dissertacao ana c riekstin

Upload: flaviosouza

Post on 12-Oct-2015

7 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 5/21/2018 Dissertacao Ana C Riekstin

    1/209

    1

    ANA CAROLINA RIEKSTIN

    MODELO DE GOVERNANA DE TECNOLOGIA DA INFORMAO

    DO ESCRITRIO AO CHO DE FBRICA

    So PauloSP

    2012

  • 5/21/2018 Dissertacao Ana C Riekstin

    2/209

    2

    ANA CAROLINA RIEKSTIN

    MODELO DE GOVERNANA DE TECNOLOGIA DA INFORMAO

    DO ESCRITRIO AO CHO DE FBRICA

    Dissertao apresentada Escola

    Politcnica da Universidade de So Paulo

    para obteno do ttulo de Mestre em

    Engenharia.

    So PauloSP

    2012

  • 5/21/2018 Dissertacao Ana C Riekstin

    3/209

    3

    ANA CAROLINA RIEKSTIN

    MODELO DE GOVERNANA DE TECNOLOGIA DA INFORMAO

    DO ESCRITRIO AO CHO DE FBRICA

    Dissertao apresentada Escola

    Politcnica da Universidade de So Paulo

    para obteno do ttulo de Mestre em

    Engenharia.

    rea de Concentrao:

    Sistemas Digitais

    Orientadora:

    Profa. Dra Tereza Cristina Melo de Brito

    Carvalho

    So PauloSP

    2012

  • 5/21/2018 Dissertacao Ana C Riekstin

    4/209

    4

    DEDICATRIA

    Ao Carlos Eduardo, noivo e companheiro.

    Aos meus pais.

    Aos meus irmos.

    A Deus.

  • 5/21/2018 Dissertacao Ana C Riekstin

    5/209

    5

    AGRADECIMENTOS

    A Deus, por esta e todas as outras oportunidades em minha vida.

    Ao Carlos Eduardo, sempre companheiro, pelo apoio constante desde o momento

    da inscrio no programa de mestrado at a concluso.

    Aos meus pais, Mario e Fatima, meus exemplos, e aos meus irmos Ana Cludia e

    Fernando que esto sempre presentes, mesmo distantes.

    Aos meus amigos pelo apoio costumeiro.

    Aos profissionais que dispensaram seu tempo nas entrevistas, colaborando

    decisivamente para a consecuo deste trabalho.

    PromonLogicalis pelo apoio no incio do programa de mestrado.

    Profa. Dra. Tereza Cristina Melo de Brito Carvalho pela dedicao de seu precioso

    tempo, em revises e comentrios, fundamentais para a consecuo deste trabalho.

  • 5/21/2018 Dissertacao Ana C Riekstin

    6/209

    6

    RESUMO

    A informao exerce um papel cada vez mais importante nas empresas e a

    Tecnologia da Informao (TI) vem sendo largamente utilizada para permitir a

    gerao de informaes teis para a tomada de decises, bem como agilizar ou at

    mesmo viabilizar diversos processos. No complexo ambiente industrial (manufatura),

    a TI est presente no escritrio, nas reas de desenvolvimento de produtos e

    processos e na linha de produo propriamente dita. Em funo disto, importante

    uma abordagem corporativa e sistmica tanto para sistemas utilizados em escritrio,

    quanto para sistemas utilizados em cho de fbrica, buscando o alinhamento da TI

    em todos estes ambientes com o negcio. Como forma de gerar valor ao negcio,

    atuando de forma alinhada, existe a Governana de TI. possvel estend-la para

    as diversas funes de uma organizao, mas ainda so poucas as iniciativas para

    tal. Neste contexto, o trabalho tem por objetivo propor uma abordagem conjunta de

    Governana de TI para todos os ambientes nos quais a TI est inserida em uma

    indstria, desde os sistemas corporativos at os sistemas de cho de fbrica.

    proposto um modelo de governana de TI que busca integrar os diferentes

    requisitos, estabelecendo uma estrutura nica e uma linguagem comum, agregando

    diferentes modelos e melhores prticas de mercado. Com o objetivo de validar o

    modelo proposto, este modelo foi aplicado em uma importante indstria do setor

    automobilstico realizando-se anlises documentais, observaes e diversas

    entrevistas. O estudo de caso realizado para a referida indstria permitiu validar o

    modelo, considerando o atendimento aos requisitos especificados, alm da anlise

    crtica da sua aplicao. Pode-se dizer, ento, que o produto final deste trabalho

    um modelo integrado de governana de TI aplicvel a empresas de manufatura de

    diferentes ramos.

    Palavras chave: tecnologia da informao (administrao)

  • 5/21/2018 Dissertacao Ana C Riekstin

    7/209

    7

    ABSTRACT

    Information plays an increasingly important role in business. Consequently,Information Technology (IT) has been widely used to allow the generation of useful

    information for decision-making, as well as speed up or even enable several

    processes. In the complex industrial environment (manufacturing), IT is present in the

    office, in the areas of product and processes development and on the shop floor.

    Because of this, a corporate and systemic approach is important for both systems

    used at the office and systems used in the shop floor, aiming at aligning IT in all

    these environments with the business. In order to generate value to the business,acting in a aligned way, there is the IT Governance. It is posible to extend it to the

    various functions of an organization, but there are few initiatives to do so. In this

    context, this work aims to propose a joint approach for IT Governance for all

    environments in which IT is present in an industry, from corporate systems to the

    shop floor systems. It is proposed an IT governance model that aims to integrate the

    different requirements, establishing a unique structure and a common language,

    consolidating different models and market best practices. In order to validate the

    proposed model, the model was applied in an important industry in the automotive

    sector by doing document analysis, observations and several interviews. The case

    study for that industry has made posible the model validation, considering the

    specified requirements, and also the critical analysis of its application. It is posible to

    state that the final product of this work is an integrated IT governance model

    applicable to manufacturing companies of different sectors.

    Keywords: information technology (administration)

  • 5/21/2018 Dissertacao Ana C Riekstin

    8/209

    8

    LISTA DE ILUSTRAES

    Figura 1Trabalhos relacionados ............................................................................ 24

    Figura 2Estgios da TI dentro de uma empresa (FERNANDES; ABREU, 2008) .. 29

    Figura 3 Modelo de alinhamento estratgico (HENDERSON; VENKATRAMAN,

    1993) ......................................................................................................................... 30

    Figura 4 - Alternativas de estrutura (RAMIREZ; ZUCARELLI, s.d.) .......................... 34

    Figura 5Processo fsico (SOUZA; PEREIRA, 2008) .............................................. 38

    Figura 6Modelo MES proposto pela MESA (MESA, 1997 apudSILVA, 2009)...... 41

    Figura 7ISA Hierarquia Funcional (ISA, 2000 apudSILVA, 2009) ........................ 41

    Figura 8Modelo ISA 95 (ISA, 2000 apudSILVA, 2009) ......................................... 43

    Figura 9Escopo dos padres de segurana (SINGER, 2006) ............................... 44

    Figura 10 - Viso Funcional CPAS (HOLLENDER, 2009) ......................................... 45

    Figura 11C-MES (MESA, s.d.) .............................................................................. 45

    Figura 12Modelo atual da MESA (MESA, s.d.) ..................................................... 46

    Figura 13 - Governana corporativa e dos principais ativos (WEILL; ROSS, 2006) .. 49

    Figura 14 - Ciclo de Governana de TI (FERNANDES; ABREU, 2008) .................... 56

    Figura 15- Framework de Governana de TI (MIT CISR, 2003 apudWEILL; ROSS,2006) ......................................................................................................................... 57

    Figura 16- Modelo de Governana de TI (FERNANDES; ABREU, 2008) ................. 58

    Figura 17- Modelo de Governana de TI (GREMBERGEN; DE HAES, 2008) .......... 59

    Figura 18- Estrutura de Governana de TI (ALBERTIN; ALBERTIN, 2010) .............. 60

    Figura 19- ITGAP (PETERSON, 2004) ..................................................................... 61

    Figura 20Prticas atuais de governana (ITGI; PRICEWATERHOUSECOOPERS,

    2008) ......................................................................................................................... 62

    Figura 21 - Os quatro domnios do CobIT inter-relacionados (adaptado de ITGI,

    2007) ......................................................................................................................... 64

    Figura 22 - Domnios e processos do VAL IT (adaptado de ISACA, 2009a) ............. 67

    Figura 23: Processos ISO/IEC 20000 (adaptado de ISO, 2005 apudFERNANDES;

    ABREU, 2008) ........................................................................................................... 73

    Figura 24PDCA (Adaptado de Fernandes e Abreu, 2008) .................................... 74

    Figura 25 Mapeamento entre os processos de gerenciamento de projetos e os

    grupos de processos de gerenciamento de projetos e as reas de conhecimento

    (PMI, 2004) ................................................................................................................ 79

  • 5/21/2018 Dissertacao Ana C Riekstin

    9/209

    9

    Figura 26 Relacionamento entre processos e componentes na PRINCE2

    (ANGELO, 2008) ....................................................................................................... 80

    Figura 27Padro BSC TI (GREMBERGEN, 2000) ................................................ 83

    Figura 28 TOGAF Architecture Development Method (adaptado de THE OPEN

    GROUP, 2009) .......................................................................................................... 86

    Figura 29 Modelo do ciclo Avaliar-Dirigir-Monitorar para a Governana de TI de

    acordo com a ISO 38500 (TEIXEIRA, 2010) ............................................................. 89

    Figura 30Anlise do mbito de aplicao de cada melhor prtica ........................ 91

    Figura 31 Modelos de governana utilizados (ITGI;

    PRICEWATERHOUSECOOPERS, 2008) ................................................................. 92

    Figura 32Estruturas / processos de gesto (RODRIGUES et al., 2009) ............... 92

    Figura 33 Mtodo de criao e estrutura do modelo proposto por Clementi

    (CLEMENTI, 2007) .................................................................................................... 94

    Figura 34Exemplo de mapeamento COBITITILISO 27001 (ITGI, 2008) ....... 95

    Figura 35 Os domnios e papeis da ITIL e TOGAF dentro de uma organizao

    (RADHAKRISHNAN, 2008 apudVAN SANTE; ERMERS, 2009) .............................. 95

    Figura 36Escopos da ITIL V3 e do TOGAF (VAN SANTE; ERMERS, 2009) ........ 95

    Figura 37COBIT e Val IT (VOON; SALIDO, 2009) ................................................ 96

    Figura 38 - CMM & PMBoK (SOTILLE, 2010) ........................................................... 96

    Figura 39 - Sistema de governana que integra superviso da diretoria da empresa e

    tarefas gerenciais (TOOMEY, 2008) ......................................................................... 97

    Figura 40Melhores prticas em Governana de TI (JESUS, 2007) ....................... 97

    Figura 41Framework Calder-Moir (CALDER, 2008a) ............................................ 98

    Figura 42Primeiro modelo parcial ........................................................................ 118

    Figura 43Detalhamento das etapas para desenvolvimento do modelo ............... 119

    Figura 44Modelo parcial de Governana de TI, envolvendo COBIT, Val IT e outros

    ................................................................................................................................ 127

    Figura 45Modelo proposto ................................................................................... 150

    Figura 46Protocolo utilizado nas entrevistas ....................................................... 153

    Figura 47Perguntas para avaliar a Governana de TI (WEILL; ROSS, 2006)..... 154

  • 5/21/2018 Dissertacao Ana C Riekstin

    10/209

    10

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1- Estgios de evoluo da informtica, segundo Nolan (LAURINDO, 2000)

    .................................................................................................................................. 32

    Tabela 2 - Arqutipo da Governana de TI (Adaptado de WEILL; ROSS, 2006) ...... 53

    Tabela 3Publicaes e processos ITIL (ITSMF, 2007) .......................................... 70

    Tabela 4 - Modelos e melhores prticas de mercado: descrio e aplicabilidade ..... 90

    Tabela 5Domnios e processos do COBIT e o que necessrio incluir no modelo

    em construo ......................................................................................................... 120

    Tabela 6Domnio Investment Management (IM) e respectivos processos do VAL

    IT e o que necessrio incluir no modelo ............................................................... 123

    Tabela 7Domnio Portfolio Management (PM) e respectivos processos do VAL IT

    e o que necessrio incluir no modelo ................................................................... 125

    Tabela 8Domnio Value Governance (VG) e respectivos processos do VAL IT e o

    que necessrio incluir no modelo ......................................................................... 126

    Tabela 9Atendimento aos requisitos ................................................................... 147

    Tabela 10Entrevistados e respectivas reas ....................................................... 151

    Tabela 11Sntese do estudo de caso da Carros ................................................. 187

    Tabela 12Validao dos requisitos ...................................................................... 193

  • 5/21/2018 Dissertacao Ana C Riekstin

    11/209

    11

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    AMT Advanced Manufacturing Technology

    APS Advanced Planning Schedule

    ARC Advisory Group

    AS/RS Automatic Storage/Retrieval Systems

    BSC Balanced Scorecard

    CAD Computer Aided Design

    CAE Computer Aided Engineering

    CAM Computer Aided Manufacturing

    CAPP Computer Aided Process PlanningCEO Chief Executive Officer

    CIM Computer Integrated Manufacturing

    CIO Chief Information Officer

    CISR Center for Information Systems Research

    C-MES Collaborative MES (Manufacturing Execution Systems)

    CMMi Capability Maturity Model Integration

    CMMi-ACQ Capability Maturity Model Integration - for AcquisitionCMMi-DEV Capability Maturity Model Integration - for Development

    CMMi-SVC Capability Maturity Model Integration - for Services

    CNC Computer Numerical Control

    COBIT Control Objectives for Information and related Technology

    COO Chief Operations Officer

    CPAS Collaborative Process Automation System

    DNC Distributed Numerical Control

    EAM Enterprise Asset Management

    ERP Enterprise Resource Planning

    eSCM The eSourcing Capability Model

    eSCM-CL The eSourcing Capability Model for Client Organization

    eSCM-SP The eSourcing Capability Model for Service Providers

    FCS Fatores Crticos de Sucesso

    ISA International Society of Automation

    ISACA Information Systems Audit and Control Association

    ITGAP IT Governance Assessment Process

  • 5/21/2018 Dissertacao Ana C Riekstin

    12/209

    12

    ITGI IT Governance Institute

    ITIL Information Technology Infrastructure Library

    LAN Local Area Network

    MES Manufacturing Execution Systems

    MESA Manufacturing Enterprise Solution Association

    MIT Massachusetts Institute of Technology

    MPS.BR Melhoria de Processos do Software Brasileiro

    MRP Materials Requirement Planning

    MRP II Manufacturing Resources Planning

    NC Numerical Control

    OCDE Organizao para Cooperao e Desenvolvimento Econmico

    OPM3 Organizational Project Management Maturity Model

    P3M3 Portfolio, Programme & Project Management Maturity Model

    PIMS Plant Information Management

    PLC Programmable Logical Controller

    PLM Product Lifecycle Management

    PMBoK Project Management Body of Knowledge

    PRINCE2 Project in Controlled EnvironmentsSCADA Supervisory Control and Data Acquisition

    SME Society of Manufacturing Engineers

    SOFTEX Sociedade para Promoo da Excelncia do Software Brasileiro

    TOGAF The Open Group Architecture Framework

    WAN Wide Area Network

  • 5/21/2018 Dissertacao Ana C Riekstin

    13/209

    13

    SUMRIO

    1 Introduo ........................................................................................................... 17

    1.1.Motivao ........................................................................................................... 19

    1.2.Objetivos ............................................................................................................. 20

    1.3.Mtodo de Pesquisa ........................................................................................... 20

    1.4.Trabalhos relacionados....................................................................................... 23

    1.5.Organizao do trabalho ..................................................................................... 24

    2 Viso Geral de Conceitos ................................................................................... 26

    2.1.Informao .......................................................................................................... 27

    2.2.Tecnologia da Informao .................................................................................. 27

    2.2.1

    Estratgia de TI e negcio ........................................................................... 28

    2.2.2 Entendimento da posio da TI dentro da empresa ..................................... 31

    2.2.2.1 Fatores Crticos de Sucesso ..................................................................... 31

    2.2.2.2 Estgio de Informatizao da Empresa .................................................... 32

    2.2.2.3 Centralizao ou Descentralizao de TI.................................................. 32

    2.2.2.4 Organizao da rea de TI ....................................................................... 33

    2.3.Produo ............................................................................................................ 35

    2.3.1

    Eficincia, eficcia e produtividade .............................................................. 36

    2.3.2 Gesto da produo ..................................................................................... 36

    2.3.3 Automao ................................................................................................... 37

    2.3.4 Integrao tecnolgica ................................................................................. 38

    2.3.4.1 Modelos para integrao tecnolgica ....................................................... 40

    2.4.Governana ........................................................................................................ 47

    2.4.1 Governana de TI ........................................................................................ 49

    2.4.1.1

    Modelos de Governana de TI .................................................................. 56

    2.4.1.2 Modelos e melhores prticas que apoiam a Governana de TI ................ 61

    2.1.4.2.1 COBIT .................................................................................................... 63

    2.1.4.2.2 Val IT ..................................................................................................... 65

    2.1.4.2.3 CMMI ..................................................................................................... 67

    2.1.4.2.4 ITIL ........................................................................................................ 69

    2.1.4.2.5 ISO/IEC 20000....................................................................................... 72

    2.1.4.2.6

    ISO 27000 ............................................................................................. 73

    2.1.4.2.7 eSCM-SP e eSCM-CL ........................................................................... 75

  • 5/21/2018 Dissertacao Ana C Riekstin

    14/209

    14

    2.1.4.2.8 PMBoK .................................................................................................. 77

    2.1.4.2.9 PRINCE2 ............................................................................................... 80

    2.1.4.2.10 Balanced Scorecard.............................................................................. 81

    2.1.4.2.11

    Seis Sigma ............................................................................................ 84

    2.1.4.2.12 TOGAF .................................................................................................. 85

    2.1.4.2.13 ISO/IEC 38500....................................................................................... 87

    2.1.4.2.14 Analise Comparativa Geral dos Modelos de Governana ..................... 90

    2.4.1.3 Combinao de modelos de governana de TI e melhores prticas ........ 93

    2.5.Alinhamento entre tecnologia aplicada produo e negcio e Governana de

    TI do escritrio ao cho de fbrica ............................................................................ 99

    2.6.

    Consideraes finais do captulo ...................................................................... 105

    3 Descrio do Problema e Especificao de Requisitos .................................... 106

    3.1.Classificao das ferramentas utilizadas em manufatura ................................. 107

    3.2.Requisitos para um modelo de Governana de TI aplicado manufatura ....... 107

    3.3.Consideraes finais do captulo ...................................................................... 111

    4 Modelo de Governana de TI Proposto ............................................................ 112

    4.1.Anlise do COBIT ............................................................................................. 120

    4.2.

    Anlise do Val IT ............................................................................................... 123

    4.3.Detalhamento de acordo com ITIL, ISO 27000, PMBoK, PRINCE2 e TOGAF . 128

    4.3.1 Gerenciamento de projetos ........................................................................ 129

    4.3.2 Transio e Operaes .............................................................................. 130

    4.3.2.1 Gerenciamento de nveis de servio ....................................................... 131

    4.3.2.2 Gerenciamento de capacidade ............................................................... 132

    4.3.2.3 Gerenciamento de disponibilidade .......................................................... 132

    4.3.2.4

    Gerenciamento de continuidade ............................................................. 133

    4.3.2.5 Gerenciamento de segurana ................................................................. 133

    4.3.2.6 Gerenciamento de fornecedores ............................................................. 135

    4.3.2.7 Gerenciamento financeiro ....................................................................... 135

    4.3.2.8 Gerenciamento de mudanas ................................................................. 135

    4.3.2.9 Gerenciamento de liberaes ................................................................. 136

    4.3.2.10 Gerenciamento de configurao ............................................................. 137

    4.3.2.11 Gerenciamento de eventos ..................................................................... 137

    4.3.2.12 Service Desk........................................................................................... 137

    4.3.2.13 Gerenciamento de incidentes ................................................................. 138

  • 5/21/2018 Dissertacao Ana C Riekstin

    15/209

    15

    4.3.2.14 Gerenciamento de requisies ............................................................... 138

    4.3.2.15 Gerenciamento de problemas ................................................................. 139

    4.3.3 Arquitetura .................................................................................................. 139

    4.3.4

    Qualidade ................................................................................................... 140

    4.3.5 Recursos Humanos .................................................................................... 140

    4.4.Detalhamento de acordo com eSCM-SP / eSCM-CL e CMMi .......................... 141

    4.4.1 Terceirizao .............................................................................................. 141

    4.5.Detalhamento dos mecanismos relacionais e abordagens de comunicao .... 143

    4.5.1 Gerentes de relacionamento ...................................................................... 143

    4.5.2 Planejamento de comunicao .................................................................. 143

    4.5.3

    Planejamento de treinamentos ................................................................... 144

    4.5.4 Documentao de sistemas e processos ................................................... 145

    4.6.Metas de desempenho do negcio ................................................................... 145

    4.7.Mtricas e responsabilidades de TI .................................................................. 145

    4.8.Modelo proposto ............................................................................................... 147

    4.9.Consideraes finais do captulo ...................................................................... 149

    5 Estudo de Caso ................................................................................................ 151

    5.1.

    A indstria automobilstica ................................................................................ 154

    5.1.1 Brasil .......................................................................................................... 155

    5.2.A Tecnologia da Informao na indstria automobilstica ................................. 156

    5.3.A Empresa Estudada ........................................................................................ 157

    5.4.A TI na empresa Carros .................................................................................... 158

    5.5.Estado atual da Governana de TI na empresa estudada ................................ 158

    5.5.1 Estratgia de manufatura ........................................................................... 160

    5.5.2

    Organizao de TI e comportamentos desejveis ..................................... 160

    5.5.3 Arranjos de Governana de TI ................................................................... 161

    5.5.4 Mecanismos de Governana de TIEstruturas organizacionais .............. 162

    5.5.5 Mecanismos de Governana de TIProcessos de alinhamento .............. 164

    5.5.5.1 Mecanismos de Governana de TI Processos de alinhamento

    Processos de Gerenciamento de Projetos .............................................................. 171

    5.5.5.2 Mecanismos de Governana de TI Processos de alinhamento

    Operaes ............................................................................................................... 172

    5.5.5.3 Mecanismos relacionais e abordagens de comunicao ........................ 181

    5.5.5.4 Metas de desempenho do negcio ......................................................... 182

  • 5/21/2018 Dissertacao Ana C Riekstin

    16/209

    16

    5.5.5.5 Mtricas e responsabilidades de TI ........................................................ 183

    5.6.Estado desejado da Governana de TI na empresa estudada e como a empresa

    pretende alcan-lo ................................................................................................. 184

    5.7.

    Consideraes finais do captulo ...................................................................... 185

    6 Validao do Modelo proposto ......................................................................... 186

    6.1.Anlise de Requisitos ....................................................................................... 186

    6.2.Anlise do Uso do Modelo Proposto para o Estudo de Caso ........................... 187

    6.3.Anlise do Estudo de Caso ............................................................................... 194

    6.4.Anlise da Aplicabilidade do Modelo de Governana Proposto para Outros

    Setores da Indstria ................................................................................................ 195

    6.5.

    Principais Consideraes do Captulo .............................................................. 195

    7 Consideraes Finais ....................................................................................... 196

    7.1.Principais contribuies .................................................................................... 198

    7.2.Limitaes e trabalhos futuros .......................................................................... 198

    7.3.Inovao deste trabalho.................................................................................... 199

    8 Referncias ....................................................................................................... 200

  • 5/21/2018 Dissertacao Ana C Riekstin

    17/209

    17

    1 INTRODUO

    A informao exerce um papel cada vez mais importante nas organizaes (SOUZA;

    PEREIRA, 2008) e, conforme, se torna um ativo mais estratgico, o papel daTecnologia da Informao (TI) tende a assumir posies mais importantes dentro da

    empresa, devendo ser administrada como so os negcios, com processos, metas e

    mtricas de controle.

    Quanto mais estratgico o papel da TI, e quanto mais estratgica a TI, mais

    importante o alinhamento estratgico entre ela e os negcios.

    De acordo com o COBIT (ITGI, 2007, p. 09), o alinhamento trata de:

    Garantir a ligao entre os planos de negcios e de TI, definindo,

    mantendo e validando a proposta de valor de TI, alinhando as

    operaes de TI com as operaes da organizao.

    Este alinhamento, de acordo com Henderson e Venkatraman (1993) pode ter a

    estratgia do negcio como fator motivador ou a estratgia de TI como habilitador,

    buscando explorar como a TI pode criar ou melhorar a estratgia do negcio.

    Dentro do cenrio altamente competitivo de hoje, a demanda por produtos de alta

    qualidade e baixo custo com tempos baixos de desenvolvimento levou as indstrias

    a considerarem novas estratgias de desenvolvimento de produtos, processos e

    gesto do negcio e, com estas estratgias, a TI se desenvolveu buscando a

    integrao das atividades, eficincia e eficcia (VERNADAT, 1996).

    Desta forma, o mundo industrial tem passado por muitas mudanas e o cenrio deTI tornou-se complexo, composto por diferentes ambientes, inclusive o de

    produo1, cujo o objetivo a fabricao de bens manufaturados, a prestao de

    servios ou o fornecimento de informaes (MARTINS; LAUGENI, 2006).

    1 Produo o processo de transformao pelo qual insumos so transformados em produtos ou

    servios com maior valor econmico que os insumos (MOROR, 2008)

  • 5/21/2018 Dissertacao Ana C Riekstin

    18/209

    18

    Na grande maioria das indstrias, a TI est presente no escritrio, nas reas de

    desenvolvimento de produtos e processos e na linha de produo propriamente dita

    (automao2). Em busca de maior competitividade e do atendimento das

    necessidades sociais, econmicas e ambientais, a indstria vem empregando cada

    vez mais automao (GUEDES et al., 2008), cujo principal objetivo acelerar o

    processo de produo e obter produtos com qualidade.

    No incio, os sistemas de automao limitavam-se ao monitoramento e controle de

    partes especficas do processo, em busca de viabilizar operaes remotas no

    assistidas (SOUZA; PEREIRA, 2008). Este campo de atuao foi expandido e os

    sistemas passaram a lidar com grandes quantidades de dados. (GUEDES et al.,2008). A automao, presente nas vrias etapas do negcio, permite a gerao de

    informaes teis operao e manuteno, suportando a tomada de decises

    (SOUZA; PEREIRA, 2008).

    importante uma abordagem corporativa e sistmica tanto para sistemas utilizados

    em escritrio, quanto para sistemas utilizados em cho de fbrica (SOUZA;

    PEREIRA, 2008). A TI deve andar lado a lado com os processos de negcio, de

    forma que os investimentos em tecnologia sejam voltados gerao de valor para o

    negcio.

    Como forma de gerar valor ao negcio, atuando de forma alinhada, existe a

    Governana de TI. possvel estend-la para as diversas funes de uma

    organizao (SILVA, 2009). No entanto, ainda so poucas as iniciativas como a de

    Silva (2009), que buscam estender a Governana de TI para o cho de fbrica,

    proporcionando uma estrutura decisria, de processos e mecanismos relacionais

    integrados.

    No complexo mbito industrial, a TI capaz de influir no ganho de produtividade,

    pois permite o desenvolvimento de produtos e de processos de forma mais eficiente,

    facilita a difuso de inovaes e possibilita economias de escala atravs da cadeia

    2 Groover (2008) define automao como a tecnologia pela qual um processo ou procedimento

    realizado sem interveno humana. implementada usando um conjunto de instrues e um sistema

    de controle que as executa.

  • 5/21/2018 Dissertacao Ana C Riekstin

    19/209

    19

    produtiva. Ambientes integrados tecnologicamente podem trazer diversas vantagens

    competitivas por prover informaes confiveis e suportar a manufatura lean

    (enxuta), gil e concorrente (NAGALINGAM, 2008).

    Apesar desta complexidade, j existem iniciativas de integrao (arquitetura de

    automao) e governana unindo estes diferentes ambientes (SILVA, 2009;

    HOLLENDER, 2009; MESA, s.d). As indstrias que tm alcanado os maiores

    benefcios esto convergindo suas estruturas nas reas de arquitetura e

    infraestrutura de TI e de automao, estruturas para projetos destas reas e novas

    estruturas organizacionais (FRASER; ZIMMERMANN, 2007).

    1.1. Motivao

    Unir as diferentes subreas de TI existentes em diferentes departamentos ou

    divises de uma indstria pode trazer benefcios para o negcio como um todo,

    como:

    Aumento da eficincia e lucratividade;

    Reduo de custos;

    Reduo de erros por entrada manual de dados;

    Reduo de esforo duplicado de manter equipamentos e servios em

    departamentos separados (mo de obra e equipamentos) (FRASER;

    ZIMMERMANN, 2007; MIKLOVIC, 2008; SOMMER, 2008).

    As indstrias que tm alcanado os maiores benefcios esto convergindo os

    ambientes no apenas atravs de estruturas para projetos, mas criando novas

    estruturas organizacionais e processos, expandindo a Governana de TI a

    Governana de TI motivada por diversos fatores, como a dependncia do negcio

    em relao a TI, os marcos regulatrios, a necessidade de segurana da

    informao, o prprio contexto de negcios e a necessidade de integrao

    tecnolgica (FERNANDES; ABREU, 2008).

  • 5/21/2018 Dissertacao Ana C Riekstin

    20/209

    20

    Albertin e Albertin (2010) comentam que o tema de Governana de TI encontra-se

    em fase de amadurecimento e de consolidao, alm de ser um mercado ainda

    carente de projetos implantados e com muitas divergncias sobre o que ter um

    modelo de Governana de TI, que muitas vezes fica restrito implementao de

    melhores prticas como COBIT ou ITIL.

    Brown e Grant (2005) comentam que ainda h espao para estudos empricos em

    Governana de TI. Larsen et al. (2006) comentam que estudos de caso em

    profundidade e uma viso geral das ferramentas de governana so necessrias.

    Alm disto, Panetto e Molina (2008) comentam que existem diversos desafios de

    pesquisa no campo da integrao em manufatura, como a pesquisa alinhada entreestratgia de negcios e tecnologia, reuso de boas prticas e teorias neste ambiente

    e interoperabilidade entre arquiteturas de TI e de automao.

    1.2. Objetivos

    Dentro deste contexto, proposto neste trabalho um modelo de governana para

    todos os ambientes nos quais a TI est presente nas indstrias e tem por objetivo

    responder como integrar a Governana de TI atravs de um modelo,

    considerando sua utilizao em processos corporativos e de produo?,

    levando em conta os requisitos de cada ambiente dentro do ramo industrial, um claro

    exemplo de ambiente em que a infraestrutura de tecnologia para processos

    administrativos e de produo convivem no dia-a-dia.

    1.3. Mtodo de Pesquisa

    O presente trabalho tem como tema a Governana de TI englobando pessoas,

    processos e ferramentas corporativas, bem como ferramentas utilizadas para a

    automao de processos industriais. Para tal, foi realizado um extenso levantamento

    bibliogrfico sobre sistemas de produo, automao, tecnologia da informao,

    Governana da Tecnologia da Informao, modelos de mercado e sobre a unio daautomao com a tecnologia da informao. Foi proposto, ento, um modelo de

  • 5/21/2018 Dissertacao Ana C Riekstin

    21/209

    21

    governana que busca alinhar estes dois mundos, considerando as melhores

    prticas estudadas.

    A pergunta de pesquisa pode ser descrita da seguinte forma: como integrar aGovernana de TI atravs de um modelo, considerando sua utilizao em

    processos corporativos e de produo?.

    Para testar o modelo proposto, a questo ser tratada de forma descritiva e

    qualitativa, empregando como abordagem metodolgica um estudo de caso3.

    Quando a questo de pesquisa como ou porque, quando o pesquisador tem

    pouco controle sobre os eventos e quando o foco um acontecimento

    contemporneo, Yin (2005) comenta que os estudos de caso so a estratgia

    preferida. Palena et al.(2006) comenta que um estudo de caso apropriado quando

    existe uma histria nica e interessante a ser contada, sendo uma metodologia

    capaz de oferecer um panorama completo sobre o que acontece e por qu.

    De acordo com Clever (2000) et al. apudLaurindo (2000), os estudos de caso tm

    sido bastante usados nas pesquisas em TI. De acordo com Albertin e Albertin

    (2010), a estratgia de pesquisa de estudo de caso tem contribudo para acompreenso de fenmenos organizacionais, alm de ser muito utilizada nas reas

    de administrao, pois permite um estudo que preserva as caractersticas holsticas

    de processos organizacionais e administrativos.

    Dentro do contexto do presente trabalho, foi realizado um estudo de caso aplicado a

    uma nica empresa, permitindo um maior aprofundamento no assunto da

    Governana de TI aplicada do escritrio ao cho de fbrica. Foi possvel investigar o

    modelo de um exemplo representativo que oferece um panorama completo de como

    a governana em uma indstria.

    3 Estudos de casos podem ser caracterizados como pesquisas exploratrias, por prover ao

    pesquisador e sua audincia um maior conhecimento sobre o tema, relacionando um caso real s

    teorias do assunto (MIGUEL, 2007).

  • 5/21/2018 Dissertacao Ana C Riekstin

    22/209

    22

    Para o levantamento dos dados, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas4

    com diferentes profissionais dentro da empresa estudada, possibilitando uma maior

    flexibilidade na formulao das perguntas, alm de anlises documentais e

    observaes diretas.

    De acordo com Yin (2005), a vulnerabilidade em potencial de um caso nico que o

    mesmo pode acabar no sendo o caso que se pensava no incio, de forma que se

    exige uma investigao inicial para minimizar as chances de uma representao

    equivocada.

    O processo de conduo de um estudo de caso segue o mesmo processo geral que

    outros mtodos de pesquisa, incluindo as fases de: planejamento, coleta de dados,

    anlise dos dados e concluses (PALENA et al., 2006).

    Neste trabalho, considerado o seguinte roteiro:

    1. Planejamento: identificar as pessoas envolvidas e locais a serem visitados;

    identificar as informaes necessrias e fontes; identificar documentos

    importantes; listar as pessoas a serem entrevistadas.

    2. Desenvolvimento dos protocolos para entrevistas: o que perguntar listar

    perguntas para os diferentes envolvidos, buscando questes que verifiquem a

    consistncia das respostas; o que dizer aos entrevistados no incio, durante e

    para encerrar a conversa; o que fazer durante a entrevista (anotaes,

    gravao); o que fazer aps a entrevista.

    3. Investigao inicial: trocar informaes sobre o estudo com os futuros

    entrevistados para minimizar as chances de uma representao equivocada.

    4Uma entrevista semi-estruturada possui um roteiro com perguntas bsicas e principais que pode ser

    complementado com novos questionamentos que surgirem durante a interao com o entrevistado

    para atingir o objetivo da pesquisa, de forma que o pesquisador possui um planejamento, mas novas

    informaes podem emergir de forma mais livre (MANZINI, 2004).

  • 5/21/2018 Dissertacao Ana C Riekstin

    23/209

    23

    4. Agendamento e estimativa de tempo de cada encontro necessrio,

    entrevistando o nmero adequado de pessoas envolvidas em diferentes

    funes de TI e de reas de negcio.

    5. Coleta de dados: conduzir as entrevistas; coletar documentos.

    6. Anlise dos dados: revisar dados coletados; analisar modelo proposto versus

    situao estudada.

    7. Concluso: escrever relatrio do estudo; solicitar feedback aos envolvidos;

    revisar modelo proposto.

    1.4. Trabalhos relacionados

    Discusses acerca da integrao dos diferentes ambientes de TI na rea de

    manufatura tm sido realizadas por pesquisadores, institutos e empresas do ramo.

    Estes trabalhos so discutidos na seo2.3.4 (Integrao tecnolgica).

    A TI tem se tornado mais estratgica e o tema Governana de TI estamadurecendo e sendo consolidado. Diversos trabalhos acadmicos buscaram

    definies, formas de alinhamento entre o negcio e TI, modelos, combinaes de

    modelos e aplicaes. O assunto tratado na seo2.4.1 (Governana de TI).

    Os trabalhos publicados por Fraser e Zimmermann (2007), Miklovic (2008) e

    Sommer (2008) buscaram entender o estado atual de integrao entre as reas de

    TI e automao, bem como a forma com que est sendo realizada a integrao dos

    trabalhos entre as reas, atravs de processos, estruturas e tecnologias. Os

    resultados dos estudos so detalhados na seo2.5.

    Unindo os dois mundos, aplicando a Governana de TI aos diferentes ambientes de

    manufatura, Silva (2009) prope um mecanismo para estender a Governana de TI

    at o cho de fbrica em indstrias trabalhando com a camada MES (Manufacturing

    Execution Systems). A proposta do modelo MES integrar os sistemas de

    automao do cho de fbrica aos sistemas de gesto atravs de um conjunto defuncionalidades. Por conta desta caracterstica, o autor defende a extenso da

  • 5/21/2018 Dissertacao Ana C Riekstin

    24/209

    24

    Governana TI at o cho-de-fbrica iniciando pelo estabelecimento de processos

    para suportar o planejamento dos investimentos em sistemas, considerando o

    alinhamento entre TI e negcio como um aspecto chave.

    O trabalho utiliza o modelo de alinhamento de Rockhart e sugere os seguintes

    passos: executivos identificam aspectos fundamentais para o negcio (fatores

    crticos de sucesso), definem indicadores para os fatores identificados e derivam

    requisitos e necessidades do MES. Desta forma, busca-se estender os limites da

    Governana de TI em indstrias desde o nvel administrativo at o cho de fbrica

    endereando o processo de planejamento de investimentos na camada MES.

    AFigura 1 descreve a relao entre os trabalhos conforme descrito acima.

    Integrao tecnolgica

    Governana de TIaplicada do escritrio

    ao cho de fbrica

    Convergncia atravsde estruturas, processos e

    tecnologias

    Silva (2009) e pesquisassobreGovernana de TI

    Fraser e Zimmermann (2007),Miklovic (2008) e Sommer

    (2008)

    Pesquisas sobreintegraotecnolgica

    1.5. Organizao do trabalho

    Este trabalho est organizado da seguinte forma:

    Captulo 1 Introduo: captulo corrente que trata da contextualizao,

    motivao, objetivos, mtodo de pesquisa, trabalhos relacionados,

    organizao do presente trabalho e cronograma;

    Captulo 2 Referencial terico: captulo que discorre a respeito de:tecnologia da informao e seu alinhamento com o negcio, a respeito de

    Figura 1Trabalhos relacionados

  • 5/21/2018 Dissertacao Ana C Riekstin

    25/209

    25

    conceitos de produo, incluindo gesto da produo e automao, sobre a

    convergncia entre sistema de informao e automao em um ambiente de

    produo e a respeito da Governana de TI, conceitos, principais modelos,

    combinaes entre eles e formas de implementao;

    Captulo 3Modelo proposto: apresenta o modelo de governana proposto

    para a convergncia entre todos os sistemas de TI existentes em um

    ambiente de produo;

    Captulo 4Apresentao do estudo de caso: descreve o estudo de caso

    realizado;

    Captulo 5Anlise do estudo de caso: anlise das informaes levantadas

    e comparao com o modelo sugerido;

    Captulo 6 Consideraes finais: neste captulo apresentada uma

    avaliao dos resultados obtidos, as contribuies e limitaes deste trabalho

    e possveis trabalhos a serem desenvolvidos futuramente.

  • 5/21/2018 Dissertacao Ana C Riekstin

    26/209

    26

    2 VISO GERAL DE CONCEITOS

    O desenvolvimento de um modelo de governana de Tecnologia da Informao que

    abranja os diferentes ambientes de uma indstria, demanda o estudo de diversostpicos, incluindo a tecnologia da informao em si, aspectos de produo e

    Governana de TI.

    Este captulo discorre a respeito de aspectos relevantes destes tpicos, fornecendo

    o suporte necessrio para o desenvolvimento do modelo. Os tpicos abordados

    neste captulo so os seguintes:

    Informao: importncia da informao dentro das empresas;

    Tecnologia da Informao: dada a importncia da informao para as

    empresas, a tecnologia da informao tem se desenvolvido muito, sendo

    importante entender seu posicionamento dentro da empresa e buscar o

    alinhamento da TI com o negcio;

    Produo: como o trabalho trata da elaborao de um modelo que englobe

    as tecnologias de todos os ambientes dentro de uma indstria, importante

    entender o que h de tecnologia no ambiente de produo e como se d a

    integrao das informaes geradas neste ambiente ao ambiente de

    escritrio;

    Governana de TI: tendo definidos os conceitos de TI e produo,

    necessrio entender as definies, modelos e melhores prticas, alm da

    combinao entre melhores prticas de Governana de TI para o

    desenvolvimento de um modelo que englobe os diferentes ambientes de uma

    indstria;

    Alinhamento entre tecnologia aplicada produo e negcio e

    Governana de TI do escritrio ao cho de fbrica: por fim, importante

    entender o que tem sido desenvolvido para a unio dos diferentes ambientes

    de uma indstria em um nico modelo de governana, suas dificuldades e

    melhores prticas.

  • 5/21/2018 Dissertacao Ana C Riekstin

    27/209

    27

    2.1. Informao

    A informao5 exerce um papel cada vez mais importante nas organizaes

    (SOUZA; PEREIRA, 2008), tendo se tornado um dos ativos mais valiosos para asempresas. Ela organizada, analisada e interpretada para possuir um significado

    dentro das prticas de trabalho nas quais est inserida. A informao ganha valor

    dentro da execuo do trabalho para explorar oportunidades ou resolver problemas

    (BROWN; DUGUID, 1991).

    A revoluo da informao, de acordo com Porter e Millar (1985), inevitvel e tem

    alterado a forma de competir das empresas de trs maneiras:

    Muda a estrutura da indstria e altera as regras de competio;

    Permite que as empresas criem outras formas de superar seus competidores,

    gerando vantagens competitivas e

    Possibilita a criao de novos negcios, partindo de operaes j existentes

    nas empresas.

    2.2. Tecnologia da Informao

    Conforme a informao torna-se um ativo mais estratgico, o papel da Tecnologia

    da Informao (TI) tende a assumir posies mais relevantes dentro da empresa.

    Carr (2005) comenta que o termo "Tecnologia da Informao" bastante amplo. De

    acordo com o senso comum atual, tecnologia da informao denota as tecnologias

    usadas para processar, armazenar e transportar informao em meio digital.

    De acordo com Souza e Pereira (2008), o termo TI refere-se ao conjunto de

    recursos tecnolgicos e computacionais para gerao e uso da informao, estando

    fundamentada nos seguintes componentes:

    5Informao o que as pessoas e os sistemas devem possuir para executar as tarefas necessrias

    em uma organizao (BRAGANZA, 2004).

  • 5/21/2018 Dissertacao Ana C Riekstin

    28/209

    28

    Hardwaree seus dispositivos perifricos;

    Software e seus recursos;

    Sistemas de telecomunicaes e;

    Gesto de dados e informaes.

    Laurindo (2000), por sua vez, adota um conceito mais amplo, incluindo o uso de

    hardware e software, telecomunicaes, automao, recursos multimdia e todos os

    outros recursos materiais/computacionais e de pessoal, centralizados ou no,

    considerando tambm sistemas de informao, servios, negcios, usurios e

    relaes envolvidas. O autor comenta, ainda, que alguns autores fazem distino

    entre Tecnologia da Informao (TI) e Sistemas de Informao (SI) da seguinte

    forma:

    Tecnologia da Informao:corresponde a aspectos tcnicos;

    Sistemas de informao: envolvem fluxo de trabalho, pessoas e

    informaes.

    Henderson e Venkatraman (1993) usam o termo Tecnologia da Informao

    abrangendo ambos os aspectos. Porter e Millar (1985) tambm consideram a

    Tecnologia da Informao como um conceito mais amplo, sendo mais que apenas

    computadores, devendo incluir as informaes que o negcio gera e usa, bem como

    as novas tecnologias utilizadas para processar as informaes.

    2.2.1 Estratgia de TI e negcio

    Quanto mais as operaes dirias e as estratgias corporativas dependem da TI,

    mais importante o papel estratgico dela. Este papel pode variar desde o suporte

    administrativo (em que o uso da TI no influi nas estratgias de negcio) at uma

    posio estratgica (em que as estratgias de TI e de negcio so tratadas

    conjuntamente) (MORAES; LAURINDO, 2003).

  • 5/21/2018 Dissertacao Ana C Riekstin

    29/209

    29

    O quadrante representado naFigura 2 descreve os diferentes estgios em que a TI

    pode estar dentro de uma empresa (FERNANDES; ABREU, 2008).

    Fbrica

    A empresa possui um conjunto de

    aplicaes de TI das quais depende o

    bom funcionamento do negcio

    In vestimentos so mais voltados a

    incrementos de eficincia e eficcia de

    aplicaes j existen tes, ao invs do

    desenvolvimento de novas

    Estratgico

    As estratgias de TI e de negcio so

    tratadas conjun tamente

    O uso da TI tem alto potencial de

    modificar o negcio, bem como gerar

    novos negcios e formas de competio

    Suporte

    O uso da TI no influi nas estratgias de

    negcio

    Novas aplicaes de TI tm poucaschances de causar impacto estratgico

    no negcio e no so alvo deinvestimentos da empresa

    Transio

    O portfolio de TI da empresa est

    migrando de apl icaes com foco em

    eficincia para aplicaes com foco emeficcia e impacto estratgico no

    negcio Novas aplicaes de TI tm alto

    potencial de impacto estratgico no

    negcio

    Alto

    Baixo

    Alto Baixo

    ImpactoPresente

    Impacto Futuro

    Quanto mais estratgica a TI, mais importante o alinhamento estratgico entreela e os negcios. Alinhamento o grau de compromisso do grupo de TI para com

    as prioridades do negcio, a alocao de recursos e a realizao, tanto de projetos,

    quanto a entrega de solues, consistentes com os objetivos do negcio

    (RODRIGUES et al., 2009). De acordo com o COBIT (ITGI, 2007, p. 09),

    alinhamento trata de:

    Garantir a ligao entre os planos de negcios e de TI, definindo,

    mantendo e validando a proposta de valor de TI, alinhando as

    operaes de TI com as operaes da organizao.

    Fernandes e Abreu (2008) definem alinhamento como o processo de transformar a

    estratgia do negcio em estratgias e aes de TI que garantam que os objetivos

    de negcio sejam apoiados. O alinhamento estratgico pode ser bidirecional, ou

    seja, da estratgia do negcio para a estratgia de TI e da estratgia de TI para a

    estratgia do negcio, pois a estratgia de TI pode potencializar estratgias denegcio ou mesmo viabilizar partes dela.

    Figura 2Estgios da TI dentro de uma empresa (FERNANDES; ABREU, 2008)

  • 5/21/2018 Dissertacao Ana C Riekstin

    30/209

    30

    Henderson e Venkatraman (1993), cujo trabalho sobre alinhamento entre TI e o

    negcio bastante reconhecido na rea, propuseram um esquema de alinhamento

    que contempla esta via de mo dupla, como representa aFigura 3.

    De acordo com os autores, existem quatro perspectivas de alinhamento dominantes.

    As duas primeiras tm a estratgia de negcio como fator motivador. A primeira

    perspectiva chama-se execuo da estratgia, em que a estratgia do negcio

    influencia a infraestrutura organizacional que, por sua vez, influencia a infraestruturade TI. a perspectiva mais usual.

    A segunda perspectiva chamada de transformao tecnolgica em que a TI

    surge como viabilizadora de estratgias de negcio. Neste caso, a empresa busca

    as melhores competncias de TI, como o caso de uma empresa tradicional que

    passe a atuar na Internet.

    Figura 3Modelo de alinhamento estratgico (HENDERSON; VENKATRAMAN, 1993)

  • 5/21/2018 Dissertacao Ana C Riekstin

    31/209

    31

    As outras duas perspectivas tm a estratgia de TI como habilitador, buscando

    explorar como a TI pode criar ou melhorar a estratgia do negcio. A terceira

    perspectiva chamada de potencial competitivo e trata do uso da TI para criar

    novas estratgias de negcio, como no caso de uma empresa puramente virtual.

    A quarta perspectiva chamada nvel de servio e foca em como construir uma

    organizao de servios de TI de alto nvel para atender a demandas do cliente.

    Neste caso, a estratgia do negcio tem um papel indireto e busca identificar formas

    de estimular a demanda por parte do cliente.

    Alinhamento estratgico no um evento, mas um processo contnuo de mudana e

    adaptao (ADACHI, 2008). O ITGI (2005) enfatiza que as organizaes precisam

    realizar o alinhamento entre a TI e o negcio para evitar um descompasso entre as

    estratgias.

    2.2.2 Entendimento da posio da TI dentro da empresa

    Para entender a relao da TI com o negcio levando em conta os fatoresestruturais da empresa e da organizao de TI existem diversas ferramentas, como

    estudado por Laurindo (2000) para definir o modelo que o autor denominou MAN/TI,

    um modelo de anlise da organizao e estruturao da TI nas empresas, que

    concatena diversas dessas ferramentas:

    1. Fatores crticos de sucesso da empresa;

    2. Estgio de informatizao da empresa;

    3. Centralizao ou descentralizao da TI;

    4. Organizao da rea de TI;

    2.2.2.1 Fatores Crticos de Sucesso

    O mtodo dos FCS (Fatores Crticos de Sucesso)proposto por Rockhart sugere a

    anlise do ramo de atuao da empresa (ou da rea avaliada), a identificao dos

  • 5/21/2018 Dissertacao Ana C Riekstin

    32/209

    32

    Fatores Crticos de Sucesso (FCS), a definio de metas para estes FCS e sistemas

    de informao que controlaro estas medidas, sendo, por isto, uma forma de avaliar

    a eficcia de TI na empresa. Uma alternativa a este mtodo seria o Balanced

    ScoreCard(BSC) de Kaplan e Norton (1996), descrito na seo2.4.1.2.

    2.2.2.2 Estgio de Informatizao da Empresa

    Quanto ao estgio de informatizao da empresa, o modelo mais conhecido o

    de Nolan. O modelo ilustrado pelaTabela 1.

    Portflio deaplicaes

    Mecanizaoe Reduode Custos

    Proliferao Consolidao SistemasGerenciais

    Conversode aplicaesparaaplicaes debanco dedados

    Integraoaplicaesespelhandofluxo deinformaes

    Organizaodas funesdainformtica

    Aprendizadotecnolgico

    Reorientaofuncional

    Atendimento mdiagerncia

    Estratificaoe adaptao

    Administradorde dados

    Gerncia derecursos dedados

    Planejamen-to e controledainformtica

    Oramentoflexvel

    Oramentomuito flexvel

    Planejamentoe controleformalizados

    Sistemas deplanejamentoe controlesob medida

    Compartilha-mento dedados esistemascomuns

    Planejamentoestratgicode recursosde dados

    Papel dosusurios

    Por fora dojogo

    Entusiasmosuperficial

    Forado aserresponsvel

    Aprendendoa serresponsvel

    Efetivamenteresponsvel

    Aceitao daresponsabili-dadeconjuntaentreusurios e TI

    Estgios Estgio 1Iniciao

    Estgio 2Contgio

    Estgio 3Controle

    Estgio 4Integrao

    Estgio 5Administra-o

    Estgio 6Maturidade

    2.2.2.3 Centralizao ou Descentralizao de TI

    Quanto centralizao ou descentralizao, a anlise da TI e de como a rea

    est organizada relaciona-se a presses por diferenciao, desejo de controle direto

    e ligao do suporte da informtica ao poder (BUCHANAN; LINOWES, 1980 apud

    LAURINDO, 2000). Existe uma tendncia centralizao das estruturas de TI,

    formando os chamados Centros de Servios Compartilhados para funes de

    suporte, com o objetivo de reduzir custos e alavancar competncias crticas

    Tabela 1- Estgios de evoluo da informtica, segundo Nolan (LAURINDO, 2000)

  • 5/21/2018 Dissertacao Ana C Riekstin

    33/209

    33

    (RAMIREZ; ZUCARELLI, s.d.). Algumas funes cuja centralizao pode ser

    interessante so:

    Planejamento e controle da arquitetura de TI, buscando oportunidades depadronizao, otimizando investimentos, garantindo integrao e reduzindo

    custos de suporte;

    Controle da qualidade do servio, buscando garantir aos usurios que a

    centralizao no prejudique a qualidade e o tempo de atendimento, definindo

    os servios prestados, medindo indicadores e alocando os custos dos

    servios s unidades de negcio;

    Gesto dos contratos com terceiros, buscando administrar os contratos de

    terceirizao, controlando o nvel de servios, gerenciando as excees e

    condies para aplicao de multas etc.;

    Definio e divulgao de mtodos para realizao de atividades crticas

    como gerenciamento de projetos, redesenho de processos de negcio,

    desenvolvimento e testes de sistemas.

    Grembergen et al. (2004) comentam que so candidatos centralizao a

    infraestrutura global, os processos para compras da empresa e a segurana.

    Candidatos descentralizao seriam as aplicaes de negcios e as decises

    sobre projetos especficos de unidades de negcios.

    2.2.2.4 Organizao da rea de TI

    No caso da organizao da rea de TI, deve-se tratar a estrutura organizacional,

    que deve estar de acordo com o negcio e com a estratgia de centralizao ou

    descentralizao. Existem, basicamente, trs alternativas, como ilustra aFigura 4.

  • 5/21/2018 Dissertacao Ana C Riekstin

    34/209

    34

    CIO

    Aplicativos denegcio

    Aplicativoscorporativos

    Infraestrutura

    Staff

    CIO

    Unidade 1 Unidade 2 Unidade 3

    Staff

    CIO

    Projetos de TIOperao de

    TI

    Staff

    Negcios relacionados

    Arquitetura de TI compartilhada

    (infraestrutura e aplicaes)

    Negcios no relacionados

    Arquitetura de TI diferente

    Setores dinmicos

    Elevada inovao de

    processo/negcio

    suportada por TI

    Especializao porprocesso / tecnologia

    Especializao por negcioEspecializao por

    tarefa

    O primeiro modelo, especializao por processo ou tecnologia, implica um grau

    de centralizao elevado, devido ao compartilhamento de equipes entre as unidades

    de negcio. Este modelo especialmente adequado quando os negcios da

    empresa esto relacionados e compartilham a mesma arquitetura de TI.

    O segundo modelo, especializao por negcio, sofre uma maior descentralizao

    e adequado quando os negcios so pouco relacionados ou utilizam arquiteturas

    de TI diferentes. Neste caso pode-se ter, por exemplo, os aplicativos especializados

    por unidade de negcio e a infraestrutura compartilhada, centralizada.

    O terceiro modelo, especializao por tarefa, separa a equipe responsvel pela

    operao de TI e a equipe responsvel por projetos, dadas as diferenas entre estas

    duas competncias. um modelo menos comum, adequado para empresas que

    demandam elevada inovao de processo ou negcio suportados por TI.

    Alm destes modelos, existem estruturas matriciais ou hbridas, que combinam os

    critrios de especializao. Pode-se ter, por exemplo, uma estrutura especializada

    por tecnologia com pessoas chave que, em contato com as unidades de negcio,

    buscaro garantir o alinhamento com as necessidades do negcio. Outro exemplo

    seria a criao de equipes de projeto centralizadas para implementao de projetos

    comuns s unidades de negcios ou centros de competncia especializados

    prestando servios para as diferentes unidades de negcio (exemplo: tecnologias

    web) (RAMIREZ; ZUCARELLI, s.d.).

    Figura 4 - Alternativas de estrutura (RAMIREZ; ZUCARELLI, s.d.)

  • 5/21/2018 Dissertacao Ana C Riekstin

    35/209

    35

    O uso eficaz da TI e a integrao entre sua estratgia e a estratgia do negcio vo

    alm da ideia de ferramenta de produtividade. Hoje, o caminho para o sucesso no

    est mais relacionado somente com o hardware e o software utilizados, ou ainda

    com mtodos de desenvolvimento, mas com o alinhamento da TI com a estratgia e

    as caractersticas da empresa e de sua estrutura organizacional.

    De acordo com Henderson e Venkatraman, a falta de habilidade das empresas em

    obter retornos considerveis dos investimentos em TI se deve (ainda que no

    totalmente) falta de coordenao, de alinhamento, entre as estratgias de negcio

    e de TI (LAURINDO, 2000).

    2.3. Produo

    Produo o processo de transformao de insumos em produtos ou servios, com

    maior valor econmico que os insumos. (MOROR, 2008).

    Um processo de produo definido por um conjunto de parmetros, dentre os

    quais esto:

    O que deve ser produzido?

    Como ser produzido (considerando tecnologias, qualidade, mo de obra,

    meio ambiente)?

    Quando ser produzido?

    Quanto deve ser produzido? (HUMPHREY; SCHMITZ, 2004).

    Um sistema6 de produo aquele que tem por objetivo a fabricao de bens

    manufaturados, a prestao de servios ou o fornecimento de informaes

    (MARTINS; LAUGENI, 2006).

    6Sistema um conjunto de elementos inter-relacionados com um objetivo comum composto por trs

    elementos bsicos: as entradas, as sadas e as funes de transformao.

  • 5/21/2018 Dissertacao Ana C Riekstin

    36/209

    36

    De acordo com Groover (2008), um sistema de produo um conjunto de

    pessoas, equipamentos e procedimentos para executar as operaes e manufatura

    de uma organizao.

    Quando se fala em sistema de produo, dois conceitos esto sempre associados:

    eficciae eficincia.

    2.3.1 Eficincia, eficcia e produtividade

    A eficcia est relacionada a como as sadas atendem s metas estabelecidas

    (atingimento do objetivo) e a eficinciaest relacionada ao desempenho com que

    as entradas so transformadas nas sadas (Laurindo, 2002 apudClementi, 2007).

    Por exemplo, deseja-se fazer um bolo a eficcia relaciona-se a conseguir fazer o

    bolo, enquanto a eficincia relaciona-se ao processo de elaborao ser executado

    da melhor forma possvel, economizando recursos.

    Produtividade a relao entre o valor do produto e/ou servio produzido e o custo

    dos insumos para produzi-lo (MARTINS; LAUGENI, 2006). Chiavenato (1983) defineprodutividade como o resultado da produo por um determinado perodo de tempo.

    A produtividade conseqncia direta da eficincia, ou seja, quanto maior a

    eficincia, maior a produtividade.

    De acordo com Martins e Laugeni (2006), uma das caractersticas da fbrica do

    futuro a alta produtividade, com um elevado grau de automao, estando

    organizada em torno da tecnologia.

    2.3.2 Gesto da produo

    A gesto da produo envolve todos os processos relacionados produo em

    uma empresa de manufatura. Um processo estruturado de gesto da produo

    uma alternativa para a obteno de uma boa posio competitiva (FAVARETTO,

    2001).

  • 5/21/2018 Dissertacao Ana C Riekstin

    37/209

    37

    As principais atividades do processo de gesto da produoso o planejamento e

    a programao das atividades e o controle da produo (CORREA, 1997 apud

    FAVARETTO, 2001).

    Os sistemas de gesto da produo devem gerir o que, quando, quanto e como

    produzir. Alguns problemas apresentados por este tipo de sistema referem-se

    qualidade das informaes de entrada (por exemplo, nveis de estoque), ao tempo

    necessrio para que uma informao seja disponibilizada e ao processo de gerao

    e coleta de dados (por exemplo, indicadores do que foi produzido), alm da falta de

    integrao com os sistemas do cho de fbrica. Dentro deste cenrio, os sistemas

    de monitoramento de produo em tempo real so cada vez mais necessrios. Adisponibilidade de informaes em tempo real um parmetro de eficincia.

    2.3.3 Automao

    Groover (2008) define automao como a tecnologia pela qual um processo ou

    procedimento realizado sem interveno humana. implementada usando um

    conjunto de instrues e um sistema de controle que as executa.

    Em busca de maior competitividade e para atender a necessidades sociais,

    econmicas e ambientais, a indstria vem empregando cada vez mais tecnologia de

    automao(GUEDES et al., 2008), cujo principal objetivo acelerar o processo de

    produo e obter produtos com qualidade.

    No incio, os sistemas de automaolimitavam-se ao monitoramento e controle de

    partes especficas do processo, em busca de viabilizar operaes remotas no

    assistidas (SOUZA; PEREIRA, 2008). Este campo de atuao foi expandido e os

    sistemas passaram a lidar com grandes quantidades de dados referentes a uma

    viso mais ampla dos processos.

    Uma forma de representar de maneira integrada os sistemas envolvidos neste

    campo expandido de atuao a pirmide de automao representada naFigura 5

    (SOUZA; PEREIRA, 2008).

  • 5/21/2018 Dissertacao Ana C Riekstin

    38/209

    38

    Na base da pirmide realizada a aquisio de dados dos processos e maquinrio.

    Estes dados so utilizados em lgicas executadas no nvel 2 por controladores

    lgico-programveis. O nvel 3 est relacionado ao monitoramento remoto de dados

    e otimizao do processo por sistemas de superviso. O nvel 4 trata da

    matemtica envolvida no processo, permitindo avaliaes. O nvel 5 trata do

    planejamento estratgico, utilizando como ferramenta o Enterprise Resource

    Planning(ERP) (SILVA, 2009).

    A automao, presente nas vrias etapas do negcio, permite a gerao de

    informaes teis operao e manuteno, suportando a tomada de decises

    (SOUZA; PEREIRA, 2008).

    2.3.4 Integrao tecnolgica

    De acordo com Francalanci e Maggiolini (2002), a tecnologia dentro da indstria

    pode ser classificada nas seguintes categorias:

    TI embutida nos processos produtivos, como robs e automao;

    Figura 5Processo fsico (SOUZA; PEREIRA, 2008)

  • 5/21/2018 Dissertacao Ana C Riekstin

    39/209

    39

    TI embutida em produtos e servios, como tecnologia embarcada em

    automveis e caixas de banco;

    TI utilizada no gerenciamento do processo produtivo, como emails, planilhaseletrnicas e videoconferncias;

    Com o avano da TI, novos paradigmas de manufatura foram desenvolvidos, como o

    CIM (Computer Integrated Manufacturing). O termo CIM utilizado para descrever

    as abordagens modernas para manufatura, sendo a principal caracterstica a

    integrao total das funes de manufatura como design, engenharia, planejamento,

    controle, fabricao (SUN, 2000). No modelo CIM da SME (Society of Manufacturing

    Engineers), h um componente de negcios e quatro componentes tcnicos,

    descritos a seguir:

    Planejamento e controle, abrange softwares de MRP (Materials

    Requirement Planning) e MRP II (Manufacturing Resources Planning);

    Gesto da informao, inclui bases de dados compartilhadas e redes para

    compartilhamento de informaes, como WAN (Wide Area Network) e LAN

    (Local Area Network);

    Definio de produto e processo, como CAD (Computer Aided Design),

    CAE (Computer Aided Engineering), CAPP (Computer Aided Process

    Planning) e

    Automao de fbrica como NC (Controle Numrico, Numerical Control),

    CNC (Controle Numrico Computacional, Computer Numerical Control) e

    DNC (Controle Numrico Distribudo, Distributed Numerical Control), robs, e

    sistemas automticos de armazenamento e recuperao (AS/RS Automatic

    Storage/Retrieval Systems).

    As chamadas AMT (Advanced Manufacturing Technology) so o principal

    componente tcnico de um ambiente CIM e consistem em sistemas semi ou

    totalmente automatizados que podem ser usados em diversas unidades funcionais

    de uma empresa (Nagalingam, 2008). A implantao de um ambiente CIM requer aintegrao de diversas AMT.

  • 5/21/2018 Dissertacao Ana C Riekstin

    40/209

    40

    2.3.4.1 Modelos para integrao tecnolgica

    Como referncia para a integrao de sistemas, o comit CIM Reference Model

    Committee do International Purdue Workshop on Industrial Computer Systemscriou

    um modelo de referncia CIM o Purdue Reference Model, uma ferramenta a ser

    utilizada na implantao de ambientes integrados de manufatura.

    Atualmente, os esforos de integrao na indstria esto focando na integrao

    entre ERP (Enterprise Resource Planning), MES (Manufacturing Execution System)

    e sistemas de controle, tendo o MES sido includo na hierarquia ilustrada naFigura5.

    O termo MES foi criado pela AMR Research na dcada de 1990 e se referia, a

    princpio, a um modelo funcional de integrao. Atualmente, tornou-se uma classe

    de software com sobreposies com outras propostas (SILVA, 2009). A MESA

    (Manufacturing Enterprise Solution Association) props o MES como um modelo

    composto por onze funcionalidades reconhecidas como ncleo, como ilustra a

    Figura 6.

  • 5/21/2018 Dissertacao Ana C Riekstin

    41/209

    41

    Na busca pela integrao MES-ERP, a ISA (International Society of Automation)

    criou o padro ISA 95, que define as interfaces entre as atividades corporativas e de

    controle. O padro um bom parmetro para a definio dos requisitos para

    integrao, inclui o modelo Purdue CIM e o modelo da MESA supracitados e define

    um conjunto de modelos e terminologias para reduzir riscos, custos e erros

    associados implementao de interfaces entre os diferentes sistemas (UNGER,

    2001). AFigura 7 ilustra a hierarquia funcional proposta pela ISA.

    Planejamentode negcioe logsticaProgramaoda produona planta, gerenciamentoda operao

    NVEL 4

    Controle e operaoda manufaturaDespacho de produo, planejamento detalhado daproduo, garantiade conformidade

    NVEL 3

    Controledabatelada

    NVEIS 2, 1 e 0

    Controlecontnuo

    Controlediscreto

    Figura 6Modelo MES proposto pela MESA (MESA, 1997 apudSILVA, 2009)

    Figura 7ISA Hierarquia Funcional (ISA, 2000 apudSILVA, 2009)

  • 5/21/2018 Dissertacao Ana C Riekstin

    42/209

    42

    Os sistemas do nvel 4tratam das funes administrativas, contbeis, logsticas, de

    controladoria e funes de planejamento e de controle da produo. O nvel 3trata

    da integrao do cho de fbrica com os sistemas de gesto, incluindo funes de

    anlises de desempenho, histrico de produo, gerenciamento de manuteno,

    sequenciamento, alocao de recursos, gerenciamento da qualidade, controle de

    documentos, coleta e armazenamento de dados. O MES posiciona-se neste nvel,

    realizando o acompanhamento de ordens de produo, mobilizao de recursos,

    controle de fluxo de materiais e realizando a interface com demais sistemas e com

    automao do cho de fbrica. Neste nvel, encontram-se, tambm, sistemas de:

    PLM (Product Lifecycle Management), que suportam os processos dedesenvolvimento de produtos e criao de processos;

    EAM (Enterprise Asset Management) para gesto de ativos;

    APS (Advanced Planning Schedule), de otimizao do planejamento de

    produo e

    PIMS (Plant Information Management) para registro histrico de variveis de

    processo.

    Por fim, os nveis 2, 1 e 0tratam das funes de superviso da linha ou processo,

    operao da linha ou processo e controle (SILVA, 2009).

    O padro passou por revises em 2001 e 2006 e dividido em cinco partes. As

    partes 1, 2 e 5 definem o intercmbio de dados entre o negcio e o cho de fbrica.

    As partes 3 e 4 endeream funes MES tpicas e expandem o trabalho feito nas

    partes 1, 2 e 5 definindo a troca de dados de manuteno, inventrio e qualidade. A

    Figura 8 ilustra o modelo ISA 95.

  • 5/21/2018 Dissertacao Ana C Riekstin

    43/209

    43

    Processamentoda Ordem

    Apurao doCustode Produto

    Administrao daExpedio do

    Produto

    Programaoda Produo

    ControledeMaterial e Energia

    Compras

    Gerenciamento daManuteno

    ControledaProduo

    Garantia daQualidade

    ControledeInventrio de

    Produto

    PesquisaDesenvolvimento

    e Engenharia

    Marketing eVendas

    Necessidades deMaterial e Energia deCurto prazo

    Inventrio de materiale energia

    Mtodosepadres

    da

    manuteno

    SolicitaodeManuteno

    ResponsabilidadesdeManut.

    Feedba

    ckManutenco

    Inventrios de produto acabado

    Programao de Embalagem

    Dados deprocesso

    Confirmaode

    envio

    Liberaopara

    envio

    A ISA 95 deu origem norma ISO/IEC 62264 (Enterprise Control Systems

    Integration) que define as interfaces entre as atividades corporativas e de controle.

    Esta norma inclui diversos aspectos de outros padres, como a ISO 15531

    (Industrial automation systems and integration Industrial manufacturing

    management data) (ISO 15531-1, 2000 apudCHEN, 2005) e a ISO 15704 (Industrial

    automation systems Requirements for enterprise-reference architectures and

    methodologies) (ISO 15704, 1998 apudCHEN, 2005).

    Antes do desenvolvimento do padro ISO/IEC 62264, outras iniciativas

    desenvolveram referncias para arquitetura empresarial, como o TOGAF,

    apresentado na seo 2.4.1.2,mas no havia um padro que tratasse da interface

    produo/controle para outros sistemas corporativos (CHEN, 2005).

    A ISA tambm publicou a ISA-99, cujo objetivo tratar da segurana do ambiente

    integrado de manufatura, propondo padres para serem adotados em cada camada

    e na conexo entre elas.

    Figura 8Modelo ISA 95 (ISA, 2000 apudSILVA, 2009)

  • 5/21/2018 Dissertacao Ana C Riekstin

    44/209

    44

    Mesmo existindo padres e tecnologias de segurana para o ambiente de TI usual, o

    uso de medidas tpicas de segurana de TI para levantamento da situao e

    mitigao pode levar os sistemas de controle a falhas. Alm disto, muitos sistemas

    legados no conseguem suportar as medidas de mitigao de TI (SINGER, 2006). A

    ISA-99 foi criada com o objetivo de permitir que as redes de controle utilizem a

    tecnologia e experincia da segurana da informao atravs de solues prticas

    que no causem problemas e inclui PLC (Programmable Logical Controller), SCADA

    (Supervisory Control and Data Acquisition) e outras aplicaes. AFigura 9 ilustra os

    escopos dos padres de segurana.

    Gerenciamento dacompanhia

    Apresentao de dados

    Gerenciamento dainformao da empresa

    Produo

    Programao da produo

    Superviso

    Produo

    Programao da

    produo

    Superviso operacional e

    de produo

    Gerenciamento da

    programao da

    produo e operao

    Terminal de supervisoCoordenao entre

    reas

    Terminal de superviso Controlesupervisrio

    Terminal de operao Controle digital direto

    Nvel 5

    Nvel 4

    Nvel 3

    Nvel 2

    Nvel 1

    Controladores

    Processo

    Polticaseprticasdeseguranade

    TI

    (ISO2

    7000)

    Polticaseprticasdesegurana

    emm

    anufatura

    (ISA-99)

    Seguranado

    processo

    (ISA84,

    IEC

    61508,

    IEC

    61511)

    NveisISA

    Em 2002, o ARC (Advisory Group) desenvolveu o modelo CPAS (CollaborativeProcess Automation System) para arquitetura de sistemas de informao. O modelo

    trata de um ambiente unificado que busca apresentar a informao dentro de um

    contexto para as pessoas certas, no momento certo, a partir de qualquer ponto do

    sistema. O modelo, como ilustra a Figura 10, incorpora diversos padres da

    indstria, como ISA 88, ISA 95, e Ethernet/IP.

    Figura 9Escopo dos padres de segurana (SINGER, 2006)

  • 5/21/2018 Dissertacao Ana C Riekstin

    45/209

    45

    Planejamento do negcio e gerenciamentoda cadeiade suprimentos

    CPAS

    Sensores e atuadores

    Redesbaseadas em Ethernet

    Funes denegcio

    Funes degerenciamentodaproduo

    Funesdecontroleemtempo real

    Processosdetrabalho denegcios

    Processosdetrabalho demanufaturaE

    struturaISA-95

    Gerenciamento da Produo

    Fieldbus padro e dispositivosde rede

    ContnuaBatelada

    SeguranaLgica

    DefiniesISA-95

    Em 2004 tambm, a MESA atualizou o modelo MES e passou a cham-lo de C-MES

    (Collaborative MES), revisando as funcionalidades de onze para oito e evidenciando

    necessidades de integrao com outros sistemas no existentes no modelo anterior,como ilustra aFigura 11.

    c-MES

    Foco emLogstica: TMS

    e WMS

    Foco emProduto:

    CAD/CAM ePLM

    FocoFinanceiro ePerformance:

    ERP, BI

    Foco Cliente:CRM, GestoDe Servios

    Foco noFornecedor:

    Compras, SCP Rastreabilidadedo Produto eGenealogia

    Alocao deRecursos&

    Status

    Gerenciamentode Processo

    Despacho deUnidadede

    Produo

    Gerenciamentode Mode Obra

    Anlise dePerformance

    Aquisio deColetade

    Dados

    GerenciamentodaQualidade

    Controle PLCDCS

    Foco naConformidade:

    Gesto deDocumentos,

    ISO, EH&S

    Figura 10 - Viso Funcional CPAS (HOLLENDER, 2009)

    Figura 11C-MES (MESA, s.d.)

  • 5/21/2018 Dissertacao Ana C Riekstin

    46/209

    46

    Este modelo foca nas operaes, representando, na parte interna do modelo,

    funes tipicamente encontradas dentro de produtos integrados MES oferecidos na

    poca. O modelo faz interface com outras operaes de negcio pelas reas fora

    das arestas (MESA, s.d).

    Em 2008, a MESA desenvolveu seu atual modelo, que mostra a interrelao entre

    estratgias e operaes da planta, indo alm de funcionalidades e interfaces,

    descrevendo iniciativas estratgicas. AFigura 12 ilustra este modelo.

    O modelo descreve as ligaes entre tpicos mdulos de software utilizados na

    operao de uma indstria e as estratgias corporativas. Os objetivossurgem na

    parte superior do modelo e afetam as camadas inferiores; os resultados so

    reportados das camadas inferiores para as superiores de acordo com os objetivos.

    EH&S: Environment, Health and Safety (ambiente, sade e segurana)EAM: Enterp rise Asset Management (gerenciamento de ativos corporativos)CMMS: Computerized Maintenance Management System (s istema co mputadorizado de gerenciamento de manutenes)TMS: Transp ortation Management System (sistema de gerenciamento de tran sportes)WMS: Warehouse Management System (sistema de gerenciamento de estoques)

    Manufatura / Produo

    Operaes do negcio

    Foco nocliente:CRM,

    gerenciamentode servios

    Focofinanceiro

    e emdesempenho:

    ERP, BI

    Foco noproduto: CAD,

    CAM, PLM

    Foco emconformidade:gerenciamentode documentos,

    ISO, EH&S

    Foco nofornecimento:

    compras,planejamento

    da cadeia

    Foco naconfiabilidade

    dos ativos:EAM eCMMS

    Inicitativas estratgicas

    ManufaturaEnxuta

    Conformidaderegulatriae qualidade

    Gerenciamentodo ciclo de vida

    do produto

    Empresaem tempo

    real

    Gerenciamentodo desempenho

    de ativos

    Iniciativasadicionais

    Operaes de manufatura / produo

    Acompanham.de produto

    e genealogia

    Alocaode recursos

    e status

    Anlise dedesempenho

    Gerenciamentodo

    processo

    Aquisiode dados

    Gerenciamentoda

    qualidade

    Gerenciamentode

    mo-de-obra

    Enviodas unidadesproduzidas

    Focologstico:TMS, WMS

    Controles:PLC, DCS

    OBJETIVOS RESULTADOS

    CONSULTAS DADOS

    EVENTOS EVENTOS

    Verso 2.1

    Dadosconsolidados

    Tempo-real

    Figura 12Modelo atual da MESA (MESA, s.d.)

  • 5/21/2018 Dissertacao Ana C Riekstin

    47/209

    47

    A integrao pode aumentar a disponibilidade de informaes em tempo real,

    aumentando a vantagem competitiva da empresa (YUSUF, 1998 apud

    FAVARETTO, 2001). A falta de integrao, por outro lado, compromete a otimizao

    do uso de recursos envolvidos na implantao e manuteno de sistemas, com

    perdas de escala nos contratos de aquisio de equipamentos e servios, bem como

    nos custos e complexidade decorrentes da manuteno de diferentes ambientes.

    Desta forma, importante uma abordagem corporativa e sistmica (SOUZA;

    PEREIRA, 2008) tanto para sistemas utilizados em escritrio, quanto para sistemas

    utilizados em cho de fbrica.

    2.4. Governana

    Governana corporativa o sistema pelo qual as sociedades so dirigidas e

    monitoradas, envolvendo os relacionamentos entre Acionistas/Cotistas, Conselho de

    Administrao, Diretoria, Auditoria Independente e Conselho Fiscal. As boas

    prticas de governana corporativa tm a finalidade de aumentar o valor da

    sociedade, facilitar seu acesso ao capital e contribuir para a sua perenidade (IBGC,s.d.).

    A governana corporativa tem, como princpios fundamentais, transparncia,

    equidade, prestao de contas, cumprimento das leis e tica e ganhou fora aps os

    inmeros escndalos corporativos a partir de 2002, como Enron, WorldCom e Tyco,

    entre outros (WEILL; ROSS, 2006). A gravidade dos impactos financeiros destes

    casos abalou a confiana dos investidores, o que contribuiu para a queda nos

    preos das aes e, em contrapartida, exigiu atitudes das empresas.

    Os escndalos tambm motivaram a criao da lei Sarbanes-Oxley (tambm

    conhecida como SOX) em 2002, cujo objetivo aperfeioar os controles financeiros

    e apresentar eficincia na governana corporativa, de forma a evitar outros

    escndalos e minimizar prejuzos. As empresas com aes listadas na Bolsa de

    Valores de Nova Iorque e Nasdaq (a bolsa de valores eletrnica dos Estados

    Unidos) devem se adequar lei e algumas empresas brasileiras, tambm, esto se

    adequando a ela, por estarem listadas em bolsa de valores norte-americana, por

  • 5/21/2018 Dissertacao Ana C Riekstin

    48/209

    48

    serem filiais de empresas estrangeiras ou porque enxergaram valor na implantao

    deste tipo de controle.

    No Brasil, a Bolsa de Valores de So Paulo - BM&FBOVESPA implantou emdezembro de 2000 os Nveis Diferenciados de Governana Corporativa. Os nveis 1

    e 2 so segmentos especiais de listagem que foram desenvolvidos com o objetivo

    de proporcionar um ambiente de negociao que estimulasse, simultaneamente, o

    interesse dos investidores e a valorizao das companhias. Empresas listadas

    nesses segmentos oferecem aos seus acionistas investidores melhorias nas prticas

    de governana corporativa que ampliam os direitos societrios dos acionistas

    minoritrios e aumentam a transparncia das companhias, com divulgao de maiorvolume de informaes e de melhor qualidade, facilitando o acompanhamento de

    seu desempenho. A adeso das Companhias ao Nvel 1 ou ao Nvel 2 (Nvel 2 inclui

    Nvel 1 e adiciona outras prticas) depende do grau de compromisso assumido e

    formalizada por meio de um contrato, assinado pela Bolsa de Valores, pela

    Companhia, seus administradores, conselheiros fiscais e controladores

    (BM&FBOVESPA, s.d.).

    A Organizao para Cooperao e Desenvolvimento Econmico (OCDE)

    desenvolveu em 1999 uma lista de princpios de Governana Corporativa The

    OECD Principles of Corporate Governance que tem se tornado uma ferramenta de

    referncia em diversos pases, com foco em empresas com aes negociadas no

    mercado (KITAGAWA, 2007). Esta lista da OECD abrange as seguintes reas chave

    da governana:

    1. Bases para uma efetiva governana;

    2. Direitos dos acionistas;

    3. Tratamento equitativo dos acionistas;

    4. Relacionamento com interessados (stakeholders);

    5. Evidenciao e transparncia;

    6. Responsabilidades do Conselho de Administrao (KITAGAWA, 2007).

  • 5/21/2018 Dissertacao Ana C Riekstin

    49/209

    49

    O conceito de governana corporativa surgiu para enderear o conflito de

    agncia que decorre da separao entre proprietrio (acionista) e gestor (executivo)

    de uma empresa, pois os interesses nem sempre esto alinhados (IBGC, s.d.).

    Meyer (2004) comenta que existem cinco influncias sobre as pessoas em uma

    empresa que formam a governana: cultura, estrutura (organograma e processos de

    trabalho), economia interna, mtodos e ferramentas, mtricas e recompensas.

    De acordo com Weill e Ross (2006), os ativos que devem ser considerados na

    governana corporativa incluem ativos humanos, financeiros, fsicos (prdios,

    equipamentos), de propriedade intelectual, de informao e tecnologia da

    informao (TI) e de relacionamento (marca e reputao junto a clientes,

    fornecedores, concorrentes, revendas autorizadas etc.), como ilustra a Figura 13.

    Diversos mecanismos so utilizados para gerir estes ativos, como processos,

    estruturas, auditorias etc.

    2.4.1 Governana de TI

    O ITGI (2005) define a Governana de TI como liderana, estruturasorganizacionais e processos que buscam garantir que a TI sustente e aprimore os

    Figura 13 - Governana corporativa e dos principais ativos (WEILL; ROSS, 2006)

  • 5/21/2018 Dissertacao Ana C Riekstin

    50/209

    50

    objetivos e a estratgia da organizao, sendo a Governana de TI de

    responsabilidade dos executivos e da alta direo.

    Simonsson e Johnson (2006), baseando-se em um estudo de 60 diferentestrabalhos, definiram a Governana de TIcomo a preparao, o desenvolvimento e a

    implementao de decises sobre metas, processos, pessoas e tecnologia em nvel

    ttico e estratgico.

    Webb et al. (2006) definem a Governana de TIcom base nas anlises de outros

    trabalho