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Questões de Concursos – Tudo para você conquistar o seu cargo público www.questoesdeconcursos.com.br]
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Direito Administrativo- Prof. Dênis França
1 • Prova: CESPE - 2012 - TRE-RJ - Analista Judiciário - Área Administrativa (questão nº 7)
As empresas públicas e as sociedades de economia mista sujeitam-se, quanto ao regime de compras,
aos princípios da administração pública e devem observar o procedimento licitatório.
Certo Errado
2 • Prova: CESPE - 2012 - TRE-RJ - Técnico Judiciário - Área Administrativa (questão nº 67)
Cargos públicos são núcleos de encargos de trabalho permanentes a serem preenchidos por agentes
contratados para desempenhá-los sob relação trabalhista.
Certo Errado
3 • Prova: CESPE - 2012 - TRE-RJ - Técnico Judiciário - Área Administrativa (questão nº 68)
O poder de polícia deriva do poder hierárquico. Os chefes de repartição, por exemplo, utilizam-se do
poder de polícia para fiscalizar os seus subordinados.
Certo Errado
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4 • Prova: CESPE - 2012 - TRE-RJ - Técnico Judiciário - Área Administrativa (questão nº 70)
Uma das modalidades licitatórias previstas na Lei n. o 8.666/1993 é o concurso.
Certo Errado
5 • Prova: CESPE - 2012 - TRE-RJ - Técnico Judiciário - Área Administrativa (questão nº 111)
Para os efeitos da Lei n. o 8.112/1990, servidor público é o ocupante de cargo público, conceituação
que abrange os ocupantes de cargo em comissão e função de confiança.
Certo Errado
6 • Prova: CESPE - 2012 - TRE-RJ - Técnico Judiciário - Área Administrativa (questão nº 112)
Aos servidores públicos civis da União são assegurados alguns dos direitos sociais garantidos aos
trabalhadores em geral, como a licença-paternidade.
Certo Errado
7 • Prova: CESPE - 2012 - TRE-RJ - Técnico Judiciário - Área Administrativa (questão nº 113)
São requisitos básicos indispensáveis para investidura em cargo público idade mínima de dezoito
anos, nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo e ausência de condenação penal.
Certo Errado
8 • Prova: CESPE - 2012 - TRE-RJ - Técnico Judiciário - Área Administrativa (questão nº 114)
Vencimentos, proventos e remuneração não podem ser objeto de medidas judiciais extremas como
arresto, sequestro ou penhora, exceto nos casos de prestação de alimentos resultantes de decisão
judicial.
Certo Errado
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9 • Prova: CESPE - 2012 - TRE-RJ - Técnico Judiciário - Área Administrativa (questão nº 115)
Considera-se a remoção uma espécie de provimento de cargo público.
Certo Errado
10 • Prova: CESPE - 2012 - TRE-RJ - Técnico Judiciário - Área Administrativa (questão nº 116)
A licença concedida ao servidor público federal para o desempenho de mandato classista constitui
exemplo de licença não remunerada.
Certo Errado
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11 • Prova: CESPE - 2012 - TRE-RJ - Técnico Judiciário - Área Administrativa (questão nº 117)
O servidor público faz jus licença remunerada para o desempenho de atividade político-partidária por
um período de três meses, compreendido entre o registro de sua candidatura e o décimo dia
seguinte ao da eleição.
Certo Errado
12 • Prova: CESPE - 2012 - TRE-RJ - Técnico Judiciário - Área Administrativa (questão nº 118)
O regime jurídico instituído pela Lei n.o 8.112/1990 aplica-se aos servidores civis da União e das
autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista.
Certo Errado
13 • Prova: CESPE - 2012 - TRE-RJ - Técnico Judiciário - Área Administrativa (questão nº 119)
As faltas justificadas do servidor decorrentes de caso fortuito ou força maior podem, a critério da
chefia, ser compensadas, sendo consideradas como efetivo exercício.
Certo Errado
14 • Prova: CESPE - 2012 - TRE-RJ - Técnico Judiciário - Área Administrativa (questão nº 120)
É permitida a participação de servidor público nos conselhos de administração e fiscal de empresas
ou em entidades em que a União detenha, direta ou indiretamente, participação no capital social ou
em sociedade cooperativa constituída para prestar serviços de natureza social a seus membros.
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Certo Errado
15 • Prova: CESPE - 2012 - TRE-RJ - Técnico Judiciário - Área Administrativa (questão nº 65)
Considera-se que o ato administrativo é válido quando se esgotam todas as fases necessárias para a
sua produção.
Certo Errado
16 • Prova: CESPE - 2012 - TRE-RJ - Técnico Judiciário - Área Administrativa (questão nº 66)
O poder de polícia, que decorre da discricionariedade que caracteriza a administração pública, é
limitado pelo princípio da razoabilidade ou proporcionalidade.
Certo Errado
17 • Prova: CESPE - 2012 - TRE-RJ - Técnico Judiciário - Área Administrativa (questão nº 61)
Os órgãos da administração pública classificam-se, segundo a função que exercem, em órgãos ativos,
órgãos consultivos e órgãos de controle.
Certo Errado
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18 • Prova: CESPE - 2012 - TRE-RJ - Técnico Judiciário - Área Administrativa (questão nº 62)
Quando determinada pessoa jurídica de direito público distribui competências internamente, tem-se
um exemplo de processo de descentralização.
Certo Errado
19 • Prova: CESPE - 2012 - TRE-RJ - Técnico Judiciário - Área Administrativa (questão nº 63)
Para que possa declarar a nulidade de seus próprios atos, a administração deve ingressar com ação
específica no Poder Judiciário.
Certo Errado
20 • Prova: CESPE - 2012 - TRE-RJ - Técnico Judiciário - Área Administrativa (questão nº 64)
Atos administrativos podem ser revogados por determinação tanto da administração quanto do
Poder Judiciário.
Certo Errado
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COMENTÁRIOS:
1 •
A licitação é uma regra constitucional (CF/88, art. 37, XXI) que tem por objetivo garantir a seleção da
melhor oferta na aquisição de bens e serviços por parte da administração pública, seja direta ou
indireta. Assim, sua aplicação às empresas públicas e sociedades de economia mista é patente, como
deixa claro o parágrafo único do art. 1º da Lei 8.666/93:
“Subordinam-se ao regime desta Lei, além dos órgãos da administração direta, os fundos especiais,
as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e demais
entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios.”
Portanto, a questão está correta. Mas vale fazer três observações:
- As empresas estatais (sejam empresas públicas ou sociedades de economia mista) não precisam
licitar no exercício da atividade fim. Por exemplo: para vender móveis inservíveis a administração
pública, em regra, deve licitar. Mas a Petrobrás, para vender ou comprar petróleo, por exemplo, não
precisa licitar, pois essa é a atividade dela e licitar seu objeto de atividade comercial seria algo
impossível, além de desnecessário. Ela negocia petróleo como um concorrente comum no mercado
faria.
- Apesar de serem obrigada a licitar como regra, as empresas estatais possuem algumas regras
próprias. A principal delas é a que dispõe sobre um limite de valor para as compras que pode ser feito
por dispensa de licitação, em caso de valores mais baixos, na forma do art. 24, I e II da Lei 8.666/93.
Enquanto tal valor é de até 10% do valor do convite para a Administração Pública em geral, para as
estatais é de 20%. Confira o que diz o §1º do referido artigo: “Os percentuais referidos nos incisos I e II
do caput deste artigo serão 20% (vinte por cento) para compras, obras e serviços contratados por
consórcios públicos, sociedade de economia mista, empresa pública e por autarquia ou fundação
qualificadas, na forma da lei, como Agências Executivas”.
- Finalmente, as empresas estatais podem existir em duas situações: para prestar serviços públicos
ou para intervir na ordem econômica, ou seja, para exercer atividade econômica, nos casos de relevante
interesse coletivo ou imperativo de segurança nacional. Ocorre que a CF/88, ciente de que esses dois
tipos de empresas estatais possuem finalidades bem diversas, abriu a possibilidade de ser feito um
estatuto próprio de licitações para as empresas estatais que atuam na ordem econômica. É importante
conhecer essa previsão, embora tal estatuto ainda não tenha sido editado, valendo ainda as regras da
Lei 8.666/93. Confira o que diz o art. 173, §1º, III, da CF/88: "§1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da
empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade
econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre: (...) III -
licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações, observados os princípios da
administração pública".
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2 •
Há muitos conceitos de cargos públicos por aí. Porém, sempre que a própria lei dá um conceito de
cargo público, devemos nos apegar a ele. E a lei 8.112/90 faz isso. Vejamos: Art. 3º Cargo público é o
conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que devem ser
cometidas a um servidor.
Mas essa questão nem é a central do item em análise. O conceito dado é diferente do
conceito legal, mas isso não quer dizer que esteja errado. Porém, ao final da assertiva, há uma
informação muito equivocada. É que os cargos públicos pertencem à administração pública direta ou
indireta autárquica e fundacional, ou seja, estão na estrutura dos entes regidos pelo Direito Público.
Isso significa que os ocupantes de cargos públicos se ligam à administração por uma relação de
natureza estatutária, e não por uma relação trabalhista, típica dos que ocupam empregos.
Portanto, a assertiva está errada, haja vista que os cargos públicos são regidos por uma
disciplina de Direito Público, não havendo na hipótese relação trabalhista. Haverá relação
trabalhista, de emprego público, apenas quando a administração indireta se materializar em pessoas
jurídicas de Direito Privado, como ocorre com as Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista.
3 •
Os poderes da administração pública são os seguintes: normativo, de polícia, hierárquico e disciplinar.
Este último, aliás, não deixa de ser uma decorrência do próprio poder hierárquicos, como anota a
doutrina.
Mas para resolver este item podemos traçar uma breve comparação entre os poderes
hierárquico e de polícia. O primeiro está relacionado à organização interna da administração. Assim, é
pela hierarquia que são distribuídas as funções, em conformidade com a lei, são dadas ordens pelas
chefias etc. Perceba que no exercício desse poder há um vínculo prévio que permite o exercício da
hierarquia, como ocorre, por exemplo, entre um servidor e seu chefe na repartição.
Já o poder de polícia é utilizado de maneira bastante genérica, e alcança a coletividade em geral.
São várias limitações impostas no dia a dia dos particulares, como regras de trânsito, por exemplo, que
devem ser observadas independentemente de uma prévia vinculação. Afinal, toda a coletividade deve
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respeito às normas gerais, submetendo-se ao poder de polícia.
Com isso, já vemos que o item está errado. Afinal, o chefe de uma repartição, ao fiscalizar seus
subordinados, se utiliza do poder hierárquico, até porque existe um vínculo prévio que os une, numa
relação de hierarquia. Não há, portanto, poder de polícia na hipótese.
4 •
Sim, acredite. Toda prova possui questões fáceis, capazes de levar o candidato preparado a gastar
preciosos minutos na procura de algum erro. Não raro, porém, essas questões fáceis enganam aqueles
que estão muito por fora dos assuntos.
Realmente o concurso é uma das modalidades licitatórias, razão pela qual este item é correto.
Vale lembrar quais são as modalidades de licitação: convite, tomada de preços, concorrência, leilão,
concurso (previstos na Lei 8.666/93) e pregão (previsto na Lei 10520/02).
Por fim, destaquemos dois pontos. O primeiro é a diferença entre tipos e modalidades de
licitação. As modalidades, já vimos. E os tipos são melhor técnica, melhor preço e melhor técnica e
preço. Seria uma pegadinha maldosa perguntar se concurso é um tipo de licitação, já que isso estaria
errado, pois o concurso é uma modalidade.
E o outro destaque é alertar que este concurso, modalidade licitatória, não tem absolutamente
nada a ver com os concursos públicos, que são o processo de recrutamento da maioria dos agentes
públicos. Vejamos, então, o conceito de concurso, dado pela própria Lei 8.666/93. Fique atento ao
peculiar objeto do concurso, que só é utilizado nessas restritas circunstâncias:
Art. 4º
(...)
§ 4º Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha de trabalho
técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores,
conforme critérios constantes de edital publicado na imprensa oficial com antecedência mínima de 45
(quarenta e cinco) dias.
5 •
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Conceituar os institutos no Direito Administrativo muitas vezes não é fácil, sobretudo porque há muitas
divergências entre os autores. Mas quando a questão se baseia em conceitos que foram dados pela lei,
como esta, a tarefa é mais tranquila.
Vejamos, então, o que diz a lei 8.112/90 a respeito: “Art. 2º Para os efeitos desta Lei, servidor é a
pessoa legalmente investida em cargo público.” Portanto, precisamos conferir, agora, como a lei
conceitua o cargo público: “Art. 3º Cargo público é o conjunto de atribuições e responsabilidades
previstas na estrutura organizacional que devem ser cometidas a um servidor.”
Portanto, nos termos da lei 8.112/90, servidor é quem ocupa cargo público. Mas quais são os
cargos públicos?
Primeiro, devemos dividir os cargos em cargos de provimento efetivo e cargos de livre nomeação
e exoneração. Os primeiros cargos são aqueles ocupados por quem presta concurso público, enquanto
os de livre nomeação e exoneração não possuem provimento efetivo, pois seus ocupantes podem ser
exonerados sem justificativa a qualquer momento, sem que possuam qualquer vínculo definitivo.
Em seguida, é preciso compreendermos o que são as funções de confiança e os cargos em
comissão. Ambos são destinados ás funções de direção, chefia e assessoramento e não são de
provimento efetivo, ou seja, seus ocupantes podem ser trocados a qualquer momento, a critério da
administração. Mas a principal diferença é que as funções de confiança são destinadas a pessoas que já
são servidoras públicas, enquanto os cargos em comissão podem ser providos, nos percentuais
definidos pela lei, por pessoas sem vínculo com a administração.
Estabelecidas essas premissas, logo vemos que o item está correto. Afinal, tanto os ocupantes de
funções de confiança quanto os de cargos em comissão ocupam cargos públicos. Mas perceba a
seguinte distinção: a função de confiança não é um cargo em si mesma, tanto que não se chama “caro
de confiança”. É apenas uma função a mais atribuída a um servidor que já ocupa um cargo efetivo. Ou
seja, seus ocupantes são servidores e ocupam cargo, mas o cargo é efetivo e independente do exercício
da função de confiança. Já os cargos em comissão são verdadeiramente cargos, tanto que podem ser
ocupados por pessoas que não possuem nenhum vínculo com a administração, ou seja, não ocupam
outro cargo.
6 •
Essa questão é muito tranquila. Afinal, a própria Constituição explicita quais dos direitos sociais
conferidos aos trabalhadores em geral, estabelecidos no art. 7º, são extensíveis aos servidores públicos.
Vejamos o respectivo dispositivo:
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Art. 39 (...)
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV,
XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de admissão
quando a natureza do cargo o exigir.
Para um estudo bem completo, confira o teor dos incisos do art. 7º contemplados pelo art. 39 da
Constituição Federal:
Art. 7º. Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de
sua condição social:
IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais
básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene,
transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo
vedada sua vinculação para qualquer fim;
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável;
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria;
IX - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais,
facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva
de trabalho;
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinqüenta por cento à do normal;
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal;
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias;
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei;
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança;
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de
sexo, idade, cor ou estado civil;
Responder a questão, então, é muito simples, pois o inciso XIX é expresso quanto à licença
paternidade. Portanto, a questão é correta. Mas o grande desafio é guardar isso e lembrar na hora da
prova, já que normalmente não há consulta à legislação.
Para isso uma dica é observar que há certos direitos dos trabalhadores em geral cuja extensão
aos servidores públicos não faria sentido. Um exemplo é o seguro-desemprego, destinado a proteger os
trabalhadores demitidos arbitrariamente. Ora, servidores públicos têm estabilidade e não podem ser
demitidos arbitrariamente, razão pela qual não faria sentido estender a eles o seguro desemprego. E,
por outro lado, não faria nenhum sentido negar aos servidores a licença-paternidade, que envolve até
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mesmo a dignidade da pessoa humana.
E não é só. É claro que alguns dos direitos conferidos pela Constituição estão disciplinados pela lei
8.112/90. Portanto, quem estudou essa lei provavelmente se lembrará de tê-los visto ali, como ocorre
com a licença paternidade, nos seguintes dispositivos da lei:
Art. 102. Além das ausências ao serviço previstas no art. 97, são considerados como de efetivo exercício
os afastamentos em virtude de:
(…)
VIII – licença:
a) à gestante, à adotante e à paternidade;
Art. 208. Pelo nascimento ou adoção de filhos, o servidor terá direito à licença-paternidade de 5 (cinco)
dias consecutivos.
7 • Conforme determina a Constituição em seu art. 37, I, a lei 8.112/90 a lei 8.112/90 estabelece os
requisitos básicos para a investidura em cargos públicos, no tocante à administração federal:
Art. 5º São requisitos básicos para investidura em cargo público:
I - a nacionalidade brasileira;
II - o gozo dos direitos políticos;
III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais;
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo;
V - a idade mínima de dezoito anos;
VI - aptidão física e mental.
Fica fácil ver que a idade mínima de dezoito anos e o nível de escolaridade previsto para o cargo
são requisitos, mas a inexistência de condenação penal não está listada. Portanto, a questão está
errada. Mas é possível que ela gere alguma dúvida, que cabe analisarmos.
Um dos requisitos para a investidura em cargo público é o gozo dos direitos políticos. E os
condenados penais, enquanto durar a condenação, ficam com os direitos políticos suspensos.
No entanto, a questão foi bastante capciosa, porque ela não mencionou como o gozo dos direitos
políticos, mas, sim, a ausência de condenação penal. E é obviamente possível que alguém já condenado
penalmente cumpra sua pena, recupere o exercício dos direitos políticos e, portanto, possa
normalmente ser investido em cargo público. Por isso, é claro que há pessoas que, condenadas
penalmente, cumprem pena, o que as impedirá de ocupar um cargo público. Mas isso não significa que
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a ausência de condenação penal seja requisito para a investidura, pois a exigência se dá, na verdade, no
sentido do efetivo gozo dos direitos políticos.
8 • Uma das grandes preocupações do legislador em relação aos trabalhadores em geral é a proteção dos
salários. O valor social do trabalho é fundamento do Estado brasileiro e a proteção do trabalhador é
base para a própria dignidade da pessoa humana.
É por essa razão que cuidou a lei 8.112/90 de “blindar” a remuneração dos servidores contra
certos riscos, impedindo que sejam estabelecidos, em regra, descontos. Eis o dispositivo da lei
respectivo:
Art. 48. O vencimento, a remuneração e o provento não serão objeto de arresto, seqüestro ou penhora,
exceto nos casos de prestação de alimentos resultante de decisão judicial.
Como se vê, a questão está correta, pois de acordo com o expresso texto legal. Vale apenas citar,
finalizando, outro dispositivo da lei que revela a possibilidade de outras previsões legais estabelecerem
descontos em folha, bem como a possibilidade de o próprio servidor autorizar a realização de descontos
para pagamentos de empréstimos consignados:
Art. 45. Salvo por imposição legal, ou mandado judicial, nenhum desconto incidirá sobre a remuneração
ou provento.
Parágrafo único. Mediante autorização do servidor, poderá haver consignação em folha de pagamento a
favor de terceiros, a critério da administração e com reposição de custos, na forma definida em
regulamento.
9 • As modalidades de provimento e vacância dos cargos públicos são frequentemente cobrados. O assunto
é razoavelmente fácil, até porque a própria lei estabelece o rol de hipóteses e já conceitua cada uma das
modalidades.
Nesse sentido, importante conferir o art. 8º da lei 8.112/90, que trata das formas de provimento
dos cargos públicos:
Art. 8º São formas de provimento de cargo público:
I - nomeação;
II - promoção;
III (REVOGADO)
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IV (REVOGADO)
V - readaptação;
VI - reversão;
VII - aproveitamento;
VIII - reintegração;
IX - recondução.
Portanto, já podemos perceber que a remoção não é forma de provimento de cargos públicos,
razão pela qual este item está errado. Mas em que consiste a remoção? Remoção é o simples
deslocamento do servidor, que passa a ser lotado em outro local. Não há provimento de cargo público,
pois a pessoa removida já era servidora e continua a ser, enquanto provimento é a maneira de o
servidor ser investido no cargo público.
Para finalizar, vale conferirmos a disciplina da remoção, dada pela lei 8.112/90:
Art. 36. Remoção é o deslocamento do servidor, a pedido ou de ofício, no âmbito do mesmo quadro,
com ou sem mudança de sede.
Parágrafo único. Para fins do disposto neste artigo, entende-se por modalidades de remoção:
I - de ofício, no interesse da Administração;
II - a pedido, a critério da Administração;
III - a pedido, para outra localidade, independentemente do interesse da Administração:
a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, também servidor público civil ou militar, de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que foi deslocado no interesse da
Administração;
b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge, companheiro ou dependente que viva às suas expensas e
conste do seu assentamento funcional, condicionada à comprovação por junta médica oficial;
c) em virtude de processo seletivo promovido, na hipótese em que o número de interessados for superior
ao número de vagas, de acordo com normas preestabelecidas pelo órgão ou entidade em que aqueles
estejam lotados.
10 • Há na lei 8.112/90 a previsão de 7 modalidades de licenças. E uma das questões a que se deve estar
atento no estudo das licenças é observar quais podem ser concedidas no estágio probatório e quais são
remuneradas.
Atividade classista é a atividade de representação da classe, da categoria. Portanto um ponto
importante é não confundir essa atividade, que tem disciplina própria, com atividade política e outras
que possam ensejar licenças.
A disciplina dessa licença é dada pelo art. 92 da lei 8.112/90. Confira:
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Art. 92. É assegurado ao servidor o direito à licença sem remuneração para o desempenho de mandato
em confederação, federação, associação de classe de âmbito nacional, sindicato representativo da
categoria ou entidade fiscalizadora da profissão ou, ainda, para participar de gerência ou administração
em sociedade cooperativa constituída por servidores públicos para prestar serviços a seus membros,
observado o disposto na alínea c do inciso VIII do art. 102 desta Lei, conforme disposto em regulamento
e observados os seguintes limites:
I - para entidades com até 5.000 associados, um servidor;
II - para entidades com 5.001 a 30.000 associados, dois servidores;
III - para entidades com mais de 30.000 associados, três servidores.
§ 1° Somente poderão ser licenciados servidores eleitos para cargos de direção ou representação nas
referidas entidades até o máximo de 3 (três), por entidade.
§ 1o Somente poderão ser licenciados servidores eleitos para cargos de direção ou representação nas
referidas entidades, desde que cadastradas no Ministério da Administração Federal e Reforma do
Estado.
§ 2° A licença terá duração igual à do mandato, podendo ser prorrogada, no caso de reeleição, e por
uma única vez.
Como se pode ver, o próprio caput do artigo 92 já revela que essa licença é dada sem
remuneração. É um direito do servidor, dentro dos limites estabelecidos nos incisos I a III, mas o
servidor não será remunerado. Portanto, a questão é correta.
Mas para uma abordagem completa, vale abordar dois aspectos muito importantes para essa
licença. O primeiro é que o tempo desse afastamento, embora não seja remunerado, será considerado
como de efetivo exercício do servidor, nos termos do art. 102, VII, “c” da lei 8.112/90, exceto para
efeitos de eventual promoção por merecimento. Por ser diferente da regra das demais licenças, essa
peculiaridade costuma confundir quando é abordada em provas.
E, finalmente, é necessário destacar que a licença para desempenho de mandato classista não
pode ser concedida durante o estágio probatório. Afinal, o §4º do art. 20 da lei 8.112/90 estabelece
quais licenças podem ser concedidas durante esse período, e esta não é uma delas. Veja:
Art. 20 (…)
§ 4o Ao servidor em estágio probatório somente poderão ser concedidas as licenças e os afastamentos
previstos nos arts. 81, incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem assim afastamento para participar de curso de
formação decorrente de aprovação em concurso para outro cargo na Administração Pública Federal.
11 •
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A licença para atividade político é sempre abordada em provas porque pode causar confusão ao
candidato menos atento. É que há um detalhe importante, mas simples, sendo necessário observar que
há dois momentos distintos para que não erremos.
O primeiro período pelo qual o servidor pode se licenciar para a atividade política é o lapso
existente entre a escolha do servidor como candidato na convenção partidária e a véspera do registro
de sua candidatura. Nesse primeiro período, a licença a ser concedida é sem remuneração.
O segundo momento é o que se inicia no dia do registro da candidatura e vai até o 10º após a
eleição. Nesse lapso a licença poderá a ser concedida será com remuneração. Mas há um limite para o
pagamento dessa remuneração, que é o prazo máximo de três meses. Ou seja, caso esse período supere
os 3 meses e o servidor deseje permanecer em licença, poderá fazê-lo, porém sem remuneração pelo
período excedente.
Como se vê, o item está correto. Vale destacar, ainda, que a licença para atividade política pode
ser concedida mesmo aos servidores que estiverem em estágio probatório, conforma autoriza o §4º do
art. 20 da lei 8.112/90. E, para finalizar, vale conferir os dispositivos de lei 8.112/90 que regulam a
licença para atividade política:
Art. 86. O servidor terá direito a licença, sem remuneração, durante o período que mediar entre a sua
escolha em convenção partidária, como candidato a cargo eletivo, e a véspera do registro de sua
candidatura perante a Justiça Eleitoral.
§ 1º O servidor candidato a cargo eletivo na localidade onde desempenha suas funções e que exerça
cargo de direção, chefia, assessoramento, arrecadação ou fiscalização, dele será afastado, a partir do
dia imediato ao do registro de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral, até o décimo dia seguinte ao
do pleito.
§ 2º A partir do registro da candidatura e até o décimo dia seguinte ao da eleição, o servidor fará jus à
licença, assegurados os vencimentos do cargo efetivo, somente pelo período de três meses.
12 •
Como os entes da administração pública direta ou indireta precisam recrutar pessoal para a realização
de suas atividades, importa conhecermos a que título são estabelecidos tais vínculos.
Como se sabe, as empresas privadas em geral contratam seus funcionários sob o regime
trabalhista, ou seja, da CLT (Consolidação das leis do Trabalho). E é essa mesma disciplina de
contratação, também chamada de “celetista”, que deve ser utilizada pelos entes da administração
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pública indireta que possuem organização de direito privado (embora devam respeito a certas regras de
direito público, como a obrigatoriedade da realização de concursos públicos). Afinal, o Direito do
Trabalho e considerado ramo do direito privado, e se tais entidades atuam no mercado, não faria
sentido que recrutassem seu pessoal a outro título.
Por outro lado, os entes políticos (União, estados, Distrito Federal e municípios) e as entidades da
administração indireta de direito público (autarquias e fundações de direito público) são submetidas a
um regime integralmente de direito público. E as peculiaridades de sua atuação, como a continuidade
da atividade e a possibilidade de alteração unilateral das regras que regem a vinculação do pessoal,
fazem com que seja necessário um regime jurídico próprio para reger tais vínculos.
Como essas regras são dadas unilateralmente pelo ente público, e não mediante acordo
contratual, como ocorre sob a CLT, fala-se em um regime jurídico próprio, aplicável aos servidores
públicos, os chamados estatutários. E note que cada ente político (União, estados, Distrito Federal e
municípios) deverá instituir suas próprias normas, observadas as regras gerais dispostas pela
Constituição Federal. A Lei 8.112/90 estabelece o regime jurídico dos servidores públicos civis da União.
Com esses comentários já podemos perceber que o item está errado. Afinal, sabemos que
empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações públicas de direito privado estão
submetidas a um regime predominantemente de direito privado e, na questão do regime de seus
servidores, se submetem ao sistema trabalhista. Portanto, não estão sujeitos à lei 8.112/90, que
alcançará apenas os servidores estatutários da União, ou seja, os que laboram na administração direta,
nas autarquias e nas fundações públicas de direito público.
13 • É sempre bom encontrar questões que trazem expressas previsões legais que são úteis no dia a dia –
conhecimentos que vale à pena ter – e, sobretudo, que premiam os candidatos que estudaram. Veja
como é fundamental a leitura da legislação indicada no edital do concurso.
Efetivamente, ao tratar sobre a perda da remuneração em caso de faltas, a lei 8.112/90 faz
previsão extremamente razoável: autoriza que eventuais faltas, desde que justificadas e decorrentes de
caso fortuito ou força maior, sejam compensadas. Vejamos o dispositivo legal correspondente:
Art. 44 (…)
Parágrafo único. As faltas justificadas decorrentes de caso fortuito ou de força maior poderão ser
compensadas a critério da chefia imediata, sendo assim consideradas como efetivo exercício.
Portanto, a questão está correta, valendo destacar que o condicionamento da possibilidade à
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autorização da chefia imediata é importante para preservar a administração em caso de eventuais
prejuízos causados pela falta do servidor ou não aceitação da justificativa apresentada.
14 • Quando o assunto é o regime jurídico dos servidores públicos civis da União – Lei 8.112/90 – é muito
importante conhecer os deveres dos servidores (art. 116) e as proibições a eles impostas (art. 117).
Uma dessas proibições é a que veda aos servidores a participação em gerência ou administração
de sociedade privada, mesmo informal (sociedades despersonificadas), vedando-se, assim, o exercício
do comércio (empresa) por parte dos servidores. Tal previsão encontra-se no inciso X do citado art. 177,
a seguir transcrito, que não veda, porém, que os servidores sejam sócios de empresas (na condição de
acionistas, cotistas ou comanditários), ou seja, detenham capital naquela organização, desde que não
ocupem as funções de gerência e administração:
Art. 117. Ao servidor é proibido:
(...)
X - participar de gerência ou administração de sociedade privada, personificada ou não personificada,
exercer o comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditário;
Contudo é preciso observar que o parágrafo único do art. 177 apresenta duas exceções muito
relevantes à proibição em análise. É que muitas vezes os servidores, sobretudo aqueles do alto escalão,
serão pretendidos como participantes dos conselhos de administração e fiscal de certas empresas e
entidades nas quais há participação de recursos públicos federais. Por isso, presente o interesse público,
permite a lei que os servidores participem da administração de empresas nessa condição, além de
poderem participar também da administração de sociedades cooperativas criadas para prestar serviços
aos seus membros. Confira:
Parágrafo único. A vedação de que trata o inciso X do caput deste artigo não se aplica nos seguintes
casos:
I - participação nos conselhos de administração e fiscal de empresas ou entidades em que a União
detenha, direta ou indiretamente, participação no capital social ou em sociedade cooperativa
constituída para prestar serviços a seus membros; e
II - gozo de licença para o trato de interesses particulares, na forma do art. 91 desta Lei, observada a
legislação sobre conflito de interesses.
Como se vê, a questão está correta, pois apresenta com exatidão a exceção na qual os servidores
podem participar da administração de empresas.
Finalmente, vale apenas destacar o inciso II do parágrafo único do art. 177, que também
autoriza o exercício da empresa por parte dos servidores que estejam em licença para tratar de
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interesses particulares, mas isso desde que não haja conflito entre os interesses do servidor e os da
administração, conforme a legislação pertinente.
15 • O ato administrativo, como os atos jurídicos em geral, possui um ciclo de formação. Afinal, para que exista, ele deve completar o seu ciclo de formação. Naturalmente, porém, é possível que um ato exista sem que seja válido, ou seja, um ato pode completar o seu ciclo e formação e até possuir todos os seus requisitos, mas ser incompatível com o Direito, situação em que deverá ser declarada a sua nulidade. E, ainda, ainda que um ato exista e seja válido pode ser que não seja eficaz, pois eficácia é a aptidão para produzir efeitos e pode estar pendente alguma condição de eficácia, como, por exemplo, a publicação. Com isso podemos perceber que há 3 diferentes planos em que o ato administrativo deve ser analisado: o da existência, o da validade e o da eficácia. É muito fácil confundir as três noções, razão pela qual devemos estar bem firmes nos conceitos. E um ponto importante nesse aspecto é que a expressão “ato perfeito” serve para designar atos que simplesmente existem, com todos os seus elementos (relembrando, os elementos do ato administrativo são competência, finalidade, forma, motivo e objeto). Ou seja, ao se deparar com a expressão “ato perfeito” não pense em ato válido, porque ser perfeito, nesse ponto, é simplesmente possuir todas as partes, todos os pressupostos, nada tendo o conceito a ver com a adequação ao direito. Por outro lado, o fato de ter todos os requisitos não torna o ato válido, embora exista num primeiro momento a presunção de veracidade dos atos administrativos, pois o ato pode existir e ser, posteriormente, percebida a sua inconformidade com o direito, ou seja, a sua invalidade. Ficou fácil, portanto, analisar o item. Afinal, o examinador tentou justamente confundir o candidato na percepção dos planos de existência, validade e eficácia. Assim, o item está errado, pois esgotar as fases necessárias para a produção significa apenas que o ato existe, nada impedindo que ele seja inválido, se estiver em contraste com o direito. 16 • Podemos começar a análise dessa questão afirmando que ela trás uma certa polêmica. Mas antes de comentarmos a polêmica, vamos comentar os conceitos e o gabarito. Como sabemos, a administração pública possui poderes especiais, diferentes dos que um particular possui. E o mais comentado e discutido deles é o poder de polícia. O conceito de poder de polícia é dado pelo Código Tributário Nacional e é sempre uma boa lembrança relembrá-lo:
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Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interêsse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de intêresse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. Como diz a melhor doutrina, os poderes administrativos são, na verdade, um poder-dever, ou até mesmo um dever-poder. Afinal, são utilizados como instrumento do interesse coletivo, e não como um mero privilégio da administração pública. E, nesse contexto, é claro que o poder de polícia deve ser limitado pela proporcionalidade e pela razoabilidade, princípios que buscam conformar o conteúdo dos atos administrativos àquilo o que seja adequado, útil, necessário, enfim, compatível com as necessidades no caso concreto. Por outro lado, quando conceituamos o poder de polícia, uma de suas características mais marcantes é a discricionariedade. Como sabemos, discricionariedade é margem de escolha, oportunidade e conveniência na prática de um ato administrativo. Mas, como é possível depreender, pela própria característica de a administração possuir poderes que são verdadeiros deveres, nunca haverá um ato totalmente discricionário. Mas, mesmo assim, a doutrina costuma aceitar de maneira unânime a discricionariedade como uma característica do poder de polícia, muito embora tal característica não signifique uma regra absoluta. Muito bem. Voltando ao item, é correto afirmar que o poder de polícia é limitado pela razoabilidade e pela proporcionalidade. Mas seria correto afirmar que o poder de polícia decorre da discricionariedade? O gabarito do item foi no sentido de que o mesmo é correto, e quando cobra esse tema o CESPE costuma mesmo abordar o poder de polícia como discricionário e como uma decorrência da discricionariedade. Mas, particularmente, penso que essa colocação não é muito precisa e merece ressalvas. Afinal, como vimos no próprio conceito legal, o poder de polícia decorre da supremacia do interesse público. A discricionariedade é, na verdade, uma maneira de exercício do poder. Por isso, apontado o gabarito adotado pela banca, sugiro atenção nesse tipo de questão. Ao meu ver, estaria errada, por causa da excessiva generalização feita, sobretudo porque nem sempre o poder de polícia é exercido de maneira discricionária. Na hora da prova esteja atento, tende compreender o que a questão pretendeu e nunca deixe de fazer recursos se as respostas forem de encontro ao seu raciocínio.
17 •
Resolvendo mais uma prova elaborada pelo CESPE, nunca é demais lembrar algumas dicas quando a
prova é de itens do tipo “certo ou errado”. É preciso ter atenção, pois uma palavra pode tornar algo
errado. É muito comum o examinador se utilizar de expressões generalistas, como “sempre”,
“nunca” e outras, que requerem do candidato ainda mais atenção, sendo necessário estar atento às
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regras e às exceções de cada assunto para correto julgamento do item.
Considero que esta questão foi difícil, sobretudo porque cobrada na prova de técnico. É que
essa classificação de órgãos em ativos, consultivos e de controle não é muito usual, e poucos
doutrinadores a trazem.
E o que fazer quando uma prova pergunta algo que nunca ouvimos falar? Se você estive
fazendo uma prova em que os erros são descontados (como é comum nessas provas do CESPE em
que um ou dois erros eliminam um acerto), cabe avaliar se vale ou não à pena chutar. É que quando
nos deparamos com algo que nunca vimos o risco do erro é alto, mas é alto para todos os
candidatos. Esteja atento.
Mas voltando ao conteúdo da questão, podemos, então, afirmar que ela está certa. Essa
classificação é proposta por Renato Alessi, e reproduzida por Maria Sylvia Zanella Di Pietro em seu
livro “Direito Administrativo”. Veja o que diz a renomada autora a respeito: “O mesmo autor (Alessi)
ainda classifica os órgãos, quanto às funções, em ativos, consultivos ou de controle, segundo tenham
por função primordial o desenvolvimento de uma administração ativa, ou de uma atividade
consultiva ou de controle sobre outros órgãos”.
Portanto, o item é correto.
18 •
Há determinados assuntos que são muito básicos e que, mesmo já cobrados à exaustão, nunca
deixam de ser objeto de avaliação em provas. Por isso, são assuntos que devemos saber sem
dúvidas, porque quando perguntados o índice de acerto será alto, razão pela qual não podemos
errar.
A Administração Pública tem muitíssimas atividades para exercer. E é natural que ela vá se
organizando para fazer isso. Imagine uma empresa privada, uma construtora por exemplo. Ela pode
começar com apenas um engenheiro e alguns operários. Mas à medida em que for crescendo, pode
ser que ela crie setores, um para os projetos, outro para cuidar do pessoal, outra para a
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contabilidade etc. Mais ainda: é possível que depois ela resolva vender os próprios imóveis que
constrói, por meio de uma imobiliária própria, que poderia ser uma outra empresa, controlada pela
construtora inicialmente idealizada.
Com a administração pública não é diferente. Mas como aqui estamos sob o império da lei,
tudo deve ser legalmente previsto.
Assim, quando se resolve subdividir as competências dentro de uma entidade administrativa,
temos a criação de órgãos como decorrência do processo de desconcentração administrativa. Um
excelente exemplo é o da criação de um ministério: imagine-se que havia no Brasil um Ministério da
Educação e da Cultura; mas, com o tempo, as atividades demonstravam demandar um cuidado
especializado, para melhor efetivação das competências. Seria o caso, então, de desconcentrar essas
competências de um mesmo centro, mas sem criar uma nova pessoa jurídica, sem criar uma nova
entidade. Este é o processo de desconcentração administrativa, por meio do qual são criados novos
órgãos.
Por outro lado, muitas vezes a evolução daquelas atribuições caminha no sentido de ser
necessária uma nova Pessoa Jurídica. Seria criado, assim, um novo ente ou entidade, dotado de
competências e orçamento próprio, capaz de ser sujeito de direitos e obrigações, embora seja ligado
ao ente instituidor. Este é o processo de descentralização administrativa, por meio do qual a
administração direta cria outras pessoas jurídicas, autônomas, mas ligadas e controladas por seus
instituidores, com o objetivo e melhor prestar suas atribuições. Um bom exemplo é a criação de uma
autarquia, como o INSS, que é responsável por gerir a concessão dos benefícios previdenciários.
Podemos, então, avaliar o item proposto. Ele diz que ao ser distribuída internamente uma
competência há o processo de descentralização. Como vimos, isto é errado, pois a distribuição
interna de competências, ou seja, sem a criação de um novo ente, sem nada externo, é o processo
de desconcentração. Portanto, este item está errado.
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19 •
Mais uma vez, estamos diante de um tema recorrente em provas, mas que não deixa de ser cobrado.
A Administração Pública, como sabemos, cuida dos interesses da coletividade. Por isso, é
dotada de prerrogativas que não são conferidas às pessoas em geral. E uma delas, muito marcante, é
a possibilidade de efetivar os seus atos administrativos, bem como retirá-los do mundo jurídico,
independentemente da provocação de autorização do Poder Judiciário. Trata-se do princípio da
autotutela, cuja explicação é bem dada pela súmula 473 do Supremo Tribunal Federal, que merece
ser conhecida: “A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os
tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação
judicial.”
E não poderia ser diferente. Imagine se a cada revogação ou anulação de ato a administração
necessitasse de prévia autorização do Judiciário. Isso seria impraticável. Porém, nada impede que os
atos administrativos sofram um controle posterior, por meio da provocação do Poder Judiciário.
Vale destacar, também, que ao contrário do que diz a súmula citada, a Administração não
“pode” anular seus próprios atos ilegais. Ela deve anulá-los, pois se foram percebidos em desacordo
com a lei, não podem subsistir no mundo jurídico, devendo ser extirpados. O legislador percebeu
isso e positivou o entendimento na lei 9.784/99, de maneira mais precisa do que a referida
súmula:Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de
legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos
adquiridos.
Portanto, este item está errado, já que é desnecessária a provocação do Poder Judiciário pela
administração para que esta declare a nulidade de seus atos, ressalvada a posterior apreciação
judicial.
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20 • Um dos pontos mais importantes quando tratamos dos atos administrativos é a maneira de sua retirada, de sua extinção. Os atos administrativos apresentam, assim, as seguintes formas de extinção: - Natural: o ciclo de produção de efeitos normalmente se encerra; - Desaparecimento da coisa ou pessoa: desaparecendo o objeto do ato, ele também se extingue; - Renúncia: quando cabível, a renúncia do particular pode extinguir o ato; - Retirada: o ato é levado à extinção, seja por meio de anulação, revogação, cassação, caducidade ou contraposição. O item em análise aborda, portanto, a revogação, uma hipótese de extinção do ato administrativo por meio de sua retirada do mundo jurídico que devemos analisar com mais cuidado. E em que consiste a revogação? Revogação é a retirada do mundo jurídico de atos cuja existência não é mais conveniente, ou seja,em razão de um juízo de oportunidade e conveniência. O ato é válido, razão pela qual não se pensa em sua anulação. Há, portanto, uma análise de mérito, que cabe apenas à própria Administração Pública, não podendo o Judiciário ingressar no mérito. Veja que quando há uma ilegalidade, o Judiciário pode, uma vez provocado, determinar a sua anulação. Mas não pode determinar a revogação, pois isso equivaleria a substituir o juízo de mérito do administrador pelo seu próprio juízo, o que ofenderia o princípio da separação de poderes. Note que na revogação, como o ato era válido, os efeitos serão apenas daquele momento em diante. Isso significa que os efeitos produzidos até o momento da revogação são perfeitamente válidos, pelo que se diz que a revogação opera efeitos efeitos ex nunc ou efeitos prospectivos. Portanto, o item em análise está errado, pois apenas a Administração Pública pode determinar a revogação de um ato administrativo, não podendo o Poder Judiciário fazê-lo.
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