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Curso de Produção de
Material Didáticopara a Diversidade FURG
Secretaria de Educação a Distância - FURG
Diversidade, Ensino de História e
Educação a Distância
Júlia Silveira Matos
Gianne Zanella Atallah
Adriana Kivanski de Senna
Volume 4
O “Ensino de História e livros didáticos: gênero e diversidade” aborda a
temática sobre o ensino de História e o livro didático. Ao tratar sobre esse tema,
os autores apresentam discussões relevantes sobre a representação dos saberes
históricos, a partir da relação da história e da historiografia nos livros didáticos.
O leitor poderá observar ainda que o objetivo da referida obra é discutir essa
relação da História e da historiografia com foco no processo de ensino-
aprendizagem, no qual o livro didático assume um papel de destaque no
cotidiano escolar.
Dra. Francisca Carla S. Ferrer
Doutora em História Social-USP
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Júlia Silveira Matos
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Reitora Cleuza Maria Sobral DiasVice-reitor Danilo GiroldoPró-Reitora de Extensão e Cultura Angélica da Conceição Dias MirandaPró-Reitor de Planejamento e Administração Mozart Tavares Martins PintoPró-Reitor de Infraestrutura MarcosAntônioSattedeAmarantePró-Reitora de Graduação Denise Maria Varella MartinezPró-Reitor de Assuntos Estudantis VilmarAlvesPereiraPró-Reitor de Gestão e Desenvolvimento de Pessoas ClaudioPazdeLimaPró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação EdneiGilbertoPrimel
EDITORA DA FURGCoordenador JoãoRaimundoBalansinDivisão de Editoração Luiz fernando C. da silva
Comissão editorial Adriana Kivanski de Senna (FURG) CarmemG.BurgertSchiavon(FURG) Francisco das Neves Alves (FURG) GianneZanellaAtalah(UFPEL) Júlia Silveira Matos (FURG) Laisa dos Santos Nogueira (PMRG) MariadeFátimaSantosdaSilva(FURG)
Parecerista Ad Hoc Fca. Carla dos Santos Ferrer (USP)
PromoçãoSECRETARIA DA DIVERSIDADE E INCLUSÃO – SECADIUNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE – FURGINSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E DA INFORMAÇÃO – ICHIPROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU – MESTRADO PROFISSIONAL EM HISTÓRIA - PPGHSECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – SEaD
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2013
Júlia Silveira Matos
Diversidade, Ensino de História e Educação a Distância
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@ Júlia Silveira Matos
COLEÇÃO ENSINO DE HISTÓRIA E DIVERSIDADEISBN:978-85-7566-276-2
NúcleodeDesigneDiagramação:Responsáveis:LidianeFonsecaDutraeZéliadeFátimaSeibtdoCoutoCapa:LidianeDutrasobreaimagemOperários,deTarsiladoAmaralProjetográfico:BrunaHellereLidianeDutraDiagramação:AlineThoméFrediani
NúcleodeRevisãoLinguística:Responsável:RitadeLimaNóbregaRevisores:ChristianeReginaLeivasFurtado,GleiceMeriCunhaCupertino,HenriqueMagalhãesMeneses,IngridCunhaFerreira,KellenEstima,MicaeliNunesSoares,RaquelLaurinoAlmeida,RitadeLimaNóbrega
E598Ensinodehistória,diversidadeeeducaçãoàdistância/LaisadosSantoNogueira ... [et al.] ; Júlia Silveira Matos, Gianne Zanella
Atallah(organizadoras)-RioGrande:Ed.daUniversidadeFede-raldoRioGrande,2013.
122p.:il.-(ColeçãoEnsinodehistóriaediversidade;v.4)
ISBNdaColeção:978-85-7566-276-2ISBNdestevolume:978-85-7566-279-3
1.Ensinodehistória2.Ensinoàdistância3.Educaçãobásica4.FormaçãocontinuadaI.Santos,LaisaNogueiraII.Matos,JúliaSilveiraIII.Atallah,GianneZanellaIV.TítuloV.Série
CDU94:37.018.43
Catalogação na Fonte: Bibliotecária Vanessa D. Santiago CRB10/1583
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SUMÁRIOINTRODUÇÃO 09
1 O processo de “Representação” através dos Blogs 15 1.1Construçãodoprocessode“Representação” 15 1.2OsBlogseaDiversidade 20CONSIDERAÇÕESFINAIS 23REFERÊNCIAS 24
2 Métodos de ensino para a diversidade: possibilidades pedagógicas a partir das múltiplas representações sobre os povos indígenas 25 2.1Atemáticaindígenanasaladeaula:obrigatoriedadeepossibilidade 31REFERÊNCIAS 50
3 Trabalhando os sentidos no Ensino de História: a contribuição das Mídias na sala de aula NO BRASIL 53 3.1PercursosdoEnsinodeHistória 54 3.2Mídias:oseulugarnasociedade 62 3.3AsMídiasnoEnsinodeHistória 67REFERÊNCIAS 72
4 A Educação a Distância e a Formação Continuada: limites e possibilidades a partir da práxis do Curso de Produção de Material Didático para a Diversidade 77 4.1OSistemaUniversidadeAbertadoBrasil:históriaeimbricaçõescom/paraaformaçãocontinuadadeprofessores 78
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4.2AformaçãodeprofessoreseaEducaçãoaDistância:desafiosepossibilidades 81 4.3DesafiosparaosucessodeaçõesdeEducaçãoaDistâncianocampodaformaçãocontinuada 82
4.4Possibilidadescom/nautilizaçãodaEducaçãoaDistânciaparaaformaçãocontinuada 86CONSIDERAÇÕESFINAIS 90REFERÊNCIAS 92
5 A comunicação como constituição do sujeito na EaD 93 5.1Comunicação:fenômenohistórico 97 5.2Comunicação,SentidoeEducação 102CONSIDERAÇÕESFINAIS 105REFERÊNCIAS 106
Sobre os Autores 107
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APRESENTAÇÃO Olivroqueapresentamoséresultadodasreflexõesproduzidasapartir
dosdebatesrealizadosnasreuniõespromovidas,semanalmente,pelacoor-
denaçãodetutoria.Entretanto,nãosomentedessasreflexões,comotambém
dasinquietaçõesdecadaautorsobreoEnsinodeHistóriaapartirderecur-
sosdaEducaçãoaDistânciaedeseusinstrumentosdeavaliaçãoeensino.
Pensar a Educação a Distância é mais do que refle-
tir sobre seus recursos tecnológicos, é construir, no campo teó-
rico, mecanismos didático-pedagógicos de aproximação entre
professoresealunose,mais,éproporumanovadidáticadeensino-apren-
dizagem. Dessa experiência, percebemos que ensinar através de
meios virtuais é, principalmente, aprender novamente a ser professor.
Tradicionalmente e historicamente, os processos de ensino-
-aprendizagem são propostos de modo presencial e hegemonica-
mente de maneira expositiva. No entanto, vivemos, atualmente, em
uma sociedade interativa e sinestésica, habituada a realizar diver-
sas tarefas ao mesmo tempo. A interação entre professor-aluno ocor-
re de forma muito mais lenta no presencial do que no meio virtual.
Contudo,aformaçãodeprofessoresnocampopresencialcaminha
apassoslentosnahabilitaçãodessesfuturosdocentesacriar,aprendereen-
sinar,utilizandoastecnologiasdainformaçãoecomunicação.Essarealida-
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deéquefazaEaDserumgrandedesafio,tantoparaosalunosquantopara
professoresetutores,poisasaulasnãosãopropostasdeformaexpositivae,
sim,interativas,osfóruns,oschatseawebconferênciabemdemonstramisso.
Na era virtual, reflexões como a que propomos aqui nos
possibilitam pensar sobre o papel das tecnologias para o cam-
po da educação, de forma a percebermos que estas não substituem
a relação professor-aluno nos processos de ensino-aprendizagem.
Júlia Silveira Matos
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INTRODUÇÃO
Algoperceptívelnosdiasatuaiséainterdependênciaentreas
disciplinas escolares, a prática do professor e os livros didáticos. Isso
porque,pormaisqueosdocentesinvistamemmateriaisdidáticosalter-
nativosparaconstruçãodaprópriapráticanasaladeaula,oslivrosdidá-
ticosaindasãoumguiaparaesta,assimcomoparaaseleçãodeconteú-
dos.Entretanto,conformediscorreuCirceBittencourt(2010),“existem
professoresqueabominamoslivrosescolares,culpando-ospeloestado
precáriodaeducaçãoescolar”(p.71).Dessaforma,aomesmotempoem
queoreferidomaterialassumeumpapelcentralnapráticadesalade
aula,emoutrosmomentos,vemosaçõesderepúdioàutilizaçãodeste.
No entanto, aqui, não nos é prioritário analisar o papel dos
livros didáticos na prática cotidiana do ensino deHistória,mas as
políticasdeseleçãoedistribuiçãodestesparaasescolas.Assim,po-
demos nos questionar: esses docentes que culpabilizam os livros
didáticos pelas deficiências do sistema educativo brasileiro rom-
pem com as sequências de conteúdos clássicas do ensino de His-
tória, canonizadas pelos livros didáticos, nos planejamentos ou
seguem reproduzindo a velha organização quadripartidária da
História nos planos de conteúdos das escolas? Essa problemática
se coloca comoeixodeanálisedo trabalhoqueaqui apresentamos.
A divisão quadri-partidáriadaHistó-ria é a forma comoapresentamos osperíodos históri-cos, divididos emHistória antiga,medieval, modernae contemporânea.
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Pararealizarmosapresenteanálise,partimosdoprincípiode
queoslivrosdidáticossão“[...]omaterialdisponível,edeusogene-
ralizadoemnossasescolas,muitasvezesatéporseroúnicomaterial
impressodequeoalunoeatémesmoaescolaeoprofessordispõem”
(PENTEADO,2010,p.234).Emconcordância,CirceBittencourt(2011)
afirmaqueos livrosdidáticossão“osmaisusados instrumentosde
trabalhointegrantesda‘tradiçãoescolar’deprofessoresealunos,fa-
zempartedocotidianoescolarhápelomenosdoisséculos”(p.299).
Essaposiçãode“principalrecurso”ouatémesmoúnico,adquiri-
dapelolivrodidático,conformeapresentadoporPenteadoeBittencourt,
alertaparaduasquestões:aprimeiraéadequeolivroéinegavelmente
umrecursofundamentalparadocentesdesprovidosdeoutrosmeios,
comointerneteatébibliotecasestruturadas,asegundasefundamenta
nofatodequeolivrodidáticopodeserumrecursolúdicomuitorico.
DeacordocomAnaMariaMonteiro(2009),oslivrosdidáticos
sãoutilizadospelosdocentes“[...]comofontedeorientaçãoparaex-
plicaçõesdesenvolvidasnasaulas,comoapoioaoplanejamentoesu-
gestõesparaavaliações, comomaterialde estudoe atualização” (p.
175).Conformediscorrido,o livrodidáticoéumrecursolúdico,em
funçãodasimagensqueapresenta,mastambéméfontedetextos,pois
apresentaosconteúdos.Entretanto,opapeldesteenquantorecurso
didáticonãoselimitaaestasduascaracterísticas,poiscadalivrodidá-
ticopossuiumaidentidadequeseconstituiatravésdasformascomo
osconteúdossãodistribuídosemseuinterioreabordagensdadase
esses.Alémdisso,olivrodidáticoéoprincipalrecursododocenteno
processodeplanejamentodesuaprática,pois,semoapoiodeoutros
materiais,osprofessoressefundamentamnadistribuiçãodosconte-
údos no livro didático para pensar seu plano de conteúdos na escola.
Quando nos refe-rimos a outrosma-teriais, pensamosem recursos comointernet, livros que possibilitem oaprofundamentodos conhecimen-tos sobre os con-teúdos escolares, vídeos e outros.
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Sendoassim,emconcordânciacomCirceBittencourt(2010),o
livrodidático“[...]continuasendoomaterialdidáticoreferencialde
professores,paisealunosque,[...],consideram-noreferencialbásico
paraoestudo[...]”(p.71).Conformeaautora,oreferidomaterialnãoé
vistoapenaspelosprofessorescomobase,mastambémpelasociedade,
ouseja,pelospaisepelosprópriosestudantes.Dessaforma,olivroad-
quiriu,comopassardostempos,umstatus,dentrodaescolaedosiste-
maeducacional,queocolocaemdestaquenapráticadosprofessores.
Asegundaquestãosecentranapercepçãodeque,quandoolivro
didático se torna o único ou o principal recurso, seja didático, ou de apoio
pedagógicodoprofessor,aestruturaideológicadestesetornahegemô-
nicadentrodasaladeaulanaqualéutilizado.Issoporquetalmaterial,
comoprodutocultural,transmiteosposicionamentosdeseusautores.
ParaCirceBittencourt(2011),oslivrosdidáticossãoprodutos
dedifícildefinição,“[...]porserobrabastantecomplexa,quesecarac-
terizapelainterferênciadeváriossujeitosemsuaprodução,circulação
econsumo”(p.301).Aimbricaçãodediversossujeitosnoprocessode
produção,comoapontouBittencourt,demonstraoquantosãomate-
riaisimersosemumafaceideológicaquetranscendeavisãodoautor,
masadentraosmeandrosdasexpectativasdemercado.Sobreaface
ideológicado livrodidático, discorreuAnaMariaMonteiro (2009):
[...]osautoresdelivros,aoproduziremsuasobras,expressamlei-turas, posicionamentos políticos, ideológicos, pedagógicos, ‘se-lecionam e produzem saberes, habilidades, valores, visões demundo, símbolos, significados, portanto culturas, de forma aorganizá-los e torna-los possíveis de serem ensinados’ (p. 176).
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Talanálisealertaparaofatodequeolivrodidático,enquantopro-
dutodeumasociedadedoconsumo,deveserestudadoenquantomeio
deveiculaçãoideológica,sejaelaoficialoupedagógica.Apartirdessa
percepção,compreendemosquesefaznecessárioaprofundarnossas
reflexõessobreoslivrosdidáticos,enquantoprodutosdasociedadede
consumo,especificamenteosdeHistória,focodenossoconsumoenão
comoum“inocente”recursodidáticosimplesmente.Afinaltodoequal-
quersuportedeescritacarregaemsiaidealizaçãodeseuprodutore,ao
mesmotempo,deseuconsumidor.SegundoMicheldeCerteau(2000),
[...]aindaqueissosejaumaredundânciaénecessáriolembrarqueuma leituradopassado,pormaiscontroladaquesejapelaanálisedos documentos, é sempre dirigida por uma leitura do presente.Comefeito,tantoumaquantoaoutraseorganizaramemfunçãodeproblemáticasimpostasporumasituação(p.34).
Os livros didáticos de História, como qualquer supor-
te de escrita da História, configuram-se como leituras do passa-
do, as quais, conformediscorreuCerteau, são sempredirigidas em
função de problemas impostos pelo presente do autor e de seus
futuros leitores. Essa afirmação nos leva a perceber que o com-
promisso do livro didático de História com os conteúdos histó-
ricos está muito mais atrelado aos interesses e interlocutores do
presente do que propriamente com o conhecimento do passado.
Segundo Selva Guimarães Fonseca (2003), “O livro didático é,
de fato, o principal veiculador de conhecimentos sistematiza-
dos, o produto cultural de maior divulgação entre os brasilei-
ros que têm acesso à educação escolar” (p. 49). Como veiculador
dos conhecimentos históricos, o livro didático de História é res-
ponsável, nas palavras de Marc Ferro (1983), pela “[...] imagem
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que faze[r]mos de outros povos, e de nós mesmos [...]” (p. 11).
Essasimagensaqueserefereoautorsãoosfundamentosdacons-
trução das identidades coletivas e, ao mesmo tempo, das alte-
ridades e até de possíveis preconceitos e xenofobismos entre as
sociedades. Sendo assim, antesde serum fundamental recursodi-
dático, o referido material é um produto comercial, inserido em
políticas públicas de educação nacional. Por isso, precisa ser es-
tudadocomo tal,oquenospropomosa realizarnopresente texto.
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Gianne Zanella Atallah
O processo de “Representação” através dos Blogs
Opresenteartigopretendeenfocaralgumasreflexõessobreos
blogspormeiodoconceitode“Representação”noambientevirtual
eforadele,mediantenossaexperiêncianadisciplinade“Introdução
emEaD”,ministradapeloProf.JônataTyskaCarvalhodo“Cursode
AperfeiçoamentodeProduçãodeMaterialDidáticoparaaDiversida-
de(PMDD)”.Paratanto,talescritasedesenvolveráapartirdacon-
cepçãodequeoblogexpõeumavariedadedepensamentosquead-
vémdeinformaçõesobjetivasesubjetivas,asquaistambémformam
umprocessoderepresentaçõesqueooriginaequeestáalicerçadona
construção da diversidade social.
Construção do processo de “Representação”
O termo“Representação” émaisdoqueum simples ato ou
efeitocausadoporumapessoaoucoletividade,conformeproposto
porRogerChartier.ApartirdeduasvertentestrabalhadasporRoger
Chartier(2002),nasquais,naprimeira,eleverificaosgruposinferiori-
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zadose,nasegunda,acriaçãodeumespaçonocampodaescritapara
compreenderaspráticasqueconstroemomundocomorepresenta-
ção,podemosentenderodiscursodesseautor.
Detaisperspectivas,Chartier(2002)utilizadefiniçõesdoreferi-
dotermo:
Nessaprimeiradefinição,concebe-seobásico:oatoeoefeito.
Esseprimeiropartedaconfirmaçãodeumapresença,sejadeumapes-
soa,umgrupoououtroelemento,enquantoqueosegundoéacon-
firmaçãodeumaausência,oqualdelimitaoquerepresentaeoqueé
representado.Essaausênciaé,aomesmotempo,atentativademanter
umapresençaviva,aqualsemostraatravésdelinguagensvariadas.
Aconfirmaçãodaausênciaparaoqueelarepresentaéacontextuali-
zaçãodoelementoapartirdomeioqueocriou,masoquedeveser
representadopartedoprincípiodarelaçãoentreomeioqueelecriou
eosmeiospelosquaisesseelementotransitou.
Construir umblog a partir das ferramentas que a informáti-
caoferecepareceserumprocessosimples,tendoapercepçãodaque-
le que cria edomina essas ferramentas, porém issonem sempre se
confirma.Naperspectivademantê-loativoeatualizado,querequer
umaconstruçãoconteudistadentrodoassuntoescolhidoparaoblog,
aleatoriamente,oalunodesenvolveumprocessoeducativodeduas
formas:objetiva,dentrodeumaformaçãocontinuadaparaadocência
emumaesferaeducacional,ousubjetiva,poisomesmodesenvolveria
habilidadesalémdaspropostas,semumprocessoformaldeeduca-
porumlado,arepresentaçãocomodandoaverumacoisaausen-te,oquesupõeumadistinçãoradicalentreaquiloquerepresentaeaquiloqueérepresentado;poroutro,arepresentaçãocomoexibiçãodeumapresença,comoapresentaçãopúblicadealgooudealguém(p.20).
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ção.
Ambasasmaneiras,nosblogsouemqualqueroutroprocesso
demídias, constituem-se emprocessosde aprendizagem, oque re-
querpensar e avaliar comoessesprocessos se constroem;emquais
concepçõesestessebaseiam?;qualarelaçãoentreostemastratados?;
Principalmeiodeinformação,conhecimentoelegitimaçãodacultu-raescritaedaacçãoescolar,omanual,nãoobstanteasuafunçãodi-dáctico-pedagógica,apresentaumaevoluçãoemboaparteanálogaàhistóriageraldolivro,noqueserefereàordenaçãoeaosignifica-docomoveículodosaberedoconhecimento,masajusta-seaoscir-cunstancialismoseàsprerrogativasdaspolíticasdaeducação(p.05).
equemoscolocanoespaçovirtual?
Essemodode olhar é o que caracteriza a representação, en-
quantoo sujeito émovimento, os seus atos são a reaçãodeste.Po-
rém,essarelaçãoentresujeitoecomportamentoinverteseuspapéis,
àmedidaqueasuaidentidadesealinhavacomoespaçopercebido.
Entretanto,muitasvezes,oqueconstruímoscomodiscursovaiaoen-
controcomoque,verdadeiramente,Chartier(2003)noscoloca:“crer
queépossívelmanipularseustatusmodificandoosatributoséuma
ilusãoouumabobagem,poisessedependeantesdetudododecreto
daquelesqueseencontramemposiçãodedizer,pelapalavraoupor
procedimentos,qualéele”(p.121,grifonosso).
Perceberosatributos,semestabelecerostatus,éumdesafioda
própriarepresentação,poiselanuncadefatoconsegueterumaalma
genuínadoobjetoemsi,mas,tampouco,éumafalsailusãodequem
oconstruiu.Arepresentaçãoéaconexãodamemóriaedopodersim-
bólico,ouseja,arelaçãodoeucomaquiloqueamantémcomoser
representadoapartirdosambientesqueforamdeslocados.
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Partindodoprincípioqueoblogéumespaçovirtualna in-
ternet,umapáginamultifacetada,que,deacordocomoseucriador,
pode ter um design superatrativo, ou mesmo sem atrativo visual
algum, o que já é bemdifícil pelas ferramentas de construção que
oferece,opontodequestãodestaweblogestánoconteúdoquevai
oferecer.Essaconquistajácomeçanomomentoemqueseescolheo
assuntoparaoblog,queserádesenvolvidoapartirde:Oquêabor-
dar?Comoabordar?Porqueabordar?Devemosperceberquemesmo
comumaferramentacomooblogquepossuigrandealcance,elanão
é infinita,a limitaçãodestapodeestar tantonorecurso tecnológico
quantonohumano.
A faltade tempoeo excessode informação tambémcontri-
buemparaadescaracterizaçãodaferramenta.Entenda-sequeoaces-
so aos blogs, como ferramenta virtual, não pode ser realizado por
todomundo em tempo real, mesmo com os recursos tecnológicos
atuais,poisnãopodemosesqueceras limitaçõessocioeconômicase
culturais.Enquantoassociedadesbuscamsepolitizarvirtualmente,
foradainternetaindaencontramosmuitossujeitosqueenfrentamo
despreparorelativoàinformática,devidoadificuldadeseconômicas,
aospreconceitosculturaisamparadosporlei,etc.Todosestesdificul-
tamoacessoàsmídiasdigitais.
Essesentravesrecriamopodersimbólico,poisseusarmosaes-
critadigitalcomoelementodecomunicaçãoeinteraçãoparadiminuir
asdistâncias físicas, aodesconhecermosoprocessodadiversidade
dentrodasociedade,proporcionamosumareaçãoinversadenomina-
dadedistânciasegmentadadeculturas.Entretanto,asuaconstrução
eamaneiracomoédispostaainformaçãopodemocorrergradativa-
menteearelaçãoinformação-resultadodaescritadigitaléqueimpli-
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canastrêsquestõeslevantadasanteriormente,Oquêabordar?,Como
abordar?Porqueabordar?.
Aessaação, informação-resultado,definimoscomoapropria-
ção,que“visaaumahistóriasocialdosusosedasinterpretaçõesre-
metidasàssuasdeterminaçõesfundamentaiseinscritasnaspráticas
específicasqueasconstroem”(CHARTIER,2003,p.152),poisainter-
pretaçãoéumprocessoqueseapropriaemsidoobjeto,mas,aomes-
motempoexpõeafragilidadedodiscursoqueodefiniu.Nãoexiste
a imparcialidade na representaçãododiscurso, o que existe é uma
trocadesimbolismosemummesmoconjunto,oqualestáagregadoa
outrosmais.Arepresentaçãonãoéúnica,poisestaprecisadaconexão
deoutrasparaseautorreferenciaracadamomentoemcontextosdife-
rentes.
Nessesentido,apartirdapropostadeumblogoudaconstru-
çãodomesmo,resgatamos,nesseprocesso,avontadedecomunicar
aooutro(grupo,família,escola,amigos)partedassuashistórias,bem
comoomundoqueinteriorizamosapartirdoserhumanoquecons-
truímosaolongodenossasvidase,porconseguinte,asinter-relações
que tecemosnosmeiosque transitamos (casa, trabalho, lazer).Esse
mundoqueinteriorizamosapresentasuasprópriaspropostas,assim
como concepções de ambientes diversificados em que vivemos, os
quaisprecisamosalinharcomnossosanseios.
Nessesentido,aosermosconvocadosparaconstruirumblog,
precisamosteremmenteque“aomesmotempoemqueo textodo
Blogéeternizadoporquematerializadopelossuportes(daescrita,da
internet),eleétambém,extremamentefugaz,porqueéprontamente
substituídoouapagadodoespaçodesuacirculação”(KOMESU,s/d,
p.05,grifosdoautor).Então,quandoconstruímoso conteúdoa ser
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abordado,necessitamosteremmentequeaempolgaçãodeconstruir
oespaçovirtualnãopodeofuscarolimitedoqueseescreverá,poiso
espaçofísicodeumblogéilimitado,asideiaseseusresultadossãoo
reflexodesseespaço.Nessaperspectivaéqueencontramosolimiteda
escrita,olimitedoeuearelaçãoqueseconstróicomooutro.
Parece-nos que os blogs, assim como as redes sociais, ainda
perpassampela ideiadedistância,do longe,porémaquebradesse
pensamentoestáoudeveficarapenasnacondiçãofísicaenãonavir-
tual(textoeimagem).Oeuseaproximaeseapropriamuitorápidodo
outroedosmeiosqueestepassaainteragir.
Aopostarmosumefeitovisual,umagamade linkse textos,
como um diário, estamos criando um blog, mas também estamos
criandoelementosderepresentação,partindodasideiasedoproces-
sodeaprendizagemquepretendemosestabelecer,sem,muitasvezes,
mediropúblico-alvoqueirásercontemplado.
Os Blogs e a Diversidade
Amultiplicidadedeelementosopostospropiciaumarelação
explícitaeimplícitadevaloresquefomentaaconstruçãodeumaso-
ciedade.Esseprocessopredispõequeosmodosdeverepensarde
uma sociedadeestão subentendidos emgrupos, subgrupos e aum
processodediferenças,dosquaisopróprioindivíduosedesconhece,
apontodedesconhecerooutro,enquantoelementosocial.
Por isso, a relação entre o blog e o processo de diversidade
nãoquer,aqui,manteratentativadefazerdestaumaferramentavir-
tualtransmissoradetextualidade,imagenseafins,mas,sim,deum
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processodeconstruçãodeaprendizagem,recaindosobreaquestão:
comoabordar?Arepresentaçãodosindivíduosdentrodosestudosda
diversidadenãoédefatoperceberoespaçocomoumadominaçãoex-
clusivadeumoudeoutro,masdeambos,estabelecendooseupoder
simbólico,eovalordessesnapercepçãodosatos.
Essapercepçãoéodiscursodeumtempoquetentasesacra-
mentar atravésde signos. Isto resulta em significadospostulados a
umprincípioguardiãoquepodemoschamardesociedade,noqualo
costume,defato,nãoaconteceporindependênciadeprincípios,mas
pelacadeiadeinter-relações,naqualumconcebeosanseiosdooutro
eorepete,acrescendooseumododeolhar.Oindivíduobuscaoen-
tendimentojuntoaocontextoqueocriou,eamelhorformaparaisso
é a descoberta da representação através dos signos.
Ambientesdiferentes,quesecaracterizamcomoprodutoresde
representação,commaioroumenorintensidadedepodersimbólico,
oportunizam a relação entre gruposdadiversidade, ou seja, vivên-
ciasentrecruzadas.Entretanto,issoacontecesobolharesdiferentes,os
quaisproporcionamomododecomportamentodentrodecadaam-
biente.Ocomportamentoéoprodutodopoderaoqualelefoisubme-
tidodiretoouindiretamente.Essarelação,diretaouindireta,estabele-
cedoisespaços:opúblicoeoprivado.
Remetendo-nosaoespaçovirtual, ele se configuranoespaço
público e a responsabilidade de criá-lo está exatamente emmanter
nessaresponsabilidadea informaçãocomoarmadedominação,eo
As estratégias supõem lugares e instituições, produzem ob-jetos, normas, modelos, acumulam e capitalizam; as táti-cas, desprovidas de lugar próprio, sem controle sobre otempo, são “maneiras de fazer”, ou melhor, maneiras de “fa-zer apesar de” (CHARTIER, 1991, p.153-4, grifos do autor).
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pontodeinfluênciaqueeleiráexercernomomentoemqueforlança-
donaqueleespaçovirtual,aomesmotempoquemrecebeainforma-
ção.
Precisamosconstruirprocedimentosdecomoabordaroaluno
noensinoadistância,pois,secomomaterialimpressoexisteumcui-
dadodesdesuaproduçãoatéqueelechegueaoseudestinofinal,com
osblogseoutrasmídiasnãodeveserdiferente,pois,aomesmopasso
queaaçãodeproduzirconhecimentonestesespaçosémaisimediata,
areaçãoderecebimentodasinformaçõesdispostasnaredetambém
serátãorápidaquantooprocessoemsi.
Diantedisso,Chartier(2003)citaque:
Atrajetóriadarelaçãoentredominanteedominadoéquepre-
cisasepredisporamudar,istoimplicaalterarconceitosestabelecidos
etambémaformadecolocarempráticataisideias.Nessesentido,os
blogspodemserutilizadosenquantorecursodidáticocomatentativa
deaproximareminimizarasdiferençassociaisatravésdopodersim-
bólico,quesetraduzpelaspalavras,imagens,pelossons...Comonos
colocaChartier(1991)“[...]énecessáriopostularqueexisteumasepa-
raçãoentreanormaeovivido,ainjunçãoeaprática,osentidovisado
eo sentidoproduzido–umaseparaçãoemque sepodem insinuar
reformulaçõesedesvios”(p.147).
Essasinsinuaçõesdentrodosblogscondizemcomdoiselemen-
tosbásicos:orespeitoearesponsabilidadedequemestáàfrenteda
construção, precisandoponderar entre aquilo que está estabelecido
uma cultura dominante não se define, de início, por aqui-lo a que ela renuncia, enquanto os dominados têm sem-pre a ver com o que os dominantes recusam-se – não im-porta o que eles façam de resto, resignação, denegação,contestação, imitação ou expulsão (apud PASSERON, s/d, p.167).
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comoabsoluto(valores)eaprática,aqualdiscorreatodoomomento
apartirdessasconcepções.Osentidodesepreocuparcomoimedia-
tismodoprocessoéquecontrapõeadiversidadesocial,poisatinge
váriosníveissocioculturaiserecriaopiniões,comportamentos,apro-
ximaçõesvirtuaisedistanciamentosfísicos.
Aliás, compartilhar não significa necessariamente interagir,
poisocompartilhamentorecrianossasrepresentaçõese,consequen-
temente, a memória destas, que, em um espaço temporal, podem
sucumbiraumprocessoinversodeaprendizagem,tornando-seum
espaçoobsoletodeinformações.
CONSIDERAÇÕES FINAIS Opresenteartigotentabuscarumentendimentoparafuturas
reflexõesentreosblogs,adiversidadeeaaprendizagemdentrodo
campodasrepresentações.Partindodisso,oesperadoéqueaintera-
çãoentreambos,aproduçãodoblogeoprodutor,promovaumpro-
cessodeaprendizagemno(s)meio(s)emquetransita,demodoque
sejamrecriadasnovasrepresentaçõese integradasàmultiplicidade
deinteressessociais,semesqueceraligaçãoentreopúblico(blogs)e
oprivado(indivíduosesuastrajetórias).
REFERÊNCIASBOEIRA,Adriana Ferreira. Blogs na Educação: Blogando algumas
possibilidades pedagógicas. Disponível em: <http://www.uab.furg.
br//mod/resource/view.php?id=16887>.Acessoem:10jun.2012.
CHARTIER,Roger.FormaseSentido.Culturaescrita:entredistinção
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24
e apropriação. Traduzido por Maria de Lourdes Meirelles Matencio.
Campinas,SP:MercadodasLetras,2003.
___.AHistóriaCultural: entrepráticase representações.Traduzido
porMariaManuelaGalhardo.2.ed.Portugal:Difel,2002.
___.OMundocomoRepresentação.EstudosAvançados,n.11,1991.
FERREIRA,MargaridaElisaEhrhardt.AutilizaçãodoBlognaedu-
cação.Disponívelem:<http://www.webartigos.com/artigos/a-utiliza-
-ccedil-atilde-o-do-blog-na-educa-ccedil-atilde-o/2017>. Acesso em:
maio2012.
KOMESU,Fabiana.BlogseaspráticasdeescritasobresinaInternet.
Disponívelem:<http://www.ufpe.br/nehte/artigos/blogs.pdf>.Acesso
em:14jun.2012.
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Quando o português chegouDebaixo duma bruta chuva
Vestiu o índioQue pena! Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despidoO português
Oswald de Andrade
Opresente trabalho está voltado à identificação e problema-
tizaçãodousodefonteshistóricasparaoensinodaquestãoindíge-
nabrasileira,bemcomoàspossibilidadesdestasparafinsdidáticos
e recursosde aprendizagemque fomentema construçãodo conhe-
cimentohistóricoporestudantes.Trata-se, também,deumaanálise
dasrepresentaçõesfeitassobreosindígenasbrasileiros,descrevendo
características,desvelandoconstruçõeseapontandopreconceitos.A
propostapartedapremissametodológicaindicadapelosParâmetros
CurricularesNacionais(PCN),naqualoensinodaHistóriasedápor
meiodacríticadosdocumentos,emumincessanteprocessodeanáli-
seeconstruçãodoconhecimentohistórico.Sendoassim,asmúltiplas
Laisa dos Santos Nogueira
Métodos de ensino para a diversidade: possibilidades pedagógicas a partir das
múltiplas representações sobre os povos indígenas
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representaçõesacercadosindígenasbrasileirossãoconfrontadascom
oimagináriojáconstruídoporcriançasdo4ºanodasSériesIniciais
doEnsinoFundamentaldaE.M.E.F.MateAmargo(RioGrande/RS),
analisadoapartirdedesenhosrealizadosporelasnoprimeirosemes-
trede2012–ocasiãodoDiadoÍndio.Emtodososmomentosdeste
artigo,defende-seafugademétodostradicionaisdeensino,aomes-
motempoemqueasabordagenspreconceituosassobreosindígenas
sãodenunciadascomoinadequadasàeducaçãoquesepretendeno
século XXI.
Nessesentido,atentemosquepormaisdeduasdécadas,oBra-
silviveuumconturbadoperíododeditaduracivil-militar.De1964a
1985,alternaram-senaPresidênciadaRepúblicacincorepresentantes
das forças-armadas.Guardadas as devidas proporções e as especi-
ficidadesdogovernodecadaumdesses,opaísfoiminadoporins-
trumentosemétodosprópriosdeumpoderoso regimedecontrole
técnico-burocrático-militar,minimizandoademocraciaealiberdade
dosbrasileiros e sufocandoqualquer tentativade livre expressão–
individual, coletiva e, sobretudo, da imprensa.Amaioria absoluta
dapopulação foi relegada à condiçãode expectadoradas políticas
dirigidaspelogoverno.Nesseínterim,aeducaçãoserviucomobase
deumapropostabastantedefinidaporpartedosrepresentantesda
Ditadura.
Apenascomoprocessoderedemocratização,iniciadonadéca-
dade1980,começamaserpensadasnovaspropostasparaosistema
educacional. Seporvinte eumanos a educaçãonoBrasil estava a
serviçoda“manutençãodaordem”edeumregimeautoritárioere-
pressivo,comofimdaDitaduraorompimentocomessaposturapas-
saaserumenormedesafio.Especificamente,oscurrículosescolares
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setornamofocodadiscussão.Compreendendoseusentidopolítico
esocial,ocurrículopassaaserincansavelmentediscutido,buscando
determinarumnovodirecionamentodaeducação.
Cabesalientarqueadiscussãonestecampo,noperíodoque
compreendeoúltimoquarteldoséculoXX,nãofoiumaexclusivida-
debrasileira.Igualmentesaídosdeperíodosditatoriais,muitosoutros
paísessededicaramaosdebatessobreasmudançasemseuscurrícu-
losoficiais.OspaísesibéricoseosintegrantesdoMERCOSULservem
deexemplo.Maisdoquea transformaçãotrazidapeloprocessode
redemocratização,todosessespaísesbuscarammudançasporquese
viaminseridosemumainéditaconfiguraçãomundial–sobretudoa
partirdadécadade1990–queimpôsumnovomodeloeconômicoe
ossubmeteuàlógicadomercado.
Dessa“novaordemmundial”,nascetambémumanovacon-
cepçãodeEstado:ospaísesperiféricoseendividadosforaminseridos
aoprocessodedesenvolvimentomundial, sendoabertosaocapital
estrangeiroeempreendendofinanciamentosjuntoàsinstituiçõeseos
organismosmultilateraisebilaterais–comooBancoInteramericano
deDesenvolvido(BID),oBancoMundialeoFundoMonetárioInter-
nacional(FMI).RobertoAntonioDeitos(2007)afirma,nessesentido,
que:
Umavez inseridanoprocessodaprivatização,dabuscapor
lucroetecnologia,bemcomodaprodutividadeecompetitividadein-
As reformas educacionaisnacionais empreendidasnoBrasil foramhistoricamente realizadas e estiveram concretamente inseridas noconjunto das reformas estruturais e setoriais e dos financiamentosrealizadosparaosdiversossetoresdaeconomianacional,servindoefetivamenteaosobjetivosgeraiseespecíficosrealizadosemcadaumdosprojetos,programasoureformasempreendidas(p.34).
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É válido esclarecer que tal linha de orientação direcionou não apenas a reformulação curricular brasileira, como também de Portugal, Espanha e alguns países da Améri-ca Latina, sobretudo, os integrantes do MERCO-SUL.
ternacional,cabeàsociedadesereducadadentrodestalógicadomer-
cado.Aindanadécadade1980,asdiscussõesacercadasnecessárias
mudançasnosistemaeducacionaldoBrasiljáestavamvinculadasàs
políticas liberais voltadas para os interesses internacionais. Entretan-
to,apesardainevitáveltendênciaàhomogeneização–característica
da globalização – as reformulações curriculares brasileiras pautam
seusdiscursosnoatendimentoàscamadaspopulares.
Alinhadoaosajustesestruturaisesetoriaisexigidospelosor-
ganismosfinanceirosmultilaterais,oMinistériodeEducaçãoeCultu-
ra(MEC)brasileirorealizouumareformulaçãocurricularabarcando
todososníveisdeescolarização.ExclusivamenteparaoEnsinoFun-
damentaleMédio,foramcriadososParâmetrosCurricularesNacio-
nais,orientadospelospressupostosdaPsicologiadaaprendizagem
de Jean Piaget .Sobestaorientação,aescolapassaaassumiratarefa
deprodutoradosaber.Aosugerirumamudançadepostura,osno-
vosparâmetrosdedicamaoprocessodeensinoa funçãodepermi-
tiro acessoao saberproduzidoatravésdeumaabordagemcrítica.
É a partir dos Parâmetros CurricularesNacionais que o pa-
peldoensinodaHistóriaedeseusprofessoresassumeumafunção
queficamuitoalémdatransmissãoereproduçãodosconhecimentos
paraosestudantes.Passou-seacontestaroformalismodaabordagem
históricapositivista,principalmente,asuperficialseriaçãodeaconte-
cimentosemumcontextoeuropeu.Assim,são incorporadosnovos
conceitosaosentidodapesquisahistóricaeseudesenvolvimentoem
saladeaulaécolocadonocentrodoprocessodeconstruçãodoconhe-
cimentodosestudantes.
OsconteúdoseasmetodologiaspropostaspelosParâmetros
CurricularesNacionaispropõemumaaberturarumoàaprendizagem
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eaquisiçãodenovaslinguagens.Migrandododomíniodetextoses-
critosqueobedeçamànormacultadalíngua,atéautilizaçãodesites,
históriasemquadrinhosemúsica,busca-searticularaescolaàsnovas
tecnologias–tãocomunsàsnovasgerações.SobreoensinodeHis-
tória,tendoemvistaqueessadisciplinaé–paraamaioriadosado-
lescentes–marcadapelainutilidadeepoucodinamismo,otrabalho
comasmaisdiferentesmanifestaçõesdiscursivassãosugeridaspelos
PCNcomoimportanteformadepromoveracriticidadeereflexãodas
crianças e adolescentes.
UmapropostabastanteconhecidadosParâmetrosCurricula-
resNacionais–jáque,emparte,caracterizatodasuaelaboração–são
ostemastransversais.Aoarticularosconteúdos,trabalham,também
comtemáticasimportantesparaaconstruçãodosestudantes.Frenteà
enormidadedeperíodoseprocessoshistóricosaolongodaexistência
humana,algunstemastransversaissãopensadosparaqueosprofes-
soresadaptemoucriemmaneirasdeintegrá-losaocontextolocaldas
escolas.Comoexemplodessestemas,pode-secitar:asrelaçõesdetra-
balhoeosprocessosprodutivos,lutaseconquistaspolíticas,relações
dohomemcomomeioambiente,questõespertinentesaogêneroeà
sexualidadedemodogeral,adiversidadeetc.
Para os Parâmetros Curriculares Nacionais, a utilização de
variadasfonteshistóricasédefendida, jáque“acomunicaçãoentre
oshomens, alémde escrita, é oral, gestual, figurada,musical e rít-
mica”(BRASIL,1997,p.31).Maisdoqueisso,éelencadocomoum
dosobjetivosgeraisdaáreadeHistóriaautilizaçãode“métodosde
pesquisaedeproduçãodetextosdeconteúdohistórico,aprendendo
a ler diferentes registros escritos, iconográficos, sonoros” (BRASIL,
1997,p.41).Ademais,esclarecequeotrabalhopedagógicorequera
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compreensãodessesmúltiplosmateriaisenquantofontespotenciais
paraareflexãoeaquisiçãodosaberhistóricoescolar,permitindoque
oalunoobserveatentamenteseuentornoeestabeleçarelaçõesecríti-
cas,alémderelativizarsuaatuaçãonoespaço/tempo.
Dessemodo,dominarinformaçõeseconceitosdedeterminado
períodohistóriconãopodeservistocomodomínioeapreensãodo
conteúdopeloestudante.Énecessário,paratanto,queosadolescen-
tessejamcapazesdecompararépocaseprocessoshistóricosatravés
daanálisedosmaisvariadosvestígios.Otrabalhodidáticodeleitura
dedocumentos,propostopelosPCN,implicaaconsideraçãodein-
formaçõesinternaseexternasàsfontes.Maisdoqueperceberaquilo
queestávisivelmenteclaroemdeterminadovestígio,hádeserconsi-
deradoseucontextohistórico,bemcomoarelaçãoentreoconteúdo
eaépocaemquefoiproduzido.OsPCNapontamanecessidadede
articularoensinoàpesquisa.Pormeiodacrítica,análiseeinterpreta-
çãodosvestígiosdopassado,osestudantesconstruiriamtextosque
formalizassemosresultadosdaproblematizaçãofeitasobredetermi-
nadoprocessohistórico.
É inserida,atravésdapropostadeutilizaçãodefonteshistó-
ricas na salade aula, umanecessária redefiniçãodopapeldopro-
fessor.Otrabalhocomfontes(seleção,interpretação,análiseeetc.)é
umdospressupostosbásicosdesignadosaohistoriadore,aobuscar
aminimizaçãoeexclusãodadistânciaentrepesquisaeensino,deve
sercolocadocomofundamentalaoprofessordeHistória.Nessesenti-
do, cabe ao professor possibilitar a utilização de registros do passado
em suas aulas, alémda responsabilidade em conduzir tal proposi-
ção.Faz-seimprescindívelconhecerocontextodeprodução–época,
autor,aspiraçõesesentidos–decadaumadasfontescolocadasem
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análise.Nessecontexto,épapeldoprofessor,pois,mediarocontato
dosestudantescomosdocumentos,estendendoaosadolescentesas
diretrizesquepermitemaopesquisadordialogarcomasfontes.
A temática indígena na sala de aula: obrigatoriedade e
possibilidade
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB - Lei nº
9.394/96),apartirdamodificaçãonoartigo26-A,determinadapela
Leinº11.645,incluinocurrículoescolaroficialdetodarededeensino
a obrigatoriedadeda temática “História eCulturaAfro-brasileira e
Indígena”.Especificamente,estabelece:
Essaobrigatoriedadedeestudodatemáticaindígenanasau-
las,sobretudonasdeHistória,podeseapresentarcomoumdesafio
aosprofessores–especialmenteàquelesquedesenvolvemsuasativi-
Art.26-ANosestabelecimentosdeensinofundamentaledeensinomédio,pú-blicoseprivados,torna-seobrigatóriooestudodahistóriaeculturaafro-brasileira e indígena.§1ºOconteúdoprogramáticoaqueserefereesteartigoincluirádi-versosaspectosdahistóriaedaculturaquecaracterizamaformaçãodapopulaçãobrasileira,apartirdessesdoisgruposétnicos,taiscomooestudodahistóriadaÁfricaedosafricanos,alutadosnegrosedospovosindígenasnoBrasil,aculturanegraeindígenabrasileiraeonegro e o índiona formaçãoda sociedadenacional, resgatando assuascontribuiçõesnasáreassocial,econômicaepolítica,pertinentesàhistóriadoBrasil.§2ºOsconteúdosreferenteàhistóriaeculturaafro-brasileiraedospovos indígenasbrasileirosserãoministradosnoâmbitode todoocurrículoescolar,emespecialnasáreasdeeducaçãoartísticaedeli-teraturaehistóriabrasileiras.
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dadesdocentesnasSériesIniciais,masquepossuemsuasformações
unicamentenaáreadaPedagogia.Atentativadeutilizaçãodelivros
didáticos oferecidos e distribuídos pelo governo pode, contudo, apre-
sentar-secomoriscode(re)produçãodeestereótipossemanecessá-
riaproblematização.Ainda,aelevadacargahorária,frequentemente
exercidapelosprofessoresdaRedePúblicadeEnsino,podeocasionar
a impossibilidadede umapesquisa que enfatize a identificaçãode
vestígiosdopassado,osquaispermitamaosestudantesareflexãoea
construçãodeseupróprioconhecimento.
Mesmoquetaisdificuldadespossamserentendidascomoum
desafioaosprofessores,tambéméverdadequeinúmerasfonteshis-
tóricaspodemserfacilmenteencontradasnasbibliotecasescolarese
emsitesdebusca.Exemplodissoéa famosaCartadePeroVazde
CaminhaaoreiportuguêsD.Manoel,oprimeiroregistrohistóricoda
visãoeuropeiasobreosindígenasbrasileiros.Escritaem1ºdemaio
de1500,taldocumentoéencontradoemdiversossiteseblogs–sendo
esteocasodaBibliotecaVirtualdoEstudanteBrasileiro,quedistri-
buiomaterialatravésdositehttp://www.bibvirt.futuro.usp.br,desde
queparafinseducacionais.
Aprimeira caracterizaçãodos indígenas, feitaporCaminha,
apresenta o estereótipo que, ainda hoje, é identificado e associado
comopertencenteaoíndiobrasileiro:
Pardos, nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas.Traziamarcosnasmãos, e suas setas.Vinham todos rijamente emdireçãoaobatel.ENicolauCoelholhesfezsinalquepousassemosarcos.Eelesosdepuseram.Masnãopôdedeleshaverfalanemen-tendimentoqueaproveitasse,poromarquebrarnacosta.Somentearremessou-lheumbarretevermelhoeumacarapuçade linhoquelevavanacabeça,eumsombreiropreto.Eumdeleslhearremessouumsombreirodepenasdeave,compridas,comumacopazinhadepenasvermelhasepardas,comodepapagaio.Eoutro lhedeuum
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Duranteotextoescritoemlinguagemformal–porémdeforma
simples–PeroVazdeCaminhaapresentaumarepresentaçãocuriosa,
formuladaapartirdaexperiênciaque tevecomos indígenasdare-
giãonordestedoBrasil.Otipodevidalevadopelasociedadeindígena
comquemCaminhatevecontatolhecausouespanto.Portadordeuma
visãojávoltadaaotrabalhoeàexploraçãoderecursosnaturaiseao
aumentoderiquezas,oescrivãodaarmadadePedroÁlvaresCabral
sesurpreendeucomoshábitoseascapacidades físicasdosnativos.
Assim,escreveu:
AspoucasfolhasquecompõemaCartasãocapazesdegerarin-
finitaspossibilidadesdeusopedagógico:dasimplesleituraeanálise,
dadescriçãodocontextoemquefoiproduzida,daclaraintençãode
Caminhaaoescreveroreferidotexto,daexploraçãodaspalavrascui-
dadosamenteescolhidaspeloautor,atéoconfrontodavisãodoautor
comasrepresentaçõesfeitasporoutrosviajantes.Metodologicamente,
aCartapodedisponibilizaraoprofessordeHistóriaaoportunidade
defomentarumapropostadeensinoqueprivilegieacríticaaodocu-
mentoeareflexãodoestudanteacercadeconhecidosvestígioshistó-
ricos.
Quantoàreferidapossibilidadedeconfrontoentrefonteshistó-
ricas–oque,viaderegra,configura-sesemprecomoumaexperiência
Elesnãolavramnemcriam.Nemháaquiboiouvaca,cabra,ovelhaougalinha,ouqualqueroutroanimalqueestejaacostumadoaoviverdohomem.Enãocomemsenãodesteinhame,dequeaquihámuito,edessassementesefrutosqueaterraeasárvoresdesideitam.Ecomistoandamtaise tãorijosetãonédiosqueonãosomosnóstanto,comquantotrigoelegumescomemos(s/p).
ramalgrandedecontinhasbrancas,miúdasquequeremparecerdealjôfar,asquaispeçascreioqueoCapitãomandaaVossaAlteza(s/p).
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pedagogicamenterica–oprofessorpodesevalerdosrelatosdosvia-
janteseuropeusquepelasterrasbrasileirasestiveramaolongodope-
ríodocolonial.Interessadosemexplorararegiãoeadquirirvivências
enovosconhecimentos,osviajanteseuropeuspesquisaramafauna,
aflora,osnativoseasriquezasmineraisdoBrasil,deixandoanálises,
descriçõesediversasproduçõessobreessasáreas.Maisdoquerela-
tos,algunsdessesviajantesproduzirampinturasqueretratavamoco-
tidiano de grupos indígenas brasileiros. A análise dessas obras pode
serválidaparaa identificaçãodasmúltiplasrepresentaçõessobrea
figuradoíndio, tantoporapresentardetalhesdiferenciadosquanto
por corroborar características desses povos.
Dentreosviajantes,umdosmaisconhecidoséofrancêsJean
BaptisteDebret.Nasuaobra intitulada“ViagemPitorescaeHistó-
riaaoBrasil”,153pranchas,acompanhadascomtextosexplicativos,
apresentamvariados elementosda formação culturaldoBrasil.Na
primeirapartedestaobra,Debretsededicouarepresentarasparti-
cularidadesdaquiloqueentendeucomo“nativo”aoterritóriobrasi-
leiro.Assim,afaunaeafloradividemespaçocomospovosindíge-
nas.Nãoobstante,aindaqueousodasobrasdesseviajantepossaser
pedagogicamenteapropriadoaotrabalhocomatemáticaindígena,é
importanteidentificarnotrabalhodeDebretavisãodeumeuropeu,
aqual,muitasvezes,foiumaobservânciaidealizadapeloautor.
O site da Pinacoteca do Estado de São Paulo,quetemporênfase
aproduçãobrasileiradoséculoXIXatéacontemporaneidade,possui
emseuacervovirtualinúmerasobrasdeJeanBaptisteDebret.Nesse
sentido,parao trabalhoemsaladeaula,sugere-sequeoprofessor
solicitequeosprópriosestudantesexploremapáginadaPinacoteca
easobrasdeDebretládisponibilizadas.Contudo,levandoemconsi-
<http://www.pinacote-ca.org.br>. Acesso em: 26 jul. 2012.
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deraçãoopropósitodopresenteartigo,algumasobraspodemsersu-
geridas–todas,obviamente,contribuindoparaodesenvolvimentode
atividadesquevãoaoencontrodemetodologiasproblematizadoras.
Ao contribuir para a ideia de diversidade entre indígenas, a se-
guinteimagempodeserútilparaanáliseemsaladeaula:
Debret traçouumpanoramadonativobrasileiro.Suaanálise
fezcomqueascaracterísticasfísicaseaspráticasculturaisdosíndios
fossemconhecidasemoutroscontinentese,atéhoje,sirvamcomofon-
tesde análises.Maisdoquedescrever os traçosdessas sociedades,
apresentoutraçosdosindígenasemmomentosposterioresaoconta-
tocomoseuropeus.Arepresentaçãointitulada“DançadeSelvagens
daMissãodeS.José”dácontadesalientaraspectossociaisdeíndios
aculturados–aindaqueotítulodalitografiaindiqueocaráter“selva-
Cabeças de diferentes tribos selvagens, 1834. Litografia sobre papel.
Disponível em: <http://www.pinacoteca.org.br/pinacoteca/upload/acervoimagem/7160.jpg>.
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gem”dospersonagens. SeadançarealizadanaMissãodeS.Joséfoientendidacomo
uma representação ainda “selvagem”, Debret identificou em suas
obras inúmeras imagensde indígenas civilizados.Emumadelas, a
personagemdeorigemGuaraniaparececomroupasqueemnenhum
momentoseassemelhamaos trajesesteriotipadamenterelacionados
aospovosindígenas.Maisdoqueisso,naimagemreferida,comoé
Dança de Selvagens da Missão de S. José, 1835. Litografia sobre papel.
Disponível em: <http://www.pinacoteca.org.br/pinacoteca/upload/acervoimagem/7151.jpg>.
Índia Guarani civilizada indo à missa no domingo, 1834. Litografia sobre papel.
Disponível em: <http://www.pinacoteca.org.br/pinacoteca/upload/acervoimagem/7156.jpg>.
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possívelpercebernasequência,apersonagemnativa/civilizadaére-
presentadapraticandoumatoreligiosotrazidopeloseuropeus.
Oscostumescristãossignificariam,pelalógicadeJeanBaptiste
Debret,umindígenacivilizado.Aimagemanalisadapodeserutiliza-
daparafinspedagógicos,pelofatodesuscitarumaquestãopertinen-
te:oquesignificaserumindígena?Apersonagemrepresentadana
obra“ÍndiaGuaranicivilizadaindoàmissanodomingo”é,pelacren-
çaevestimenta,civilizada?Outrora,então,poderiaservistacomosel-
vagem?Analisarvisõeseconceitosdeselvageriaecivilizaçãoatravés
dasobrasdoviajante francêsgarantiram,na lógicadametodologia
daproblematizaçãoereflexãocríticadosvestígiosdopassado,bons
frutosaoprocessodeensino-aprendizagem.
ParafinalizaraanálisedasobrasdeDebret,éválidopensara
possibilidadedidáticadeumavisãoquecontrarieoestereótipomais
comumdo indígenabrasileiro.Trata-se,pois,da representaçãoque
desconstrói a imagem pacífica e, em algunsmomentos, até apática
frente à colonização.A imagemescolhida, intitulada “ChefedeBo-
rorenospartindoparaumaexpediçãoguerreira”,tememseutítuloa
demonstraçãodosobjetivosdopintorecontribuiparaanálisequanto
Chefe de Bororenos partindo para uma expedição guerreira, 1834. Litografia sobre papel.
Disponível em: <http://www.pinacoteca.org.br/pinacoteca/upload/acervoimagem/7139.jpg>.
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oselementosinternosdaobra:
Em comparação àCartadePeroVazdeCaminha, o francês
JeanBaptisteDebretapresentouelementosquepermitemumaanáli-
semaiscomplexadoindígenabrasileiro.Dadesconstruçãodoíndio
inocenteepassivoaosacontecimentosatéaaculturaçãodosnativos,
passando pela diversidade de grupos indígenas, o viajante contri-
bui tantoparaapesquisahistóricaquantoparaodesenvolvimento
demetodologiasqueadotemvestígiosdopassadocomorecursosdi-
dáticos.Debretcontribuiuaoabrirolequedepossibilidadesquedá
suporteaoprofessorquedesejaaconstruçãodoconhecimentopelos
estudantesapartirdacríticaaodocumentoedareflexãoconstante
entre passado e presente.
Mesmoqueacontribuiçãodosviajanteseuropeusqueregis-
traramaculturaindígenanoperíodocolonialsejaincontestável,auti-
lizaçãodas fontesproduzidasporestesépouquíssimaaproveitada
comfinalidadepedagógica.Aduz-seestainformaçãoimediatamente
apósumaanálisedoslivrosdidáticosadotadospelosprofessoresda
rede pública de ensino, sobretudo, os utilizados nas Séries Iniciais do
EnsinoFundamental.Namaioriadoscasos,o indígenabrasileiroé
representadoatravésdomesmoestereótipo:inocente,despido,com
forte religiosidade e extremamente ligado à natureza. Exceto pela
crençareligiosa,areferidarepresentaçãovaiaoencontrodaprimeira
descriçãofeitadonativobrasileiro,naocasiãodo“descobrimento”.
Nessesentido,observa-sequeoslivrosdidáticos–principal-
menteaquelesvoltadosaosAnosIniciais–fazemusoderecursosque
legitimam estereótipos, padronizando características dos variados
grupos indígenas que existiram/existemnoBrasil.Aomesmo tem-
poemquehomogeneízam,parecemignorarpreciosasfonteshistóri-
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casquegarantiramvisõesdestoantesdaquelasporelesapresentadas.
AindasetratandodasSériesIniciais,oslivrosdidáticos(tantoquan-
to os professores pedagogos) recorrem com frequência à Literatura
Infanto-Juvenil para representar personagens indígenas.
Dentre as representações indígenas mais conhecidas pelos
estudantes dosAnos Iniciais, está, sem dúvidas, a figura do Papa-
-Capim. Tal personagem, criado porMaurício de Souza, é descrito
no site da TurmadaMônicacomo“meninoíndio,perfeitamentein-
tegradoàsua triboeànatureza.VivenaFlorestaAmazônica,culti-
vando as lendas e cultura dos índios brasileiros, em aventuras sin-
gelasouperigosas”.Naspassagensemqueopersonagemindígena
assume lugar de destaque nos quadrinhos, a intrínseca relação en-
treosnativos e anatureza énitidamentedemonstrada.Nahistória
“Anoiteemquea lua foidevoradapelaspiranhas!”,Papa-Capimé
apresentadocomoincapazdeperceberquestõesbásicas quedizem
respeitoaosmovimentosdaTerraedoSol.Frenteaestaincapacida-
de,acreditaqueaDeusaLuafoidevoradapelaspiranhasdorioem
queteriamergulhado.Maisdoqueaignorânciaouingenuidadedo
índio,aHistóriaemQuadrinho(HQ)demonstraapreocupaçãodos
indígenas comanatureza e, consequentemente, comamanutenção
desuacultura.Aimagem,aseguir,foiretiradadareferidahistóriae
“A noite em que a lua foi devorada pelas piranhas!”, Maurício de Souza, 2004.
História em Quadrinhos.
Disponível em: <http://www.monica.com.br/personag/turma/papa--cap.htm>. Acesso em: 07 ago. 2012.
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É válido ressaltar que a referida data come-morativa foi criada em 1943, através do Decre-to-Lei 5540, pelo então presidente Getúlio Var-gas. As origens dessa de-terminação remontam--se ao ano de 1940, no qual lideranças indíge-nas de todo Continente Americano, após boico-tarem os primeiros dias do evento, optaram por participar do Primeiro Congresso Indigenista Interamericano, reali-zado no México. Nesta ocasião, foi criado o Ins-tituto Indigenista Inte-ramericano com o intui-to de zelar pelos direitos dos índios americanos. O Brasil, entretanto, não aderiu imediatamente ao Instituto – tomando esta atitude somente após a intervenção do Marechal Cândido Ron-don.
demonstraapreocupaçãoemapresentartraçosdaculturaindígena.
Noentanto,Papa-CapimnãofoioúnicopersonagemdeMau-
ríciodeSouzaarepresentarospovos indígenas.Eminúmerasoca-
siões, asmais famosas criaçõesdodesenhista estiverama favorda
reproduçãodeumavisãoparcial, estereotipada e, atémesmo,pre-
conceituosadahistóriadoíndionoBrasil.Provadissosãoasimagens
abaixoapresentadas:
Emambasasrepresentações,osmaisconhecidospersonagens
daTurmadaMônicasãoapresentadoscomoindígenas.Naprimeira,
emumahomenagemaoDiadoÍndio(19/04),MônicaeCebolinhasão
desenhadoscomroupaseadornosquecorroboramcomoestereótipo
jáseguidonomodelodePapa-Capim.Pelochão,épossívelidentificar
objetosdecerâmicaeumaflecha,indicandoaproduçãoartesanaltípica
doindígena.Ocontatocomanaturezaeasroupasutilizadasencerramo
panoramabásicodavida“nativa”,representadoporMauríciodeSouza.
Nasegundailustração,Papa-Capimestáacompanhadodeco-
nhecidospersonagens:Mônica,Magali eCascão tambémsãoapre-
sentadoscomoindígenas.Acaracterizaçãodessaimagemnãodestoa
daanterior.Porém,surgeumnovoelemento:ocolonizador.Especifi-
camente,trata-sedoeuropeucatequizantequedifundiuocatolicismo
paraasregiõesrecém-descobertas,transmitindoaospovosnativosas
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línguasportuguesaeespanholae,principalmente,oscostumeseuro-
peus.Areaçãodos indígenasdeMauríciodeSouzafrenteàcoloni-
zaçãocondizcomavisãodonativopacíficoe/oupassivofrenteaos
acontecimentos:semquetenhamabandonadoaestreitarelaçãocom
anatureza,demonstramalegriaeatençãoaoqueestásendocolocado
pelo colonizador cristão.
AspassagensdaCartadePeroVazdeCaminha,dispostasno
presentetrabalho,encaixam,perfeitamente,nasrepresentaçõesfeitas
porMauríciodeSouza.Aspoucas(ounenhuma)vestesparacobrir
os corposdos indígenas,os cocares feitos compenas coloridaseos
adornoselaboradosapartirdeelementosdanatureza,afraternidade
dosnativoseaalimentaçãobaseadaemvegetaiscoletados–descritos
peloescrivãoportuguês–legitimamacaracterizaçãodadanasHQ.O
caráterpedagógicoeapossibilidadedeusodas imagensaquiapre-
sentadasresidem,então,noexercíciocríticoquedeveserfeitoemsala
de aula.
Comojáfoidito,osencaminhamentosmetodológicosquefo-
camaproblematizaçãopelosestudantesdãocontadetrabalharcom
fonteshistóricascontraditórias,semoprejuízodacrítica.Aocontrá-
rio,analisarpermanênciasourupturas–geradaspormudançaspara-
digmáticasouvisõesparciais–produzconhecimentopeloconfronto
deinformaçõesereflexãosobreelementosinternoseexternosdosob-
jetoshistóricos.Dessemodo,équearepresentaçãoindígenadefinida
porMauríciodeSouzadeveserlevadaparasaladeaula.Afinal,sendo
inevitávelocontatodosestudantesdosAnosIniciaiscomtalrepresen-
tação,cabeaoprofessorproblematizaressavisãofrenteàanálisede
outrasfonteseconhecimentoshistóricos.
Outra representação indígena da Literatura Infanto-Juvenil é
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Tibicuera.Essepersonagem,criadoporÉricoVeríssimo,fazaolongo
dolivro“AsaventurasdeTibicuera”umaabordagemquecontempla
importantesmomentosdahistóriabrasileira.Narrandoemprimeira
pessoa,Tibicuerarelataasconquistasedificuldadesdaformaçãodo
Brasilenquantojovemnação.Atravésdafiguradoíndio,oautor(re)
contaatrajetóriadeocupaçãodoterritórionacional,desdeoperíodo
Pré-ColonialatéaRevoluçãode30,jánafaserepublicana.Assim,Ti-
bicueraapresentafatossignificativosdahistórianacionalaolongode
maisde400anos.Ajustificativaparaalongevidadedoindiozinhoé
dadanocapítulo“OsegredodoPajé”(VERÍSSIMO,1966):
Aolongodaspáginas,émostradoumBrasilemprocessode
formação,contando,paraisso,comosmaisvariadosagenteshistóri-
co-sociais:índios,colonizadoreseuropeus,negros,religiosos,bandei-
rantes,etc.Asíntesedessaformaçãoécolocadaapartirdoseventos
históricosqueservemcomopanodefundoparaasaventurasdoper-
—Oremédioestáaquidentro,Tibicuera.Nãoháfeitiçaria.Opajégostadeti.Eleteensina.Escuta.Otempopassa,masagentefingequenãovê.Avelhicevem,masagentelutacontraela,comoseelafosseumguerreiroinimigo.Oshomensenvelhecemporquequerem.Sómuitotardeéquecompreendiisso.Tibicuerapodevencerotem-po.Tibicuerapodeiludiramorte.Oremédioestáaqui.—Tornouabaternatesta.—Estánoespírito.Umespíritoalegreesãovenceotempo,venceamorte.Tibicueramorre?OsfilhosdeTibicueraconti-nuam.Oespíritocontinua:acoragemdeTibicuera,onomedeTibi-cuera,aalmadeTibicuera.Ofilhoéacontinuaçãodopai.EteufilhoteráoutrofilhoeteunetotambémterádescendenteseoteubisnetoserábisavôdumhomemquecontinuaráoespíritodeTibicueraequeportantoaindaseráTibicuera.Ocorpopodeseroutro,masoespíritoéomesmo.Eeutedigo,rapaz,queissosóserápossívelseentrepaiefilhoexistirumaamizade,umamortãogrande,tãofundo,tãocheiodecompreensão,quenofimTibicueranãosabeseeleeofilhosãoduaspessoasouumasó(p.31).
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sonagemTibicuera.Dessamaneira,oBrasiléopalcodasmudanças
eprocessoshistóricosnarradospelafiguradeumíndioaculturado.
Maisdoquenarraracontecimentos,Tibicueraparticipouativamente
decadaumdosmomentosmaisrelevantesparaahistóriabrasileira.
Antesdetudo,apersonageméumexemplodebrasileiropatriota,he-
róiporsuacoragemeidealqueenfrentariaosmaisdiversosinimigos
emnomedaliberdadedesuanação.Acompanhouaevoluçãoque,aos
poucos,chegouaoBrasileotransformouemumpaísmoderno.
Opersonageméapresentadocomoumamantedoslivroseda
justiça,quelutouporideaispolíticos,defendeuofimdaescravidão,
apoioumudançasradicaisnaestruturabrasileira,alémdeaceitarcom
entusiasmo o advento damodernidade.Apresenta-se, assim, como
umexemploaserseguido,umhomemdeprincípiosclaros,tementea
Deusededicadoaoslivros.Tibicueraéumíndio,intelectual,corajoso
eesperançosodeumfuturomelhor.
ArepresentaçãofeitaporÉricoVeríssimo,apesardecomeçar
suanarrativaemummomentohistóricoanterioràchegadadoscolo-
nizadores,écaracterizadaporumíndioativofrenteaosacontecimen-
tos,porémquenãoseopôsàaculturação.Maisdoqueisso,aceitouo
processodecolonização,tornando-secristãofervorosoeadotandohá-
bitoseuropeus.AdescriçãoqueVeríssimofazdeTibicueracontraria,
empartes,algumasdasrepresentaçõesanalisadasporesteartigo.O
indiozinhomudousuascrençasehábitos,aceitandoainevitávelevo-
luçãodossereshumanosedassociedades.Oautor,assim,apresentou
outra possibilidade para análise do indígena brasileiro ao longo da
História.
Deigualmodo,ÉricoVeríssimodeuaosprofessoresumava-
liosaoportunidademetodológica.A leituraeanálise críticadeuma
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obraliteráriaseaplicamperfeitamenteapartirdo2ºciclodoEnsino
Fundamental,garantindoapossibilidadedeumtrabalhoquetrans-
cendaumúnicoperíododeaula.Práticaspedagógicasquelidemcom
objetoscomplexos,comolivroscompletos,sãoadequadasparaode-
senvolvimentodeProjetosdeAprendizagemouProjetosdeEnsino.
Tibicuera tambémé indicadoparapropostas comosdemais ciclos
doEnsinoFundamental,pois,paraestepúblico-alvo,os livrosvol-
tadosaosleitoresfluentese,sobretudo,aoscríticos,sãoosmais in-
dicados.Tratam-sedeestudantespré-adolescenteseadolescentes,os
quais alargam,a cadadia, as suas capacidadesde concentraçãode
abstração,alémdapossibilidadedetranscenderdoescritoeatingir
umnível taldereflexãosobreavisãodemundopresentenotexto.
Portudooquefoiapresentado,acredita-sequeosprofessores
têmaoseualcanceumavariadagamadepossibilidadesmetodológi-
caserecursosdidáticosparatrabalharaquestãoindígenanasalade
aula.Asfonteshistóricas,paratanto,sãoigualmentevariadas.Assim,
pode-se recorreraosvestígios escritos, iconográficosouatémesmo
audiovisuaisparaquesejaanalisadaavidadosíndiosbrasileirosan-
tesedepoisdacolonização,alémdasrepresentaçõesfeitassobreelas
aolongodaHistória.Nessaquestão,Cooper(2004)contribui:
Oprofessorpodeiniciaroestudodatemáticasevalendodas
fonteshistóricasaquiapresentadas,oudeoutrastantasqueestãodis-
poníveis.Odocentepoderealizarrecortestemporais,focarapenasno
Utilizou-se, para a classificação de “lei-tor fluente” e “leitor crítico”, a produção de Nelly Novaes Coe-lho. Entende-se o pri-meiro tipo como pré--adolescente, a partir dos 10/11 anos, fase em que o leitor desen-volve o pensamento hipotético dedutivo e a consequente capa-cidade de abstração, além da atração por confrontos de ideias e ideais e seus possíveis valores e “desvalores”. Para o segundo tipo, a partir dos 12/13 anos, tem-se o desenvolvi-mento do pensamento reflexivo e crítico em-penhados na leitura do mundo.
[...]fazerinferênciassobreasfontes,sobrequemasfez,porquê,comopodemtersidoutilizadasecomoafetaramavidaquotidianadopas-sado,podelevarohistoriadoraconsiderarcomoéqueestaspessoaspensavameoque sentiam.Desenvolveresta imaginaçãohistórica,formulandoumavastavariedadedesuposições,éfundamentalparaseinterpretaropassado(p.57).
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olhardequemproduziuafonte,oumesmoidentificarascaracterísti-
casdosindígenasmaiscomumentecolocadasnosvestígiosdopassa-
do.
Partirdedeterminadorecursohistóricoparadarinícioauma
propostadeensinoquecontempleaquestãoindígenaé,semdúvida,
umaexperiênciaricaesegura,especificamentenocasodosAnosIni-
ciais,podegarantiroexercíciodacriticidade,pordespertarinteresses
pelacontemporaneidadeatravésdopassadoquea fundamenta.Tal
práticapode, ainda,darà criançapossibilidadesdedialogar como
passadoatravésdasvozesevestígiosqueotempomultifacetadoper-
mite.Todavia,estanãoéaúnicaopçãometodológica.
Iniciaroestudodosindígenasbrasileirospelasrepresentações
queosprópriosestudantesfazemtambémdeveserconsiderado.Pro-
postaigualmenteindicadaporestabelecerumdiálogocomopassado,
aqualtemporbaseopresente,garantindoumainesgotávelfontede
críticanasaladeaula–porquecadaestudantetrazconsigoumcon-
juntodecrençasevivênciasqueosdiferenciamemseuspontosdevis-
taerepresentaçõessobreomundo.Nessesentido,identificarvisões
preconcebidassobreospovosindígenasbrasileirospodedarmargem
àsconstruçõesedesconstruçõesnamedidaemqueapesquisahistó-
ricaproporconfrontosconceituais.Oambienteescolarpoderá,dessa
forma,serpalcodediscussões,reflexõeseconstruçãodeconhecimen-
to.
Damesmamaneira,práticasmetodológicascomoestasserão
capazesdepromoverumanovapossibilidadedediscussão.Trata-se
dareflexãoquepermitiráidentificarvozesdentrodeumúnicodiscur-
so.Levandotalexercícioanalíticoparaotrabalhocomrepresentações
indígenasnasaladeaula,épossívelidentificarasorigensdasmesmas
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quecadaestudanteécapazdefazer–considerando,paratanto,os
contextoseosgrupossociaisemqueestãoinseridos.Ariquezadesta
escolhametodológicapodeserpercebidapelarápidaanálisedealgu-
masrepresentaçõesfeitasnoprimeirosemestrede2012porestudan-
tesdo4ºanodaE.M.E.F.MateAmargo,localizadanacidadedoRio
Grande, RS.
Procurando identificar,nasrepresentaçõesdascrianças,pos-
síveisrelaçõescomasfontesdiscutidasnopresenteartigo,trêsdese-
nhosforamescolhidos.Cabesalientarqueestesforamproduzidosa
partirdaorientaçãoderepresentar,deformalivre,comoeraavida
dos indígenasbrasileirosantesdachegadadoscolonizadoreseuro-
peus.Comonenhumaconversaouatividadepedagógicahaviasido
direcionadaà temática imediatamenteantesdodesenho,épossível
aceitar que apenas conhecimentos adquiridos pelos estudantes em
momentosdiversosinterviramnaproduçãoartística–nãohavendo,
portanto,induçãoporpartedopesquisadorquecoletouosdadosna
turma.
O primeiro desenho corresponde a uma representação co-
mum:oindígenatemocorpopintado,usapoucaroupa,fazusode
instrumentossimplese,possivelmente,construídosporeles,dorme
emocasesealimentacomvegetaiscoletadosecarneanimal.Assim,o
desenho,abaixoinserido,nãoapresentaelementosqueodiferenciem
davisãotradicionaldoíndio,associados,porexemplo,àsrepresen-
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taçõesdeMauríciodeSouza,bemcomoos trechosselecionadosda
CartaescritaporPeroVazdeCaminha.Essarepresentaçãofoipredo-
minanteentretodososdesenhoscoletadosnaturmade4ºano,ainda
quealgunsdeixassemdeapresentarumououtroelemento.
Outrosestudantes,nãoobstante, representaramde formadi-
ferenciada os indígenas.No caso do próximodesenho analisado, a
criança pareceu aproximar o índio aos elementos característicos do
gaúcho,comoocavaloeolenço.Indoalém,épossívelrelacionartal
representaçãocomafigurado“índiogaúcho”,oumelhor,dosprimei-
roshabitantesdaregiãoSuldoBrasil.Decisivoparaestaconstrução,
podetersidoaquiloqueédeterminadopelocurrículooficial,como
conteúdoprogramáticodo4ºanodoEnsinoFundamental.Trata-se,
pois,daHistóriaLocal–que,porsuavez,devesertrabalhadaapartir
da chamadaPré-História atéosdias atuais.As contribuiçõesdadas
peloconhecimentohistóricoparecemnítidasnareferidaproduçãoar-
tística.
Porfim,outrarepresentaçãoproduzidaporcriançasmereceser
apresentada.Seucaráterdiferenciadoresidenamesclarealizadaen-
treosprincipaiselementosapresentadosnasimagensanteriores,bem
comonanítidaalusãofeitaaumaobradeJean-BaptisteDebret.Ain-
tervençãoquegarantiuarepresentaçãofeitapeloestudantenãopode
serafirmadacategoricamente.Porém,oconhecimentodaobradovia-
jante francês, bemcomoos conhecimentos referentes aos indígenas
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residentesnaregiãoSuldopaísforamdeterminantes.Aoanalisara
imagemproduzida,épossívelidentificaroqueatéentãofoidescrito.
Ocontatocomanaturezaeautilizaçãodeinstrumentospro-
duzidospelosprópriosindígenasnãodescaracterizaavisãotradicio-
nalquesetemsobreestegrupo.AalusãoàlitografiadeDebret(obra
intitulada“ChefedeCharruasselvagens”,de1834)tambémnãopode
serignorada,percebidaatravésdalançae,principalmente,davesti-
mentautilizadapelospersonagens–tantodeDebretquantodoestu-
dante.Ainda,enãomenosimportante,acriançaqueproduziuode-
senhoapresentouaexistênciadecasassubterrâneas,asquais,sesabe,
foramutilizadaspordeterminadosgrupos indígenasda regiãoSul
brasileira.Esseúltimoconhecimentonãoéfrequenteemestereótipos
ingênuos,poucobaseadosnapesquisahistórica,oqueindicaconhe-
cimentosuficientesobreosindígenasporpartedoautordodesenho.
Assimsendo,aspossibilidadesmetodológicasparaotrabalho
comaquestão indígenasãomúltiplas.Começaraanálisepelapro-
duçãodasrepresentaçõespreexistentesnosestudantespodeserum
caminhodeinteresse,queremeteaoutrasrepresentaçõesecontextos.
Deigualmodo,partirdefonteshistóricasconhecidasefacilmenteen-
contradasemarquivose/ousitesnainternettambémpodeconduzir
aumaintervençãopedagógicaplausívelerica.Emambososcasos,
oqueirágarantiravalidadedapropostaéopercursorealizadopelo
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professorenquantocondutordaatividade.
Seasfonteshistóricasestãodisponíveistantoaospesquisado-
resemHistóriaquantoaosprofessoresdestadisciplina,devem,então,
serlevadasàssalasdeaulacomoobjetodeestudoeproduçãodoco-
nhecimento.Noentanto,éprecisoqueosvestígiosdopassadosejam
lidadoscomo instrumentose recursosdisponíveisaosprofessorese
estudantes,nãodesviandoouconfundindoaquiloquedeveestarno
centrodapropostade ensino: a construçãodo conhecimentohistó-
rico.Talconstruçãopodesedaratravésdoquestionamentosobreos
vestígiosoudas representações trazidaspelos estudantesdeoutros
ambientesecontextos.
Paraencerrar,crê-sequetodapropostarealizadanocampodo
ensinodaHistóriacontribuirápara(re)significaraatuaçãodosagen-
tes envolvidos nas diferentes etapas do processo educativo. Dentre
eles,éevidentequeafunçãoassumidapelosprofessorestemdesta-
que,sobretudo,seestiverligadaaumaposturademediaçãoemativi-
dadesdesafiadoraseproblematizadoras.
Enfim,aaulaentendidacomoespaçodeconhecimentoelugardecul-
tura–emumaparáfrasedePenin(1994)–garantequeprofessorese
estudantesprocuremeexploremsaberesnasvariadasformasemque
aHistóriapodesemanifestar.Asmaneirascomoessessaberesserão
aproveitados e os possíveis questionamentos feitos, a partir desses
estudos, garantemnovas construções.No casodosprofessores, tais
constituiçõesdeterminamagêneseouareproduçãodosconhecimen-
toshistóricoscomosestudantes.Asaladeaula,assim,nãoseráape-
naspalcodeexperiênciasdiferenciadasnosentidodeanáliseedesen-
volvimentodeconsciênciacrítica,mastambémdeenvolvimentocom
aHistóriaedecompromissocomumaconstanterevisãodesaberes
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52
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Nãosãorarasasreclamaçõesdealunosacercadaincompreen-
sãoedesvalorizaçãodasaulasdeHistória,dosconteúdosquefazem
partedocurrículoescolar,bemcomodapertinênciadesuaaprendi-
zagemparaavidaprática.Nessaperspectiva,essasquestões,asquais
perpassamdesde a carga horária até comprometimentodos alunos
emrelaçãoàdisciplina,tornam-seindispensáveisnamedidaemque
sepretenderefletir,repensareseposicionarsobreoEnsinodeHistó-
riapraticadonotempopresente.
Paralelamente,vivemosemumcontextoconstituídopelavasta
disponibilidadedeinformaçõespormeiodasTecnologiaseMídiasem
geral.Écomumescutarmosefalarmos,enquantodocentes,sobreos
desafiosemsaladeaulaquandoosdiscentespossuemtantosrecursos
queparecem“roubar”acenadoprofessor.Naverdade,muitasvezes,
parecemosdisputaroespaçodaatençãodosalunoscomessesrecur-
sostãocomunsnavidadessessujeitos.
Apartirdessasobservações,questionamos:emquemedidaa
trajetóriadoEnsinodeHistóriacontribuiparacomaspercepçõesdis-
Trabalhando os sentidos no Ensino de História: a contribuição das Mí-
dias na sala de aulaNO BRASIL
Michele Borges Martins Lisiane Costa Claro
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torcidasarespeitodessecomponentecurricular?Existealgumarela-
çãoentreosdesafiosdentrodocotidianoescolar comsua trajetória
enquantocampodesaber?Esobreapossibilidadedeapropriarmo-
-nosdosrecursosquea tecnologiadispõenomundodehoje,como
essapráticaencontracampodepossibilidadesnaatuaçãodiscente?
Na busca por construir sugestões a esses questionamentos,
tomamoscomoobjetivodenossaescritacompreenderquaisaspos-
sibilidades de Ensino deHistória a partir da utilização dasmídias
audiovisuaisnoatualcontextodeformaacontribuirparacomaspo-
tencialidadesdeumensinosignificativo.Dessemodo,cremosnane-
cessidadedebuscarnãoapenasrecursosquepossamauxiliaraprática
docente.Sobretudo,acreditamosnaurgentenecessidadede(re)cons-
truiraposturadenossaspráticasenquantoprofessoresaocompreen-
dermosqueocotidianodavidanãoestáafastadodocotidianoescolar.
Paratanto,iremosabordarpartedatrajetóriadoEnsinodeHis-
tórianoBrasildemaneiraa compreendermoscomoesse campode
saberfoiconstruídoapartirdaeducaçãoformal.Logo,discutiremos
apresençadasmídias,o fomentodas tecnologiaseosespaçosocu-
padosporessadinâmicanasociedade.Assim,aabordagemvolta-se
àspotencialidadesemergentesnautilizaçãodesses recursosna sala
deaula,buscandoapresentarcontribuiçõesnoqueserefereàprática
queébuscarumEnsinodeHistóriasignificativo,oqualconsidereos
sentidosmúltiplospresentesnotrabalhocomaHistória.
Percursos do Ensino de História
Faz-senecessárioressaltarqueoaprendizadosobreaHistóriaéim-
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prescindívelparaacompreensãodassociedadespassadas,nosentido
deestabeleceraarticulaçãocomoatualcontextoe,assim,desenvol-
veraconsciênciaacercadosprocessosocorridosparaque,hoje,nossa
realidade se configuredamaneiraquevivenciamos.Dessemodo,a
Históriapossuiumafunçãoessencialnasuperaçãodaexclusãosocial,
naconstruçãodacidadaniaenaemancipaçãosocialepolíticadossu-
jeitoshistóricos(FONSECA,2003,p.16).Consequentemente,ensinar
Históriaépromoveraçõescoerentescommetaseobjetivosdelineados
ealicerçadosemumcontextodeatuaçãoeducacional,aqual,constan-
temente,estápermeadapelosdesafioscotidianosepelaburocratiza-
ção do ensino.
Nesse horizonte, de acordo com os Parâmetros Curriculares
Nacionais(PCNs),oensinodeHistórianoBrasil,podesercaracteri-
zadoapartirdedoisimportantesmomentos.Primeiramente,oinício
doséculoXIXintroduziuaáreanoâmbitodocurrículoescolar.Essa
charneirasucedeuomomentodaIndependência,devidoàpreocupa-
çãoderegistrarouinventaruma“genealogiadanação”,embasadano
ensejodeuma“Histórianacional”epautadanamatrizeuropeiacom
seuspressupostoseurocêntricos. Posteriormente,osegundomarco,
aconteceuapartirdasdécadasde30e40doséculoXX,orientadopor
umapolíticanacionalistaedesenvolvimentista.Paratanto,oEstado
passou a intervir demaneiramais normativa na educação e foram
criadas Faculdades de Filosofia no Brasil. Essas Instituições forma-
ramdocentesepesquisadores,consolidando-se,assim,umaprodução
deconhecimentocientíficoeculturalmaisautônomanopaís(PCNs,
1998,p.19).
Comefeito,aHistóriacomocampoescolarobrigatóriofoiins-
tauradacomacriaçãodoColégioPedroII,noanode1837,dentrode
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umprogramainspiradonomodelofrancês.Comisso,oespaçoopor-
tunizouosestudosliteráriosdelineadosporumensinoclássicoehu-
manístico,cujadestinaçãosevoltouàformaçãodecidadãosproprie-
tárioseescravistas(PCNs,1998,p.23).
Dessaforma,adisciplinadeHistóriafoiincluídanocurrículo
escolarjuntoaocurrículodaslínguasmodernas,dasciênciasnaturais
efísicasedasmatemáticas,compartilhandoespaçocomoEnsinoRe-
ligioso–achamadaHistóriasagrada.Nesseviés,aprimordialfun-
çãodisciplinarsedirigiaaformaçãomoraldosdiscentes.Geralmen-
te,nessa forma inicialdeabordarahistória, apresentavam-se como
exemplososditos“grandeshomensdahistória”,principalmente,no
quetangeàhistóriadoOrienteMédio.Hajavista,quetalmaneirada
disseminaçãohistóricaproporcionavaumprismadosacontecimentos
enquantoprovidênciadivinaedesenvolviaospilaresdeumaforma-
çãocristã,aqualera,naquelecontexto,almejada(PCNs,1998,p.20).
Nesse sentido, cabe abordarmos o estudo de Itamar Frei-
tas (2010), o qual realiza uma análise acerca do ensino de His-
tória entre os anos de 1889 e 1930. O autor examinou, a par-
tir dos discursos e pareceres dos membros das comissões do
grêmio do IHGB , as diversas compreensões referentes ao Ensino
de História. Com efeito, Freitas aborda a coexistência de diferen-
tesmodelos de inteligibilidade histórica no período que evidencia.
Algumasdessas concepções são representadasna compreen-
sãodequeaHistóriaincorporavaanoçãodeprovidência.Essapos-
turafoipercebidanodiscursodealgunsmembrosdoInstituto,como
oPadreBelarminoJosédeSouza(1896),ArcebispoD.JoaquimArco-
verde (1898)ePadre JúlioMaria (1899) (FREITAS,2010,p.19).Con-
comitantemente,ahistoriografianomotéticaépercebidaemRodrigo
Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
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OtávioFilho(1938),LiberatoBittencourt(1912),SílvioRomero(1878),
FelisbeloFreire(1891),JonathaSerrano(1921).Nãoobstante,surgea
posturacontráriaaessamodalidadepormeiodaposiçãodePedro
Lessa(1908)(FREITAS,2010,p.20).
Noque concerne à variedadena compreensão a respeitoda
Históriaesuas implicânciasnoensinodamesma,oautorapontao
entendimento alicerçado nas Ciências Sociais, Antropogeografia e
Presentismo, enfim, concepções da História enquanto uma ciência
(FREITAS,2010,p.21).Aindaqueaproduçãodemanuaiselivrosdi-
dáticostenhasidovariadanessecontexto,segundooautor,pequena
partedessetipodeproduçãochegouaserlevadaeregistradaemata
noGrêmiodoIHGB.Contudo,apartirdessasfontes,ItamarFreitas
abordaalgumasconsideraçõessobreapercepçãodoseruditosemre-
laçãoaoEnsinodeHistória.Assim,destacamos,tomandocomobase
oestudoaquiemevidência,aausênciadadiscussãooumesmoodes-
prestígiodocampodaPedagogiaparacomosintelectuaisquecom-
punhamoInstituto.Noentanto,
Dessaforma,aoparticiparemdaproduçãodosmateriaisdidá-
ticos,oshistoriadoresinstigam,nassalasdeaula,divergênciasentre
asabordagenseaimportânciaatribuídaàIgrejanaHistória.Fatoesse
AscomissõesdeHistóriaaceitavamecompreendiamaobradidáti-cadeHistóriacomotrabalhodepesquisadehistoriador.Entretanto,a imagemdeobradidáticaemvoga transmitiaa ideiadequeo li-vroescolarpossuíaumdefeitocongênito:eraresumidoaoextremo,deixandosemprealgodaHistóriadoBrasilpoucoesclarecido.Mas,emgeral,depoisdecorrigidosumadata,umnomeouumdefeitotipográfico,eramostrabalhosdidáticosbemrecebidos,postoquedi-vulgavamaHistóriapátriaeajudavamafixar,namocidade,osfatose personalidades responsáveis pela construção da nação (FREITAS, 2010,p.22).
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oqualseria(re)configuradodeacordocomaformaçãodosprofesso-
res,osquaispoderiamserreligiososoulaicos.Alémdisso,asInstitui-
çõesdeEnsinotambémpoderiamserpúblicaselaicasoudeordens
religiosas.Sobreisso,lê-se:
Comessaabordagemdeensino,enfatizadanacitaçãoacima,a
memorizaçãoearepetiçãooraldostextosescritos,aplicadasnasaulas
deHistória,eraumapráticacomumnesseâmbitodisciplinar.Outra
questãopertinentesedestinaaosmateriaisdidáticos,osquaisse li-
mitavamà faladoprofessoreaospoucos livrosdidáticos, segundo
omodelodoscatecismos,compostoscomperguntaserespostas, fa-
cilitandoasarguições(PCNs,1998,p.20).Umaspectopossíveldese
identificar,nessaconjuntura,estádebruçadonopensamentodeque
ensinarHistóriaerapercebidocomorealizaratransmissãodosconte-
údosestabelecidosnoslivrosenosprogramasoficiais.Essaexpecta-
tivalegitimavaqueaprenderHistóriasereduziaaoconteúdooficia-
lizadoedesejado,deformaqueosdiscentesdeveriammemorizá-lo,
transcrevê-loereproduzirasliçõesimpostaspeloshomenspercebidos
como“magistradosdosaber”.
Apartirdaaboliçãodaescravatura,comaimplantaçãodaRe-
pública,aeducaçãobrasileirabuscouaracionalizaçãodasrelaçõesde
trabalhoeoprocessomigratório,dessaforma,mudaram-seosdesa-
fiospolíticos (PCNs,1998,p.21).Assim,destacaram-seaspropostas
OInstitutoHistóricoeGeográficoNacional(IHGB),criadonomes-moanodoColégioPedroII,produziuumsériedetrabalhosquege-rouconsequênciasparaoensinodahistórianacional.Seusmembroslecionavam no Colégio e foram responsáveis pela formulação dosprogramas,elaboraçãodemanuaiseorientaçãodoconteúdoaseren-sinadonasescolaspúblicas.Nasescolasconfessionais,mantinha-seoensinodahistóriauniversale“históriasagrada”(PCNs,1998,p.20).
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que apontavam a educação, especialmente a educação elementar,
comomeiodetransformaçãodopaís.
Dessemodo,oRegimeRepublicanopretendialançarànação
umanovaatmosferadecivismo.Paraisso,aEscolaElementarrepre-
sentouumapossibilidadedeeliminaçãodoanalfabetismo,concomi-
tantemente,serviucomoumviésdemoralizaçãodopovobrasileiro.
Alémdisso,eraprecisominimizarapresençadosimigrantesnaszo-
nasdecolonização,pormeiodepolíticasdenacionalizaçãodoele-
mentoestrangeiro,quelevassemaoseu“abrasileiramento”(BONE-
MY,1999,p.151).Essadesejadaassimilaçãodosestrangeirosauma
ideologianacionalistaeelitista,delimitavaacadasegmentooseulu-
garnocontextosocial.
Freitas(2010)trazalgunslivrosdidáticos,registradosnasatas
doGrêmiodoIHGB,osquaisbemelucidamaintencionalidadeaqui
discutida.Taislivrosdidáticossão:VultosdeHistóriapátria,deFran-
ciscoFerreiraRosa(1898);EducaçãocívicaouaHistóriadeSãoPaulo
ensinadapelabiografiadosseusvultosmaisnotáveis,deTancredo
doAmaral(1897);EpítomedeHistóriauniversaldeJonathasSerrano
(1918).Oautoraindaapontaescritoresdeobrasnesseâmbito,comoJoão
Ribeiro,AlfredoNascimento,BasíliodeMagalhãeseSílvioRomero .
Esseperíodohistóricofoideexaltaçãoda“HistóriaPátria”,em
quea incumbência–próximadahistóriadaCivilização–eraade
integraropovobrasileiroàmodernacivilizaçãoocidental(FONSE-
CA,2003,p.56).Comisso,a“HistóriaPátria”eracompreendidacomo
basenaformaçãodocidadão,hajavistaqueseusconteúdosdeveriam
enfatizarastradiçõesdeumpassadohomogeneizado,comatosper-
cebidoscomogloriosos,decélebrespersonagenshistóricosnaslutas
peladefesadoterritórioedaunidadenacional.Nesseponto,percebe-
Com respeito a esse autor, Freitas realiza um estudo mais deta-lhado, o qual aponta a inauguração do ensino de História voltado ao primário. Esse movi-mento, por meio da elaboração do mate-rial didático, abarca as crianças no processo do ensino de História.
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Apartirde1930,comacriaçãodoMinistériodaEducaçãoeSaúdePúblicaeaReformaFranciscoCampos,acentuou-seofortalecimen-to do poder central do Estado e do controle sobre o ensino. O ensi-nodeHistóriaeraidênticoemtodooPaís,dandoênfaseaoestudodeHistóriaGeral,sendooBrasileaAméricaapêndicesdaciviliza-çãoocidental.Aomesmotemporefletia-senaeducaçãoainfluênciadaspropostasdomovimentoescolanovista,inspiradonapedagogianorte-americana,quepropunhaaintroduçãodoschamadosEstudosSociais,nocurrículoescolar,emsubstituiçãoaHistóriaeGeografia,especialmenteparaoensinoelementar(PCNs,1998,p.16).
-seumasubstituição:adamoralreligiosapelocivismo.
Duranteoiníciodoséculopassado,especificamenteduranteo
EstadoNovo,osgovernosrepublicanosrealizaramsucessivasrefor-
mas.Porém,essasgestõespoucofizeramparamodificarasituaçãoda
escolapública.Acercadessaalteraçãonoeixomotivadoredafinalida-
dedoEnsinodeHistória,percebemos:
Comisso,aeducaçãoseconfigurouemumveículoideológico
fundamentalnospronunciamentosenasleisqueemergiamdaquele
contexto.AconsolidaçãodosEstudosSociais,emsubstituiçãoàHis-
tóriaeGeografia,ocorreuapartirdaLein.5.692/71,duranteoGo-
vernoMilitar(PCNs,1998,p.24).Nessaperspectiva,noperíodoque
correspondeudaSegundaGuerraMundialatéofinaldadécadade70,
percebe-seumtempodelutaspelaespecificidadedaHistóriaepelo
avanço dos Estudos Sociais no currículo escolar.
EmconcordânciacomosPCNs,osEstudosSociaisseconstituíramao
ladodaEducaçãoMoraleCívicaemfundamentosdosestudoshistó-
ricos,mescladosportemasdeGeografiacentradosnoscírculoscon-
cêntricos.Com a substituição por Estudos Sociais, os conteúdos de
HistóriaeGeografiaforamesvaziadosoudiluídos,ganhandocontor-
nosideológicosdeumufanismonacionalistadestinadoajustificaro
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projetonacionalorganizadopelogovernomilitarimplantadonopaís
apartirde1964.
ComoretornodasdisciplinasdeHistóriaeGeografia,osdis-
centesbuscaramdarvozaimpossibilidadedesetransmitirnasaulas
oconhecimentodetodaaHistóriadahumanidadeemtodosostem-
pos.Dessamaneira,procuraram-sealternativasàspráticasreducio-
nistasesimplificadorasdaHistóriaatéentãohomogeneizada.
ApartirdeinquietaçõescomoaabordagemdoensinodaHis-
tóriaesuasdimensões,algunsprofessoresegestoresescolaresopta-
ramporumaordenaçãosequencialeprocessualqueintercalasseos
conteúdosdasduashistóriasemumprocessocontínuodoconteúdo
daAntiguidadeatéospresentesdias.Houvetambémapossibilidade
de abordagens temáticas,desenvolvendo-se asprimeiraspropostas
deensinoporeixostemáticos.Dessemodo,
Conformeexpostoacima,aabordagemtemáticainauguraes-
paçosparaasquestõesrelacionadasaotempohistórico.Tambémpro-
vocaadiscussãosobredimensõescronológicas,concepçõesdelinea-
ridadeeprogressividadedoprocessohistórico,alémdasnoçõesde
decadênciaedeevolução.
Alémdisso,desenvolverumtrabalhocomoensinodehistória
significativo,nesse iníciodeséculoXXI,éumaaçãocadavezmais
discutidaerepensada.Issoemvirtudedaineficáciaquerepresenta-
Aspropostasdehistória temática, sejamelasconstruídaspeloeixotemáticooupelotemagerador,têmsuscitadopolêmicas,entreoutrasrazões,porqueelaatingeoâmagodoproblemadoensinodaHis-tória,orompimentocomotempopositivista,comalinearidadedotempodoprogresso,einauguraoestudodostemposmúltiplos,dostrabalhadores,dosjovens,dosgêneros,dasnações(BITTENCOURT,1996,p.203).
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riaumaaçãode“transmissão”deconteúdo,comosehouvesseuma
ideiaunilateraledeumdeterminadogrupoinfluente.Nessehorizon-
te,questionaBittencourt(1996):
Apartirdealgumasinquietaçõestrazidaspelaautora,destaca-
mosadinâmicadeumasociedadeconstituídaporinformaçãomúlti-
plaequepropiciaumconstanteconfrontoentrediferentesvisõesdo
mundo.Portanto,oconhecimentodeHistóriaeoprocessodeeduca-
çãoemtornodessa,nãofogemdesseuniversoparticulardeconflitos
(tantodopassadocomodopresente).
Assim,aoreconhecerummomentodemudançaspaulatinasna
esferada educação,maispontualmente,naHistória enquanto cam-
podesaber,faz-senecessáriobuscarcontribuiçõesqueimpliquema
construçãodoconhecimento.Paratanto,enfatizamosapossibilidade
dautilizaçãodosrecursosaudiovisuais,damídiaemgeral,enquanto
prática educativa escolar.
Mídias: o seu lugar na sociedade
Em sua obra “Mídias e produção audiovisual: uma introdu-
ção”,MarciaNogueiraAlvesmencionaque“umadasmaiorescon-
quistasdahistóriadahumanidadefoidescobrir,aolongodotempo,
Osdebatesqueestamosvivenciandoemergemdeinúmerasindigna-ções:quaissãoosconteúdossignificativosparaumapopulaçãoesco-larconstituídaporgrupossociaisdiferentes,porgruposheterogêne-osportadoresdeculturasevaloresdiversos?Quaissãoosconteúdosescolaressignificativosparaumageraçãoformadapelafragmentaçãotemporaldasmídias?Oquefazeroucomotrabalhareincorporaroconhecimentohistóricovivenciadopelosalunos?(p.204).
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diferentes formas de se comunicar e de transmitir conhecimento”
(ALVES, 2008, p.27). Realmente, desde a elaboração dos primeiros
sonsegestos,osquaisestabeleciamodiálogoentreoshomensoque
resultouemumatradiçãooralentreascomunidades,passandopela
criaçãodaescritaepreservaçãodostextos,desdeacompilaçãodos
mesmos,atéaelaboraçãodatipográfica,comJohannesGutemberg.
Estapossibilitouo iníciodaimpressãoemgrandeescala:oacúmu-
lode conhecimentoproporcionadopor esses“passos”ao longoda
históriaqueestabeleceuasbases,paraoquehojechamamosdeera
digital.
ApartirdainvençãodaimprensanoséculoXVedacirculação
dosprimeirosjornaispublicadoscomperiodicidadenoséculoXVIna
Europa,surge,então,oprimeiromeiodecomunicaçãoformal.Nesse
sentido,JoséMarquesdeMelo(2003)nosdiz:
Issodemonstrademodoincipientequeosfolhetosdesenvol-
vidosiniciamumaformadecomunicaçãopopular,aqual,deacordo
comoautor,somenteapósaRevoluçãoIndustrialea liberdadede
imprensa,seráinfluenciadadecisivamenteporessesperiódicos–vis-
toqueoalcancedaimprensanassociedadesseamplia,situaçãoque
otransformaemumveículodecomunicaçãoderecepçãocoletiva.
NoBrasil,aimprensanascenoRiodeJaneironoanodachega-
dadaFamíliaRealem1808.Naquelemomento,haviaemcirculação
doisjornais,oimpressooficial,denominadoGazetadoRiodeJaneiro,
Noqueserefereàimprensaperiódica,oséculoXVviualgumasdesuasformasembrionárias–asrelaçõesnouvelles,avisiouZeitungen,folhetos impressos e lançadosquandoocorriamacontecimentosdegranderepercussão:acessodeumreiaotrono;passagemdecometas;campanhasmilitares...(p.47).
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oqualnoticiavaosacontecimentosocorridosnacorteeosdespachos
deD.João,enquantooCorreioBrazilienseprecisousemanternaclan-
destinidadedevidoasuascríticasaomodelodeimpérioefetivadona
colônia.Mesmoqueosjornaistenhamganhoespaço,apósaindepen-
dência,somentecomoadventodorádioedatelevisãoéquepodemos,
efetivamente,mencionaroprincípiodaestruturaçãodacomunicação
de grande alcance no país.
DeacordocomAndreiaSilva,desdeosurgimentodosMeios
de ComunicaçãoSocial – comoa televisão e o rádio – ospesquisa-
dores procuram analisar quais os efeitos dessas mídias nas so-
ciedades enquanto transmissores de conhecimento e de forma-
dores de opinião. Estes revelam que “apesar da existência de
outros agentes mediadores e transmissores da cultura, como a
Educação ou a Família, é inegável o poder que os media exer-
cem sobre um número elevado de indivíduos” (SILVA, s/d, p.03).
AautoraaindamencionaqueépelosMeiosdeComunicação
Socialquehojesabemosoquesepassanomundo,conhecemosoutras
culturaseafirmamoslaçossociais,osquaissãoampliadoscomrapi-
dezeabrangência,resultando,então,emexperiênciasquetranspõem
asfronteirasestabelecidaspeloslimitesterritoriais.Alémdisso,Silva
(s/d)evidenciaquecaracterísticascomoatransformaçãodetudoem
informaçãoimediataemundialmentedisponívelresultanodesenvol-
vimentodeideias,comoaglobalizaçãocultural,porpartedealguns
pesquisadores,produzindouniformidades,vistoqueatelevisão,por
exemplo,ofertariamodelosdecomportamento,masquetambémfa-
cilitariaadisseminaçãodeumaculturadita“alternativa”–nãopro-
duzidapelasgrandesindústrias–atravésdeMeiosdeComunicação
Socialcomoainternet.
Também conhecidos como mass media, os Meios de Comunica-ção Social possibilitam a circulação de uma mensagem a um pú-blico vasto e heterogê-neo. O termo surgiu em contraposição à ideia de comunicação de massas que também se refere aos meios de grande difusão, mas que carrega a mensa-gem de que o público aceita passivamente o que é veiculado.
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PierreLévy(1998),emsuaobraintitulada“Ainteligênciacoletiva:por
umaantropologiadociberespaço”,mencionaque:
Oautor,notrechocitado,procurademonstrarcomoodesen-
volvimento das novas tecnologias tem afetado nosso cotidiano. A
rapidez com que os conhecimentos científicos semodificam, como
aconstruçãodenovosambientestransitáveis,osquaisnãoocupam
espaçonasuperfície terrestre, semultiplicame, consequentemente,
atransformaçãocontínuade,atémesmo,processosmentais.Talfato
fezcomqueLévyutilizasseotermonomadismoparaevidenciarque
essastransformaçõesconstantesenossatentativadeacompanhá-las
gerassemnovasmodificações,resultandoemumarealidadetransitó-
ria.Portanto,quandooautormencionaquevoltamosasernômades,
nãoserefereaoespaçogeográfico,massimaoâmbitodosaberquese
reinventa,modificandoosindivíduoseaformacomoconvivemose
nosrelacionamos.
Nessecontexto,oprincípiodaaçãoereaçãoseencaixaperfei-
tamente,poisosnovossaberescontribuemparaoavançotecnológico,
oqualtambémcontribuiparaaampliaçãodosaber.Dinâmicaessa
que possibilitou hoje a presença dasmídias nos vários âmbitos de
nossasatividadesdiárias.Noentanto,aoquese refere realmenteo
Afusãodastelecomunicações,dainformática,daimprensa,daedi-ção,datelevisão,docinemaedosjogoseletrônicosemumaindústriaunificadadamultimídiaéoaspectodarevoluçãodigitalqueosjor-nalistasmaisenfatizam.Masnãoéoúnico,nemtalvezomais im-portante.Alémdecertasrepercussõescomerciais,parece-nosurgentedestacarosgrandesaspectoscivilizatóriosligadosaosurgimentodamultimídia:novasestruturasdecomunicação,deregulaçãoedecoo-peração,linguagensetécnicasintelectuaisinéditas,modificaçãodasrelaçõesdetempoeespaço,etc.(p.13).
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termomídia?Utilizadonosestudossobrecomunicação,nasciências
políticasenaspesquisassobreeconomia,otermomídianopresente
trabalhofazasimplesreferênciaatodosuportededifusãodeinfor-
mações–comoexemploatelevisão,orádio,osjornaisquejáforam
citados,mastambémasrevistas,cinemaeainternet.
NotrabalhodeTheresaChristinaBarbosadeMedeiros(2011),
intitulado“OFuturodoPresente:Amídiaaudiovisualeasociedade
contemporâneanaficçãocientíficadocinemadeanimação”,podemos
observaraideiadeque:
Essarelaçãoemquearealidadeservecomo“alimento”paraas
mídias,mencionadapelaautora,podeserpercebidanosprogramas
veiculadosnatelevisão,porexemplo,osquaisnosapresentamcon-
teúdossimbólicoseexperiênciascotidianasdasociedade.Osjornais
informamsobreosacontecimentosocorridosnodia,asnovelasabor-
damproblemasreaiscomopreconceito,bullyngoumomentoshistóri-
cosocorridosnopaísenomundo.Enquantoisso,nocinema,podemos
assistirapossibilidadesdecomoseráasociedadenofuturoe,nain-
ternet,écadavezmaiscomumautilizaçãodeambientesvirtuaisque
simulamalgunsaspectosdavidareal,comoexemplo,podemoscitar
oSecondLife.Assim,percebemosasmídiasparaalémdeinfluenciar
osdiversosespaçoshumanos:criandooutrasformasdesociabilidade,
novasnecessidadesevalores,elastambémseapropriamdessesmes-
mosaspectosparatransmitirinformação,paraoentretenimento,etc.
Ao transmitirmensagense conferir sentidoaosacontecimentos, asmídiascercamocotidiano,assimcomoocotidianoasalimenta.Dessaforma,abordaramídiaemsuasdimensõessocialecultural,assimcomopolíticaeeconômicaauxilianacompreensãodomundomoder-noedasrelaçõesentresociedadeemídia(p.80).
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Encontramos ideia similar no trabalho de Evelyne Bévort e
MariaLuizaBeloni–“Mídias-Educação:Conceitos,HistóriaePers-
pectiva”–estasmencionamqueasmídiasatuamnasmaisvariadas
esferasdavidasocialesuaapropriaçãogeranovasformasdeapren-
der,deproduzir,dedifundirconhecimentosedeperceberarealidade
(2009,p.03).Devidoaessesefeitosexplicitadoséqueasautorasfazem
a inferência sobre a importânciadehaver a integraçãodasmídias-
-educaçãonasescolas,possibilitandooaprendizadosobreasmesmas
enquantoferramentapedagógicaeobjetodeestudo.Sabemos,então,
queatecnologiaeseudesenvolvimentoconferiramsuportesparaa
presençadasmídiasemnossocotidiano.Noentanto,queefeitoses-
pecíficoselasexercemsobreaeducação,maisprecisamentesobreo
ensinodehistória?Comoelaspodemauxiliaroprocessodeensino-
-aprendizagemnestadisciplina?Sãoalgumasquestõesqueprocura-
mosresponderaseguir.
As Mídias no Ensino de História
DiscussõesacercadasatribuiçõesdoprofessordeHistóriase
fazem constantes entre os agentes integrantes dessa áreado saber.
Em trabalhos comodeMariaAuxiliadora Schimidt (2010), intitula-
do“AFormaçãodoProfessordeHistóriaeoCotidianodaSala de
Aula”, podemos verificar a inferência de que a identidade do pro-
fessortransitaentreo indivíduo“difusor”doconhecimentoedifu-
sordomesmo.Aautoraevidenciaqueodocenteprecisateramplo
conhecimento dos conteúdos históricos, além de competência pe-
dagógicanomomentode ensinar, semdeixarde ocupar seu lugar
Trabalho esse que se en-contra no interior da obra “O saber Histórico na Sala de Aula”, o qual foi orga-nizado por Circe Bitten-court.
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de pesquisador.No entanto, o ato de pesquisar naHistória não se
refere somente aos acontecimentoshistóricos, como tambémàs lin-
guagensdidáticasapropriadasparaoensinodosváriossaberesque
integramocurrículoescolardadisciplinanasváriasfaixasetáriaspre-
sentesnoensinofundamental–excluindoosanosiniciais–emédio.
Comefeito,asaladeaulaseconfiguracomoumespaçoemque
teoriaeprática,ensinoepesquisadevemestarpresentesparaquea
relaçãoestabelecidaentredocente ediscentepossibilite significação
dosconteúdos.Noentanto,podemosdizerqueoensinarHistóriase
apresentanomínimocomoumatarefacomplexa,tendoemvistaque
“olivrodidáticoéquasequeoúnicomaterialdeapoioqueoprofes-
sorencontraàsuadisposiçãoe,porisso;apoianeleapartecentralde
seutrabalho–planejaasaulasseguindoadisposiçãodosconteúdos,
utilizaostextosemsaladeaula...”(ABUD,2007,p.115).
Nessecontexto,aintroduçãoadequadadasmídiasnassalasde
aulapodeserumaalternativaviávelparaaconstruçãodemeiosmais
eficientesnoqueserefereàefetivaçãodeumensinoqueofereçaaos
alunosasferramentasnecessárias,paraqueosmesmosdesenvolvam
a capacidadede“levantarproblemase a reintegrá-losnumconjun-
tomaisvastodeoutrosproblemas,procurandotransformar,emcada
auladeHistória,temasemproblemas.[...]darcondiçõesparaqueo
alunopossaparticipardoprocessodofazer,doconstruiraHistória”
(BITTENCOURT,2010,p.57).
Noquetangeàintroduçãodasmídiasimpressasnasaulasde
história,umtemadegrandeimportânciaquepoderáserabordadoéa
parcialidadedessesmeiosdecomunicação.Ousodetextosextraídos
dejornaisourevistasdeveestarembasadonofatodequeosmesmos
jamaisserãoneutros,possibilitando,então,queoprofessorincentive
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acrítica,porpartedosalunos,nãosódomomentohistóricoqueestá
trabalhando,comotambémacercadasnotíciasveiculadasnaimpren-
saatual.AnálisescomoadeRicardoConstanteMartins–“Ditadura
MilitarePropagandaPolítica:ARevistaMancheteDuranteoGover-
noMédici”–podemservircomomaterialdeapoionoplanejamento
dasaulas,poisdemonstraqueoperiódico serviucomo ferramenta
ideológicaparareforçarosistemarepressivoefetivadonaqueleperí-
odo:
AssimcomoMartinsdemonstranotrechoacimaquearevista
Manchetecontribuiuparaconsolidardeformapositivaavisãodeque
oregimeditatorialerapositivoparaseusleitores,osdocentestambém
podemrealizaressetipodeanáliseemconjuntocomseusalunosnos
maisvariadosperíodosemqueaimprensaestevepresente,havendo
abrechadetransporessasideiasparaaspropagandasquehojesão
veiculadaspeloscanaisdetelevisão,porexemplo.Aproblematização
dasnotíciasapresentadasnasemissorasde televisão“populares”a
partirdostemashistóricospossibilitatambémacomparação,aoveri-
ficarasmodificaçõesepermanênciasentrediferentesmomentos–in-
centivando,então,oaperfeiçoamentodosensocríticodosdiscentes.
Comoapontamosanteriormente,umaanáliseatentadaposturades-sarevistacomrelaçãoaosgovernospopulistasrevelouqueManche-te,demodogeral,nãopossuíaumperfilideológicoclaroedefinido;aocontrário,namaiorpartedasvezesemquesepropunhatratardetemaspolêmicosoptavaporumposicionamentoneutroou favorá-velaogoverno.Noentanto,apesquisasobreo teordosconteúdospublicadosporesseperiódicosobreogovernoMédiciconstatouqueManchete incorporou integralmente a ideologia do EstadoMilitar,constituindo-se seguramente numAparelho Ideológico de Estado.Nesteperíodo,arevistaapoiounãosóomodelodedesenvolvimentoeconômicodoregime,mastambémomodelopolíticoautoritáriodoEstado(MARTINS,1999,p.120).
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Noque se refereàexibiçãodefilmesnaspráticasde salade
aulacomomaterialhistórico,capazdeauxiliarnacompreensãodas
sociedadesqueosproduziramecomopossívelleituradopassado,se
apresentacomoumdesafiodevidoaofatodequeatémesmoespaços
adequadosparasuaexposiçãosãoausentesemmuitasescolas.Noen-
tanto,quandohápossibilidadedautilizaçãodesserecurso,acredita-
mosnasuagrandecontribuição.Tomamosaquicomoexemplo,oes-
tudodesenvolvidoporCarlosAlbertoVesentini(2009),oqualaborda
autilizaçãodefilmesparaacompreensãodosistemadefábrica,uma
abordagemdeensino,aqualcontemplacompreensõesparaalémdo
períododaRevoluçãoIndustrial.Esseautorconsideraquearelação
entrefilmeeHistóriaexigealgumasobservações.Sobreessarelação
afirma,
Apartirdainferênciaacima,salientamosqueousodosfilmesemaula
requerfundamentalmenteaproblematizaçãodosmesmosnãosóen-
quantofontedeanálise,mastambémcomomaterialdidático.Nessa
mesmaperspectiva,MarcosNapolitano(2009)apontaqueoprofessor,
aooptarportrabalharcomas“novaslinguagens”,deveterocuidado
paranãoapostartodaamudançadesejadanoquetangeaosproble-
masdidático-pedagógicosdesuadisciplina.Aincorporaçãoderecur-
sosdidáticoscomoatelevisãonãodevesercompreendidaenquanto
panaceiaparamelhoraroensinodeHistória,tãopoucocomotorná-lo
Jáavimoscomosendoumarelaçãoentretemáticadocursoefilmesqueseassociemàmesma.Essaperspectivaébastantesimples,jáquesetratadetemasediscussões,nãoespecíficasdocinema(dasfitas)esequerdeleoriginadas.Énesseespaçodediscussãoquecertosfilmesforamdebatidos,comopartedelamesma(discussãoetemática).[...]afitanãofoivistacomopurailustraçãonemcomoobraquejámostraumconteúdo.Ela éparteda temática emerece tanta consideraçãoquantoqualquertextodaépoca(VESENTINI,2009,p.165).
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mais“moderno”(NAPOLITANO,2009,p.149).
Nesse horizonte, o autor discute os procedimentos básicos para o
trabalhoescolardeHistóriacomalinguagemtelevisiva.Napolitano
(2009)destacatambémanecessidadedodocenteembuscarinforma-
ção teóricabásicaparaque assimpossa selecionaromaterial a ser
utilizadoemsala,planejareinseriressematerialemumconjuntode
atividades didático-pedagógicas em jogo. Esse procedimento exige
queoprofessorpossuaumbomplanejamentoparaqueomesmosai-
baporondeiniciareaondepretendechegar.Otrabalhodesseautor
trata das potencialidades a partir da utilização dos recursos televisi-
vos:programasdeteledramaturgia(novelas,minissérieseepisódios
avulsos)etelejornais(deserviços,deinformaçõesedocumentários).
Nesseâmbito,destacamosostelejornaisenquantopossibilidadesde
material didático, haja vista que osmesmos abordam questões do
cotidiano e, portanto, aproximam espaços, os quais não estão des-
colados:sociedadeeescola.ConsideramosqueaHistória,enquanto
componentecurricular,deveultrapassaraabstraçãodefatoseações
distantesdacompreensãodosdiscentes.Acreditamosquepartindo
docotidianodoaluno,épossívelauxiliarnoentendimentodosconte-
údose(re)significarosprocessoshistóricosaoconstruireproblema-
tizarasquestõessignificativasparaoseducandos.Paratanto,“para
quehajacultura,nãobastaserautordaspráticassociais;éprecisoque
essaspráticassociaistenhamsignificadoparaaquelequeasrealiza”
(CERTEAU,1996).Consideramosqueessabuscaporumacompreen-
sãoimpregnadadesentido,surgejuntoaodesenvolvimentocomos
elementospresentesnacotidianidade.Arespeitodissolemos,Tratando-se de cotidiano, trata-se portanto de caracterizar a socieda-deemquevivemos,quegeracotidianidade(eamodernidade).Trata--sededefini-la,dedefinirsuastransformaçõesesuasperspectivas,
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Ao trabalharmoscomasmídiasnessaperspectiva–comuti-
lização e valorização dos recursos ordinários à vida dos sujeitos –,
trabalhamosaHistóriaparaalémdo conhecimentoacercadospro-
cessosenfatizadosnasementascurriculares.Consideramosqueaose
apropriardosrecursosdemídiaenquantomateriaisdidáticos,afigura
doprofessorpassaporumaoportunidadedemudançadeposturana
medidaemque,aopesquisar taispossibilidadeseaplicá-lasaoseu
trabalhona saladeaula, fomentaa curiosidadeepistemológicados
alunos.Apartirdessaação,odocentemexenãosócomosmateriais
didáticos,mas,sobretudo,comocurrículodeHistória.
Portanto,oensinodeHistóriadeveestaratentoàsmudanças
causadaspelapresençadasnovasmídiasemnossocotidiano.Noen-
tanto,comojáinferimos,omerousodessesrecursostecnológicosem
saladeaulanãogaranteatransformaçãodaposturadocente,omes-
modeveseapropriardasferramentastecnológicase,também,seinte-
grarsobreasdiscussõesacercadainserçãodessesrecursosnoâmbito
escolar–estandocientedasmetodologiasreferentesàutilizaçãodos
recursosemquestão.
Dessemodo,apresentaçõesdeslidescomomerailustraçãoou
detextosdigitais,osquaissãoabordadosdeformalinear,seconfigu-
ramcomoaçõeserrôneas,vistoquenãoexploramaspotencialidades
dossuportestecnológicoseconteúdos.Nessesentido,seriacomoin-
seriroprojetornasaulasparademonstrarumaimagemdatabuadaao
mesmotempoemquesonoramentehásuaretomadaoral,nãosedife-
renciando,assim,dométodoqueanteserarealizadopeloprofessor.
SegundoMariaHelenaSilveiraBonilhaeNelsondeLucaPretto(2000)
retendoentreosfatosaparentementeinsignificantes,algumacoisadeessencial[...]oconceitotorna-seofiocondutorparaconhecerasocie-dade,situandoocotidianonoglobal(LEFEBVRE,1991,p.35).
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–notrabalhointitulado“PolíticasBrasileirasdeEducaçãoeInformá-
tica”–em1981:
Apartirdessemomento,houvegradativamenteaintrodução
decomputadoresnasescolasbrasileiras.Instrumentoessequeconec-
tadoà redemundialdecomputadorespode,porexemplo,propor-
cionarpesquisasemslides,consultaaarquivosebancosdedadose
visitasamuseus.Fatoqueviabiliza,então,experiênciasquaseausen-
tesnoensinodeHistória,oqualtema“oportunidade”desetornar
dinâmicoeatrativocomautilizaçãodastecnologias.Oalunotema
possibilidadedevivenciarocontatocomadiversidade,poisadis-
tânciaentreossujeitosdediversaspartesdopaísedomundosefaz
ausente–situaçãoquecontribuiparaodesenvolvimentodeconceitos
comoodecoletividade.
Assim,acreditamosqueousodealgumasmídiasaindanão
se“estabeleceu”comfirmezanocotidianoescolar–comoexemplo,
podemoscitarosespaçosvirtuais–devidonãosóaausênciadees-
trutura física como, também, a falta de formação e habilidade dos
professores.Noentanto,asmídiasquandoinseridasnasaladeaula,
acompanhadasdeumplanejamentoprévio,contribuemparaoobje-
tivomaiordaescola,queétornarosalunos“protagonistas”dopro-
cessodeaprendizagem.
[...]apósarealizaçãodoISeminário,oMECdivulgaodocumento‘Subsídiospara implantaçãode informáticanaEducação’,gerandoinstrumentoslegaisparacriaçãodaComissãoNacionaldeInformá-ticanaEducação,aqualveiosercriadaem1983,sobadenominaçãodeComissãoEspecialdeInformáticanaEducação(CE/IE).[...]OPro-jetoBrasileirodeInformáticanaEducação–EDUCOM–,recomenda-dopelacomunidadecientíficaéelaboradoem1983,constituindo-senumapropostadetrabalhointerdisciplinarvoltadaparaimplantaçãoexperimentaldecentros-piloto[…](p.18).
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A Educação a Distância e a Forma-ção Continuada: limites e possibi-lidades a partir da práxis do Curso
de Produção de Material Didático para a Diversidade
Opresentetextoéfrutodeumconjuntodereflexõesoriundas
depráxisdesenvolvidasnocampodaEducaçãoaDistâncianoâmbi-
todoSistemaUniversidadeAbertadoBrasil(UAB).Emlinhasgerais,
trata-sedeumadiscussãoacercadasparticularidadesdamodalida-
deeducacionalemquestãoedosprincipaisdesafiosepossibilidades
queelaengendranaatualidade,partindodaexperiênciaconcretado
Curso de Produção de Material Didático para a Diversidade. O Cur-
so, comduraçãode cento e vintehoras, acontecenosdomíniosda
UniversidadeFederaldoRioGrande(FURG)etemsuaatuaçãonos
PolosdeHulhaNegra,SãoJosédoNorte,SantaVitóriadoPalmare
SantoAntôniodaPatrulha.Desdeasuaprimeiraexperiêncianoano
de2012,oCursoemquestão temcomoobjetivoprincipalatuarna
formaçãodeprofessoresdeformacontinuada,aindaqueseestenda
aoutrosprofissionaisdaáreadaeducação,buscandocontribuirpara
a qualificaçãode suas práticas pormeio da avaliação e elaboração
de projetos acerca da diversidade em todas as suasmanifestações.
Destaca-se entre os objetivos a análise crítica dos recursos didáticos
Maria de Fátima Santos da Silva
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que são utilizados; a identificação das potencialidades pedagógicas
dosdiferentesrecursosquepodemserempregados,buscandotornar
maissignificativaaabordagemacercadatemáticaeodomíniodeme-
todologiasdecoleta,seleção,organizaçãoeanálisedeproduçõesque
possamserutilizadasnaproduçãodemateriaisdidáticossobreodo
tema(MATOS,2012).
Paraalémdoestudobibliográficoededocumentosrelaciona-
dosàEducaçãoadistância,merecedestaquenoestudoaquiapresen-
tadoaarticulaçãocomexperiênciasconcretasquecontribuemmuito
sobreasespecificidadesdomododeensinareaprenderquandoatua-
mosnessecampo,sejanacondiçãodeprofessorpesquisador,profes-
sortutorouestudante.Semdúvida,asreflexõesaindasãoincipientes,
comoéoSistemaUniversidadeAbertadoBrasil,oqualvemganhan-
docadavezmaisespaço,financiamentoelugaremnossasInstituições
de Ensino Superior.
O Sistema Universidade Aberta do Brasil: história e imbricações com/para a
formação continuada de professores
AgrandeextensãoterritorialdoBrasilfazcomquetenhamos
umavastadiversidadecultural,econômica,políticaeambiental,oque
éprenhederiqueza,masapresentaumasériededesafiosnoquecon-
cerneàspolíticaspúblicasdeeducaçãoquesãoefetivadas.Issoexpli-
ca,emgrandemedida,asdificuldadesdeacessoaoEnsinoSuperior
que, durantemuitos anos, protagonizaramo cenáriodessamodali-
dadeeducacionalnopaís e as inúmerasaçõespaliativasque foram
orquestradaspeloPoderPúblicoaolongodosanos.
Apartirdadécadade1990,podemosdizerquehouveo iní-
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Porumlado,elavisaatenuarasdificuldadesqueosformandosen-frentamparaparticipardeprogramasde formaçãoemdecorrênciada extensão territorial e dadensidadepopulacional dopaís e, poroutrolado,atendeodireitodeprofessoresealunosaoacessoedomí-niodosrecursostecnológicosquemarcamomundocontemporâneo,oferecendopossibilidadeseimpondonovasexigênciasàformaçãodo
ciodeuma sériede ações organizadas, as quais buscaramconsoli-
daraEducaçãoaDistância(EaD)noâmbitodasuniversidadesfede-
rais.UmadestasfoiacriaçãodaSecretariadeEducaçãoaDistância
(SEED),em1996,aqualpassaa integraroMinistériodaEducação
(MEC).ArticuladaaistoestáaaprovaçãodaLeideDiretrizeseBases
daEducação,LDBn°9394,de20dedezembrode1996,eumconjunto
deDecretosque,dopontodevistalegal,estabelecemofuncionamen-
todaEaDemnossopaís,noqueserefereàsinstituiçõespúblicasde
ensino.
AcriaçãodaUniversidadeAbertadoBrasilocorreunoanode
2005eseconfiguracomoumaparceriaentreoMEC,osestadoseos
municípios.Essa instituiçãobusca integrarcursos,pesquisasepro-
gramasligadosàeducaçãosuperioradistânciaegarantecondições
deacessoparaaquelesquenãoconseguemdarprosseguimentoaos
seusestudos,sejanagraduaçãoounoqueserefereaoprocessode
formaçãocontinuada.
AutilizaçãodaEducaçãoaDistânciacomoumaestratégiapara
aefetivaçãodaformaçãocontinuadaparaprofessoresvemganhando
cadavezmaisespaçonocenárioeducacionalbrasileiroemerecedes-
taque,postoquehistoricamentetenhamosvivenciadoalutacotidiana
dos professores pela garantia do direito de fazer parte desses espaços.
Dentreasrazõesprincipaisquejustificamarelevânciadaconsolida-
çãodepolíticaspúblicasvoltadasparaaformaçãodeprofessoresa
distância,merecedestaqueque:
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Vivemosemummundomarcadopormudançastecnológicas
cadavezmaisaceleradasequenãoseesgotamemsimesmas. Isso
exigeumprocessoderepensarocotidianodaspráticaspedagógicas
quesãoengendradasnasinstituiçõesdeensinoparaque,defato,elas
possamsersignificativasemumcontextocontemporâneo.Estepossui
algumasespecificidades, tais como:émarcadopeladiversidadeem
todasassuasmanifestações,pelousocadavezmaisintensodasnovas
tecnologiasdainformaçãoecomunicação,pormudançasnomundo
dotrabalhoenaestruturaedinâmicafamiliarqueafetamasleiturase
açõesquerealizamosnaatuaçãonocampodaEducaçãoBásica.
Apossibilidadederealizaçãodeumcursoquetrazcomodis-
cussãocentralaquestãodadiversidadeéemblemáticanessesentido.
Afinal,enquantoinstituiçãodeensino,aescolanãopodeseenclau-
surar frente às transformaçõeshodiernas, bem comoosprofessores
precisamterclarezadanecessidadedeatualizaçãoconstante,oque
implicaaformaçãocontinuadaeodomíniodasnovasformasdeco-
municaçãoquetemosacesso.
Éevidenteanecessidadedeumamudançaparadigmáticana
forma comoensinamose aprendemos.AEducaçãoaDistância, en-
quanto ferramentapedagógica,nos interpela eprovocapara tal, ao
demonstrarqueOfatodeintegrarimagens,textos,sons,animaçãoemesmoainter-ligaçãoemsequênciasnão lineares, comoasatualmenteusadasnamultimídiaehipermídia,nãonosdáagarantiadequalidadepedagó-gicaedeumanovaabordagemeducacional.Programasvisualmenteagradáveis, bonitos e até criativospodemcontinuar representandooparadigma instrucionista, ao colocarno recurso tecnológicoumasériede informaçõesa ser repassadaparaoaluno (...) expandindoepreservandoavelhaforma(...),semrefletirsobreosignificadode
cidadão(OLIVEIRA,2011,p.09).
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Aproduçãodematerialdidático,emqualqueráreadoconhe-
cimento,temimportânciacentralparaaefetivaçãodapropostapeda-
gógicaquedesenvolvemos.Muitasvezes,essaproduçãoéumtema
pouco abordado nos processos de formação continuada, nestes há
umapredominânciadediscussõesnocampodasideiasedosmode-
loseducacionais,semqueaspráticasefetivamentesejamproblemati-
zadas,avaliadasereformuladas.
Enquantoaçãodeformaçãocontinuada,voltadaparaospro-
fessoresetrabalhadoresligadosàeducação,oCursodeProduçãode
Material Didático para a Diversidade (PMDD) visa contribuir para a
superaçãodaslacunasacimaapontadasaoproduzirumdebateque
questionaahistória,aspráticaseosdiscursosacercadadiversidade,
queéumtemaconstantenassalasdeaulasemtodososníveis,ainda
que,muitasvezes,relegadoaumsegundoplano.
Alémdesseimpasse,queserámelhorabordadoemoutrostra-
balhosaolongodoCurso,merecedestaqueosdesafiosoriundosdo
usodasferramentasdaEducaçãoaDistânciaeocontatocomoAm-
bienteVirtualdeAprendizagemque,emnossocaso,éoMoodle.É
sobreissoquevamosdebaterdeformamaisabrangente,propondo
umdiálogoacercadesuasparticularidades,doslimitesedaspossi-
bilidadesqueestãosendoencontradosaolongodenossasaçõesno
Cursoemquestão.
A formação de professores e a Educação a Distância:
desafios e possibilidades
umanovaprática pedagógica utilizando esses novos instrumentos(MORAES,1996,p.58).
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ÉimportantedestacarquenoSistemaUniversidadeAbertado
Brasil,alémdosencontrospresenciaisqueemnossoCursoacontecem
noinícioenoencerramentodasdisciplinas,ainteraçãosedápormeio
doAmbienteVirtualdeAprendizagem (AVA) epela exploraçãode
todosaqueles recursosquepossibilitemodesenvolvimentodapro-
postapedagógicaabordada.Comoconstruçãointerativaedinâmica,
umambientedeaprendizagemon-linepodeserentendidocomo“um
sistemaque fornece suporte a qualquer tipode atividade realizada
peloaluno,istoé,umconjuntodeferramentasquesãousadasemdi-
ferentessituaçõesdoprocessodeaprendizagem”(MARTINS;CAM-
PESTRINI,2004,p.3).Osucessodapropostadesenvolvidadepende
emgrandemedidadaformacomousamososrecursos,daqualifica-
çãoedaavaliaçãoconstante,utilizadasparaqueoprocessodeensino/
aprendizagemseconcretizeeobtenharesultadospositivosequedia-
loguemcomapropostadoCurso.
Desafios para o sucesso de ações de Educação a Distância no campo da
formação continuada
Muitossãoos fatoresquecontribuemparaque tenhamosou
nãosucessonodesenvolvimentodamodalidadeadistância.Nãote-
mosaquiapretensãodeesgotartodososreferidos,masdepontuar
aquelesquesãomaisevidentesemnosso trabalhonadisciplina In-
troduçãoàEducaçãoaDistância,queestápresentenoprimeiromó-
dulodoCurso.Paraquepossamosfazerumaleituraomaispróxima
possíveldosdesafiosedasparticularidadesquesecolocamquando
problematizamos essaquestão, cabedestacar aspalavrasdeMoran
(2009),quandoafirmaque:
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Aeducaçãoadistânciaéoprocessodeensino-aprendizagem,media-do por tecnologias, onde professores e alunos estão separados espa-ciale/outemporalmente.Éensino/aprendizagemondeprofessoresealunosnãoestãonormalmentejuntos,fisicamente,maspodemestarconectados,interligadosportecnologias,principalmenteastelemáti-cas,comoaInternet.Mastambémpodemserutilizadosocorreio,orádio,atelevisão,ovídeo,oCD-ROM,otelefone,ofaxetecnologiassemelhantes(p.17).
Somosoriundosdeumatradiçãoescolarmarcadapelaorali-
dadeepelocontatofísicoevisualconstante,oquenãoépossívelna
EducaçãoaDistância,quandoamediaçãoérealizadapormeiodas
ferramentaspedagógicas ede recursosdidáticos supracitados. Isso
colocaanecessidadepermanentedeatualizaçãodosprofessores,pois
avelocidadedasmudançasedesenvolvimentostecnológicoséinten-
sa eháuma tendência a se tornaremobsoletas as ferramentasque
fazemosuso,bemcomoaspropostasediscussõesqueelencamos.
Taisprocessossãodesafioscentraisquandopensamosopapel
daEducaçãoaDistâncianaformaçãodeprofessores,afinal,nãote-
mosumaclarezaporpartedetodososestudantesdecomofunciona
oAVA,nemtampouco,umcostumedeacessocotidianoàinternetpor
partedemuitosquefazempartedoCurso,àsvezes,ultrapassandoa
marcadeumasemana.Talfatogerasériaslimitaçõesàqualidadeda
formaçãodoprofissionalemquestão.
Talqualatantosoutroshábitoscotidianosquedesenvolvemos,
frequentaroAVAdeveserumatarefadiária,umcostumecomumque
osestudantes–sejanaformaçãoinicialoucontinuada–precisamter,
sobpenadenãoconseguiremdarcontadetodasasatividadessolici-
tadasenãoteremsucessonodesenvolvimentodocurso.
Afaltadeacessoaoambientevirtual,percebidacomoumen-
trave,podeserexplicadapelaausênciadeumarotinaparatal.Contu-
do,merecedestaquenoCursodeProduçãodeMaterialDidáticopara
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aDiversidade,alongajornadadetrabalhodosestudantesque,emsua
grandemaioria,sãoprofessoresnaredepúblicamunicipaleestadual
etêmumajornadadetrabalhoextensaqueosafastadosprocessosde
formaçãocontinuada.
NadisciplinaIntroduçãoàEaDforampensadasalgumasestra-
tégiasparasuperaressasdificuldadesebuscarconstruirumarotina
deestudoetrabalhoquepossacolaborarparaofuturoeapermanên-
ciadetodosnoCurso.Umadasprimeirasatividadessolicitavaaes-
critadeumMemorial.Issofoimuitosignificativo,afinal,possibilitou
quepudéssemosconhecermelhornãoapenasahistóriadevidados
estudantesdoCurso,massuasdemandasatuaisdetrabalhoeasdifi-
culdadesqueenfrentamequepodemlevaraoafastamentodasativi-
dades de estudo.
Comvistasacriarcondiçõesparaumamaiororganizaçãoda
rotinadetrabalhoeestudofoisolicitadoaosestudantesqueorgani-
zassemseushoráriosequeissofosseapresentadoemformadetarefa.
Essaatividadesimples,quandofeitacomseriedadeepropósitoclaro,
podecontribuirsignificativamenteparaquetenhamosusomaisapro-
priadodosmomentosdeestudoetrabalho,oqueéfundamentalem
ummundocadavezmaisdinâmicoemarcadopelaefemeridadedo
tempo,comoéonosso.
Se,nasaladeaula–dentrodosmoldespresenciasdeeduca-
ção–estávamostodosjuntos,naEducaçãoaDistância,podemosestar
sozinhos frente à telado computador,dialogando comcolegasque
estão longeecujamaterialidadenãoconhecemos. Issoéoutro fator
quepodelevaraodesinteresseedesestímuloparacontinuarestudan-
do.ParaPedreiraeMoreira(2009),esseéoprincipaldesafio.Afirmam
elas:
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Issofazcomqueostutores,sejampresenciaisouadistância,
adquiramcentralidadenoprocesso,afinal,precisamestaremcons-
tantediálogocomtodososestudantes,buscandomaisdoquesanar
dúvidas,abrirespaçoparaquesesintampertencentesaoCursoeper-
cebamaimportânciadomesmoemseuprocessodeformaçãoconti-
nuada.
AEducaçãoaDistâncianãopodeserumaeducaçãoperpas-
sadaporumafastamentoentreossujeitosquedelafazemparte.Isso
vaideencontroàquiloqueseesperaeàsaçõesquesãodesenvolvidas
paraoêxitodoscursos.Hátodaumarede,muitasvezesinvisívelde
apoio,emqueocontatomaisdiretoacontececomostutores,masque
estáaptaaatuarsemprequenecessárioequeconstantementeavalia
eplanejaasaçõesqueserãorealizadas.Ainteraçãoprecisaseromais
eficientepossívelparaquegerevínculosegarantasegurançaaoestu-
danteemseuinícionoCurso.
Namaioriadasplataformasutilizadasemcursosadistância,
existem ferramentasde interaçãocujopropósitoé facilitaroacesso
decursistasatutoredecursistasacursistas.Dentreasferramentas
disponíveis,estão:chats, fóruns, trocasdemensagensindividuaise
enviodemensagensinstantâneas.Osvínculoscriadosentrecursoe
alunoseentreosdiversosparticipantes,pormeiodoscanaisdeco-
municaçãodisponibilizados,sãofundamentaisparaqueosucessona
aprendizagemsejaalcançadoedevemserincentivadospelostutores.
Éatravésdelesquedúvidas são sanadas,osvínculos são construí-
Naverdade,ograndedesafio,quepodecomprometeracontinuidadedoprocesso,éasensaçãodeestarmossozinhos.Émuitonaturalqueaoiniciarumestudoemumanovamodalidadedeensino,nossin-tamosinseguros,principalmentequandonãovemos“aovivoeemcores”apessoacomquemestamosestudando(p.23).
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doserelacionamentossãosolidificados(PEDREIRA;MOREIRA,2009,
p.24).
Aquantidadeeaqualidadedasinteraçõesdesenvolvidassão
fundamentaisparaosucessodosestudantesdoCurso.Ofatodenão
termosumcanalabertodecomunicação–oqualépossibilitadopelo
conjuntodeferramentasdisponíveisnoAVA–éumdossérioslimites
quepodemcomprometero trabalhodesenvolvido,pormaisqueos
recursossejameficientesecondizentescomapropostadesenvolvida.
Comopodemosver,háumasériedefatores–deordemindi-
vidualecoletiva–quepodematuarcomolimitantesaodesenvolvi-
mentodasatividadesnocampodaEducaçãoaDistância.Elesengen-
dramdesafiosqueparaseremsuperadosenvolvemacriaçãodeuma
extensarededeapoio,aqualpassapelaqualificaçãodosprofessores
queatuamnessamodalidadeeducacional,aorganizaçãodo tempo,
a criaçãodo sentimentodepertencimento aogrupo, o olhar atento
paraosestudantesde formaindividualecoletivaeoenvolvimento
detodoscomaseriedadenecessáriaaqualquerprocessodeensino/
aprendizagem.
Possibilidades com/na utilização da Educação a Distância para a
formação continuada
Semuitossãoosdesafios,tambémsãomuitasaspossibilidades
quandopensamosaEducaçãoaDistânciaeoseupapelparaoproces-
sodeformaçãocontinuada.Ariquezaderecursos,oportunizadacom
ousodasTecnologiasdaInformaçãoeComunicação,éumdosaspec-
tosmaisrelevantesquandoabordamosessaquestão.Acomunicação
podeadquirirváriasconfiguraçõesecontribuirparaaqualidadedo
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trabalhodesenvolvido,masesseéumdebatequenãopodeserfeito
apartadodocontextomaisamplodastransformações,quesãoengen-
dradaspelousodasnovastecnologias.AEducaçãoaDistânciaéum
fenômenoquenãopodeserpensadodeformaisolada,afinalfazparte
deumconjuntomaiordeinovaçõesdaconjunturaeducacional,oqual
dialogacomastransformaçõesdomundodotrabalhoeasnovasha-
bilidadesquesãoexigidasdetodososprofissionais.
Aconectividade,ainteratividadeousodosrecursostecnoló-
gicossãopossibilidades,nãopodemserentendidoscomofins,pos-
to que sejammeios para as finalidades educacionais que precisam
iralém.NocasodoCursodeProduçãodeMaterialDidáticoparaa
Diversidade,taisrecursosdidáticospassamporcriarcondiçõespara
quesefortaleça,nocontextoeducacional,adiscussãosobreadiversi-
dade,porexemplo.
AgrandecapilaridadedaEducaçãoaDistânciaé,semdúvida,
umdosfatoresmaisimportantesquandopensamosemseupotencial.
Comsua criação, enquantoumapráticanoâmbitodas Instituições
PúblicasdeEnsino, temosumalargamento consideráveldonúme-
rodepessoasqueconseguemvoltaraestudar,sejapararealizarsua
primeiragraduaçãoourealizarcursosdeformaçãocontinuada.Dada
aextensãoterritorialdoBrasil,aEducaçãoaDistânciasecaracteriza
comoumamodalidadeextremamente favorávelparaagarantiade
acessoaoensinoformalparaaquelesqueelaestavamapartados.
Seumdosfatoresquelevavaaoafastamentodemuitospro-
fessoresdoprocessodeformaçãocontinuadaeraafaltadetempo,a
EducaçãoaDistânciapodeserumcaminhomuitoeficienteparaseu
retorno,tendoemvistaquecomsuainstituiçãoépossíveloestudante
organizarseutempoesuaatividadedemodoquepossarealizaras
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tarefaseparticipardosmomentosdoCursodeformaassíncrona,sem-
prequehouvercondiçõesparatal.
Apossibilidadedeestabelecimentodecomunicaçãodeforma
síncrona–queéaquelaqueaconteceinstantaneamente–eassíncrona
–queseconfiguracomoaquelaemqueoestudanteestabelececomu-
nicação,mesmoqueseuinterlocutornãoestejaon-linenomomento–
éumadasricaspossibilidadesqueaEducaçãoaDistânciaofereceno
queserefereaodesenvolvimentodepráticasinterativas.Estaspodem
contribuirparasanaraquiloquejáapontamosnosdesafios,aquestão
deseabrirespaçoparaqueoestudantesesintasozinhoounãoper-
tencenteaocursoquefazparte.
Avalorizaçãodatrajetóriadetodosossujeitosquefazempar-
tedaEducaçãoaDistânciatambéméumfatorimportanteparaque
tenhamossucessonodesenvolvimentodeaçõesnessecampo,nome-
adamentenoqueconcerneaformaçãocontinuada.Aoabordaressa
questão,noâmbitodaescola,Nóvoa(1995)dizque:
Criarespaços,comoosfóruns,comintuitodequeosestudan-
tes possamdialogar, aprender coletivamente e aquilatar sãopassos
fundamentais,paraquetodospossamversentidonaquiloqueestão
realizando, alémdeprocurarqualificar, cadavezmais, suas falas e
experiênciascomoscolegas.
AomencionaraspossibilidadesengendradaspelaEducaçãoa
Distâncianocampodaformaçãocontinuada,nãoépossívelnãotecer
assertivas acerca do perfil do estudante, das responsabilidades que
Aformaçãonãoseconstróiporacumulação(decursos,deconheci-mentosoudetécnicas),massimatravésdeumtrabalhodereflexivi-dadecríticasobreaspráticasede(re)construçãopermanentedeumaidentidadepessoal.Porissoétãoimportanteinvestirapessoaedarumestatutoaosaberdaexperiência(p.25).
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esteprecisaassumiredas interlocuçõesqueestabelececomosme-
diadoresemseuprocessodeconhecimento.Nãohádúvidasdequea
formadeorganizaçãodoscursosdentrodoSistemaUABexigequeo
estudantetenhaumasistemáticanoqueserefereaoaprendereestu-
dar.
Nessesentido,écertoqueele tem, também,autonomiapara
escolheroshoráriosemqueiráestudar–oquejápontuamosaqui–e,
alémdisso,oscaminhosqueirátrilharparatalatividade,oquenão
aconteceemumaaulapresencial,naqualoprofessoratuacomoum
guiaeorganizaoprocessodeensino/aprendizagemdeuma forma
maisdireta.Contudo,suatrajetórianãoé livrede interferênciasou
autodirigida,poisháosprofessoresquecontinuamtendoumpapel
central,sejanacondiçãodeelaboradoresdasaulasoututores,eque
temumaaçãocentraladereconheceropercursodecadaaluno,seja
identificandocomoeleestuda,seeledácontadarealizaçãodetodas
asatividadespropostaseseestáconseguindodesenvolverconexões
entreateoriaeprática(NEIDER,2000).
Semapretensãodeesgotaradiscussãoacercadaspossibili-
dadesqueaEducaçãoaDistânciaapresenta,nãopodemosdeixarde
ladoofatodequeestaampliaastrocaseconstruçõessignificativasde
conhecimentoentresujeitosderealidadesculturaisdiferentes,oque
enriquecesobremaneiraosespaçosdeaprendizagem.Talfatoocorre
no Curso de Produção de Material Didático para a Diversidade, prin-
cipalmente,nos fórunsquandoosestudantespodemdialogarmais
abertamenteetrazersuasexperiênciasprofissionaisepessoaisparao
centrododebate.Muitosestudantesmanifestamsuasangústias,difi-
culdadesnoacessoaoMoodleeinquietaçõesemummovimentoque
épossibilitadopelousodasferramentasdigitais,oque, talvez,não
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acontecesseseestivéssemosemumarodadeconversaspresencial.
O olhar atento sobre a trajetória individual, nesse sentido, é
umadasgrandesriquezasqueousodeumAVA,comooMoodle,traz
paraaformaçãocontinuadadosprofessores,afinal,alémdepermitir
queotutorpossaacompanhardeumaformaorganizadaeclaraseu
percurso,permitequeoestudantetambémpossafazerisso,poistodas
suasaçõesficamregistradasepodemserresgatadasaqualquermo-
mento.
Éfatoquetemganhadocadavezmaisespaçonocontextoedu-
cacionalousodaschamadasnovasTecnologiasdaInformaçãoeCo-
municação(TIC). Issotemexigidoumanovaconfiguraçãodenosso
SistemaEducacionale interpeladoopoderpúblicoparaqueamplie
oacessoaosprocessosdeescolarizaçãoformal.Acriaçãodosistema
UniversidadeAbertadoBrasil(UAB)éumadasformasencontradas
paradarcontadosdesafioshodiernosedesencadearumprocessode
formaçãocontinuadaparaosprofessorese trabalhadoresdocampo
da educação.
Como qualquer processo histórico, ainda há muito para ser
problematizadoedeslindadoacercadasescolhasetrajetóriasquees-
tãosendoconstruídas,noqueserefereàEducaçãoaDistância(EaD)
pública.Contudo,apartirdenossaatuaçãonesseespaço/tempo,de
formamaisespecificaaquinoCursodeProduçãodeMaterialDidáti-
coparaaDiversidade,foipossívelabordaralgumasquestõesquesão
centrais,afimdequepossamosavançarnaqualificaçãodosprocessos
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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deensinareaprenderdesenvolvidosnessesmeandros.
Osdesafiosestãointimamenteligadoscomanecessidadede
umamaiorfamiliaridadecomosrecursoseasferramentastecnológi-
cas,oquedeveserumaconstante,tendoemvistaqueelesmudame
setornamobsoletoscomumarapidezcadavezmaior,masvãoalém
disso,postoquesejamosoriundosdeummododeEducaçãoPresen-
cialqueprivilegiavaprocessoseformasdeaprenderdiferentesdos
orquestradospelaEaD.
OsestudantesqueseembrenhampeloscaminhosdaEducação
aDistâncianãopodemsesentirsozinhoseprecisamreconhecerque
hátodaumacomplexarededeapoioque,constantemente,avaliae
planejaaçõesquepossamgeraraprendizagenssignificativasecontri-
buirparaqueosobjetivosdoCursosejamalcançados.
A ampliação do número de estudantes que frequentam os
Cursos nestamodalidade educacional é um fatormuito importan-
te quandopensamos aspossibilidades engendradaspelaEducação
aDistância.No entanto, nãopodemos fazeruma avaliação apenas
quantitativaparaaferirosucesso,ounão,dessaspráticas.
Osestudantesquefazempartedoensinoadistânciatêmmuito
aensinareéfundamentalquepossamoscriarespaçosparaoportu-
nizaraprendizagenscolaborativas.Issopodeserfeitoprincipalmente
nosfóruns,osquaissãoumdosrecursosmaisricosdoAVA.NoCur-
sodeProduçãodeMaterialDidáticoparaaDiversidade,temosapos-
tadonesseexpediente,sejaparasocializardúvidasouproblematizar
questõesatinentesàtemática.
HámuitooqueseconstruirequalificarnoscamposdaEduca-
çãoaDistância.Contudo,temosavançadomuitonosúltimostempos
coma instituiçãodepolíticasdefinanciamentoearticulaçõesentre
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oGovernoFederal,municípios e estados, o que contribuipara que
a educaçãobrasileira subaoutropatamar,desdeque tenhamosum
contínuoprocessodemelhoriadamesmacomoumtodo.Taldeman-
daenvolveavalorizaçãodosprofissionais,oinvestimentonaforma-
çãocontinuadaenodesenvolvimentodasnovastecnologiasdeforma
constante,entendidascomomeiosenãocomofinsdosprocessopeda-
gógicosengendrados.
REFERÊNCIASCASTELLS,M.Asociedadeemrede.Aeradainformação,sociedade
ecultura.SãoPaulo:PazeTerra,1999.
MORAES,M.C.Oparadigmaeducacionalemergente:implicaçõesna
formaçãodoprofessorenapráticapedagógica.EmAberto.Brasília,
ano16,n.70,p.57-69,abr./jun.1996.
NEDER,M.L.C.Aorientaçãoacadêmicanaeducaçãoadistância:a
perspectivade(re)significaçãodoprocessoeducacional.In:PRETI,O.
EducaçãoaDistância:construindosignificados.Brasília:Plano,2000.
NÓVOA,A. (Coord.).Os professores e sua formação. Lisboa:Dom
Quixote,1995.
PEDREIRA,A. J.;MOREIRA,T. Educação aDistância. In: Processo
Formadoremeducaçãoambientaladistância:módulo1e2:educação
ecidadania,educaçãoambiental.Brasília:MinistériodaEducação,Se-
cretariadeEducaçãoContinuada,AlfabetizaçãoeDiversidade,2009.
PERRENOUD,Philippe.Saberrefletirsobreaprópriaprática,objetivo
centraldaformaçãodeprofessores?Genebra:UniversidadedeGene-
bra,1999.Apostila.
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A comunicação como constituição do sujeito na
EaD
Esteartigotemcomoobjetivopromoverumadiscussãocon-
ceitualsobreopapeldacomunicaçãonaspráticasdosatoressociais:
docentes,discentesetutoresqueparticipamdaEducaçãoaDistância
(EaD).Nãosetratadeumadiscussãosobreconteúdosemétodosuti-
lizados especificamentenasdisciplinasoferecidasno cursodePro-
dução de Material Didático para a Diversidade (PMDD) da Univer-
sidadeFederaldoRioGrande–FURG,mas, sim,deumamodesta
pesquisasobreaimportânciadacomunicaçãoon-lineoupresencial
comosuporteparaacompreensãodopodertransformadordaspala-
vraseseussignificadosparaaformaçãodecidadãospró-ativos.Para
tanto,utilizamo-nosdealgunsconceitossobrecomunicação–emes-
pecial,sobreacomunicaçãodemassa–,suaevoluçãohistóricaesua
ligaçãocomacultura,sendoesteúltimobaseadoemumcapítuloda
DissertaçãoqueapresentamosnoMestradoemEducaçãoAmbiental
da FURG.
QuandoacriaçãoeaexpansãodoscursosdeEducaçãoaDis-
tânciasetornouumarealidadenoBrasil,achamosoportunonosde-
bruçarmosnaquestãodacomunicaçãodosprofessores,tutoreseaca-
Nelson Pereira Theodosio
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dêmicosdoscursosoferecidospelaFURG,localizadaemRioGrande/
RS.Noentanto,não tivemoscomoobjetivoanalisaros conteúdose
osdiálogosqueseconcretizaramnaspráticasadvindasdocursode
ProduçãodeMaterialDidáticoparaaDiversidade.Esteartigoéuma
modestadiscussãoconceitualsobreopapeldacomunicação,objeti-
vandopossibilitaraosinteressadosoqueéeoquantoacomunicação
noscursosadistânciainfluenciamsobremaneiraoentendimentodos
atoresenvolvidosnoensino-aprendizageme,consequentemente,na
suaformaçãocomocidadãos.
Dessa forma,quandonosperguntam:oqueécomunicação?,
arespostaquenosvêmdeformaespontâneaàmenteéaquelatrazi-
dapornossaexperiênciaousensocomum:asituaçãodediálogo,ou
seja,asituaçãoondedoisindivíduostrocammensagens(dados,infor-
maçõesouconhecimentos)entresi.Entretanto,logoestamosprontos
paraadmitirqueofenômenocomunicacionalnãoserestringeaopro-
cessoemqueénecessáriaapresençadedoisindivíduos.Semmuitos
problemas,aceitamosaideiadequeosanimaistambémsecomuni-
cam:sejanumasituaçãoondeinternamenteosmembrosdeumgrupo
comunicamapresençadeuminimigo,alimento,água,abrigoetc.;seja
numasituaçãoexterna,emqueocorremtrocasdeintençõesentreum
caçador e sua presa.
Nessesentido,admite-se,também,ocorrercomunicaçãoentre
doisoumaisaparelhos tecnológicos, emumasituação comumhoje
emdia,ondedoisoumaiscomputadoresligadosemredetrocamda-
dos e informações entre si, situaçãoquepode ser exemplificadano
usoinicial,nocampomilitardaInternete,atualmente,nossítiosde
relacionamentosenosAmbientesVirtuaisdeAprendizagem(AVA).
Igualmente, reconhecemosoutros tiposde comunicaçãoonde apa-
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lavraescritaésuprimida,taiscomoacomunicaçãovisualegestual.
Porúltimo,admitimosasituaçãoemqueacomunicaçãoextrapolaa
situaçãodebipolaridadediretaeimediataquecaracterizaotipo“di-
álogo”,comoaquelarealizadapelacomunicaçãodemassa.
Temosassimqueadiversidadedostiposdecomunicaçãonos
levaaconclusãodoamploespectroenvolvidonaperguntainicial:o
queécomunicação?Talfatonãoédecausarestranhezaseentender-
mosacomunicaçãobásicadavidaequecomelaseconfunde(GAIA,
2011,p.15)(BORDENAVE,1998,p.19).Damesmaforma,observamos
quealgunselementosestãopresentesnesteprimeiromomentonare-
laçãocomunicativa,representadosgraficamenteedemodosimplifi-
cadodaseguinteforma:
SegundoMartino(2008),nosentidoetimológico,comunicaçãovem:
Aindaque,conformeoautorcitado,osdicionáriosapresentem
dispersãonoconceitodecomunicação,podemosinferirqueacomu-
nicaçãoéumaatividaderealizadacoletivamenteporparticipantesde
Fig. 1. O processo comunicativo
[...] do latim communicatio, do qual distinguimos três elementos:umaraizmunis,quesignifica‘estarencarregadode’,que,acrescidodoprefixoco,oqualexpressasimultaneidade,reunião,temosaideiadeumaatividaderealizadaconjuntamente’,completadapelatermi-naçãotio,queporsuavezreforçaa ideiadeatividade(p.12,grifonosso).
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uma comunidade.No entanto, assim colocada, a definição não nos
levamuitoalémdetudooquefoiatéaquidescrito,afinal,acomuni-
caçãoentreosanimaiseacomunicaçãotecnológicaseenquadramna
definiçãoetimológicadapalavra,permitindoassimqueseucampode
estudopossuaaabrangênciadoprópriouniversoconhecido.
Aprofundandoumpoucomais,podemosnosreferir,deforma
rudimentar, a três subcampos, osquais se apresentamanós como
integrantesdessecampomaior:osseresinorgânicos,osseresorgâni-
coseossereshumanos.Acomunicaçãoocorreemcadaumdostrês
subcamposepodemosapontarcomoissoacontece,bemcomoosdi-
ferentessentidosqueacomunicaçãoassumeparacadaumdeles.No
subcampodosseresinorgânicosacomunicaçãoassumesuaacepção
maisgeral:comunicaçãoérelação.Estarelaçãoestá intimamente li-
gadaàideiadetransmissãodiretadedados.Porexemplo,atrocade
calorentredoiselementosfísicospodeserutilizadacomoocorrência
doprocessocomunicativo,ouseja,ofogocomunicasuapropriedade
decaloraumabarradeferroquereageaele,dilatando-seconforme
ainstruçãorecebida,trata-sederelaçãocaracterizadacomoação-rea-
ção.
Osseresorgânicos, inclusivosnosegundosubcampo,sãoca-
pazesdealteraradinâmicadacomunicação,vistoqueasreaçõesnão
podemmaisserdescritascomoprocessosmecânicospelaocorrência
deumaseleção,mesmoqueprimária,instintiva,narealizaçãodares-
posta.Oorganismoretarda,adia,suprimee,destaforma,diversifica
as reações frenteauma informação.Noentanto,os seresorgânicos
nãoreagemaqualquerestímulo,massomenteàquelesque identifi-
camcomotal.Porexemplo,ummachodeumaespéciereageàinfor-
maçãodoestímulosexualenviadopelafêmeadesuaespécie.
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Noqueconcerneaoúltimosubcampoemquedividimosaco-
municação,temosossereshumanos.Neste,háumdiferencialimpor-
tante.Muitoemboraocorraumarespostafrenteaumdado,deque
aconteçaainterposiçãodeumorganismofrenteaumainformação,
nossereshumanos,acomunicaçãoserevestedesingularcaracterísti-
caporsuacapacidadedeapreenderomundo,transformandoopro-
cessocomunicativoemumprocessodeproduçãodeconhecimento.
Podemos resumirquemuitodacapacidadedoserhumanoemco-
nheceromundo,noqualestáinserido,deve-seaevoluçãodequeao
longodotempodotouamentehumanadopoderdeabstração.
Comunicação: fenômeno histórico
AComunicaçãosetratamesmodeumfenômenohistórico,ou
seja:
Esteprocessohistóricodeproduçãode conhecimentooude
comunicaçãojáocupavaosantigosgregos.Jánaquelaépoca,osfiló-
sofos estudavamosprincípios fundamentaisdanaturezado “ser”,
istoé,darealidade,edoconhecimento,acontrapartesubjetivadessa
realidade.Oestudodoserproporcionouaosprimitivosalicercesdas
ciênciasfísicasporsedirigiràpróprianaturezadarealidade:substân-
ciaefuncionamentodascoisas.
[...] do latim communicatio, do qual distinguimos três elementos:umaraizmunis,quesignifica‘estarencarregadode’,que,acrescidodoprefixoco,oqualexpressasimultaneidade,reunião,temosaideiadeumaatividaderealizadaconjuntamente’,completadapelatermi-naçãotio,queporsuavezreforçaa ideiadeatividade(p.12,grifonosso).
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Oproblemadosaberoriginouasciênciassociaiscontemporâ-
neasporquehaviaapreocupaçãocomarelaçãoentrerepresentações
interiores e subjetivas da realidade, os significados e as influências
queosabertinhanacondutahumana.Assim,orelacionamentoentre
saberefazeréproblemacríticoparaospensadores,porserapedra
fundamental sobreoqualpoderiamsedesenvolveros conceitosde
virtudeejustiça.Afinal,PierreLévy,citadoporSantos,fazaseguinte
afirmaçãosobreotema:
Destaforma,afilosofiasistemáticacomeçacomPlatão,comseu
livro“República”.PlatãofoialunodeSócrates,dequemherdouomé-
tododechegaràsrespostasatravésdediscussãoemgrupocomseus
discípulos:ofamosométodosocrático.SócratesconvenceuPlatãoque
certosprincípiostinhamdeserempregadosparadesenvolverosaber.
Por exemplo, salientou a importância das definições ou, em outras
palavras, não bastava nomear um objeto para saber, era necessário
defini-loem termosexatoseutilizaresse significadocoerentemente
nosdebates.Nessesentido,sechegariaàverdadeprincipiandocom
definiçõesclaraseconcisasedepoisobedecendoàsregrasqueespeci-
ficassemseusignificadodemodopadronizado.
Autilizaçãodesignificados,comosquaisos indivíduospos-
sam concordar, foi e ainda éumadas questõesmais importantes e
centraisdafilosofiaaolongodosanoseassimpermaneceatéosdias
dehoje,porsetratardomaisfundamentalquestionamentodacomu-
nicaçãohumana.Afinal,senãopudéssemoscriar,rotulareconcordar
Comunicarnãoédemodoalgumtransmitirumamensagemoure-ceberumamensagem.Issoécondiçãofísicadacomunicação.Écertoque,paracomunicar,éprecisoenviarmensagens,masenviarmen-sagemnãoécomunicar.Comunicarépartilharsentido(LÉVYapudSANTOS,2010,p.29).
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acercadesignificadossubjetivosparaaspectosdarealidadeobjetiva,
nãopoderíamosnoscomunicarcomoofazemoshojeenãopodería-
mosfuncionarnumplanohumano.Aquestão“menteversus realida-
de”,ecomoumaconheceaoutraseencontranocentrodaexistência
humana.
Platãoexpôsumaanáliserebuscadado“significado”emsua
TeoriadasFormas, referindo-se aomais fundamentalproblemado
saber: comodefinimoseentendemosas coisasqueexistem forade
nossaexperiênciasubjetiva.Paratanto,sustentouqueoconhecimen-
tohumanosedesenvolvebaseadoemuniversais,ouseja,ideiasge-
rais acerca das principais características de cada categoria de coisas
sobreosquaisossereshumanospensam,formandoumacompreen-
sãodosatributosessenciaisdeumaclassedeobjetos,possibilitando,
assim, facilmente identificar, entender e debater qualquer exemplo
particular.
Aorigemdesseprocessoseperdenasbrumasdotempo.Épos-
sívelqueosprimeirossignoscriadosestivessemcadaumassociado
aumdeterminadoobjetivo.Porexemplo,éprovávelqueosom“ár-
vore”indicasse“estaárvore”enãotodasasárvoresemgeral.Porém,
observandoassemelhançasentreasárvoresfoipossívelidentificaro
quehádecomumentreváriasdelas.Provavelmente,os indivíduos
Fig. 2. A origem do conceito
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primitivospassaramachamardeárvoretodososobjetosquetivessem
taisetaiscaracterísticasdeárvores.Daíemdiante,osindivíduosnão
precisavamlembrarmilpalavrasparamilárvores.Podemosrepresen-
taressaquestãocomoseguinteesquema:
Estessãoprecisamenteoselementosdosigno,aquelessobreos
quaissepermitemsignificar,istoé,representarideias.Primeiramente,
temos o objeto representado, chamado objeto referente ou simples-
menteoreferente,vistoqueosignofazreferênciaaele.Emsegundo
lugar, temoso significadodo signo,queviria a sero conceitooua
imagemmentalacercadoreferente.Emterceirolugar,temososignifi-
cante,queviriaaseraapresentaçãofísicadosigno:ossons,apalavra
escrita,odesenho,fotografiaetc.
Éinteressanteperceberqueem400a.C.jáseachavamassenta-
dososalicercesdeumateoriadoconhecimentohumano.Essesalicer-
ces,baseavam-senaideiadeconceitoscomoconjuntodeatributosre-
levantesdealgumobjeto,identificadoporumnomeouideiaquefazia
partedalinguagem.Conceitos,portanto,sãoprecisamenteabaseda
comunicaçãoemgeraledalinguagememparticular(BORDENAVE,
1988,p.24).
Sejaqualforosistemausadoparasechegaraumadefinição
deumobjeto, permanece oproblemade empregar esse significado
coerentemente.Istoéumaquestãoantessocialdoquepsicológica,é
umassuntodeconcordânciacoletivaacercadasregrasquevinculam
conceitoseseussignificados(DEFLEUR,1993,p.256).Issofoitemade
importânciacríticaparaPlatão.Eleutilizouométodosocráticopara
chegaraumadefiniçãodeconceitos.Segundoele,apósexaminarto-
dososaspectoseatributosdeumobjeto, chegar-se-iaaumacordo
acercadosseussignificados.
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Assim,nodesenvolvimentodeconceitos,aconcordânciados
indivíduosnaassociaçãoimagem-objeto–significação–,étãosocial
quantoigualmenteumaquestãoindividual.Modernamente,refere-se
aestaideiacomoa“construçãosocialdarealidade”,cujosdiscerni-
mentosdePlatão são reveladosemsua tão conhecida“alegoriada
caverna”.
Discussõesmodernasacercadenaturezadacomunicaçãocon-
tinuamasalientaraimportânciadevincularimagem-objetomediante
acordos sociaisparaa comunicação serpossível.Esses significados
devemserosmesmosou,nomínimo,bastantesemelhantes,deuma
pessoaparaaseguinte.EmboradevamosmuitoaPlatão,descobrimos
princípiosdoconhecimentorecentementequeteriamperturbadoos
filósofosgregos. Istoé,conceitoseacordossociaispoucotemaver
comaverdade.
Ofatodetermosumacordoqueligueumadeterminada“pa-
lavra”aalgumsignificadopreviamentecombinadonadadizseosig-
nificadoécertoouexato.Aspessoassãocapazesdeassociarpratica-
mentequalquerpalavraequalquersignificadoparadesenvolverum
conceito,quersetrate,ounão,deumarepresentaçãodomundoreal.
Afinal,nãoésomenteparacoisasconcretas,físicasqueocorremsig-
nificações.Casocontrário,não teríamossignificadoparacoisasque
nuncaexistiram,senãoemnossasmentes,como“sereias”,“unicór-
nios”,“discosvoares”eos“deuses”doOlimpo.
Foidito anteriormentequeos acordos sociais, envolvendoa
linguagemnaassociaçãoobjetivo-significado,contribuemparaafun-
daçãodacomunicaçãohumana,poisaosconversarmos, lermosum
jornal,escutarmosorádio,navegarmosnaInternetetc.sabemosdas
regrasesímbolosparainterpretaçãoquedespertemsignificadossub-
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jetivosinterioresaosreceptoresdasmensagens.Essa,defato,éuma
definiçãodecomunicaçãohumana:relaçãodesignificadosprovoca-
dosemoutros.Doisprincípiosdesteprocessoforamcompreendidos
fazmuitotempo:conceitossãoabasedenossoconhecimentopessoal
darealidade,podemoscomunicarporquecriamosregrassociais,isto
é,convençõesdelinguagemqueexigemeloscoerentesentreobjetivos
eseussignificados.
Comunicação, Sentido e Educação
Porfim,énecessáriodarumaexplicaçãoparaadistinçãoentre
dados,informaçãoeconhecimento.Paratanto,utilizamo-nosdeDa-
venporte(1998,p.18),referenciandoseuraciocínionaquestãociberné-
ticaparaaquestãodacomunicaçãohumana.Adespeitodadificulda-
dededistingui-lanaprática,partilhamosdoconceitodetalautor,no
qualsepodeelaborarumprocessoqueincluaastrêsunidadesinfor-
macionaiscomoparticipantesdacomunicaçãohumana.
Assimsendo,definimosdadoscomo“observações”sobreoestadofí-
sicodomundoe,porisso,sãoperfeitamentequantificáveis,defácil
captura, comunicaçãoearmazenamento. Jáa informaçãoédefinida
comodadosdotadosderelevânciaepropósitopelamediaçãoeaná-
lisedossereshumanos,porém,estesseapresentamcomcaráterindi-
vidual.
Porúltimo,masnãomenosimportante, temosamaisvaliosa
entidade informacional, ou seja, o conhecimento. Dizemos valiosa,
precisamente,porqueaelaseagregamumsignificado,umcontexto,
umainterpretação,umacordosocial,ouseja,osindivíduosfrentea
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essaunidadeinformacionalrefletiramemconjuntoeaelaacrescen-
taramseusprópriosentendimentos,vivências,experiências, capaci-
dadeseconsideraramasimplicaçõesmaisamplasdeseuuso.Oco-
nhecimentoenvolveointerioreoexteriordosindivíduos–desejos,
sensações,pensamentos,ideias,afetos,sentidos,ouseja:
Épeloconhecimentoqueumrelatocomoventeouoestadode
espíritoquandonavegamospelainternetserefletenamaneiracomo
lidamoscomainformaçãoeosdados.Porisso,um“dado”émuito
maisdoque,simplesmente,um“dado”;porisso,uma“informação”
émuitomaisdoqueuma“informação”;porisso“conhecimento”é
maisdoque“conhecimento”eadquireosentidode“educação”:daí
seucarátertácito.Aeducaçãoexistesimbolicamentenamentehuma-
na,comopodemosobservarnatabelaabaixo:
[...]umarespostamentalaumestímulopercebidopelocorpoeque,namente, torna-se informação.Por suavez, essa informação, apli-cadademaneiraeficaz, transforma-seemconhecimento.Tudo issopormeiodoprocessodecomunicação,emqueosentidoéformado,apresentadoenegociado(VILALBA,2006,p.6).
Tab. 1. Diferenciações entre dados, informação e conhecimento
[...]nãonosreferimosaobjetivosdisponíveisnomundo,masàquelesqueacomunicação,enquantoconceito, constrói,aponta,deixaver.Essaéanaturezadeum‘objetodeconhecimento’:construçõesedi-ficadaspelopróprioprocessodeconhecimento,apartirdesuasfer-ramentas e do seu ‘estoque cognitivo’ disponível (FRANÇA, 2008,p.42).
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Emoutraspalavras,acomunicaçãohumanaimplicaainterven-
çãodasignificaçãoemsuarealização,sendoomecanismobásicopara
aconcretizaçãodastrocassimbólicas(GUARESCHI,2000,p.37),pois
Acomunicaçãohumanaassume,assim,anecessáriaparticipa-
çãodacultura,poisé“sentido”.Defato,quandofalamosemcultura,
oconceitojátrazimplícitooprocessocomunicativo:atransmissãode
umpatrimônioconvencionalizadodeideias,sentimentos,atitudes,os
quaissãopassadasdeumageraçãoparaoutra.Poroutrolado,seafir-
mamos a importânciada significaçãonamediaçãoda comunicação
humana,asseguramosqueosindivíduossomentesedeixamapreen-
dernasrelaçõesqueestabelecemcomseussemelhantese,concluímos:
ossereshumanossãoplenosdecomunicação.
Nestefenômenoestãoimplícitasasrelaçõescomo“outro”,um
indivíduosecomunica,aomesmotempo,consigoecomomundo,já
queascoisasnãoseapresentamdeformadireta,masserevestemdo
caráterdeconstruçãograçasàmediaçãodosignificado.Assim,sópo-
demosdefiniracomunicaçãohumanacomoarelaçãoondesesimula
aconsciênciadeoutrem,tornandocomum–participando–ummes-
moobjetoconstruídomentalmente(MARTINO,2001,p.23),indepen-
dentedadistância,presença,espaço,tempo,territorialidadeemeios.
Porfim,retomandooquefoidemonstradoanteriormente,este
artigotemopropósitodeinstigarreflexõesenãodeterminarverdades
absolutas sobreoassunto.São inúmerososdesafiosqueobinômio
comunicação-educação nos coloca atualmente, com meios de difu-
sãotãovelozese,àsvezes,deformas imperceptíveis,comonocaso
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dosavançostecnológicos.Isso,porsisó,mostraquedevemosestar
semprecomunicandoeaprendendo.Ademais,apresenteescritanão
pretendeuesgotaroassuntoemquestão.Tentamosdaraconhecero
termocomunicação,bemcomoestabelecerumavisãosobreesteesua
estreitaligaçãocomaEaD.Apesardepossuirumaabrangênciaquase
infinitaemsuadefinição,procuramoscontextualizaracomunicação
comoprocesso,notempo,noespaçoenosseusmeiosdepropagação,
podendoseraplicadacomosinônimodeeducaçãoatravésdoconhe-
cimentoesentidoinerentesaosseusconceitosproduzidosetrabalha-
dos.
Afinal,acomunicaçãoéumtipoderelaçãoquenãoserefere
apenasacoisasmateriaisouàpropriedadedecoisasmateriais.Aco-
municação,eaquinosreferimosaelacomocomunicaçãohumana,é
umtipoderelaçãoquepossuicertaintencionalidadesobreooutro,
aocompartilharummesmoobjetoouobjetivopormeiodamediação
cultural.Éjustamenteessecaráter,dedarsentidocomumaumobjeto
ouobjetivo,quefazcomqueacomunicaçãonãosejaneutraedeve-
mosestaratentos,poiselapodeserutilizadadeformaimpositiva.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
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Brasiliense,1988.
DAVENPORT,ThomasH.EcologiadaInformação.Porquesóatecno-
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GAIA,RossanaViana.Educação&Mídias.Maceió:EDUFAL,2001.
GONTIJO,S.OLivrodeOurodaComunicação.RiodeJaneiro:Ediou-
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GUARESCHI,PedrinhoA.(Org.)etal.ComunicaçãoeControleSo-
cial.3.ed.Petrópolis,RJ:Vozes,2000.
MARTINO,LuizC.Dequalcomunicaçãoestamos falando. In:HO-
HLFEDLT,Antonioetal(Orgs.).TeoriasdaComunicação:conceitos,
escolasetendências.8.ed.Petrópolis:Vozes,2008.
SANTOS,Edméa.Educaçãoon-lineparaalémdaEaD:umfenôme-
nodacibercultura.In:SILVA,Marcoetal.(Orgs.).Educaçãoon-line:
cenário,formaçãoequestõesdidático-metodológicos.RiodeJaneiro:
Walk,2010.
VILALBA,Rodrigo.TeoriadaComunicação.SãoPaulo:Ática,2006.
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Sobre os Autores
GianneZanellaAtallah:TutoraadistânciadoCursodeAperfeiçoamentodeProduçãodeMa-
terialDidáticoparaaDiversidade–UAB/FURG–2012.Graduadaem
História–LicenciaturaPlenapelaUniversidadeFederaldoRioGran-
de–FURG/RS(1993).EspecialistaemPatrimônioCulturalpeloInsti-
tutodeLetraseArtes–UFPel/RS(1997).MestreemMemóriaSocial
ePatrimônioCulturalpelo InstitutodeCiênciasHumanas–UFPel/
RS(2011).ProfessoradeHistóriadaRedeMunicipal–SMECdeRio
Grande/RS.E-mail:[email protected].
LaisadosSantosNogueira:ProfessoradaE.M.E.F.MateAmargo(RioGrande/RS)edoInstituto
FederalRioGrandedoSul (IFRS)–CampusRioGrande;Tutorado
curso de Produção de Material Didático para a Diversidade (FURG);
Graduada em História – Licenciatura (FURG); Especialista em Rio
GrandedoSul: sociedade,políticaecultura (FURG/UAB);eMestra
emEducação(UFSM).
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MicheleBorgesMartins:MestrandadocursodePós-GraduaçãoemHistóriadaUniversidade
FederaldoRioGrande–FURG.LicenciadaemHistória.Tutorado
cursodeProduçãodeMaterialDidáticoparaaDiversidade–PMDD/
FURG.
LisianeCostaClaro:MestrandaemEducaçãonaUniversidadeFederaldoRioGrande–
PPGEDU/FURG.BachareleLicenciadaemHistória–FURG.Bolsista
CAPES. Tutora do curso de Produção de Material Didático para a Di-
versidade–PMDD/FURG.
MariadeFátimaSantosdaSilva:FormaçãoemHistóriaeDoutoraemEducaçãoAmbientalpelaUni-
versidadeFederaldoRioGrande.Atualmente,exerceafunçãodeCo-
ordenaçãoPedagógicanamesmainstituição.
NelsonPereiraTheodosio:Mestre emEducaçãoAmbiental pelo PPGEA/FURG e TécnicoAd-
ministrativo emEducaçãonaUniversidadeFederaldoRioGrande
– FURG.
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