direito empresarial

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DIREITO EMPRESARIAL1 Aula - 05/04/2003Vamos comear pelo incio, l pela idade mdia. Pode parecer baboseira o conceito de direito comercial, s que mudou o conceito e por isso que importante, eu sempre falo isso, e Domingo caiu na prova da magistratura federal, isso besteira, mas vai cair, e vai cair novamente ou na magistratura estadual ou MP, sem sombra de dvidas uma questo dessa, ento vamos l: Conceito de direito empresarial: Ns podemos conceituar direito comercial a partir de determinados momentos histricos. A partir da idade mdia, o que aconteceu? O direito privado ele ainda estava unido e no existia ainda direito civil e direito comercial, o problema que na idade mdia o direito quase no evoluda por influncia da igreja. Naquela poca, embora o direito no evolua, as atividades mercantis estavam crescendo espantosamente, poca das expedies principalmente o direito mercantil, ento naquela poca no havia nenhum aparato legislativo, nenhuma lei, nenhum tratado por parte do Estado. Ento, os comerciantes da poca se viram na contingncia de criar regras prprias para tratar das relaes jurdicas. A partir desse momento, dessa contingncia que o direito comercial teve que se desvincular do direito civil, porque o direito civil estava inerte, principalmente pr influncia da igreja, direito de famlia no mudava, direito de sucesses no mudava, ficava tudo parado, e o direito comercial evoluindo, evoluindo, teve que se separar do direito civil. Ento, os comerciantes criaram regras prprias para tratar de suas relaes jurdicas, nesse momento o direito comercial ele foi conceituado como ramo autnomo do direito privado a servio de uma categoria especial, a servio dos comerciantes. E j que no havia nenhum aparato estatal, os comerciantes criam suas regras, o direito comercial nasceu basicamente como um direito costumeiro, ele utilizou basicamente os usos e costumes daquela poca. Foram formadas ligas, corporaes de comerciantes e ali todas as relaes jurdicas iam ser resolvidas, foram criados tambm os tribunais de comrcio e nesses tribunais, no era o juiz estatal. Vamos supor que estivssemos no Sul da Itlia, todos ns comerciantes, e crissemos uma corporao, ali h um tribunal do comrcio e esto vamos escolher uns entre ns para serem juzes, para os postulados. Alguns comerciantes eram chamados juzes, mas para aquele tribunal privado, que lei aplicava? No aplicava leis, aplicava os usos e costumes comerciais daquela regio. OBS: O problema que aquelas regras no eram aplicadas para todos os comerciantes indistintamente, porque s podiam se valer daquelas regras os comerciantes que participavam da liga, da corporao. Era um direito extremamente corporativista, quem no fazia parte do clube do bolinha no poderia se valer daquelas regras.

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Com isso quando algum queria litigar contra algum que integrava aquela liga, aquela corporao, tinha que acion-lo no Tribunal do comrcio, e quando voc o acionava l quem ganhava aquela ao? Quem fazia parte da liga. Era um direito extremamente corporativista, porque quem julgava era um daqueles que era escolhido como juiz consular. Ento o direito comercial no era muito bem visto, ele era visto como direito marginal, como um direito parte, no era marginal no sentido de bandido, mas marginal no sentido de a margem do direito estatal, do direito civil que regia os cidados comuns. por isso que hoje se eu chamar algum de burgus ele vai ficar ofendido comigo, nada mais injusto, porque isso vem dessa poca onde o direito comercial era separado como o burgus era separado, ele era visto como uma pessoa no nobre, porque o nobre era tratado pelo direito civil, por isso que se chamar de burgus ficava ofendido. Hoje no tem mais justificativa para isso, era uma tradio l de Roma da idade mdia, hoje no se justifica, ento hoje pode chamar de burgus e a pessoa ficar feliz, mas naquela poca no. Naquela poca era um direito marginal, um direito a margem, um direito dos excludos. O direito comercial sob essa concepo subjetivista, por esse conceito subjetivo do direito comercial. Que conceito esse? um ramo autnomo do direito privado a servio do comerciante. Ele permaneceu assim por um tempo at que o Napoleo resolveu criar uma nova concepo de direito comercial, ele no queria mais aquela histria de direito comercial s para comerciante, ele queria acabar com aquela histria de privilgios para os comerciantes, que tinham um tratamento prprio privilegiado, distinto dos demais. Ento, ele determinou que se elaborasse um cdigo comercial francs, que foi o cdigo de 1807, e nesse cdigo eles adotaram o conceito objetivo de direito comercial, ou melhor, eles criaram a concepo objetiva de direito comercial. Que concepo objetiva essa? O direito comercial passava a ser ramo do direito privado que estudava os atos de comrcio, porque no importa quem est praticando, se ele, se ela, se ela faz parte de alguma liga ou no, pouco importa, o direito comercial vai regular os atos de comrcio. E a vem dizendo, so atos de comrcio, transporte martimo, a compra para a revenda, as atividades de seguro, as atividades bancria, vem dizendo o rol dos atos de comrcio. Ento se tivesse naquele rol era tratado como direito comercial, se no tivesse no era, era um rol totalmente objetivo. Como Napoleo mandava no mundo, o Brasil foi fortemente influenciado, o nosso primeiro cdigo foi o cdigo comercial. O nosso cdigo comercial no distancia muito do cdigo francs foi em 1850, nos meados daquele sculo. E o cdigo brasileiro, alguns autores dizem, no bem assim, ele adotou a concepo objetiva. Ah professor, mas no cdigo comercial no tem o que so atos de comrcio? Realmente, mas ao lado do cdigo comercial nasceu o regulamento 737/50, que em seu artigo 19 dizia, so atos de mercantil: compra para revenda, atividade de seguro, atividade bancria, ento trazia aquele rol influenciado pelo cdigo francs. Ele no est mais em vigor h muitos anos. O problema dessa concepo trazida pelo professor Fran Martins.

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A sociedade maromba academia de ginstica, era uma sociedade civil ou sociedade comercial? Era civil A imobiliria? Era civil. A construo civil? Era comercial, por fora de lei. Isso por qu? Porque o rol era objetivo. E a atividade de prestao de servio? Civil A Encol foi falncia porque a construo civil uma atividade comercial, vai entender isso? No tem como entender, porque no h base cientfica, no tem como eu dizer uma regra para vocs, o que civil e o que comercial, isso vai depender do legislador, vai depender do pas, vai depender da poca. Ento no h base cientfica, ento at hoje no sabemos a amplitude do ato de comrcio, e difcil porque pelo conceito objetivo, adotado pelo cdigo de 1850, o direito comercial era o ramo que disciplinava os atos de comrcio. Mas a gente no sabe o que so atos de comrcio, como a gente vai estudar direito comercial? Ento o conceito objetivo no foi adotado em vrios pases, na Itlia, na Alemanha, na Sua h muito tempo que no se adota essa concepo. Ruiu o conceito objetivo de direito comercial, sobretudo na Itlia depois na sua, mas, sobretudo no CC italiano de 1942, criou-se uma nova concepo subjetiva, s que subjetiva moderna, e a do novo Cdigo Civil. Que concepo essa? Como que ns vamos conceituar o direito comercial sob o aspecto subjetivo moderno? Porque no se falou na faculdade. Sob o aspecto subjetivo moderno, o direito comercial ele passou a focar no mais o comerciante e muito menos os atos de comrcio. Importante: O direito comercial um ramo autnomo do direito privado que estuda e regulamenta os atos praticados pelo empresrio no exerccio de sua empresa. Ou em um conceito mais curtinho, disciplina jurdico privada das empresas. Acabou comerciante agora, comerciante coisa do passado, agora empresrio. A base o conceito de empresa e o conceito de empresrio, ento no existe mais comerciante agora empresrio. Acabou agora o comerciante e pelo art.2037 do CC, tudo aquilo que era aplicado para os comerciantes aplicado agora para os empresrios. Ento, quando a lei de falncia fala, est sujeito a falncia o comerciante, como que vocs vo ler agora? Est sujeito a falncia o empresrio. No existe mais comerciante, onde tinha comerciante voc l agora empresrio. Bom, esse nosso conceito e depois ns vamos ver o que empresa e o que empresrio. Segundo o nosso programa ns trabalharamos fonte agora, mas ns no vamos trabalhar fonte formal e fonte material, isso coisa de Introduo ao Estudo Do Direito na Faculdade e eu no vou tratar com voc, eu s vou tratar somente de uma fonte de direito peculiar do direito comercial. OBS: Alis, com essa mudana completa de base, que ns no temos como base nem o direito comercial e nem o ato de comrcio h quem defenda a mudana do nome da disciplina no seria mais direito comercial, mas direito dos negcios ou direito

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de empresas, ou empresarial, vlida a mudana apesar da tradio do direito comercial, mas j nos programas dos concursos voc vai ver l direito empresarial. Alis, a vara de falncia e concordatas do Rio, agora chama vara empresarial, o que um absurdo porque no vara empresarial, porque no vai tratar de todo o direito empresarial, porque vai tratar apenas de falncia e concordatas, o problema que o juiz quer se chamar juiz empresarial, s para tirar onda. Ento qual a fonte de direito que peculiar ao direito empresarial, que foi base dele no incio? Os usos e costumes mercantis, os costumes comerciais, ento agora os costumes empresariais. O que importante falar sobre ele? O importante como que eu vou provar ao juiz, dois empresrios litigando, ou um empresrio e outro no empresrio, no interessa, o autor est alegando que o fundamento do direito dele est no costume empresarial fonte do direito, como eu vou provar para o juiz que existe um costume. Alis, eu preciso provar para o juiz que existe aquele direito, ou eu s preciso provar o fato? Em regra s o fato, princpio da iuria novit curia, s que esse princpio abre exceo, exatamente para os costumes, para o direito municipal e o direito estrangeiro, artigo 337 do CPC.L vem dizendo que voc prova os costumes comerciais atravs de uma certido que voc obtm l nas juntas comerciais, como assim? A junta comercial ela obrigada a catalogar, ou usando o termo tcnico apropriado ela obrigada a assentar todos os costumes comerciais.Ento, tem um processo administrativo, todos os interessados so chamados, vai aprovar, todos so chamados e depois de aprovado vai ser publicado, e assentado. Ento para se obter a prova do costume s ir junta comercial e pedir uma certido.O funcionrio da junta vai l no livro do costume e tem, hoje no sentido figurado, porque est tudo no computador. Ento, voc prova atravs de uma certido. Mas o que importante falar? Como ns no Brasil no adotamos o sistema da prova tarifada, admite-se a prova por qualquer meio idneo, ento se pode provar tambm atravs de depoimento de testemunhas, de representantes de classes, ento se pode provar os costumes atravs de outras provas. Mas a prova praticamente irrefutvel a certido da junta. Caiu uma questo no Rio Grande do Sul, l no RGS eles dizem que costume l o cheque pr-datado, ou mais tecnicamente falando cheque ps-datado. A eles perguntaram o seguinte, eles queriam registrar o cheque ps-datado como costume dos comerciantes. Ai eu pergunto, pode ser assentada a utilizao do cheque ps-datado como costume comercial? Pode? No, porque o cheque uma ordem de pagamento a vista, e por qu? Porque est na lei, e s se admite costume praeter legis ou secundum legis, no se admite costume contra legis. Era prova l do RGS. Onde est dizendo na lei para ganhar 10? Nos artigos 28 do decreto 57595/66 e 32 da lei 7357/85. Isso fala que o cheque tem natureza de ordem de pagamento a vista e por isso no pode ser assentado como costume.

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CARACTERSTICAS DO DIREITO EMPRESARIAL O que pode ser caracterstica do direito empresarial, o que pode parecer besteira, mas que envolveu l a prova da magistratura federal. 1) oneroso - O empresrio no faz nada nunca de graa, a regra de que no existe atos comerciais gratuitos, a regra a onerosidade, e a gente observa muito isso no direito obrigacional. Tem que ficar muito atento para essa caracterstica, por qu? Existe compra e venda civil e mercantil, mandado mercantil e civil, ento, por exemplo: Eu vou l dar aula no Esprito Santo e vou deixar o Arthur que meu amigo como meu procurador. Vou fazer um contrato de mandato para que ele me represente na reunio de condomnio, no falei nada se vou pagar ou no, esse mandato presume-se gratuito ou oneroso? um mandato de natureza civil ou empresarial? Presume-se gratuito. Vou dar outro exemplo: Luciana representante de pneus, surgiu uma grande oportunidade dela realizar uma venda em So Paulo, ento ela pede para Luis Antonio que tambm representante ir l em So Paulo realizar o contrato para ela. Faz o contrato e a procurao certinho.Pergunto, no falaram nada se iam pagar ou no, esse contrato presume-se gratuito ou oneroso? Oneroso, porque no exerccio da atividade da empresa. S existe um artigo tratando do mandato, e est l no pargrafo nico. Embora o Cdigo Comercial tenha sido revogado, os artigos do novo CC, ele traz a regra do civil e traz uma ressalva do mandato mercantil. Como a gente vai saber o quanto ela vai pagar ao representante, j que no foi convencionado, como o juiz vai decidir? Com base em que? No costume daquela atividade, naquela regio, costume 10%, 5%, depende do tipo de atividade, ento ele vai utilizar o costume daquela regio naquela atividade.Que ser provado atravs de uma certido da junta comercial ou de uma declarao. A cooperativa de prestao de servio considerada o que? Artigo 982 do CC, sempre ter natureza simples, ou seja, civil. 2)Informalismo: O direito comercial extremamente informal como regra, enquanto o direito civil extremamente formal. Se vai vender um imvel, existe burocracia? Existe, uma burocracia enorme. Agora, voc vai vender uma tonelada de um produto, voc faz essa venda de forma verbal, de um valor 10 vezes maior e no existe em regra contrato de compra em venda mercantil escrito. A regra esmagadora o contrato verbal. Como assim? Um liga para o outro e diz eu quer comprar uma tonelada de tal produto e paga tal dia, para 30, 60 e 90. Aceitou, fechado, no tem assinatura de contrato.

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O transportador vai levar a mercadoria, e vai pegar o comprovante do recebimento, a fatura, no tem a assinatura de contrato regra a informalidade. Importante: E agora no existe compra e venda civil e compra e venda mercantil, os artigos da compra e venda mercantil foram revogados, esto todos eles no CC, que fala da Compra e Venda e ponto final. Mas tem aquela ressalva, a compra e venda para revenda e vem dizendo as regras que eram da antiga compra e venda comercial. 3) Elasticidade: O que elasticidade? E aqui a gente vai comear a tratar de algo mais palpvel, o direito empresarial tido como elstico, por qu? Porque ele no dedutvel, ele indutvel, ou seja, o direito empresarial no precisa do legislador, dane-se o legislador, como assim? Os empresrios eles criam todos os dias novas relaes jurdicas, novos negcios atpicos, e o direito empresarial no precisa criar uma lei para aquilo. Foi criado um novo contrato e o direito empresarial no precisa criar a lei, ele simplesmente aumenta e comea a tratar daquele negcio, mesmo sem nenhuma previso legal. No precisa ter lei prevendo que deve ser tratado dessa ou daquela forma, porque na ausncia de lei voc aplica os costumes, os princpios as caractersticas. Por exemplo, vocs conhecem alguma empresa de factoring? Conhece, tem alguma lei tratando de factoring? No existe nenhum artigo sequer tratando de factoring. Portanto, o direito empresarial no precisa de lei, ele simplesmente incorporou a modalidade factoring, ele aumentou, ele elstico. Como que vai disciplinar? Com base nos costumes. Como tratado o factoring? Aqui no Brasil isso novo, pega os costumes de outros pases, como EUA, na Inglaterra.Costuma ser tratado dessa forma, por isso que como no h lei nenhuma, a gente sabe que o risco na inadimplncia do Factorizador e no do factorizado. Como a gente faz isso? A gente at prende o safado do agiota, pega uma nota promissria, por que isso? Tem alguma lei dizendo que ele no pode fazer isso? No precisa de lei, porque a gente sabe que pelo costume o factorizador que tem que assumir o risco pela inadimplncia dos ttulos transferidos. Ento o direito comercial ele elstico. Um outro tipo de contrato que no tem nenhuma previso legal, o carto de crdito. Tem carto de crdito no Brasil? Sem dvida, qual a lei? No tem lei que trata de carto de crdito, a o direito comercial foi e viu. Como aplicado em outros pases, como o costume, por isso ele chamado de elstico.

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4) Internacionalidade: Outra caracterstica a internacionalidade, eu no chamaria de internacionalidade que a concepo dos doutrinadores antigos, hoje devemos utilizar o termo globalizao. O direito empresarial ele tende a globalizao, por qu? Porque h mercados comuns, como existe l na Europa, como existe no Mercosul, regras de direito comercial idnticas para vrios pases.Como o direito comercial ele tende ser uniforme em vrios pases, como Brasil e Argentina, o direito civil tende a nacionalizao. O direito civil cada pas tem o seu, no direito de famlia no importa como nos outros pases, agora, o direito empresarial tem que ser parecido, ento como o Brasil vai exportar para a Argentina e a Argentina vai exportar para o Brasil. Por isso que ns temos tratados internacionais sobre nota promissria, letra de cmbio, cheque, ento ns temos outros tratados tratando de comercio. Ns temos regras universais para vrios pases, por isso que tende a globalizao. A ONU patrocina um estudo para a elaborao de um cdigo comercial internacional, que nunca vai sair do papel, porque no interessa aos EUA. No precisa colocar isso na prova, porque voc no sabe quem est corrigindo.Voc pode colocar: conveniente ressaltar que confirmando essa caracterstica a prpria ONU, patrocina um estudo de elaborao de cdigo comercial internacional estabelecendo regras idnticas para vrios pases, no precisa dizer que no vai sair do papel. 4) Boa-f: No precisa dizer porque peculiar a todos os ramos do direito no s do direito comercial. 5) autonomia: O caso o seguinte o cdigo comercial ele era dividido em trs livros de quebras, Comrcio martimo e Comrcio terrestre. O livro de quebras foi revogado h muito tempo e hoje a gente tem a lei de falncia.Hoje foi revogado o comrcio terrestre, s existe o cdigo comercial, ainda no foi totalmente revogado porque ele ainda tratado como comrcio martimo. O comrcio martimo ainda continua sendo tratado pelo cdigo comercial, mas deixa o comrcio martimo de lado porque a gente no vai tratar. Ai eu pergunto, em relao ao comercio terrestre, com a revogao do cdigo comercial, as regras que teriam sido incorporadas pelo direito civil, ser que o direito empresarial poderia continuar sendo chamado de ramo autnomo do direito privado? Ou ser que houve unificao? A mesma pergunta foi feita l na Itlia, eu vou freqentemente falar da Itlia, porque o nosso livro de empresas do atual CC quase uma traduo do Italiano, pegaram a parte das empresas do Cdigo Italiano traduziram e colocaram no Brasil com algumas mudanas.

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Ento na Itlia o objetivo foi unificar o direito privado, s que depois de aprovado e em funcionamento, eles viram que no adiantou colocar tudo em uma lei s, porque misturou gua e leo. Importante: Vocs vo poder ver bem o que no CC direito civil e empresarial, o livro de famlia direito civil, o livro de ttulos de crdito direito empresarial, o livro das empresas direito empresarial, parte que fala das sucesses direito civil.Ento, juntou gua e leo na mesma lei, como diz o professor Csar Devivante: eles enfaixaram direito comercial e direito civil na mesma lei, e por mais que tenham enfaixado no quer dizer que seja um s. E a eu pergunto o direito comercial continua autnomo? Sim e por vrios motivos.E a primeira autonomia que se destaca a autonomia cientfica e por que cientificamente o direito comercial continua autnomo? Porque ele tem caractersticas prprias, diferentes do direito civil. Quando um se presume gratuito o outro oneroso, quando um indutivo o outro dedutivo, enquanto um tende a nacionalizao o outro a internacionalizao. Ento so ramos com principiologia prpria. So ramos autnomos, com princpios diferentes, porque se a base diferente eles no so a mesma coisa.Por isso que cientificamente ele continua autnomo. Didaticamente ele tambm continua autnomo, agora o professor de direito civil no substitui o professor de direito empresarial, e ns estamos falando isso com base na experincia italiana. Em 98 foi feita uma reforma na Universidade de Bolonha na Itlia onde foi prestigiada a cadeira de direito empresarial, tradio e vai continuar sendo com livros prprios, bibliografia prpria, ento continua autnomo. O importante aqui o seguinte, com a revogao do cdigo comercial e a introduo dele no novo CC, o direito comercial ele diminuiu ou ele aumentou? Antes eram s os atos de comrcio, aqueles atos de intermediao, somente. A idia era essa, s que com o direito de empresa no novo CC artigo 966 o conceito de empresrio ele quase duplicou. Por qu? Considera-se empresrio quem atravs de seu estabelecimento comercial desenvolve atividade economicamente organizada para fins de produo e circulao de bens, ou servios. Agora quem tratado pelo direito comercial que no era? Lembra l da academia Maromba? Academia de ginstica, no era atividade comercial e agora atividade empresarial. Lembra da imobiliria? A imobiliria era tratada pelo direito civil e agora tratada pelo direito comercial, porque o conceito aumentou. Importante: A atividade de prestao de servio que antes no era tratada pelo nosso direito empresarial, agora tratada. A imobiliria, por exemplo, agora est sujeita a falncia, assim como a academia de ginstica. Bom, embora o cdigo comercial tenha sido revogado, o direito comercial ele aumentou, praticamente duplicou. OBS: Autonomia legislativa a gente pode falar aqui s o seguinte, no h dvida de que se est tratando dentro da mesma lei, de direito civil e direito empresarial, que lei nova essa?

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O novo Cdigo Civil. No h dvida e por isso ns vamos falar que a unificao legislativa foi apenas parcial. Por qu parcial? Porque s existe um ponto de convergncia que o novo Cdigo Civil, que trata das duas matrias. Agora as outras leis, por exemplo a lei que trata da unio estvel uma lei civil, a lei de falncia empresarial. Ento mesmo legislativamente eles continuam autnomos, alguns livros falam em unificao legislativa, mas um erro porque eles pensaram s no novo CC, no novo CC houve unificao mas apenas parcial da legislao, porque as outras leis continuam sendo aplicadas nos ramos que lhes so prprios, houve apenas unificao parcial. Qual o nico ponto de convergncia? O novo CC. E agora ns vamos conceituar a parte mais importante do direito empresarial, que o conceito de empresa e empresrio. A base de todo direito empresarial hoje, so dois artigos. O primeiro o artigo 966 do CC. Ele o artigo principal, se voc decorar voc reponde milhares de questes de direito empresarial, a base. Seguindo a pirmide de Kelsen a base seria o artigo 966 para o direito empresarial, que nada mais do que uma traduo literal, no muda nem a vrgula do artigo 2082 do CC Italiano. Bom, ento a base o artigo 966 e o outro artigo a gente no vai falar agora e sim durante o curso muitas e muitas vezes o artigo 1053 do CC, que fala das sociedades limitadas, ele um artigo importantssimo, e com certeza quando o examinador quiser na hora da prova aplicar uma pegadinha vai usar o artigo 1053 do CC. O mais importante o artigo 966. Vamos agora interpretar o 966 do CC, tudo aquilo que vocs ouviram falar de empresrio esqueam, no nada daquilo que falaram na faculdade. Ex: 4 pessoas vo formar uma sociedade, Bela Blum salo de cabeleireiro Ltda. Temos dois scios administradores ( no se fala mais em scio- gerente, acabou esse negcio de scio-gerente, gerente empregado, felizmente mudaram o nome), os outros so apenas investidores. Numa festa um dos scios est se apresentando, e aquela pergunta, o que voc faz? Ela fala que medica, ela dentista, ela economista e quando perguntam para ele, ele vai dizer que empresrio.Eu sou empresrio, tenho uma rede de salo de cabeleireiro, ele est falando a verdade? ou no ? No, ele tudo menos empresrio, ele fala apenas para tirar uma onda. Quando um scio chega e fala que empresrio s para tirar a onda, e no brincadeira no, tem at uma resoluo do DNC que autorizou os scios administradores e os titulares de firma individual a tirar uma carterinha de empresrio. Vocs sabem que todo mundo quer ter uma carterinha, a carteira de empresrio. Primeiro no tem base legal e sim numa instruo normativa e ele no empresrio , porque olha s , pelo conceito do artigo 966 e do 982, empresrio a pessoa fsica ou jurdica que em nome prprio atravs de seu estabelecimento empresarial, desenvolve atividade economicamente organizada para fins de produo, circulao de bens e servios.

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Ai eu pergunto, quem o empresrio? O empresrio a sociedade, mas que isso? O problema que botaram na cabea de vocs, se vocs forem perguntar ao pipoqueiro da esquina, ele vai dizer que o empresrio a pessoa fsica, vocs ligaram a figura da pessoa fsica, nada mais equivocado. Importante: Empresrio pode ser tanto pessoa fsica como jurdica e geralmente o empresrio pessoa jurdica porque o empresrio individual teria responsabilidade ilimitada, ento quando algum vai desenvolver uma atividade desenvolve atravs da sociedade. E a o que diz o artigo 982 do CC, considera-se empresria a sociedade tal.... E o que scio? Scio scio. E ele poderia ser chamado de comerciante antes? Quem est sujeito a falncia? Todos os comerciantes. Quem est sujeito a falncia o scio ou a sociedade? A sociedade, porque o scio no comerciante. Isso a gente j sabia s que no atentava para esse detalhe. Por qu o scio no est sujeito a falncia? Porque ele no comerciante, porque quem est sujeito a falncia a sociedade, ela era a sociedade comercial ou comerciante coletivo. Ento hoje, quem est sujeito falncia o scio ou a sociedade? A sociedade, porque ele no age em nome prprio. V o conceito do 982, ele age em nome prprio? No ele age em nome da sociedade. Quem est desenvolvendo a atividade? A sociedade, por isso que ela se reveste no conceito e no ele ( scio). E quando que ele empresrio? Quando ele empresrio individual, firma individual, mas voc ao abrir uma firma individual, voc sabe que sua responsabilidade ser ilimitada, e voc vai querer fazer isso? Arriscar a sua casa de praia, seu stio, seu carrinho? No vai querer, voc vai juntar com outras pessoas e quem ser o empresrio ser a sociedade. Quem vai a falncia? A sociedade, voc apenas o scio, o scio em ltima anlise um mero credor da sociedade, e digo pior credor porque ele s recebe depois de todos os credores. O professor Fbio Ulhoa Coelho, foi muito feliz quando ele colocou em letra 26 no livro dele: Pelo amor de Deus, scio no empresrio. Eu vou perguntar isso aqui vrias vezes em meio a outros institutos e vocs vo errar. Decore isso scio no empresrio scio scio, quem o empresrio? A pessoa jurdica ou empresrio individual, a firma individual ou as sociedades empresrias.

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Qual seria a diferena do conceito de scio para o conceito de empresrio? O que que mudou? So trs mudanas, na doutrina s tem duas, mas pode se acrescentar uma . Trilogia: * Pessoa fsica ---- comerciante individual ---- empresrio individual ( art. 966)

* Pessoa jurdica --- sociedade comercial---- sociedades empresariais ( art. 982)

* Scio( fsica ou jurdica)---------------scio--------------- scio Qual a diferena do conceito de comerciante para o conceito de empresrio? So trs diferenas. 1- Filosfica: A primeira diferena vou dar apenas por que filosfica e quem faz essa diferena o professor Rubens Requio, e normalmente pedem |Rubens Requio na prova. O conceito de comerciante um conceito egosta, da poca de uma concepo egosta ,individualista, corporativista, marginal, e por isso que o burgus xingamento hoje, agora se eu te chamar de empresrio eu estou te xingando? No, um conceito mais social, hoje a gente tem a concepo de que o empresrio um bibel. O Estado tem que tratar bem o empresrio. Eu vejo muita gente criticando, sem conhecimento de causa, o PROER que ajudou os bancos, criticando PROAR, que ia ajudar a TAM, por que isso? O governo no est dando dinheiro paras o empresrio, o Brasil d de um lado para pegar de outro, como assim? Bom, o empresrio na concepo social, o Estado deve se preocupar com o empresrio porque a escala empresarial a base econmica de um pas, se no tiver empresrio o pas vai a falncia.Ento quando uma exportadora, a VARIG, realiza um contrato e o dinheiro vem para o Brasil, quando os dlares chegam eles ficam com quem? Com o exportador? No, quem vai fazer o cmbio o Banco Central, fica com Estado que d para o exportador o real. Ele pode at fazer o cmbio em uma instituio particular, por causa da variao, mas ele vai pegar o dlar e vai dar para o Banco Central. Ento, por isso que o empresrio tratado que nem um bibel, teoria da preservao da empresa, porque enquanto o empresrio estiver vivo, mais postos de empregos, mais arrecadao de impostos, sem falar nas divisas do contrato internacionais. Por isso, o conceito de empresrio se contrape ao conceito individualista, marginal que o Estado fazia do comerciante. Por isso que o Lula vai l no sei aonde defender o Brasil, por isso que o FHC, foi l na Organizao Internacional do Comrcio, defender a EMBRAER da BOMBARDI, da Frana. O dinheiro no vai vir para o governo diretamente, vai vir para

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EMBRAER, construir avies, mas os dlares vo ficar no Banco Central. E por isso que o Banco Central d injeo de dlar no mercado, de no sei quantos milhes de dlares no mercado. 2) conceitual: Segunda diferena conceitual, porque o conceito de comerciante pegava apenas aqueles atos de intermediao, ento era o restaurante, a concessionria de veculos, as indstrias. E o conceito de empresrio muito maior porque abrange tambm o conceito de prestao de servios, o conceito de comerciante menor, o conceito de empresrio mais amplo, mais abrangente. Foi a pergunta da prova oral do MP.O examinador perguntou antes do CC, imaginem agora se eles no vo perguntar sobre isso. O conceito de empresrio substitui a de comerciante? Voc tinha que falar h diferenas, essas trs que eu estou dando, j falei de duas vou falar da terceira. 3)dada pelo professor Fbio Ulhoa Coelho e Waldo Fazzio Jr. ( Principalmente ), a seguinte: Nem todos aqueles que eram chamados de comerciantes agora podem ser chamados de empresrios, ele est falando no de um pblico grande ele est falando daqueles antigos comerciantes nanicos, por exemplo: A vendedora de Avon, ele d exemplo no livro dele, ela praticava atos de intermediao? Praticava. Ela era comerciante. Mas ser que ela se encaixa no conceito de empresrio? Para eles no, porque no tem estrutura comercial, porque no desenvolve atividade economicamente estruturada, mais tarde ns vamos estudar isso melhor. OBS: Nem todos aqueles comerciantes tem estrutura prpria organizada para serem chamados de empresrios. Na poca da prova eu s lembrei de duas, eu lembrei do conceito que era mais abrangente e lembrei dessa diferena, eu no conhecia a filosfica. REQUISITOS PARA SER EMPRESRIO: So vrios os requisitos 1) capacidade + ausncia de proibio legal: O primeiro deles a capacidade mais ausncia de proibio legal. Alguns autores colocam como dois requisitos, um a capacidade e outro a ausncia de proibio legal, mas isso questo didtica, no muda nada. Eu vou falar primeiro da pessoa fsica, porque a pessoa jurdica adquire capacidade e ganha personalidade jurdica a partir do registro. Ento, eu vou falar do empresrio pessoa fsica do empresrio individual, tudo bem? Bom, quando que a pessoa fsica adquire capacidade civil plena, a partir de quantos anos? 18 anos.

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Existia uma discusso na poca do CC de 1916, a partir de quantos anos o menor poderia se emancipar pelo exerccio do comrcio, existam duas correntes: A- Uma minoritria do Rubens Requio e Manoel Ferreira, eles diziam que era a partir dos 16 anos, mas eles eram minoritrios. B- A corrente majoritria do Fbio Ulhoa, Fran Martins, dizia que era a partir dos 18 anos, mas a gente no precisa mais disso, porque a partir dos 18 ele hoje maior, plenamente capaz. OBS: Ai vem o novo CC e disse em seu artigo 5, pargrafo nico, inciso V, que o menor com 16 anos pode se emancipar pelo exerccio do comrcio. Antes havia divergncia e o novo CC acabou encampando a corrente minoritria. Hoje o menor com 16 anos pode se emancipar com o exerccio da empresa, no tem mais divergncia, a lei foi expressa. Mas muitos autores, sobretudo o professor Penalva, o professor Anco Mrcio Valle, criticam esse artigo, porque ele fica em total descompasso com o ordenamento jurdico vigente. Ele no est em sintonia com o direito penal. Imaginem um empresrio praticando inmeros fatos fraudulentos, fazendo concorrncia desleal, crimes contra o consumo e tudo mais e lhe sendo aplicado medida protetiva do ECA, medida de advertncia, tipo olha no pode mais vender produto estragado. No h como, o juiz vai d uma repreenso verbal ?!. E tambm no est em consonncia com a lei de falncia, art. 2,II da LF, diz que s possvel a falncia do maior de 18 anos. E entre 16 e 18 anos ele poder dar o desfalque no mercado e ningum poder requerer a falncia dele, porque a lei de falncia especial, e no revogada por lei geral posterior, ento, ns vamos ter um vcuo entre esses 16 anos e 18 anos e esse empresrio pode fazer tudo, pode cometer crime, ele comete ato infracional, ele pode ficar insolvente e no poder ser decretada a sua falncia. Tem soluo? No tem soluo, a soluo a reforma da lei de falncia e do CP. Eu vou deixar uma pergunta para a prxima aula porque esse artigo muito complicado, o artigo mais difcil do direito empresarial o artigo 974 do CC, e a pergunta a seguinte: Pode um menor, melhor um louco, vamos supor que ele esteja interditado, pode um louco ser empresrio? Qual o primeiro requisito que eu falei? A capacidade. O louco capaz? No. Pode o louco ser empresrio? Pode uma criana de um ano ser empresria? Pode ou no? Olha s o que o novo CC fez, ele conseguiu em um artigo mudar todo o ordenamento jurdico, nessa parte, todas essas regras foram mudadas e quando eu falo para os civilistas eles chegam a se arrepiar. Patrimnio um conceito uno e indivisvel, cada pessoa s tem um patrimnio, uma pessoa no pode ter dois patrimnios como ocorre na Frana, aqui ela s pode ter um patrimnio. E o scio tem dois patrimnios? No ali so duas pessoas e cada uma tem o dela, no Brasil cada uma pessoa tem o seu patrimnio. Segundo Jos Maria Leoni, patrimnio o complexo de relaes jurdicas de uma pessoa dotada de valor econmico.

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Ento s existe um patrimnio por pessoa. Importante: E esse artigo 974 do CC permitiu que uma pessoa tivesse dois patrimnios e permitiu o empresrio incapaz, o empresrio de um ano de idade e o empresrio louco interditado. Mas como isso? Ele permitiu o seguinte, vamos supor que o empresrio individual, no estou falando do scio, vamos supor o Arthur Novak, vamos colocar Arthur Novak Comrcio de veculos, est comprando e vendendo carro e a ele foi interditado pela mulher. Eu pergunto pode o curador continuar a atividade desenvolvida pelo curatelado? Antes de jeito nenhum, porque toda a atividade empresarial sujeita a risco e o patrimnio do incapaz poderia se evaporar junto. S no era pacfico porque o Carvalho de Mendona entendia que podia . A o novo CC, veio e disse, no voc pode continuar desde que voc pea uma autorizao judicial, o juiz vai pegar e analisar se existe risco no negcio. E eu pergunto o juiz tem conhecimento de causa para analisar isso? No, ele no economista. Ento ele vai avaliar os riscos dos negcios e se ele entender conveniente ele autoriza, e a Juliana Novak continua desenvolvendo a atividade em nome dele. Ela empresria? No, e nem desenvolve atividade em nome prprio. Quem o empresrio? O Arthur. Quem vai ser acionado e citado? O Arthur, que vai exercer seus direitos atravs do curador. E o juiz vai fazer outro absurdo, vai dividir o patrimnio do Incapaz. Ele tinha um patrimnio nico, tudo fazia parte de um mesmo patrimnio.S que agora o juiz vai dividir o patrimnio e vai averbar nas juntas todos os bens que esto ligados a essa atividade. S estaro sujeitos aos riscos da atividade os bens ligados a empresa. Antes a responsabilidade era ilimitada. O incapaz fica com dois patrimnios, um ligado a atividade empresarial e outro no ligado a atividade empresarial. Ex: Casa de praia. Ento o computador da loja, os carros podem ser penhorados, mas a casa de praia no. O patrimnio j no mais to indivisvel assim, ele pode ser dividido na forma do artigo 974 do CC. E o menor de um ano de idade, antes no exercia atividade comercial, s na reencarnao, mas vamos supor, que o Arthur morresse e deixou como nico herdeiro o filho de um ano, o menor herdou uma atividade empresarial, pode ele com um ano de idade tocar a atividade? No. Pode a representante legal desse menor continuar a exercer a atividade que antes era exercida pelo autor da herana? Antes de maneira nenhuma, porque quando ele fizesse 18 anos ele no teria mais nada, para o menor. Por isso o juiz decidia sempre em vender tudo e colocar numa poupana, com aval do Ministrio Pblico. Teve o caso de Braslia, onde o promotor e o juiz estavam envolvido e foi um escndalo, mas o menor era scio. Agora quando era para desenvolver a atividade pessoalmente o menor no podia, eu no estou falando de sociedade e sim de empresrio individual.

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Importante: Mas agora o novo CC deu esse poder para o juiz que poder autorizar o representante do menor continuar a atividade que antes era desenvolvida pelo autor da herana. A voc pede e o juiz vai analisar os riscos, e quando ele autorizar, o menor recebeu como herana os bens ligados a empresa e a casa de praia, e a eu pergunto quando o juiz autorizar ele vai est dividindo o patrimnio do menor e s vai estar sujeitos aos riscos os bens ligados a atividade empresarial, a casa de praia est fora. E quem vai ser o empresrio, o representante legal? No porque ele no est agindo em nome prprio e sim em nome do menor. Quando for acionar na justia vai se acionar o menor, porque o representante legal no vai agir em nome prprio e sim em nome do menor. Bom, a lei para por a, mas a gente pode complementar, vamos supor que no incio ela estava vendendo carro que era uma beleza, com lucro ela comprou um stio e depois ficou ruim e ela quebrou.Eu pergunto aquele stio vai responder? Est ligado a atividade? No diretamente, mas se provar que foi fruto, estar ligado de forma indireta, porque seno seria timo para o incapaz, porque s entra nunca sai. Ento est ligado mais de forma indireta. Agora se ele vendeu para comprar o stio este no estar sujeito aos riscos. Cuidado, porque as pessoas tm medo de falar desse artigo, o Fbio Ulhoa Coelho quando vai falar desse artigo assim ele reproduz o artigo, Waldo Fazzio Jr. faz a mesma coisa com medo de falar besteira. O Amador Paes de Almeida entrou numa de falar e falou uma besteira que no tem tamanho, ele misturou o artigo com a questo de scio, e no tem nada haver com sociedade o artigo 974 do CC. ltima pergunta para deixar vocs sem dormir:Se ela no desenvolve muito bem essa atividade, o que normal, porque mulher no entende muito de carro. Se aquela atividade est indo a banca rouca, pode ser decretada a falncia? Do menor no e do louco, e a? No tem soluo Os autores no falam, mas eu sou obrigado a falar. Do louco pode porque no tem nenhuma vedao legal, mas do menor de um ano de idade no pode. Quando o louco falir, os bens que sero arrecadados sero somente aqueles ligados a atividade comercial, agora do menor no pode, porque ele no pode falir a no ser que voc entenda que a falncia daqueles bens, mas falncia de objeto? Complicado, mais uma vez o CC no est em consonncia com a Lei de Falncias, que tem que ser modificada.

2 Aula - 12/04/2003Estamos falando dos requisitos para ser comerciante. Primeiro conceituamos empresrio que pode ser tanto pessoa fsica como jurdica. Aquela mania que tnhamos de pensar que empresrio s pessoa fsica acabou n, definitivamente. Ento empresrio pode ser pessoa jurdica. E falamos do primeiro requisito aquele requisito complicado do 972, 973 e 974, ou seja a capacidade.

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Vimos que para ser empresrio, antes de mais nada a pessoa deve ser capaz. Bom, o segundo requisito que ns vamos tratar hoje a ausncia de proibio legal. Importante: No basta que a pessoa seja capaz para exercer a atividade empresarial, ela no pode ser proibida por lei de ser empresrio. Exemplos: o promotor de justia, o juiz o funcionrio pblico, o militar, o corretor, o leiloeiro. Todos eles tm capacidade mas so proibidos por lei de exercerem atividade empresarial. Ento o segundo requisito a ausncia de proibio legal, no basta ser capaz, no pode ser proibido por lei. E o que ns podemos falar sobre isso? Vamos supor que uma pessoa que tenha capacidade seja proibida e mesmo diante dessa proibio ele venha a exercer essa atividade. Por exemplo um juiz que alm de juiz empresrio, ele no poderia mas . Qual a conseqncia? Ele vai estar sujeito falncia? O juiz? Vai ou no vai? Vai estar sujeito falncia. Vai ter direito concordata? No, ele s est sujeito ao direito empresarial para os efeitos ruins, para os efeitos danosos. Ele no poderia ser empresrio, mas e se vai estar sujeito a tudo que ruim, o que bom no. Ento ele vai estar sujeito falncia? Vai estar sujeito falncia. E a falncia dele o pior de todas, porque vai ser presumidamente fraudulenta, vai ter crime falimentar de ausncia de livros, ele ainda vai responder um processo administrativo na corregedoria correspondente. Ento o proibido de exercer a atividade empresarial, o proibido de ser empresrio, se violar essa proibio est sujeito falncia. Alis, a lei de falncia clara em seu artigo 3, onde afirma expressamente que pode ser declarada a falncia dos proibidos de exercerem a atividade empresarial. Se evidentemente violarem essa proibio. Uma questo interessante: se por acaso se esse juiz colocar um testa de ferro, e ai qual a soluo? No falei necessariamente em pessoa jurdica aqui, falei? Vem c, o juiz pode ser scio? Pode porque scio no empresrio. Ento eu no estou falando em pessoa jurdica, eu estou falando que ele botou algum l, um amigo dele, um testa-deferro. A resposta nos dada pelos professores Rubens Requio, Oscar Barreto filho e Trajano de Miranda Valverde. Eles dizem o seguinte: toda vez que um proibido de exercer atividade empresarial, colocar um testa-de-ferro, nessas hipteses pode ser decretada tanto a falncia do testa-de-ferro como do prprio juiz, do prprio proibido que estava por trs. Ento o credor que no conseguiu receber do testa-de-ferro quando requerer a falncia vai requerer a falncia tanto do testa-de-ferro como de quem estava por trs. Vai decretar a falncia dos dois com uma tacada s. Essa a orientao da doutrina. E na prtica? Na pratica, muito difcil primeiro voc provar que testa de ferro, mas isso nos interessa na hora da prova? No. Na hora da prova o examinador vai dizer se ou no testa de ferro, e se ele falar que , voc responde com Trajano de Miranda Valverde. Segundo Trajano de Miranda Valverde pode ser decretada a falncia dos dois, em um nico requerimento. Ai os bens dos dois, o patrimnio dos dois vai ser arrecadado. As conseqncias so drsticas.No estou falando necessariamente em pessoa jurdica aqui. O proibido de exercer atividade empresarial pode ser scio. Estou falando de empresrio no de scio. O juiz pode ser scio o promotor pode ser scio, etc.

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2) Registro: Bom o prximo requisito para ser empresrio o registro. Por que o registro? Antes de iniciar a atividade, o empresrio ele tem que se registrar na junta comercial. E onde est essa exigncia? Esta exigncia est nos artigos 967 (o registro), 985 e 1150 do CC. Ento requisito para ser empresrio, mas veja se ele no se registrar ele vai continuar sendo empresrio? Vai ou no vai? Vai ser empresrio de fato ou irregular. Ento na verdade o registro requisito para que a pessoa seja empresrio regular. Sempre se discutiu o seguinte, qual a natureza jurdica do registro? Ele tem natureza jurdica declaratria ou constitutiva? Por que a pergunta? Importante: :Porque se voc disser que o registro que d qualidade de empresrio, voc vai dizer que o registro tem natureza Constitutiva. Ele est criando um novo estado jurdico, estado jurdico de empresrio. Mas se voc falar que no o registro que d a qualidade de empresrio e sim a atividade, o registro tem natureza meramente declaratria. Discutia-se isso, mas a doutrina amplamente dominante sempre falou, inclusive hoje o registro tem natureza declaratria. E o que isso quer dizer? O registro, todo o registro, no s no direito empresarial no, direito empresarial, civil, processo civil, quando se fala em natureza declaratria o que isso quer dizer? Quer dizer que se limitou a reconhecer um estado de fato, pr-existente ou j existente. Quando falar, natureza declaratria, ento limitou a reconhecer um estado de fato pr-existente. Toda vez que falar em natureza jurdica declaratria limitou-se a reconhecer um estado de fato pr-existente. Eles continuaram a falar a mesma coisa inclusive com o novo cdigo civil, mas o professor Leonardo analisando o novo cdigo civil, verificou que ela no to declaratria assim. Mas o que eu vou falar agora concluso minha, se vocs colocarem na prova por conta e risco de vocs. Vamos imaginar dois fazendeiros, mesma coisa, mesma quantidade de alqueires, tudo igualzinho. Maria sempre quis ser fazendeira, Joo sempre quis ser empresrio, diz a lei o seguinte: o empreendedor rural para ser empresrio basta que ele faa o registro. Ento mesma atividade tudo igualzinho, ela no se registrou, ela empresaria? Empreendedora rural empresria? No se registrou? No, sem registro a atividade rural no empresarial. Agora Joo, mesma atividade rural, se registrou, ele vai ser chamado de empresrio? Sim. Ento o que deu qualidade a ele de empresrio? O registro. Se foi o registro que deu qualidade de empresrio, o registro nesse caso teve natureza Constitutiva. Importante: Por isso que vocs no podem mais falar que o registro sempre tem natureza declaratria. Hoje no. Hoje a regra que ele tem natureza declaratria, mas quando for empreendedor rural ele tem natureza jurdica constitutiva. Se for numa prova objetiva mltipla escolha, declaratria. Anotem os artigos 971 e 984 do novo cdigo civil. O colega aqui me perguntou se vai estar sujeito a falncia o registrado? Vai.

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Vai ter direito concordata? Vai, mas vai ter que ter o livro dirio. E o outro, a fazendeira que no se registrou? No. Ela no vai ser considerada empresaria. Ela s vai ser empresaria se ela se registrar. O empreendedor rural decide se ele quer ou no ser empresrio. Se ele quiser ser empresrio, o que ele tem que fazer? O Registro. Ele sendo empresrio vai ter direito concordata, tem direito a certos benefcios legais. A atividade rural no considerada empresarial, pura e simplesmente. Prximo requisito para ser empresrio: j falamos da capacidade, da ausncia de proibio legal, do registro: prximo requisito para ser empresrio, pratica habitual de atos empresariais. 3) Prtica habitual de atos empresariais: Artigos 971 e 984 do CC. Prtica habitual de atos empresariais o que a doutrina fala. Mas para ficar mais bonito, pode colocar esse nome: exerccio profissional da empresa. a mesma coisa. Quais so os atos empresariais? - Produo de bens, Ex: indstrias; - Circulao de bens, Ex: restaurante, loja de roupas; - Produo de servio ou prestao de servio, Ex: hotel, administrao de imveis; - Circulao de servio, Ex: agncia de viagens, j que segundo a doutrina ela no presta servio, ela faz intermediao, por isso que ela coloca o servio em circulao. Nossa opinio que prestao, mas a doutrina entende ser circulao. 4) Finalidade Lucrativa : Quando essas atividades so praticadas de forma profissional, sinnimo de habitualidade, isso vai ser considerado uma atividade empresarial. um requisito. No adianta nada ter capacidade, no ser proibido, ser registrado, prestar servio e fazer tudo isso por amor, no adianta, ele tem que fazer tudo isso pensando em lucro, dinheiro, ou seja, o ltimo requisito o intuito especulativo ou finalidade lucrativa ou visar o lucro.Ex: A faculdade Candido Mendes tem capacidade, est registrada, no est proibida por lei, mas no visa lucro, segundo o estatuto. Ento, ela no pode ser considerada empresarial. Na prtica outra Histria. Esses requisitos que eu falei com vocs so unnimes, em todos os livros vocs vo encontra-los, mas se todos os livros fossem iguais, bastaria comprar um, ento normalmente alm desses requisitos, alguns autores mencionam outros requisitos diferentes, e alguns mais loucos, como o absurdo, o do Professor Waldo Fazzio Jr. ele diz, por exemplo, isso no est nem na apostila, ele diz, por exemplo, s empresrio quem est sujeito ao regime jurdico da insolvncia mercantil, em outras palavras, s empresrio quem esta sujeito falncia. Ser que isso pode ser requisito para ser empresrio, quem nasceu primeiro o ovo ou a galinha? S empresrio quem est sujeito

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falncia no o contrario exatamente o contrario. Falncia um requisito ou uma conseqncia? Uma conseqncia de ser empresrio, nunca um requisito. Ento a sujeio falncia no um requisito para ser empresrio uma conseqncia de ser empresrio. Alguns autores esto colocando como requisito para ser empresrio o que eles chamam de estrutura empresarial. Para ser empresrio tem que ter estrutura empresarial, seria mais um requisito. Quem fala isso, Fabio ulhoa coelho, Waldo fazzio jr., professor penalva, a banca do Ministrio Pblico, Mario Moraes marques Jr. O que seria estrutura empresarial? Estrutura empresarial segundo esses autores a conjugao de quatro fatores de produo. Segundo eles alm dos outros requisitos que ns j vimos, tem que ter estrutura empresarial. Quais so eles? So os seguintes: 1- Empenho de Capital : S tem estrutura empresarial quem empenha capital. No existe empresrio que no empenhe que no arrisque capital. Toda atividade empresarial atividade de risco.Ento tem que ter capital, e quando eu falo de capital no falo em dinheiro em espcie no, falo em empenhar arriscar bens apreciveis economicamente. Ento quando eu falo em capital dinheiro ou bens apreciveis economicamente. Esse o primeiro fator de produo. S empresrio aquele que conjuga o capital, aquele que mexe com dinheiro. 2- Empenho de Mo- de- Obra: Segundo fator de produo conjuga a mo de obra. Ele tem que utilizar mo-de-obra. Ento ele tem que utilizar dinheiro e mo-de-obra. 3- Insumo: Terceiro fator de produo o chamado insumo. O que insumo? Insumo o produto ou servio que vai ser explorado. Ento todo empresrio tem que trabalhar com alguma coisa, um produto ou um servio. E por fim eles falam que s empresrio quem utiliza tecnologia. Aqui no tecnologia de ponta no, eu no diria tecnologia eu diria know-how. bem mais apropriado porque quando eu falo em tecnologia a gente pensa logo em tecnologia de ultima gerao, de ponta. Vamos falar de know-how. Para aqueles que entendem que para ser empresrio necessrio ter estrutura empresarial, tem que conjugar os quatro fatores. Ento ns vamos ver alguns exemplos: a vendedora de cosmticos (da avon). Ela tem estrutura empresarial? ela empenha capital? No ela pega tudo em consignao. Ela no tem estrutura empresarial, porque ela no est correndo risco, vamos continuar, ela utiliza mo-de-obra de terceiro? Em regra quase absoluta no, ela que vai na casa das amigas. Bota um cafezinho e vende para as amigas que acabam comprando. Ento ela no utiliza mo de obra. Ela trabalha

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com os insumos, ou com o servio, com o produto (cosmticos). Ela tem a chamada tecnologia ou o know-how? Tem. Aquele para celulite, aquele para levantar a moral.Embora ela tenha know how, ela no tem pelo menos em regra os dois primeiros.Existem casos em que a vendedora tem que fazer um depsito, para configura-la eu teria que analisar esse contrato, eu j ouvi falar sobre isso, mas s analisando o contrato para saber. Camel tem estrutura empresarial? Tem porque conjuga os fatores? O camel quando vai ao Paraguai comprar os produtos ele pode comprar fiado? No. Significa que ele empenha capital e se perder os produtos na estrada, o risco do empreendimento. Primeiro fator ele conjuga. Ele utiliza mo de obra? 99% das vezes ele utiliza, sempre tem algum trabalhando para ele. No precisa ser formal, pode ser informal, mais um conceito econmico do que jurdico. Algum trabalha para ele? Mesmo sem vinculo empregatcio formal, mas emprega? Emprega. Ento ele conjuga capital conjuga mo de obra, ele tem o produto dele? Tem. Ele tem tecnologia, tem o know how? Sem dvida nenhuma, ele tem um know how enorme. Ele sabe os custos da produo, volume de vendas, porcentagem, tem que saber tudo isso. Ento tem contador, alguns deles tem firma registrada na JUCERJA, eu j abri conta corrente de vrios camels na Uruguaiana, que s vezes tinham uma lojinha l em Madureira tinham tudo.Dava mais dinheiro ser camel do que empresrio estabelecido. Bom camel, ento preenche os requisitos. O dono do bar, seu Joo da birosca, ele conjuga os fatores de produo? Evidente, tem o ponto que a loja, os empregados, ele com certeza conjuga os fatores de produo. Bom, vejam, aparentemente esse requisito, estrutura empresarial vai ser abraado por toda a doutrina. Muita gente questiona isso nas palestras nos simpsios. ou no , mas na hora de lanar o livro todo mundo fala que . No fim das contas todos vo falar que estrutura empresarial requisito para a atividade empresarial. Esses prprios doutrinadores que falam dos fatores de produo eles dizem que se faltar um, no tem estrutura empresarial. OBS: Mas os doutrinadores so obrigados a reconhecer em pelo menos um caso que o fator de produo chamado mo-de-obra, ele pode no estar presente. o exemplo de que eles foram obrigados a reconhecer que empresrio mesmo sem utilizar mo-de-obra de ningum, o empresrio virtual ou empresrio da internet. Aquele garoto que tem um site de busca na internet, o cad . Ele montou um site na casa dele, sem utilizar mo-de-obra. De jeito nenhum algum poderia meter a mo no computador dele. Era empresrio? Sem dvida, pois para botar um anuncio no site dele era uma grana, ele ficou rico. Era empresrio, mas no utilizava mo-de-obra. Era empresrio no sentido moderno, do tipo novo, inovao, no estamos acostumados com isso, mas vamos ter que nos acostumar. No conjugava esse fator de produo ai, a mo de obra pode ficar ai relegada para a prescindibilidade. Isso no requisito legal doutrinrio. Para a lei existe um requisito legal de ter um empregado para ser empresrio? No isso a discusso puramente doutrinria. Quem est registrado direitinho, firma individual desenvolve atividade empresarial inobstante conjugar os quatro fatores ou no conjugar. Bom, ento esse so os requisitos para ser empresrio.

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Vocs se lembram quando na ltima aula eu falei que existem dois pontos difceis na matria, nessa parte introdutria. O primeiro ns j falamos, que o artigo 974 do CC, porque deixa muitas lacunas. O outro ponto difcil vem agora. No so empresrios.Quem no empresrio. Bom, no h duvida nenhuma que no empresrio aquele que deixou de preencher os requisitos, ento no empresrio quem deixou de preencher estes requisitos. O que eu vou falar agora preenche todos os requisitos, mas no empresrio, que a cooperativa. A cooperativa preenche todos aqueles requisitos que ns j vimos tem estrutura empresarial, tem capacidade, conjuga os fatores, est registrada, desenvolve atividade de produo. Para ns falarmos em visar lucro para a sociedade, na verdade o lucro dividido entre quem? Entre os scios. Ento na verdade como voc sabe se uma sociedade visa ou no o lucro? Na pratica? Olha o estatuto. O que voc vai ver no estatuto para saber se ela visa ou no o lucro? Repartio dos lucros atravs de dividendos. ai que voc v se tem ou no tem lucro. Se tiver repartio de lucros, ela visa lucro. Se no tiver repartio de lucro ela no visa o lucro. E o que ela vai fazer com o dinheiro que ela conseguir, se no visar o lucro? Ela tem que reverter para a prpria atividade. Ela tem que ficar empregando dinheiro nisso. E se for sobrando, sobrando? Vai empregando na atividade vai aumentando a atividade. Ento a questo essa. E na cooperativa o lucro dividido? dividido. Importante: Ento cooperativa preenche todos aqueles requisitos, mas no considerado empresrio, por que? Porque a lei falou no artigo 982, pargrafo nico do CC, que a cooperativa uma sociedade de natureza simples.

Ponto Importante para cair em concurso:Importante: Regra geral, atividade de prestadores de servio, ou no atividade empresarial? . Foi uma inovao, antes era uma atividade civil e agora uma atividade empresarial. A imobiliria no estava sujeita falncia agora est, a academia no estava sujeita falncia agora est. Ento vem o pargrafo nico do artigo 966 do CC e diz isso mesmo um dos calcanhares de Aquiles e ateno vai cair na prova. No so empresrios aqueles que prestam servio de natureza intelectual. No cdigo esta falando em intelectual, artstica ou literria. Mas na verdade a cientfica, a literria e a artstica tambm so intelectuais, ento quando eu falar de intelectual estou falando disso tudo. Estou fazendo isso, botando tudo em um saco s porque a doutrina bota. Ento a atividade intelectual, a prestao de servio empresarial, mas quando eu estou prestando um servio intelectual no empresarial.

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O advogado prestao de servio? . Mas prestao de servio intelectual. Ele empresrio? No. O mdico a mesma coisa, o contador o economista, o dentista, a mesma coisa, todos eles prestam servio de natureza intelectual. So chamados profissionais liberais, so empresrios? No. Est mole, vamos continuar com o pargrafo nico do artigo 966, vem a lei e diz mesmo contando com colaboradores eles no so empresrios. Vou dar um exemplo: temos cinco mdicos, cardiologista oftalmologista, otorrinolaringologista, ginecologista e urologista. Montam consultrio, eles contratam uma secretaria s, um Office boy. Montam um consultrio ou mesmo uma sociedade de mdicos. Essa sociedade tem natureza simples ou uma sociedade empresarial? Simples. Mesmo contando com colaboradores eles no so empresrios, diz o pargrafo nico. O difcil vem agora l no final do pargrafo nico do artigo 966, tem uma vrgula danada e coloca o tal do salvo. Ento por favor, quem tiver o cdigo, sublinhe, salvo quando constituir elemento da empresa. Importante: Vem dizendo que os prestadores de servio intelectual no so empresrios, mesmo contando com colaboradores, mas sero, quando a prestao do servio intelectual for apenas um dos elementos da empresa. O que isso quer dizer? Salvo quando constituir elemento da empresa. A gera um a discusso danada, em simpsios ningum se entende, pois mexe com grandes interesses. A questo a seguinte: esse consultrio foi crescendo, so timos mdicos, comeou a crescer, crescer, crescer, j no da mais em um andar do prdio j alugaram outro andar, j comearam a contratar outros mdicos, enfermeiros, funcionrios. Foi crescendo no dava mais no prdio, alugaram uma manso, uma clnica que ficou to grande que a oftalmologista no atende mais ningum, s aqueles clientes vips que no tem convnio mdico, a otorrino tambm j se tornou a administradora daquele mini hospital, daquela clinica. Todos j no atendem mais a ningum. As pessoas j no procuram mais aqueles mdicos, procuram a estrutura empresarial. Quando voc vai no Barra Dor, voc procura um mdico especfico l? No voc procura a estrutura, voc procura a empresa, voc procura todo aquele servio que esta colocado a sua disposio. Ento a individualidade dele j se perdeu dentro daquela estrutura e mais os mdicos que trabalham para aquela sociedade, os mdicos que trabalham l, a atividade desenvolvida por eles uma atividade de natureza intelectual, mas apenas um dos elementos da empresa. Apenas um dos elementos. O que aquela empresa fez? Empresariou o trabalho intelectual. O curso glioche, por exemplo, presta servio? De natureza intelectual? Sim. O curso glioche LTDA uma sociedade empresarial. porque eles empresariaram os prestadores de servio intelectual ( professores). Se eu for sozinho alugar uma sala para dar aulas de direito empresarial , eu vou ser empresrio? No. Mas uma pessoa fsica ou jurdica pegou este prestador de servio intelectual, outro prestador de servio intelectual, direito civil e outro, pegou todo mundo para trabalhar para ele. O que ele fez? Estruturou empresarialmente os prestadores de servio intelectual, a minha atividade intelectual apenas um dos elementos, a atividade intelectual desse professor de direito penal apenas outro elemento, mas vo constituir elemento da empresa, ento nesse caso a atividade como um todo atividade empresarial, por que? Porque atividade

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intelectual individualmente considerada apenas um dos elementos da empresa. isso que diz o pargrafo nico do 966, ele excepciona os cursos, os hospitais as clnicas que prestam servio de natureza intelectual, serem consideradas sociedades empresariais. A rede globo, as redes de radio, a rea artstica, na verdade o trabalho do artista apenas um dos elementos da atividade da rede globo. Ento tudo isso para que essas corporaes no venham dizer: no o meu servio intelectual, no sou empresrio, no estou sujeito falncia. Para eles no resolverem alegar isso ai veio salvo quando constituir elemento da empresa claro que eles poderiam ser mais claros, mas o se o legislador pode dificultar por que ele vai facilitar? Ento eles botam um ponto bem difcil l para complicar mesmo. Importante: Ento esse salvo para abranger justamente essas sociedades que vo empresariar esse prestadores de servio intelectual. Vocs podem perguntar a partir de que momento aquela sociedade de mdicos deixou de ser uma sociedade de mdicos para ser uma sociedade empresarial? A partir de qual momento quando contratou quantos funcionrios, quando mudou de estabelecimento, quando? Direito no matemtica voc vai ter que analisar o caso concreto. Na prova eles vo trazer para voc esteretipo, ou eles vo apresentar o exemplo de um consultrio mdico ou de um mini hospital ou de uma clinica. Consultrio medico atividade empresarial? No. Clinica mdica atividade empresarial? Sim. O professor que tem uma salinha, d uma aulinha, no tem estrutura empresarial, agora o curso Glioche, o Cepad, o Jris, tem estrutura empresarial. Ento, j que direito no matemtica, ser que eu no tenho algumas regrinhas, uma coisa para me ajudar, para eu saber quando tem estrutura quando no tem? Tem alguns indcios: 1 indcio: a diversidade das atividades dos profissionais intelectuais, voc no fica concentrado em um s, voc tem vrios profissionais intelectuais, vrios. Esse j um primeiro indcio de que aquilo j uma sociedade empresarial. 2 indcio: a estrutura empresarial, so aqueles fatores de produo (mode-obra de terceiro, capital, insumos, know how), outro indicio quando a individualidade daqueles prestadores de servio intelectual j se perdeu dentro daquela estrutura, voc no procura mais o mdico, voc procura a clinica o hospital. Ento aquela individualidade j se perdeu.Ento tudo isso, o capital, o volume de negcios, tudo isso pode ser indcio de que voc j no esta mais tratando uma sociedade simples e sim de uma sociedade empresarial. Ex: o Barra Dor, sociedade empresarial e no sociedade simples.Vocs mesmos j sabem, s no conseguem individualizar isso. Agora j sabem porque vocs classificam o Barra Dor como uma sociedade empresarial, porque a individualidade j se perdeu. Por que vocs dizem que o consultrio no , isso porque uma atividade intelectual, cientifica, est bem arraigada naquela pessoa, naquele prestador de servio intelectual. Bom, ultrapassada essa fase ,vamos falar agora de empresa, e aqui mais um esforo que eu vou pedir a vocs, tudo o que vocs ouviram falar de empresa, esqueam. O que empresa? Muita gente at hoje pensa que empresa pessoa jurdica, empresa no pessoa jurdica.

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O que empresa ento? Empresa sociedade, empresa o que? Empresa para o empresrio o que advocacia para o advogado. Qual a atividade que o advogado exerce? Advocacia. Que o mdico exerce? Medicina. Que o empresrio exerce? Empresa. Ento empresa para o empresrio o que medicina para o mdico o que advocacia para o advogado. Empresa, portanto a atividade. E se uma atividade, voc tem como segurar uma atividade ? Ento por isso que o Requio fala com todas razes: empresa por ser atividade uma abstrao jurdica. No tem como segurar uma atividade. uma abstrao jurdica. Qual a natureza jurdica da empresa ? objeto de direito, muita gente fala como se fosse sujeito, objeto. Vocs no podem falar que vocs tem contrato com a empresa X. Objeto pode celebrar contrato? No. Ento voc celebrou contrato com a empresa X ? No. Voc celebrou contrato com o empresrio. Voc contratou a empresa tal ou o empresrio? O empresrio. Por que voc contrata a advocacia ou o advogado? O advogado. Ento quando voc vai entrar com uma ao judicial, voc entra contra quem tem personalidade jurdica. E quem tem personalidade jurdica? O empresrio. Tem que propor ao em face da sociedade empresarial Maromba LTDA. Voc no pode propor ao contra a empresa glioche LTDA, voc tem que propor ao contra uma pessoa. Empresa no pessoa jurdica, empresa objeto de direito. Portanto, colocando isso na cabea que empresa atividade, vocs no podem mais errar. Empresa atividade. Empresa NO tem personalidade jurdica. Quem tem personalidade jurdica o empresrio. Pode existir empresa sem pessoa jurdica? Pode com o empresrio individual. Empresrio pode ser pessoa fsica ou jurdica? Pode. Ento o empresrio individual, pessoa fsica, qual o nome da atividade que ele desenvolve? Empresa. Pode existir ento empresa sem pessoa jurdica? Pode. O empresrio individual. Tem um outro exemplo, temos uma sociedade ns quatro aqui. Paramos de desenvolver qualquer atividade h 10 anos, mas ainda no cancelamos o registro na junta comercial. Tem sociedade? Tem. Tem empresa? No. Porque o que empresa? Atividade. E se estamos parados h dez anos e o que empresa? Atividade. Tem sociedade, mas no tem empresa. Ento empresa um conceito totalmente distinto de pessoa fsica ou jurdica, mesmo porque no pessoa, empresa objeto. Esse objeto pode ser explorado por uma pessoa fsica ou pessoa jurdica. Um empresrio individual ou por uma sociedade empresarial. O problema disso tudo foi um tal de Alberto Aschini na Itlia. Quem deu conceito de empresa foram os economistas, mas os juristas ficaram enciumados. Como ns vamos trabalhar com um conceito dado pelos economistas? Vamos criar um conceito, Csar Vivanti, Ascharelli, todo mundo foi elaborar um conceito de empresa. Foram cair na asneira de perguntar a um tal Aschini o que ele achava, ele falou empresa pode ser quatro coisas. Se voc pergunta o que uma coisa a uma pessoa e ela diz que so quatro sinal que ela est confusa, primeiramente

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pelo aspecto subjetivo, empresa o mesmo que empresrio. Est ai a confuso, por isso muita gente pensa que a mesma coisa que empresrio. E j vimos que no a mesma coisa, pois empresrio o sujeito e empresa o objeto. Quando ele falou um ouvinte no se convenceu, poxa Aschini tem certeza? No, se voc no tiver gostado do conceito eu tenho outro, empresa pode ser conceituada pelo aspecto objetivo, e pelo aspecto objetivo, empresa quase estabelecimento empresarial. J est confundindo de novo, por isso que muita gente pergunta onde que fica a empresa tal? Dobrando a esquina. Primeiro burro foi quem perguntou, porque empresa uma abstrao. Quem fica dobrando a esquina o ponto empresarial. A o ouvinte no satisfeito falou voc no est me convencendo ai Aschini disse ento vamos passar para a rea filosfica, empresa sob um aspecto corporativo a conjugao de esforos do empresrio e de seus empregados para alcanar o fim econmico. Filosoficamente eu tambm no entendi. Ai ele falou j que voc no entendeu vou simplificar sob o aspecto funcional empresa atividade desenvolvida pelo empresrio. Ento o Aschini s est certo no aspecto funcional. Voc s pode utilizar empresa como atividade. OBRIGAES DO EMPRESRIO: Vamos falar sobre obrigaes dos empresrios. Essa matria muito tranqila porque esta didaticamente na lei. O CC, traz l, so obrigaes do empresrio, obrigao um, obrigao dois, etc. A primeira obrigao ns j falamos que o registro, j at falamos os artigos, 967, 985 e 250 do CC. Ento a primeira obrigao do empresrio, antes de iniciar a atividade ele tem que se registrar na junta comercial. Bom, e o que ns podemos falar sobre o registro? A lei que trata o registro a lei 8934/94 e essa lei foi regulamentada pelo dec. 1800/96. O que podemos falar sobre as juntas comerciais? Bom, na lei vem dizendo: essa lei trata do registro pblico de empresas mercantis e atividades afins, ai vem dizendo agora no mais junta comercial REPEM. Besteira, a prpria lei 8934/94, diz l so atribuies das juntas comerciais, ento podemos falar junta comercial? Sim, apesar da lei falar em registro publico de empresas mercantis e atividades afins. Ento toda vez que vocs se depararem com a sigla REPEM vocs j sabem que junta comercial. Ento o que junta comercial? Bom, antigamente naqueles tribunais de comrcio, l no fim do corredor tinha um orgozinho, uma secretaria, administrativa, boa praa, chamada junta comercial, quando eles acabaram com o tribunal do comrcio eles olharam para o fim do corredor e disseram: o que aquilo l? e aquilo ali a funo administrativa do tribunal, foram ver era a junta comercial. Isso aqui a gente pode continuar utilizando. Acabaram com o tribunal do comrcio, mas subsistiu as antigas secretarias deles que se chamavam junta comercial, que so eminentemente burocrticas, administrativas. As juntas comerciais so as sobreviventes da extino do tribunal do comrcio. Ento eminentemente administrativa, burocrtica.

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E como a estrutura das juntas comerciais? Cada estado tem a sua junta comercial, ento a estrutura estadual. Qual a forma das juntas? A lei no prev se tem que ser uma fundao, uma autarquia, um rgo, no prev. Ento cada estado pode fazer como bem entender, ento, a prtica mostra que mais de 90% das juntas adotam a forma de autarquia. Salvo engano no estado do Paran, e em outros dois ou trs outros no quiseram utilizar a autarquia e a junta nesses estados um rgo da administrao pblica direta, um rgo de uma secretaria de estado, normalmente da secretaria de justia. importante saber que administrativamente ela tem estrutura estadual. Importante: Quando ela tem estrutura administrativa estadual como ela faz parte do sistema integrado nacional de registro e empresa mercantis? Elas so estaduais, mas as juntas comerciais esto vinculados a um rgo federal o DNRC, departamento nacional de registro de comrcio. Tecnicamente elas esto vinculadas a esse rgo federal, esse rgo federal d comandos de ordem tcnica para ser observados pelas juntas comerciais de todo o pas. Exemplo, o menor pode ser scio? Na limitada, tem algum requisito, no tem na lei. O DNRC edita as instrues normativas, que so atos administrativos abstratos, comando genrico, disciplinando: o menor pode ser scio desde que observadas as seguintes condies, tal, tal e tal. Ou seja, uma orientao tcnica que todas as juntas tem que observar aquilo, ento tecnicamente eles esto vinculados ao rgo federal, administrativamente esto vinculadas ao governo federal. E por que isso importante? Porque se voc for fazer algum questionamento vai questionar um ato praticado pela junta, voc vai propor essa ao na justia estadual ou federal? Depende, que tipo de questionamento voc esta fazendo, se um questionamento de ordem puramente administrativa, burocrtica ou um questionamento de ordem tcnica. Se for um questionamento de ordem tcnica, a junta nada mais vai estar fazendo do que atender um comando de um rgo federal, ento a justia competente para apreciar essa impugnao a justia federal. Agora se o questionamento um ato administrativo, totalmente administrativo, no tem nada de ordem tcnica ali, justia estadual. Em razo dessa dualidade, a doutrina tambm diz, quando for feito o controle judicial haver essa dualidade tambm. Questionamento de ordem tcnica, justia federal, questionamento de ordem puramente administrativa, justia estadual. O tema altamente polmico, para dizer a verdade ningum se entende, incrvel. A mesma impugnao feita na justia estadual e na justia federal, e o juiz estadual conhece e o juiz federal conhece porque existem decises da justia estadual dizendo que toda a competncia da justia estadual. Existem decises da justia federal dizendo que toda a competncia da justia federal. Quem manda mais? no h hierarquia, temos que ir l para o STJ. Ai difcil colocar a jurisprudncia, Resp. 74933/RS. As decises so altamente conflitantes. Como colocar na prova: na jurisprudncia h uma verdadeira balburdia na doutrina a orientao ser seguida essa fala da dualidade, questionamento de ordem tcnica uma de ordem administrativa outra, e temos alguns precedentes do STJ atendendo a orientao doutrinria. A deciso em recurso extraordinrio, do STF, tem efeito vinculante? No tem. O DNRC fica de olho, quando o STF decide alguma questo polemica sobre arquivamento sobre junta, quando ele decide alguma questo polmica, como no caso do menor o que o DNRC faz, como ele sabe que a deciso no tem efeito

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vinculante, ele pega a deciso e transforma isso em instruo normativa, de observncia obrigatria. Pode ser questionado? Pode, mas ai vai ficar muito mais difcil voc conseguir um mandado de segurana em cima de um ato normativo que o DNRC normatizou com base na deciso do STF. Existem varias instrues normativas que foram precedentes do STF.

3 Aula - 26/04/2003Obrigaes do Empresrio: 1) Inscrever-se na junta comercial ( artigos 967, 1150 do CC); 2) Escriturao contbil, ou seja, os livros empresariais. Manter em ordem os livros empresariais, a escriturao. A obrigao est prevista no artigo 1179 do novo CC. Podemos falar sobre livros empresariais que ns adotamos o sistema francs, extremamente rgido no controle dos livros comerciais.Pelo nosso sistema, a lei diz quais so os livros obrigatrios e mais, dita a forma de escriturao desses livros. Uma observao que se tem que fazer inicialmente que quando se fala em livro comercial, o livro Latu Sensu, porque hoje ningum tem mais, ou pelo menos 99% no tem mais livros em sentido fsico, hoje a escriturao pode ser tanto atravs de livros,quanto atravs de fichas, escriturao mecanizada, ou seja, atravs de computador.Hoje os livros esto todos dentro do computador. No final do ano que o empresrio obrigado a imprimir tudo, encadernar e levar na junta comercial. Qual o objetivo da manuteno dos livros comerciais? So trs objetivos: 1) De ordem fiscal- O fisco tem interesse, porque ele faz o controle atravs desses livros. Como o fisco faz isso? O fiscal quando quer fiscalizar a BRAHMA, muitas das vezes no vai l na fbrica, ele manda um e-mail, ou liga e o empresrio da BRAHMA manda todas as informaes por e- mail para a inspetoria de Fazenda, a o fiscal faz toda a fiscalizao atravs do computador ( internet), em havendo dvida, o fiscal poder ir at o local. Ento, o fisco se interessa muito pelos livros comerciais, porque atravs dele que o fisco pode exercer tambm a sua atividade fiscalizatria. 2) A escriturao do empresrio sua alma, o retrato de sua atividade. Ento isso serve para o prprio empresrio estabelecer metas e efetivar o controle de sua atividade. O resumo da atividade dele est no livro. Ali ele sabe se est vendendo mais, se est comprando mais, quanto est gastando de matria prima para produzir. Tudo ele consegue ver atravs dos livros, ele no tem que ficar puxando pela memria para saber quanto ele comprou de tal matria prima em tal poca. O retrato essa escriturao contbil. Ento, o segundo objetivo dos livros para atender o prprio empresrio, para ele ter uma noo de sua atividade (viso panormica).

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3) Esse terceiro objetivo para atender a terceiros. Por exemplo, os scios de uma sociedade empresarial. Os scios ns j vimos que no so empresrios, so terceiros. Empresrio a sociedade. Scio em ltima anlise um credor de uma sociedade. Como que se consegue fiscalizar uma sociedade? Onde se busca informaes? Atravs de seus livros. Os livros tambm servem para resguardar direitos e interesses de terceiros, que podero buscar neles as informaes necessrias. Ex: Contrato de locao em Shoping Center, onde uma das clusulas que pode existir entre o locatrio e o empreendedor (dono do shoping) que alm do aluguel, o locatrio dever repassar para o empreendedor uma porcentagem do faturamento de sua loja. atravs do livro comercial que o empreendedor vai fiscalizar o faturamento da loja. o caso de uma loja que sempre vive cheia e repassa a mesma porcentagem de seus lucros de uma loja que vende bem menos e tem um lucro menor. importante apontar a diviso que existe entre os livros comercias obrigatrios e os livros facultativos.No cai na prova livro facultativo. Ex: borrador,razo, etc. O que interessa so os livros obrigatrios e atualmente n temos segundo a doutrina um nico livro verdadeiramente obrigatrio, isso porque todos os empresrios devem ter, que o livro dirio, que est previsto no novo cdigo civil no artigo 1180 . Ele o mais completo dos livros. OBS: Os micro e pequenos empresrios esto dispensados da escriturao comercial obrigatria, logo eles esto dispensados do livro dirio. Mas quando um microempresrio no tem um livro dirio, diz o estatuto da micro-empresa, ele vai ter que ter em seu lugar obrigatoriamente 02 (dois) livros: a) Livro caixa; b) Livro de inventrio ou livro de estoque ou livro de controle de mercadoria. Vejam bem, se ele no tiver o livro dirio, ele ter que ter obrigatoriamente esses dois livros, alm de manter em boa guarda todos os documentos necessrios a contabilidade. A doutrina tambm trata como livro obrigatrio o livro de duplicatas. O professor entende como no obrigatrio, porque s ser obrigatrio se o empresrio pagar duplicatas. O empresrio que no paga duplicatas no precisa ter esse livro.Mas a doutrina o cita como obrigatrio.Esse livro de emisso de duplicatas est previsto na lei n 5478/68. Importante: Se o pequeno ou micro-empresrio emitir duplicata, ele ter que ter o livro de duplicatas, apesar do estatuto do microempresrio falar que est dispensado da escriturao comercial obrigatria.(referncia feita somente ao livro dirio). A doutrina coloca como livros obrigatrios todos aqueles previstos no artigo 100 da lei de S/A (Sociedade por Aes). Antes do novo cdigo civil, nos pararamos por aqui. S que o novo CC trouxe outros livros que em princpios parecem obrigatrios.

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NOVIDADES: A) Livro de atas e pareceres do conselho fiscal nas sociedades Limitadas (artigo 1069, II). Esse livro obrigatrio quando a sociedade limitada possuir conselho fiscal. Porque a sociedade limitada no est obrigada possuir conselho fiscal em sua estrutura, esse conselho facultativo nesse tipo de sociedade; B) Livro de atas na assemblia geral nas sociedades limitadas. mais uma novidade, porque a sociedade limitada no possua assemblia geral antes do novo CC e hoje possui obrigatoriamente assemblia geral quando ela possuir mais de 10 scios.( Art 1075, pargrafo 1). Uma questo interessante sobre livros saber se eles podem municiar a AO MONITRIA. Voc pode propor uma ao monitria com base em um livro comercial? A ao monitria uma ao que tem por objetivo dar executividade a ttulos no executivos. Ex: ttulo prescrito. O professor Carreira Alvim entende possvel , mas a matria divergente. divergente pelo seguinte: Se existe uma ao prpria para ajuizar com base nos livros comerciais e essa ao est prevista na lei de Falncias, que ao de verificao de contas, contida no artigo 1. A lei j criou uma ao prpria para tornar em ttulo executivo um crdito que se encontra em um livro de um outro empresrio. OBS: A sentena do juiz que julga que ciclano credor de beltrano no valor de tanto IRRECORRVEL. Em situao de concurso, deveremos responder que inobstante a existncia da previso legal da ao de verificao de contas, contida no artigo 1 da lei de falncias, caminhamos logo atrs do professor Carreira Alvim no sentido de que possvel a propositura da ao monitria com base nos livros comerciais, isso porque no h nenhuma proibio legal. EXIBIO DOS LIVROS EMPRESARIAIS: Os livros empresariais so regidos pelo princpio do sigilo ou pelo princpio da publicidade? Os livros empresariais so regidos pelo princpio do sigilo, porque o segredo a alma do negcio. A, tinha um artigo no cdigo comercial que era o artigo 17 e hoje consta no artigo 1190 do novo CC, que diz que nenhum juiz ou tribunal que sob qualquer pretexto pode determinar a exibio de livros comerciais, salvo nas hipteses previstas em lei. Ento o juiz no pode determinar a seu bel prazer determinar a exibio de livros comerciais de determinado empresrio sem previso legal, pois ir ferir o princpio do sigilo. claro que o sigilo NO vale para as autoridades fazendrias fiscais.Mas importante lembrar da smula n 439 do STF, onde afirma que a autoridade fazendria tem que se ater ao ponto da investigao. Ex: um fiscal do INSS que quer dar uma olhada no livro de estoque. Nesse caso esse fiscal no tem nada a ver com o material a ser fiscalizado, a o empresrio no tem a obrigao de apresentar esse livro de estoque. Teria que apresentar se fosse com relao questo previdenciria. Estoque bom para fiscal de ISS, ICMS, IPI.

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A lei prev duas formas de exibio dos livros comerciais: 1) A exibio integral hiptese excepcionalssima. S em algumas aes. Pouqussimas aes o juiz pode determinar. Porque na exibio integral o empresrio vai l no cartrio, entrega os livros e vai embora, deixando todos os seus livros. Fica ele desapossado de todos os seus livros, ficando impossibilitado de dar continuidade a sua atividade, porque ele tem que contabilizar tudo e onde ir efetuar essa contabilidade se seus livros no esto em sua posse ?. A exibio integral importa em desapossamento dos livros. A exibio integral ocorre em ao de dissoluo total de sociedade, em ao de falncia, onde decretada a falncia, o empresrio tem que entregar todos os seus livros em cartrio, sob pena de priso( artigo 34 do Decreto-lei n 7661/41) 2) A exibio parcial ela pode ser determinada em qualquer ao e essa exibio ocorrer aps determinao judicial, com a ida do empresrio ao cartrio, onde o escrivo do cartrio ir xerocopiar na hora, conferindo com a original, as partes do livro que foram determinadas pelo juiz (ex: folhas do dia tal ao dia tal). A exibio parcial no impede a atividade do empresrio, porque ele j sai do cartrio com seu livro em sua posse. por esse motivo que a exibio parcial pode ser determinada em qualquer ao. Antes do novo CC, tinha uma previso no cdigo comercial no artigo 20 onde afirmava que se o juiz determinasse a exibio do livro comercial e a parte se recusasse, ele determinaria a busca e apreenso, se no fosse encontrado, o livro teria que ser apresentado em cartrio sob pena de priso (previso de 1850 ).A veio o Cdigo de Processo Civil, de 1973, e regulamentou o procedimento de exibio judicial ( artigos 381 e 382) e l eles criaram uma forma, onde se o ru alegar para o juiz que seu direito encontra- se no livro do autor ou o autor alegar para o juiz que seu direito encontra- se no livro do ru e uma das partes se recusar a apresentar seus livros, o juiz vai presumir como verdadeiros os fatos alegados pela outra parte. OBS: Pode ser determinada a exibio judicial de livro de terceiro, onde se alega que a prova do direito encontra-se no livro de uma pessoa que no o ru. O juiz pode determinar a exibio do livro de terceiro, porm, surgir um problema se ele se recusar a exibir, porque o magistrado no ter como presumir como verdadeiro os fatos alegados pelo autor, uma vez que o terceiro no parte da relao jurdica processual.Qual a soluo? a decretao da priso, alm de responder pelo crime de desobedincia, diz o CPC e pelo cdigo comercial priso de natureza civil (art 20). a mesma priso do falido. Essa priso era constitucional ou inconstitucional? Havia grande divergncia. Na dvida ningum pedia priso. O artigo 20 do cdigo comercial acabou de ser revogado, ento a discusso que existia no existe mais, porque o CPC no prev esta priso, ele prev apenas como presumir verdadeiro os fatos alegados pelo autor na petio inicial.Ento, nesse caso do terceiro, o juiz ter que decidir com base em outras provas, j no pode decretar a priso de terceiros, porque o artigo 20 que fundamentava esta deciso no existe mais, porm esse terceiro que se negar a exibir seus livros responder por crime de desobedincia.

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3) Elaborao do balano financeiro: Todo ano o empresrio tem que apresentar um balano. No muito importante para ns bacharis em direito, balano coisa para contador. So duas observaes pertinentes sobre o balano: 1) que determinadas sociedades so obrigadas a elaborar o balano semestralmente, so as chamadas instituies financeiras ( importante para quem vai fazer prova para a rea federal, cai muito isso l). realizado em todas aquelas sociedades que distribuem lucros semestralmente, a tem que ter o balano para saber quanto de lucro tem para distribuir atravs de dividendos. 2) Existem crimes falimentares por ausncia de livros comerciais e ausncia de balano. Sobre os livros no h muito o que discutir, pois se no houver os livros obrigatrios crime falimentar do artigo 186, VI da lei de falncias. interessante falar sobre a ausncia de balanos, porque o balano tem que ser levado junta comercial para receber a rubrica do juiz e essa mera ausncia dessa formalidade no importa em crime falimentar, desde que o balano esteja elaborado de forma correta. Elaborou o balano tem que levar na junta, mas se elaborou e no levou na junta, isso no configura crime falimentar, se o balano estiver correto. importante ressaltar que sem esses balanos o empresrio no pode participar de licitaes ( lei 8666/93). NOME EMPRESARIAL: o elemento que identifica o empresrio. Ex: Vou montar uma sociedade com Paulo Garcia, ficando Leonardo Marques e Paulo Garcia comrcio de bebidas LTDA. Qual o nome empresarial? Leonardo Marques e Paulo Garcia comrcio de bebidas LTDA. S que ns temos um produto l que conhecido como laranjinha. Ns registramos a laranjinha como marca de nosso produto, laranjinha, ento a marca, porque identifica o produto explorado pelo empresrio. S que l no nosso ponto comercial, ns no colocamos um letreiro escrito Leonardo Marques e Paulo Garcia comrcio de bebidas LTDA. Por achar feio, colocamos o nome Ipanema Bebum (que ttulo de estabelecimento, que identifica apenas o ponto comercial, que alguns autores o chamam de nome fantasia). O nome fantasia, para fins de concurso no est errado, porm, no est totalmente correto. Ento, temos trs elementos de identificao: A) Identifica o empresrio, tanto pessoa fsica como pessoa jurdica, (nome empresarial); B) Identifica o ponto comercial (ttulo de estabelecimento); C) Identifica o produto (marca).

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Primeiramente vamos nos ater ao nome empresarial. Os artigos que tratam do assunto que esto elencados nos artigos 1.155 a 1.168 do novo CC. Lei 8.934/94, Decreto 1.800/96 e Instruo Normativa 53/96 - DNRC. Espcies de nome empresarial: Firma. Muita gente pensava que firma pessoa jurdica. Completamente errado, pois firma espcie de nome empresarial. A) Firma individual: A firma como uma espcie de nome empresarial, a espcie que identifica firma individual, identificando o empresrio individual. Ex: Eu, Leonardo Marques, chego na junta comercial e falo que desejo ser empresrio individual. Quero comprar e vender bebidas. O funcionrio da junta comercial me perguntou qual seria minha firma. Ele est querendo saber como que eu quero ser conhecido no direito empresarial. Da eu falo para ele que no quero nada de frescura, quero colocar o meu prprio nome civil. Minha firma individual vai ser Leonardo Arajo Marques, o mesmo do nome civil, pois no h nenhum problema. OBS: A lei flexibilizou para as pessoas que gostam de inventar. Posso colocar o meu nome l de forma abreviada, no precisando ser por extenso, eu posso abreviar L.A . Marques, ou L. Arajo Marques, ou Leonardo A . Marques. O ltimo nome nunca poder ser abreviado. Tem gente que gosta de dar mais uma floreada, colocando a atividade empresarial. Ex: L. A . Marques comrcio de bebidas. (Porque a expresso designativa da atividade facultativa na firma individual). Posso substituir Leonardo A. Marques por Lo ,como novo nome empresarial na junta comercial? Nunca, porque no nosso sistema o nome no pode ser substitudo por apelido. O que pode acontecer e muita gente vem torcendo o nariz, colocar assim: L. A . Marques Carioca Bebidas. uma expresso do meu apelido Carioca, o meu apelido Lo Bebidas. Ento voc pode acrescentar. Isso importante porque, imaginem o Jos da Silva, que colocou o nome empresarial de Jos da Silva bebidas, vem outro Jos da Silva e para diferenciar coloca o nome de J. Silva bebidas, vem outro Jos da Silva e tambm deseja atuar no comrcio de bebidas, vai colocar o nome empresarial de J. Silva bebidas de Jacarepagu. S que se houver outro Jos da Silva em Jacarepagu atuando no comrcio de bebidas, possvel anexar outra expresso J. Silva Zezinho de bebidas. Ento, voc pode colocar algumas expresses que melhor te identifique, mas uma coisa certa , tem que estar seu nome em seguida, Por extenso ou abreviado. Isso a firma individual, que identifica o empresrio individual.

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B) Firma coletiva ou Razo Social: Muita gente con