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Direito do Idoso Estatuto do Idoso (Lei n. 10.741/03)
1. Introdução
A Constituição Federal de 1988 foi a primeira a introduzir um capítulo voltado
para o idoso. No mesmo capítulo existem disposições sobre a criança e o
adolescente, oferecendo-lhes tutela especial em razão de suas peculiaridades.
Desta forma, dispõe o artigo 230 da Constituição Federal “A família, a sociedade e o
Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação
na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à
vida.”.
Para fins de proteção legal, são considerados idosos todos os que
compõem a população com idade igual ou acima de 60 anos.
2. Disposições Preliminares
A lei em estudo estabelece um conteúdo programático, pois dispõe de um
programa a ser desenvolvido pelo Estado conforme determina a Constituição
Federal, qual seja, amparar o idoso, proporcionando-lhe tutela específica.
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O Artigo 2° é efusivo ao dispor que os idosos gozam de todos os direitos
fundamentais conferidos pelo artigo 5° , caput, da CF. A lei dispõe sobre a tutela
física e mental, bem como seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e
social, em condições de liberdade e dignidade. Assim, é a reafirmação da condição
de cidadão.
O Estado impõe à família, à comunidade, à sociedade e ao Poder Público o
dever de assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida,
à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à
cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e
comunitária.
2.1 Abrangência da Tutela
1- Atendimento preferencial imediato e individualizado junto aos órgãos públicos e
privados prestadores de serviços à população.
2- Preferência na formulação e na execução de políticas sociais públicas
específicas.
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3- Destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a
proteção ao idoso.
4- Viabilização de formas alternativas de participação, ocupação e convívio do idoso
com as mesmas gerações.
5- Priorização do atendimento do idoso por sua própria família, em detrimento do
atendimento asilar, exceto dos que não a possuam ou careçam de condições de
manutenção da própria sobrevivência.
6- Capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas áreas de geriatria e
gerontologia e na prestação de serviços aos idosos.
7- Estabelecimento de mecanismos que favoreçam a divulgação de informações de
caráter educativo sobre os aspectos biopsicossociais de envelhecimento.
8- Garantia de acesso à rede de serviços de saúde e de assistência social locais.
9- Prioridade no recebimento da restituição do Imposto de Renda.
As obrigações previstas na lei, não se esgotam, pois ela traz um rol
exemplificativo, devendo-se observar a principiológico do Estatuto para fins
de prevenção.
Cabe a todo cidadão a obrigação de comunicar à autoridade competente
qualquer forma de violação ao idoso, que tenha testemunhado ou de que tenha
notícia.
Toda forma de ameaça ou violação de direitos do idoso será passível de
responsabilidade.
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Os Conselhos Nacional, Estaduais, do Distrito Federal e Municipais do Idoso,
previstos na Lei no 8.842, de 4 de janeiro de 1994, zelarão pelo cumprimento dos
direitos do idoso, definidos em Lei.
3. Dos Direitos Fundamentais
Os direitos de proteção ao idoso são considerados direitos de terceira
geração, na medida em que encontram seu fundamento na solidariedade e na
fraternidade.
3.1 Direito à Vida
O artigo 8° trata do direito personalíssimo do envelhecimento, e sua proteção
é um direito social. A tutela voltada ao idoso deve promover a longevidade com
qualidade de vida. As políticas sociais públicas visam a possibilitar o
envelhecimento saudável, com respeito à dignidade do idoso.
3.2 Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade
O artigo 10° do Estatuto determina que o Estado e a sociedade observem a
liberdade, o respeito e a dignidade do idoso.
No parágrafo 2° apresenta os direitos relacionado à liberdade do Idoso, que
são:
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O artigo 10°, parágrafo 2° do ECA, apresenta direitos relacionados ao
respeito, que são:
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3.3 Dos Alimentos
Os alimentos serão prestados ao idoso na forma da lei civil. A obrigação
alimentar no Estatuto do Idoso prevê a solidariedade, tendo em vista que o idoso
pode escolher o prestador de alimentos, conforme dispõe o artigo 12 do Estatuto.
O artigo 14 fixa a responsabilidade do Poder Público no que toca ao
provimento do sustento do idoso nos casos em que os familiares, ou o próprio idoso,
não possuirem condições de fazê-lo. Trata-se de assistência social do Poder
Público, de forma subsidiária.
3.4 Direito à Saúde
O artigo 15 reproduz o mandamento constitucional do artigo 196 e seguintes,
da Constituição Federal, estabelecendo que:”É assegurada a atenção integral à
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saúde do idoso, por intermédio do Sistema Único de Saúde – SUS, garantindo-lhe o
acesso universal e igualitário, em conjunto articulado e contínuo das ações e
serviços, para a prevenção, promoção, proteção e recuperação da saúde, incluindo
a atenção especial às doenças que afetam preferencialmente os idosos.”
De acordo com o artigo 16, ao idoso internado ou em observação é
assegurado o direito a acompanhante, devendo o órgão de saúde proporcionar as
condições adequadas por sua permanência em tempo integral, sendo critério
médico, ressalvando que tal acompanhamento dependerá da autorização do
profissional de saúde responsável pelo tratamento.
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O idoso que esteja no domínio de suas faculdades mentais tem o direito de
optar pelo tratamento de saúde que lhe for reputado mais favorável. Na hipótese de
não estar em condições de proceder à opção, será assegurado aos familiares; na
ausência, o curador. Caso também ausente o curador, o médico.
Com o objetivo de garantir a dignidade do idoso no sistema de saúde, o
artigo 18 estabelece que as instituições de saúde devem observar os critérios
mínimos para o atendimento das suas necessidades, promovendo o treinamento e a
capacitação dos profissionais, assim como orientação a cuidadores familiares e
grupos de autoajuda.
Considera-se violência contra o idoso qualquer ação ou omissão
praticada em local público ou privado que lhe cause morte, dano ou
sofrimento físico ou psicológico.
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3.5 Da Educação, Cultura, Esporte e Lazer
O artigo 20 deste Estatuto, repete o texto constitucional, enfatizando que o
idoso tem direito à educação, cultura, esporte, lazer, diversões, espetáculos,
produtos e serviços que respeitem sua peculiar condição de idade.
No que tange à educação, os artigos 21 e 22 determinam que o Poder
Público criará oportunidades de acesso ao idoso, adequando currículos,
metodologias e material didático aos programas educacionais a ele destinados.
Quanto às atividades culturais, o Estatuto determina que seja dado desconto
de pelo menos 50% nos ingressos para eventos artísticos, culturais, esportivos e
de lazer, bem como acesso preferencial aos respectivos locais.
No mesmo sentido a norma do artigo 24, que estabelece que os meios de
comunicação manterão espaços ou horários especiais aos idosos, com finalidade
informativa, educativa, artística e cultural, e ao público sobre o processo de
envelhecimento.
3.6 Da Profissionalização e do Trabalho
O artigo 26 traça os limites para o trabalho das pessoas idosas (limites
físicos, intelectuais e psíquicos), e o artigo 27 veda a discriminação e a fixação de
limite máximo de idade na admissão do idoso em qualquer trabalho ou emprego,
inclusive os concursos, ressalvando as hipóteses em que a natureza do cargo o
exigir.
O Estatuto determina que o Poder Público criará e estimulará programas de
profissionalização especializada para os idosos, preparação dos trabalhadores para
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aposentadoria e estímulo às empresas privadas para admissão de idosos no
trabalho.
3.7 Da Previdência Social
A concessão dos benefícios de aposentadoria e pensão do Regime Geral da
Previdência Social observará critérios de cálculo que preservem o valor real dos
salários sobre os quais incidiram contribuição, nos termos da legislação vigente.
O artigo 30 dispõe que a perda da condição de segurado não será
considerada para a concessão da aposentadoria por idade, desde que a pessoa
conte com, no mínimo, o tempo de contribuição correspondente ao exigido para
efeito de carência na data de requerimento do benefício.
Por sua vez, o artigo 31 estabelece que o pagamento de parcelas relativa a
benefícios, efetuado com atraso por responsabilidade da Previdência Social, será
atualizado pelo mesmo índice utilizado para os reajustamentos do benefícios do
Regime Geral de Previdência Social.
3.8 Da Assistência Social
Aos idosos, a partir de 65 anos, que não possuam meios para prover sua
subsistência, nem de tê-la provida por sua família, é assegurado o benefício mensal
de um salário-mínimo, nos termos da Lei Orgânica da Assistência Social.
O Estatuto fixa as diretrizes para o funcionamento de instituições de
atendimento, ditando regras específicas e protetivas para as situações de longa ou
definitiva permanência.
O artigo 36, determina que o acolhimento de idosos em situação de
risco social, por adulto ou núcleo familiar, caracteriza a de pendências
econômica, para os efeitos legais.
3.9 Da Habitação
Moradia digna constitui outro direito que o idoso possui, seja no seio da
família natural ou substituta, seja desacompanhado de familiares, ou, ainda,em
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instituição pública ou privada. A dignidade de habitação é conferida a qualquer
forma de moradia.
O disposto no artigo 38, visa a garantir habilitação ao idoso, estabelecendo a
prioridade habitacional na aquisição de imóvel para a moradia própria e
determinando a reserva de pelo menos 3% das unidades habitacionais residenciais,
preferencialmente situadas no pavimento térreo, para atendimento aos idosos.
3.10 Do Transporte
O artigo 39 trata do benefício tarifário concedido aos maiores de 65 anos que
utilizam os transportes coletivos urbanos públicos, regra essa já prevista na
Constituição Federal e seu artigo 230.
No que concerne ao transporte coletivo interestadual, a regra é a do artigo
40. Ao solicitar a passagem gratuita nas agências arrecadadoras, o idoso deverá
estar munido de comprovante de salário.
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As vagas devem ser demarcadas com a mesma grafia usada para as
pessoas deficientes, em locais de fácil acesso, de forma que o idoso não seja
obrigado andar longas distâncias.
4. Das Medidas de Proteção
4.1 Disposições Gerais As medidas de proteção ao idoso são aplicáveis sempre que os direitos
reconhecidos no Estatuto forem ameaçados ou violados:
a) Por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
b) Por falta, omissão ou abuso da família, curador ou entidades de atendimento;
c) Ou em razão de sua condição pessoal.
Desta forma, nenhum idoso pode ser vítima de negligência, abandono,
discriminação, violência, crueldade ou opressão.
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4.2 Das Medidas de Proteção
As medidas de proteção ao idoso previstas nesta lei poderão ser aplicadas,
isolada ou cumulativamente, e levarão em conta os fins sociais a que se destinarem
e o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.
Quando ocorrer ameaça ou violação aos idosos, tanto o Ministério Público
como o Poder Judiciário (a requerimento do MP) poderão adotar medidas, tais
como:
1) Encaminhamento à família ou curador, mediante termo de responsabilidade.
2) Orientação, apoio e acompanhamento temporários.
3) Requisição para tratamento de sua saúde, em regime ambulatorial, hospitalar
ou domiciliar.
4) Inclusão em programa oficial ou comunitária de auxílio, orientação e
tratamento a usuários dependentes de drogas (lícitas ou ilícitas), ao próprio
idoso ou à pessoa de sua convivência que lhe cause perturbação.
5) Abrigo em entidade.
6) Abrigo temporário.
5. Da política de Atendimento ao Idoso
5.1 Disposições Gerais Os artigos 46 e 47 tratam das linhas de ação da política de atendimento,
abrangendo tanto as ações governamentais como as não governamentais da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
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5.2 Das Entidades de Atendimento ao Idoso
Tais entidades, tanto as governamentais como as não governamentais,
devem proceder à inscrição de seus programas junto ao órgão competente,
atendendo a certos requisitos.
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Especificamente, a entidades que desenvolvam programas de
institucionalização de longa permanência deverão adotar determinados
princípios. O dirigente de instituição prestadora de atendimento que praticar atos
em detrimento do idoso será responsabilizado civil penal e administrativamente.
● Obrigações das entidades de Atendimento:
1) Celebrar contrato escrito de prestação de serviço com o idoso, especificando
o tipo de atendimento, as obrigações da entidade e prestações decorrentes
do contrato, com os respectivos preços, se for o caso;
2) Observar os direitos e as garantias de que são titulares os idosos;
3) Fornecer vestuário adequado, se for pública, e alimentação suficiente;
4) Oferecer instalações físicas em condições adequadas de habitabilidade;
5) Oferecer atendimento personalizado;
6) Diligenciar no sentido da preservação dos vínculos familiares;
7) Oferecer acomodações apropriadas para recebimento de visitas;
8) Proporcionar cuidados à saúde, conforme a necessidade do idoso;
9) Promover atividades educacionais, esportivas, culturais e de lazer;
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10) Propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, de acordo com suas
crenças;
11)Proceder a estudo social e pessoal de cada caso;
12)Comunicar à autoridade competente de saúde toda ocorrência de idoso
portador de doenças infecto-contagiosas;
13)Providenciar ou solicitar que o Ministério Público requisite os documentos
necessários ao exercício da cidadania àqueles que não os tiverem, na forma
da lei;
14)Fornecer comprovante de depósito dos bens móveis que receberem dos
idosos;
15)Manter arquivo de anotações que possibilitem a identificação do idoso e
individualização do atendimento;
16)Comunicar ao Ministério Público, para as providências cabíveis, a situação de
abandono moral ou material por parte dos familiares;
17)Manter no quadro de pessoal profissionais com formação específica.
5.1 Da Fiscalização das Entidades de Atendimento
Institui o Estatuto do Idoso, no artigo 52, a fiscalização às entidades públicas
e privadas de atendimento ao idoso pelos Conselhos do Idoso, Ministério Público,
Vigilância Sanitária e outros previstos em lei. O artigo 53 dispõe sobre a Política
nacional do Idoso.
O artigo 54, relaciona-se à publicidade das prestações de contas do
recursos públicos e privados recebidos pelas entidades de atendimento. É da
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própria filosofia da Administração Pública a observância do princípio da
publicidade, da transparência, a fim de possibilitar o controle de abusos.
Em caso de danos aos idosos abrigados ou qualquer tipo de fraude em
relação ao programa, cabível o afastamento provisório dos dirigentes ou a interdição
da unidade e a suspensão do programa.
Havendo má aplicação ou desvio de finalidade dos recursos, cabível a
suspensão parcial ou total do repasse de verbas públicas.
Se ocorrer infração por entidade de atendimento que coloque em risco os
direitos dos idosos, o fato será comunicado ao Ministério Público (que tomará as
providências cabíveis: promover a suspensão das atividades ou dissolução da
entidade, com a proibição de atendimento a idosos a bem do interesse público), não
excluindo as providências a serem tomadas pela Vigilância Sanitária.
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5.2 Das Infrações Administrativas
Os artigos 56, 57 e 58 tratam das infrações no Âmbito administrativo.
a) Se a entidade de atendimento deixar de cumprir as determinações do artigo
50 do Estatuto = Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 3.000,00
(três mil reais), se o fato não for caracterizado como crime, podendo haver a
interdição do estabelecimento até que sejam cumpridas as exigências legais.
b) No caso de interdição do estabelecimento de longa permanência, os idosos
abrigados serão transferidos para outra instituição, a expensas do
estabelecimento interditado, enquanto durar a interdição.
c) Se o profissional de saúde ou o responsável por estabelecimento de saúde
ou instituição de longa permanência de comunicar à autoridade competente
os casos de crimes contra idoso de que tiver conhecimento: Pena – multa de
R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais), aplicada em
dobro no caso de reincidência.
d) Se a entidade deixar de cumprir as determinações desta Lei sobre a
prioridade no atendimento ao idoso: Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos
reais) a R$ 1.000,00 (um mil reais) e multa civil a ser estipulada pelo juiz,
conforme o dano sofrido pelo idoso.
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5.3 Da apuração administrativa de infração às normas de proteção ao
idoso
O Estatuto institui o procedimento para a imposição de penalidade
administrativa por infração às normas de proteção ao idoso, que terá inicio com
requisição do Ministério Público ou auto de infração elaborado por servidor efetivado
e assinado, se possível, por duas testemunhas
O autuado terá prazo de 10 dias para apresentar sua defesa, contados
da data de intimação. Será feita:
a) Pelo atenuante, no instrumento de autuação, quando for lavrado na
presença do infrator;
b) Por via postal, com aviso do recebimento.
5.4 Da apuração judicial de irregularidade em entidades de atendimento
Aplicam-se, subsidiariamente, ao procedimento administrativo de que trata
este Capítulo as disposições das Leis n. 6437/77 e 9784/99.
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O procedimento de apuração de irregularidade terá início mediante petição
da pessoa interessada, que deve ser fundamentada, ou pela iniciativa do Ministério
Público.
A autoridade judiciária poderá decretar liminarmente o afastamento do
dirigente da entidade ou outras medidas que julgar necessárias a fim de evitar lesão
aos direitos dos idosos. Por sua vez, o dirigente da entidade será citado para
oferecer resposta escrita, no prazo de 10 dias, facultada a juntada de documentos e
indicação de provas a produzir.
Posteriormente, o juiz poderá aplicar o rito sumário, observando as
disposições do Estatuto, ou, havendo necessidade, poderá designar audiência de
instrução e julgamento, decidindo, também, sobre a necessidade de outras provas a
serem produzidas.
As partes e o MP terão 5 dias para oferecer alegações finais, e o juiz, em
igual prazo, decidirá.
Antes de aplicar qualquer das medidas, a autoridade judiciária poderá fixar
prazo para a remoção das irregularidades verificadas. Satisfeitas as exigências, o
processo será extinto, sem julgamento do mérito.
6. Do acesso à Justiça
6.1 Disposições Gerais É facultada ao Poder Público a criação de varas especializadas e exclusivas
para o atendimento ao idoso
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É assegurada prioridade na tramitação dos processos e procedimentos e na
execução dos atos e diligências judiciais em que figure como parte ou interveniente
pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, em qualquer instância.
A prioridade se estende aos processos e procedimentos relativos ao idoso
não se limita ao Poder Judiciário, mas também no âmbito administrativo.
Para o atendimento prioritário será garantido ao idoso o fácil acesso aos
assentos e caixas, identificados com a destinação a idosos em local visível e
caracteres legíveis. Dentre os processos de idosos, dar-se-á prioridade especial
aos maiores de oitenta anos.
6.2 Do Ministério Público
Segundo o artigo 73, as funções do Ministério Público, serão exercidas nos
termos da respectiva lei Orgânica.
Competência do MP:
● Instaurar o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção dos
direitos e interesses difusos ou coletivos, individuais indisponíveis e
individuais homogêneos do idoso;
● Promover e acompanhar as ações de alimentos, de interdição total ou
parcial, de designação de curador especial, em circunstâncias que justifiquem
a medida e oficiar em todos os feitos em que se discutam os direitos de
idosos em condições de risco;
● Atuar como substituto processual do idoso em situação de risco, conforme
o disposto no art. 43 desta Lei;
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● Promover a revogação de instrumento procuratório do idoso, quando
necessário ou o interesse público justificar;
● Instaurar procedimento administrativo e, para instruí-lo (expedir
notificações; colher depoimentos; requisitar conduções coercitivas; requisitar
informações, exames perícias, documentos; promover inspeções e
diligências investigatórias etc);
● Instaurar sindicâncias, requisitar diligências investigatórias e a instauração
de inquérito policial, para a apuração de ilícitos ou infrações às normas de
proteção ao idoso;
● Zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais assegurados ao
idoso, promovendo as medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis;
● Inspecionar as entidades públicas e particulares de atendimento e os
programas de que trata esta Lei, adotando de pronto as medidas
administrativas ou judiciais necessárias à remoção de irregularidades;
● Requisitar força policial, bem como a colaboração dos serviços de saúde,
educacionais e de assistência social, públicos, para o desempenho de suas
atribuições;
● Referendar transações envolvendo os interesses e direitos dos idosos.
O artigo 75, trata da função de custos legis do MP. Nos processos em que
não for parte, sua atuação será obrigatória na defesa e interesses dos idosos.
Nesse caso, terá vista dos autos empre depois das partes.
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6.3 Da Proteção Judicial dos interesses difusos, coletivos e individuais
indisponíveis ou homogêneos
Toda manifestação do Ministério Público deve ser fundamentada, assim
como todas as decisões do juiz.
O Estatuto rege as ações de responsabilidade por ofensa aos direitos
assegurados ao idoso, referentes à omissão ou ao oferecimento insatisfatório de:
acesso às ações e serviços de saúde; atendimento especializado ao idoso portador
de deficiência ou com limitação incapacitante; atendimento especializado ao idoso
portador de doença infecto-contagiosa; serviço de assistência social visando ao
amparo do idoso.
Essas hipóteses da proteção judicial outros interesses difusos, coletivos,
individuais indisponíveis ou homogêneos, próprios do idoso,observando toda a
principiologia protetiva a ele deferida.
➔ Legitimados concorrentes para a propositura de ações cíveis fundadas em
interesses difusos, coletivos, individuais indisponíveis ou homogêneos:
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1- Ministério Público
2- União, Estados, Distrito Federal e Municípios
3- Ordem dos Advogados do Brasil
4- Associações legalmente constituídas há pelo menos um anos e que
incluam entre fins institucionais a defesa dos interesses e direitos da pessoa idosa.
Serão admitidas todas as espécies de ações pertinentes para a defesa dos
interesses e direitos de envolvendo o idoso, inclusive mandado de segurança.
Qualquer pessoa poderá e o servidor deverá provocar a iniciativa do
Ministério Público.
Os agentes públicos em geral, os juízes e tribunais, no exercício de suas
funções, quando tiverem conhecimento de fatos que possam configurar crime de
ação pública contra idoso ou ensejar a propositura de ação para sua defesa, devem
encaminhar as peças pertinentes ao Ministério Público, para as providências
cabíveis.
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Os autos do inquérito civil ou as peças de informação arquivados serão
remetidos, sob pena de se incorrer em falta grave, no prazo de 3 (três) dias, ao
Conselho Superior do Ministério Público ou à Câmara de Coordenação e Revisão
do Ministério Público.
7. Dos Crimes
7.1 Disposições Gerais O artigo 93 estabelece que se aplicam subsidiariamente, no que couber, as
disposições da Lei n. 7347/85, que disciplina a ação civil pública.
Já o artigo 94 prevê a aplicação da Lei n. 9099/95 (Para os crimes cuja pena
máxima privativa de liberdade não ultrapasse 4 (quatro) anos), e , subsidiariamente ,
no que couber, as disposições do Código Penal e do Código de Processo Penal.
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7.2 Dos crimes em espécie
Artigo 96 - Discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultando seu acesso a
operações bancárias, aos meios de transporte, ao direito de contratar ou por
qualquer outro meio ou instrumento necessário ao exercício da cidadania, por
motivo de idade
§ 1o Na mesma pena incorre quem desdenhar, humilhar, menosprezar ou
discriminar pessoa idosa, por qualquer motivo.
§ 2o A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se a vítima se encontrar sob os
cuidados ou responsabilidade do agente.
Artigo 97 - Deixar de prestar assistência ao idoso, quando possível fazê-lo sem
risco pessoal, em situação de iminente perigo, ou recusar, retardar ou dificultar sua
assistência à saúde, sem justa causa, ou não pedir, nesses casos, o socorro de
autoridade pública.
Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão
corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.
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Artigo 98 - Abandonar o idoso em hospitais, casas de saúde, entidades de longa
permanência, ou congêneres, ou não prover suas necessidades básicas, quando
obrigado por lei ou mandado.
Artigo 99 - Expor a perigo a integridade e a saúde, física ou psíquica, do idoso,
submetendo-o a condições desumanas ou degradantes ou privando-o de alimentos
e cuidados indispensáveis, quando obrigado a fazê-lo, ou sujeitando-o a trabalho
excessivo ou inadequado.
§ 1o Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave.
§ 2o Se resulta a morte.
Artigo 100 - Constitui crime punível com reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e
multa:
I – obstar o acesso de alguém a qualquer cargo público por motivo de idade;
II – negar a alguém, por motivo de idade, emprego ou trabalho;
III – recusar, retardar ou dificultar atendimento ou deixar de prestar assistência
à saúde, sem justa causa, a pessoa idosa;
IV – deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo, a execução de
ordem judicial expedida na ação civil a que alude esta Lei;
V – recusar, retardar ou omitir dados técnicos indispensáveis à propositura da
ação civil objeto desta Lei, quando requisitados pelo Ministério Público.
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Artigo 101 - Deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo, a execução
de ordem judicial expedida nas ações em que for parte ou interveniente o idoso.
Artigo 102 - Apropriar-se de ou desviar bens, proventos, pensão ou qualquer outro
rendimento do idoso, dando-lhes aplicação diversa da de sua finalidade.
Artigo 103 - Negar o acolhimento ou a permanência do idoso, como abrigado, por
recusa deste em outorgar procuração à entidade de atendimento.
Artigo 104 - Reter o cartão magnético de conta bancária relativa a benefícios,
proventos ou pensão do idoso, bem como qualquer outro documento com objetivo
de assegurar recebimento ou ressarcimento de dívida.
Artigo 105 - Exibir ou veicular, por qualquer meio de comunicação, informações ou
imagens depreciativas ou injuriosas à pessoa do idoso.
Artigo 106 - Induzir pessoa idosa sem discernimento de seus atos a outorgar
procuração para fins de administração de bens ou deles dispor livremente.
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Artigo 107 - Coagir, de qualquer modo, o idoso a doar, contratar, testar ou outorgar
procuração.
Artigo 108 - Lavrar ato notarial que envolva pessoa idosa sem discernimento de
seus atos, sem a devida representação legal:.
8. Disposições Finais e Transitórias
Os artigos 109 a 18, tratam das disposições finais e transitórias do Estatuto
do Idoso.
Essa lei determinou algumas modificações implícitas e explícitas, tanto na
Parte Geral e Especial do Código Penal quanto na legislação especial.
a) O Orçamento da Seguridade Social destinará ao Fundo Nacional de
Assistência Social, até que o Fundo Nacional do Idoso seja criado, os
recursos necessários, em cada exercício financeiro, para aplicação em
programas e ações relativos ao idoso.
b) Serão incluídos nos censos demográficos dados relativos à população idosa
do País.
c) O Poder Executivo encaminhará ao Congresso Nacional projeto de lei
revendo os critérios de concessão do Benefício de Prestação Continuada
previsto na Lei Orgânica da Assistência Social, de forma a garantir que o
acesso ao direito seja condizente com o estágio de desenvolvimento
sócio-econômico alcançado pelo País.
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