direito previdenciÁrio em estudos de casos … · estudo de caso 01 segurado (homem de 65 anos de...
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Professor: Rodrigo Sodero
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DIREITO PREVIDENCIÁRIO EM
ESTUDOS DE CASOS PRÁTICOS
Estudo de Caso 01
Segurado (homem de 65 anos de idade completos em
2016) contribuiu durante 13 anos e 06 meses para o
RGPS e recebeu auxílio-acidente por 03 anos (período
em que não contribuiu). Pretende lhe seja concedida a
aposentadoria por idade pelo INSS.
Pergunta-se:
a. O segurado possui direito à concessão do benefício?
b. Em caso de ingresso de ação judicial, é necessário o
prévio ingresso na via administrativa?
c. É possível a cumulação da aposentadoria com o
auxílio-acidente?
Estudo de Caso 01 - Solução
Introdução
Auxílio-acidente: art. 86, da Lei 8.213/91.
Redução mínima da capacidade laborativa: REsp
repetitivo 1.109.591/SC.
Perda auditiva x comprovação da redução da
capacidade laborativa: REsp repetitivo 1.108.298/SC.
Majoração do coeficiente: REsp repetitivo 1.096.244/SC.
Estudo de Caso 01 - Solução
a. O segurado possui direito à concessão do benefício?
Art. 29, § 5º, da Lei 8.213/91: Se, no período básico de
cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por
incapacidade, sua duração será contada, considerando-
se como salário-de-contribuição, no período, o salário-
de-benefício que serviu de base para o cálculo da renda
mensal, reajustado nas mesmas épocas e bases dos
benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor
de 1 (um) salário mínimo.
Estudo de Caso 01 - Solução
Art. 55, inciso II, da Lei 8.213/91: O tempo de serviço
será comprovado na forma estabelecida no
Regulamento, compreendendo, além do correspondente
às atividades de qualquer das categorias de segurados
de que trata o art. 11 desta Lei, mesmo que anterior à
perda da qualidade de segurado: (...) I - o tempo
intercalado em que esteve em gozo de auxílio-doença
ou aposentadoria por invalidez.
Estudo de Caso 01 - Solução
Nos termos do art. 29, § 5º, da Lei 8.213/91, da Súmula 73 da
TNU, do art. 153, § 1º, da IN INSS/PRES 77/2015 – RS, SC e
PR, e da decisão proferida pelo TRF5, no Processo 0806813-
33.2018.4.05.8300 (ACP ajuizada pelo IBDP) são contados
como carência os períodos de recebimento de benefício por
incapacidade, entre períodos de atividade (intercalado).
Estudo de Caso 01 - Solução
STJ:
É possível considerar o período em que o segurado esteve
no gozo de benefício por incapacidade (auxílio-doença ou
aposentadoria por invalidez) para fins de carência, desde que
intercalados com períodos contributivos. (STJ, REsp
1.414.439/RS, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ,
SEXTA TURMA, julgado em 16/10/2014, DJe 03/11/2014)
Estudo de Caso 01 - Solução
Cômputo como carência do período de recebimento de
auxílio-acidente: O auxílio-acidente - e não apenas o auxílio-
doença e a aposentadoria por invalidez - pode ser
considerado como espécie de "benefício por incapacidade",
apto a compor a carência necessária à concessão da
aposentadoria por idade. É de ser observada a vetusta regra
de hermenêutica, segundo a qual "onde a lei não restringe,
não cabe ao intérprete restringir" (STJ, REsp 1.243.760/PR,
Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em
02/04/2013, DJe 09/04/2013)
Estudo de Caso 01 - Solução
b. Em caso de ingresso de ação judicial, é necessário o
prévio ingresso na via administrativa?
STF e STJ: segundo o posicionamento firmado no
julgamento do RE 631.240/MG e no REsp repetitivo
1.369.834/SP é necessário o prévio ingresso na via
administrativa (indeferimento ou omissão de resposta no
prazo legal (art. 49, da Lei 9.784/99) para constituição do
interesse de agir.
Estudo de Caso 01 - Solução
Condições da ação no CPC de 2015 - apenas interesse de
agir e legitimidade de parte
Primeira teoria de Liebman: legitimidade, interesse e
possibilidade jurídica.
Posteriormente: Liebman alterou sua teoria, reduzindo as
condições da ação a somente duas, quais sejam, ao
interesse de agir e à legitimidade de parte.
Estudo de Caso 01 - Solução
Possibilidade jurídica do pedido: para Liebman, a
possibilidade jurídica do pedido integra o interesse
processual, pois, se o pedido é juridicamente impossível, a
parte não tem interesse processual em obtê-lo judicialmente.
CPC: O art. 17, do CPC, reduziu as condições da ação ao
interesse de agir e a legitimidade de parte.
Estudo de Caso 01 - Solução
c. É possível a acumulação do auxílio-acidente com a
aposentadoria?
STJ: Súmula 507 do STJ - A acumulação de auxílio-acidente
com aposentadoria pressupõe que a lesão incapacitante e a
aposentadoria sejam anteriores a 11/11/1997, observado o
critério do art. 23 da Lei n. 8.213/1991 para definição do
momento da lesão nos casos de doença profissional ou do
trabalho.(Súmula 507, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
26/03/2014, DJe 31/03/2014) .
STF: RE 687.813/RS, com repercussão geral reconhecida.
Estudo de Caso 02
José, segurado empregado do RGPS, trabalhou em
exposição à benzeno durante 23 anos. Quando
trabalhava nessas condições, afastou-se em auxílio-
doença (B31). O benefício por incapacidade foi cessado,
após 03 anos de sua concessão, após a realização de
perícia médica pelo INSS (operação pente-fino). O
segurado pretende lhe seja concedida a aposentadoria
especial.
Analise o caso.
Estudo de Caso 02 - Solução
Os períodos de gozo de auxílio-doença ou aposentadoria por
invalidez que sucedem período de exercício de atividade especial,
devem ser computados como especiais, desde que o benefício
tenha natureza acidentária, na forma do parágrafo único, do art. 65,
do Decreto 3.048/99 e do art. 291, da IN INSS/PRES 77/2015.
Entendemos que o afastamento deve ser computado como especial
desde que o benefício por incapacidade suceda interregno no qual
houve exercício de atividade especial, independentemente da
espécie do benefício. (o Decreto afronta o art. 84, inciso IV, da CF e
o art. 29, § 5º, da Lei 8.213/91).
Estudo de Caso 02 - Solução
TNU dos JEF`s: nos autos do Processo nº 5012755-
25.2015.4.04.7201 a TNU determinou a suspensão de todos os
processos que tramitam pelo JEF sobre o tema.
TRF4: IRDR no Processo 5017896-60.2016.4.04.0000, julgado
favoravelmente aos segurados.
STJ: afetou o Recurso Especial 1.759.098/RS para julgamento
sob o rito dos recursos repetitivos. Cadastrada como Tema 998,
a controvérsia diz respeito à “possibilidade de cômputo de
tempo de serviço especial, para fins de inativação, do período
em que o segurado esteve em gozo de auxílio-doença de
natureza não acidentária”.
Solução: admitida a tese à direito ao benefício (B46).
Estudo de Caso 03
Segurado (empregado), casado há 03 anos, com 05 anos de
tempo de contribuição, preso após 11 meses de desemprego.
Último salário-de-contribuição de R$ 2.000,00. Sua esposa,
hoje com 45 anos de idade, requer ao INSS a concessão de
auxílio-reclusão, pedido este que é indeferido, sob a
alegação de que o valor do último salário-de-contribuição (11
meses atrás) seria superior ao valor-limite de R$ 1.319,18, na
forma da Portaria Interministerial MF nº 1/2018 e do art. 80, da
Lei 8.213/91.
Analise o caso apontando a saída técnica para a sua solução.
Estudo de Caso 03 - Solução
A questão jurídica em discussão diz respeito à definição do
critério de rendimentos ao segurado recluso em situação de
desemprego ou sem renda no momento do recolhimento à
prisão.
Na forma dos arts. 201, inciso IV, da CF e 80 da Lei 8.213/91 o
auxílio-reclusão consiste na prestação pecuniária
previdenciária de amparo aos dependentes do segurado de
baixa renda que se encontra em regime de reclusão prisional.
Estudo de Caso 03 - Solução
O Estado, através do RGPS, no caso, entendeu por bem
amparar os que dependem do segurado preso e definiu como
critério para a concessão do benefício a “baixa renda”.
O critério econômico da renda deve ser constatado no
momento da reclusão, pois nele é que os dependentes
sofrem o baque da perda do seu provedor.
Estudo de Caso 03 - Solução
O art. 80, da Lei 8.213/91, expressa que o auxílio-reclusão
será devido quando o segurado recolhido à prisão “não
receber remuneração da empresa”.
Da mesma forma o § 1º, do art. 116, do Decreto 3.048/99
estipula que “é devido auxílio-reclusão aos dependentes do
segurado quando não houver salário-de-contribuição na data
do seu efetivo recolhimento à prisão, desde que mantida a
qualidade de segurado”.
Estudo de Caso 03 - Solução
Os requisitos para a concessão do benefício devem ser
verificados no momento do recolhimento à prisão, em
observância ao princípio tempus regit actum.
Posicionamento do STJ: este foi o posicionamento firmado
pelo STJ quando do julgamento do REsp 1.480.461/SP, de
relatoria do Ministro Herman Benjamin (2ª Turma) julgado em
23.09.2014 (DJe 10.10.2014).
Estudo de Caso 03 - Solução
Idade da esposa: na forma do art. 77, § 2º, inciso V, alínea c,
item 6 (44 ou mais anos de idade ), o auxílio-reclusão será
pago enquanto o segurado estiver preso.
18 meses de contribuição: art. 77, § 2º, inciso V, alínea b, da
Lei 8.213/91.
Tempo de casamento ou união estável: 02 anos (art. 77, § 2º,
inciso V, alínea b, da Lei 8.213/91).
Estudo de Caso 03 - Solução
Duração do auxílio-reclusão: para o Prof. José Antonio
Savaris as regras especiais de duração da pensão por morte
para cônjuges e companheiros, estipuladas para a pensão
por morte, não devem ser aplicadas ao auxílio-reclusão.
Estudo de Caso 04
Segurado aposentou-se por tempo de contribuição (Tc =
35 anos; DIB = 11.06.2003; Data do 1º pagamento =
01.07.2003), com 53 anos de idade. Sua aposentadoria
foi calculada com aplicação do fator previdenciário 0,68.
Conforme PPP emitido em janeiro de 2015, antes de se
aposentar, o Segurado trabalhou em exposição à
fungos, vírus e bactérias, de modo habitual e
permanente durante exatos 25 anos. Quando do
requerimento de concessão da aposentadoria não fora
apresentado qualquer documento comprobatório da
atividade mencionada.
Estudo de Caso 04
O segurado ingressou com ação visando o
reconhecimento do seu direito à aposentadoria
especial, em detrimento da aposentadoria por tempo de
contribuição já concedida.
A especialidade do tempo trabalhado, não havia sido
analisada no Processo Administrativo, tendo em vista
que o trabalhador não apresentou PPP ao INSS. Este
documento foi apresentado no processo judicial, tão
somente.
Estudo de Caso 04
A ação tramitou pela Justiça Federal comum e foi
julgada improcedente sob o argumento de que o direito
do autor à revisão do ato concessório de sua
aposentadoria, já haveria decaído, na forma do art. 103,
da Lei 8.213/91.
Analise o caso apontando a saída técnica para a sua
solução, inclusive no que diz respeito ao recurso
cabível contra a sentença e o seu prazo de interposição.
Estudo de Caso 04 - Solução
Tese:
O prazo decadencial previsto no art. 103, da Lei 8.213/91
não alcança questões que não restaram resolvidas no
ato administrativo que apreciou o pedido de concessão
do benefício, posto que, como o prazo decadencial
limita a possibilidade de controle de legalidade do ato
administrativo, não pode atingir aquilo que não foi
objeto de apreciação pela Administração.
Estudo de Caso 04 - Solução
Precedente do STJ: AgRg no REsp 1.407.710/PR.
Posicionamento da TNU: Súmula 81 (Não incide o prazo
decadencial previsto no art. 103, caput, da Lei n. 8.213/91,
nos casos de indeferimento e cessação de benefícios, bem
como em relação às questões não apreciadas pela
Administração no ato da concessão).
Estudo de Caso 04 - Solução
Recurso cabível contra a sentença: Apelação (arts. 994,
inciso I e 1.009 e seguintes, do novo CPC), no prazo de 15
dias úteis (arts. 1.003, § 5º e 219, do novo CPC).
Dica do Professor: as questões resolvidas na fase de
conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar
agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e
devem ser suscitadas em preliminar de apelação,
eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas
contrarrazões. (art. 1.009, § 1º, do novo CPC)
Estudo de Caso 05
Aposentadoria por tempo de contribuição (Mulher; Tc =
30 anos; DIB = 20.11.2004; Data do 1º pagamento =
05.12.2004). Não há trabalho após a jubilação.
Em outubro de 2018, em uma de suas auditorias
periódicas, o INSS observou que computou
equivocadamente 06 meses de tempo de contribuição
da beneficiária, concluindo, com razão, que no momento
de sua aposentadoria a segurada não teria direito ao
benefício.
Estudo de Caso 05
A decisão administrativa definitiva, tomada a após a
apresentação de Defesa e Recursos Administrativos
pela segurada, foi pelo cancelamento do benefício e
devolução dos valores recebidos indevidamente nos
últimos 05 anos. O benefício foi efetivamente cancelado.
Analise o caso, apontando a saída técnica para a sua
solução.
Estudo de Caso 05 - Solução
Tese: decadência do direito do INSS anular o seu próprio ato
administrativo (art. 103-A, da Lei 8.213/91: O direito da
Previdência Social de anular os atos administrativos de que
decorram efeitos favoráveis para os seus beneficiários decai
em dez anos, contados da data em que foram praticados,
salvo comprovada má-fé.)
Contagem do prazo: duas formas; contar da data em que o
ato foi praticado ou, no caso de efeitos patrimoniais
contínuos, da data da percepção do primeiro pagamento.
Estudo de Caso 05 - Solução
Qual a história do prazo decadencial que existe em favor do
beneficiário do INSS?
Art. 7º, da Lei 6.309/75, até 14.05.1992, quando entrou em
vigor a Lei 8.422/92, que em seu art. 22 revogou a primeira
norma (05 anos)
Art. 54, da Lei 9.784, de 1º de fevereiro de 1999 (05 anos)
MP 138, de 19 de novembro de 2003 e Lei 10.839/04 (10 anos)
Estudo de Caso 05 - Solução
Posicionamento do STJ: para benefícios “concedidos” entre
a edição da Lei 8.422/92 e a Lei 9.784/99 é possível a
aplicação do prazo decadencial com termo inicial da
contagem em 01.02.1999 (REsp repetitivo 1.114.938/AL).
No mesmo sentido do entendimento firmado pelo STJ é o
Parecer/CJ nº 3.509/2005, emitido pela consultoria do
Ministério da Previdência e o que prevê o art. 569, da IN
INSS/PRES 77/2015.
Estudo de Caso 05 - Solução
Caso concreto:
Ação de restabelecimento de benefício!
O primeiro pagamento do benefício foi realizado em 05.12.2004
(benefício de trato continuado).
O prazo decadencial é de 10 anos para que o INSS anule os seus
ato.
O direito do INSS decaiu em 05.12.2014!
Não há que se falar em devolução dos valores, diante da
decadência, da natureza alimentar e da boa-fé da segurada (REsp
1.550.569/SC, DJe 18/05/2016).
Estudo de Caso 06
Segurado ingressou com ação judicial para concessão
de aposentadoria por tempo de contribuição,
requerendo o reconhecimento de tempo rural
trabalhado dos 12 aos 14 anos de idade (02 anos).
Considerando este período, somaria 35 anos de tempo
de contribuição. No entanto, não apresentou início de
prova material. Por este motivo, a ação foi julgada
improcedente em 1º e 2º graus de jurisdição, sendo o
processo extinto com resolução de mérito, segundo
ambas as decisões.
Estudo de Caso 06
Como advogado previdenciarista, analise o caso
apontando a saída técnica para a sua solução, inclusive
no que diz respeito ao recurso cabível contra o acórdão
proferido pelo Tribunal Regional Federal – com o intuito
de reformar o que restou decidido -, o seu prazo e o
prequestionamento da matéria objeto do recurso.
Estudo de Caso 06 - Solução
Início de prova material e a Lei 8.213/91: a comprovação do
tempo de serviço para os efeitos desta Lei, inclusive
mediante justificação administrativa ou judicial, conforme o
disposto no art. 108, só produzirá efeito quando baseada em
início de prova material, não sendo admitida prova
exclusivamente testemunhal, salvo na ocorrência de motivo
de força maior ou caso fortuito, conforme disposto no
Regulamento (art. 55, § 3º, da Lei 8.213/91).
Estudo de Caso 06 - Solução
O STJ e o início de prova material: nos termos da Súmula
149, “a prova exclusivamente testemunhal não basta à
comprovação da atividade rurícola, para efeito da obtenção
de benefício previdenciário”. Orientação confirmada no
julgamento do REsp repetitivo 1.133.863/RN.
A TNU e a contemporaneidade do início de prova material:
Para fins de comprovação do tempo de labor rural, o início
de prova material deve ser contemporâneo à época dos fatos
a provar (Súmula 34, da TNU).
Estudo de Caso 06 - Solução
Tese: a ausência de conteúdo probatório válido a instruir o
processo implica na carência de pressupostos de
constituição válidos do processo (art. 320, do CPC), que
deverá ser extinto sem julgamento de mérito, de forma a
possibilitar que o segurado ajuíze nova ação, nos termos do
art. 486, do CPC, caso obtenha prova material hábil a
demonstrar o exercício do labor rural para concessão da
aposentadoria pleiteada.
Estudo de Caso 06 - Solução
STJ: REsp repetitivo 1.352.721/SP (pela extinção sem
julgamento de mérito).
Cômputo da atividade rural do trabalhador menor de 14 anos,
em regime de economia familiar: o tempo de serviço
prestado por menor de 14 anos pode ser averbado e utilizado
para o fim de obtenção de benefício previdenciário, exegese
que se encontra em sintonia com a jurisprudência do STJ.
Precedentes: AR 3.629/RS; EDcl no REsp 408.478/RS; AgRg
no REsp nº 539.088/RS; AR 3.877/SP.
Estudo de Caso 06 - Solução
Recurso cabível: Recurso Especial, na forma do art. 1.029, do
CPC (afronta à lei federal), onde se requererá, neste caso,
seja o processo extinto sem resolução de mérito!
Prazo: 15 dias úteis (arts. 994, inciso VI, 1.003, § 5º e 219, do
CPC).
Estudo de Caso 06 - Solução
Prequestionamento: deve-se prequestionar a aplicabilidade
dos arts. 320 e 486, do CPC, no presente caso
(Apelação/Contrarrazões à Apelação).
Art. 489, § 1º, inciso IV, do novo CPC: não se considera
fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela
interlocutória, sentença ou acórdão, que não enfrentar todos
os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese,
infirmar a conclusão adotada pelo julgador.
Estudo de Caso 06 - Solução
Acórdão não se manifesta sobre a tese/dispositivos: cabível
a oposição de embargos de declaração por omissão (art.
1.022, inciso II, do CPC).
Art. 1.025, do CPC: consideram-se incluídos no acórdão os
elementos que o embargante suscitou, para fins de pré-
questionamento, ainda que os embargos de declaração
sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o tribunal superior
considere existentes erro, omissão, contradição ou
obscuridade (prequestionamento ficto).
Estudo de Caso 06 - Solução
Dica do Professor: quanto ao mérito em si, caso houvesse
início de prova material, seria possível, em recurso especial,
a valoração jurídica das provas para a correta aplicação do
direito ao caso, ou seja, não implica o reexame do acervo
probatório o acolhimento do delineamento fático realizado
pelas instâncias ordinárias (Precedente: STJ, AgRg no
AREsp 782.695/SP).
Estudo de Caso 07
Segurado requereu a concessão de aposentadoria ao INSS
em abril de 2015, quando possuía 60 anos de idade, sendo-
lhe deferida a aposentadoria por tempo de contribuição, com
exatos 35 anos.
Desses 35 anos de contribuição, 25 foram trabalhados na
mesma empresa, “B. Energia Ltda.”, em exposição à
eletricidade acima de 250 Volts. Outros 04 anos foram
trabalhados na empresa “A. Ltda.”, sem exposição à agentes
nocivos. O INSS reconheceu 15 anos trabalhados pelo
segurado na empresa “B. Energia Ltda.” como especiais.
Estudo de Caso 07
Este tempo especial foi convertido em comum (período
trabalhado até 05.03.1997 – Decreto 2.172/97).
O período laborado posteriormente a esta data (10 anos –
06.03.1997 até 06.03.2007), nas mesmas condições de
trabalho, não foi reconhecido como especial pela Autarquia
Previdenciária, sob o argumento de que após a edição do
Decreto 2.172/97 a eletricidade deixou de ser considerada
agente nocivo para fins de caracterização do tempo como
especial, posto que não mais presente nas listagens de
agentes nocivos dos Decretos regulamentadores.
Estudo de Caso 07 - Solução
Tese: com a edição do Decreto 2.172/97 a eletricidade
não deixou de ser considerada agente nocivo para fins
de caracterização do tempo trabalhado como especial,
posto que as listagens de agentes apresentadas pelos
decretos regulamentadores possuem caráter
meramente exemplificativo. (Quadro anexo ao Decreto
53.831/64, item 1.1.8; art. 292, do Decreto 611/92; Lei
7.369, de 20.09.1985, regulamentada pelo Decreto
93.412, de 14.10.1986, e Súmula 198, do extinto TFR.)
Estudo de Caso 07 - Solução
STJ: o posicionamento do STJ, firmado no julgamento do REsp
repetitivo 1.306.113/SC, (Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN,
PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 14/11/2012, DJE 07/03/2013) é no
sentido de que é sim, permitida a caracterização do tempo como
especial por exposição a eletricidade acima de 250V, desde que a
exposição seja permanente, no período trabalhado após a edição
do Decreto 2.172/97, inclusive.
Posição do CRSS: na mesma linha do STJ (Processo
44232.140241/2013-65).
Estudo de Caso 07 - Solução
Caso concreto:
Ação de concessão de aposentadoria especial, em
detrimento da aposentadoria por tempo de contribuição já
concedida, com pedido subsidiário de recálculo da RMI da
aposentadoria por tempo de contribuição.
Tempo Especial: 25 anos, suficientes à concessão da
aposentadoria especial.
Caracterização: exposição à eletricidade, acima de 250 Volts.
Estudo de Caso 08
Ação judicial proposta perante a Justiça Estadual,
requerendo o restabelecimento do auxílio-doença
acidentário. A tutela antecipada foi deferida
liminarmente.
A perícia médica judicial concluiu, entretanto, pela
capacidade da autora para o trabalho.
A ação foi julgada improcedente em 1º grau, sendo
revogada a tutela anteriormente deferida.
Estudo de Caso 08
Diante deste cenário, pergunta-se:
a. Qual o recurso cabível contra a decisão interlocutória
que defere ou indefere tutela antecipada? Qual o seu
prazo?
b. Mantida a decisão de improcedência, com trânsito em
julgado, o INSS poderá obter a restituição dos valores
pagos à título de auxílio-doença, em face da concessão
da tutela antecipada?
Estudo de Caso 08 - Solução
Introdução: Tutelas provisórias no CPC.
a. Qual o recurso cabível contra a decisão interlocutória que
defere ou indefere tutela antecipada? Qual o seu prazo?
O recurso cabível contra a decisão que indefere ou defere
tutela antecipada é o Agravo de Instrumento, na forma do art.
1.015, inciso I, do CPC, no prazo de 15 dias úteis (arts. 994,
inciso II, 1.003, § 5º e 219, do novo CPC).
Estudo de Caso 08 - Solução
b. Mantida a decisão de improcedência, com trânsito em
julgado, o INSS poderá obter a restituição dos valores pagos à
título de auxílio-doença, em face da concessão da tutela
antecipada?
Posicionamento STJ: REsp 1.384.418/SC (pela devolução) e
Embargos de Divergência em REsp 1.086.154/RS (dupla
conformidade – pela não devolução). Entretanto, o STJ,
recentemente, admitiu o REsp repetitivo 1.734.627/SP, como
representativo da controvérsia.
Estudo de Caso 08 - Solução
Posicionamento do STF: ARE 734.199/DF e AI
829.661/MS - não há que se falar devolução.
TRF3: Processo ACP 0005906-07.2012.4.03.6183 –
posicionamento do STJ não se aplica no caso de BPC.
Estudo de Caso 09
Empregada doméstica pretende seja reconhecido como
tempo de contribuição o período que fora registrado em
CTPS, entretanto sem o recolhimento das contribuições
previdenciárias, para fins de aposentadoria.
Como advogado previdenciarista, analise o caso, apontando
a saída técnica para a sua solução.
Estudo de Caso 09 - Solução
Tese: reconhecimento do tempo de contribuição independe
do cumprimento da obrigação tributária pelo empregador
doméstico (arts. 30, inciso V e 33, § 5º, da Lei 8.212/91 e
Súmula 75 da TNU).
Precedente do STJ: Ag no REsp 331.748/SP (trata da
carência).
Pedido da ação: concessão.
Estudo de Caso 10
Segurado aposentado por idade, após 05 anos de
benefício, torna-se inválido, absolutamente dependente
da supervisão de terceiros.
Pergunta-se: teria direito ao acréscimo de 25%,
conhecido como complemento de acompanhante,
previsto no art. 45, da Lei 8.213/91?
Como advogado previdenciarista, analise o caso
apontando a saída técnica para a sua solução.
Estudo de Caso 10 - Solução
Tese: SIM!!!
Nos termos do art. 45, parágrafo único, da Lei 8.213/91, o
referido acréscimo de 25% é devido ao aposentado por
invalidez que necessite da assistência permanente de outra
pessoa, mesmo quando o valor do benefício principal esteja
estabelecido no limite máximo legal.
Daí se infere que, para a sua concessão, exige-se apenas a
comprovação da necessidade de assistência e
acompanhamento permanente do segurado inválido por
terceira pessoa.
Estudo de Caso 10 - Solução
O Anexo I ao Decreto 3.048/99, por seu turno, relaciona as
situações em que o aposentado por invalidez terá direito à
indenização de 25% prevista em seu artigo 45, e que são as
seguintes: 1 – Cegueira total. 2 – Perda de nove dedos das mãos
ou superior a esta. 3 – Paralisia dos dois membros superiores
ou inferiores. 4 - Perda dos membros inferiores, acima dos pés,
quando a prótese for impossível. 5 – Perda de uma das mãos e
de dois pés, ainda que a prótese seja possível. 6 – Perda de um
membro superior e outro inferior, quando a prótese for
impossível.
Estudo de Caso 10 - Solução
7 – Alteração das faculdades mentais com grave perturbação da
vida orgânica e social. 8 – Doença que exija permanência
contínua no leito. 9 – Incapacidade permanente para as
atividades da vida diária.
Indubitável, ante a expressa previsão normativa, o fato de,
consoante o princípio da seletividade, ter sido eleito como risco
social hábil a ensejar a postulada percepção de complemento
de acompanhante a circunstância de o segurado aposentado
necessitar da assistência permanente de outra pessoa.
Estudo de Caso 10 - Solução
Ocorre que ao estabelecer tal possibilidade apenas às
aposentadorias por invalidez, em detrimento das outras
espécies de aposentadoria, as normas disciplinadoras da
matéria incorrem em vício de inconstitucionalidade, em razão
do estabelecimento de tratamento diferenciado a segurados
que se encontram na mesma situação, o que afronta tanto o
princípio da universalidade da cobertura e do atendimento,
quanto o próprio princípio da isonomia ou da igualdade, a
revelar tratamento discriminatório, o que se afigura
inadmissível.
Estudo de Caso 10 - Solução
Destaca-se que, a um segurado aposentado por invalidez em
decorrência de determinada enfermidade, da qual, entretanto, não
decorra a necessidade de assistência permanente de outra pessoa,
caso esta necessidade surja posteriormente, em razão de causa
diversa da que determinou a concessão da aposentadoria por
invalidez, não se perquire, em regra, consoante a práxis tanto na
esfera administrativa, quanto na seara judicial, da necessidade de
correlação entre ambas as causas, concluindo-se, em
conformidade com as normas que regem a matéria, pela concessão
do referido complemento ao segurado aposentado por invalidez.
Estudo de Caso 10 - Solução
Destarte, daí se pode inferir que o risco social que se
pretende contemplar reside efetivamente na necessidade da
assistência permanente de outra pessoa - por si só -
independentemente de eventual invalidez, das circunstâncias
que a determinaram, bem como do momento em que esta
surgiu.
Estudo de Caso 10 - Solução
Assim, a lei, ao distinguir entre o beneficiário de aposentadoria por
invalidez que necessite da assistência permanente de outra pessoa e o
segurado que, apresentando a mesma necessidade, percebe outra
espécie de aposentadoria, como ocorre no caso dos autos, estabelece
discrímen, que se afigura, intolerável, injurídico e inconstitucional,
uma vez que o risco social objeto de proteção consiste na necessidade
da assistência permanente de outra pessoa, pouco importando se as
condições determinantes de tal necessidade se tenham verificado
após a concessão da aposentadoria por tempo ou por idade. (Processo
2008.71.51.001139-4, JEF do Rio Grande do Sul)