disserta o considera es sobre a biodistribui ao do 99mtc 1 tio beta d glicose e dosimetria em m

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 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Programa de Pós-Graduação em Ciências e Técnicas Nucleares André Lima de Souza Castro CONSIDERAÇÕES SOBRE A BIODISTRIBUIÇÃO DO 99m Tc-1-TIO- -D-GLICOSE E DOSIMETRIA EM MODELO ANIMAL Belo Horizonte 2013

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Dissertação de Mestrado

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

    Programa de Ps-Graduao em Cincias e Tcnicas Nucleares

    Andr Lima de Souza Castro

    CONSIDERAES SOBRE A BIODISTRIBUIO DO

    99mTc-1-TIO--D-GLICOSE E DOSIMETRIA EM MODELO ANIMAL

    Belo Horizonte

    2013

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

    Programa de Ps-Graduao em Cincias e Tcnicas Nucleares

    Andr Lima de Souza Castro

    CONSIDERAES SOBRE A BIODISTRIBUIO DO

    99mTc-1-TIO--D-GLICOSE E DOSIMETRIA EM MODELO ANIMAL

    Dissertao apresentada ao Curso de Ps-Graduao

    em Cincias e Tcnicas Nucleares da Escola de

    Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais,

    como requisito parcial obteno do ttulo de Mestre

    em Cincias e Tcnicas Nucleares.

    Orientador: Prof. Dr. Tarcsio Passos Ribeiro Campos

    Coorientador: Prof. Dr. Bruno Machado Trindade

    Belo Horizonte

    2013

  • Castro, Andr Lima de Souza. C 355c Consideraes sobre a biodistribuio do

    99mTc-1-TIO--D-Glicose e

    dosimetria em modelo animal [manuscrito] / Andr Lima de Souza Castro. 2013.

    80 f., enc.: il.

    Orientador: Tarcsio Passos Ribeiro Campos. Co-orientador: Bruno Machado Trindade.

    Dissertao (mestrado) - Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Engenharia. Anexos: 72. Bibliografia: f.73-80.

    1. Engenharia nuclear Teses. 2. Radiofrmacos Teses. 3. Drogas Dosagem Teses. I. Campos, Tarcsio Passos Ribeiro de. II. Trindade, Bruno Machado. III. Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Engenharia. IV. Ttulo.

    CDU: 621.039(043)

  • I

    AGRADECIMENTOS

    Ao professor Tarcsio Passos Ribeiro Campos, pela orientao, pelo aprendizado e

    conhecimento.

    Aos colegas e amigos do departamento, Wagner Leite, Luisa Rabelo, Larissa

    Thompson, Luciana Nogueira, Lucas Vinicius, Felipe Bessa, Renato Kawamoto e Mateus

    Dias pelas diferentes e significativas contribuies. Agradeo especialmente ao Rafael

    Ferreira, Fernanda Lima, Patrcia Falco, Carla Flvia de Lima, Cludia Brasileiro, Bruno

    Trindade e Ecograf Ncleo de Diagnstico pelo suporte efetivo neste trabalho.

  • II

    RESUMO

    O diagnstico clnico por Medicina Nuclear tem sido cada vez mais utilizado, uma

    vez que, permite avaliar processos fisiolgicos de forma no invasiva e detectar

    anormalidades funcionais ou patologias precocemente. Existe o interesse em desenvolver

    novos radiofrmacos que possam fornecer maior especificidade diagnstica com o mnimo

    de dose no paciente e, ainda, ser disponvel e acessvel financeiramente aos centros de

    Medicina Nuclear. Sempre que radiofrmacos novos ou experimentais so desenvolvidos,

    a U.S. Food and Drug Administration (FDA) preconiza o estudo dosimtrico desses

    radiofrmacos para avaliar os riscos radiolgicos de seu uso. Portanto, este trabalho teve

    como objetivo estudar a biodistribuio, in vivo, das impurezas radioqumicas 99m

    TcO4-,

    99mTcO2 e do complexo

    99mTc-1-tio--D-glicose (99mTc-1-TG) em um rato da linhagem

    Wistar, investigar a dose absorvida pelos rgos do animal e a dose efetiva a partir da

    construo de um modelo de voxels do rato, utilizado para simulao computacional da

    interao da radiao com o tecido. A metodologia consistiu em modelar

    computacionalmente a biodistribuio das espcies, baseado nos dados biocinticos

    adquiridos nas imagens cintilogrficas de ratos Wistar. O cdigo Monte Carlo N-Particle

    utilizou esse modelo para simular a interao da radiao com os tecidos e, o software

    SISCODES forneceu a dose absorvida em cada tecido de acordo com a biodistribuio do

    radiofrmaco. A dose efetiva foi calculada conforme as recomendaes da International

    Commission on Radiological Protection 2007 (ICRP,2007). Os resultados descreveram a

    biodistribuio dos compostos 99m

    Tc-1-TG, 99m

    TcO4- e

    99mTcO2 por meio de imagens

    cintilogrficas e curvas biocinticas da porcentagem de atividade injetada em funo do

    tempo de exame. Foram descritas, tambm, as etapas de construo do modelo de voxels e

    de obteno dos parmetros usados como fator de ponderao pelo programa SISCODES

    para estabelecer a energia depositada por massa em cada rgo ou tecido. Finalmente, os

    resultados apresentaram a dose efetiva e as doses absorvidas nos rgos bexiga, crebro,

    corao, estmago /trato gastrointestinal, fgado, gnadas, medula, osso, pulmes, rins e

    tireoide e, sua distribuio espacial, exibida em imagens axiais e coronais do modelo de

    voxels construdo. Os valores encontrados da dose absorvida e dose efetiva no animal

    foram, ento, extrapolados para o homem padro. Para o complexo 99m

    Tc-1-TG a dose

    efetiva calculada foi 8,4 x 10-3

    mSv/MBq. Uma administrao tpica de 370 MBq desse

    complexo, acarretaria em uma dose efetiva de 3,1mSv para o homem padro. Esse valor

  • III

    est abaixo do limite de 0,05 Sv estabelecido pela FDA e, tambm abaixo da dose efetiva

    de 7,3 mSv calculada para o exame do radiofrmaco 18

    F-FDG. Concluiu-se que a

    deposio de dose do 99m

    Tc-1-tio--D-glicose inferior ou similar de radiofrmacos

    correntemente usados em centros de Medicina Nuclear e que o clculo da dose interna

    pode ser realizado de forma confivel e precisa utilizando o sistema SISCODES.

    Palavras chaves: radiofrmacos, SPECT, 99m

    Tc-1-tio--D-glicose, SISCODES,

    dosimetria.

  • IV

    ABSTRACT

    The Nuclear Medicine clinical diagnosis has been increasingly used, since it allows

    to evaluate physiological processes noninvasively and early detect functional abnormalities

    or pathologies. There is interest to develop new radiopharmaceuticals that may provide

    greater diagnostic specificity with minimal dose to the patient and also be available and

    affordable to Nuclear Medicine centers. Whenever new or experimental

    radiopharmaceuticals are developed, the U.S. Food and Drug Administration (FDA)

    recommends a dosimetric study of these radiopharmaceuticals to evaluate radiological

    hazards of its use. Therefore, this work aimed to study the in vivo biodistribution of the

    radiochemical impurities 99m

    TcO4-,

    99mTcO2 and complex

    99mTc-1-tio--D-glicose (99mTc-

    1-TG) in a Wistar rat and investigate the absorbed doses to animal's organs and the

    effective dose from the construction of a rat voxel model used in a computer simulation of

    the interaction of radiation with tissue. The methodology consisted of computationally

    modeling the biodistribution of species, from biokinetics data acquired in scintigraphic

    images of Wistar rats. The Monte Carlo N-Particle code used this model to simulate the

    interaction of radiation with tissues and the SISCODES software provided the absorbed

    doses in each organ according to the biodistribution of the radiopharmaceutical. The

    effective dose was calculated according to the recommendations of the International

    Commission on Radiological Protection 2007 (ICRP, 2007). The results described the

    biodistribution of the compounds 99m

    Tc-1-TG, 99m

    TcO4- and

    99mTcO2 through scintigraphic

    images and biokinetics curves of the percentage injected activity versus examination time.

    Also have described the stages involved in a voxel model construction and parameters

    acquirement used by the SISCODES program as weighting factor to establish the energy

    deposited per mass in each organ or tissue. Finally, the results presented the effective dose

    and absorbed doses to bladder, brain, heart, stomach / gastrointestinal tract, liver, gonads,

    bone, bone marrow, lungs, kidneys, thyroid, and their spatial distribution, displayed in

    axial and coronal images of the voxel model constructed. The obtained values of the

    absorbed doses and effective dose in animals were extrapolated to the standard man. For

    99mTc-1-TG complex the calculated effective dose was 8.4x10

    -3 mSv / MBq. A typical

    370MBq administration of this complex, would result in an effective dose of 3.1 mSv for

    the standard man. This value is below the 0.05 Sv limit established by the FDA, and also

    below the 7.3 mSv effective dose calculated to 18F-FDG radiotracer examination. It is

    concluded that the dose deposition of 99m

    Tc-1-thio--D-glucose is lower or similar to

  • V

    currently used radiopharmaceuticals in nuclear medicine and the internal dose calculation

    can be performed reliably and accurately using SISCODES system.

    Keywords: radiopharmaceuticals, SPECT, 99m

    Tc-1-thio--D-glucose, SISCODES,

    dosimetry.

  • VI

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1. Esquema do decaimento principal do tecncio-99m

    Figura 2. Frmula estrutural da D-glicose natural e do sal de sdio 1-tio--D-glicose

    Figura 3. Ilustrao de um sistema cromatogrfico (A) e (B)

    Figura 4. Sistema cromatogrfico para anlise da pureza radioqumica de complexos

    marcados com o 99m-tecncio

    Figura 5. Histograma da atividade encontrada no cromatograma em funo da

    posio para o 99m

    TcO4- em acetona

    Figura 6. Histograma da atividade encontrada no cromatograma em funo da

    posio para o 99m

    TcO2 em soluo salina

    Figura 7. Imagem cintilogrfica esttica, projeo ventral, 30 minutos aps a

    injeo intravenosa de 99m

    Tc-1-TG (37 MBq/0,1 mL) (A). Superposio

    das imagens radiogrficas e cintilogrficas 30 minutos aps a injeo

    intravenosa de 99m

    Tc-1-TG (37 MBq/0,1 mL) (B)

    Figura 8. Biocintica, em termos da porcentagem de radioatividade injetada

    (%ATI), obtida 5, 15, 30, 45 e 60 minutos aps injeo intravenosa de

    99m

    Tc-1-TG (37 MBq/0,1 mL)

    Figura 9. Imagem cintilogrfica esttica, projeo ventral, 30 minutos aps a

    injeo intravenosa de 99m

    TcO4- (37 MBq/0,1 mL) (A). Superposio das

    imagens radiogrficas e cintilogrficas 30 minutos aps a injeo

    intravenosa de99m

    TcO4- (37 MBq/0,1 mL) (B)

    Figura 10. Biocintica, em termos da porcentagem de radioatividade injetada

    (%ATI), obtida 5, 15, 30, 45 e 60 minutos aps injeo intravenosa de

    99m

    TcO4- (37 MBq/ 0,1mL)

    Figura 11. Imagem cintilogrfica esttica, projeo ventral, 30 minutos aps a

    injeo intravenosa de 99m

    TcO2 (37 MBq/0,1 mL) (A). Superposio das

    imagens radiogrficas e cintilogrficas 30 minutos aps a injeo

    intravenosa de 99m

    TcO2 (37 MBq/0,1 mL) (B)

    Figura 12. Biocintica, em termos da porcentagem de radioatividade total (%ATI),

    obtida 5, 15, 30, 45 e 60 minutos aps injeo intravenosa de 99m

    TcO2 (37

    MBq/0,1 mL)

    23

    27

    29

    36

    43

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    45

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    48

    49

    50

  • VII

    Figura 13. Corte axial do abdmen do rato via SISCODES

    Figura 14. Definio das estruturas em um corte axial do abdmen do rato

    Figura 15. Representao dos rgos fonte, rim direito e rim esquerdo, em

    corte axial do abdmen do rato

    Figura 16. Dose absorvida na tireoide gerada por 99m

    TcO4- com rgo fonte:

    tireide.

    Figura 17. Dose absorvida na bexiga, intestino e clon gerada por 99m

    TcO4- com

    rgo fonte: bexiga.

    Figura 18. Dose absorvida gerada pela biodistribuio do 99m

    TcO4- em corte coronal.

    Figura 19. Dose absorvida na parede estomacal gerada por 99m

    TcO2 com rgo

    fonte: estmago.

    Figura 20. Dose absorvida no fgado, parede estomacal, coluna torcica e costelas

    gerada por 99m

    TcO2 com rgo fonte: fgado.

    Figura 21. Dose absorvida gerada pela biodistribuio do 99m

    TcO2 em corte coronal.

    Figura 22. Dose absorvida nos rins, intestinos grosso, delgado e coluna lombar

    gerada por 99m

    Tc-1-TG com rgos fonte: rins.

    Figura 23. Dose absorvida no corao, coluna torcica e costelas gerada por 99m

    Tc-

    1-TG com rgo fonte: corao

    Figura 24. Dose absorvida gerada pela biodistribuio do 99m

    Tc-1-TG em corte

    coronal.

    51

    52

    53

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    60

    60

    61

    62

    62

    63

  • VIII

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1. Radionucldeos usados em diagnstico em medicina nuclear SPECT

    Tabela 2. Radiofrmacos de perfuso utilizados em SPECT

    Tabela 3. Radiofrmacos especficos utilizados em SPECT

    Tabela 4. Principais formas de decaimento do tecncio-99m

    Tabela 5. Fatores de peso dos tecidos para o clculo da dose efetiva E segundo

    recomendaes da ICRP (2007)

    Tabela 6. Valores de contagens radioativas por minuto, em cada rgo do animal,

    nos diversos tempos estudados, aps injeo intravenosa de 99m

    Tc-1-TG

    (37 MBq/0,1 mL).

    Tabela 7. Valores de contagens radioativas por minuto, em cada rgo do animal,

    nos diversos tempos estudados, aps injeo intravenosa de 99m

    TcO4- (37

    MBq/0,1 mL)

    Tabela 8. Valores de contagens radioativas por minuto, em cada rgo do animal,

    nos diversos tempos estudados, aps injeo intravenosa de 99m

    TcO2 (37

    MBq/0,1 mL)

    Tabela 9. Nmero de transformaes N(t) ocorridas entre 5 e 60 minutos aps a

    administrao dos compostos

    Tabela 10. Nmero de partculas emitidas em um rgo especifico para diferentes

    compostos injetados

    Tabela 11. Dose absorvida nos rgos de interesse e dose efetiva

    Tabela 12. Tabela comparativa das doses absorvidas nos rgos de interesse e dose

    efetiva

    20

    21

    22

    24

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    46

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    54

    54

    56

    64

  • IX

    LISTA DE SIGLAS

    1-TG 1-tio-beta-D-glicose

    3D Tridimensional

    [18F]FDG 2-[18F]fluoro-2-desoxi-D-glicose

    99mTc-1-TG

    99mTc-1-tio-beta-D-glicose

    CCD Cromatografia em Camada Delgada

    CEBIO-UFMG Centro de Bioterismo da UFMG

    CETEA-UFMG Comit de tica em Experimentao Animal da Universidade

    Federal de Minas Gerais

    cpm Contagem por minuto

    DTPA Dietilenotriaminopentactico

    ECD Etilenodicistena dietil ster

    FDG Fluor-Deoxi-Glicose

    FDA US Food and Drug Administration

    HMPAO Hexametilpropilenoaminoxima

    IAEA International Atomic Energy Agency

    ICRP International Commission on Radiological Protection

    MCNP Monte Carlo N-Particle Transport Code System

    MDP Metileno difosfonato de sdio

    MIBI 2-Metoxi-Isobutil-Isonitrila

    MIBG Metaiodobelcilguanidina

    MIRD Medical Internal Radiation Dose

    MN Medicina Nuclear

    OMS Organizao Mundial da Sade

    PET Positron Emission Tomography

    PET / CT Positron Emission Tomography - Computed Tomography

    pH Potencial hidrogeninico

    PRq Pureza radioqumica

    Rf Retention factor

    RL Reagente liofilizado

    RMN Ressonncia Magntica Nuclear

  • X

    ROI Region of interest

    SISCODES Sistema Computacional para Dosimetria em Radioterapia

    SG Silica gel

    SPECT Single Photon Emission Computed Tomography

    SPECT / CT Single Photon Emission Computed Tomography Computed

    Tomography

    TC Tomografia Computadorizada

    Voxel Volumetric Picture Element

  • XI

    SUMRIO

    CAPTULO 1 - INTRODUO

    1.1 Apresentao do tema

    1.2 Objetivos

    1.2.1 Objetivos gerais

    1.2.2 Objetivos especficos

    1.3 Justificativa

    CAPTULO 2 - REVISO DE LITERATURA

    2.1 Medicina Nuclear e a Tomografia Computadorizada por Emisso de Fton nico

    2.2 Radiofrmacos

    2.3 Caractersticas nucleares do tecncio-99m

    2.4 Radiofrmaco 99m

    Tc-1-tio--D-glicose

    2.4 Cromatografia

    2.5 Simulaes computacionais aplicadas dosimetria interna

    CAPTULO 3 - MATERIAIS E MTODOS

    3.1 Materiais

    3.1.1 Principais reagentes

    3.1.2 Principais equipamentos

    3.1.3 Ferramentas computacionais

    3.2 Animais

    3.3 Mtodos

    3.3.1 Sntese do 99m

    Tc-1-TG

    3.3.2 Sntese do 99m

    TcO4-

    3.3.3 Sntese do 99m

    TcO2

    3.3.4 Clculo da pureza radioqumica

    3.3.5 Imagens cintilogrficas

    3.3.6 Imagens radiogrficas

    3.3.7 Sobreposio de imagens

    3.3.8 Imagens tomogrficas

    3.3.9 Construo do modelo de voxels via SISCODES

    3.3.10 Simulao computacional

    13

    13

    15

    15

    15

    16

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    17

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    37

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    38

    38

    39

  • XII

    3.3.11 Clculo da Dose Efetiva

    CAPTULO 4 RESULTADOS

    4.1 Pureza radioqumica do 99mTc-1-T

    4.2 Pureza radioqumica do 99m

    TcO4-

    4.3 Pureza radioqumica do 99m

    TcO2

    4.4 Imagens cintilogrficas

    4.5 Modelo de voxels

    4.6 Anlise dosimtrica da biodistribuio dos compostos

    CAPTULO 5 - DISCUSSO

    CAPTULO 6 - CONCLUSO

    ANEXO

    REFERNCIAS

    40

    42

    42

    42

    43

    44

    51

    53

    65

    71

    72

    73

  • 13

    CAPTULO 1 - INTRODUO

    1.1 Apresentao do tema

    Apesar dos muitos avanos experimentados pelo diagnstico clnico, a deteco e

    caracterizao de alguns tumores representam um srio desafio para os mdicos (FILIPPI et

    al., 2005). Os meios de avaliao da doena se baseiam, primeiramente, em alteraes

    anatmicas observadas em exames clnicos, raios X, ultrassonografia, tomografia

    computadorizada (TC) e ressonncia magntica nuclear (RMN), que permitem avaliar

    alteraes no tamanho e forma das estruturas do corpo humano (SHIELDS, GRIERSON,

    DOHMEN, 1998).

    Esses exames muitas vezes so eficientes em localizar a neoplasia e distinguir a

    extenso da massa tumoral do tecido sadio circundante. No entanto, essas tcnicas apresentam

    limitaes, especialmente relacionadas ao acompanhamento ps-tratamento quando exigida

    a discriminao entre a recorrncia, isquemia e necrose (NELSON, 1999).

    Nesses casos, foram propostas com sucesso as imagens funcionais utilizadas na

    Medicina Nuclear (MN). Essas imagens so obtidas atravs da deteco de radioatividade

    emitida pelos radiofrmacos. Esses so administrados, em sua maioria, por via endovenosa,

    oral ou inalatria e o diagnstico baseado em alteraes bioqumicas e fisiolgicas do rgo

    em exame, sem a necessidade de alteraes anatmicas, fornecendo o diagnstico da doena

    em um estgio inicial (CONTI et al., 1996; THRALL, ZIESSMAN, 2003b).

    A tomografia por emisso de psitrons (PET) usa diferentes substncias de interesse

    biolgico como, derivados de glicose, aminocidos, hormnios, dentre outros, marcados com

    um radioistopo emissor de psitron. Em oncologia, o agente de imagem tumoral

    correntemente empregado o 2-[18F] fluoro-2-desoxi-D-glicose ([18F] FDG) (CELEN et al.,

    2007).

    A fluoro-2-desoxi-D-glicose (FDG) um anlogo da glicose e captado pelas clulas

    como o primeiro estgio da via normal da glicose. Sua captao nos tumores se relaciona com

    o crescimento tumoral e sua viabilidade, logo o exame PET pode fornecer informaes

  • 14

    importantes referentes possvel quantificao metablica do tumor, prognstico do paciente,

    e monitoramento da resposta terapia (BOMBARDIERI et al., 2003).

    Entretanto, a FDG absorvida fisiologicamente por tecidos normais com alta atividade

    metablica, principalmente no crebro, ento esse radiofrmaco menos preciso na deteco

    de gliomas de baixo grau devido baixa discriminao nesses casos (DELBECKE,

    MEYEOROWITZ, LAPIDUS, 2008).

    Alm disso, o uso do [18F] FDG na rotina clnica limitado devido a sua baixa

    disponibilidade, custo relativamente alto de instrumentao e de produo do radiofrmaco

    atravs de sistemas de radiofrmacia automatizados (SAHA, 2004).

    Assim, ser de grande valia o desenvolvimento de agentes de diagnstico baseados em

    istopos emissores de radiao gama, como o tecncio-99m, direcionados produo de

    imagens em cmaras de cintilao tipo gama-cmara ou tomografia computadorizada por

    emisso de fton nico (SPECT) (CHEN et al., 2006).

    As propriedades fsicas e qumicas do tecncio-99m associados a sua fcil obteno a

    partir de um gerador (99

    Mo/99m

    Tc) de baixo custo, fazem o tecncio metastvel o radioistopo

    de escolha em 80% dos exames de diagnstico em Medicina Nuclear (OYEN et al., 2001;

    RENNEN et al., 2001; MARQUES. et al., 2001; OLIVEIRA et al., 2006 apud BRASILEIRO

    et al., 2010a).

    Desse modo, a alternativa mais vivel seria a produo de substncias que pudessem

    ser marcadas com tecncio-99m, contribuindo para a reduo dos custos e tornando-a uma

    tcnica mais acessvel a todos. A complexao do tecncio-99m com derivados da glicose

    para a avaliao de tumores parece ser vivel, uma vez que, a glicose assume papel

    fundamental como fonte de energia para as clulas neoplsicas (BARROS, 2007).

    De fato, h poucos estudos na literatura investigando a marcao de derivados da

    glicose com tecncio-99m. A marcao de um anlogo da glicose, o 1-tio--D-glicose (1-TG),

    comercialmente disponvel na forma de sal de sdio, com tecncio-99m foi relatada por

    RISCH e outros (1977). Posteriormente, estudos in vitro sugeriram alta captaao do 99m

    Tc-1-

    tio--D-glicose por clulas tumorais a baixas concentraes de 1-TG (JUN OH et al., 2006).

    Um estudo in vivo sobre processos inflamatrios que acometem a articulao

    temporomandibular realizado por BRASILEIRO e colegas (2010a) mostrou que o 99m

    Tc-1-TG

  • 15

    foi eficaz como agente cintilogrfico em inflamaes. Esses resultados sugerem que esse

    frmaco promissor para o imageamento e deteco de tumores (BRASILEIRO et. al.,

    2010b).

    Entretanto, para a real validao de seu uso, um radiofrmaco deve passar por um

    controle de qualidade e se submeter a testes fsico-qumicos e biolgicos. Sempre que

    radiofrmacos novos ou experimentais so administrados, obrigatrio obter informaes

    sobre a exposio do paciente radiao atravs da realizao de um estudo dosimtrico.

    Com estes dados o risco associado radiao em um novo procedimento diagnstico pode ser

    avaliado. Esse procedimento deve ser conduzido sob protocolos padronizados para produzir a

    maior quantidade de informaes sobre a farmacocintica do agente e dosimetria do paciente

    (INTERNATIONAL ATOMIC ENERGY AGENCY, 2012; EBERLEIN, LASSMANN,

    2012).

    1.2 Objetivos

    1.2.1 Objetivos gerais

    So objetivos gerais:

    - Avaliar a biodistribuio das impurezas radioqumicas 99m

    TcO4-,

    99mTcO2 e do complexo

    99mTc-1-TG, bem como sua viabilidade como marcador tumoral, atravs do estudo da

    dosimetria interna desses radiofrmacos em modelo animal.

    1.2.2 Objetivos especficos

    So objetivos especficos:

    - Realizar a sntese das espcies 99m

    TcO4- e

    99mTcO2 e o respectivo clculo da pureza

    radioqumica;

    - Investigar, atravs de imagens cintilogrficas, a biodistribuio e biocintica dos compostos

    99mTc-1-TG,

    99mTcO4

    - e

    99mTcO2;

  • 16

    - Construir um modelo de voxels de um rato macho da linhagem Wistar utilizando o software

    SISCODES;

    - Modelar computacionalmente a biodistribuio do 99m

    Tc-1-TG, 99m

    TcO4- e

    99mTcO2;

    - Simular via cdigo Monte Carlo N-Particle a interao da radiao com os tecidos,

    conforme a biodistribuio dos compostos 99m

    Tc-1-TG, 99m

    TcO4- e

    99mTcO2;

    - Determinar as doses absorvidas nos rgos bexiga, crebro, corao, estmago /trato

    gastrointestinal, fgado, gnadas, medula, osso, pulmes, rins e tireoide pela administrao do

    99mTc-1-TG,

    99mTcO4

    - e

    99mTcO2;

    - Determinar a dose efetiva relativa administrao do 99m

    Tc-1-TG, 99m

    TcO4- e

    99mTcO2.

    1.3 Justificativa

    A Medicina Nuclear diagnstica possibilita retratar a fisiologia ou a fisiopatologia de

    um sistema em estudo por meio do uso de radiofrmacos. H o interesse clinico em buscar

    novos agentes especficos para deteco precoce de tumores e infeces que ofeream uma

    alternativa economicamente vivel e forneam maior especificidade diagnstica comparada

    aos radiofrmacos usados atualmente. Para serem aprovados pela U.S. Food and Drug

    Administration, os novos radiofrmacos devem ser submetidos a um estudo cintico

    quantitativo dos processos metablicos experimentados e, terem os dados dosimtricos

    avaliados. O presente trabalho prope um mtodo, relevante e indito, de investigao

    dosimtrica de radiofrmacos, como o 99m

    Tc-1-TG, atravs da simulao da interao da

    radiao com a matria, utilizando um modelo de voxels construdo a partir de imagens

    tomogrficas de um animal.

  • 17

    CAPTULO 2 - REVISO DE LITERATURA

    2.1 Medicina Nuclear e a Tomografia Computadorizada por Emisso de

    Fton nico

    Na medicina, a aplicao de radioistopos ligados a diversos compostos levou ao

    desenvolvimento de uma nova rea denominada Medicina Nuclear (SIVAPRASAD, 2006).

    Esta especialidade mdica definida como a especialidade que se ocupa do diagnstico,

    tratamento e investigao mdica mediante o uso de radioistopos como fontes radioativas

    abertas (ORGANIZAAO MUNDIAL DA SAUDE, 2011).

    Nos procedimentos investigativos, o paciente recebe uma quantidade mnima do

    radiofrmaco, suficiente para promover as informaes diagnsticas. De fato, a dose

    depositada em um procedimento de Medicina Nuclear comparvel ou muitas vezes menor

    que a de diagnsticos que fazem uso de raios X. Os mtodos empregados so simples e

    apenas requerem administrao endovenosa, oral ou inalatria de um radiofrmaco e as

    reaes adversas so raras. Seu uso considerado seguro, indolor e apresenta tcnicas com

    bom custo benefcio em relao ao imageamento e ao tratamento da doena (SAMINA,

    SALMAN, MUSHTAQ, 2006). Dessa forma, esses procedimentos permitem avaliar tanto a

    funo quanto a morfologia do rgo de forma no invasiva, com efeitos farmacolgicos

    mnimos (DILWORTH, PARROT, 1998).

    A Medicina Nuclear uma modalidade que possibilita reunir informaes mdicas

    que poderiam estar indisponveis, requerer cirurgia ou mostrar necessidade de outros

    diagnsticos mais caros. Esses procedimentos de imagem frequentemente identificam

    anormalidades bioqumicas precocemente no decorrer da doena (SAMINA, SALMAN,

    MUSHTAQ, 2006).

    O aumento do interesse clnico na Medicina Nuclear ocorreu com o advento de

    tcnicas hbridas, em que a imagem anatmica na forma de tomografia computadorizada foi

    integrada com as modalidades funcionais de tomografia computadorizada por emisso de

    fton nico (SPECT/CT) e tomografia por emisso de psitrons (PET/CT). A aplicao dessa

  • 18

    tecnologia fez a Medicina Nuclear ser uma das principais reas de crescimento em imagens

    mdicas no momento presente (WALLER, CHOWDHURY, 2011).

    A tomografia computadorizada por emisso de fton nico (SPECT) gera imagens

    transversais que descrevem a distribuio de nucldeos emissores de raios gama em pacientes.

    Imagens padres das projees so adquiridas a partir de arcos de 180 graus ou 360 graus ao

    redor do individuo. Embora essas imagens possam ser obtidas atravs de qualquer cmara de

    cintilao planar, a grande maioria dos sistemas SPECT usam um sistema com duas ou mais

    cmaras de cintilao. O sistema computacional ento reconstri as imagens transversais,

    atravs da retroprojeo filtrada, ou de mtodos iterativos de reconstruo (BUSHBERG et

    al., 2002).

    A imagem em Medicina Nuclear descreve, em um plano, a projeo da distribuio

    tridimensional da atividade no paciente. A desvantagem desse tipo de imagem que as

    contribuies de estruturas em diferentes profundidades se sobrepem, reduzindo a

    capacidade de discernir a posio particular de um ponto em interesse (BUSHBERG et al.,

    2002). Acoplado ao SPECT, a tomografia computadorizada produz dados tridimensionais de

    imagem anatmicas, e tambem usada para correo rpida e ideal da atenuao da emisso

    de ftons. Combinados SPECT/CT fornecem, seqencialmente, informaes funcionais e

    anatmicas precisas obtidas durante um nico exame. Assim, localizam precisamente reas

    fisiologicas ou anormais de captao do traador, melhoram a sensibilidade e especificidade

    e, tambm podem auxiliar a orientao dos procedimentos de interveno ou melhor definir o

    volume alvo para uma modalidade de tratamento (DELEKE et al., 2006).

    Imagens SPECT/CT de radiotraadores emissores de fton nico representam a

    maioria dos procedimentos em uma prtica de rotina da Medicina Nuclear. Muitos desses

    exames so estudos de tumores ou de imagem cardaca. O desenvolvimento de melhores

    instrumentos, novos computadores baseados em procedimentos para anlise de imagem e

    monitoramento, novos agentes marcados com tecncio-99m para visualizao de eventos

    biologicamente significativos, tais como o crescimento celular, hipxia, angiognese, podem

    aumentar o valor futuro do SPECT / CT em termos de impacto clnico no atendimento ao

    paciente e rentabilidade (INTERNATIONAL ATOMIC ENERGY AGENCY, 2008).

  • 19

    2.2 Radiofrmacos

    A farmacopia Europia (2005) define os radiofrmacos como compostos, sem ao

    farmacolgica, utilizados em Medicina Nuclear para diagnstico e terapia de vrias doenas.

    O radiofrmaco, como o prprio nome diz, possui dois componentes, o radionucldeo

    e o frmaco. A ligao dos componentes chamada de marcao (SAMINA, SALMAN,

    MUSHTAQ, 2006).

    As caractersticas fsico-qumicas do frmaco determinam a sua farmacocintica, isto

    , a sua fixao no rgo alvo, metabolizao e eliminao do organismo, enquanto que as

    caractersticas fsicas do radionucldeo determinam a aplicao do composto em diagnstico

    ou terapia (OLIVEIRA et al., 2006). Na Medicina Nuclear aproximadamente 95% dos

    radiofrmacos so usados para fins de diagnstico, enquanto o restante utilizado

    terapeuticamente (SAHA, 2004).

    Na concepo de um radiofrmaco, este primeiramente escolhido com base na sua

    localizao preferencial em um determinado rgo ou na sua participao na funo

    fisiolgica do tecido. O frmaco de escolha deve ser seguro e no txico para administrao

    humana. Radiaes emitidas pelo radioistopo devem ser facilmente detectadas pelos

    instrumentos nucleares, e a dose de radiao para o paciente deve ser mnima (SAHA, 1998).

    O radiofrmaco quando administrado em um paciente sofre, de modo geral, processos

    de distribuio como qualquer outro frmaco. A excreo faz-se por meio dos mecanismos

    existentes e segue uma lei exponencial semelhante ao decaimento do radionucldeo. O tempo

    necessrio para que a quantidade do material existente no organismo se reduza metade

    chama-se meia-vida biolgica. Em um sistema in vivo, a eliminao de um radiofrmaco

    deve-se ao decaimento fsico do radionucldeo e sua metabolizao. A combinao destes

    dois parmetros designada por meia-vida efetiva (OLIVEIRA et al., 2006).

    Um radiofrmaco adequado deve localizar preferencialmente o rgo em estudo, j

    que valores de atividade provenientes de reas adjacentes podem obscurecer os detalhes da

    imagem. O tempo de meia-vida efetiva deve ser curto a fim de minimizar a exposio do

    paciente radiao, mas suficientemente longo para permitir aquisio e processamento das

    imagens (SAMINA, SALMAN, MUSHTAQ, 2006).

  • 20

    Os radionucldeos utilizados em diagnstico SPECT devem decair por captura

    eletrnica ou transio isomrica sem qualquer converso interna. A energia da radiao

    emitida deve situar-se entre 30 e 300 keV porque os ftons com energia inferior a 30 keV so

    absorvidos pelos tecidos e no so detectados exteriormente. Por outro lado, quando a sua

    energia superior a 300 keV a eficincia dos detectores atualmente existentes diminui e

    resultam imagens de baixa qualidade (SAHA, 2004).

    Em exames PET so aplicveis radionucldeos emissores de psitrons que ao se

    aniquilarem com eltrons do meio emitem ftons com energia necessria para atravessar o

    corpo humano e serem detectados pela instrumentao. Neste contexto desejvel que o

    radionucldeo incorporado em radiofrmacos para diagnstico no emita partculas ou ,

    uma vez que estas aumentariam a dose de radiao absorvida pelo paciente. Alm disso, um

    radiofrmaco deve ser de fcil produo, baixo custo e facilmente acessvel aos Centros de

    Medicina Nuclear (JURISSON, 1993).

    A escolha de um radionucldeo para o desenvolvimento de um radiofrmaco para

    aplicao em diagnstico ou terapia em Medicina Nuclear depende principalmente das suas

    caractersticas fsicas, nomeadamente o tipo de emisso nuclear, tempo de meia-vida e energia

    das partculas ou radiao eletromagntica emitida (OLIVEIRA et al., 2006).

    Na Tabela 1 esto resumidas as caractersticas fsicas de radionucldeos usados em

    diagnstico em Medicina Nuclear SPECT.

    Tabela 1. Radionucldeos usados em diagnostico em Medicina Nuclear SPECT.

    Radionucldeo Modo de

    decaimento

    T1/2 Energia dos

    raios-keV)

    Abundncia da

    emisso (%) 99m

    Tc TI 6 h 140 89

    67Ga CE 78 h 93; 185; 300; 394 37; 20; 17; 5

    111In CE 67 h 171; 245 90; 94

    123I CE 13 h 159 83

    201Tl CE 73 h 135; 167 3; 20

    Fonte: Modificada de OLIVEIRA, 2011

  • 21

    Os radiofrmacos utilizados para diagnstico esto classificados em radiofrmacos de

    perfuso ou 1 gerao e, radiofrmacos especficos ou 2 gerao (DILWORTH, PARROT,

    1998). Os radiofrmacos de perfuso so transportados no sangue e atingem o rgo alvo na

    proporo do fluxo sanguneo. No tm locais especficos de ligao e pensa-se que so

    distribudos de acordo com tamanho e carga do composto. Os radiofrmacos especficos so

    direcionados por molculas biologicamente ativas, como, por exemplo, anticorpos e

    peptdeos, que se ligam a receptores celulares ou so transportados para o interior de

    determinadas clulas. A capacidade dos receptores reconhecerem as biomolculas vai

    determinar a fixao do radiofrmaco no tecido pretendido e no dever ser alterada com a

    incorporao do radionucldeo (JURISSON, 1993; FICHNA, JANECKA, 2003).

    Os radiofrmacos desenvolvidos para se ligarem a receptores especficos tm como

    objetivo detectar alteraes no nmero absoluto dos mesmos em tecidos biolgicos,

    especificamente em tecidos tumorais para os quais a expresso dos receptores se encontra

    alterada significativamente pela diferenciao celular (SAMINA, SALMAN, MUSHTAQ,

    2006).

    Existem muitos nucldeos capazes de se ligarem a diversos compostos utilizados em

    Medicina Nuclear com o intuito de avaliar a funo ou a morfologia de um rgo,

    determinando o estado patolgico do paciente (JURISSON, 1993; TISATO et al., 2006). As

    Tabelas 2 e 3 listam os radiofrmacos correntemente usados em diagnstico clnico e suas

    aplicaes.

    Tabela 2. Radiofrmacos de perfuso utilizados em SPECT.

    Radiofrmacos de Perfuso Aplicaes Clnicas

    99mTc Pertecnetato de sdio Agente da tireoide; Agente tumoral.

    99mTc ECD Agente cerebral.

    99mTc HMPAO Agente cerebral.

    99mTc MIBI Agente cardaco; Agente tumoral.

    99mTc DTPA Agente renal; Agente pulmonar.

  • 22

    Radiofrmacos de Perfuso Aplicaes Clnicas

    99mTc MDP Agente sseo

    99mTc Plaquetas Agente hematolgico.

    67Ga Citrato de glio Agente tumoral.

    111In DTPA Agente cerebral.

    123I Iodeto de sdio Agente da tireoide.

    201Tl Cloreto de tlio Agente cardaco; Agente tumoral.

    Fonte: Adaptada de ALMEIDA, 2009; BARROS, 2007; OLIVEIRA, 2006; SAHA, 2004

    Tabela 3. Radiofrmacos especficos utilizados em SPECT.

    Radiofrmacos Especficos Aplicaes Clnicas

    99mTc Arcitumomabe Agente tumoral - Anticorpos monoclonais.

    99mTc Nofetumomabe Agente tumoral - Anticorpos monoclonais.

    99mTc Apcitide Agente cerebral - Agentes tromboemblicos.

    99mTc TRODAT-1 Agente cerebral - Receptores do SNC.

    111In Capromabe pendetida Agente tumoral - Anticorpos monoclonais.

    111In Imciromabe pendetida Agente cardaco - Anticorpos monoclonais.

    111In Pentetreotida Agente tumoral - Receptores da somatostatina.

    123I MIBG Agente tumoral - Receptores adrenrgicos pr-sinpticos.

    Fonte: Adaptada de ALMEIDA, 2009; BARROS, 2007; OLIVEIRA, 2006; SAHA, 2004

    A maior parte dos radiofrmacos em uso clnico corresponde a radiofrmacos de

    perfuso, mas atualmente so os radiofrmacos especficos que detm a ateno da

    investigao na rea da qumica radiofarmacutica (JURISSON et al., 1993; FICHNA,

    JANECKA, 2003 apud ALMEIDA, 2009).

  • 23

    2.3 Caractersticas nucleares do tecncio-99m

    O processo de emisso de raios gama devido transio isomrica de importncia

    primordial para a Medicina Nuclear, uma vez que a maioria dos procedimentos realizados

    depende da emisso e deteco de radiao gama. A Figura 1 mostra o esquema de

    decaimento do Tc-99m.

    Figura 1. Esquema do decaimento principal do tecncio-99m.

    Fonte: BUSHBERG, 2002, p. 601

    Existem trs transies com emisso de raios-gama no decaimento do tecncio-99m

    para o tecncio-99. Praticamente toda a energia da transio gama 1 (l) convertida

    internamente resultando na emisso de eltrons de converso interna da camada M. Aps a

    converso interna, o ncleo deixado em um estado excitado, seguido quase

    instantaneamente pela transio gama 2 (2) de 140,5 keV para o estado fundamental. Embora

    a transio ocorra 98,6% das vezes, a tabela de decaimento mostra que esse raio gama

    emitido 87,87% do tempo, com o balano das transies ocorrendo via converso interna.

    Gama 2 o fton principal no imageamento em Medicina Nuclear. A transio gama 3 (3)

    ocorre apenas com 1,4% de incidncia e seguida, quase sempre, por emisso de eltrons de

    converso interna. Eltrons de converso, raios X caractersticos e eltrons Auger so tambm

  • 24

    emitidos medida que a energia de algumas transies so internamente convertidas

    (BUSHBERG et al., 2002).

    Tabela 4. Principais formas de decaimento do tecncio-99m.

    RADIAO N MDIO DE

    PARTCULAS POR

    TRANSFORMAO

    ENERGIA MDIA POR

    PARTICULA (MeV)

    Gama 1 0.0000 0.0021

    M e- Converso Interna

    0.9860 0.0016

    Gama 2 0.8787 0.1405

    K e- Converso Interna 0.0913 0.1194

    L e- Converso Interna 0.0118 0.1377

    M e- Converso Interna 0.0039 0.1400

    Gama 3 0.0003 0.1426

    K e- Converso Interna 0.0088 0.1215

    L e- Converso Interna 0.0035 0.1398

    M e- Converso Interna 0.0011 0.1422

    K -1 Raios X 0.0441 0.0183

    K -2 Raios X 0.0221 0.0182

    K -1 Raios X 0.0105 0.0206

    K LL e- Auger 0.0152 0.0154

    K LX e- Auger 0.0055 0.0178

    L MM e- Auger 0.1093 0.0019

    M XY e- Auger 1.2359 0.0004

    Fonte: Adaptada de BUSHBERG, 2002

  • 25

    2.4 Radiofrmaco 99m

    Tc-1-Tio--D-glicose

    Mais de 80% dos radiofrmacos utilizados na Medicina Nuclear so compostos

    marcados com tecncio-99m. A razo dessa posio notvel do tecncio-99m em uso clnico

    a sua fsica e radiao caractersticas favorveis. A meia-vida fsica de aproximadamente seis

    horas e a pequena quantidade de emisso de eltrons permitem a administrao de

    quantidades de tecncio-99m com atividade na ordem de grandeza de milicurie, sem

    deposio significativa de doses de radiao para o paciente. Alm disso, os ftons

    monocromticos de 140,5 keV de energia so prontamente colimados para fornecer imagens

    de resoluo espacial superior. O tecncio-99m facilmente disponvel de forma estril,

    apirognica, e livre de carreador no gerador 99

    Mo-99m

    Tc (SAHA, 1998).

    O tecncio pode ser encontrado em oito estados de oxidao (-1 a +7). A estabilidade

    desses estados de transio depende do tipo de ligao e do ambiente qumico. Os estados +7

    e +4 so mais estveis e so representados em xidos, sulfetos, haletos e pertecnetatos (JUN

    OH et al., 2006).

    O on pertecnetato, 99m

    TcO4-, tem estado de oxidao +7 para o

    99mTc, isso o torna

    uma espcie no reativa e incapaz de se ligar a algum composto, sendo necessria a reduo

    para um estado de oxidao menor (SAHA, 1998).

    O cloreto de estanho II (SnCl2 2H2O) o agente redutor mais comum usado na

    preparao de compostos ligados ao 99m

    Tc (NOWOTNIK, 1990; SAHA, 2004). As reaes

    qumicas que ocorrem na reduo do tecncio pelo cloreto estanoso em meio acido podem ser

    expressas da seguinte maneira:

    3Sn2+

    3Sn4+ + 6e- (1)

    299m

    TcO4- +16H

    + +6e

    - 299mTc4+ +8H2O (2)

    Somando as duas equaes:

    299m

    TcO4- +16H

    + + 3Sn

    2+ 299mTc4+ + 3Sn4+ + 8H2O (3)

  • 26

    A Equao (2) indica que o 99m

    Tc7+

    foi reduzido para o 99m

    Tc4+

    . Outros estados

    reduzidos podero ser formados sob diferentes condies fsico-qumicas. O grau de reduo

    depender da relao estequiomtrica entre o estanho e o tecncio, das condies em que se

    realiza a reao, da presena de um ligante, da natureza qumica do ligante e oxignio

    presente na soluo (ARAJO, 2005).

    O tecncio-99m reduzido uma espcie quimicamente reativa e combina com uma

    grande variedade de agentes quelantes por meio de uma ligao covalente coordenada,

    possibilitando formar diversos radiofrmacos. A estrutura e as propriedades qumicas do

    agente quelante so responsveis pela farmacocintica do composto, ou seja, localizao em

    um rgo alvo, metabolizao e eliminao do organismo (SAHA, 2004). Uma reao

    esquemtica seria:

    99m

    Tc reduzido + agente quelante 99mTc-marcado (4)

    O agente quelante geralmente doa pares de eltrons para formar ligaes covalentes

    coordenadas com o tecncio-99m reduzido. Grupos qumicos, tais como COO-, OH-, NH2

    e SH so os doadores de eltrons nos compostos (SAHA, 1998).

    Para desenvolver um novo radiofrmaco para diagnstico de cncer ou inflamaes,

    interessante marcar a glicose ou um de seus derivados com 99m

    Tc. Compostos de carboidrato

    como a glicose ligam-se fracamente ao 99m

    Tc. Portanto, a funcionalizao com um grupo

    externo quelante ou a insero de alguns grupos funcionais essencial para obteno de

    compostos fortemente ligados. O 1-Tio--D-glicose (1-TG) um anlogo da -D-glicose

    natural como mostra a Figura 2. O 1-TG contm um tomo de enxofre em substituio ao

    oxignio da ligao glicosdica, e provavelmente forma interaes qumicas e biolgicas

    diferentes com 99m

    Tc comparado a glicose natural. A presena de um grupo sulfidrila na

    molcula de glicose aumenta a eficincia de marcao e melhora a estabilidade do composto

    (JUN OH et al., 2006).

  • 27

    Figura 2. Frmula estrutural da D-glicose natural e do sal de sdio 1-tio--D-glicose.

    Fonte: BRASILEIRO, 2010a

    2.5 Cromatografia

    A reao de complexao do 99m

    Tc com 1-TG pode no ser eficiente, em consequncia

    da qualidade do eluato, de componentes do reagente liofilizado (RL) ou de procedimentos

    inadequados utilizados na marcao, como temperatura e pH inapropriados, presena de

    agentes oxidantes e redutores, e radilise (SAHA, 2004).

    Nesses casos podem ocorrer a formao de impurezas radioqumicas, dentre as quais

    se destacam o pertecnetato ou tecncio livre (99m

    TcO4-) decorrente da sua no reduo, o

    xido de tecncio (99m

    TcO2), tambm denominado de tecncio hidrolisado ou reduzido,

    decorrente da reduo e no-complexao do metal e, outras espcies reduzidas e

    complexadas com arranjos diferentes do desejado (MARQUES, OKAMOTO,

    BUCHPIGUEL, 2001).

    A pureza radioqumica (PRq) de um composto definida como a frao da

    radioatividade total na forma qumica desejada no radiofrmaco. A presena de impurezas

    radioqumicas resulta em m qualidade de imagem devido a um elevado background oriundo

    dos tecidos circundantes e do sangue, alm de depositar desnecessariamente dose de radiao

    no paciente (SAHA, 2004).

    Um nmero de mtodos analticos usado para detectar e determinar as impurezas

    radioqumicas. A principal tcnica utilizada para esse fim a cromatografia, cujo principio

    baseia-se em um mtodo fsico-qumico de separao. Ela est fundamentada na migrao

  • 28

    diferencial dos componentes de uma mistura, que ocorre devido a diferentes interaes, entre

    duas fases imiscveis, a fase mvel e a fase estacionria (BLOCK, DURRUM, ZEWIG,

    1958).

    A cromatografia em camada delgada (CCD) uma tcnica rpida e conveniente para

    monitorar o curso das reaes sintticas macroscpicas envolvendo o tecncio-99m. A

    colorao intensa dos complexos frequentemente torna trivial a visualizao do cromatograma

    resultante, e a grande variedade de substratos disponveis, virtualmente garante que alguma

    combinao entre o solvente e a fase estacionria pode ser encontrada para resolver os

    componentes do composto. Essas caractersticas a tornam uma tcnica extremamente verstil

    e de grande utilidade na determinao da PRq nos centros de Medicina Nuclear (SAMINA,

    SALMAN, MUSHTAQ, 2006).

    Na cromatografia em camada delgada, uma pequena alquota da preparao

    radiofarmacutica depositada em uma fita de papel Whatman ou de slica gel (SG) e, em

    seguida, a cromatografia realizada por imerso dessa fita em um solvente apropriado

    contido em um frasco ou uma cmara (Figura 3(A) e 3(B)). Durante o processo

    cromatogrfico, diferentes componentes da amostra distribuem-se entre o adsorvente papel ou

    slica gel e o solvente, segundo seus coeficientes de distribuio. Foras eletrostticas da fase

    estacionria tendem a retardar vrios componentes, enquanto que a fase mvel transporta-os

    longitudinalmente, na cromatografia ascendente. O efeito descrito acima, juntamente com

    variaes de solubilidades dos diferentes componentes no solvente responsvel por desloc-

    los individualmente em diferentes velocidades e aparecer em distncias distintas ao longo do

    papel ou da slica gel. A polaridade do solvente tambm afeta a separao cromatogrfica dos

    vrios constituintes de uma amostra (THRALL, ZIESSMAN, 2003a; SAHA, 2004).

  • 29

    Figura 3(A) e 3(B). Ilustrao de um sistema cromatogrfico.

    Fonte: (B) CURRENT PROTOCOLS, 2008

    Na cromatografia em camada delgada, cada um dos componentes de uma amostra

    caracterizado por um fator de reteno (Rf), que definido como a razo entre a distncia

    percorrida pelo componente e a distncia avanada pela frente do solvente a partir do ponto

    inicial de aplicao do material de teste. Estes valores so estabelecidos com componentes

    conhecidos e podem variar em diferentes condies experimentais. Os valores de Rf so

    utilizados principalmente para a identificao dos diferentes componentes de uma dada

    amostra. Quando a frente do solvente atinge a distncia desejada, a fita removida do frasco,

    secada, e dividida em vrios segmentos. A radioatividade de cada segmento medida pela

    instrumentao apropriada. A impureza radioqumica calculada como a proporo, em

    porcentagem, da radioatividade do componente indesejvel para a atividade total aplicada na

    origem (SAHA, 2004).

    A partir da premissa que radiofrmacos so destinados para a administrao em seres

    humanos, imperativo que se submetam a rigorosas medidas de controle de qualidade.

    Basicamente, o controle de qualidade envolve vrios testes especficos e medidas que

    asseguram a pureza, potencialidade, caracterizao do produto, eficcia desses radiofrmacos

  • 30

    e garantam a segurana biolgica atravs da avaliao da dose depositada (FICHNA,

    JANECKA, 2003 apud ALMEIDA, 2009).

    2.5 Simulaes computacionais aplicadas dosimetria interna

    Radionucldeos so administrados nos pacientes em procedimentos de Medicina

    Nuclear em um grande nmero de aplicaes diagnsticas e teraputicas. Uma considerao

    importante em tais estudos a dose absorvida por diferentes rgos. Esta preocupao ,

    naturalmente, intensificada em aplicaes onde uma dose significativa pode ser recebida por

    outros rgos e, em particular por rgos radiossensveis. O conhecimento da dose de

    radiao recebida por diferentes rgos no corpo essencial para uma avaliao dos riscos e

    benefcios de qualquer procedimento (STABIN et al., 1999).

    A compreenso de dados dosimtricos tambm exigida pela U.S. Food and Drug

    Administration para as revises e aprovaes de novos radiofrmacos. essencial o emprego

    de uma abordagem, cuidadosamente executada, e cientificamente fundamentada ao estimar a

    dose interna (FISHER, 2000). Clculos de dose para agentes de diagnstico so obtidos com

    dados de animais ou humanos, voluntrios sadios ou pacientes, durante o processo inicial de

    aprovao dos medicamentos. Os dados em animais podem ser extrapolados por uma

    variedade de mtodos e serem estimados para o homem (STABIN, BRILL, 2008).

    A anlise da biodistribuio de radiofrmacos um aspecto importante no clculo de

    doses absorvidas pela deposio interna de radionucldeos (SIEGEL et al., 1999). A

    estimativa vlida da dose interna inicia-se com a coleta de dados biocinticos, via cmeras de

    cintilao planar, SPECT ou PET, dos rgos que concentram o radiofrmaco, denominados

    rgos fonte, das vias de excreo e de todo o corpo (STABIN et al., 1999).

    Uma vez que a biodistribuio conhecida, a determinao da dose absorvida

    depender de um modelo dosimtrico que inclui tanto as caractersticas fsicas das partculas

    emitidas, como tambm da distribuio espacial e temporal dos radionucldeos em relao aos

    tecidos alvo (O'DONOGHUE, 1996).

    Um mtodo preciso de dosimetria baseia-se na simulao completa da interao de

    ftons e eltrons oriundos da distribuio de atividade e atenuao em um modelo

  • 31

    computacional especifico, atravs do mtodo de transporte de Monte Carlo (ANDREO, 1991;

    BERGER, 1993; RAESIDE, 1976).

    Os modelos computacionais foram baseados no phantom de Fisher-Snyder (SNYDER,

    FORD, WARNER, 1969) que utilizava uma combinao de formas geomtricas para

    representar o corpo humano de tal forma que possibilitasse o sistema computacional Monte

    Carlo simular o transporte de ftons atravs das varias estruturas do corpo (STABIN, BRILL,

    2008).

    Posteriormente, mtodos para a aquisio de dados quantitativos da biodistribuio de

    radionucldeos e para o clculo da dose de radiao absorvida usando modelos

    antropomrficos padres, foram propostos pela comisso da Sociedade de Medicina Nuclear.

    Softwares computacionais, como MIRDOSE 4 (STABIN, 1996) e o MABDOSE

    (JOHNSON, 1988) foram desenvolvidos para implementao do tempo de residncia nos

    rgos fontes a partir da anlise de curvas atividade versus tempo obtidas nas imagens

    cintilogrficas (FISHER, 2000). O ultimo ainda permite incluso de tumores como regies

    fonte, e apresenta o ambiente de modelagem e dosimetria integrado (ZHANG, et al., 2001).

    O aumento da capacidade computacional possibilitou o desenvolvimento e

    aprimoramento de programas capazes de estimar as doses de radiao tridimensionalmente

    atravs de modelos de voxels em um intervalo de tempo razovel (BOLCH, BOUCHET,

    ROBERTSON, 1999; YORIYAZ, 2000).

    O Sistema Computacional para Dosimetria em Radioterapia (SISCODES) um

    sistema que permite a modelagem computacional 3D, atravs da simulao de um plano de

    distribuio do radiofrmaco via cdigo nuclear MCNP. O SISCODES fornece ao usurio

    ferramentas para construo de um modelo de voxels do paciente, definio do plano usando

    este modelo, simulao deste plano, e visualizao e tratamento dos resultados. Em paralelo,

    o sistema implementa um banco de dados de tecidos, fontes e dados nucleares, junto com uma

    interface para manipulao deste (TRINDADE, 2011).

    O SISCODES foi empregado por CHRISTVO (2010) na avaliao dos perfis de

    distribuies espaciais de dose para protocolos de radioterapia ocular por prtons, a partir de

    simulaes computacionais em cdigo nuclear e modelo de olho discretizado em voxels. Esse

    sistema tambm foi usado por DUARTE e outros (2007) para o desenvolvimento de um

    phantom computacional tridimensional de crebro infantil apresentando tumor. O mesmo

  • 32

    cdigo possibilitou a construo de um modelo computacional de voxel de cabea e pescoo

    de um adulto, com o intuito de complementar e otimizar o tratamento radioterpico

    (THOMPSON, TRINDADE, CAMPOS, 2007). No entanto, no h estudos na literatura sobre

    a utilizao do sistema SISCODES aplicado simulao computacional para dosimetria

    interna de radiofrmacos.

    Esses modelos computacionais surgiram como alternativa limitao imposta pela

    complexidade da anatomia humana aos simuladores matemticos. Simuladores mais realistas

    so obtidos a partir da manipulao de imagens internas do corpo humano. Um conjunto de

    imagens tomogrficas pode ser transformado em um modelo tridimensional antropomtrico e

    antropomrfico especifico do paciente. Os phantons em voxel so a representao fiel do

    corpo humano e sua estrutura permite determinar a energia depositada nos rgos ou tecidos.

    Estes cdigos computacionais constituem o ultimo esforo para o aperfeioamento dos

    modelos dosimtricos (JUNIOR, 2007).

  • 33

    CAPTULO 3 - MATERIAIS E MTODOS

    3.1 Materiais

    3.1.1 Principais reagentes

    - Acetona P.A.(Vetec, Brasil);

    - cido clordrico 37% P.A.(HCl) (Ercros, Espanha);

    - Cloreto estanoso(SnCl2) (Quirios, Brasil);

    - Cloreto de sdio 0,9%NaCl) (Sanobiol, Brasil);

    - Hidrxido de sdio P.A. (NaOH) (Reagen, Brasil);

    - Ketamina 10% (Francotar- Virbac, Brasil);

    - Pertecnetato de sdio (IPEN, Brasil);

    - Sal de sdio de 1-tio--D-glicose (Sigma, EUA);

    - Xilazina 2% (Virbaxyl- Virbac, Brasil);

    3.1.2 Principais equipamentos

    - Aparelho de Raios X BR100 Meditronix (Industria e comrcio de aparelhos eletro-

    mdicos, Brasil);

    - Balana analtica AY220Shimadzu, Brasil);

    - Calibrador de dose CRC-25R (Capintec, EUA);

    - Calibrador de dose Mark V Dose CalibratorFluke Biomedical, EUA);

    - Gama-cmara ADAC Vertex Plus 2 cabeas (Phillips, EUA);

    - Gerador de Tecncio (IPEN, Brasil);

    - pHmetroHanna Instruments, EUA);

    - Tomgrafo GE Hi Speed CT/e GE Healthcare, EUA);

  • 34

    3.1.3 Ferramentas computacionais

    - Software Monte Carlo N-Particle

    - Software SISCODES

    - Software Macromedia Fireworks 8

    3.2 Animais

    Para a realizao deste estudo foram utilizados 6 ratos machos da linhagem Wistar de

    cinco meses, com massa variando entre 480 g e 620 g adquiridos do Centro de Bioterismo da

    UFMG (CEBIO). Os animais foram mantidos em gaiolas plsticas, sob condies constantes

    de temperatura, umidade e ciclos naturais diurnos e noturnos, com livre acesso a alimentao

    e gua. Todos os experimentos foram realizados com os animais sob anestesia geral induzida

    por injeo intramuscular de uma associao de xilazina 2% (11 mg/kg de animal) e ketamina

    10% (11 mg/kg de animal), conforme os protocolos anestsicos sugeridos pelo Comit de

    tica em Experimentao Animal. Os experimentos com animais ocorreram mediante a

    aprovao do Comit de tica em Experimentao Animal da Universidade Federal de Minas

    Gerais (CETEA - UFMG), (Protocolo nmero 165/2011 ANEXO).

    3.3 Mtodos

    3.3.1 Sntese do 99m

    Tc-1-TG

    A complexao do 1-tio--D-glicose com tecncio-99m realizada por BRASILEIRO e

    outros (2010a) foi baseada segundo o protocolo descrito por JUN OH e colaboradores (2006).

    2 mg de 1-TG foram adicionados a uma soluo de SnCl2 (100 mg) em cido clordrico (HCl)

    0,1 mol/L (500 L) como agente redutor e a 370 MBq de pertecnetato de sdio em 1 mL de

    soluo salina. Aps a marcao, a soluo foi agitada por dez minutos em temperatura

  • 35

    ambiente. O pH da soluo final foi ajustado para 6 com 250 L de hidrxido de sdio

    (NaOH) 1 mol/L.

    3.3.2 Sntese do 99m

    TcO4-

    O pertecnetato, 99m

    TcO4- , em soluo salina (37 MBq/0,1 mL) foi obtido diretamente

    pela eluio do Gerador 99

    Mo/99m

    Tc do IPEN, Brasil. O pH dessa soluo foi medido e

    apresentou-se neutro, no necessitando de ajuste. Eluiu-se o volume total de 1,5 mL da

    soluo com valores de atividade prximas a 10 mCi.

    3.3.3 Sntese do 99m

    TcO2

    O tecncio hidrolisado, 99m

    TcO2, foi obtido pela adio de 0,5 mL de uma soluo

    composta por SnCl2 e H2O na proporo (133g:100mL) em 1 mL de pertecnetato de sdio

    em soluo salina (37 MBq/0,1 mL). Aps a mistura dos reagentes esperou-se dez minutos

    para ocorrer a total reduo do 99m-tecncio. O pH foi ajustado para 5 com 100L de NaOH

    0,5 mol/L. O volume final do 99m

    TcO2 foi 1,5 mL com atividade de 10 mCi.

    3.3.4 Clculo da pureza radioqumica

    A pureza radioqumica do complexo 99m

    Tc-1-TG foi realizada por BRASILEIRO

    (2010b) e obtida por CCD com slica gel (SG) utilizando acetona (CH3)2CO e soluo salina

    (0,9% NaCl) como eluentes para verificao da quantidade do on pertecnetato e de tecncio

    reduzido. As leituras das fitas foram realizadas em um radiocromatgrafo e a eficincia de

    marcao foi medida usando o programa computacional associado ao equipamento.

    Para os compostos 99m

    TcO4- e

    99mTcO2 o rendimento radioqumico foi determinado por

    CCD com papel whatman n 1 , tambm, utilizando salina (0,9% NaCl) e acetona (CH3)2CO .

    Como descrito, esse mtodo baseia-se na distribuio das espcies conforme seu fator de

    reteno. Finalizada a cromatografia, a fita foi cortada conforme indicado na Figura 4 e

    mediu-se, com um calibrador de dose, a atividade de cada metade permitindo estabelecer uma

  • 36

    relao entre a atividade da espcie de interesse em funo da atividade total da fita.

    Histogramas com os valores da atividade em funo da posio foram realizados para cada

    espcie.

    Figura 4. Sistema cromatogrfico para anlise da pureza radioqumica de complexos

    marcados com o tecncio-99m

    Fonte: Adaptada de SAHA, 2004, p. 160

    Por razes prticas algumas espcies requerem apenas um solvente para determinao

    da pureza radioqumica. O rendimento, em porcentagem, das espcies de interesse 99m

    TcO4- e

    99mTcO2 em relao leitura total da atividade pode ser obtido usando soluo salina ou

    acetona como solventes e seu calculo dado alternativamente pelas equaes 5 e 6.

    Evidentemente a pureza radioqumica de um complexo pode ser calculada com esse mesmo

    sistema cromatogrfico, nesse caso, combinando as equaes 5, 6 e 7, onde F, H e B so,

    respectivamente, os valores de atividade correspondentes ao tecncio livre, tecncio reduzido

    e tecncio marcado presentes na amostra.

    FBH

    100FF(%)

    (5)

  • 37

    FBH

    100HH(%)

    (6)

    H(%)F(%)100B(%) (7)

    3.3.5 Imagens cintilogrficas

    Quatro animais, selecionados aleatoriamente, foram anestesiados segundo o protocolo

    j descrito. Em dois animais administrou-se via veia lateral da cauda 0,5 mL da soluo

    99mTcO4

    - com atividade medindo 118,4 MBq (3,mCi) e 107,3 MBq (2,9 mCi). Nos animais

    restantes foi injetado 0,5 mL da soluo de 99m

    TcO2 com os respectivos valores de atividade:

    118,4 MBq (3,mCi) e 107,3 MBq (2,9mCi). Aps a administrao intravenosa nas

    espcies, posicionou-se os animais em decbito ventral, sob uma plataforma de cortia e

    tomou-se imagens estticas na viso anterior e posterior. As imagens cintilogrficas foram

    realizadas em uma gama-cmara ADAC Vertex-Plus de baixa energia e alta resoluo,

    utilizando detector duplo, com tempos de 5, 15, 30, 45 e 60 minutos aps a injeo. As

    regies de interesse (ROI) bexiga, crebro, corao, estmago, fgado, rim direito, rim

    esquerdo e tireoide foram delineadas e intercomparadas por captao da atividade, em

    contagem por minuto (cpm).

    O protocolo de aquisio de imagens cintilogrficas para o 99m

    Tc-1-TG foi descrito por

    BRASILEIRO (2010b). A autora realizou as imagens 5, 15, 30, 45 e 60 minutos aps a

    injeo do complexo. A captao do radiofrmaco nos animais, em cada tempo, foi

    determinada pela anlise da atividade, em contagem por minuto, nos ROIs delimitados.

    3.3.6 Imagens radiogrficas

    Um animal foi selecionado de forma randmica para a aquisio de imagens

    radiolgicas atravs do aparelho de Raios X BR100 Meditronix com rendimento mximo 100

    mA 90 kV. O exame foi realizado com um campo de irradiao de 30 cm x 20 cm, com

  • 38

    fator de exposio 55 kV e 14 mAs. O animal foi anestesiado e, posicionado em decbito

    ventral sob uma plataforma de cortia.

    3.3.7 Sobreposio de imagens

    As imagens radiogrficas obtidas foram sobrepostas s imagens cintilogrficas com o

    objetivo de auxiliar a identificao anatmica de rgos e tecidos da ltima. A sobreposio

    ocorreu pela juno das imagens radiogrficas e cintilogrficas a partir de pontos de

    referncias pr-determinados nas plataformas de cortia. O tratamento das imagens foi

    realizado pelo software Macromedia Fireworks 8.

    3.3.8 Imagens tomogrficas

    O exame tomogrfico do animal foi realizado por um tomgrafo GE Hi Speed CT/e,

    tenso de 120 kV, corrente 80 mA e tempo de exposio igual a 2000 ms. Foram adquiridos

    vinte e sete cortes axiais com espessura de 1 mm e intervalo de 3 mm entre os cortes.

    Utilizou-se a tecnologia de renderizao volumtrica para a reconstruo tridimensional. O

    animal foi anestesiado de acordo com o protocolo e posicionado em decbito ventral sob uma

    plataforma de cortia. As imagens tomogrficas foram obtidas para a construo, via

    SISCODES, de um modelo de voxels completo do animal que possibilitou simular a interao

    da radiao com os tecidos atravs do cdigo Monte Carlo N-Particle.

    3.3.9 Construo do modelo de voxels via SISCODES

    A primeira etapa da modelagem computacional constituiu o tratamento das imagens

    tomogrficas e construo de um modelo de camadas utilizando o programa SISCODES.

    Nessa etapa, cada imagem foi associada a uma posio no eixo Z, longitudinal, de acordo com

    o intervalo, em milmetros, entre os cortes tomogrficos axiais. Definiu-se um quadro de

    captura da imagem a ser tratada e a dimenso do voxel, visando atingir o melhor grau de

    resoluo. A partir dessas parametrizaes pde-se gerar um modelo de cinzas da imagem.

  • 39

    Para construo do modelo de voxels foi necessrio delimitar todas as estruturas

    presentes na imagem do rato e associ-las a um banco de tecidos, cada um com sua

    composio qumica correspondente.

    Para estabelecer as regies de interesse, alguns rgos definidos, anteriormente, no

    modelo de voxels foram associados aos rgos onde a captao dos radiofrmacos foi

    observada. Definiram-se, tambm, os rgos em que se deseja saber a deposio de dose pela

    emisso de radiao proveniente dos rgos fontes.

    3.3.10 Simulao computacional

    Nesta etapa, todas as regies de interesse foram exportadas e os rgos fontes

    associados emisso de radiao gama do radionucldeo tecncio-99m incorporado. Aps a

    gerao dos arquivos MCNP, a execuo foi iniciada. O clculo da fluncia de partculas no

    Monte Carlo N-Particle foi realizado pela simulao da interao da radiao com o tecido e o

    resultado, interpretado estatisticamente pelo cdigo, foi expresso em termos da dose D pelo

    nmero de partculas N(p) incidentes no volume requerido.

    Para determinar a dose depositada nas vrias regies de interesse, necessrio obter,

    primeiramente, o nmero de transformaes radioativas ocorridas no intervalo de tempo do

    exame.

    No estudo biocintico, foram coletados valores da atividade nos ROIs delimitados para

    determinados tempos de injeo do radiofrmaco e obtidas curvas da atividade em funo do

    tempo.

    Se f(t) uma funo contnua, definida como a atividade A(t) presente em um rgo

    especfico no intervalo temporal a x b igual ao tempo de exame, a integrao de f(t)

    resulta em:

    )((t)dt(t)dt

    b

    a

    b

    a

    tNAf (8)

  • 40

    Onde N(t) o nmero de transformaes ocorridas no intervalo de tempo definido.

    Logo, o nmero de partculas N(p) emitidas encontrado pelo produto entre o

    resultado obtido na integral, ou seja, N(t) e, o somatrio do nmero de partculas emitidas por

    transformao N(p).t-1 nas principais formas de decaimento do tecncio-99m (Tabela 4).

    N(p) = N(t). N(p).t-1 (9)

    Multiplicando o nmero mdio de partculas pelo resultado da simulao da interao

    dos ftons com a matria, fornecido pelo MCNP em termos de Gy.ftons-1

    , encontra-se a dose

    ponderada D em cada rgo de interesse.

    N(p)

    DN(p)D (10)

    3.3.11 Clculo da Dose Efetiva

    A dose efetiva foi calculada utilizando as equaes listadas abaixo e os fatores de peso

    dos tecidos wT de acordo com a International Commission on Radiological Protection, 2007

    (ICRP,2007).

    A dose equivalente mdia HT em um rgo ou tecido T dada por:

    HT = R

    wR DT,R (11)

    Onde DT,R a dose mdia absorvida de uma radiao R em um tecido ou rgo T, e wR o

    fator de peso da radiao. wR igual a unidade para todos os tipos de radiao utilizados em

    diagnstico de Medicina Nuclear.

    A dose efetiva E calculada pela soma ponderada das doses equivalentes em todos os

    tecidos ou rgos do corpo:

    E = T

    wT HT (12)

  • 41

    Onde e wT a sensibilidade relativa do tecido radiao, fornecidos pela Tabela 5, conforme

    dados da ICRP (2007).

    Tabela 5. Fatores de peso dos tecidos para o clculo da dose efetiva E segundo

    recomendaes da ICRP (2007).

    Tecido wT Soma dos

    valores de wT

    Medula, clon, pulmo, estmago,

    mama, tecidos restantes* 0.12 0.72

    Gnadas 0.08 0.08

    Bexiga, esfago, fgado, tireoide 0.04 0.16

    Superfcies sseas, crebro,

    glndulas salivares, pele 0.01 0.04

    Total - 1

    * Tecidos restantes: Adrenais, regio extratorcica, vescula biliar, corao, rins, linfonodos, musculo,

    mucosa oral, pncreas, prstata, intestino delgado, bao, timo, colo uterino.

    Fonte: Adaptada de ICRP, 2007

  • 42

    CAPTULO 4 - RESULTADOS

    4.1 Pureza radioqumica do 99m

    Tc-1-TG

    Na verificao da pureza radioqumica do complexo 99m

    Tc-1-TG por BRASILEIRO e

    colaboradores (2010a), o cromatograma utilizando SG/Acetona mostrou a presena de um

    pico definido, correspondente ao complexo 99m

    Tc-1-TG que permaneceu na origem. A

    presena de 99m

    TcO4- no foi observada. BRASILEIRO (2010a) avaliou o cromatograma

    utilizando slica gel e soluo salina como solvente, e verificou a presena de 99m

    Tc-1-TG

    para um alto valor do fator de reteno. A medida dos valores da atividade foi realizada por

    um radiocromatgrafo e o rendimento de marcao obtido foi superior a 98,38%.

    4.2 Pureza radioqumica do 99m

    TcO4-

    O rendimento radioqumico do pertecnetato, eluido diretamente do gerador, foi

    determinado por cromatografia em camada delgada usando papel whatman n1 como fase

    estacionria e acetona como fase mvel. O 99m

    TcO4- foi totalmente carreado pelo solvente,

    como mostrado na Figura 5.

    Foram feitas cinco medidas para a atividade presente na metade superior do

    cromatograma. O valor 30,7 0,1 Ci foi obtido pela mdia aritmtica das medidas e seu

    desvio foi calculado pelo mtodo de derivadas parciais. O mesmo procedimento foi realizado

    para o clculo da atividade total da fita igual a 31,0 0,1 Ci. Aplicando a equao (5),

    encontrou-se 99% de tecncio livre na soluo.

  • 43

    Figura 5. Histograma da atividade encontrada no cromatograma em funo da posio para o

    99mTcO4

    - em acetona.

    4.3 Pureza radioqumica do 99m

    TcO2

    Para determinao da pureza radioqumica do 99m

    TcO2, novamente foi utilizado papel

    whatman n1, mas soluo salina como fase mvel. Observou-se pelo histograma apresentado

    na Figura 6 que o tecncio hidrolisado ficou retido na origem da fita.

    Foram tomadas cinco medidas da atividade presente na metade inferior do

    cromatograma. Atravs de mdias aritmticas e do clculo de seu desvio padro o valor

    encontrado foi 29,5 0,1 Ci. O procedimento se repetiu para o clculo da atividade total da

    fita 30,5 0,1Ci.

    A relao da atividade medida para o 99m

    TcO2 em funo da atividade total, equao

    (6), indicou que 96% do tecncio-99m foi reduzido.

  • 44

    Figura 6. Histograma da atividade encontrada no cromatograma em funo da posio para o

    99mTcO2 em soluo salina.

    4.4 Imagens cintilogrficas

    A aquisio de imagens cintilogrficas da biodistribuio do complexo 99m

    Tc-1-TG foi

    descrita por BRASILEIRO (2010b). Para as espcies 99m

    TcO4- e

    99mTcO2, imagens

    cintilogrficas de quatro animais foram realizadas 5, 15, 30, 45 e 60 minutos aps a injeo

    endovenosa dos compostos. A captao do radiofrmaco em cada animal foi determinada pela

    anlise da atividade, em contagem por minuto (cpm), em cada ROI de interesse e, foram

    expressas em termos da porcentagem de atividade injetada (%ATI).

    As Figuras 7(A) e 7(B) mostram a imagem da biodistribuio de 99m

    Tc-1-TG realizada

    30 minutos aps a injeo sobreposta imagem radiogrfica do animal. A Figura 8 e a Tabela

    6 apresentam a biocintica em um animal aps administrao intravenosa do radiofrmaco.

  • 45

    Figura 7. (A) Imagem cintilogrfica esttica, projeo ventral, 30 minutos aps a injeo

    intravenosa de 99m

    Tc-1-TG (37 MBq/0,1 mL). (B) Superposio das imagens radiogrficas e

    cintilogrficas 30 minutos aps a injeo intravenosa de 99m

    Tc-1-TG (37 MBq/0,1 mL).

    Fonte: (A) Adaptada de BRASILEIRO et al., (2010b).

  • 46

    Figura 8. Biocintica, em termos da porcentagem de radioatividade injetada (%ATI), obtida 5,

    15, 30, 45 e 60 minutos aps injeo intravenosa de 99m

    Tc-1-TG (37 MBq/0,1 mL).

    Fonte: Modificada de BRASILEIRO et al., (2010b).

    Tabela 6. Valores de contagens radioativas por minuto, em cada rgo do animal, nos

    diversos tempos estudados, aps injeo intravenosa de 99m

    Tc-1-TG (37 MBq/0,1 mL).

    Fonte: BRASILEIRO et al., (2010b)

    A biodistribuio do 99m

    Tc-1-TG exibida pela Figura 7 indica que o complexo 99m

    Tc-

    1-TG apresentou captao nos rins, bexiga, fgado e corao. Observa-se a baixa captao no

    rgos 5 minutos 15 minutos 30 minutos 45 minutos 60 minutos

    Bexiga 8030 19955 35506 13482 13186

    Rim direito 4244 7999 22289 10173 8645

    Rim esquerdo 2882 5021 16702 7207 6936

    Corao 3488 4277 10432 1945 1396

    Fgado 2069 2973 4301 2391 1208

    Crebro 1215 1679 3728 1308 866

  • 47

    crebro quando comparado aos outros rgos avaliados. Os dados biocinticos da Figura 8 e

    Tabela 6 evidenciaram maior captao nos rins e bexiga, indicativa de excreo renal do

    radiofrmaco. A metabolizao do complexo comprovada pela diminuio da atividade em

    todos os rgos de interesse trinta minutos aps a injeo (BRASILEIRO et al., 2010b).

    As Figuras 9(A) e 9(B) mostram a imagem da biodistribuio do 99m

    TcO4- realizada 30

    minutos aps a injeo sobreposta imagem radiogrfica do animal. A biocintica em um

    animal exibida pela Figura 10 e Tabela 7.

    Figura 9. (A) Imagem cintilogrfica esttica, projeo ventral, 30 minutos aps a injeo

    intravenosa de 99m

    TcO4- (37 MBq/0,1 mL).(B) Superposio das imagens radiogrficas e

    cintilogrficas 30 minutos aps a injeo intravenosa de99m

    TcO4- (37 MBq/0,1 mL).

  • 48

    Figura 10. Biocintica, em termos da porcentagem de radioatividade injetada (%ATI), obtida

    5, 15, 30, 45 e 60 minutos aps injeo intravenosa de 99m

    TcO4- (37 MBq/0,1 mL).

    Tabela 7. Valores de contagens radioativas por minuto, em cada rgo do animal, nos

    diversos tempos estudados, aps injeo intravenosa de 99m

    TcO4- (37 MBq/0,1 mL).

    Valores considerveis de atividade foram encontrados na bexiga, estmago, corao e

    tireoide, de acordo com a Figura 9. O crebro e o fgado foram os rgos de menor captao.

    No foi possvel determinar o nmero de contagens por minuto para os rins direito e

    esquerdo, uma vez que a atividade encontrada no estmago e no fgado se sobreps a desses

    rgos. Ressalta-se que biodistribuio no reproduziu claramente a funo de captao,

    rgos 5 minutos 15 minutos 30 minutos 45 minutos 60 minutos

    Tireoide 27374 36758 47371 55294 59799

    Estmago 108607 185956 292661 331918 377683

    Bexiga 28834 49831 51384 60137 46694

    Corao 42240 40167 59905 50731 49331

    Fgado 15901 18183 20717 19879 27247

    Crebro 7452 6112 7316 4366 5014

  • 49

    metabolizao e eliminao. Em geral houve um aumento das contagens em todos os rgos

    de interesse, como pode ser visto na Tabela 7 e Figura 10.

    A imagem da biodistribuio do 99m

    TcO2 realizada 30 minutos aps a injeo

    intravenosa do radiofrmaco e a superposio desta por uma imagem radiogrfica ilustrada

    pela Figura 11 (A) e (B), respectivamente. A Figura 12 e a tabela 8 apresentam a biocintica

    em um animal aps a administrao.

    Figura 11. (A) Imagem cintilogrfica esttica, projeo ventral, 30 minutos aps a injeo

    intravenosa de 99m

    TcO2 (37 MBq/0,1 mL). (B) Superposio das imagens radiogrficas e

    cintilogrficas 30 minutos aps a injeo intravenosa de 99m

    TcO2 (37 MBq/0,1 mL).

  • 50

    Figura 12. Biocintica, em termos da porcentagem de radioatividade total (%ATI), obtida 5,

    15, 30, 45 e 60 minutos aps injeo intravenosa de 99m

    TcO2 (37 MBq/0,1 mL).

    Tabela 8. Valores de contagens radioativas por minuto, em cada rgo do animal, nos

    diversos tempos estudados, aps injeo intravenosa de 99m

    TcO2 (37 MBq/0,1 mL).

    Em relao ao 99m

    TcO2, as imagens cintilogrficas mostraram biodistribuio na

    bexiga, estmago, corao, tireoide e crebro. Sensivelmente, o fgado apresentou maior

    captao de 99m

    TcO2 que outros compostos estudados, como evidenciado na Figura 11. Os

    valores de cpm dos rins direito e esquerdo no foram includos nas tabelas e figuras pela

    rgos 5 minutos 15 minutos 30 minutos 45 minutos 60 minutos

    Tireoide 21345 26074 30793 29262 36278

    Estmago 84905 126483 174061 213996 242916

    Bexiga 35018 37822 40572 42808 41530

    Corao 39606 41986 44192 36777 41713

    Fgado 41695 42010 42706 30075 30100

    Crebro 4688 5469 7207 7578 7851

  • 51

    dificuldade em definir o ROI dessa regio sem contabilizar atividades de outros rgos

    prximos. Observou-se, tambm, um aumento geral das contagens em todos os rgos de

    interesse, Figura 12, Tabela 8.

    4.5 Modelo de voxels

    A modelagem computacional da biodistribuio dos radiofrmacos se iniciou com a

    construo de um modelo de voxels do animal. Em um modelo de voxels completo, foram

    identificados os tecidos epitelial, sseo, cartilaginoso e adiposo; a musculatura do animal e,

    tambm, outros rgos como os rins, bexiga, reto, intestino delgado e grosso, estmago,

    fgado, corao, pulmo, tireoide, crebro e medula, Figuras 13 e 14. Foi levado em

    considerao a representao de fezes e gases, contedo estomacal e presena de ar nas vias

    areas. Devido dificuldade de visualizar e distinguir alguns rgos presentes na regio

    abdominal, esses foram identificados genericamente como tecido mole.

    Figura 13. Corte axial do abdome do rato via SISCODES.

  • 52

    Figura 14. Definio das estruturas em um corte axial do abdome do rato. Destaque para os

    rins, intestinos delgado e grosso e medula espinhal. Observe a representao das fezes e de

    gases no interior do intestino grosso.

    O programa SISCODES permitiu estabelecer os rgos de residncia para cada

    radiofrmaco e os tecidos para avaliao da dose absorvida pela biodistribuio das espcies

    99mTc-1-TG,

    99mTcO4

    - e

    99mTcO2 (Figura 15). Os rgos fontes definidos foram: bexiga,

    crebro, corao, fgado, estmago, rim direito e esquerdo e, tireoide.

  • 53

    Figura 15. Representao dos rgos fonte, rim direito e rim esquerdo, em corte axial do

    abdome do rato.

    4.6 Anlise dosimtrica da biodistribuio dos compostos

    Integrando, individualmente, as curvas biocinticas, apresentadas nas Figuras 8,10 e

    12, no intervalo temporal compreendido entre 5 e 60 minutos ps injeo dos compostos,

    obtm-se o nmero de transformaes N(t) ocorridas (Tabela 9).

  • 54

    Tabela 9. Nmero de transformaes N(t) ocorridas entre 5 e 60 minutos aps a administrao

    dos compostos.

    N(t) (107)

    rgo fonte 99m

    TcO4- 99m

    TcO2 99m

    Tc-1-TG

    Bexiga 796,4 622,6 303,7

    Crebro 93,14

    104,9 29,32

    Corao 782,9 633,5 71,91

    Fgado 319,7 577,5 42,17

    Estmago 4300 2718 -

    Rim Direito - - 182,2

    Rim Esquerdo - - 132,1

    Tireoide 737,4 452,6 -

    O produto entre o nmero de transformaes ocorridas e o somatrio do nmero de

    partculas emitidas por transformao no decaimento do tecncio-99m, resulta no nmero de

    partculas emitidas no intervalo de tempo definido (Tabela 10).

    Tabela 10. Nmero de partculas emitidas em um rgo especifico para diferentes compostos

    injetados.

    Nmero de

    partculas emitidas

    (1010

    )

    rgo fonte 99m

    TcO4- 99m

    TcO2 99m

    Tc-1-TG

    Bexiga 1,449 1,132 0,552

    Crebro 0,169 0,101 0,053

    Corao 1,424 1,152 0,131

    Fgado 0,582 1,050 0,077

    Estmago 7,823 4,944 -

    Rim Direito - - 0,331

    Rim Esquerdo - - 0,240

    Tireoide 1,341 0,823 -

  • 55

    O nmero de partculas emitidas usado como fator de ponderao pelo programa

    SISCODES para estabelecer a energia depositada por massa em cada rgo ou tecido devido

    contribuio de todos os rgos de residncia do radiofrmaco. O resultado dosimtrico pode,

    ento, ser expresso numericamente ou em gradientes de isodoses.

    A Tabela 11 mostra a dose absorvida nos principais rgos de interesse do animal e a

    dose efetiva para os trs compostos injetados. Apresenta tambm a dose extrapolada nesses

    rgos para o homem. A estimativa foi feita considerando a razo entre as massas dos rgos

    de uma representao hipottica de um rato modelo, descritas por BAILEY (2004) e

    KANERVA (1983), e a massa dos rgos de um homem padro.

    Os resultados esto expressos em mGy/MBq, ou seja, independem da atividade

    injetada. Espera-se, portanto, pela definio de dose absorvida, que para a mesma energia

    mdia depositada, um rgo de maior massa, apresente uma dose menor.

  • 56

    Dose efetiv

    a

    (mS

    v/M

    Bq

    )

    Tireo

    ide

    Testcu

    los

    Rin

    s

    Pu

    lmes

    Osso

    Med

    ula

    Tra

    to G

    astro

    intestin

    al

    / Est

    mago

    Fg

    ad

    o

    Cora

    o

    Creb

    ro

    Bex

    iga

    rg

    o

    1,5

    (0,2

    )

    9,8

    (0,2

    )

    2,9

    (0,3

    ) x10

    -1

    2,8

    (0,2

    )

    7,2

    (0,1

    )

    1,3

    (0,2

    ) x10

    +1

    5,2

    (0,2

    ) x10

    -1

    7,9

    (0,2

    ) /

    3,8

    ( 0,1

    )

    3,7

    (0,1

    )

    5,6

    (0,1

    )

    6,1

    (0,2

    ) x10

    -1

    7,7

    (0,2

    )

    99

    mT

    cO4

    -

    1,2

    (0,2

    )

    6,6

    (0,2

    )

    2,5

    (0,3

    ) x10

    -1

    2,3

    (0,2

    )

    5,8

    (0,1

    )

    1,1

    (0,2

    ) x10

    +1

    4,1

    (0,2

    ) x10

    -1

    6,1

    (0,2

    )/

    2,7

    (0,1

    )

    4,6

    (0,1

    )

    4,7

    (0,1

    )

    6,3

    (0,2

    ) x10

    -1

    6,6

    (0,2

    )

    99

    mT

    cO2

    6,6

    (0,2

    ) x10

    -1

    3,0

    (0,2

    ) x10

    -4

    1,1

    (0,3

    ) x10

    -1

    3,1

    (0,2

    )

    7,3

    (0,1

    ) x10

    -1

    1,8

    (0,2

    )

    7,7

    (0,2

    ) x10

    -2

    1,6

    (0,2

    ) /

    4,0

    (0,1

    ) x10

    -2

    1,3

    (0,1

    )

    6,0

    (0,1

    ) x10

    -1

    1,5

    (0,2

    ) x10

    -1

    3,7

    (0,2

    )

    99

    mT

    c-1-T

    G

    1,9

    (0,8

    ) x10

    -2

    5,2

    (0,8

    ) x10

    -2

    4,0

    (0,9

    ) x10

    -3

    3,4

    (0,8

    ) x10

    -2

    1,8

    (0,7

    ) x10

    -2

    5,8

    (0,8

    ) x10

    -2

    4,1

    (0,8

    ) x10

    -3

    4,3

    (0,8

    ) x10

    -2/

    2,1

    (0,7

    ) x10

    -2

    4,8

    (0,7

    ) x10

    -2

    3,1

    (0,7

    ) x10

    -2

    1,2

    (0,8

    ) x10

    -3

    4,6

    (0,8

    ) x10

    -2

    99

    mT

    cO4

    -

    1,5

    (0,8

    ) x10

    -2

    3,5

    (0,8

    ) x10

    -2

    3,5

    (0,9

    ) x10

    -3

    2,8

    (0,8

    ) x10

    -2

    1,5

    (0,7

    ) x10

    -2

    4,9

    (0,8

    ) x10

    -2

    3,2

    (0,8

    ) x10

    -3

    3,3

    (0,9

    ) x10

    -2/

    1,5

    (0,7

    ) x10

    -2

    5,9

    (0,7

    ) x10

    -2

    2,6

    (0,7

    ) x10

    -2

    1,3

    (0,8

    ) x10

    -3

    4,0

    (0,8

    ) x10

    -2

    99

    mT

    cO2

    8,4

    (0,8

    ) x10

    -3

    1,4

    (0,8

    ) x10

    -6

    1,5

    (0,9

    ) x10

    -3

    3,7

    (0,8

    ) x10

    -2

    1,8

    (0,7

    ) x10

    -3

    8,1

    (0,8

    ) x10

    -3

    6,5

    (0,8

    ) x10

    -4

    8,7

    (0,8

    ) x10

    -3/

    2,