direito de guerra
TRANSCRIPT
DIREITO DE GUERRA:
A guerra e a sua teorização começa a surgir na idade média. Aqui olha-se para a
guerra de um ponto de vista teleológico, ou seja, a guerra é um bem ou um mal; É
pecado ou não.
No entanto, também podemos observar que a guerra pode constituir um meio
de preservação da paz. Isto é, pode ser necessária fazer guerra para garantir a paz
entre os Estados.
A Ideia de que a guerra é um pecado consubstancia-se na ideia guerra injusta.
Por oposição, quando não é, a guerra é uma realidade que pode ser perseguida. Os
teóricos da idade média foram ao longo do tempo reduzido os conceitos da guerra à
ética e teologia.
Modalidades de guerra:
1. Guerra ofensiva:
Uma entidade independente (Estado) decide fazer guerra contra outro Estado, sem
que tenha uma justa causa para o fazer. Exemplo: Um país invada outro pais, porque
quer aumentar o seu território. Em princípio, a guerra ofensiva é uma guerra injusta.
2. Guerra defensiva:
Era normalmente considerada justa, porque o Estado estava-se a defender de uma
ameaça alheia. Era legítimo ao Estado fazer guerra sempre que houvesse uma ameaça
directa e eminente.
A guerra não é apenas injusta quando se trata de não haver um motivo para a
fazer. Isto é, um Estado até pode ter vários motivos, actuar em legítima defesa, mas
não usar os meios proporcionais para os fins que pretende atingir. Neste caso, em que
os meios são desproporcionais, a actuação torna-se ilegítima. Exemplo: Será que
actuação dos EUA, em 1945, a atacar o Japão era legítima? Sim. Mas a utilização da
bomba atómica é uma actuação proporcional? Não. Portanto, o fim que se pretendeu
Página 1
atingir necessitou da utilização de duas bombas atómicas sobre duas populações que
provocou danos durante todos estes anos.
Ponte entre épocas:
Guerra na idade média: Tratamento teleológico, porque o fim último da sociedade
medieval era a salvação da alma e a bem aventurança eterna. Assim, fazer guerra era
um pecado.
A avaliação da guerra faz-se através do evangelho.
Época moderna: O fim desta sociedade caracterizava-se pelo bem comum. Assim, há
uma separação nítida relativamente às duas épocas em apreço. Ocorre a laicização do
fim da sociedade. Este já não é intrinsecamente religioso, mas sim humano, que
significa o bem-estar das pessoas, no individual, bem como na sociedade no seu
conjunto.
Com Grócio e pós-Grócio a guerra avalia-se através do Direito. Assim a guerra
laiciza-se com o tempo e com o século XVII.
(A) Guerra justa:
Teorizada na Idade Média e começa com a ideia de ser pecado fazer guerra. A
guerra pode, no entanto, ser admissível e justificável.
Era justa quando:
Henrique de Susa:
Guerra contra infiéis: Estes são aqueles que após uma tentativa de
envangelização não a aceitam. Conceito essencial devido ao século XVI. Isto é,
contra o infiel posso fazer guerra (Islão - mouros);
Guerra autorizada pelo poder judicial: O tribunal declarava nesse sentido (o
próprio Papa podia ser considerado como arbitro);
Guerra tem de ser lícita: Para o ser havia autorização da mesma pelo príncipe.
A guerra tem de ser sempre autorizada.
Página 2
A guerra é justa se for necessária: É necessária quando tem como objectivo
proteger os povos dos seus inimigos. O conceito de necessidade é um conceito
essencial para se perceber a guerra: Assim, também podemos introduzir o
conceito de fim, pois este tem de ser sempre justo. O fim da guerra é proteger
um povo – prover aos interesses do todo e não da parte.
Estes critérios são alternativos e não cumulativos.
São Tomás de Aquino:
Guerra autorizada pelo príncipe;
Tem de haver justa causa: Um motivo legítimo para a guerra. Para ele, a guerra
defensiva é sempre justa, pois um Estado entra em guerra para se defender de
outro Estado. A guerra ofensiva só é justa se tiver como finalidade evitar uma
declaração de guerra ou neutralizar uma ameaça que se caracteriza como
eminente.
Guerra honesta: Proporcionalidade dos meios. Ideia de conceito de meios
adequados para a persecução da guerra. Não pode haver excesso da defesa.
Critérios cumulativos:
Página 3