Setembro de 1846. M.M.D. Pegado”. Mercê de circunstâncias várias e de uma conjuntura política hostil, este projecto jornalís-tico não chegou a arrancar. Manuel Maria Dias Pegado esteve ligado a várias iniciativas editoriais e jornalísticas.

***Em Novembro de 1859 entraram no porto de Ma-

cau os seguintes navios: “Drie Gebroiders”, de Vampú;

“Hap Shan”, de Henan; “Edward et Julie”, de Hon-gkong; “Twee Jeannes”, de Vampú; “Júpiter”, de Vam-pú; “Georges & Henry”, de Ningpo; “Coliegni”, de Hongkong; “Homer”, de Pedra Branca; “Duke of We-llington”, de Vampú; “Scotland”, de Vampú; “Flying Ea-gle”, de Hongkong; “Armonian”, de Vampú; “Diana”, de Vampú; “Rajah of Sarawak”, de Aung Rong; “Fme-na Brons”, de Macassar; “Kate Hooper”, de Melbourne; “Stª. Lucia”, de Manila; “Hannover”, de Vampú; “Gol-dfinger”, de Xangai; “Solidad”, de Hongkong.

***Camilo Castelo Branco publicou a novela “O Senhor

do Paço de Ninães” no (extinto) jornal ‘Comércio do Porto’, sob a forma de folhetins, de Setembro a Novem-bro de 1867. Um dos protagonistas é despachado para Macau. Sigamos um pouco a prodigiosa imaginação criadora de Camilo: “Andava nas ilhas Filipinas um ho-mem, envolto num hábito sem distinção de ordem reli-giosa, túnica preta de capelo, sandálias, barbas e cabelos intonsos. (…) Das ilhas Filipinas atravessou longos ma-res e quedou-se em Macau. Aí topou, em 1618, um frade dominicano que o conheceu e lhe chamou Rui Gomes. Era frei Diogo das Póvoas. Este e outros estavam ali apa-relhando-se para a missão da China. Era como certa a morte lá dentro. Aquela investidura apostólica era dada com o adeus eterno dos que ficavam aos que partiam. Os sequiosos de Deus, os que se apressavam em vê-lo,

pediam a missão da China e desde o primeiro passo co-meçavam a contar os últimos de sua vida”.

***O chefe do serviço de saúde, dr. Lúcio Augusto da

Silva, apresentou este relatório sintético sobre o estado sanitário de Macau, em Dezembro de 1869: “o tempo na primeira década do mês apresentou-se encoberto, mais ou menos enevoado e húmido, havendo chuva miúda e algum frio. Na segunda parte da terceira década foi qua-se sempre descoberto, seco e às vezes quente, tornando a modificar-se um pouco e a manifestar as primeiras condições nos últimos dias do mês. As doenças predo-minantes foram os reumatismos, as bronquites e as fe-bres intermitentes quotidianas. Alguns casos houve de diarreias e visceralgias, e poucos de disenteria. O estado sanitário da cidade foi bastante satisfatório”.

***Aos nove de Janeiro de 1870 teve lugar uma sessão

solene para a entrega dos Prémios às alunas do Colégio da Imaculada Conceição que se distinguiram nas diver-sas disciplinas (Literatura Portuguesa; Língua France-sa; Língua Inglesa; Cosmografia; Geografia; Caligrafia; História Sagrada; Aritmética; Catecismo; Trabalhos de Agulha; Arranjo e Ordem; Bom Comportamento). Os Prémios “consistem em dez medalhas de ouro, do valor de 80 fr. cada uma, presenteadas pelo ilustre benfeitor do colégio, Sr. Albino Silveira, (quem especialmente pro-moveu a educação do sexo feminino em Macau); em ou-tra medalha também de ouro de 35 fr.; em 12 medalhas de prata dourada; em 20 de prata de diferentes grande-zas; em um estojo de costura de muito valor e em uma pequena carteira com suas pertenças; em várias cruzes de ouro com suas correntes douradas; e finalmente em muitos livros de piedade, de literatura e de música. Antes da distribuição e nos intervalos haverá algumas poesias recitadas e cantadas e vários motivos tocados ao piano”. Só por manifesta falta de espaço é que não se publica o nome das alunas premiadas.

***Pela Portaria Nº 15, de 16 de Fevereiro de 1871, o Go-

vernador António Sérgio de Sousa nomeia um Profes-sor: “Tendo o reitor do Seminário de S. José de Macau re-presentado a urgência de prover interinamente a cedeira de ensino primário anexa aquele estabelecimento, pelo mau estado de saúde e avançada idade do professor que a rege Joaquim Gil da Costa Pereira, e conformando-me com a proposta do mesmo reitor; hei por conveniente usando da autorização que me concede o artigo 18º do decreto de 30 de novembro de 1869 nomear a Carlos José Caldeira júnior para exercer interinamente o lugar de professor de instrução primária na escola anexa ao referido seminário”.

***Os estatutos da “Associação Promotora da Instrução

dos Macaenses” foram promulgados pelo Governador António Sérgio de Sousa, no dia 29 de Setembro de 1871. O artigo 2º dizia o seguinte: “O fim da associação é fun-dar e manter, sob a denominação de ‘colégio comercial’, uma casa de educação e de instrução que ofereça garan-tias de estabilidade e satisfaça as aspirações dos macaen-ses”.

*Docente e Investigador. Ex-residente em Macau.

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JTM/DN

NA SEQUELA DO EMBATE COM O TC,PASSOS COELHO RECUSA-SE A

AFASTAR A HIPÓTESE DE UM NOVOAUMENTO DE IMPOSTOS

BOLAS. TINHA ESPERANÇADE QUE ELE RESOLVESSE O

PROBLEMA DE OUTRA MANEIRA.

COMO?

GELO NOJOELHO.

Sexta-feira, 20 de Junho de 2014 JTM | OPINIÃO 17

Dito

“Estará o Governo consciente de que os jovens de Macau vão ser cada vez mais incapazes de vencer além-fronteiras?”

• • • HÁ 20 ANOS

In “Jornal de Macau” e “Tribuna de Macau” 20/06/1994

PARQUE INDUSTRIALDA CONCÓRDIA: ABRIRA PORTA AO INVESTIMENTOA Administração vai adoptar nova legislação sobre a fixação de residência no Território para facilitar o investimento e captar quadros qualificados, anunciou o Governador Rocha Vieira. Falando na cerimónia que assi-nalou o início das obras de in-fra-estruturas do aterro da Con-córdia, Rocha Vieira indicou que o projecto de decreto-lei sobre a fixação de residência deverá ser debatido ainda em Julho em reunião plenária do Conselho Económico. “Trata-se de um di-ploma em que a tónica é a eco-nomia, sem descurar os aspectos ligados à segurança, e que visa criar condições para que, em determinadas circunstâncias, os investidores possam vir para Macau e os quadros qualificados possam fixar residência no Ter-ritório”, salientou. Rocha Viei-ra referiu que o novo diploma “enquadra-se no propósito do governo de modernizar a econo-mia de Macau, através da cria-ção de novos serviços, fixação de quadros qualificados e atracção de novos investimentos”. Além de Rocha Vieira, participaram na cerimónia de início das obras no aterro da Concórdia os secre-tários-adjuntos para a Economia e Finanças e para os Transportes e Obras Públicas, Vítor Pessoa e José Manuel Machado, respecti-vamente, o director da delega-ção local da agência Nova China, Guo Dongpo, e o presidente do município de Zhongshan, Tong Pen Kun. Situado na zona oeste da ilha da Coloane, o aterro da Concórdia, com cerca de 33 hec-táres, vai dispor de um parque industrial de uma zona habita-cional e comercial. O aterro foi concessionado pela primeira vez em 1975 à “Empresa de Fomento Industrial e Comercial da Con-córdia” (EFICC), que integra ac-tualmente accionistas de Macau e da China, através do municí-pio de Zhongshan, localizado na província de Guangdong, a 60 quilómetros do Território. Na se-quência do não aproveitamento do aterro, o contrato de conces-são foi alvo de diversas revisões, nomeadamente em 1979, 1981 e 1993, a última das quais resultou na celebração, em Maio do ano passado, de um protocolo entre o governo e a EFICC, que fixou as novas condições de desenvol-vimento do projecto.

Inês Santinhos Gonçalves in “Ponto Final”

Teoriada conspiração (II)

OS DESATINADOSAlbano Martins*

Os factores de enquadramento da economia de Macau não são muito diferentes dos que

existiam ao tempo da Administração Portuguesa, mas refinaram-se muito mais a partir do momento em que a China resolveu dar uma mão à sua RAEM para a retirar do ramerrame da recessão e da constante falta de recursos da Administração Pública.

Claro que tudo tem um preço. E o preço hoje é o seu quase domínio completo de tudo, começando pela própria Administração, que não pa-rece interessada em ter vida própria.

O primeiro sistema tem por cá uma capacidade de manobra muito maior do que em Hong Kong, con-fundindo-se aqui os interesses da China com interesses das suas em-presas estatais ou dos seus empre-sários.

Por outro lado, o que não está nas mãos desse leque de grandes pro-prietários, encontra-se nas mãos de famílias locais. Provavelmente em associação com os primeiros que é assim que a economia ensina.

O resto, a população em geral e os pequenos e médios empresários em particular, não parece contar mui-to para a formulação das políticas económicas e sociais do governo no objectivo de repor os grandes e fun-damentais desequilíbrios na ordem. Um dia destes, quando acordar, o Executivo navegará numa estrada de sentido único, sem retorno fácil, e deixará para trás um mercado em queda acelerada, associado a uma forte instabilidade social e política que se juntam agora a uma situação económica muitíssimo complicada.

O que nos está a acontecer deve--se nalguns casos mais à falta de empenhamento do segundo sistema do que de tentativas desenfreadas e deliberadas do primeiro para absor-ver Macau. Macau, encontra-se hoje totalmente controlado pelo primei-ro sistema. A sua vulnerabilidade é quase total. Todos os circuitos de distribuição estão na mão ou de mo-nopólios ou quase monopólios ou ainda de oligopólios. A distribuição de bens alimentares, produção e dis-tribuição de energia eléctrica e gás, água, telecomunicações, transportes aéreos, autocarros e a própria segu-rança no sentido mais restrito do ter-mo estão hoje nas mãos de interesses estatais chineses que os dominam na sua essência. Os próprios casinos, a actividade que hoje mais produz em termos do PIB, encontram-se al-tamente dependentes das decisões que a China possa vir a tomar no ou quanto ao seu futuro. As indústrias transformadoras, a maioria, deslo-calizou-se para a própria China. Em termos de segurança está tudo mui-to mais tranquilo. As seitas não piam e a população agradece. O problema surge apenas quando as forças de se-gurança se esquecem que se encon-tram no segundo sistema.

Perturbações da ordem pública são pouco toleráveis porque o pri-meiro sistema associa-as a instabili-dade e contestação ao poder local e,

logo, central. O caso Reolian, Sin Fong, diplo-

ma sobre os titulares de cargos pú-blicos, a própria manifestação sobre a lei de protecção de animais, são apenas simples exemplos de como o governo local se preocupa com a avaliação que o Governo Central fará de si próprio. As trapalhadas são resolvidas em cima do joelho. Ou seja, com outras trapalhadas, sem se medir o sentido, a conse-quência e a qualidade das decisões, apenas para se evitar contestação. E vai continuar a acontecer sempre que uma manifestação mais ruidosa nos apareça ou prometa aparecer na rua.

A mão invisível da China vai an-dar sempre por perto. Uma espécie de faca de dois gumes.

O desempenho do governo vai ser claramente medido pela sua ca-pacidade em antecipar e, portanto, resolver problemas que criem insta-bilidade junto das suas gentes.

Com a nova Ponte HK/Macau/Zuhai, que faz parte da estratégia de integração rápida das regiões admi-nistrativas especiais, Macau acabará por se diluir através desses vasos comunicantes que trarão mais visi-tantes e afastarão de si ainda mais a comunidade local e não-residente. Até por isso o governo central não quer confusões que se possam alas-trar para as regiões do delta, onde o primeiro sistema é rei.

Mas a situação do imobiliário em Macau vai complicar esse clima. No passado vimos que os grandes pro-jectos e os grandes investimentos vieram quase todos pela via de ca-pitais chineses, muitos provindos de governos provinciais chineses. Em-bora hoje a situação não seja total-mente igual à da década de noven-ta do século passado (o jogo criou enormes oportunidades de negócio), o peg tem continuado a permitir uma entrada de capitais estrangei-ros em Macau livre de risco cambial (daí eu acreditar que o peg estará pa-trioticamente por “dias”), a situação do imobiliário e as tensões que dele resultam na sociedade, obrigam-nos a um esforço de entendimento do que estará no pensamento da grande China perante a falta de cultura po-lítica dos nossos dirigentes e alguma desastrada intervenção no sector. A China, como todos nós, percebe que Macau não pode continuar a crescer sem mão-de-obra. Mas tem presente que isso é também um presente en-venenado para quem quer controlar politicamente o território e o deixa “penetrar” na Mãe-Pátria. Aos pre-ços actuais, e aos que se adivinham no futuro, se não houver intervenção

séria dificilmente a população local irá sobreviver por cá. E a não-resi-dente desaparece, criando um fosso considerável entre as necessidades da economia e a oferta de recursos humanos. Mas tudo poderá ser par-cialmente contornado com mão-de--obra chinesa que continue a viver do outro lado da fronteira. Mas só parcialmente.

Resolver o problema do imobi-liário envolve hoje decisões com co-ragem e elas serão difíceis de tomar por governos locais. Isso parece-me claro dada a intrincada relação entre grupos de interesses e lobbies que se cruzam um pouco por todo o lado e se encontram num patamar político e familiar acima da maioria da popu-lação. A China aí tem pouca margem de intervenção ou quase nenhuma. A não ser que obrigue o governo local a optar por medidas que ela própria tem tomado no primeiro sistema.

Que não está nada satisfeita com esse enriquecimento rápido de alguns empresários locais, parece evidente. Está de mãos quase atadas para evi-tar que novos focos de contestação apareçam. Serão provavelmente os mais aterradores para a grande Chi-na. Uma manifestação pelo direito a uma habitação (ou renda) condigna pode levar para as ruas quase meia a uma centena de milhar de pessoas. Pessoalmente acredito que Chui Sai On terá percebido que tem de tomar as rédeas do imobiliário nas próprias mãos se quiser sobreviver. É preciso ser sério, não basta querer parecê-lo. O seu futuro político pode estar a jo-gar-se nesse puzzle que nem é com-plicado mas onde uma minoria move nas suas próprias barbas as peças do tabuleiro de forma desastrada, ga-nanciosa, senão mesmo fraudulenta!

Na origem dos problemas do imo-biliário estão, claro, os casinos. Eles próprios nas mãos da China. Basta que esta feche a torneira para que ambos estremeçam, como já aconte-ceu no passado. O jogo domina de facto a economia de Macau e nada contra ele se pode fazer. Mas o grau de exposição e de interesse das ope-radoras traduz de facto uma grande vulnerabilidade da indústria e por arrasto da economia de Macau.

A China controla exogenamente esse mercado, o seu crescimento e os seus estrangulamentos. Falta-lhe o controlo interno, até para permitir combater de forma mais efectiva o branqueamento e a fuga de capitais estatais chineses para o jogo. Veja-mos o que nos espera as negociações para a renovação das concessões.

Sem economia com algum grau de independência, sem política econó-mica que não seja apenas acomodatí-cia, e com todas as especificidades a que estamos habituados, Macau e as suas gentes vão estar em maus len-çóis e sempre sobre a batuta da gran-de China!

Como diz o outro, neste último caso, se calhar do mal o menos!

*Economista. Escreve neste espaço às sextas-feiras.

Sexta-feira, 20 de Junho de 201418 JTM | LAZER

Estudante de moda em ascensãoGabriella Lenzi tem atributos de modelo profissional mas ainda é uma estrela em ascensão. A bela brasileira de 20 anos, está ainda a terminar um curso de moda e só depois, garantiu, irá lançar-se na carreira “com toda a vontade”. Gabriella saltou para o estrelato depois de uns rumores de que seria a nova conquista de Neymar, relação que ambos desmentiram recentemente.

Destiny’s Child voltam a reunir-se para novo temaA ex-“Destiny’s Child” Michele Williams acaba de lançar o novo single “Say Yes” e pediu a colaboração das amigas Beyoncé e Kelly Rowland, dando-lhes o prazer de cantar os seus próprios versos na música. Esta é a primeira vez que as três cantoras voltam a reunir-se depois de terem actuado no “Super Bowl”, em 2013.

Stone e Garfield fogem aos paparazziAndrew Garfield e Emma Stone podem, a partir de agora, ser rotulados como os famosos mais originais na forma como fogem aos paparazzi. O casal estava a almoçar quando reparou que à saída, dezenas de fotógrafos estavam à sua espera. Fartos de serem perseguidos, os dois actores arranjaram uma forma original de chamar as atenções, saindo do local com um cartaz a tapar-lhes o rosto. No cartão podia ler-se: “Estávamos a comer e vimos um grupo de pessoas com câmaras cá fora. Então pensámos: vamos tentar algo diferente. Nós não precisamos de atenção, mas estas associações precisam: www.youthmentoring.org e www.autismspeaks.org. Estas são as coisas que realmente importam. Tenham um bom dia!”.

Rupert Grint estreia-se na BroadwayRupert Grint vai estrear-se na Broadway. O actor, que interpretou Rony Weasley na saga “Harry Potter”, juntou-se à equipa de “It’s Only a Play”, que deve começar a ser exibida no Teatro Gerald Schoenfeld, em Nova Iorque, no dia 9 de Outubro. O actor, de 25 anos, junta-se assim a Matthew Broderick, Nathan Lane, F. Murray Abraham, Stockard Channing, Megan Mullally e Micah Stock. A peça será apresentada numa casa de Manhattan durante a festa de abertura, que celebra a estreia do guião que fala sobre amizade.

Sexta-feira, 20 de Junho de 2014 JTM | LAZER 19

Gente Gira Envie as suas fotos para: [email protected]

O que falta em Macau? por Vítor Paulo Soares

Macau é uma terra de oportu-nidades e penso que muita gente pode comprovar isso.

No entanto, penso que muitas coisas poderiam e deveriam ser melhoradas como a autorização de residência aos novos emigrantes. Se o território tem

tanta falta de mão-de-obra, não se percebe porque é que dificultam tanto o pedido de residência e mesmo as em-presas não têm cotas suficientes para empregar trabalha-dores não residentes. Penso que o governo deveria rever esta situação, pois com a construção dos novos casinos, vão precisar de importar mais mão-de-obra estrangeira.

Por outro lado gostava que fossem criadas mais infra-es-truturas para que as pessoas possam aproveitar melhor as suas folgas. Se a política do governo fosse um pouco mais voltada para o bem estar da população, penso que já teriam dedicado algumas zonas para parques de lazer, com actividades ao ar livre.

RAEM representada com folclore em Chengdu

A delegação “Macau Dynamic” do IPIM vai a Chengdu, na República Popular da China, em

representação da RAEM. O grupo participa numa

feira de comércio na região onde contribuirá

com danças folclóricas. A foto foi tirada momentos

antes da partida.

Uma amizade

que dura há sete anos

Daniel Biru, conhecido como Da Brix, é o

DJ residente numa discoteca local há

mais de sete anos. Na fotografia surge com

Winnie Lei, secretária do mesmo espaço nocturno e os dois desenvolveram

uma forte amizade. A fotografia foi partilhada

nas redes sociais em jeito de homenagem pela

grande amizade!

Diversão ao ar livreA pequena Angélica

adora o sol e brincadeiras ao ar

livre. A fotografia foi tirada no parque Nova City, na Taipa num dos momentos relaxantes

com Lee Lee Mac. A pequena tem apenas 18 meses mas já pede para ir passear e adora os divertimentos dos

parques!

Apoiar o filho de todas as

maneirasMafalda Raposo tirou esta fotografia junto a um dos

leões do MGM para desejar a melhor das sortes à

equipa do Sporting Clube de Macau. Mafalda contou ao GENTE GIRA que o seu filho Alexandre é um dos

jogadores da equipa e que espera que vençam o próximo jogo que em caso de vitória corresponde ao título de campeão da Liga

de Elite.

20 JTM | ÚLTIMA Sexta-feira, 20 de Junho de 2014 • Fecho da Edição • 23:30 horas

Em Espanha, quase todos fo-ram apanhados de surpresa.

Sabia-se que havia problemas de saúde e a inevitável perda de qualidades que estar no poleiro desgasta muito. Sabia-se mesmo que “no balneário” havia diferen-ças de pensamento e acção, num ou noutro caso até teve que ser chamado um “árbitro” de fora para os arguir. E também se per-cebeu que nem todos alinhavam pelo mesmo lado.

O tempo passa e ainda não foi descoberto esse elixir da longevi-dade, mesmo para os mais dota-dos, pelo que quem sabe de táticas e estratégias até se surpreendiam com a imagem de estabilidade, força e segurança, que saía cá para fora.

Agora é preciso começar de novo, partindo quase do zero que os anos de formação não preen-chem a experiência e, pensando bem, o desgaste foi imenso nestes anos de comemorações.

Com novo “manager” à frente, só o futuro dirá se Filipe VI será capaz de unir os espanhóis e vol-tar às vitórias.

ENPASSANTJosé Rocha Dinis

Espanha vaicomeçar do zero

Felipe VI quer “monarquia renovada num tempo novo”O primeiro discurso de Felipe VI teve men-ções para a crise, os jovens sem trabalho e as divisões políticas. “Em Espanha, cabemos todos”, disse, pedindo “uma monarquia re-novada para um tempo novo”, respeitando a separação de poderes. Lembrou ainda o tra-balho pai, o rei Juan Carlos -- “Um reinado excecional, com um legado extraordinário” -- e o papel da mãe, a rainha Sofia.“Aspiro a uma monarquia renovada para um tempo novo”, disse Felipe VI, naquele que pode ser o resumo de um discurso em que pôs a tónica na estabilidade das institui-ções e no seu papel como garante desse equí-libro, e como símbolo de unidade num país de grandes divisões, em que a sua chegada ao trono mereceu forte contestação.“Os cidadãos procuram exemplaridade na vida pública e o rei deve fazer parte”, afir-mou Felipe VI. “Hoje posso afirmar que co-meça o reinado de um rei constitucional”, disse. “Um rei que deve estar de acordo com as funções que foram encomendadas, assumir a sua representação, um rei que deve respeitar o princípio da separação dos poderes, colaborar com o Governo e respeitar a independência do poder judicial”, disse. Declarações que podem ser lidas à luz dos problemas judiciais que enfrentam a irmã do novo rei e o seu cunhado, a infanta Cristina e Iñaki Urdangarín. O ex-andebolista está acusado de crimes de evasão fiscal e branqueamento de capitais“Encontrarão em mim um chefe de Estado disposto a ouvir e aconselhar e a defender os interesses gerais”, prometeu, su-blinhando a estabilidade institucional da coroa como garante do equilíbrio e do funcionamente do Estado.“Temos de trabalhar juntos para enriquecer o colectivo”, pediu Felipe VI. “Estamos a assistir a profundas transformações”. “Os temores dos cidadãos abrem-nos oportunidades”, afirmou. “É uma tarefa que nos pede uma mudança de mentalidades e atitudes e uma visão de responsabilidade”, adiantou ainda. O rei chega ao trono com o apoio do PP e do PSOE, mas com sectores do partido socialista a reclamar um referendo, tal como outros partidos de Esquerda, nomeadamente a Izquierda Plural.A crise mereceu referências próprias. Felipe aludiu aos problemas de desemprego das famílias e aos mais jovens. “Temos o dever de transmitir uma mensagem aos mais jovens e a obtenção de um emprego seja uma prioridade”.No final do discurso, Felipe VI voltou a dirigir-se aos espanhóis. “Gostaria de agradecer o apoio e o carinho que tantas vezes recebi”, afirmou, referindo-se aos espanhóis. “Tenho fé na nação espanhola, responsável e solidária, que está a demonstrar uma grande capacidade de superação. Sinto-me orgulhoso dos espanhóis e nada me deixaria mais feliz do que trabalhar. Citou Miguel Cervantes, “através de D. Quixote”. “Nenhum homem é mais do que outro se não faz mais do que outro.”Felipe VI mencionou a diversidade de línguas e culturas, fruto da história do país chamando ao rei a tarefa de unir o país. “A coroa é o símbolo da unidade, que não é uniformidade”, disse, aludindo às diferenças e divisões entre as várias regiões, nomeadamente a Catalunha, o País Basco e a Galiza. Falou especificamente das diferentes línguas que fazem Espanha, “pontes para o diálogo”. Esse momento mereceu um aplauso da Câmara de deputados.