dm mariareis 2011
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Materia de Contabilidade de Custos I & IITRANSCRIPT
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Mestrado em contabilidade e Finanas
A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e
indireto numa microempresa do setor da cortia
Maria de Ftima Gomes dos Reis
Dissertao para obteno de Grau de Mestre em
Contabilidade e Finanas
Orientador: Mestre Antnio Gonalves da Silva
Porto, 2011
INSTITUTO SUPERIOR DE CONTABILIDADE E ADMINISTRAO DO PORTO
INSTITUTO POLITCNICO DO PORTO
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A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia
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Resumo
A principal motivao para a realizao desta de tese de mestrado, prende-se com a
necessidade de saber at que ponto, a Contabilidade analtica importante na tomada de
decises de uma microempresa.
O objetivo principal deste estudo o clculo do custo da produo da empresa, tendo
como pressuposto as tcnicas de custeio do mtodo direto em confronto com o mtodo
indireto.
O contrabalano entre os benefcios e os custos desta aplicao sero tambm
analisados com rigor.
Um enquadramento a nvel microeconmico ser importante para analisar a importncia
desta empresa no mundo empresarial envolvente.
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A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia
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Resume
The main motivation for this master thesis, deals with the need to know to what extent,
the cost accounting is important in the decision making of microenterprise.
The main objective of this study is the calculation of cost of production of the company,
with the assumption techniques costing the direct method in comparison with the
indirect method.
The counterbalance between benefits and costs of this application will also be analyzed
rigorously.
A micro-level economic framework will be important, to analyze the importance of this
company in the business environment.
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A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia
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Dedicatria
Ao meu querido marido Jos e nossa linda filha Maria. Sem vocs esta Dissertao
de Mestrado no seria possvel.
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A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia
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Agradecimentos
Os meus agradecimentos vo primeiramente para os scios gerentes da nossa empresa
do estudo de caso. Depois para todas as empresas que amavelmente me cederam os
seus dados internos. Por fim para a Associao Portuguesa de Cortia (APCOR) que
me apoiou a nvel terico.
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A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia
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Abreviaturas
APCOR Associao portuguesa de cortia
CA Custos administrativos
Cal Calibre
CC Custo complexivo
CD Custos distribuio
CET Custo econmico tcnico
CF Custos financeiros
CI Custo industrial
CIPP Cdigo internacional de prticas rolheiras
CT Custo de transformao
Ct Custo total
CU Custo unitrio
E Externo
EGF Encargos gerais de fabrico
g Gramas
GC Gastos comerciais
h horas
I Interno
IVA Imposto sobre o valor acrescentado
Ln Logaritmo
m minutos
MD Mtodo direto
MI Mtodo indireto
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A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia
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MOD Mo-de-obra direta
MP Matrias-primas
MPD Matria-prima direta
P Preo
PC Preo de custo
PM Preo mdio
pn Preo de n
pu Preo unitrio
PV Preo de venda
Q Procura
Qd Quantidade procurada
qdn Quantidade procurada
qds Quantidade oferecida
Qs Quantidade oferecida
R - Resultado
s segundos
S Oferta
SNC Sistema de normalizao contabilstica
Sup. - Superior
Trab Trabalhadores
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A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia
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ndice
Captulo I
1.1 Introduo
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Captulo II
2.1 Evoluo histrica da matria-prima e produto cortia a nvel nacional
e mundial
2.1.1 A matria-prima e a sua evoluo histrica em Portugal
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Captulo III
3.1 Breve resenha da histria da Contabilidade Industrial
3.1.1 Histria da Contabilidade analtica
3.1.2 Contabilidade analtica em Portugal
3.1.3 A poca da Contabilidade Industrial
3.2 A Contabilidade analtica
3.2.1 Os mtodos de apuramento do custo de produo
3.2.1.1 Mtodo direto ou de custeio por tarefas
3.2.1.2 Mtodo indireto ou de custos por processos
3.3 Tipos de produo
3.3.1 Produo conjunta
3.4 Componentes do custo
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Captulo IV
4.1 Estudo microeconmico do setor e empresa
4.1.1 Funo procura de mercado
4.1.2 Funo oferta alargada
4.1.3 Funo oferta de mercado
4.1.4 Equilbrio
4.1.5 Equilbrio do mercado
4.2 Anlise microeconmica do mercado do setor da cortia
4.2.1 Estudo microeconmico do calibre 38x24
4.2.2 Estudo microeconmico do calibre 45x24
4.2.3 Estudo microeconmico do calibre 49x24
4.3 Estudo da empresa a nvel microeconmico
4.4 Anlise da importncia da empresa no seu meio envolvente seus
parceiros e concorrentes
4.4.1 A importncia das microempresas
4.5 Clculo do custo de produo pelo mtodo direto e o mtodo indireto
4.6 Sistema produtivo
4.7 Clculo do custo da produo da empresa pelo mtodo direto
4.7.1 Clculo do custo da produo pelo mtodo direto de janeiro
4.7.2 Clculo do custo da produo pelo mtodo direto de fevereiro
4.7.3 Clculo do custo da produo pelo mtodo direto de maro
4.8 Clculo do custo da produo pelo mtodo indireto
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A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia
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4.8.1 Clculo do custo da produo pelo mtodo indireto de janeiro
4.8.2 Clculo do custo da produo pelo mtodo indireto de fevereio
4.8.3 Clculo do custo da produo pelo mtodo indireto de maro
4.9 Contraposio entre o mtodo direto e o mtodo indireto
4.10 Anlise dos resultados obtidos
4.11 Contraposio dos resultados obtidos com a tomada de deciso
4.12 O processo de tomada de deciso
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Concluso
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Bibliografia
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Anexos A Estudo microeconmico
A1
A4
Anexos B - Custo da produo pelo MD de janeiro
B1
B8
Anexos C - Custo da produo pelo MD de fevereiro
C1
C6
Anexos D - Custo da produo pelo MD de maro
D1
D5
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Captulo I
Introduo
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A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia
Captulo I
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1.1 - Introduo
Sobreiro ou rvore da casca, era assim denominada pelos antigos autores. Com
caractersticas especiais, esta casca veio sculos depois, dar origem a uma das indstrias
mais rentveis em Portugal.
A atividade corticeira na realidade s teve o seu incio no sculo XVIII, com o
surgimento do vinho engarrafado, mas a relao da humanidade com a cortia existe
desde os primrdios da histria. Em Portugal esta atividade passou a ser um dos
motores da nossa economia.
Neste estudo as microempresas e a rolha natural1 sero as figuras centrais. O ano de
2010 foi um ano em que o preo da rolha natural supostamente diminuiu. Realizaremos
uma anlise microeconmica do sector para verificarmos que preos foram praticados
em 2010. Esta anlise foi realizada atravs de inquritos dirigidos s empresas
produtoras de rolha natural. Este estudo incidir nos trs calibres de rolha natural mais
produzidas e comercializadas no setor: 38x24, 45x24 e 49x24. Posteriormente,
compararemos os valores do mercado com os valores da empresa do estudo de caso.
. Para produzir rolha natural necessrio muita mo-de-obra, entre outros custos
associados. Surge assim a necessidade de calcular o custo da produo. O Estudo de
caso ir realizar-se numa microempresa do setor. Aqui poderemos estudar a importncia
da contabilidade analtica no dia-a-dia da empresa. Tentaremos demonstrar que estamos
na presena de uma boa ferramenta de apoio gesto.
1 - Designa-se assim dado que no terceiro quartel do Sculo XX, surgiu a rolha tcnica, que uma rolha que tambm designada de cortia, mas no cem por cento cortia natural (v. g., rolhas para vedar garrafas de
espumante/champanhe e as rolhas designadas cem por cento de basto ou as conhecidas rolhas 1 + 1.
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Captulo II
Evoluo histrica da matria-
prima e produto cortia a nvel
nacional e mundial
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A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia
Captulo II
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2.1 - Evoluo histrica da matria-prima e produto cortia a nvel
nacional e mundial
O sobreiro uma rvore que data da Era terciria, do perodo Oligoceno, pensando-se
ter surgido na regio do mar Tirreno e mais tarde progressivamente migrado para as
atuais localizaes. O habitat natural desta espcie situa-se na zona mediterrnica
ocidental Europeia e do Norte de frica tendo fracassado todas as tentativas de
implementao noutras regies. Os antigos autores chamavam ao sobreiro a rvore da
casca. Segundo (Natividade, J.V., 1938) a cortia a casca ou parnquima suberoso
que se forma no sobreiro, constituindo o revestimento do seu tronco e ramos. uma
rvore com um grande poder de regenerao. O tempo de vida do sobreiro situa-se entre
os 150 e 200 anos. Durante a sua vida a cada sobreiro so-lhe feitos cerca de 16
descortiamentos intercalados por perodos de 9 anos (segundo o Decreto-Lei n.
169/2001). O descortiamento o nome que se d ao processo de extrao da casca do
sobreiro. Este processo d-se entre meados de maio e princpios de junho at ao fim de
agosto. So necessrios 25 anos at que o sobreiro comece a produzir cortia rentvel. O
primeiro descortiamento denomina-se desboia e nesta altura que se obtm a chamada
cortia virgem. Esta cortia ser utilizada para pavimentos e isolamentos, pois no
possui as caractersticas necessria para a produo da rolha.
Descortiamento
Fonte: APCOR
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A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia
Captulo II
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Macroscopicamente a cortia um material leve, elstico e praticamente impermevel a
lquidos e gases, isolante trmico, eltrico, absorvente acstico e vibrtico, apresenta a
capacidade de ser comprimido sem expanso lateral2.
Segundo (Honegger,P.J., 1968) microscopicamente, a cortia constituda por camadas
de clulas mortas de aspeto alveolar, cujas membranas celulares possuem um certo grau
de impermeabilizao e esto cheias de um gs, o que lhe confere as suas particulares
propriedades.
principalmente uma matria cem por cento natural, reciclvel e biodegradvel.
Tudo indica que desde que o homem passou a produzir e a consumir vinho, a cortia
comeou a ser utilizada como vedante, por consequncia.
Segundo (Annimo, 1992) num artigo de 1914 refere-se que a prova do mais antigo
uso da rolha se deve ao Prof. Flinders Petrie, que em 1911 descobriu o mais velho
espcime conhecido. Esta rolha foi encontrada no gargalo de uma nfora romana,
tendo sido descobertas solas de cortia em escavaes efetuadas na antiga cidade de
Havara, no alto Egito, que se supe terem sido enterradas no ano 200.
Mas existem vrias outras referncias relativas utilizao da cortia. Na Grcia em
(372-287 a.C.) o filsofo Teofrasto mencionou, nos seus trabalhos sobre botnica a
faculdade que o sobreiro possui para renovar a casca que lhe retirada. Este refere
tambm na sua Histria Natural das plantas que na Itlia j se fabricavam vedantes de
cortia.
Os Romanos, alargaram o leque de utilizao da cortia.
So exemplo disso a recomendao de Marco Terncio Varro (116-27 a.C.), e o
tcnico agrcola Lcio Columela (sculo I) para a utilizao de cortia nos enxames de
abelhas devido a esta ser m condutora de calor.
Gaio Plnio, o velho (cerca de 79-23 a.C.) menciona na sua histria Natural (sculo I), a
utilizao da casca do sobreiro nos cabos de ncoras, nas redes de pesca, como vedantes
das vasilhas, no fabrico de calado de mulher prprio para o inverno e na cobertura de
2 Quando a cortia comprimida, as suas clulas encurvam e dobram, no lhe conferindo praticamente qualquer dilatao lateral, havendo uma posterior recuperao devida ao do gs comprimido no interior das clulas.
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A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia
Captulo II
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habitaes com pranchas. Os pescadores usavam ainda este produto como coletes de
salvao. Plnio explica tambm que na Grcia o sobreiro era adorado como smbolo de
liberdade e honra, tendo somente os sacerdotes autorizao para o cortarem.
O mdico grego Dioscrides (sculo II) menciona algumas aplicaes medicinais do
tecido suberoso do sobreiro, uma das quais para a queda de cabelo. O sobreiro era
consagrado a Jpiter pelos Gregos e pelos Romanos, como smbolo de valor.
No museu de Histria da Enologia de Pessione (Turim) existe uma ampola de vidro do
ltimo sculo a.C., que foi encontrada em Efeso (Grcia) rolhada e contendo vinho.
Mais de quarenta sculos se passaram entre as antigas referncias de aplicao da
cortia e o despertar da indstria rolheira. Segundo (Annimo, 1988) a arte de
engarrafar d-se no sculo XVII, a pelo ano de 1680, em que o frade beneditino francs
Dom Pierre Prrignon (1639-1715), procurador da abadia de Hautvillers, perto de
pernay (Champagne), a quem se deve o processo de champanhizao. Ele verificou
que, com frequncia, saltavam dos recipientes com espumante os tampes de madeira
envoltos em cnhamo embebido de azeite. Ento experimentou trocar os tampes de
madeira por rolhas de cortia inicialmente revestidas com cera e presas ao gargalo por
um arame ou cordo. Estava dado o primeiro passo na descoberta de um vedante que se
viria a prolongar o seu uso at aos nossos dias, no engarrafamento de vinhos. E assim o
vieram a adotar empresas vincolas como Ruinart de Reims, em 1729 e a Mot et
Chandon, em 1743.
Segundo (Bernardo, H.B., 1945) as primeiras rolhas eram fabricadas apenas de cortia
virgem, tendo-se tornado mais eficientes, perfeitas e baratas com a utilizao de cortia
amadia. A primeira cortia para rolhas foi usada em Frana e tudo indica ser
proveniente das Landes, Var e Pirinus Orientais. Na provncia de Gerona, junto
fronteira francesa, na povoao de Angullane, em 1750, surge a primeira unidade fabril
de fabrico de rolhas, que marca o incio da industrializao da cortia.
Mas a histria continua, surge durante os segundo e terceiro quartis do sculo XIX
uma diminuio de fabricao de rolhas, devido sua pouca rentabilizao, tendo at
surgido durante esse perodo processos de vedao mais econmicos ou simplesmente
mais atraentes aos olhos, situao que afetou gravemente a industria rolheira que s
pode usar a cortia amadia e por isso s aproveitava daquela matria-prima, cerca de
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A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia
Captulo II
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25% - fato que trouxe, durante algum tempo, o desinteresse pela subericultura, dado que
75% seria resduo. Tudo se altera em 1891, poca em que o norte-americano John Smith
descobriu a possibilidade de fabricar o aglomerado da cortia. Era um virar de pgina de
cerca de 50 anos indesejados, pois a partir dessa data passaram a ter utilizao no s as
aparas da indstria rolheira, mas tambm as cortias tidas at ento sem valor comercial.
2.1.1 - A matria-prima e a sua evoluo histrica em Portugal
H conhecimento de a espcie fssil mais antiga de sobreiro rondar os 10 milhes de
anos, localizado na bacia hidrogrfica do Rio Tejo.
Estudos realizados indicam que em Portugal, a Noroeste e na faixa litoral entre Ovar e
Peniche, o sobreiro teria tido um papel mais importante do que atualmente. No centro
sul do pas, tal no aconteceu vingando at o sculo XVIII, altura em que a valorizao
da cortia fez nascer a subericultura. Segundo (Dumas, H., 1988) os bosques na altura
estavam sujeitos a queimadas frequentes e s serviam para realizar montarias, sendo o
sobreiro apenas importante pela sua madeira e pelo seu fruto.
Do tempo da ocupao romana conservam-se alguns utenslios de cortia. Desde ento
at ao sculo XII a falta de significativos artefactos corticeiros, por sua natureza
indestrutveis, leva a concluir ser escasso o uso da casca de sobreiro, apesar da
imemorial radicao deste em territrio portugus.
Mas, logo nos alvores da nacionalidade, sabe-se que ele tinha aplicao na indstria da
construo (incluindo a naval) e na utilizao da bolota como alimento para o gado
porcino. H referncias defesa da produo da lande desde os costumes de Castelo
Rodrigo Castelo Maior (1209). Segundo (Vieira, J.A.N., 1988) Portugal foi um dos
pioneiros em matria de legislao ambiental sendo esta a espcie que mais legislao
teve at atualidade em Portugal. No sculo XIV j o sobreiro ocupava lugar de relevo
na economia nacional, o que levou promulgao de leis para proteo dos montados
de sobro. Segundo (Bernardo, H.B., 1948) foi com Dom Dinis, pelo ano de 1320, tomou
medidas severas contra o que estratava os meus soverais que andavam cernados e
escacados. No reinado de Dom Fernando a cortia era um produto com maior relevo
entre os exportadores pelo porto de Lisboa.
Do sculo XIV para o sculo XV acentuou-se a importncia da cortia. Segundo
(Martins, E., 1945) em 1456 foi concedido a um mercador estrangeiro o monoplio da
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A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia
Captulo II
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exportao da cortia, por um perodo de 10 anos. Mas logo, em 1459, os representantes
do povo, nas cortes de Lisboa reclamaram contra este privilgio. No tendo sido
atendidos, voltaram carga nas cortes de 1481-1482, 1490 e 1492.
O rei Dom Manuel deu-se por convencido e, em 1498, declarou que os contratos
existentes relativos cortia no seriam renovados, uma vez expirados os prazos. Isto
para se dizer, que desde o princpio da nacionalidade at ao sculo XVI, se verifica um
antagonismo entre os interesses dos reis e senhores das terras.
Segundo (Lissia, F; Pes, A., 1984) rolha da cortia tornou-se conhecida em Portugal
pelo ano de 1700. Mas s por volta de 1770 que na cidade do Porto ela passou a ser
aplicada garrafa cilndrica, possibilitando a maturao prolongada do vinho em
recipiente de vidro. por essa altura que h uma notvel expanso do seu fabrico.
Segundo (Sampaio, J.S., 1985) os dados mais antigos de fabricao de rolhas em
Portugal remontam poca do Marqus de Pombal. Quando a indstria das garrafas se
comeou a desenvolver, em detrimento dos barris, por volta de 1760, comeou a
chamada utilizao industrial da cortia. No princpio, as rolhas eram talhadas mo,
com uma faca, obtendo-se uma forma cilndrica no muito rigorosa. A exportao de
rolhas feitas em Portugal j era importante na ltima metade do sculo XVIII. Em 1797
exportaram-se 115.183 grosas de rolhas e 1.331 toneladas de pranchas de cortia. Esta
situao acaba por decair em cerca de 25 anos, retoma-se a indstria do fabrico da rolha,
entre 1822-1826, com a vinda para Portugal de operrios da Catalunha, conhecedores de
tcnicas aperfeioadas, tendo-se exportado no ano de 1831, 33 947 grosas de rolhas.
Mas a crise vivida noutros pases tambm esteve presente em Portugal, j que o grande
surto do setor rolheiro tem incio no final do ltimo quartel do sculo XIX. Entre 1890 e
1917, o nmero de trabalhadores nesse setor mais que duplicou e, em 1930, o seu
nmero quintuplicaria, relativamente ltima dcada do sculo XIX, atingindo 10.000
operrios. Portugal afirma-se ento, como o primeiro produtor mundial de cortia.
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Capitulo III
Breve resenha da histria da
Contabilidade Industrial
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A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia
Captulo III
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3.1 - Breve resenha da histria da Contabilidade Industrial
3.1.1 - Histria da Contabilidade analtica
Segundo (Antnio C. Pires Caiado) os registos de contabilidade analtica mais antigos
que se conhecem datam de 3600 a.C., foram realizados na Babilnia. Estas povoaes
registavam o pagamento dos salrios em tbuas de barro.
Com a expanso comercial do sculo XV na Europa, consequncia da evoluo e
aumento das atividades mercantis houve a necessidade de controlo contabilstico.
Foi em 1494 que o frade Luca Paccioli escreveu o livro Summa de Arithmtica,
Geometria, Proportioni et Proportionalita que continha o captulo Tratatus XI
particularis de computis et scripturis, onde estavam inscritos os fundamentos das
partidas dobradas. A dupla-entrada possibilita o registo de dois aspetos de uma
transao, de forma que estabelece um equilbrio.
Quanto ao custo da produo, base da contabilidade de custos ou interna, no final do
sculo XVI os resultados das operaes eram calculados apenas no final. Para conhecer
o resultado de um perodo, o comerciante avaliava todos os seus bens ao valor do dia de
inventrio. A diferena entre dois inventrios consecutivos traduzia o seu
enriquecimento ou a sua pobreza. Mas j na primeira metade do sculo XV Radip
N.Khandwalla refere no seu resumo sobre os principais acontecimentos dos primrdios
da gesto que em 1436 o Arsenal de Veneza possua Contabilidade de custos;
Verificao de balanos para controlo; numerao de inventrios; intercmbio de partes;
utilizao da tcnica de linha de montagem; uso da Administrao de Pessoal;
estandardizao das partes; controlo de inventrio; controlo de custos.
At ao sculo XVIII, poca em que se deu a revoluo industrial, no se conhecem
progressos na contabilidade de custos. A passagem do mtodo de produo manual para
o mtodo de produo fabril, levou crescente necessidade de informao. Pois a
produo de produtos em srie, deu origem necessidade de determinar o custo de um
grande nmero de produtos produzidos. A Contabilidade de custos de produo era
muito primitiva e fornecia gesto registos e relatrios sobre as operaes do passado.
Uma grande parte das decises, eram tomadas com o conhecimento de informaes
histricas, combinadas com a intuio sobre o potencial sucesso das aes.
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A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia
Captulo III
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Um dos autores ingleses do tempo da revoluo industrial foi Charles Babbage,
professor de matemtica na universidade de Cambridge, que escreveu o livro On the
Economy of Machinery and Manufacturers em que focou problemas de tempos de
trabalho e de clculo de custos.
Em Frana, M. Godard no seu livro Trait Gnral et Sommaire de la conptabilit
Commerciale (Paris 1827) discute a depreciao e manuteno dos edifcios e
instalaes, reconhece o problema da fixao de preos sem os materiais comprados a
vrios preos, apadrinha um preo mdio simples e anual de cada material e inclui os
juros do capital nas despesas da conta de lucros e perdas.
Trs dcadas mais tarde, Louis Mzires publicou o livro Industrial and Manufacturing
accounts que contribuiu de forma importante no moderno sistema de custeio de tarefas,
obra ou encomenda.
Embora a revoluo industrial se tenha dado em Inglaterra na primeira parte do sculo
XIX, foi na Frana que se realizaram mais estudos em contabilidade de custos. No final
do sculo surgiram os Estados Unidos da Amrica com uma posio primordial na
indstria e na respetiva contabilidade que mantiveram durante o sculo XX.
Na ltima dcada do sculo XIX, Alexandre Hamilton Church, presidente do Institute
of Cost and Accountants destacou-se na promoo do sistema de custeio. Publicou seis
artigos no Engineering Magazine, em 1901, sobre a repartio dos gastos gerais de
fabrico. O desenvolvimento da ideia do centro de produo tomou possvel o
refinamento da taxa horria-mquina em algo bastante parecido com o modelo atual.
3.1.2 - Contabilidade analtica em Portugal
Ao realizar uma pesquisa em publicaes que remontam ao sculo XIX e parte do
sculo XX, podemos verificar que no haviam grandes preocupaes com definies,
mas sim de explicar os processos da indstria transformadora. J se notavam
preocupaes em relao repartio dos custos indiretos, quer industriais quer no
industriais. Uma das primeiras obras publicadas em Portugal est compreendida entre os
finais do sculo XVIII at aos anos 30 do sculo XIX. Foi Manuel Teixeira Cabral de
Mendona que escreveu o livro intitulado Guarda-livros Moderno contendo este dois
captulos Da agricultura e Das Artes Mecnicas ou Manufaturas. No primeiro
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Captulo III
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captulo o autor tece vrios comentrios sobre o panorama da arte e o meio para se
procurarem todas as prprias para satisfazer as necessidades fsicas a que os homens so
por natureza sujeitos. No segundo captulo o autor faz apologia s manufaturas,
referindo que a barateza induz ao consumo de todas as manufaturas, cujas causas se
concentram na abundncia de matrias-primas, na barateza das despesas de transporte,
dentro e fora do pas.
Cerca de cinquenta anos mais tarde, Jos Maria De Almeida Outeiro publicou o livro
Estudos sobre Escriturao mercantil. No captulo dedicado ao estudo das contas
especiais apresenta a conta fbrica que aberta quando se manufatura qualquer produto.
Em 1875 Rodrigo Afonso Pequito (professor do Instituto Industrial e Comercial de
Lisboa) publica o livro Curso de contabilidade Comercial. Este livro continha na sua
parte III os captulos XVI Contabilidade industrial ou da Indstria Manufatora e o
captulo XVII contabilidade agrcola. No captulo XVI so apresentadas algumas
contas caractersticas da atividade transformadora (Caixa, Mquinas e Utenslios e
Matria prima) e as contas que integram a conta de Produtos Fabricados (Matria-
prima, Mo-de-obra e Despesas de Fabricao).
O captulo dedicado Contabilidade agrcola refere que a explorao agrcola consiste
na explorao da terra e na criao de animais de rendimento. Esta explorao necessita
de material (instrumentos aratrios, estrumes e adubos, sementes e gado destinados ao
servio) e do trabalho dos operrios. Para cada natureza deve existir uma conta, o
mesmo sucedendo com o custo de produo dos diversos produtos (laranja, uva,
azeitona, trigo, milho, etc.).
Nos finais do sculo XIX (1893), Luiz M. dos Santos publicou o Tratado de
Contabilidade Comercial que contm os captulos XXIII relativos a Contabilidade
Industrial e o captulo XXVI relativo a contabilidade Agrcola.
No incio de 1907 Francisco Adolfo Manso-Preto publicou o livro Escriturao
Comercial, Industrial e Agrcola em que resume os conceitos relativos a estas ltimas
atividades, em moldes j evidenciados por Pequito umas dcadas antes.
A 2 edio do tratado de contabilidade, de Ricardo de S publicado em 1919 dedica o
ttulo V s Indstrias de manufatura e agrcola. O autor apresenta os modelos de
documentos (guias e folhas de frias) destinados ao esclarecimento e regularidade do
movimento propriamente fabril ou agrcola.
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Captulo III
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3.1.3 - A poca da Contabilidade Industrial
Em 1930, F. Caetano Dias publicou o livro Comrcio e Contabilidade, dizia este
autor que a Contabilidade industrial tem por objetivo estabelecer os princpios e
normas de atualizao e observao para constatar as diferentes fases da extrao ou
transformao de matrias-primas em produtos, fixando-lhe o preo de custo. Para tal
utiliza as contas industriais fundamentais so elas Matrias-Primas, Matrias
Subsidirias, Mo-de-obra, Gastos de Fabricao e Fabricao ou Laborao. A
movimentao e correspondentes mapas destas contas so igualmente apresentados,
havendo uma descrio de vrios processos de imputao dos gastos gerais de fabrico
(percentagem sobre os salrios, horas de trabalho, custo dos salrios, horas das
mquinas, custos das horas mquinas, materiais aplicados e simples diviso).
O Prof. Henrique de Barros escreveu uma obra que data de 1945 subordinada ao ttulo
O Custo da Produo na Agricultura onde faz uma anlise bastante aprofundada sobre
a problemtica do custo de produo no setor agrcola.
O Prof. F. V. Gonalves da Silva publicou em 1954 o livro Contabilidade Industrial,
em que faz uma anlise pormenorizada de muitos aspetos relacionados com o
apuramento do custo de produo das empresas industriais.
Aps a enumerao dos diferentes estgios do custo (primrio, industrial, comercial),
aquele professor refere que na prtica atual os chamados gastos comerciais (gastos de
venda e gastos gerais de administrao) so geralmente escriturados no como parcela
do custo mas como componentes negativas do rdito.
O Prof. Rogrio Fernandes Ferreira apresenta no livro Casos de contabilidade
Industrial, a evoluo da produo e agregao de custos.
Martim Noel Monteiro escreveu uma obra dedicada Contabilidade Industrial em dizia
que os componentes do custo de produo na indstria eram:
Matrias aplicadas ou consumidas;
Mo-de-obra ou salrios pagos ao elemento humano ocupado, direta ou indiretamente
na produo;
-
A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia
Captulo III
16
Imobilizaes materiais (edifcios,.) necessrios produo;
Imobilizaes imateriais (obteno de alvars, patentes,.);
Despesas de funcionamento dos servios tcnicos, administrativos e comerciais;
Perdas de capital tais como deterioraes, quebras e mal parado;
Remuneraes de capital alheio;
Figurativos (juros do capital prprio, prmio de risco e salrio do empresrio).
O Prof. Jaime Lopes de Amorim no escreveu uma obra especfica sobre a
Contabilidade Industrial, mas apenas umas lies de Contabilidade Industrial. No
entanto, o volume II do livro Noes Bsicas de Contabilidade de 1973, 3. edio,
contm o captulo VII dedicado a este ramo da contabilidade. Aqui este Prof. define
custos como sendo o somatrio das parcelas constitudas pelos valores dos elementos
naturais e tecnolgicos que contribuem para a obteno desses artigos por qualquer
processo fabril.
O centro de estudos de economia agrria da Fundao Calouste Gulbenkian editou uma
obra da autoria do Eng. Agr. Amndio Galvo, tendo as 1. e 2. edies datas de 1967
e1976, respetivamente.
3.2 - A Contabilidade analtica
Segundo a American Accounting Association, Contabilidade o processo de
identificar, medir e comunicar informao econmica para permitir opinies e decises
informadas para os utilizadores. Entre outras palavras, a Contabilidade est preocupada
em fornecer informao financeira e no financeira para futuramente ajudar os gestores.
Uma compreenso da contabilidade portanto requer uma compreenso do processo da
tomada de deciso e uma consciencializao da informao contabilstica dos
utilizadores.
O objetivo da contabilidade o de fornecer informao suficiente para atender s
necessidades dos vrios utilizadores ao mais baixo custo.
-
A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia
Captulo III
17
A Contabilidade de gesto est preocupada com o fornecimento de informao a
pessoas do interior da empresa, para as ajudar a tomar melhores decises, melhorar a
eficincia e a eficcia das operaes existentes. Mas existe uma questo que se coloca
Calcular custos para qu?.
Os custos devem ser calculados para que seja possvel valorizar as existncias, analisar
resultados, rendibilidades, avaliar o desempenho, elaborar oramentos, controlar a
gesto, no fundo recolha de dados para uma mais eficiente tomada de deciso.
3.2.1 Os mtodos de apuramento do custo da produo
3.2.1.1 - Mtodo direto ou de custeio por tarefas
Segundo o Prof. F.V. Gonalves da Silva o mtodo direto utilizado em empresas com
uma produo varivel, em que os produtos so perfeitamente distinguveis uns dos
outros. Com esta distino podemos imputar diretamente a cada um deles os respetivos
custos.
Uma outra designao para este sistema o mtodo por tarefas. Tarefa a denominao
dada a um produto ou lote de produtos bem determinado, nitidamente diferenciado dos
restantes durante o processo de fabricao.
Neste mtodo temos que criar tantas contas divisionrias de fabricao, quantos os
diferentes produtos. Sempre que a fabricao do produto prossegue, vo-se registando
nas folhas de custos as matrias e a mo-de-obra que lhe respeitem. Ao custo direto,
adiciona-se de seguida uma nota suplementar de encargos gerais de fabrico.
Quando as ordens especficas de produo se referem a um conjunto de artefatos
idnticos, o custo unitrio obtm-se dividindo o custo total da operao pelo nmero de
unidades produzidas.
Este sistema processa-se da seguinte forma:
Os custos dos produtos so apurados por ordens de produo.
A essa ordem de produo atribudo um nmero, e preparada uma ficha de
custos, divisionria da conta de fabricao. Na conta de fabricao so imputados
-
A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia
Captulo III
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todos os custos respeitantes a matrias aplicadas, mo-de-obra direta e encargos gerais
de fabrico.
Aps concluso dos trabalhos, somam-se os custos e divide-se o total destes pelo
nmero de unidades produzidas.
O valor obtido transferido para a conta de Produtos Acabados e Intermdios.
Neste mtodo obrigatrio que os Servios de Controlo de Produo faam um registo
de encomendas. A requisio dos materiais efetuada pelos vrios setores fabris que
intervm no processo produtivo. A contabilidade interna valoriza essas requisies.
No que respeita imputao da mo-de-obra direta, esta feita de acordo com as folhas
individuais de trabalho em que se inscrevem as horas aplicadas em cada obra ou
encomenda. A valorizao tambm pode ser feita atravs de um custo horrio mdio
para cada categoria profissional, por seco ou departamento embora o custo horrio de
cada operrio seja o mais adequado.
Quanto aos encargos gerais de fabrico h que definir previamente qual o critrio de
repartio, que nos vai ajudar a imputar a cada encomenda a quota-parte dos gastos.
3.2.1.2 - Mtodo indireto ou de custos por processos
Segundo Prof. F.V. Gonalves da Silva este mtodo aplica-se principalmente nas
fbricas de produo em massa, contnua, de um s produto ou de um pequeno nmero
de artigos diferentes.
A continuidade e uniformidade da produo impedem a identificao dos lotes de
produtos. A produo terminada composta por elementos ou unidades semelhantes
que absorvem a mesma quantidade de matria-prima, mo-de-obra e encargos gerais de
fabrico. Neste processo no economicamente vivel a individualizao dos produtos
durante as fases de fabrico.
Por este mtodo as matrias vo sendo consumidas e transformadas ao longo dos
perodos por cada ordem de fabricao, aguardando-se pelo final do ms para se
conhecerem os respetivos custos. Estes custos so divididos pelos produtos fabricados
obtendo-se assim o custo unitrio.
-
A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia
Captulo III
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Neste processo as matrias e os custos com a sua transformao (mo-de-obra direta e
encargos gerais de fabrico) so acumulados mensalmente nas fases de produo em que
interessa calcular os custos.
O custo de produo calculado indireta e periodicamente referindo-se sempre aos
custos de produo que intervm no processo.
O objetivo desta contabilidade o de apurar o valor dos bens e servios consumidos em
cada centro de atividade ou lugar de trabalho durante o perodo considerado.
Existem industrias que tanto se pode aplicar o mtodo direto como o mtodo indireto. A
contabilidade por tarefas s pode adotar-se quando no possvel aplicar a
contabilidade por processos. A contabilidade por processos demonstra mais a realidade.
Neste caso os custos unitrios so custos mdios que se obtm indiretamente dividindo
o custo global da produo de cada perodo pelo nmero das unidades fabricadas no
mesmo perodo.
3.3 - Tipos de produo
A produo pode ser uniforme ou mltipla. Diz-se que a produo uniforme quando se
fabrica um s produto e mltipla quando se produz dois ou mais produtos.
A produo mltipla pode ser conjunta ou disjunta. A produo conjunta quando da
mesma matria-prima se obtm em simultneo dois ou mais produtos conjuntamente.
A produo diz-se disjunta quando os vrios produtos so produzidos de forma
independente uns dos outros.
3.3.1 Produo conjunta
Na produo conjunta se os produtos obtidos tiverem valor econmico semelhante
(preos de venda relativamente semelhantes), dizemos que obtivemos coprodutos
(produtos conjuntos com valores semelhantes).
Os produtos secundrios, conforme a sua importncia econmica tm geralmente os
nomes de subprodutos, desperdcios, resduos e refugos.
-
A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia
Captulo III
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Em questo de valorimetria os coprodutos ou produtos principais podem ser valorizados
ao custo mdio ponderado, custo mdio unitrio ou valor de venda relativo no ponto de
separao.
Na valorizao ao custo mdio ponderado o clculo do custo unitrio faz-se ponderando
as quantidades produzidas com os preos de venda de cada produto.
No que se refere ao clculo do custo unitrio do produto pelo custo mdio unitrio,
dividimos o custo total pela soma das quantidades dos vrios produtos e todos eles tero
o mesmo custo unitrio.
No critrio do valor de venda relativo ao ponto de separao considerarmos que o custo
total de cada produto proporcional ao seu valor de venda no ponto de separao da
produo conjunta. O valor de venda no ponto de separao, o valor de venda
deduzido dos custos aps separao.
Os produtos secundrios so valorizados ao lucro nulo ou ao custo nulo. No critrio do
lucro nulo considera-se que o produto secundrio tem um custo igual ao seu valor
lquido de venda (valor de venda menos as despesas). O custo do produto secundrio
valorizado desta forma subtrado ao custo total da produo conjunta para se
determinar o custo do produto principal.
Na valorizao do subproduto ao critrio do custo nulo atribui-se ao produto secundrio
um custo zero. Deste modo o valor da sua venda todo lucro. O produto principal
suporta todo o custo da produo conjunta.
O critrio do lucro nulo especialmente utilizado para os subprodutos, j que o critrio
do custo nulo utilizado para os desperdcios, resduos e refugos.
3.4 Componentes do custo
Comearemos por calcular o nosso custo de produo ou custo industrial. o custo da
produo terminada (PT) ou armazenada (produo transferida da zona fabril para o
armazm de produtos fabricados num dado perodo).
Analiticamente dado pelo somatrio: CI = MPD+MOD+EGF
Componentes do custo de produo (CI)
-
A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia
Captulo III
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Matrias-Primas (MP) So os principais inventrios objeto de transformao no
processo industrial (SNC).
Mo-de-obra direta (MOD) Todo o custo do trabalho daqueles que intervm
diretamente no processo de transformao de um determinado produto.
Encargos Gerais de Fabrico (EGF) Todos os gastos de produo que no possam ser
considerados como matrias-primas ou mo-de-obra direta (variveis).
Matrias-primas
+ gastos de transao lquido de desconto e de IVA dedutvel
+ gastos associados ao transporte e aquisio das matrias primas (v.g., transporte,
gastos de alfandegrias)
+ gastos internos associados compra e armazenagem
= Custo das matrias-primas
Mo-de-obra
+ Remuneraes fixas (ex. vencimento bruto mensal, subsdio de frias, subsdio de
natal)
+ Remuneraes variveis (ex. comisses, horas extraordinrias, prmios)
+ Contribuies da entidade patronal para a segurana social
+ Seguros
+ Outros gastos obrigatrios ou facultativos (ex. subsdio de alimentao, formao
profissional)
= Custo anual mo-de-obra direta
Mo-de-obra direta
+ Tempo pago
- Tempo de ausncias remuneradas
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= Tempo de Presena
- Tempos mortos
= Tempo de atividade
- Tempo de atividade no afetveis
= Tempo produtivo (horas teis)
Custo hora = somatrio custos
= Horas de trabalho produtivo
Encargos Gerais de Fabrico (EGF)
Matrias indiretas
Fornecimentos externos relacionados com a produo nomeadamente eletricidade, gua,
trabalhos especializados, ferramentas e utenslios, conservao e reparao, seguro de
equipamentos e instalaes fabris.
Custos com o pessoal referente mo-de-obra indireta
Depreciaes dos ativos tangveis fixos, na componente equipamento bsico
Outros gastos relacionados com a produo
Custo de transformao ou de converso (CT)
O custo de transformao obtm-se somando as parcelas
MOD Mo-de-obra direta
EGF Encargos Gerais de Fabrico
CT = MOD+EGF
Estas parcelas representam o valor acrescentado, pela ao da empresa, s matrias-
primas adquiridas, para as transformar em produtos fabricados.
Custo complexivo (CC) ou preo de custo
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A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia
Captulo III
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O somatrio de todos os gastos que a empresa suporta desde que adquire as matrias-
primas e as consome na produo, at que o produto esteja pronto para entrega aos
clientes, portanto um custo completo.
OU
O valor mnimo pelo qual a empresa deve vender o seu produto para no sofrer
prejuzos.
Logo, PV = CC R = 0
Analiticamente CC = CI+GC
Onde GC = CD + CA + CF + outros custos
GC Gastos comerciais
CD Custos distribuio
CA Custos administrativos
CF Custos Financeiros
A empresa tem vrios custos mas um s preo de custo.
Custo complexivo
+custos industriais
+custos no industriais
= custo complexivo (completo)
-
Capitulo IV
Estudo de caso
-
A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia
Captulo IV
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4.1 - Estudo microeconmico do setor e empresa
No mercado encontram-se duas foras com objetivos distintos, a oferta e a procura. Da
conjuno destas foras nasce o Mercado.
O conjunto dos compradores de um bem d origem procura desse bem. Essa procura
poder ser traduzida por uma funo que inclui todas as variveis que podem influenciar
as decises dos consumidores.
Para estudar a funo procura alargada vamos considerar todas as variveis constantes,
exceto duas, o preo e a quantidade do bem em causa.
Tal como habitual na maioria dos casos, existe uma relao inversa entre a quantidade
procurada e o preo do produto, razo pela qual a curva da procura geralmente
apresenta-se com um declive negativo.
Ou seja, medida que o preo do bem diminui coeteris paribus tem como resultado
um aumento da quantidade procurada.
4.1.1 - Funo procura de mercado
A curva da procura de mercado obtm-se por agregao das curvas da procura
individuais.
Grfico I - Curva da procura
-
A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia
Captulo IV
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4.1.2 - Funo oferta alargada
O conjunto dos vendedores de um bem d origem oferta desse bem. Essa oferta poder
ser traduzida por uma funo que inclui todas as variveis que possam influenciar as
decises dos vendedores (ou produtores).
Tal como acontece com o estudo da procura, tambm com a oferta pretendemos
construir uma funo em que a quantidade oferecida depende apenas do preo e da
quantidade do produto em causa, presumindo constantes todas as outras variveis.
Geralmente a curva da oferta apresenta um declive positivo, o que reflete o facto de os
produtores pretenderem oferecer mais medida que o preo do produto aumenta.
4.1.3 - Funo oferta de mercado
Analogamente ao que acontece com a procura, tambm para encontrarmos a funo
oferta a partir das funes oferta de cada produtor, teremos que as somar.
4.1.4 - Equilbrio
O equilbrio entre oferta e procura ser o par ordenado preo-quantidade que satisfaz,
quer compradores, quer vendedores. Ou seja, ser o par ordenado onde as curvas da
procura e da oferta se intersetam.
Grfico II - Curva da oferta
-
A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia
Captulo IV
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4.1.5 - Equilbrio do mercado.
Existe excesso de procura quando Qd>Qs. Nesta situao, os consumidores no
conseguem comprar toda a quantidade que, quele preo, desejariam comprar, pelo que
no h equilbrio de mercado.
Existe excesso de oferta quando Qs>Qd. Neste caso so os produtores que, ao preo em
questo, pretendem vender uma quantidade superior quela que conseguem.
4.2 - Anlise microeconmica do mercado do setor da cortia
O ano de 2010 foi particular no setor da cortia. Isto porque neste setor o preo do
produto final (rolhas), atingiu valores muito baixos. Esta situao gerou dificuldades em
muitas empresas, provocando at insolvncias.
Para podermos estudar este fenmeno, realizamos uma anlise microeconmica do
setor. Com este estudo pretendemos analisar o mercado, com o objetivo de verificar que
preos foram praticados. Para a realizao deste estudo, foi necessrio abordar as
empresas do setor atravs de dois inquritos, um dirigido a micro e pequenas empresas e
outro a mdias e grandes empresas. Esta diviso foi feita por a realidade negocial do
setor ser que, as micro e pequenas empresas vendem o seu produto final s mdias e
grandes empresas. Com a anlise destes inquritos vamos realizar o nosso estudo de
mercado.
Grfico III Equilbrio do mercado
-
A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia
Captulo IV
28
Esta abordagem foi realizada primeiramente por telefone, dando depois as
possibilidades de resposta inscritas no quadro abaixo. Esta anlise microeconmica, tem
por amostra os associados da APCOR. Desta amostra s abordamos as empresas que
produziam rolha natural. Os associados da APCOR so cerca de 250 e destes 250
produzem rolha natural 163 empresas. Estes resultados sero posteriormente
comparados com os valores da empresa do nosso Estudo de caso.
Para estimar a curva da oferta e da procura das rolhas com o calibre 38x24, 45x24 e
49x24 utilizamos a regresso linear. Logaritemizamos a quantidade considerando que a
distribuio bastante assimtrica. Com isto estimamos a regresso entre o preo e o
logaritmo da quantidade.
Colaborao com o inqurito
Telefone
Colaboraram 19
No colaboraram 25
Presencialmente
Colaboraram 8
No colaboraram 0
Correio eletrnico
Colaboraram 6
No colaboraram 37
Servios prestados 3
Trabalhos especializados 6
No produziram em 2010 1
Nmero no atribudo 15
No atenderam 39
Insolvncia 4
Total empresas 163
Quadro I
-
A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia
Captulo IV
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4.2.1 - Estudo microeconmico do calibre 38x24
A rolha com o calibre 38x24 a mais barata, pois produzida a partir de
aproveitamentos. Na realidade as rolhas que no tm qualidade suficiente, so
rebaixadas (retiradas lascas, passando por uma mquina designada de rebaixadeira) at
que a rolha fique com uma qualidade superior, mas de menor espessura. Estas rolhas
embora sejam as mais baratas so as menos procuradas pois o seu calibre menor.
De acordo com os clculos descritos, in anexo, e tendo presente os pressupostos do
ponto 4.1 verificamos que:
Preo de equilbrio do calibre 38x24 - 20,00 por milheiro
Quantidade de equilbrio do calibre 38x24 14.800.000,00
Se o preo de mercado for superior a 20,00, teremos excesso de oferta.
Se o preo de mercado for inferior a 20,00, teremos excesso de procura.
Grfico IV - Calibre 38x24
Legenda: Oferta
Procura
-
A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia
Captulo IV
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4.2.2 - Estudo microeconmico do calibre 45x24
As rolhas com o calibre 45x24 so as rolhas que se vendem em maior quantidade. Isto
porque a medida normal das rolhas de garrafa.
De acordo com os clculos descritos, in anexo e tendo presente os pressupostos do
ponto 4.1 verificamos que:
Preo equilbrio do calibre 45x24 105,00 por milheiro
Quantidade de equilbrio do calibre 45x24 15.800.000,00
Se o preo de mercado for superior a 105,00, teremos excesso de oferta.
Se o preo de mercado for inferior a 105,00, teremos excesso de procura.
Grfico V - Calibre 45x24
Legenda: Oferta
Procura
Empresa
-
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Captulo IV
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4.2.3 - Estudo microeconmico do calibre 49x24
As rolhas com o calibre 49x24 so as rolhas com maior calibre. As rolhas com este
calibre so retiradas das melhores pranchas de cortia. A cortia tem que ter um miolo
muito alto. Da estas serem as rolhas de maior preo de venda unitrio, pois no podem
ser rebaixadas e provm da melhor e mais cara cortia. Neste particular uma referncia
se torna importante, estas rolhas so utilizadas para vedar garrafas de vinho de muita
alta qualidade, cujo preo de venda ao pblico elevado e tambm por as mesmas terem
a dupla funo de ser um melhor vedante e proporcionar um envelhecimento mais longo
dos vinhos.
De acordo com os clculos descritos, in anexo e tendo presente os pressupostos do
ponto 4.1 verificamos que:
Preo de equilbrio do calibre 49x24 180,50 por milheiro.
Quantidade de equilbrio do calibre 49x24 15.000.000,00
Se o preo de mercado for superior a 180,50, teremos excesso de oferta.
Se o preo de mercado for inferior a 180,50, teremos excesso de procura
Grfico VI - Calibre 49x24
Legenda: Oferta
Procura
Empresa
-
A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia
Captulo IV
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4.3 - Estudo da empresa a nvel microeconmico
A empresa do nosso Estudo de caso uma microempresa do setor da cortia que se
dedica produo de rolha natural. Esta empresa trabalha s para o mercado nacional,
no exportando.
No ano de 2010 a empresa obteve os valores mdios identificados no quadro a baixo.
O calibre 38x24 no foi mencionado no quadro a II, porque a empresa s realizou uma
venda deste calibre no ano de 2010. Devido a este facto no podemos encontrar o valor
mdio do calibre, no podendo assim entrar no nosso estudo.
Empresa estudo de caso Mercado
Calibre 45x24 Calibre 45x24
Preo mdio 54,00 Preo equilbrio 105,00
Quantidade produzida 5942.2 milheiros Quantidade produzida 15.800 milheiros
Calibre 49x24 Calibre 49x24
Preo mdio 179,00 Preo equilbrio 180,50
Quantidade produzida 137.2 milheiros Quantidade produzida 15.000 milheiros
A nossa empresa do estudo de caso apresenta relativamente ao calibre 45x24 um preo
mdio de 54,00. Se compararmos com os valores de mercado, verificamos que o preo
de equilbrio para este calibre de 105,00. Este dado indica-nos que o mercado teria
pago mais pelas rolhas deste calibre. Como indica o grfico V, a empresa situa-se num
local de procura excedente. A empresa demonstrou, pelos dados recolhidos, que no
teve dificuldade em escoar a sua produo de rolhas com calibre 45x24, pois o mercado
estava na disposio de pagar mais. Relativamente s rolhas com o calibre 49x24, a
empresa apresenta um preo mdio de 179,00. O mercado encontra o seu equilbrio
quando o preo atinge os 180,50. Como se indica no grfico VI acima, a empresa
situa-se numa zona muito prxima do equilbrio de mercado. Neste caso, a empresa
vendeu as rolhas com calibre 49x24 ao preo transacionado no mercado. No existiu
praticamente procura excedente.
Quadro II
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A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia
Captulo IV
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4.4 - Anlise da importncia da empresa no seu meio envolvente seus
parceiros e concorrentes
4.4.1 - A importncia das microempresas
As microempresas so importantes para a economia de qualquer pas, pois revelam
caractersticas especficas como o enorme potencial na utilizao mais produtiva e
eficiente dos recursos, no reforo da concorrncia, na criao de emprego, no
desenvolvimento do territrio e na coeso social.
Segundo (Couto dos Santos) h cerca de quatro dcadas, pouco se falava destas
empresas. A ideia que se criava era a de que todas as empresas que eram constitudas
teriam de se expandir e crescer.
Sendo assim uma microempresa ou pequena empresa seria uma empresa de menor
importncia econmica, pois no tinha conseguido cumprir com a sua misso.
Esta ideia foi alterada com uma crise mundial e com o exemplo Japons. No decorrer
dos anos 70, do sculo XX, podemos verificar que foram as empresas de menor
dimenso que demonstraram uma maior capacidade de adaptao a novos
enquadramentos internos e externos. Foram estas que nesta poca mais contriburam
para a criao de novos postos de trabalho. Novos setores (industriais e servios)
surgiram volta de ncleos de pequenas empresas dinmicas e com grande capacidade
de inovao. O Japo surgiu na altura como uma superpotncia econmica e estas
empresas tinham um papel muito importante na sua coesa estrutura.
Uma superior rapidez de deciso que no travada por estruturas pesadas como as das
grandes empresas;
Uma maior proximidade do mercado; e
Uma menor intensidade capitalista, que facilita a reconverso e uma diferente relao
empresa-trabalhador que possibilita um maior empenhamento destes na vida da
empresa.
-
A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia
Captulo IV
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Os inconvenientes so igualmente considerveis so eles as economias de escala 3que
so tcnicas e comerciais, de elevada importncia em determinados tipos de produo.
As grandes empresas possuem estruturas de planeamento, gesto, controlo, apoio
administrativo e de investigao tecnolgica que constituiriam para uma pequena
empresa custos fixos insuportveis. Segundo (Fernando Lopes Cardoso) as
microempresas so, empresas at nove trabalhadores. Mas so a imagem do empresrio.
Estas empresas normalmente no tm quadros de gesto relevantes, mas so muito
flexveis em relao ao mercado, ao investimento, tecnologia de nvel mdio, estrutura
de recursos humanos e relaes de trabalho. As microempresas so um retrato cultural
do pas, o seu barmetro um importante trunfo em tempos de mudana.
A empresa do nosso estudo de caso no diferente em nada, no que se coloca ao que foi
mencionado anteriormente. Se analisarmos o quadro I em anexo, podemos verificar que
as empresas com a mesma dimenso da nossa empresa do estudo de caso produzem
anualmente basicamente, a mesma quantidade de rolha natural. E a maior parte dos seus
produtos so vendidos para o mercado nacional. Mas se analisarmos o quadro 7, in
anexo A (pagina A4) &, verificamos que as empresas at 9 trabalhadores so
responsveis por cerca de 19% de exportaes em Portugal segundo a nossa amostra. Se
os seus produtos so escoados, isso significa que o mercado precisa delas para
funcionar.
Mesmo havendo mdias e grandes empresas no setor, provavelmente estas no
conseguiriam responder ao mercado sozinhas.
3 - Economia de escala aquela que organiza o processo produtivo de maneira que se alcance a mxima utilizao
dos fatores produtivos envolvidos no processo, procurando como resultado baixos custos de produo e o incremento de bens e servios.
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Captulo IV
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4.5 - Clculo do custo de produo pelo mtodo direto e mtodo
indireto
O Estudo de caso tem por objetivo aplicar a Contabilidade analtica numa microempresa
do setor da cortia. Isto porque normalmente este tipo de empresas no possui
contabilidade analtica. Este facto ocorre por diversas razes, mas a principal a falta de
meios monetrios ou os gastos em que se incorre para por de p uma til ferramenta
para os gestores. Outras sero, por exemplo, a falta de obrigatoriedade ou o total
desconhecimento de contabilidade analtica por parte dos gestores das microempresas.
Depois de realizado o estudo microeconmico de mercado, o nosso prximo objetivo
o de calcular o custo de produo de uma microempresa do setor da cortia. Esta ideia
surge, pelo facto de nas microempresas no se realizar contabilidade analtica. Iremos
calcular o custo da produo pelo mtodo direto e pelo mtodo indirecto. Nas empresas
de cortia no se utiliza o mtodo direto, porque estas empresas no realizam a sua
produo em funo das encomendas ou tarefas, mas sim por processos. Iremos calcular
mesmo assim, para podermos no final realizar uma comparao entre os dois processos.
O clculo do custo de produo por tarefas ou pelo mtodo direto ou encomendas ser
hipottico pois a empresa no realiza a sua produo desta forma. A produo
constituda por um processo industrial contnuo. A rolha de cortia natural o produto
principal da indstria corticeira. Estas so obtidas por brocagem da cortia amadia, aps
cozedura em gua, e as aparas so o seu subproduto. Estas aparas juntamente com
alguma cortia virgem e/ ou outros tipos de cortia, destinam-se granulao. So o
produto principal da indstria dos aglomerados.
-
A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia
Captulo IV
36
4.6 - Sistema Produtivo
Perodo de repouso
Aps o descortiamento, as pranchas de cortia so empilhadas numa fbrica ou na
floresta ao tempo. A cortia assim empilhada segundo as normas do Cdigo
Internacional de Prticas Rolheiras CIPP, de forma a permitir a estabilizao da
cortia. Este perodo no deve ser inferior a seis meses.
Perodo de repouso
Fonte: APCOR
Processo industrial
Cozedura das pranchas
A cozedura o processo de imerso das pranchas de cortia em gua limpa e a ferver.
Este processo decorre no perodo de pelo menos uma hora. Os objetivos da cozedura
so os de limpar a cortia, extrair as substncias hidrossolveis, aumentar a sua
espessura reduzindo a sua densidade e torna-la mais macia e elstica.
-
A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia
Captulo IV
37
Cozedura das pranchas
Fonte: APCOR
Com a cozedura o gs contido dentro das clulas expande. Com este fenmeno a cortia
torna-se mais regular e o seu volume aumenta cerca de 20 por cento.
Este processo tambm regulado pelo Cdigo internacional de Prticas Rolheiras.
Estabilizao
Aps a cozedura, decorre o perodo de estabilizao da cortia, que tem uma durao de
duas a trs semanas. A estabilizao tem a funo de aplanar as pranchas e permitir o
repouso. Com esta etapa a cortia ganha consistncia necessria para a sua
transformao em rolhas.
Estabilizao das pranchas
Fonte: empresa
-
A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia
Captulo IV
38
Rabaneao
Decorrido o perodo de estabilizao as pranchas so cortadas em tiras com uma largura
ligeiramente superior ao comprimento da rolha a fabricar.
Rabaneao
Fonte: empresa
Brocagem
Brocagem a denominao que se d ao processo manual ou semi-automtico de
perfurar as tiras de cortia com a broca. Neste processo obtm-se a rolha cilndrica em
conformidade com os limites dimensionais desejados.
Brocagem
Fonte: empresa
-
A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia
Captulo IV
39
Estufa
As rolhas depois de formadas vo por um perodo de tempo para a estufa, para que lhe
seja retirada toda a humidade. Este processo realiza-se para que as rolhas no possam
diminuir mais a sua dimenso.
Estufa
Fonte: empresa
Retificao
Neste processo, as rolhas produzidas no processo anterior sofrem retificaes, para que
elas fiquem com as dimenses finais pretendidas. Para a realizao destas retificaes
utiliza-se uma punsadeira que retifica a parte cilndrica e posteriormente uma
topojadeira para a retificao dos topos da rolha.
Punsadeira
Fonte: empresa
-
A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia
Captulo IV
40
Topojadeira
Fonte: empresa
Escolha
Nesta operao d-se a separao das rolhas acabadas em classes diferentes. A
determinao das classes feita por controlo automtico da superfcie das rolhas.
Durante esta fase so definidas as qualidades e tambm eliminadas as rolhas com
defeitos.
Mquina de escolher rolhas
Fonte: empresa
-
A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia
Captulo IV
41
Passagem
A passagem a ltima etapa no que se refere classificao da classe das rolhas.
Normalmente feito manualmente e pelos mais experientes profissionais da unidade
fabril.
Tapete de passagem de rolhas
Fonte: empresa
Contagem e embalagem
Por fim as rolhas so contadas e embaladas, tendo como destino outras unidades fabris
de maior dimenso.
Mquina de contar rolhas
Fonte: empresa
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A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia
Captulo IV
42
Quadro III
Quadro IV
4.7 - Clculo do custo da produo da empresa pelo mtodo direto
4.7.1 - Clculo do custo da produo pelo mtodo direto de janeiro
Dados do perodo:
Produo Terminada
janeiro 1.099.9 milheiros
Clculo:
Encomenda n3356
Encomenda n3364
Custo MP 3.945,55
Custo MP 1.796,14
Custo MOD 959,29
Custo MOD 436,70
Custo EGF 150,68
Custo EGF 68,59
Total de Custos 5.055,52
Total de Custos 2.301,43
Quantidades
produzidas
197.7
milheiros
Quantidades
produzidas
90
milheiros
Custo Unitrio 25,57
Custo Unitrio 25,57
Encomenda n3360
Encomenda n3368
Custo MP 4.139,14
Custo MP 2.730,15
Custo MOD 1.006,36
Custo MOD 663,79
Custo EGF 158,07
Custo EGF 104,26
Total de Custos 5.303,57
Total de Custos 3.498,20
Quantidades
produzidas
207.4
milheiros
Quantidades
produzidas
136.8
milheiros
Custo Unitrio 25,57
Custo Unitrio 25,57
Encomenda n3363
Encomenda n3370
Custo MP 1.796,14
Custo MP 7.543,85
Custo MOD 436,70
Custo MOD 1.834,15
Custo EGF 68,59
Custo EGF 288,86
Total de Custos 2.301,43
Total de Custos 9.666,86
Quantidades
produzidas 90 milheiros
Unidades
Produzidas
378
milheiros
Custo Unitrio 25,57
Custo Unitrio 25,57
Custos de janeiro
MP 21.951,00
MOD 5.337,03
EGF 838,29
-
A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia
Captulo IV
43
Relao de janeiro
N encom. Custos Custo
Unitrio
3356 5.055,52 25,57
3360 5.303,57 25,57
3363 2.301,43 25,57
3364 2.301,43 25,57
3368 3.498,20 25,57
3370 9.666,86 25,57
Total 28.127,01 25,57
4.7.2 - Clculo do custo da produo pelo mtodo direto de fevereiro
Dados do perodo:
Custos de fevereiro
MP 5.679,00
MOD 3.646,41
EGF 631,48
Produo Terminada
fevereiro 424.4 milheiros
Clculo:
Encomenda n3371
Encomenda n3372
Custo MP 421,51
Custo MP 267,62
Custo MOD 270,65
Custo MOD 171,84
Custo EGF 46,87
Custo EGF 29,76
Total de Custos 739,03
Total de Custos 469,22
Quantidades
produzidas
31.5
milheiros
Quantidades
produzidas
20
milheiros
Custo Unitrio 23,46
Resultado 23,46
Quadro V
Quadro VI
-
A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia
Captulo IV
44
Encomenda n3374
Encomenda n3384
Custo MP 481,72
Custo MP 2.388,55
Custo MOD 309,31
Custo MOD 1.533,66
Custo EGF 53,57
Custo EGF 265,60
Total de Custos 844,60
Total de Custos 4.187,81
Quantidades
produzidas
36
milheiros
Quantidades
produzidas
178.5
milheiros
Custo Unitrio 23,46
Custo Unitrio 23,46
Encomenda n3375
Encomenda n3385
Custo MP 848,37
Custo MP 749,35
Custo MOD 544,73
Custo MOD 481,15
Custo EGF 94,34
Custo EGF 83,32
Total de Custos 1.487,44
Total de Custos 1.313,82
Quantidades
produzidas
63.4
milheiros
Quantidades
produzidas
56
milheiros
Custo Unitrio 23,46
Custo Unitrio 23,46
Encomenda n3376
Custo MP 521,87
Custo MOD 335,08
Custo EGF 58,03
Total de Custos 914,98
Quantidades
produzidas
39
milheiros
Custo unitrio 23,46
Relao de fevereiro
N encom. Custos Custo
Unitrio
3371 739,03 23,46
3372 469,22 23,46
3375 1.457,56 23,46
3376 914,98 23,46
3374 844,60 23,46
3384 4.187,81 23,46
3385 1.313,82 23,46
Total 9.927,02 23,46
-
A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia
Captulo IV
45
4.7.3 - Clculo do custo da produo pelo mtodo direto de maro
Dados do perodo:
Custos de maro
MP 11.972,00
MOD 3.944,31
EGF 1.160,98
Produo Terminada
maro 418.6 milheiros
Clculo:
Encomenda n3384
Encomenda n3391
Custo MP 3.194,63
Custo MP 1.129,70
Custo MOD 1.052,51
Custo MOD 372,19
Custo EGF 309,80
Custo EGF 109,55
Total de Custos 4.556,94
Total de Custos 1.611,44
Quantidades
produzidas
111.7
milheiros
Quantidades
produzidas
39.5
milheiros
Custo Unitrio 40,80
Custo Unitrio 40,80
Encomenda n3388
Custo MP 7.647,67 Custo MOD 2.519,61 Custo EGF 741,63
Total de Custos 10.908,91 Quantidades
produzidas
267.4
milheiros
Custo Unitrio 40,80
Relao de Maro
N encom. Custos Custo
Unitrio
3384 4.556,94 40,80
3388 10.908,91 40,80
3391 1.611,44 40,80
Total 17.077,29 40,80
Quadro VII
Quadro VIII
-
A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia
Captulo IV
46
4.8 - Clculo do custo da produo pelo mtodo indireto
4.8.1- Clculo do custo da produo pelo mtodo indireto de janeiro
Nesta microempresa estamos perante um processo produtivo contnuo. A produo
mltipla pois produzimos como produto principal (rolhas) e subproduto (aparas). uma
produo conjunta pois da mesma prancha de cortia retiramos os dois produtos. O
custo do produto principal (rolhas) ser calculado pelo mtodo do valor de venda no
ponto de separao. O custo do subproduto (aparas) ser calculado pelo mtodo do lucro
nulo. A 1 milheiro de produto principal (rolhas) correspondem os preos de venda
indicados nos quadros IX, XII e XV. Em relao ao subproduto (aparas) para cada Kg
correspondem os preos inscritos nos quadros X, XII e XVI. Desta forma vamos
calcular o custo unitrio da produo por classes de rolha.
Dados do perodo:
Produo Terminada de rolhas do ms de janeiro
Calibre Classe Quantidade Preo de venda Total
49x24 Sup. 67.7 milheiros 160,00 10.832,00
45x24 Extra 56.4 milheiros 155,00 8.742,00
45x24 Extra 30 milheiros 160,00 4.800,00
45x24 Sup. 81.5 milheiros 125,00 10.187,50
45x24 1 30 milheiros 100,00 3.000,00
45x24 1 91 milheiros 80,00 7.280,00
45x24 2 100 milheiros 80,00 8.000,00
45x24 2 190 milheiros 70,00 13.300,00
45x24 2 85.3 milheiros 55,00 4.691,50
45x24 3 170 milheiros 30,00 5.100,00
45x24 5/6 180 milheiros 3,00 540,00
Raa 18 milheiros 15,00 270,00
TOTAL 1099.9 milheiros 76.743,00
Quadro IX
-
A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia
Captulo IV
47
Clculo:
49x24 Sup. = (23.612,79*10.832,00)/76.743,00 = 3.332,86
3.332,86/67.7 milheiros = 49,22/milheiro;
45x24 Extra (pv = 155,00) = (23.612,79*8.742,00)/76.743,00 =
2.689,80
2.686,80/56,4 milheiros = 47,69/milheiro;
45x24 Extra (pv = 160,00) = (23.612,79*4.800,00)/76.743,00 =
1.476,90
1.476,90/30 milheiros = 49,23 /milheiro;
45x24 Sup. = (23.612,79*10.187,50)/76.743,00 = 3.134,56
Aparas do ms de janeiro
Subproduto Quantidade Preo de venda Total
Aparas 1.267 Kg 0,50 633.50
Aparas 2.261 Kg 0,50 1.130,50
Aparas 1.861 Kg 0,50 930,50
Aparas 1939 Kg 0,50 969,50
Aparas 1699 Kg 0,50 849,50
TOTAL 9.027 Kg
4.513.50
Custos conjuntos de janeiro
MP 21.951,00
MOD 5.337,00
EGF 838,29
Total 28.126,29
Custos conjuntos Rolhas de diferentes calibres e
classes (produto principal)
Aparas (subproduto) 28.126,29 - 4513,50 = 23.612,79
Quadro XI
Quadro X
-
A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia
Captulo IV
48
3.134,56/81,5 milheiros = 38,42/milheiro;
45x24 1 (pv = 100,00) = (23.612,79*3.000,00)/76.743,00 =923,06
923,06/30milheiros = 30,77/milheiro;
45x24 - 1 (pv = 80,00) = (23.612,79*7.280,00)/76.743,00 = 2.239,96
2.239,96/91 milheiros =24,61/milheiro;
45x24 2 (pv = 80,00) = (23.612,79*7.280,00)/76.743,00 = 2.239,96
2.239,96/91 milheiros =24,61/milheiro;
45x24 2 (pv = 70,00) = (23.612,79*13.300,00)/76.743,00 = 4.092,23
4.092,23/190milheiros = 24,54/milheiro;
45x24 2 (pv = 55,00) = (23.612,79*4.691,50)/76.743,00) =1.443,51
1443,51/85,3milheiros = 16,92/milheiro;
45x24 3 = (23.612,79*5.100,00)/76.743,00 = 1.569,20
1.569,20/170milheiros = 9,23/milheiro;
45x24 5/6 = (23.612,79*540,00)/76.743,00 = 166,15
166,15/180milheiros = 0,92/milheiro;
Raa = (23.612,79*270,00)/76.743,00 = 83,08
83,08/18milheiros = 4,62/milheiro;
-
A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia
Captulo IV
49
4.8.2- Clculo do custo da produo pelo mtodo indireto de fevereiro
Dados do perodo:
Produo Terminada de rolhas do ms de fevereiro
Calibre Classe Quantidade Preo de venda Total
49x24 Extra 36 milheiros 260,00 9.360,00
49x24 Sup. 37.3 milheiros 170,00 6,341,00
49x24 1 23.3 milheiros 120,00 2.796,00
49x24 2 8.2 milheiros 100,00 820,00
45x25 Sup.Extra 8 milheiros 195,00 1.560,00
45x25 1 20 milheiros 100,00 2.000,00
45x24 Extra 31 milheiros 165,00 5.115,00
45x24 Extra 33.4 milheiros 150,00 5.010,00
45x24 Sup.B 69 milheiros 100,00 6.900,00
45x24 Sup. 49.8 milheiros 125,00 6.225,00
45x24 1 30.1 milheiros 80,00 2.408,00
45x24 1 30 milheiros 55,00 1.650,00
45x24 2 28.3 milheiros 55,00 1.556,50
45x24 2F 20 milheiros 32,00 640,00
TOTAL 424.4 milheiros 52.381,50
Aparas do ms de fevereiro
Subproduto Quantidade Preo de venda Total
Aparas 740 Kg 0,75 555,00
Aparas 2.185 Kg 0,50 1.092,50
Aparas 998 Kg 0,50 499,00
Aparas 2.011 Kg 0,50 1.008,00
TOTAL 5.934 Kg 3.154,50
Custos conjuntos de fevereiro
MP 8.858,50
MOD 3.646,41
EGF 631,48
Total 13.136,39
Quadro XII
Quadro XIII
Quadro XIV
-
A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia
Captulo IV
50
Clculo:
49x24 Extra = (9.981,89*9.360)/52.381,50 = 1.783,65
1.783,65/36 milheiros = 49,54/milheiro;
49x24 Sup. = (9.981,89*6.341)/52.381,50= 1.208,35
1.208,35/37,3 milheiros = 32,40/milheiro;
49x24 1 = (9981,89*2.796,00)/52.381,50 = 532,81
532,81/23,3 milheiros = 22,87/milheiro;
49x24 2 = (9.981,89*820)/52.381,50 = 156,26
156,26/8,2 milheiros = 19,06/milheiro;
45x25 Sup. Extra = (9.981,89*1.560)/52.381,50 = 297,28
297,28/8 milheiros = 37,16/milheiro;
45x25 1 = (9.981,89*2.000)/52.381,50 = 381,12
381,12/20 milheiros = 19,06/milheiro;
45x24 Extra (pv = 165,00) = (9.981,89*5.115)/52.381,50 = 974,72
974,72/31 milheiros = 31,44/milheiro;
45x24 Extra (pv = 150,00) = (9.981,89*5.010)/52.381,50 = 954,71
954,71/33,4 milheiros = 28,58/milheiro;
45x24 Sup. B = (9.981,89*6.900)/52.381,50 = 1.314,87
1314,89/69 milheiros = 19,06/milheiro;
45x24 Sup. = (9.981,89*6.225)/52.381,50 = 1.186,24
Custos conjuntos Rolhas de diferentes calibres e
classes (produto principal)
Aparas (subproduto) 13.136,39 - 3.154,50 = 9.981,89
-
A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia
Captulo IV
51
1.186,24/49,8 milheiros = 23,82/milheiro;
45x24 1 (pv = 80,00) = (9.981,89*2.408)/52.381,50 = 458,87
458,87/30,10 milheiros = 15,24/milheiro;
45x24 1 (pv = 55,00) = (9.981,89*1.650,00)/52.381,50 = 314,43
314,43/30 milheiros = 10,48/milheiro;
45x24 2 = (9.981,89*1.556,50)/52.381,50 = 296,608
296,608/28,3 milheiros = 10,48/milheiro;
45x24 2 F = (9.981,89*640)/52.381,50 = 121,96
121,96/20 milheiros = 6,09/milheiro;
4.8.3 Clculo do custo da produo pelo mtodo indireto de maro
Dados do perodo:
Aparas do ms de maro
Subproduto Quantidade Preo de venda Total
Aparas 1.613 Kg 0,50 806,50
Aparas 1.862 Kg 0,50 931,00
Aparas 2.112 Kg 0,50 1.056,00
TOTAL 5.587 Kg 2.793,50
Produo Terminada de rolhas do ms de maro
Calibre Classe Quantidade Preo de venda Total
49x25 4 39.5 milheiros 20,00 790,00
45x24 Ext 10 milheiros 165,00 1.650,00
45x24 Sup 20 milheiros 125,00 2.500,00
45x24 1 30 milheiros 80,00 2.400,00
45x24 2 49.1 milheiros 55,00 2.700,50
45x24 2 60 milheiros 32,00 1.920,00
45x24 2F 210 milheiros 32,00 6.720,00
TOTAL 418.6 milheiros 18.680,50
Quadro XV
Quadro XVI
-
A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia
Captulo IV
52
Custos conjuntos de maro
MP 11.972,00
MOD 3.944,31
EGF 1.160,98
Total 17.077,29
Clculo:
49x25 4 = (14.283,79*790,00)/18.680,50 = 604,06
604,06/39,5 milheiros = 15,29/milheiro;
45x24 Extra = (14.283,79*1.650,00)/18.680,50 = 1.261,65
1.261,65/10 milheiros = 126,17/milheiro;
45x24 Sup. = (14.283,79*2.500,00)/18.680,50 = 1.911,59
1.911,59/20 milheiros = 95,58/milheiro;
45x24 1 = (14.283,79*2.400,00)/18.680,50 = 1.835,13
1.835,13/30 milheiros = 61,17/milheiro;
45x24 2 (pv = 55,00) = (14.283,79*2.700,50)/18.680,50 = 2.064,90
2.064,90/49,10 milheiros = 42,05/milheiro;
45x24 2 (pv = 32,00) = (14.283,79*1.920,00)/18.680,50 = 1.468,10
1.468,10/60 milheiros = 24,47/milheiro;
45x24 2 Fraco= (14.283,79*6.720,00)/18.680,50 = 5.138,36
5.138,36/210 milheiros = 24,47/milheiro;
Custos conjuntos Rolhas de diferentes calibres e
classes (produto principal)
Aparas (subproduto) 17.077,29 - 2.793,50 = 14.283,79
Quadro XVII
-
A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia
Captulo IV
53
4.9 Contraposio entre o mtodo direto e o mtodo indireto
Ao analisarmos os clculos do custo da produo pelo mtodo direto e pelo mtodo
indireto, verificamos que o mtodo mais adequado para a microempresa do sector da
cortia o mtodo indireto.
Primeiro porque esta empresa no produz por encomenda mas sim por um processo
contnuo de produo.
Em segundo lugar, com a aplicao do mtodo direto, somente conseguimos chegar a
um custo unitrio mdio de produo por encomenda. Com a aplicao do mtodo
direto, no conseguimos chegar ao custo unitrio da produo com a diferenciao de
custo por classe e calibre. Ao contrrio, ao aplicarmos o mtodo indirecto, conseguimos
calcular o custo unitrio da produo por classe e calibre objetivo ao qual nos tnhamos
proposto.
Por ltimo a contabilidade por tarefas s pode adotar-se quando no possvel aplicar a
contabilidade por processos. A contabilidade por processos demonstra mais a realidade.
4.10 - Anlise dos resultados obtidos
janeiro
Calibre Classe Preo de venda Preo de custo
49x24 Sup 160,00 49,22
45x24 Extra 155,00 47,69
45x24 Extra 160,00 49,23
45x24 Sup 125,00 38,42
45x24 1 100,00 30,77
45x24 1 80,00 24,61
45x24 2 80,00 24,61
45x24 2 70,00 21,54
45x24 2 55,00 16,92
45x24 3 30,00 9,23
45x24 5/6 3,00 0,92
Raa 15,00 4,62
Quadro XVIII
-
A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia
Captulo IV
54
fevereiro
Calibre Classe Preo de venda Preo de custo
49x24 Extra 260,00 33,76
49x24 Sup 170,00 22,08
49x24 1 120,00 15,58
49x24 2 100,00 12,97
45x25 Sup.Extra 195,00 25,32
45x25 1 100,00 12,99
45x24 Extra 165,00 21,43
45x24 Extra 150,00 19,48
45x24 Sup.B 100,00 12,99
45x24 Sup 125,00 16,23
45x24 1 80,00 10,39
45x24 1 55,00 7,14
45x24 2 55,00 7,14
45x24 2F 32,00 4,16
maro
Calibre Classe Preo de venda Preo de custo
49x25 4 20,00 15,29
45x24 Extra 165,00 126,17
45x24 Sup 125,00 95,58
45x24 1 80,00 61,17
45x24 2 55,00 42,05
45x24 2 32,00 24,47
45x24 2F 32,00 24,47
Custos conjuntos de janeiro
MP 21.951,00
MOD 5.337,00
EGF 838,29
Total 28.126,29
Quadro XIX
Quadro XX
Quadro XXI
-
A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia
Captulo IV
55
Ao analisarmos os quadros XVIII, XIX, XX, XXI, XXII e XXIII, podemos verificar
que para o mesmo tipo de calibre e classe, ao longo dos trs meses estudados,
verificamos diferenas substanciais nos custos unitrios da produo.
Se por exemplo compararmos o calibre 45x24 na classe extra, nos trs meses estudados,
verificamos que os preos de venda por milheiro rondam os 160,00, 165,00. Os
preos de custo por milheiro nos perodos mencionados, oscilam bastante, em janeiro
49,23, em fevereiro 31,44 e em maro 126,17. Os preos de venda praticamente no
variaram enquanto que os preos de custo variaram muito. Ao analisarmos os quadro
XXI, XXII e XXIII referentes aos custos conjuntos, podemos verificar que uma das
causas desta disparidade de preos de custo, principalmente entre fevereiro e maro, se
deve em muito, ao custo da matria prima. No ms de fevereiro compramos 7.945Kg de
cortia por 8.858,50 e em maro compramos 6.415Kg de cortia por 11.972,00.
Compramos menos cortia com um custo mais elevado. Ainda na anlise a estes
quadros, verificamos uma outra causa possvel para a diferena do custo de produo
entre o ms de maro e o ms de fevereiro se deve ao montante de EGF que quase
duplicou.
Ou seja, quase a mesma quantidade de produo e o dobro dos encargos. Uma outra
razo possvel para tal disparidade de preos, estar relacionada com a qualidade das
rolhas extradas das pranchas de cortia. Em fevereiro produzimos 424,4 milheiros
subdivididas em classes muito boas como extra e superior nos diversos calibres como
demonstra o XIX. Em maro produzimos 418.6 milheiros, subdivididas por classes mais
fracas e por isso mais baratas. Como calculamos o custo de produo em relao ao
Custos conjuntos de fevereiro
MP 8.858,50
MOD 3.646,41
EGF 631,48
Total 13.136,39
Custos conjuntos de maro
MP 11.972,00
MOD 3.944,31
EGF 1.160,98
Total 17.077,29
Quadro XXII
Quadro XXIII
-
A importncia da contabilidade analtica e o custeio direto e indireto numa microempresa do setor da cortia
Captulo IV
56
valor de venda no ponto de separao, faz com que custos de matria-prima e EGF mais
elevados conjugados com produto final constitudo por calibres com classes mais fracas
ou baratas origina custos unitrios de produo mais elevados.
4.11 - Contraposio dos resultados obtidos com a tomada de deciso
Como verificamos nos quadros XVIII, XIX e XX os preos de venda dos produtos
mantm-se praticamente inalterados. Isto faz com que um aumento do custo da
produo produza uma diminuio do resultado da empresa. Se o gestor
atempadamente, tivesse conhecimento dos preos de custo dos seus produtos no ms de
maro, teria tempo para poder tomar certas medidas para que este facto no voltasse a
acontecer.
Ao conhecer os seus custos fixos e os preos de venda, ter mais noo da quantidade
de custos variveis que poder suportar.
No ms de maro o gestor adquiriu a matria-prima e EGF mais elevados dos trs meses
em estudo.
Um outro facto ser tambm o conhecimento sobre a matria-prima que est a adquirir,
isto porque em fevereiro extraiu das pranchas de cortia rolhas com melhor qualidade e
logo preos de venda mais elevados do que em maro.
Estamos conscientes que a contabilidade analtica uma importante ferramenta
informativa para a gesto. Se o gestor tivesse contabilidade analtica na sua empresa
teria conhecimento da disparidade de preos de custo de produo nos diferentes meses.
P