do laço hungaro as estrelas

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Duas gerações, meu pai e nós. Remontamos os idos de 30 numa convivência quarteleira abrangendo pode-se dizer quase meio século 1930/1976. Vivenciamos os anos 40, menino irrequieto, ombreando oficiais e praças nas lides desportivas. Atleta mirim, no Estádio Renato Tavares participando ativamente de uma educação física e desportiva. Depois jovem, no basquete, vôlei, tênis, esgrima, hipismo e atletismo forjando uma mocidade sadia. CARLOS HUGO SOUZA

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1ª Edição - Abril - 2011Vila Velha - ES

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Editor ResponsávelUziel de Jesus

RevisãoC. Hugo Stockler de Souza

CapaMelissa Roncete

Diagramação Fabricio Trindade Ferreira

Impresso na Gráfica Viena

Copyright © 2011 — Above Publicações

1ª edição

ISBN — 978-85-63080-50-9

Todos os direitos reservados pelo autor.

É proibida a reprodução parcial ou total

sem a permissão escrita do autor.

www.aboveonline.com.br

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SumárioI - O MILITARISMO .............................................................................. 10

POLICIAS MILITARES! .................................................................. 10AS FORÇAS PÚBLICAS ................................................................ 11

II – CONQUISTA SOCIAL ................................................................... 16NOS ANTIGAMENTE .................................................................... 16OCUPAÇÃO DO TERRENO ......................................................... 18 SALA D’ARMAS E MUSEU ........................................................ 24ASSOCIAÇÃO ATLETICA BARRRIGA VERDE ......................... 29CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS- CFO .......................... 34ASSOCIAÇÃO JOÃO ELOI MENDES ........................................ 41

III - MALEFICIOS DA POLITICAGEM ............................................. 44OS TREZE! ....................................................................................... 44ROUPA SUJA JÁ NÃO SE LAVA MAIS EM CASA. ................. 60A BARCA .......................................................................................... 67

IV - ALELUIA! IDOS 60 ...................................................................... 86DA CONVOCAÇÃO ....................................................................... 86CHAPECÓ UMA ESCOLHA ......................................................... 87COMTURBAÇÕES.......................................................................... 92

V - DESPEDE-SE LARA NOVO COMANDO .................................. 104A CARTA .......................................................................................... 106INÉDITA PRISÃO ............................................................................ 110BARBUDO, PODE OU NÃO PODE? .......................................... 114

VI - CORPO DE BOMBEIROS ............................................................ 119POLÍCIA DE PRAIA ........................................................................ 121

VIII - DE PELOTÃO A ESQUADRÃO ............................................... 143POLICIA MONTADA ..................................................................... 143PELOTÃO DE CAVALARIA ........................................................... 143CONCLUSÃO .................................................................................. 158

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7Do Laço Hungaro as EstrelasC. Hugo Stockler de Souza

INTROITO

Duas gerações, meu pai e nós. Remontamos os idos de 30 numa convivência quarteleira abrangendo pode-se dizer quase meio século 1930/1976.

Vivenciamos os anos 40, menino irrequieto, ombreando oficiais e praças nas lides desportivas. Atleta mirim, no Estádio Renato Tavares participando ativamente de uma educação fí-sica e desportiva. Depois jovem, no basquete, vôlei, tênis, es-grima, hipismo e atletismo forjando uma mocidade sadia.

Hoje, cá na toca do tempo, hibernando para o além, re-cebo solicitação da Cap. Edenice para uma demão nos arqui-vos da nossa PM. Ao rebuscar fatos esmaecidos pelos anos, no afã de atualizá-los visando proporcionar as novas gerações, se-não cunho histórico, pelo menos acontecimentos esporádicos, partimos para a empreitada não em galope fogoso, mas num vagabundo e trôpego “trótito pero no más”. Se há tanto não ajudam as musas, muito menos a provecta e confusa mente.

Na falta de subsídios o apelo para herança verbal, relatos de meu pai idos de 30 e de seus velhos camaradas de então. No mais, nossa não mui disciplinada passagem por estes anos que se foram e que hoje nos trazem saudade. Fatos, imagens eternizadas de momentos inenarráveis. Para os lapsos, perdo-em os leitores à memória, como já dissemos um tanto quanto caduca deste pretenso escriba. Aos eruditos recomendo nosso historiador mor, Cel. Edmundo Bastos Junior, Cel. A. Lara Ribas, o novel Cel. Valmir e Roberto Menezes estes sim, escritores com verdadeiro acervo histórico. Para nós basta o titulo de es-crevinhador. Todavia pondo fé nas falas de Fernando Pessoa; Tudo vale à pena quando a alma não é pequena, vamos lá!

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2º TEN. RUY STOCKLER DE SOUZA – Revolução Constitucionalista – 1932

1ª GERAÇÃO

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2º TEN CARLOS HUGO SOUZA – CFO – 1952

2ª GERAÇÃO

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I - O MILITARISMO

POLICIAS MILITARES!O Brasão de Armas da PMSC foi lançado em ato público solene, em 03 Maios 1985. Estudo heráldico e seus traçados propostos pelo Ten Cel PM Joféli Paes de Carvalho, da Policia Militar do Estado de Mato Grosso do Sul, quando aluno do CSP/84 desta PMSC,..

Híbrido populoso clã. Cobiça eleitoreira de políticos na maioria das vezes inescrupulosos. Raramente defendida, apoia-da pelo Executivo ou Legislativo. Grande família sofredora, cria-da num entrevero de revoluções e convulsões internas como Forças Públicas, mistura de exercito e polícia. No antanho, con-tingente sem garantias constitucionais. Filha bastarda da guerra atarantada e trôpega evolui através do militarismo adquirindo o cunho da legitimidade nacional. Nos idos de 30 estava real-mente mais para tropa aguerrida do que para anjo da guarda da sociedade. Estigmatizada pela imprópria e dúbia definição: bélica, como exercito ou guardiã da sociedade como polícia. Buscando sua verdadeira identidade, sua função explícita numa rústica metamorfose ex Força Publica ex Milícia, sofreu mudan-ças até impor-se hoje, como Policia Militar! Eito de tempo! Lon-ga vida caldeada na singela bravura de seus filhos que piamen-te na pureza de seus ideais forjaram uma tradição. Infelizmente tradição esta esmaecida na memória dos atuais pela carência de uma estrutura mor, ou seja:

CONHECIMENTO PROFUNDO DE SUA ATIVA E ALTIVA HISTÓRIA

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AS FORÇAS PÚBLICASNo passado, criadas podemos dizer como pequenos

exércitos particulares para regalo dos governadores. Como forças auxiliares do exército simples reservas, triscaram os campos de batalha com a mesma galhardia dos verde-oliva. Sucedia-se a sequência de revoltas e conturbações internas: Revolta do Sargento Silvino 1892, primeira indisciplina militar, dando ensejo a Revolta das Armadas. Revolução Federalista, considerada a mais bárbara, sangrenta e terrível guerra civil, seguindo-se outras marcantes: Canudos 1897 igualmente di-fícil e sangrenta – Padre Cícero e os jagunços 1912 – Em ter-ras catarinenses o Contestado com o monge João Maria 1922 – Revolta dos Tenentes – Os Libertadores, Rio Grande do Sul – Coluna Prestes redundando na revolução Liberal que colo-cou Getulio Vargas no poder. Em 1932 a Constitucionalista tida como a maior na América do sul, em aparato bélico, haja vista no combate de Buri ter nossa tropa Catarina bravamente enfrentada uma linha de fogo com quatorze quilômetros de extensão. Neste teatro de operações, a valorosa Força Publica de São Paulo comprometia-se num combate desproporcional contra suas co-irmãs e o exército. Era então dotada de artilha-ria pesada, trem blindado, aviação. Cite-se a maior arma inven-tada nesta campanha: morteiro Major Marcelino criação do próprio oficial da Força Publica Paulista.

Com advento da era Vargas e ditadura, imbuída na craca do ranço militar aquartela-se por excelência, buscando identi-ficação com exército. Respira regulamentos, atém-se a rigidez das instruções bélicas. Todavia por mais que se esforce nunca foi aceita pela sociedade como parte integral do exército. Não é de fato sangue azul continua apesar de tudo irmã espúria das forças armadas.

Primeira grande luta pela sobrevivência, idos de 30, sua CONSTITUCIONALIZAÇÃO! Grandes vultos surgiram entre eles três destacados líderes: Coronel Perez Barbosa RJ – Coronel Quintino Regis SC – e a rara exceção política padre de Arruda

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Câmara. Primeira e grande etapa vencida a suor e sangue contra todas as imposições tanto militares, políticas como civis.

Cel. Quintino Regis, como líder lavrou um tento. Des-de então a chamada obrigatória dos catarinas para todos os entreveros e eventos em prol dos interesses das Policias Militares.

Após a revolução de 32, evidente o militarismo nas For-ças Públicas. O Estado Novo, o advento da ditadura Vargas e a segunda guerra mundial fortalecem o militarismo nas corpo-rações policiais.

Nos cursos, instrução e a maioria das matérias, militares. Apenas trinta por cento ou menos se destinava ao modus viven-dis policial. De fato o aquartelamento, o militarismo distancia cada vez mais a necessária convivência civil-militar. Até onde aju-da a memória e alcançam os neurônios, podemos citar:

MATÉRIA MILITARa. Escrituração militar: Escala, pernoite, baixa, relação

de alterações, partes etc.

b. Instrução Geral: Organização do exército, organização gradativa da infantaria, hierarquia militar, dever de oficiais e praças, distintivos, continência e sinal de respeito, das transgressões disciplinares, procedimento do militar no quartel, em público, em presença das autoridades, uso do uniforme etc.

c. Topografia: Noções de escala, morfologia do terreno, acidentes do solo (naturais e artificiais) nomenclatura dos acidentes, convenções topográficas, orientação pela bússola, por pontos e linhas do terreno, ângulos de marcha, medida de azimute sobre a carta, balizar e seguir uma direção de um ângulo de marcha etc.

d. Armamento: Características, nomenclatura, montagem, desmontagem e funcionamento das armas de repetição

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e automáticas, instrução técnica do atirador com diversas armas, fuzil FM e metralhadoras pesadas, granadas e apetrechos de acampamento da infantaria;

e. Instrução de Combate e Serviço em Campanha: Ensinamentos táticos, maneabilidade, avaliação das distâncias sem instrumentos e com instrumentos, telêmetros binóculos, secção de metralhadoras leves e pesadas; regra observada nas diversas circunstância de combate, remuniciamento e abastecimento.

f. Equitação: combate a cavalo – sabre – lança e mosquetão e hipologia:

g. Educação física

MATÉRIA POLICIALa. Confecção de sindicâncias, inquéritos, representações

etc.b. Direito administrativo e judiciárioc. Distúrbios civis etc.

Antes da 2ª Guerra Mundial, instrução militar, como a do exército moldava-se na Missão Francesa. Uniforme idem. Ofi-ciais: túnica fechada, talabarte, botas de montar com esporas de prata. Cobertura quepe e bibi. Abrigo capote e pelerine. Sub-ten, sargentos e praças; túnica, cinto e perneiras. Abrigo capote. Cobertura quepe e bibi. Distintivos: Oficiais comba-tentes; galão sobreposto pelo laço húngaro. Oficiais da admi-nistração, intendentes, galão sem o laço húngaro. Sub ten. um cadarço na ombreira. Sgtos e cabos divisas na manga altura do pulso. Nesta época o exército adota as estrelas. Pós-guerra, as milícias como sempre sem autenticidade funcional num ato de lesa-tradição relegaram os galões e o laço húngaro adotando as estrelas (macaquitos do exercito) como definiram os oficiais tradicionalistas empedernidos.

Outro fator singular. Como Força Pública, identificação bem mais próxima do mundo civil, das funções de polícia, ver-

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dadeira e inerente a nós. Não lembro nem as razões nem a épo-ca qual leviana e desinformada mentalidade houve por bem nos taxar de Policia Militar (exército). Se o caso era manter a faceta de milicos, pelo menos fossem os autores mais autên-ticos, nos definissem como Milícia Policial ou Publica. Lembro vagamente de que se mantiveram nos originais a Força Publi-ca de São Paulo e a Brigada Militar Gaúcha. Com a revolução de 64, no entanto, resolveu o poder militar nacionalizar a es-trutura determinando que todas as Policias Militares adotas-sem este nome. Todas obedientes, mesmo a respeitada S. Pau-lo igualando-se em tradição ao Rio Grande sucumbiu. Não os gaúchos. Fincaram pé e não abriram mão de suas tradições. A Brigada Militar será sempre a Brigada, polícia orgulho daque-le altivo povo. Digam o que disserem estão eles para o Brasil como os cossacos para a Rússia.

A respeito da metamorfose entre sistema americano e francês assistimos na TV uma baita gafe. Tratava-se de cena so-bre a revolução paulista 1932, portanto ainda, missão france-sa. Duas praças apresentam-se ao comando perfilando-se. Ao receberam ordem de “à vontade” tomam a posição de descan-sar americana, ou seja, apoiando-se nas duas pernas e mãos as costas. Errado. Posição francesa para descansar: apoio sobre uma das pernas, braços caídos ao longo do corpo. E, diga-se de passagem, a tal cena era supervisionada, segundo o elenco, por um coronel da reserva da Policia de SP. Historia meus ami-gos! Um mínimo pelo menos, de nossa historia...

Com a luta pela constitucionalização irmanando as po-lícias mais o arrefecimento das conturbações internas, a con-fraternização através dos Congressos das Policias Militares em busca de uma identidade autêntica, insinua-se nas milícias o espírito de polícia. Entre o jocoso e o sério surge a expressão:

É chegada a hora de trocarmos a espada pelo cassetete!

Nos primórdios, pelo menos em Santa Catarina, o poli-ciamento em todo o Estado era afeto exclusivamente a Força Pública. Sub-delegacias, esporadicamente delegacias eram as-

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sumidas por sargentos PM. As regionais entregues aos oficiais que alem destas missões eram indicados como interventores às Prefeituras Municipais, atestando alto gabarito profissio-nal, lisura transparente, trazendo para nossos oficiais pesso-almente quase nada, contudo para a Corporação respeito e a dignidade da retidão administrativa deixando sólido rastro na perpetuação da imaculada tradição de nossa PM. De lembran-ça podemos citar interventores: Cap. Candido Alves Marinho - Chapecó; Ten. Mario Guedes - Mafra; Ten. Rui S Souza - Jara-guá, Orleans e Araranguá; Leônidas C Herbsts - Jaraguá; Cap. Teseu Dionísio Cerqueira etc.

Idos de 1950 não havia polícia civil de carreira. Nesta época dificilmente um bacharel aceitaria função policial (não condizente com o seu status). Mais tarde com o avulto dos ba-charéis, somados aos interesses políticos em contra partida a uma displicência negligente da casta militar-policial, avolu-mou-se a importância da Policia Civil até então restrita a Ins-petores de Quarteirão. Aberta esta perigosa lazeira, impõe-se a mesma como poder político desbancando a nossa PM das funções do policiamento no interior. Uma irreparável perda, uma omissão imperdoável de nossos superiores responsáveis.

Empastada, na polêmica militar-policial, zanzou a PM enquanto germinava na lacuna, acicatada pela politicagem e interesses pessoais, polícias outras, elaboradas na improvisa-ção asseguradas pela égide da nefasta política da geração de empregos. E assim sob nossa anuência surgem agências ven-dendo segurança, num despreparo escachado, fantasiando neófitos encaminhando-os para o perigoso front da violência e dos assaltos a mão armada. Será que nossos governantes e comandos não sacaram que toda esta parafernália que todo este dinheiro empregado pelas empresas privadas em busca destas frágeis seguranças poderiam ter sido negociadas com as PMs que por sua vez adotariam em seus efetivos núcleos es-peciais de polícias municipais (jurisdição municipal), ficando desta forma, todas as facetas de policiamento açambarcadas por uma única polícia, a MILITAR?

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Bem a jeito a frase:“O BRASIL É UM PAIS DESPOLICIADO POR EXCESSO DE POLICIAS”

(Cel. Pombo PM/PR).

Em suma: Nossas PMs emperradas por uma estruturação bélica, incongruente herança dos campos de batalha, quando então no severo entrevero do fogo cruzado, atuaram com efi-ciência e galhardia ao retornarem das lutas armadas, negligen-ciaram a absorção imediata ao enquadramento dos novos di-tames: A LUTA URBANA! Mister fazia-se a pronta desvinculação do exército, desvencilhando-se da áurea bélica, mantendo sua estrutura militar, com vistas plenas para sua verdadeira função, a guarda da sociedade através de um eficiente e atuante poli-ciamento.

II – CONQUISTA SOCIAL

NOS ANTIGAMENTEPodemos até ser contestado, porém nos atrevemos. Os

anos áureos de sofreguidão em busca de uma conquista não só social como técnica e mudanças de conceitos recrudesceram pós--guerra entre os anos de 45 e 60. Uma época deveras evolutiva.

Dentro da Corporação a politicagem, e políticos amor-daçados pelo sistema.

Certo, errado? Não nos cabe o julgamento. Notória, contu-do uma união, uma fraternidade acentuada entre os oficiais e um profundo total respeito à hierarquia. Respirava a Corporação os anseios de progresso e qualificação no mundo civil.

Até o final dos anos trinta, nosso quartel como todos os quartéis, vetados ao mundo civil. Encastelados, em clausura militar, afastados da promiscuidade dos paisanos. Acredita-mos, dois fatores prioritários tenham gerado a abertura dos

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portões para os civis: AABV (Associação Atléticas Barriga Ver-de) a pioneira que incrementou o esporte no nosso estádio e Curso Estadual Provisório de Educação Física

O Curso Provisório Estadual presume-se, baseado na no-meação do governo Aderbal Ramos da Silva outubro de 1947: “O GOVERNADOR DO ESTADO DE SANTA CATARINA, no uso de suas atribuições RESOLVE: Nomear de acordo com art. 15, item I do decreto lei nº 572, de 28 de outubro de 1941 RUI STOCKLER DE SOUZA, 1º Tenente da Policia Militar, para exercer o cargo, em comissão, de Inspetor de Educação Física, padrão Q, do quadro único do Estado. PALACIO DO GOVERNO”.

Desta nomeação pode-se deduzir na mesma época o CURSO ESTADUAL PROVISORIO DE EDUCAÇÃO FISICA, com in-tuito formar professoras e professores de Ed. Física para aten-dimento nas escolas e clubes de todo o Estado catarinense.

Associação Atlética Barriga-Verde 1939, fundada pelos oficiais da corporação vem como elo essencial entre civis e militares. Todo treinamento esportivo do clube supervisiona-do pelos professores de Ed. Física, Cap. Américo, Ten. Rui, Ten. Sami, Sgt Rosa e Sgt Câmara. No início apenas os jovens atle-tas masculinos tinham acesso ao Estádio Renato Tavares. Com a criação da AABV e Curso Provisório tendo a testa o Ten. Rui como Diretor e como estádio único na capital o Renato Tava-res, houve por bem o comando com certa relutância, abrir mão cedendo o mesmo para as aulas práticas do referido curso. A relutância inicial prendia-se ao fato do ingresso das professo-ras e alunas, ou seja, o adentro de mulheres aos portões do Quartel. Prevenção gerada do ranço militar, ante a invasão de belas pernas amostra, despertando por certo a cupidez na sol-dadesca. Marcante, no entanto, mesmo depois de uma coni-vência receosa e pudica, desinibem-se as alunas encurtando seus calções (bombachas quase até os joelhos), provocando o apelo dos empedernidos milicos, aos instrutores do curso para que restrinjam a subida desnudando palmo e meio de coxas das divinas alunas. Nunca pelo que se soube houve qualquer

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atrevimento da soldadesca. Soube-se sim de namoros e até ca-samentos.

OCUPAÇÃO DO TERRENOAlicerçado o entrosamento civil-policial-militar, como ci-

tamos através principalmente do esporte e, entrosados nossos oficiais com a high-society, ruíram os ranços e tabus militares, não só no ciclo dos oficiais como também em meio à classe de praças, cabos e Sgts. com a fundação de clubes e entidades sociais.

Projetam-se nossos elementos, ocupando no meio civil e social, cargos de mando.

Brevetado lidera o Aero Clube major Asteroide Arantes. A Diretoria do Curso de Ed. Física entregues ao Cap. Américo D’ Ávila e Ten. Rui Stockler. Na então badalada praia dos Coqueiros, com a liderança de Eloi Mendes, Ten. Gilberto Silva e civis é fun-dado o Coqueiros Praia Clube, destinado aos esportes náuticos. Dentro do Praia Clube grupo de bolão Os Lobisomens cuja equi-pe na sua maioria oficiais da PM. No Clube de Caça e Pesca Couto Magalhães Lara Ribas no setor tiro e este que vos fala no setor caça submarina. O nosso Stand criado pelo Cel. Lara, inspiração no Couto Magalhães. No Estreito, Clube Seis de janeiro assumia a Presidência Cap. Wenceslau Pacheco. Vários outros oficiais e pra-ças ocuparam cargos civis e sociais.

Meu pai Rui Stockler de Souza, paranaense de Palmas, engajou-se na Força Pública a convite de seu conterrâneo Ten. Antonio de Lara Ribas.

Nomeado 2º Tenente aos 2 de julho de 1932, percebendo vencimentos anuais de seis contos quatrocentos e oitenta mil reis (6:480$000).

Nem bem “molha” os galões, um mês ou dois depois, par-te para linha de frente, os campos de batalha em São Paulo. – A COSNTITUCIONALISTA - onde peleou por mais de três meses.

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1 9 3 2 - Tens João Eloi Mendes Carlos Veloso e Rui Stockler

Em mão, subsídios dos cargos militares civis e sociais ocupados por Rui Stockler de Souza, um comparativo como exemplo da dinâmica de todos nossos oficiais seus camaradas.

— 1933 - fevereiro: nomeado Delegado Especial do Município de Cruzeiro, com jurisdição no distrito de Herval - agosto: Delegado Especial Município de Cha-pecó - dezembro: Delegado Especial Município Porto União.

— 1934 – abril: Delegado Especial Município de Cruzei-ro; jurisdição em Chapecó.

— N.A.: Cruzeiro abrangia: Concórdia Campos Novos, Her-val d’Oeste, Joaçaba e Caçador. Tome-se atualmente, li-nha norte Sul, Passos Maia, Ponte Serrada, Irani, Seara e Ita desta linha até a fronteira com Argentina a extensão do Município de Chapecó – junho: Delegado Especial Município de Porto União – dezembro: Delegado Es-pecial de Lages.

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— 1935 – junho: Delegado Especial de Tubarão – julho: Nomeado Prefeito de Orleans.

— 1938 – janeiro: Prefeito de Jaraguá – fevereiro: promo-vido a 1º ten.

— 1941 – março: Prefeito de Araranguá.

1º tenente

— 1946 – setembro: Chefe da Casa Militar da Interven-toria Federal.

— 1947 – março: Chefe da Casa Militar do Governo do Estado – outubro: Cargo em comissão de Inspetor de Educação Física, padrão Q – dezembro: Professor de desportos aquáticos, esgrima, historia de educação fí-sica e desportos do Curso de Habilitação de Professor de Educação Física.

— 1948 – fevereiro: Promovido a capitão. — 1949 – julho: Por serviços prestados concedido o ti-tulo de Sócio Benemérito do Clube Atlético de Ama-dores – setembro: Nomeado Sub-Diretor do Pessoal, Clube 12 de agosto.

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— 1950 – setembro: Delegado Especial Município de Urussanga

— 1951 – fevereiro: Comando da 1ª Cia Isolada – Joaça-ba – março: Delegado Especial município de Chapecó, Delegacia Regional de Policia – abril: Presidente de Honra do Clube Associação Cultural dos Alunos.

— 1952 – março: Delegado Especial de Jaguaruna. — 1953 – agosto: Vice-Presidente do Clube 12 de agosto biênio 53/55 – dezembro: Suplente do Conselho Deli-berativo do Clube Recreativo 6 de janeiro.

— 1954 – agosto: Promovido a major. — 1955 – agosto: Diretor do Departamento Desportivo do Clube 12 de agosto para o biênio 55/57.

— 1956 – fevereiro: Promovido a Tenente Coronel assu-mindo a Chefia do Estado Maior.

— 1957 – outubro: Contratado pelo SESI – Departamen-to regional de SC como Auxiliar Administrativo, venci-mento mensal de C$ 9.000,00 (nove mil cruzeiros).

— 1959 – agosto: Membro do II CONGRESSO DAS POLI-CIAS MILITARES, promovido pelo Clube de Oficiais da Força Publica de São Paulo recebe diploma - novem-bro: Agraciado com o DIPLOMA DE BENEMERITO, con-cedido pela Federação Metropolitana de Esgrima RJ –

— 1960 – março: Condecorado com a medalha CINQUE-MTENARIO – Escola de Educação Física – Força Publica de S. Paulo.

— 1961 – fevereiro: Presidente da Federação Catarinense de Esgrima é nomeado membro efetivo da Comissão Muni-cipal de Esportes – Prefeitura Municipal de Florianópolis – maio: Convocado, e designado para exercer as funções de Diretor da Diretoria de Administração Assistência Médica e Social (DAAMS) PMSC.

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— 1963 – outubro: Chefe do Estado Maior assumindo o Comando Geral Interino da Policia Militar do Estado.

— 1965 – abril: Designado pelo Prefeito Municipal para responder pelo Controle Geral das viaturas e pessoal – outubro: fiscal de apuração do pleito 3 de outubro, pelo PSD.

— 1966 – outubro: Chefe da Divisão de Serviços Ge-rais SESI.

— 1969 – fevereiro: Responde pelo Expediente da Secreta-ria de Serviços Públicos da Prefeitura de Florianópolis – junho: Preside Comissão que julga revisão de tarifas das Empresas de Transporte.

— 1973 – outubro: Presidente da Comissão Regional de Compras SESI

— 1979 – setembro: Reformado “ex-oficio” de acordo com a lei 5 522 de 28 de fevereiro de 1979.

Perpetua-se como patrono do 5º Batalhão – Tubarão – BATALHAO RUY STOKCLER DE SOUZA. Homenagem que deve-mos nós da família ao saudoso ilustre atuante empresário HA-ROLDO FERNANDES que junto ao comando do Batalhão Cel. Nilo Marques Nunes, sugeriu, justificou, indicou e batalhou em prol desta homenagem por ter atuado no sul como delegado e prefeito. Justa homenagem.

Como meu pai, a estirpe de oficiais desta década ou pe-ríodo era quase que de maneira geral considerado autoridade terceira, esporadicamente primeira, nos municípios: Prefeito ou Delegado. Autoridade e decisões dificilmente contestadas. Período em que os parasitas políticos (ressalve-se raríssimos ilibados), emudecida pelo sistema ditatorial. Politicalhos? Pá-rias relegados ao ostracismo.

Hoje, os camaradas numa vivência francamente demo-crática, ao imporem atos mais enérgicos sofrem revanches in-justas da bagaceira política. Eterna cantilena dos ineptos poli-

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tcóides outorgados pelo voto a favor de suas catervas. Uma naba!..

Nos antigamentes, o perigo para o policial militar mo-rava no interior onde “guasca véio não morria na cama. Hoje qualquer borra-bosta, piá de cueiro liquida rindo um policial e o pior, com prerrogativas de ser de menor isento da responsa-bilidade do crime.

Salve os Direitos Humanos, nesta terra tupiniquim, com direitos nem sempre tão direito!

Uma pincelada lembrando bela autêntica e respeitada ad-ministração: Comando Lopez Viera.

Vence a revolução de 30, Getulio ditador!

Ilha de Sta.Catarina ultimo reduto a se entregar. Vitorio-sa a revolução, tropas de Assis Brasil assumem o controle da Capital. Comando da Força Pública entregue ao coronel da Bri-gada gaúcha Amadeo Massot.

Dr. Edmundo José de Bastos Junior em seu livro sobre Cel. Lara Ribas: “Agiram com requintes de perversidade, reve-lando ódio injustificável primarismo medieval, entregando-se ao mais devastador saque, seguido de furtos e depredações ge-neralizadas como o Rancho Geral das Praças na época o melhor restaurante da cidade. O mesmo ocorreu com o almoxarifado, depósito de mercadorias, cantina, açougue, padaria e alojamen-to dos oficiais e praças. Um estarrecedor vandalismo·”

Injusto ato de revanchismo!

Como descrito acima, possuíamos cantina açougue e padaria. Sabemos mais, oficina mecânica e farmácia com ma-nipulação (inesquecível Ten. Juvenal o homem das mezinhas). Enfim a Força Publica dotava-se a si mesma, oferecendo aos seus componentes vasto conforto. Herança como falamos da profícua administração Cel. Lopes Viera.

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Oriundos de uma Corporação zelosa de sua tropa, ape-sar das sempre presentes dificuldades, orçamento aquisição de material contávamos com uma oficialidade coesa mesmo ante rusgas entre irmãos. Este o ambiente quando optamos pela carreira Policial-Militar.

Idoso de 45, na seiva irrequieta da juventude adentramos a guarita do centenário casarão, quartel general de onde par-tiríamos para a sagração de uma vida inteira moldada no res-peito, disciplina e, sobretudo, profundo amor as tradições a nós legadas pelos severos e empedernidos mestres de então. Hoje, no crepúsculo, no descanso do guerreiro, na acomodação das arestas desgastadas pela experiência, pela conquista de um sa-ber que só os anos burilam, ainda, ao soar do clarim ou o rufar marcial de nossos hinos, tesos os nervos, vibramos na continên-cia ao pavilhão sagrado. Voltamos a ser o jovem oficial.

SALA D’ARMAS E MUSEU

Torneio SOGIPA X A.A.B.V. – 9/09/950 Disputam: Nadir F. da Silva (Sogipa) x Tem. Gilberto da

Silva (AABV)

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DO SONHO A REALIDADERui Stockler, tenente egresso da Escola de Educação Fí-

sica do Exercito, um romântico inconfundível, fã incondicional da leitura capa-e-espada impingia a nós, eu e meu irmão, a quase obrigatoriedade de ler Três Mosqueteiros, Visconde de Bragelone e Vinte Anos Depois que hoje compactados numa análise interpretativa, podemos dizer, exprime esta trilogia de Alexandre Dumas no primeiro volume: a nobreza através do personagem Atos, astúcia ou o clero com Aramis a força o exercito ou as armas com Portos, a aventura o desprendimen-to, D’Artangnham. No primeiro volume os quatro unidos, um por todos todos por um! No segundo a separação imposta pela política (como sempre) e finalmente no terceiro novamente unidos já então, provectos espadachins. Isto talvez explique a idolatria de meu pai pela esgrima e por incrível coincidência a quebra de sua grande amizade com Coronel Lara e “as pazes” de ambos até o final.

Começou ele implantando este novel e difícil esporte, no meio civil. Se não nos falha a memória, iniciou com uma pe-quena turma de adeptos masculinos, partindo para a forma-ção de esgrimistas femininas. Primeira escola no antigo prédio do Martinelli, imediações da Capitania dos Portos.

PRIMEIRA TURMA DE ESGRIMAEquipe Feminina e masculina-1941 –

Sala D’armas prédio do Martinelli

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Dentro da Corporação nos parece primeiro parceiro Cap. Américo D’avila também egresso da Escola do Exercito. Aos poucos procurou alunos na classe de sargentos com o intuito de formar futuros monitores. Já então não admitia que um ofi-cial portasse a espada sem saber usá-la. “Não me saques sem razon não me embanhes sem honor”. Anos depois através dele a esgrima matéria obrigatória na formação dos oficiais. Como também foi esporte altamente agregador. Conseguimos os da esgrima catarinense reunir num campeonato Sul Brasileiro cinco polícias estaduais: Cariocas, S. Paulo, Paraná, Gaúchos e nós. Fato até então inédito!

Equipes: SOGIPA (RS) AABV (SC) 9 / 09 / 950Leonel Pereira (Nelito) – Nadir Silva – Ten C. Hugo – Todesquini – Rui Stockler – Theisen – Gilberto Silva

Na busca de local para ministrar aulas de esgrima, ide-alizou o ten. Rui, a Sala D’Armas e o Museu que vieram a fun-cionar à posterior na antiga sala do Núcleo de Educação Física, Estádio Renato Tavares.

No gabinete de trabalho, nossa residência, mantinha um pequeno museu de armas. Armas que conseguiu dos amigos e talvez apreendidas nas suas andanças pelo interior. Mais ou menos cinco ou seis panóplias (escudos) de madeira com pis-tolas, garruchas espadas e punhais. Inspirado neste pequeno

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museu trabalhou ele junto ao Comando tendo como forte alia-do o major Lara, para que fosse transferido da DOPS (Delegacia de Ordem Política Social) o acervo enorme de armas apreendi-das durante a IIª guerra e que lá se encontravam em depósito. Descreve Edmundo Bastos Junior em seu livro sobre o Coronel Ribas que estas armas faziam parte de um museu criado pelo Cel. Lara. Que bem me lembre, fomos nomeado investigador de polícia da DOPS, quando então delegado Cap. Timotheo Brás Moreira, segundo me parece substituto do Cel. Lara. Lem-bro-me bem, naquela ocasião as armas encontravam-se amon-toadas num depósito da Dops. Nós pelo menos nunca vimos museu algum na DOPS. Segundo Edmundo foram entregues estas armas para Policia Militar pelo então Secretário Lucio Corrêa. Através deste fato, conseguiu meu pai realizar dois so-nhos. Montou o Museu e obteve sua Sala D’Armas. MUSEU DE ARMAS MAJOR LARA RIBAS e SALA D’ARMAS Cmte. MARINHO

1954 - Governador do Estado Jorge Lacerda na Sala d’ Armas com ten. Edgar Pereira (centro) e outros dois oficiais em torneio de esgrima entre as PMs do Sul.

Museu e Sala D’armas, dois importantes fatores de con-gregação com o mundo civil. Muito mais tarde quando se de-teriorava o espírito de corpo, na futrica da politicagem ficou a

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sala d’armas e o museu visado como reduto da oposição. Tal-vez por esta razão, levianamente, injustamente de um modo relapso, sem razão plausível a não ser a da bitola imposta pe-las iras partidárias, arrasaram simplesmente um patrimônio cultural e histórico. Depilaram barbaramente, a rica herança deixada pelos germânicos catarinenses, a troco de nada. Hoje do rescaldo deste triste episodio sobra no Forte Santana um minguado terço se muito, do antigo e grandioso patrimônio. Ainda nas falas da maledicência desmontado o museu foi todo o patrimônio histórico jogado num depósito. Valiosas e precio-sas armas doadas principalmente durante os anos da revolu-ção num ato de puxa-saquismo e subserviência a autoridades e generais visitantes como suvenir.

Refazendo-se merecido mérito. Diga-se de passagem, como testemunha que fomos, o criador de fato e de direito do museu, Cel. Rui, já de há muito cogitava nos áureos tempos re-cuperar o Forte Santana e lá colocá-lo. Segundo ele o histórico acervo pertencia ao povo. Cioso como sempre foi, ainda Diretor do Museu e da Sala D’armas elaborou copioso volume com minu-ciosa descrição de cada arma, seu histórico e origem (somos tes-temunha visual desta documentação). Este calhamaço entregue ao comando sumiu. Irreparável perda, irresponsabilidade de uma plêiade vulgar de interesseiros políticos, pobres de espírito. Um servidor que deverá ser lembrado como dedicado fiel escudeiro

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e cuidadoso guardião da Sala D’Armas e do Museu Lara Ribas, o inconfundível cabo Ari Mafra.

ASSOCIAÇÃO ATLETICA BARRRIGA VERDE

1939 – 1981 – quarenta e dois anos!Ano 1939 recebia a sociedade catarinense em seu seio

social-desportivo uma nova entidade: ASSOCIAÇÃO ATLETICA BARRIGA VERDE. Germinada dentro da então FORÇA PÚBLICA DO ESTADO.

Semeada na argamassa polícia-militar brotava para os catarinenses com a firme intenção de desenvolver-se, enrai-zar-se e dar frutos junto ao mundo civil, quebrando tabus, eliminando ranços aquartelados, saindo da caserna para um entrelaçamento com o mundo paisano.

Seus idealizadores: Um 2º tenente e um sargento, oriun-dos da Escola de Educação Física do Exercito – Guanabara. Lá, aquinhoados de conhecimento em prol da cultura física retor-nam a Santa Catarina, dispostos aqui aplicarem o que tinham armazenado no dia a dia de árduo labor diário durante meses de suor e cansaço. Eram os dois: Ten. Rui Stockler de Souza e o sargento (?...) Rosa.

Na época, a prática dos esportes apenas no meio profis-sional ou em fechados clubes desportivos. Avaí, Figueirense, Atlético, Riachuelo, Matineli etc. Os tradicionais clubes sociais, Clube 12 de agosto, Lira Tênis Clube, Seis de janeiro 15 de no-vembro, davam prioridade, importância maior a vida social. Mercê fazia-se dinamizar o esporte amador. Imbuídos desta ideia um magote de vinte e dois policiais-militares, perpetuados posteriormente no bronze, fundaram o novel clube desportivo: O BARRIGA VERDE!

Durante quarenta e dois anos, manteve a Barriga-verde

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profícua atuação tanto na área esportiva quanto social. Esta última, aliás, para a época, sui generis.

Podemos aleatoriamente fixar seu período áureo entre 1940 a 1960. Contando sempre com o firme apoio dos Coman-dos da Corporação. Rapidamente formou atletas que fizeram nome e glória deixaram no esporte em geral. Segundo soube-mos pretende a atual Diretoria, brindar seus associados com uma meticulosa história do clube. A tanto não nos ajuda as musas nem os parcos subsídios. Fica porem registrado um pe-queno e despretensioso resumo, tênue ideia da potencialida-de esportiva do querido clube.

Jornal O ESTADO – 27/2/39: ESPORTE FEMININO: Dá notícia de que a A.A.B. V promoverá um encontro de voleibol feminino. Dias de-pois faz alusão à entidade como campeã do atletismo e que no basquete tem apresentado um dos mais temíveis “five”.

30/12/39 - Consta que a AABV submeteu a rigoroso regi-me seus boxeadores que tomarão parte na próxima festa no-turna.

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