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Docente: Prof. Doutora Maria Helena BritoDiscente: Flávio Reis, nº1080
Maio de 2011
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Actual Lei sobre Arbitragem Voluntária é aLei n.º 31/86, de 29 de Agosto
A arbitragem internacional está prevista no capítulo VII, que corresponde aos artigos 32.º a 35.º
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Artigo 32.º Conceito de Arbitragem Internacional
Entende-se por arbitragem internacional a que põe em jogo
interesses do comércio internacional
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Definição do Professor Lima Pinheiro
“Arbitragem Transnacional em sentido amplo é toda aquela que coloca problemas de determinação do
estatuto da arbitragem”
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“Por estatuto da arbitragem entende-se o conjunto das normas e princípios primariamente aplicáveis pelo
tribunal arbitral (…).
“Uma arbitragem coloca problemas de determinação do estatuto da arbitragem quando o objecto do litígio
ou a própria arbitragem apresentam laços juridicamente relevantes com mais de um Estado”
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“Em sentido estrito (…) a arbitragem transnacional tem por objecto um litígio emergente do comércio
internacional”
“Nesta acepção estrita, a transnacionalidade da arbitragem decorre da transnacionalidade da relação de que emerge o litigio (…) tem de apresentar laços juridicamente relevantes com mais de um Estado e
tem de pôr em jogo interesses de comércio internacional”
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O que são então interesses de comércio internacional?
Uma primeira nota para explicar este conceito é dar à expressão comércio um sentido mais amplo, de forma a abranger mais operações do que aquelas que são usualmente consideradas pelos códigos comerciais
dos diversos países.
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Existem várias teorias. Eis alguns exemplos:
Abrange todo o tráfico internacional de bens, serviços e capitais.
Critério da Transferência Internacional de Valores
Avaliação Casuística; Deve-se atender aos laços objectivos que se estabelecem entre os elementos da relação controvertida e a vida económica de Estados diferentes (Tese defendida pelo Prof. Lima Pinheiro)
A)
B)
C)
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Artigo 33.º Direito Aplicável
1- As partes podem escolher o direito a aplicar pelos árbitros, se os não tiverem autorizado a julgar segundo a equidade.2- Na falta de escolha, o tribunal aplica o
direito mais apropriado ao litígio.
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“O Princípio da autonomia da vontade é entendido (...) como
permitindo que as partes remetam para qualquer Direito estadual, para o DIP, para a Lex mercatoria, para princípios
gerais ou para a equidade”.
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A faculdade que as partes têm de escolher o direito aplicável à resolução do litígio está ligada intimamente ao conceito de arbitragem e ao elemento internacional
desta.
Da Arbitragem porque esta tem uma natureza contratual, ela nasce da vontade das partes.
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Do elemento internacional, pois a arbitragem internacional não está sujeita a nenhum Estado em particular, logo as partes devem poder indicar qual o
Direito pelo qual querem ver resolvido o litígio.
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O facto de as partes terem escolhido um direito não é garantia de que o Tribunal Arbitral vá aplicar esse
direito, ou que só aplique esse direito.
Para a arbitragem internacional concorrem normas supraestaduais, normas estaduais, princípios e
valores que reclamam a sua aplicação.
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“Em especial, os árbitros têm de determinar as directrizes estaduais relevantes e têm de resolver situações de conflito de directrizes emanadas de
diferentes Estados entre si ou das directrizes estaduais com o Direito Transnacional da Arbitragem”
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Mas estarão os árbitros realmente vinculados por estas directrizes?
O Tribunal Arbitral actua num plano transnacional, em contacto com várias ordens jurídicas estaduais e supraestaduais, sendo
regulado na sua maioria pela estipulação das partes, e por regras e princípios autónomos. Não são órgãos estaduais de
aplicação do Direito.É daqui que decorre a ideia de que os Tribunais Arbitrais não têm
uma Lex Fori, isto é, uma lei do foro primariamente aplicável a determinação do seu estatuto.
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No entanto, será algo injusto que, na resolução de certos litígios, não sejam consideradas certas directrizes, nomeadamente
aquelas que visam proteger a parte mais fraca.Aliás, a decisão arbitral pode mesmo vir a ser anulada se não
forem respeitados certos princípios considerados como pertencentes à Ordem Pública Internacional.
Nestas duas situações, entre outras, fica a ideia de que o tribunal arbitral não fez uma correcta ponderação dos interesses em
causa.
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Existem várias teorias doutrinais e tendências jurisprudenciais, que determinam uma maior ou menor, ou mesmo nula, vinculação dos tribunais arbitrais a directrizes estaduais que reclamam a sua
aplicação no caso concreto, e que não pertencem ao direito escolhido pelas partes. No entanto, encontram-se sempre alguns
denominadores mínimos, que “coagem” os árbitros a acatar certas directrizes.
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Os árbitros devem compatibilizar a decisão arbitral com o direito estadual onde ela será executada Seria prejudicial para a arbitragem internacional, se esta fosse vista como um meio para os operadores económicos fugirem às normas imperativas estaduais. Existem normas imperativas que integram o conceito de Ordem Internacional Pública, o que pode conduzir a anulação da sentença se não forem consideradas. Por força do conceito “o direito mais apropriado ao litígio”.
A)
B)
C)
D)
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Para além das razões de ordem geral atrás mencionadas, não é qualquer norma imperativa que reclama aplicação na resolução
do litígio, as normas para serem consideradas pelos árbitros devem ter uma “pretensão de aplicabilidade”, que deve ser concretizada caso a caso, tendo em conta a relação jurídica
subjacente e o Direito de Conflitos.Quanto às directrizes supraestaduais, se nos abstrairmos de
alguns problemas específicos, estas reconduzem-se às directrizes estaduais, pois são incorporadas pelo direito
estadual.Já os princípios internacionais entram quase sempre na fundamentação, para apoiar ou contrariar certa posição.
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Concluindo, não há uma vinculação expressa dos árbitros para aplicar directrizes estaduais
que não constem da lei escolhida pelas partes. No entanto, os árbitros, na sua senda pela correcta resolução do litígio e equilíbrio dos interesses em causa, terão sempre que
ponderar e analisar estas normas.
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Equidade tem duas variantes na doutrina portuguesa
Fraca ou integrativa: correcção de injustiças da lei aquando da sua aplicação ao caso concreto.
Elemento conformador.Ampla ou substitutiva: a equidade prescinde em
absoluto do direito estrito, actuando como único critério de decisão.
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No fundo a norma visa permitir que os árbitros decidam o litígio sem recorrer a critérios de direito estrito,
apelando ao equilíbrio dos interesses em jogo e ao seu senso de justiça
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Só funciona quando as partes não escolham um direito aplicável
Oriundo de sentenças arbitrais e de regulamentos de centros de arbitragem como o CCI, AAA, OMPI etc.
“Critério flexível que permite aos árbitros ter em conta o conjunto das circunstâncias do caso concreto e
atender a todos os pontos de vista juridicamente relevantes”
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As considerações feitas sobre a ponderação de directrizes estaduais, que reclamam a sua aplicação ao litígio
concreto, têm ainda mais importância no caso do silêncio das partes, pois caberá ao Tribunal Arbitral analisar,
escolher o direito aplicável e fundamentar essa escolha.
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Artigo 34.ºRecursos
Tratando-se de arbitragem internacional, a decisão do tribunal não é recorrível, salvo se as partes tiverem acordado a possibilidade de recurso e
regulado os seus termos.
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A regra é de que não há recurso de sentenças de Tribunais Arbitrais Internacionais, a não ser que as
partes a prevejam na convenção arbitral. Este recurso caberá aos Tribunais da Relação por
aplicação analógica do artigo 29.º
O Professor Lima Pinheiro refere que são poucos os países que consagram o recurso na arbitragem
internacional, identificando apenas três: Portugal, França e Inglaterra.
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O único modo de defesa que a parte vencida tem é a acção de anulação, mas é necessário que se
verifiquem os requisitos para anulação. No entanto, dada a amplitude de alguns, nomeadamente a
violação de Ordem Pública Internacional, que apesar de não estar consagrada na LAV actual é tida como
um fundamento de anulação específico da arbitragem internacional, acaba por facilitar esta acção de
anulação.
Cumpre dizer que as sentenças arbitrais têm uma elevada taxa de execução voluntária.
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Artigo 35.ºComposição Amigável
Se as partes lhe tiverem confiado essa função, o tribunal poderá decidir o litígio por apelo à composição das partes na base do equilíbrio dos interesses em
jogo.
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Com a consagração da equidade não sobra muito para esta figura, sendo que a própria doutrina tem dificuldade em
concretiza-la.
Remissão para a acepção fraca de equidade Tentativa de conciliação
O Prof. Lima Pinheiro reformula a primeira tese, defendendo que a composição amigável deve ser entendida como um critério de
decisão, onde as partes remetem para a equidade mas com respeito por certas regras, princípios (ex: Lando, UNIDROIT
etc.) ou usos. Só na falta desta indicação das partes, é que deve a composição amigável ser considerada como
equidade na acepção fraca.
São duas as principais teses:
São duas as principais teses:
A)
B)
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Artigo 37.ºÂmbito de Aplicação no Espaço
O Presente diploma aplica-se às arbitragens que tenham lugar
em território nacional
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Para se definir a que regime estadual se deve submeter a Arbitragem, a doutrina utiliza dois critérios:
Autonomia da Vontade: o regime aplicável é o que as partes escolherem.
Critério da Sede: subdivide-se em dois: sede convencional, o local onde as partes estipularam que a arbitragem irá decorrer; e sede fáctica, local onde a arbitragem efectivamente ocorreu.
A)
B)
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O art.º 37 da LAV aponta para o critério da sede, porém deve-se fazer uma interpretação hábil desta disposição.
Assim, a LAV aplicar-se-á às arbitragens em que as partes tenham estipulado Portugal como sede
convencional. Esta presunção funcionará a não ser que as partes demonstrem que o processo se desenrolou no estrangeiro. A LAV também se aplica quando, na falta, ou independentemente dessa escolha, a arbitragem decorra
essencialmente em Portugal.
![Page 33: Docente: Prof. Doutora Maria Helena Brito Discente: Flávio Reis, nº1080 Maio de 2011](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022062404/552fc131497959413d8d55b8/html5/thumbnails/33.jpg)
Um problema que se pode colocar quanto a esta norma relaciona-se com os casos em que os diversos actos que compõem o procedimento arbitral ocorrem em
vários países. Se as partes tiverem designado Portugal como sede convencional, vigorará essa
presunção e a LAV aplica-se, a não ser que as partes a contrariem. Na falta dessa escolha, é que terá de se
realizar uma ponderação quantitativa e qualitativa para se aferir em que país efectivamente decorreu a
arbitragem.
![Page 34: Docente: Prof. Doutora Maria Helena Brito Discente: Flávio Reis, nº1080 Maio de 2011](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022062404/552fc131497959413d8d55b8/html5/thumbnails/34.jpg)
A proposta de Lei da Associação Portuguesa de Arbitragem, A.P.A.
Prevê a arbitragem internacional no capitulo IX, correspondendo aos artigos 49.º a 54.º
![Page 35: Docente: Prof. Doutora Maria Helena Brito Discente: Flávio Reis, nº1080 Maio de 2011](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022062404/552fc131497959413d8d55b8/html5/thumbnails/35.jpg)
Artigo 49.ºConceito e regime da arbitragem internacional
1. Entende-se por arbitragem internacional a que põe em jogo interesses do comércio internacional.
2. Salvo o disposto no presente capitulo, são aplicáveis à arbitragem internacional, com as devidas
adaptações, as disposições do presente diploma relativas a arbitragem interna.
![Page 36: Docente: Prof. Doutora Maria Helena Brito Discente: Flávio Reis, nº1080 Maio de 2011](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022062404/552fc131497959413d8d55b8/html5/thumbnails/36.jpg)
Mantém-se o conceito de “interesses de comércio internacional”
O número 2 torna explícito uma situação que estava implícita na LAV actual.
![Page 37: Docente: Prof. Doutora Maria Helena Brito Discente: Flávio Reis, nº1080 Maio de 2011](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022062404/552fc131497959413d8d55b8/html5/thumbnails/37.jpg)
Artigo 50.ºInoponibilidade de excepções baseadas no direito
interno de uma parte
Quando a arbitragem seja internacional e uma das partes na convenção de arbitragem seja um Estado, uma organização controlada por um Estado ou uma sociedade por este dominada, essa parte não pode
invocar o seu direito interno para contestar a arbitrariedade do litígio ou a sua capacidade para ser
parte na arbitragem, nem para de qualquer outro modo se subtrair as suas obrigações decorrentes
daquela convenção.
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Esta norma visa impedir que pessoas colectivas de direito público, ou pessoas colectivas privadas
controladas por entes públicos, aleguem o seu direito interno para questionar a arbitrabilidade de um litígio.
Garantir a previsibilidade, segurança jurídica e confiança nos Tribunais e sentenças arbitrais.
![Page 39: Docente: Prof. Doutora Maria Helena Brito Discente: Flávio Reis, nº1080 Maio de 2011](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022062404/552fc131497959413d8d55b8/html5/thumbnails/39.jpg)
Artigo 51ºValidade substancial da convenção de arbitragem
1. Tratando-se de arbitragem internacional, entende-se que a convenção de arbitragem é válida quanto a substância e que o
litígio a que ele respeita é susceptível de ser submetido a arbitragem se se cumprirem os requisitos estabelecidos a tal respeito quer pelo direito escolhido pelas partes para reger a convenção de arbitragem quer pelo direito aplicável ao fundo
da causa quer pelo direito português.
2. O tribunal estadual ao qual haja sido pedida a anulação de uma sentença proferida em arbitragem internacional localizada em Portugal, com o fundamento previsto no artigo 46.º nº 3, b),
da presente lei, deve ter em consideração o disposto no numero anterior do presente artigo.
![Page 40: Docente: Prof. Doutora Maria Helena Brito Discente: Flávio Reis, nº1080 Maio de 2011](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022062404/552fc131497959413d8d55b8/html5/thumbnails/40.jpg)
Consagração do “Princípio da consagração ou do critério mais favorável à validade da convenção de
arbitragem”
Resposta à problemática de qual o direito aplicável para se aferir a validade da convenção de arbitragem.
![Page 41: Docente: Prof. Doutora Maria Helena Brito Discente: Flávio Reis, nº1080 Maio de 2011](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022062404/552fc131497959413d8d55b8/html5/thumbnails/41.jpg)
No fundo, o que está aqui em causa é a consagração de uma norma de conflitos que utiliza um feixe de conexões
alternativas e em cascata, para aumentar a probabilidade de a convenção de arbitragem ser válida, quanto à substância, e, consequentemente, de o litígio
ser sujeito à arbitragem.
![Page 42: Docente: Prof. Doutora Maria Helena Brito Discente: Flávio Reis, nº1080 Maio de 2011](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022062404/552fc131497959413d8d55b8/html5/thumbnails/42.jpg)
Artigo 52ºRegras de direito aplicáveis ao fundo da causa
1. As partes podem designar as regras de direito a aplicar pelos árbitros, se os não tiverem autorizado a julgar pela equidade.
Qualquer designação de lei ou do sistema jurídico de determinado Estado será considerada, salvo estipulação
expressa em contrário, como designando directamente o direito material deste Estado e não as suas normas de conflito.
2. Na falta de designação pelas partes, o tribunal arbitral aplica o direito do Estado com o qual o objecto do litígio apresente uma
conexão mais estreita.3. Em ambos os casos referidos nos números anteriores, o tribunal arbitral deve tomar em consideração as estipulações
contratuais das partes e os usos comerciais relevantes.
![Page 43: Docente: Prof. Doutora Maria Helena Brito Discente: Flávio Reis, nº1080 Maio de 2011](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022062404/552fc131497959413d8d55b8/html5/thumbnails/43.jpg)
Continua o princípio da Autonomia Privada, porém com uma ressalva, a de esta escolha não abranger as
normas de conflitos do direito em causa, a não ser que estas sejam escolhidas expressamente. O intuito é
impedir o “saltitar” de ordenamentos jurídicos (resolvendo o eventual problema do “reenvio” ou
“devolução”).
![Page 44: Docente: Prof. Doutora Maria Helena Brito Discente: Flávio Reis, nº1080 Maio de 2011](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022062404/552fc131497959413d8d55b8/html5/thumbnails/44.jpg)
Desaparece o critério do “direito mais apropriado ao litígio”. O intuito é impor aos árbitros a aplicação da lei do Estado com o qual o litígio apresente uma conexão
mais estreita, devido ao receio de que a concessão aos árbitros de uma ilimitada liberdade na
determinação das regras de direito aplicáveis ao fundo da causa, pudesse ferir as legítimas expectativas das
partes a esse respeito.
![Page 45: Docente: Prof. Doutora Maria Helena Brito Discente: Flávio Reis, nº1080 Maio de 2011](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022062404/552fc131497959413d8d55b8/html5/thumbnails/45.jpg)
Forçar a análise de qual o direito estadual mais próximo do caso em apreço.
Exemplos de alguns critérios: lugar em que se desenvolve o cumprimento do contrato, local da sede ou
estabelecimento comercial, etc.
O número 3 vem corroborar parte do que foi dito sobre as normas que reclamam aplicação, na medida em que os árbitros devem ter em conta, apesar da escolha das partes, certos
usos e práticas comerciais.
![Page 46: Docente: Prof. Doutora Maria Helena Brito Discente: Flávio Reis, nº1080 Maio de 2011](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022062404/552fc131497959413d8d55b8/html5/thumbnails/46.jpg)
Artigo 53ºIrrecorribilidade da sentença
Tratando-se de arbitragem internacional, a sentença do tribunal arbitral é irrecorrível, a menos que as
partes tenham expressamente acordado a possibilidade de recurso para outro tribunal arbitral e regulado
os seus termos.
![Page 47: Docente: Prof. Doutora Maria Helena Brito Discente: Flávio Reis, nº1080 Maio de 2011](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022062404/552fc131497959413d8d55b8/html5/thumbnails/47.jpg)
Esta norma contém uma novidade interessante. Continua a admitir, em certos termos, o recurso na arbitragem internacional,
mas retira essa competência dos Tribunais da Relação e transfere-a para outro Tribunal Arbitral.
Os autores da proposta justificam esta mudança com o argumento de que as partes não podem alargar o âmbito da competência dos
tribunais estaduais.
Se esta norma entrar em vigor, até pode ter efeitos benéficos, porém acarretará várias problemáticas. A título exemplificativo,
pode originar uma hierarquização de árbitros, ou centros de arbitragem institucionalizada, que pode não ser bem aceite.
![Page 48: Docente: Prof. Doutora Maria Helena Brito Discente: Flávio Reis, nº1080 Maio de 2011](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022062404/552fc131497959413d8d55b8/html5/thumbnails/48.jpg)
Artigo 54ºOrdem pública internacional
A sentença proferida numa arbitragem internacional em que o direito português não
haja sido escolhido pelas partes nem determinado pelo tribunal arbitral como
aplicável ao fundo da causa, pode ser anulada, de acordo com o disposto no artigo 46.º, se o conteúdo da mesma ofender os princípios da
ordem pública internacional do Estado português, sem prejuízo da aplicação dos
demais fundamentos de anulação da sentença previstos nesse artigo.
![Page 49: Docente: Prof. Doutora Maria Helena Brito Discente: Flávio Reis, nº1080 Maio de 2011](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022062404/552fc131497959413d8d55b8/html5/thumbnails/49.jpg)
Pode ser definida como o conjunto de regras e princípios fundamentais que espelham determinados
valores partilhados pela maioria dos Estados em presença no comércio internacional.
Exemplos: Boa fé; proibição de discriminação racial, respeito pelos direitos do homem, protecção do
ambiente; contraditório, igualdade das partes etc.
![Page 50: Docente: Prof. Doutora Maria Helena Brito Discente: Flávio Reis, nº1080 Maio de 2011](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022062404/552fc131497959413d8d55b8/html5/thumbnails/50.jpg)
Artigo 61ºÂmbito de aplicação no espaço
A presente lei é aplicável a todas as arbitragens que tenham lugar em território
português, bem como ao reconhecimento e a execução em Portugal de sentenças
proferidas em arbitragens localizadas no estrangeiro.
![Page 51: Docente: Prof. Doutora Maria Helena Brito Discente: Flávio Reis, nº1080 Maio de 2011](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022062404/552fc131497959413d8d55b8/html5/thumbnails/51.jpg)
Artigo 32.º
Conceito de Arbitragem Internacional
Entende-se por arbitragem internacional a que põe em jogo
interesses do comercio internacional
Artigo 49.º
Conceito e regime da arbitragem internacional
1. Entende-se por arbitragem internacional a que põe em jogo
interesses do comércio internacional.
2. Salvo o disposto no presente capitulo, são aplicáveis à
arbitragem internacional, com as devidas adaptações, as
disposições do presente diploma relativas a arbitragem interna.
![Page 52: Docente: Prof. Doutora Maria Helena Brito Discente: Flávio Reis, nº1080 Maio de 2011](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022062404/552fc131497959413d8d55b8/html5/thumbnails/52.jpg)
Artigo 33.º Direito Aplicável
1. As partes podem escolher o direito a aplicar pelos
árbitros, se os não tiverem a julgar pela equidade.
Artigo 52º Regras de direito
aplicáveis ao fundo da causa
1. As partes podem designar as regras de direito a aplicar pelos
árbitros, se os não tiverem autorizado a julgar pela equidade. Qualquer designação de lei ou do sistema jurídico de determinado Estado será considerada, salvo
estipulação expressa em contrário, como designando directamente o
direito material deste Estado e não as suas normas de conflito.
![Page 53: Docente: Prof. Doutora Maria Helena Brito Discente: Flávio Reis, nº1080 Maio de 2011](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022062404/552fc131497959413d8d55b8/html5/thumbnails/53.jpg)
2. Na falta de escolha, o tribunal aplica o direito
mais apropriado ao litígio.
2. Na falta de designação pelas partes, o tribunal arbitral aplica o direito do Estado com o qual o objecto do
litígio apresente uma conexão mais estreita.
3. Em ambos os casos referidos nos números anteriores, o
tribunal arbitral deve tomar em consideração as
estipulações contratuais das partes e os usos comerciais
relevantes.
![Page 54: Docente: Prof. Doutora Maria Helena Brito Discente: Flávio Reis, nº1080 Maio de 2011](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022062404/552fc131497959413d8d55b8/html5/thumbnails/54.jpg)
Artigo 34.ºRecursos
Tratando-se de arbitragem internacional, a decisão do tribunal não é recorrível,
salvo se as partes tiverem acordado a possibilidade de recurso e regulado os seus
termos.
Artigo 53ºIrrecorribilidade da
SentençaTratando-se de arbitragem internacional, a sentença do
tribunal arbitral é irrecorrível, a menos que as
partes tenham expressamente acordado a
possibilidade de recurso para outro tribunal arbitral e regulado os seus termos.
![Page 55: Docente: Prof. Doutora Maria Helena Brito Discente: Flávio Reis, nº1080 Maio de 2011](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022062404/552fc131497959413d8d55b8/html5/thumbnails/55.jpg)
Artigo 37.ºÂmbito de Aplicação no
Espaço
O Presente diploma aplica-se às
arbitragens que tenham lugar em território nacional
Artigo 61ºÂmbito de aplicação no
espaço
A presente lei é aplicável a todas as arbitragens que
tenham lugar em território português, bem como ao
reconhecimento e a execucão em Portugal de sentenças proferidas em
arbitragens localizadas no estrangeiro.
![Page 56: Docente: Prof. Doutora Maria Helena Brito Discente: Flávio Reis, nº1080 Maio de 2011](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022062404/552fc131497959413d8d55b8/html5/thumbnails/56.jpg)
Artigo 35.ºComposição Amigável
Se as partes lhe tiverem confiado essa função, o tribunal poderá decidir o litígio por apelo à composição das partes na base do equilíbrio
dos interesses em jogo.
![Page 57: Docente: Prof. Doutora Maria Helena Brito Discente: Flávio Reis, nº1080 Maio de 2011](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022062404/552fc131497959413d8d55b8/html5/thumbnails/57.jpg)
Artigo 50.ºInoponibilidade de excepções baseadas no direito
interno de uma parte
Quando a arbitragem seja internacional e uma das partes na convenção de arbitragem seja um Estado, uma organização controlada por um Estado ou uma sociedade por este dominada, essa parte não pode
invocar o seu direito interno para contestar a arbitrariedade do litígio ou a sua capacidade para ser
parte na arbitragem, nem para de qualquer outro modo se subtrair as suas obrigações decorrentes daquele.
![Page 58: Docente: Prof. Doutora Maria Helena Brito Discente: Flávio Reis, nº1080 Maio de 2011](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022062404/552fc131497959413d8d55b8/html5/thumbnails/58.jpg)
Artigo 51ºValidade substancial da convenção de arbitragem
1. Tratando-se de arbitragem internacional, entende-se que a convenção de arbitragem é
válida quanto a substância e que o litígio a que ele respeita é susceptível de ser submetido a
arbitragem se se cumprirem os requisitos estabelecidos a tal respeito quer pelo direito
escolhido pelas partes para reger a convenção de arbitragem quer pelo direito aplicável ao fundo
da causa quer pelo direito português.
![Page 59: Docente: Prof. Doutora Maria Helena Brito Discente: Flávio Reis, nº1080 Maio de 2011](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022062404/552fc131497959413d8d55b8/html5/thumbnails/59.jpg)
2. O tribunal estadual ao qual haja sido pedida a anulação de uma sentença proferida em arbitragem internacional
localizada em Portugal, com o fundamento previsto no artigo 46.º nº 3,
b), da presente lei, deve ter em consideração o disposto no número
anterior do presente artigo.
![Page 60: Docente: Prof. Doutora Maria Helena Brito Discente: Flávio Reis, nº1080 Maio de 2011](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022062404/552fc131497959413d8d55b8/html5/thumbnails/60.jpg)
Artigo 54ºOrdem pública internacional
A sentença proferida numa arbitragem internacional em que o direito português não
haja sido escolhido pelas partes nem determinado pelo tribunal arbitral como aplicável ao fundo da causa, pode ser anulada, de acordo com o disposto no artigo 46.º, se o conteúdo da mesma ofender os princípios da ordem pública
internacional do Estado português, sem prejuízo da aplicação dos demais fundamentos de
anulação da sentença previstos nesse artigo.