direito internacional privado aulas sequencia[1]

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DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO Introdução Pro. Diogo Antônio Correa dos Santos

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DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO

Introdução

Pro. Diogo Antônio Correa dos Santos

• Grécia e Roma antiga: religião x direitos

• Bárbaros e a personalidade das leis

• Os centros de mercancia na idade média

• Teorias estatutárias

• Escolas: italiana, francesa e holandesa

Evolução Histórica

• Cosmopolitismo:

� Não é característica humana a vivência segregada, mas ao contrário, a humanidade

sempre revelou como tendência espontânea a necessidade de construir

comunidades.

� A convivência, que surgiu como imperativo da natureza humana, traduziu o empenho

de promover relações e intercâmbios, tanto no aspecto social como comercial.

� A um conjunto de circunstâncias para atendimento desses objetivos. O mais

importante, talvez, é o surgimento do Estado. Ele revela um processo de integração

e discriminação. Daí o surgimentos de diversas ordens jurídicas distintas.

� Não há, portanto, um corpo de normas jurídicas que possam valer, indistintamente,

para todos os cidadãos. Daí a diversidade legislativa.

� 2. Diversidade legislativa:

� Em cada país as leis determinam o direito das pessoas e

a situação jurídica dos bens.

� O fenômeno jurídico do direito internacional se revela

constituído pela pluralidade de ordenamentos jurídicos.

Desta pluralidade surge o conflito das leis.

� Constitui fato natural que a legislação de cada Estado

deva ser a mais exata expressão da sua cultura.

Direito Internacional e Direito Interno

Estado Estado Direito Público

Estado Particular

Direito Privado Particular Particular

O direito internacional privado

Ordenamento jurídico nacional aplicável dentro das fronteiras, não

sendo tal limitação absoluta, havendo hipóteses de aplicação da lei

estrangeira.

DIPr direito do direito

- Sobredireito = regras sobre o campo de apli- cação espacial da

normas materiais.

� Determina a norma competente na hipótese de serem potencialmente aplicáveis duas normas distintas à mesma situação jurídica.

� Quando possui elemento estrangeiro (estra-neidade)a relação jurídica passa a ser inter-nacional e o sistema jurídico é insuficiente para tratar do caso concreto o DIPr e seu método são convocados, há vista possuírem regras jurídicas próprias.

Objeto da disciplina

Onde acionar?

- conflito de jurisdições: faz-se necessário estabelecer a competência da justiça.

Que lei aplicar?

- determinação da lei aplicável: seu funciona- mento, prova e aplicação do direito estrangeiro, e parte especial. Como executar ato ou sentença estrangeira?

- cooperação jurisdicional: questões atinentes à participação de jurisdição estrangeira – cartas rogatórias e sentenças.

Uniformidade das leis:

• Uniformidade das leis é um sonho se as diversas ordens jurídicas se amoldarem aos princípios da justiça.

• No fluxo e refluxo da sociedade globalizada, vai se formando um direito geral internacional.

Desenvolvimento dos meios de comunicação:

Intercambio social;Intercambio civil;Intercambio mercantil.

Pessoas físicas ou jurídicasdomiciliadas em Estados diferentesou que tenham nacionalidadesdiversas.

Crescente facilidade de comunicação:

Justifica a existência do DireitoInternacional Privado.

Visa apontar as relações jurídicasentre pessoas físicas ou jurídicasde vários Estados.

Direito Internacional Privado:

É o complexo de normas que resolve por via indireta conflitos de leisno espaço, apontando o meio para solucionar fatos em conexão com leisdivergentes e autônomas.

Qualquer que seja sua natureza: civil,empresarial ou comercial, processual,fiscal, administrativa, etc.

O que regulamenta o Direito Internacional Privado:

Regulamenta as relações do Estado com cidadãos pertencentes a outrosEstados, dando soluções aos conflitos de leis no espaço ou aos deJurisdição.

É o poder que o Estado tem de dizer o Direito.

Coordena relações de direito no território de um Estado estrangeiro.

Aplicação do Direito Internacional Privado:

Fixa os limites entre esse direito e o estrangeiro, a aplicação extranacional do primeiro e a do direito estrangeiro no territórionacional.

Observação:

Como as normas jurídicas têm vigência e eficácia apenas no territóriodo respectivo Estado, só produzem efeitos em território de outroEstado se este anuir.

Ex.: no casamento, no Brasil, entre uma brasileira com 18 anos e umargentino, também com 18 anos de idade, aqui domiciliado, aplica-se anorma argentina, já que na sua legislação a maioridade só se atinge aos 20anos.

Conflitos de leis no espaço:

As duas leis coexistem, ou seja, emanam de poderes diversos.

Direito Internacional Privado assegura direitos aos estrangeiros no Brasil, desde que:

Não ofendam a ordem pública;Permissão dada pelos governos para aplicação de norma estrangeira e seus territórios;Exista intercâmbio cultural e mercantil.

É o ramo do direito que contém normas de direito interno de cada país.

Existência da vida internacional:

Conduz o Estado a aplicar em seu território leis de outros países.

Cada Estado poderá adotar a norma que quiser para atender a seusinteresses, exercendo assim, seu poder de expansão e de defesa.

Direito Internacional Privado:

É o conjunto de normas especiais ditadas por um ou mais Estados.

Normas de Direito Internacional Privado:

Tem por escoporesolver tais conflitosde leis no espaço.

Expressões legais de conteúdo variável, deefeito indicativo, capazes de permitir adeterminação do direito que deve tutelar arelação jurídica em questão.

Fatos anormais:

• Fatos anormais são acontecimentos que demandam interferência do direito internacional privado. Por exemplo:

a) Morre um brasileiro, domiciliado no Brasil, deixando apenas filhos brasileiros, que nunca saíram do Brasil, e bens situados somente no seu domicílio - na sucessão do de cujus haverá fato normal.

b) Se esse brasileiro tenha ações numa sociedade francesa e tenha legado esses títulos a um sobrinho domiciliado em Londres. Esse é fato anormal.

c) Todo fato jurídico que envolve somente direito interno é normal. O que envolve direito internacional é anormal.

d) É preciso não confundir fato anormal com fato estranho à vida nacional. Assim: Casamento realizado na Bélgica de Alemão domiciliado na Alemanha com Uruguaia domiciliada em Joaçaba - é fato anormal, estranho ao Direito Nacional. Assim um fato jurídico como um brasileiro domiciliado na Itália, que lá faz um testamento, cujos bens estão no Brasil, é fato anormal

• Distinguir: fato normal, anormal e estranho.

Coexistência da ordem jurídica• Apesar de Estados diferentes, com seus ordenamentos jurídicos,

Amilcar de Castro afirma que angular da convivência dos povos é necessário a convivência de ordens jurídicas diferentes. Não há direito universal porque não existe governo universal. Todavia, os tratados, organizações e convenções possibilitam a coexistência de ordens jurídicas diferentes.

Sociedade internacional• Savigny ao dizer da comunhão internacional, admite que a solução

dos conflitos entre legislações diferentes reside nas aspirações comuns. Clóvis Beviláqua diz que há necessidade de um direito internacional privado comum para proteger o homem no plano coexistencial e livre.

7. Postulados

a) O mundo é composto de ordens jurídicas independentes. As ordens jurídicas independentes não são derivadas de outras ordens jurídicas (monismo com primado no direito nacional).

b) Surge o conflito de leis no espaço. O conflito surge do contrato entre ordens jurídicas diferentes.

COROLÁRIO: (conseqüência) = solucionar o conflito, que é o objeto do Direito Internacional Privado.

O Direito Internacional Privado soluciona o conflito de forma indireta, pois ele apenas indica a norma a ser aplicada de acordo com cada caso concreto em que se envolva um estrangeiro. Ex: o juiz brasileiro em determinados casos pode aplicar lei estrangeira aqui no Brasil (vide LICC art 7º, § 4º).

Art. 7o. A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.

[...]

§ 4o. O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro domicílio conjugal.

• 8. Conflito de leis

• 8.1. Espécies de conflitos:

• 1) O conflito de leis no tempo: deste trata o Direito Intertemporal, apoiando-se no art. 2º da

LICC, que diz: “Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a

modifique ou revogue.”.

• 2) O Conflito de leis no espaço: deste trata o Direito Internacional Privado, apoiado no art.

7º e segs, da LICC e outras leis fora do código civil (leis extravagantes) que disciplinam os

conflitos de leis no espaço, ou seja, constituem o sistema brasileiro de aplicação da lei

estrangeira.

• 8.2. Há três fundamentos que explicam os conflitos:

• (1) A primeira hipótese é o conflito de leis no espaço, isto é, conflito de leis entre

países. Neste caso resolve-se o problema com a lei válida a do país onde ocorre o

fato jurídico.

• (2) A segunda é a extraterritorialidade da lei. É preciso que os países permitam

a aplicação de leis estrangeiras em seus próprios territórios. A sobrevivência dos

estados orienta para aplicação de leis extraterritoriais (lex non valet

extraterritorium).

• (3) Intercâmbio universal (comercio internacional).

Conceito de Direito Internacional Privado

1. Definição

É o ramo do Direito que estuda a solução de casos jusprivatistas com presença de elemento estrangeiro.

O direito internacional privado determina qual, dentre as legislações de direito privado contemporaneamente existentes, deve ser aplicada a um dado estado de coisas, constituindo assim o complexo de normas que regulam essa aplicação. (NUSSBAUM, apud CASTRO, 1997, p. 96).

Denominamos direito internacional privado o conjunto de princípios quedeterminam a lei aplicável às relações jurídicas entre pessoas pertencentesa Estados ou Territórios diferentes, aos atos praticados em paísesestrangeiros e, em suma, a todos os casos em que devemos aplicar a leide um Estado no território de outro. (TENÓRIO, apud AMORIM, 1997, p.8).

Comungamos também, com Wilson Batalha e Sílvia de Rodrigues Nettoquando asseveram:

"O Direito internacional privado é o ramo do Direito interno público queindica a norma aplicável às relações e situações jurídicas em que ocorraelemento estrangeiro."

O Direito Internacional Privado é um ramo do Direito Público Interno, vezque lida com regras aplicáveis na coexistência de duas ou mais legislaçõespúblicas de soberanias diversas, regulando fatos ou aplicação de normasem relações que envolvem direta ou indiretamente entidades ou pessoasnaturais ou jurídicas de Direito Privado.

Clóvis Beviláqua e Rodrigo Otávio consideram o Direito InternacionalPrivado como disciplina autônoma. Não existe dependência do DireitoInternacional Privado quanto ao Direito Internacional Público tendosurgido primeiro o Direito Internacional Privado nas relações entre cidadesda Itália no século XIV. E mesmo anteriormente já eram formuladas asregras precisas e técnicas que os Tribunais aplicam até hoje parasolucionar os conflitos de leis, época aquela em que os Estados ainda nãose haviam constituído e a noção de soberania ainda não se formara.

Existem sim, afinidades entre as duas disciplinas jurídicasambas voltadas para questões que afetam os múltiplosrelacionamentos internacionais, uma dedicada às questõespolíticas, militares e econômicas dos Estados em suasmanifestações soberanas, a outra concentrada nos interessesparticulares, dos quais os Estados participam cada vez maisintensamente. Ambas disciplinas têm sido objeto derecíproca colaboração por Juristas de todo o mundo, paraambas têm sido elaborados tratados e convenções pororganismos Internacionais e regionais, e os "princípios geraisde direito reconhecidos pelas nações civilizadas.” '(Regulamento da Corte Internacional de Justiça).

2. Relações com o Direito Público

- Direito Internacional Público: A aproximação entre o público e o privado; Busca-se a harmonização

entre as regras (p. ex.: atuação da Organização Mundial do Comércio)

- Direito Público: Discussão sobre se o Direito Público, como Categoria de Lei, faz parte do Direito

Internacional Privado.

3. Delimitação:

a) Delimitação Positiva: Ramo do Direito Público, pois suas normas defendem o interesse público.

- Soluções: o Direito Internacional Privado é um método de raciocínio para que se possa determinar a

lei aplicável.

- Casos jusprivatistas: o Direito Internacional Privado, embora um ramo de Direito Público, cuida de

casos de Direito Privado, ou seja, casos com participação de estrangeiro nos âmbitos do Direito Civil e

do Direito Empresarial.

- Presença de elemento estrangeiro: Contato com outra ordem jurídica independente.

b) Delimitação negativa:- Não trata de normas jurídicas de Direito Público, como normas de Direito Tributário, Direito de Concorrência, Direito Econômico...- Não trata de normas diretas. Ex: todas as regras que não possuam elemento estrangeiro que podem ter a indicação de uma lei aplicável.

4. Centro normativo do sistema jurídico:

Família do Direito Islâmico: o centro normativo é o alcorão.

Há casos que o Brasil não homologa sentença, como o caso

do divórcio por repudia.

Família do Direito Socialista: China, Cuba, Angola, Coréia

do Norte...O centro do sistema jurídico continua sendo a lei,

só muda no plano material (Direito Privado).

1 – Denominação Direito Internacional PrivadoDireito IntersistemátivoNormas de ColisãoDireito Civil InternacionalConflito de LeisDireito InterespacialDireito dos Limitesl

“A denominação Direito Internacional Privadorealmente está consagrada. Contudo, ainda não é amais ajustada à nossa disciplina, pois o que é privadonão pode ser internacional.”. (AMORIM, 2005, p. 13).

A mais antiga denominação é “Conflito de Leis”, queainda é muito utilizada nos países de língua inglesa(“Conflit of Laws”). A atual denominação que é“Direito Internacional Privado”, vem do DireitoFrancês (“Droit International Prive”).

� Crítica à denominação:

� - O DIPr não é um ramo do Direito Internacional Público

� - A natureza do DIPr faz parte do direito interno = normas de direito privado e natureza de direito público.

� - O DIPr tem normas com natureza de direito público.

DIPr DIP

SUJEITOS De direito privado De Direito Internacional

Privado

FONTES Internas, ex: LICC Tratados

SOLUÇÃO DE

CONTROVÉRSIAS

Tribunais nacionais mediante

arbitragem

Internacional

FINALIDADE Casos jusprivatistas com

presença de estrangeiro

Regular a conduta

Objeto do direito Internacional Privado

1. Escolas

Escola Francesa: Diz que o DIPr possui cinco objetos: conflito de leis; conflito de jurisdição; direitos adquiridos; nacionalidade e condição jurídica do estrangeiro.

Escola Anglo-americana: Para essa escola o DIPr só possui um objeto que é o conflito de leis. Essa corrente é que é adotada pelo Brasil.

2. Críticas: Há dois critérios:

a) Metodológico: Exaustividade – se determinada matéria é exaustivamente tratada em algum ramo do Direito, não é necessário o estudo pelo DIPr. Ex: a nacionalidade é estudada pelo Direito Constitucional, logo, não deve ser estudada pelo DIPr.

b) Normológico: O DIPr estuda normas indicativas e indiretas. Indicativas, pois indicam o direito aplicável. E indiretas, pois resolvem indiretamente o caso concreto.

→ Então, por esses critérios, conclui-se que o objeto do DIPr é o conflito de leis, por isso que o Brasil adota a teoria da Escola Ítalo-Germânica.

Objeto (Código Civil – pessoas, coisas, obrigações)(…) o objeto do direito internacional privado é única e exclusivamente organizar direito adequado á apreciação de fatos anormais, ou fatos em relação com duas ou mais Jurisdições, sejam pertinentes ao “forum” ou ocorridos no estrangeiro. (CASTRO, 1997, p. 50).

(…) o objeto do DIP está assim constituído: conflitos de leis no espaço e aplicação da lei estrangeira. (AMORIM, 2001, p. 6).

Finalidade do Direito Internacional Privado:

Resolver conflitos de leis no espaço, por serem emanadas de soberanias diferentes.

Escopo primordial do Direito Internacional Privado:

Obter a harmonia das legislações alienígenas colidentes, apontandoin abstracto a norma aplicável à relação jurídica vinculada, poralguns de seus elementos, a duas ou mais ordens jurídicas.

O problema é a determinação, para cada relação jurídica da legislação mais consentânea à natureza e ao fim social daquela relação.

Direito Internacional Privado:

É um direito sobre direito, ou super-direito, o que nãosignifica que seja um direito supra-estatal oucosmopolita.

É um ramo do Direito Público Interno.

É um direito interno, pois cada Estado tem liberdade para definir, conformesua ordem jurídica, as normas que disciplinam as relações entre nacionais eestrangeiros.

OBS.: Costumam os doutrinadores atribuir tríplice objeto ao Direito internacional privado:

a) Nacionalidade e naturalização: Que cuida da caracterização do nacional de cada Estado, as formas originárias e derivadas de aquisição da nacionalidade, a perda da nacionalidade e sua reaquisição, os conflitos positivos e negativos de nacionalidade, ocasionando, respectivamente, a dupla nacionalidade e a apatrídia, os efeitos do casamento sobre a nacionalidade da mulher e as eventuais restrições aos nacionais por naturalização;

b) Condição jurídica do estrangeiro: Versa os direitos do estrangeiro de entrar e permanecer no país; uma vez domiciliado ou residente no território nacional, trata de seus direitos no plano econômico (civil, comercial); social (trabalhista, previdenciário); público (funcionalismo); político (eleitoral); incluindo restrições em determinadas áreas da atividade humana.

c) Conflito de leis: Versa as relações humanas ligadas a dois ou mais sistemas jurídicos cujas normas materiais não coincidem, cabendo determinar qual dos sistemas será aplicado.

Entretanto, os dois primeiros objetos não pertencem ao Direito Internacional privado, capitulando-se como Direito público interno.”

A nacionalidade e a naturalização são definidas pela Constituição Federal de 1988: "Art. 12. São brasileiros:

I - natos:

a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país;

b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil;

c) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira;

II - naturalizados:

a) os que, na forma de lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidasaos originários de países de língua portuguesa apenas residência por umano ininterrupto e idoneidade moral;b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes na RepúblicaFederativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e semcondenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.

§ 1º - Aos portugueses com residência permanente no País, se houverreciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentesao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição.§ 2º - A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos enaturalizados, salvo nos canos previstos nesta Constituição.

§ 3° - São privativos de brasileiros natos os cargos:I - de Presidente e Vice-Presidente da República;II - de Presidente de Câmara dos Deputados;III - de Presidente do Senado Federal;IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;V - de carreira diplomática;VI - da oficial das Forças Armadas.VII- de Ministro de Estado da Defesa;§ 4º - Será declarada a perda de nacionalidade o brasileiro que:I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional;II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira,b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em Estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis."

Assim, concluímos seguindo WilsonBatalha e Sílvia Rodrigues Netto, que,"rigorosamente, o Direito InternacionalPrivado cinge-se ao tema do conflito deleis de Direito privado, das leisprocessuais, tributárias, penais, bemcomo, ao conflito de jurisdições,caracterizando-se como ramo do Direitopúblico interno.".

3.1. Relações jurídicas do Direito Privado comconexão internacional- Direito Internacional Privado como conjunto de regras queregula um conflito interespacial, determinando qual é odireito aplicável às relações daquela natureza.

- Lex Fori (lei do foro): Como opção do estado para arealização da justiça material.A Lex Fori é o conjunto de regras ou normas de umdeterminado Estado que determina a aplicação do Direito emum determinado local, isto é, é a base legal onde se busca odireito a ser aplicado para dirimir um conflito de interesse noDireito Internacional Privado.

São as regras de Direito Internacional Privado internas de um determinado Estado.Na realidade, quando aplicamos uma lei estrangeira em razão das determinações de uma lei local, não estamos tratando de conflitos e tão-somente do reconhecimento de um direito adquirido no exterior.

Conflitos, realmente, há quando aquela lei ferir nossa soberania ou a ordem pública local.

Dito isto, podemos afirmar que o objeto do DIP está assim constituído: conflitos de leis no espaço e aplicação da lei estrangeira. Na primeira hipótese, trataremos dos choques desta com as leis pátrias, por ofender a soberania nacional e a ordem pública. Na segunda, abordaremos as condições jurídicas do estrangeiro e os direitos adquiridos. (AMORIM, 1997, p. 6)

- Substituição da Lex Causae pela Lex ForiA substituição da lei estrangeira pela lei localpoderá ser feita de duas maneiras:- com efeito negativo: a lei local proíbe aquiloque a lei estrangeira permite (p. ex.: a usura; apoligamia, etc).- com efeito positivo: a lei estrangeira proíbeaquilo que a lei local permite (p. ex.: alimentospara certas relações de parentesco).

Normas de direito internacional privado

01)Normas de DIPr02)Estrutura das normas de DIPr03)Regras de conexão 04)Lei do estatuto pessoal 05)Nacionalidade e domicílio 06)Limites de aplicação da lei estran-

geira – ordem pública07)Modelo pós-positivista 08)Novos Modelos09)Normas flexíveis

10.1)DIPr - Argentina

10.2)DIPr - Brasil

10.3)DIPr - Espanha

10.4)DIPr - EUA

10.5)DIPr - México

10.6)DIPr - Venezuela

11)Leading case

12)Jurisprudência do STF

01) Normas de DIPr

� Normas indiretas ou conflituais – regras de conexão: apenas indicam a lei aplicável, mas não resolvem a questão jurídica.

� Normas diretas – resolvem a questão jurídica sem apontar a utilização de outra norma.

� Normas qualificadoras – conceituam os institutos jurídicos.

� 02) Estrutura da normas de DIPr

� Bilaterais (completas)

o Código italiano

o O estado e a capacidade das pessoas e as relações de família são

regidas pela lei do Estado a que elas pertencem.

� Unilaterais (incompletas)

o Código de Napoleão

o As leis concernentes ao estado e à capacidade das pessoas regem os

franceses, mesmo residentes em país estrangeiro.

03) Regras de conexão

- Regras de conexão são normas indiretas que indi- cam o direito aplicável às diversas situações ju- rídicas, quando ligadas a mais de um sistema legal.

03) Regras de conexão

- Regras de conexão são normas indiretas que indi-cam o direito aplicável às diversas situações ju-rídicas, quando ligadas a mais de um sistemalegal.

Classificar a situação jurídica

estado e capacidade bem ato jurídico

da pessoa

país de sua naciona- país em local de constitu-

lidade ou domicílio que ção ou que deva

estiver ser cumprido

situada

04) Lei do estatuto pessoal

Trata-se o estatuto pessoal de um conjunto de atributos

constitutivos da individualidade jurídica de uma pessoa humana.

Estado da pessoa e sua capacidade: nascimento, aquisição de

personalidade, questões atinentes à filiação, nome, pátrio poder

(poder familiar), casamento, separação etc.

- Artigo 7º da LICC

- Principais critérios existentes:

o Nacionalidade (Europa) e Domicílio (América Latina)

� 05) Nacionalidade e domicílio

� Nacionalidade

o a lei nacional é mais adequada porque reflete os

costumes nacionais;

o critério mais estável do que o domicílio; e

o maior facilidade na determinação da

nacionalidade do que o domicílio.

� Domicílio

o corresponde aos interesses do imigrante, conhece melhor a legislação do país onde vive e trabalha;

o interesses de terceiros são mais bem protegidos aplicando-se a lei local;

o aplicação da lei do Estado facilita a assimilação dos estrangeiros e abrange o direito de família; e

o competência jurisdicional – quase sempre domicílio.

� 06) Limites de aplicação da lei estrangeira – ordem pública

� - Após aplicado o método, se a lei estrangeira for contrária à ordem pública

o o juiz nacional não aplicará a lei estrangeira;

o não será feito o reconhecimento de atos praticados no exterior ou sentenças proferidas por outro país; e

o ordem pública é o conjunto de princípios tidos como fundamentais e integrantes do sistema jurídico, sendo tais princípios inderrogáveis.

� - Características da ordem pública

o sensibilidade média de determinada sociedade em de-terminada época – apurada no caso concreto; e

o mutável, relativa, contemporânea, cabendo ao juiz de-terminá-la.

� Interação das características da ordem pública com os Direitos Humanos

o critérios usados pelo juiz precisam levar em conta o princípio da dignidade das pessoa humana.

� 07) Proposta a partir de um conceito de sistema

jurídico pós-positivista

o Insuficiência das normas e conflito, embasadas na

lógica formal para resolver os complexos

problemas contemporâneos: - migrações de massa

(trabalhadores, turistas, refugiados); - maior

intensidade nas trocas comerciais (em número,

meios alternativos, internet).

o Necessidade de um sistema que incorpore em sua aplicação ocaráter valorativo da ordem pública, tendo como paradigma adignidade da pessoa humana, para atenuar as soluçõesincompatíveis do método conflitual, sem no entanto descartá-lo.

o Necessidade de um método de interpretação que incorpore aperspectiva retórico-argumentativa, tendo como base os direitoshumanos e os direitos fundamentais, pois são o vérticeaxiológico de um sistema jurídico, tanto internacional quantointerno.

� 08) Novos modelos

o não é mas possível que o método fique distante dos valores e preocupações da sociedade;

o sua indiferença em relação aos resultados concretos da aplicação de seus comandos;

o o DIPr é um ramo do direito que participa igualmente da tarefa de modelação da sociedade, sendo responsável pela promoção de valores que a comunidade tem por seus;

o tendências pelo corte radical da pretendida imagem neutral do DIPr, passando a ser abertamente comprome-tido com a realização dos direitos humanos e o respeito a constituição.

09) Normas flexíveis

Vínculos mais estreitos

o deixam para o juiz a valoração dos elementos materiais,

subjetivos e objetivos, para determinar o direito aplicável;

o não se trata de uma medição matemática, mas de uma análise

das condições reais de vinculação; e

o a norma pode vir com presunções (prestação característica).

Contratos

o Convenção Européia e Convenção Interamericana;

o a norma pode vir com presunções (prestação

característica);e

o lei de DIPr Áustria – art. 1º - princípio geral de DIPr.68

10.a) DIPr – Argentina

o as normas de DIPr estão articuladas com a Cons-

tituição, mas dispersas em vários diplomas (CC, CPC,

Convenções);

o a noção de ordem pública deve ser informada pelos

direitos fundamentais enunciados na Constituição, assim

como princípios gerais e valores, e o DIPr não pode

deixar de incorporar os novos valores constitucionais;e

o A hierarquia constitucional dos tratados de direitos

humanos com a reforma de 1994 (Caso Sejean – inconsti-

tucionalidade do art. 64 da Lei 2393 que proibia a

extinção do vínculo matrimonial já revogado).69

10.b) DIPr – Brasil

o a dignidade da pessoa humana e a base da FC/88- Mas as regras de DIPr são dispersas

- No plano legislativo, vige a LICC

o convenções adotadas mais recentemente

- Haia – adoção: princípio de maior interesse do menor

- Cidips

- Mercosul

o jurisprudência

- Aumento no STF

- Novos casos no STJ e Tribunais Estaduais

- Tribunais Federais – questões do Mercosul

Prof. Fernando Borges Vieira 70

10.c) DIPr – Espanha

o Influência da Constituição de 1978 no DIPr

- a Corte Constitucional afirmou que os direitos fundamentais

são os componentes estruturais básicos do conjunto do sistema

jurídico e de cada ramo que o integra; e

- Mudanças legislativas

• lei que adotou o divórcio e mudou a regra de conexão; e

• lei que alterou o CC e acabou com a regra de discriminação

da regra de DIPr, em razão do gênero.

- Mudanças de origem internacional convencional

• A Espanha adotou documentos de Haia, CE e ONU (arbitragem e

alimentos).

Prof. Fernando Borges Vieira 71

10.d) DIPr – EUA

- Falta de uniformidade das fontes

o os critérios foram forjados pela jurisprudência;

o Restatement 1st e 2nd Conflicts of Law – compilação de

grande valor doutrinário, com comentários sobre as regras

extraídas da jurisprudência, para os tribunais, mas não

obrigatória; e

o há poucos casos, mas ainda usam Restatement 1st com os

critérios clássicos e o 2nd, com a norma mais conectada.

Prof. Fernando Borges Vieira 72

10.e) DIPr – México

o adepto do territorialismo, o México só se alinhou com

os demais países nos anos 80;

o firmou várias convenções internacionais; e

• parte de várias interamericanas, especialmente a de direito

aplicável

• partícipe ativo de Haia

o DIPr comercial

• influência do tratado do Nafta na legislação – regras de

dumping.

Prof. Fernando Borges Vieira 73

10.f) DIPr – Venezuela

o Nova Constituição a partir de 1999

• igualdade de venezuelanos e estrangeiros;

• aplicação direta de tratados de direitos humanos; e

• solução de questões de direito comunitário do Pacto Andino.

o Nova lei de DIPr

• Características:

Lei especial para a matéria (exceção na América Latina);

Flexibilidade na aplicação do direito estrangeiro; e

Domicílio matrimonial – último domicílio comum.

Prof. Fernando Borges Vieira 74

11) Leading case

Decisão da Corte Alemã de 1971

o Fatos: José (espanhol, solteiro e católico) quer casar com

Hilda (alemã, divorciada e evangélica).

o Direito: Segundo o ordenamento alemão José precisava apre-

sentar certificado de capacidade matrimonial passado pelo

país de origem, expressando não haver impedimento. Tal

certificado fora negado em razão da condição de sua noiva (na

Espanha não havia divórcio em 1971).

o Processo: José requereu ao Tribunal a dispensa do

cumprimen-to da formalidade.

o Solução: o juiz indeferiu o pedido de José.

Prof. Fernando Borges Vieira 75

o Recurso 1: o Tribunal de Apelação negou provimento ao

rcurso face a jurisprudência existente do Supremo Tribunal

Alemão por violação à ordem pública.

o Recurso 2: José interpôs recurso perante o Tribunal Consti-

tucional por violação a um direito constitucional: direito de

casar livremente.

o Decisão do Tribunal Constitucional:

o garantia deste direito pelo art. 6º (o casamento e a

família estão sob a proteção especial da ordem estatal);

o artigo 12 da Convenção Européia de Direitos Humanos;

o preâmbulo da Convenção da ONU de 1962;

o aplicação do direito internacional designado pela regra de

conflito também está sujeita à Constituição; e

o anulou a decisão e deu a dispensa prevista em lei.Prof. Fernando Borges Vieira 76

12) Jurisprudência do STFCARTA ROGATÓRIA. AGRAVO REGIMENTAL. JULGAMENTO PLENÁRIO SUSPENSO DEVIDO APEDIDO DE VISTA. ADVENTO DA EMENDA CONSTITUCIONAL 45, DE 08.12.04, QUETRANSFERIU AO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA A COMPETÊNCIA PARA A CONCESSÃODE EXEQUATUR ÀS CARTAS ROGATÓRIAS. APLICABILIDADE IMEDIATA DAS REGRASCONSTITUCIONAIS DE COMPETÊNCIA. 1. A continuidade do julgamento, por estaCorte, da presente carta rogatória encontra óbice no disposto no art. 1ºda Emenda Constitucional 45, de 08.12.04, que transferiu do SupremoTribunal Federal para o Superior Tribunal de Justiça a competência para oprocessamento e o julgamento dos pedidos de homologação de sentençasestrangeiras e de concessão de exequatur às cartas rogatórias. 2. Épacífico o entendimento no sentido de que as normas constitucionais quealteram competência de Tribunais possuem eficácia imediata, devendo seraplicado, de pronto, o dispositivo que promova esta alteração.Precedentes: HC 78.261-QO, rel. Min. Moreira Alves, DJ 09.04.99, 1ª Turmae HC 78.416, rel. Min. Maurício Corrêa, DJ 18.05.01, 2ª Turma. 3. Questãode ordem resolvida para tornar insubsistentes os votos já proferidos,declarar a incompetência superveniente deste Supremo Tribunal Federal edeterminar a remessa dos autos ao egrégio Superior Tribunal de Justiça.(CR-AgR 9897 / EU - ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA - AG.REG.NA CARTA ROGATÓRIA- Relator(a): Min. ELLEN GRACIE - Julgamento: 30/08/2007)

Prof. Fernando Borges Vieira 77

SEC 7782 / EU - ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA

SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA

Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO

Julgamento: 18/11/2004

Órgão Julgador: Tribunal Pleno

REQTE.: EMILIA GOMES LACERDA OU EMILIA GOMES LACERDA DE ARAÚJO OU EMILIAGÓMEZ LACERDA e REQDO.: MÁRCIO ANTONIO DE ARAÚJO OU MÁRCIO ARAÚJO

SENTENÇA ESTRANGEIRA - DISSOLUÇÃO DE CASAMENTO - ACORDO. Estando asentença estrangeira autenticada pelo consulado brasileiro e coberta pelapreclusão maior, passado o período previsto no §6º do artigo 226 daConstituição Federal, impõe-se a homologação

SUPERAÇÃO, LEI DE INTRODUÇÃO AO CÓDIGO CIVIL, REGULAMENTAÇÃO, PRAZO,RECONHECIMENTO, DIVÓRCIO, REALIZAÇÃO, PAÍS ESTARNGEIRO, DECORRÊNCIA,EXISTÊNCIA, DISPOSITIVO, CONSTITUIÇÃO FEDERAL, REGULAMENTAÇÃO, MATÉRIA

Prof. Fernando Borges Vieira 78

Conexões Fraudulentas

Evasão do direito: ocorre quando a pessoa não pode praticarum determinado ato ou alegar uma certa pretensão dedireito em um país. Vai a outro país, onde prática o ato oualega o direito. A intenção é evitar aplicação do direitomaterial interno, transferindo-se atividades ou praticando-seatos no exterior.Ex. um casal de chilenos, domiciliados no Chile pretende sedivorciar. No Chile, no entanto, não seria possível o divórcio.O casal descobre que a lei material brasileira admite odivorcio e que o DIP brasileiro regula tal questão com basena lei do domicilio. Assim, o casal estabelece domicilio noBrasil, onde se divorcia, e logo depois, retorna ao Chile.

Fraude à leio indivíduo procura, na própria jurisdição em que seencontra, adaptar-se à norma legal para obter direito quenão teria. Ex. brasileiro, com 17 anos de idade, proprietáriode imóvel aqui situado, pretende vendê-lo. o brasileirodescobre que se houver internacional, a questão será regidapela lei do domicilio. Ele, então vai aos EUA onde amaioridade se perfaz aos 16 anos e lá estabelece domicilio.Logo depois, ele volta ao Brasil, onde vende o imóvelalegando que é maior porque ele é domiciliado nos EUA. Sefosse evasão a venda seria realizada nos EUA aconseqüência sera o não reconhecimento da venda feita nosEUA. Mas nessa hipótese a anulação da venda pode ser feitapelos pais, aqui no Brasil.

Elementos caracterizados de fraude à lei

1. Pessoa esteja pretendendo um fim ilícito ounão permitido no direito local;2. Pessoa pretenda tal fim por meio de umafraude, representada pela providencia de seadaptar, com dolo, à norma de DIPr. O doloverifica-se com a mudança repentina para aaquisição da condição mais favorável. Trata-se deum critério temporal para se presumir o dolo.

CONDIÇÃO JURÍDICA DO ESTRANGEIRO

A Lei 6.815, de 19/08/1980, o Estatuto doEstrangeiro, rege atualmente os institutos daAdmissão e Entrada do estrangeiro, os váriostipos de vistos, a transformação de um em outro,a prorrogação do prazo de estada, a condição doasilado, o registro do estrangeiro, sua saída e seuretorno, sua documentação, a deportação, aexpulsão, a extradição, os direitos e deveres doestrangeiro e a naturalização.

A Entrada do Estrangeiro

É um ato discricionário do Estado. A filosofia da atual legislação brasileira sobre a entrada e permanência de estrangeiro no Brasil inspira-se no atendimento à segurança nacional, à organização institucional e nos interesses políticos, socioeconômicos e culturais do Brasil, inclusive na defesa do trabalhador nacional.

� O estrangeiro pode estar no Brasil emcaráter permanente, com propósito defixação de residência definitiva ou emcaráter temporário. Independentementedo seu status ou do propósito de viagem,reconhece-se ao estrangeiro o direito àsgarantias básicas da pessoa humana: vida,integridade física, direito de petição,direito de proteção judicial efetiva, dentreoutros.

� A disciplina sobre emigração e imigração,entrada, extradição, e expulsão deestrangeiro é da competência legislativaprivativa da União (CF, art. 22, XV).

� Em geral, reconhece-se ao estrangeiro ogozo dos direitos civis, com exceção dodireito a trabalho remunerado, que sereconhece apenas ao estrangeiro residente

� A aquisição de imóvel por estrangeiros é assegurada, ainda que com algumas condições, até mesmo nas faixas de fronteiras (CF, art.190).

� O direito de pesquisa e lavra de recursos minerais e aproveitamento dos potenciais de energia hidráulica somente pode ser concedido a brasileiros ou à empresa constituída sob as leis brasileiras e que tenha sua sede e administração no País (CF, art.176, § l)

� O estrangeiro não poderá ser proprietário de empresa de radiodifusão e TV, que constitui privilégio de brasileiro nato ou naturalizado (CF, art. 222) ou de pessoa jurídica constituída sob as leis brasileiras e que tenha sede no País.

� Reconhece-se ao estrangeiro também o direito de adoção, nos termos de lei específica (CF, art.225, § 5)

Regime Jurídico do capital estrangeiro noBrasil

� O regime legal do investimento de capitalestrangeiro no Brasil é definido pelas leis nºs.4.131/62 e 4.390/64; ambas regulamentadaspelo Decreto de Lei nº. 55.762/65.

� A tal legislação somam-se as normasadministrativas previstas pelo Banco Central doBrasil ("Banco Central") assim como algumasrestrições ao investimento estrangeiroexistentes na Constituição Federal e em leisespeciais.

� Registo do Capital Estrangeiro

No Brasil, o câmbio de moedas não é inteiramente livre masregido pelas normas do Banco Central, as quais disciplinamas hipóteses de compra e remessa de divisas e asformalidades a serem observadas em cada caso. Em funçãodesta política de controle de câmbio (em processo deliberalização) o investimento estrangeiro deve ser registadono Banco Central com efeito de permissão da remessa delucros, de reinvestimento no País e sua eventual repatriação.O registo, on-line, deve ser efetuado no prazo máximo detrinta dias a partir da data do depósito (no Brasil) do dinheiroremetido (no caso de investimento em moeda), sob pena demulta.

� Em função da referida política decontrole de câmbio, os empréstimosinternacionais (isto é, aqueles em que omutuante ou o tomador não reside noBrasil) também devem ser registadosno Banco Central (procedimento on-linesubsequente à realização da operação).

� Investimento em moeda

No caso de investimento em moeda, querseja subscrição de ações ou quotas novasnuma sociedade ou a compra daparticipação acionária de terceiro na mesma,não há necessidade de qualquer autorizaçãoprévia. O investimento é registado na moeda(nacional ou estrangeira) efetivamenteutilizada.

� Remessa de lucros

Não existem restrições à distribuição de lucros e sua remessaao exterior. O Imposto de Renda não incide sobre osdividendos (desde 1996), mesmo quando pagos a acionistadomiciliado no exterior.

� Reinvestimento de Lucros

Os lucros distribuídos ao acionista ou sócio não domiciliadono Brasil podem ser reinvestidos no País, quer seja namesma empresa ou não. O reinvestimento também deve serregistado no Banco Central.

� Repatriação de Capital

O capital estrangeiro registado no Banco Central, pode serrepatriado em qualquer altura sem autorização prévia. Caso omontante a ser remetido exceda o valor do investimentoregistrado no Banco Central, o excedente será consideradolucro de capital do investidor estrangeiro e tributado - Impostode Renda Retido na Fonte (IRRF) - à taxa de quinze por cento(15%). Neste caso, é necessária autorização de remessa peloBanco Central.

A participação no capital de uma sociedade domiciliada no Brasilpode ser vendida no exterior (incluindo a recepção do valorrespectivo). Nesta situação as partes devem registar a cessãodo investimento estrangeiro no Banco Central.

Execução e Homologação de Sentenças Estrangeiras

Uma vez transitado em julgado uma sentença estrangeira,quando couber execução no Brasil, deverá ocorrer ahomologação da mais alta corte do país, o Supremo TribunalFederal (STF).

Para entender a legislação referente a essa aplicação,tomemos o quadro:� Legislação válida para todos os Países (Quadro

Internacional)� Constituição Federal, Artigo 102, inciso I, alínea “l”.� Lei de Introdução ao Código Civil, Artigo 15.� Código do Processo Civil, Artigo 482 e seguintes.� Regimento Interno do STF, Artigo 215 a 224.

VISTOS

São vários tipos de visto de entrada: trânsito, turista, temporário,permanente, cortesia, oficial e diplomático. A proibição deconcessão de visto está listada no art. 7 da Lei 6.815/80. Deacordo com o art. 26 da Lei 6.815/80, o visto concedido pelaautoridade consular é mera expectativa de direito, podendo aentrada, estada ou registro ser obstado se ocorrer qualquer doscasos do artigo 7 ou a inconveniência da sua presença no Brasil.

O § 2º, do artigo 26, dispõe que o impedimento à entrada dequalquer integrante da família poderá estender-se a todo o grupofamiliar, indo contra a um dispositivo constitucional donde a penanão passará da pessoa condenada (art. 5, XLV, da CF/88).Porém, o impedimento à entrada não representa uma pena.Em matéria de visto de entrada para estrangeiro, o governobrasileiro segue a política de reciprocidade.

� O processo de homologação e execução de sentençasestrangeiras também é chamado de Processo deDelibação: o STF não examina os aspectos do mérito doprocesso; examina apenas os aspectos formais. Estes sãoaqueles previstos no Artigo 15 da Lei de Introdução aoCódigo Civil, que é semelhante ao Artigo 217 doRegimento Interno do STF. Não há a reabertura do caso,nem juízo de valor.

� Observação: o recurso contra uma decisão do presidentedo STF é chamado de agravo regimental (Artigo 220 doRegimento Interno), também chamado de “agravinho”.

� Legislação válida para o Mercosul (Quadro Regional)

� Regimento Interno do STF, Artigo 225 e seguintes.

� Decreto 2067/96� Decreto 1216/98

� Sobre o Decreto 2067/96:

O Artigo 18 determina as matérias (Civil, Comercial,Trabalhista e Administrativa - igualmente aplicável àreparação de danos e a restituição de bens da esferapenal) passíveis de reconhecimento pelo STF, não éhomologação nestes casos.

O Artigo 19 determina que o pedido dereconhecimento será encaminhado através de cartarogatória, via autoridade central do país no Mercosul.

Hipóteses de Não Homologação de Sentenças EstrangeirasSão três as hipóteses de não homologação de uma sentençaestrangeira, quando há:

a) Violação da Ordem Pública - (como visto no item “3.3.1. AOrdem Pública”).

b) “Fraudem Legis” - sentença estrangeira proferida em cima dedireito, que segundo o intérprete brasileiro, não era direitocompetente para resolver a questão. É uma fraude contra a lei queseria mais competente para julgar.

c) Aplicação de Instituto Desconhecido no Direito Brasileiro - não ésimplesmente um instituto desconhecido, uma vez que apesardisso poderia haver homologação; também é um instituto que vaicontra a Ordem Pública Brasileira.

Contratos Internacionais

� São Manifestações bi ou pluralaterais davontade livre das partes, objetivandorelações patrimoniais ou de serviços,cujos elementos sejam vinculantes dedois ou mais sistemas jurídicosextraterritoriais, pela força de seuselementos de conexão que exprimamum liame indicativo do Direito aplicável.

Direito Internacional Privado� Com a divergência legislativa interna entreEstados, existem alguns elementosnormativos que permitem adaptar estasdivergências a situações específicas tendo emvista o possível conflito de leis. Osmecanismos para a solução de conflitoslegislativos de direito estrangeiro encontram-se no campo do Direito Internacional Privado,o qual busca indicar qual o direito aplicávelna ocorrência de um fato jurídico.

CONTRATOS INTERNACIONAIS (CI)

A diferença fundamental entre os contratos nacionaisestá no fato de que no contrato internacional ascláusulas concernentes à conclusão, capacidade daspartes e o objeto se relacionam a mais de um sistemajurídico vigente;

- Precauções extras quanto à formulação de contratosinternacionais (objetivos, negociação, redação de suascláusulas, assinatura)

ELEMENTOS DE ESTRANEIDADE

Quando a relação jurídica possui um elemento estrangeiro, arelação jurídica passa a ser internacional e o sistema jurídicointerno é insuficiente para cuidar do caso. São eles:

a) domicílio; b) nacionalidade; c) residência; d) lugar donascimento ou falecimento; e) lugar da sede da pessoajurídica; f) lugar da situação do bem; g) lugar daconstituição ou execução da obrigação; e h) lugar daprática do ato ilícito.

a) Lex domicili: Lei do domicílio que rege o estatuto e acapacidade da pessoa natural, a sucessão e o direito defamília ( LICC, Art. 7º, LICC, Art. 8º, §2º; LICC, Art. 10)

b) Lex loci actus: Lei do local da realização do ato jurídicopara reger sua substância (LICC, Art. 7º, §1º)

c) Locus regit actum: Lei do local da realização do atojurídico para reger suas formalidades (LICC, Art. 9º §1º)

d) Lex loci contractus: Lei do local onde o contrato foifirmado para reger sua interpretação e seu cumprimento(LICC, Art. 9º, §2º)

Elementos de Conexão

� São elementos que ligam de forma efetiva ou potencial a dois ou mais sistemas jurídicos, constituindo um vínculo que relaciona um fato qualquer a determinado sistema jurídico.

Elementos de Conexão

� Os principais elementos de conexão são: a) domicílio; b) nacionalidade; c) residência; d) lugar do nascimento ou falecimento; e) lugar da sede da pessoa jurídica; f) lugar da situação do bem; g) lugar da constituição ou execução da obrigação; e h) lugar da prática do ato ilícito.

Lei de Introdução ao Código Civil

� No Brasil a LICC estabelece os princípios que dão normatividade ao nosso sistema de aplicação espacial das leis, disciplinando as condições para interpretação e equacionamento das hipóteses de conflito.

Art. 7.

� “Art. 7o A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.”

� Adota o domicílio como elemento de conexão.

Art. 8.

� “Art. 8o Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que estiverem situados.”

� O regime de bens adota o princípio da lex rei sitae, lugar da situação da coisa.

Art. 9.

� “Art. 9o Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem.”

Art. 9

� Este regulamenta a questão mais importante no que concerne aos contratos internacionais em termos de direito brasileiro, a questão de obrigações.

Direito aplicável aos Contratos Internacionais

� Existindo um elemento de estraneidadeem um contrato firmado por dois particulares, este será um contrato internacional e consequentemente, terá mais de um ordenamento jurídico incidindo sobre ele.

Autonomia da Vontade

� Existem três possibilidades:

a) contratos com clausula de eleição da legislação aplicável, e aceitação da autonomia da vontade para contratos internacionais;

Autonomia da Vontade

� b) contratos com clausula de eleição da legislação aplicável, e não aceitação da autonomia da vontade para contratos internacionais pela legislação interna dos Estados;

Princípios de DIPri

� c) contrato sem cláusula de eleição da legislação aplicável, aplicando-se os princípios de Direito Internacional Privado do País.

Autonomia da Vontade no Direito Brasileiro

� Acontece que o artigo 9 da LICC é um obstáculo a aplicação da autonomia da vontade nos contratos internacionais firmados no Brasil, por isso necessária uma maior atenção ao tema.

� DA COMPETÊNCIA INTERNACIONAL

� Art. 88. É competente a autoridade judiciária brasileira quando:

� I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil;

� II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação;

� III - a ação se originar de fato ocorrido ou de ato praticado no Brasil.

� Parágrafo único. Para o fim do disposto no n. I, reputa-se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que aqui tiver agência, filial ou sucursal.

� Art. 89. Compete à autoridade judiciáriabrasileira, com exclusão de qualqueroutra:

� I - conhecer de ações relativas a imóveissituados no Brasil;

� II - proceder a inventário e partilha debens, situados no Brasil, ainda que oautor da herança seja estrangeiro e tenharesidido fora do território nacional

� PRINCÍPIOS DOS CI

� a) Autonomia da vontade: liberdade de contratar. Eliminação da expressão “salvo disposição em contrário” - LICC de 1942;

� b) Consensualismo: Somente quando a lei estipular forma especial é que, se inobservada, acarreta a nulidade;

� c) Relatividade: Um contrato só é válido para as partes nele inseridas;

� d) Força Obrigatória: O acordo realizado entre as partes faz lei entre elas. Pacta sunt servanda;

� e) Boa-fé: se que a intenção das partes deve prevalecer sobre o que foi literalmente pactuado - daí a importância das testemunhas.

� ESCOLHA DO FORO

� - Esse princípio da compulsoriedade de aplicação danorma jurídica nacional é universal (lex fori);

- Autonomia da vontade – Súmula 335 STF;

- Na ausência, há três soluções: (i) foro do país ondese localiza o vendedor; (ii) foro do pais onde selocaliza o comprador; (iii) foro de um terceiro país;

- Os artigos 88 e 89, do CPC.

� ESCOLHA DA LEI APLICÁVEL

- Cada país, dentro de seus princípios de DIPR, escolhe ospróprios elementos de conexão - LINDB art. 7 a 19;

- Local onde a obrigação foi constituída, lex loci contractus,válido para as obrigações entre presentes e a residência dapessoa onde partiu a proposta, e entre ausentes, interabsentes (Irineu Strenger, Haroldo Valladão e Nádia deAraújo);

- Norma cogente, não podendo as partes alterá-lo.

Arbitragem

� - Podem os contratantes convencionar que os conflitossejam solucionados pela via Arbitral;

� - Tal escolha implica na exclusão da tutela jurisdicionalinterna dos países, para que o conflito seja submetido àdecisão de árbitros privados, cujas sentenças, no entanto,deverão adquirir forma de coisa julgada e serem assimpassíveis de execução;

� - Ao contrário do disposto na Lei de Introdução ao CódigoCivil, a lei brasileira de arbitragem nº 9307/96 admite aautonomia da vontade das partes na escolha da lei aplicávelem seu artigo 2º.

Arbitragem e autonomia da Vontade

� Ao contrário do disposto na Lei de Introdução ao Código Civil, a lei brasileira de arbitragem nº 9307/96 admite a autonomia da vontade das partes na escolha da lei aplicável em seu artigo 2º.

Arbitragem

� A arbitragem é um meio jurídico de solução de controvérsias presentes ou futuras, baseado na vontade das partes envolvidas, as quais elegem por si mesmas e diretamente, ou através de mecanismos por elas determinados, árbitros para serem os juízes da controvérsia, confiando-lhes a missão de decidir de forma obrigatória o litígio mediante a prolação de um laudo arbitral.

Compromisso Arbitral� “Art. 2º - A arbitragem poderá ser de direito ou de equidade, a critério das partes.

§ 1º - Poderão as partes escolher, livremente, as regras de direito que serão aplicadas na arbitragem, desde que não haja violação aos bons costumes e à ordem pública.

§ 2º - Poderão, também, as partes convencionar que a arbitragem se realize com base nos princípios gerais de direito, nos usos e costumes e nas regras internacionais de comércio.”

Arbitragem� Com o advento da Lei de Arbitragem, incorporou-se expressamente a autonomia da vontade ao ordenamento jurídico brasileiro, não só com relação aos contratos internacionais como também com relação aos contratos internos, desde que, obviamente, estes sejam submetidos à arbitragem no caso de eventual conflito.

Formação dos Contratos Internacionais

� São muitos os caminhos e as precauções a serem tomadas quanto à formulação de contratos internacionais, desde a definição básica de seus objetivos, a etapa de sua negociação, a redação de suas cláusulas e sua assinatura.

Negociação – Definição de Objetivos

� Separar pessoas dos problemas; � Focalizar os interesses e não as posições;

� criar opções para utilidade mútua; � Insistir no critério objetivo;� Buscar as melhores alternativas

Formação dos Contratos� Pesquisar sobre a condicionalidade de cumprimento das obrigações contratuais assumidas em determinados países.

� É comum partes que firmam contratos, em que o cumprimento de algumas obrigações depende de autorização governamental difíceis de se obter, causando a resolução do contrato.

� O Caso Peerless. Foi desconsiderada a formação do contrato devido à ambigüidade.

Linguagem

� A língua a ser adotada pelos CIs deve ser objeto de cuidados especiais.

� O contrato deve definir a(s) língua(s) oficiais de redação do contrato, para questões que possam surgir quanto á interpretação deste.

Cartas de Intenção� Utilizadas como uma promessa ou ajuste preliminar de compromisso e como meio de obter aprovação governamental, seja para certos incentivos a um projeto ou das bases estruturais de um empréstimo ou financiamento.

� Carta de intenção não é o contrato, por isso os laços obrigacionais estão condicionados à eventos futuros. A carta de intenção não tem poder de execução específica, não obrigando as partes a celebrarem o contrato, somente esboçando uma possibilidade.

� Entretanto, as cartas de intenção podem gerar perdas e danos, caso o documento encerre obrigações preliminares.

� A linguagem deve ser cuidadosa, sempre referindo-se a condições.

Solução de Conflitos - Amigáveis

� Nos CIs nunca é demais fazerem as partes menção à formulas alternativas amigáveis para a solução de conflitos antes da submissão do litígio a julgamento por árbitros ou juízes.

Cláusula Atributiva de jurisdição e lei de regência

� Tais cláusulas assumem uma enorme importância quanto à segurança jurídica do contrato, determinando qual a jurisdição para solução de qualquer questão relativa ao contrato, determinando também o direito de regência, ou seja, o direito aplicável.

Exemplo Prático� This Agreement, its interpretation, performance and enforcement and the rights and remedies of the parties hereto, shall be governed and construed by and in accordance with the laws of Brazil(ou outro).

� The parties hereto agree and intend that the proper and exclusive forum for any litigation of any disputes or controversies arising out of or related to this Agreement shall be a court of competent jurisdiction located in the brazilian State of Paraná, elected the competent Courts of the City of Curitiba.

Cláusulas de Força Maior – Force Mejeure� Torna-se essencial a inserção de cláusulas em que fique prevista a exoneração da responsabilidade das partes no caso da ocorrência de fatos imprevistos que elas não poderiam de alguma forma prever, nem poderiam razoavelmente evitar, que se corporificam nos casos de força maior. Como por exemplo fatos de força maior que venham a estender o prazo de entrega de uma mercadoria.

Cláusulas de Rescisão � Costuma-se inserir cláusulas que prevêem a possibilidade de rescisão unilateral dos pactos, seja em caráter normal, sem depender de qualquer circunstância, nos casos de contratos por prazo indeterminado, em que qualquer das partes pode dá-lo como rescindido avisando a outra com certa antecedência, seja em virtude da ocorrência de eventos como a insolvência de uma das partes ou o descumprimento por ela das obrigações contratuais.

Exemplo Prático� In the event that the Parties fails to comply with its obligations as set out in this agreement, the other Part may give notice of such failure and demand performance within thirty days. In the event that the defaulting Part has not remedied its default within the thirty days period, the other part may terminate this agreement immediately upon given written notice of its intent to terminate to the defaulting part.

Cláusula sobre fixação de preços e comissões

� É importante o estabelecimento de condições de preço e comissões (pricing and comissions) em contratos de distribuição.

Exemplo Prático

� The price for the equipement shall be the one designated from time to time by the (XX), and any all changes shall be effetive upon thirty calendar days` writen notice by the (XX)...

Hardship Clauses� Adaptação do contrato em face das circunstâncias imprevistas que tornem excessivamente onerosa sua execução para uma das partes.

� A expressão hardship clause se aplica às cláusulas de revisão, freqüentes nos contratos de longa duração, podendo a expressão hardship ser livremente traduzida por “adversidade”, infortúnio, necessidade ou privação.

� Essas cláusulas serão complementares às de força maior, permitindo intervenção no contrato que o torne mais equilibrado, promovendo sua adaptação à nova realidade.

Exemplo Prático� If at any time during the term of this Agreement either party considers that the Joint Company´s financial position or standing generally is or may be impaired, then such party may give notice to the other requesting a review of the financial position of the Joint Company, taking into consideration the contractual obligations of the parties and the Joint Company, and the parties shall forthwith after the giving of such notice meet to review the situation in order to see how it can be remedied.

Amiable Composition

� Estabelecer no próprio contrato para que árbitros internacionais, ou nacionais, possam resolver a contenda utilizando os princípios da eqüidade, chegando a acordos que possam por fim aos conflitos.

Cláusulas Exoneratórias de responsabilidade nos contratos de Adesão

� As cláusulas de exclusão ou limitação de responsabilidade são encontráveis com freqüência nos contratos de adesão, que utilizam formas padronizadas devido a sua feição de produção em série, pois é esta prática no comércio internacional, principalmente nos negócios bancários, de seguros e de importação/exportação.

Cláusulas sobre Tributação� No planejamento e execução dos contratos internacionais uma matéria de maior relevância, certamente é a do regime tributário-fiscal a que se submeterá o contrato.

� Um desses detalhes diz respeito à bitributação. � As parte brasileiras, ao firmarem contratos com pessoas físicas ou jurídicas domiciliadas no exterior e que envolvam a remessa de divisas a título de rendimentos ou ganhos de capital, devem lembrar-se que tais remessas acham-se sujeitas à incidência genérica do imposto de renda na fonte.

� Nesse caso, é aconselhável, o que pode variar de contrato para contrato, que se estabeleça a previsão de que se os preços cobrados já incluem tributos ou não, e quem é responsável pelo pagamento e pela obrigação tributária.

Cláusula de Arbitragem� Podem os contratantes convencionar que os conflitos sejam solucionados pela via Arbitral.

� Tal escolha implica na exclusão da tutela jurisdicional interna dos países, para que o conflito seja submetido à decisão de árbitros privados, cujas sentenças, no entanto, deverão adquirir foro de coisa julgada e serem assim passíveis de execução.

Exemplo Prático� "Para dirimir dúvidas que possam ser suscitadas na

execução e interpretação do presente convênio, as partesempregarão todos os esforços na busca de uma soluçãoconsensual. Não sendo possível, as convenentesindicarão, de comum acordo, um terceiro, pessoa física,para atuar como mediador. Caso não haja acordo quantoà escolha do mediador ou se a solução por este propostanão satisfizer qualquer das partes, será o caso resolvidopor arbitragem, segundo as regras do Regulamento deArbitragem da Comissão das Nações Unidas para o Direitodo Comércio Internacional (UNCITRAL), a ser instituída,de conformidade com aquelas regras, no mais breve prazopossível, mediante notificação de qualquer parte à outra."

Cláusula de Fixação de Preço (estabilidade da moeda)

� Reflexos das flutuações cambiais sobre os valores fixados nos contratos.

� Tal cláusula é única, estabelecida pela Comissão Econômica para a Europa da ONU.

Cláusula Penal

� Imposição de sanções pecuniárias ao infrator de condições contratualmente ajustadas.

Confidencialidade

� Em contratos que envolvem tecnologia, como os de utilização de patentes, técnicas industriais e outras informações que as partes necessitam manter sob regime confidencial, costumam elas adotar dispositivos contratuais que submetam o contrato a esse regime, criando sanções para casos de descumprimento.

Exemplo Prático� The parties shall not disclose to any third parties any confidential information and particularly business secrets or technical know-how, as well as all documents which they receive from each other or which come to their knowledge in connection with the present Agreement. Such duty of confidentiality shall continue after the life if the present Agreement.

FIM