documentário de divulgação científica em tempos de redes sociais e uma experiência na escola...
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DOCUMENTÁRIO DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA EM TEMPOS DE REDES SOCIAIS E CIBERCULTURA: Uma experiência na Escola
Municipal João Bento de Paiva Itapissuma/PE
Sebastião da Silva Vieira1 (Escola Municipal João Bento de Paiva) Escarlete Alves Leal 2 (Escola Municipal João Bento de Paiva)
Resumo:
O presente trabalho tem como tema: “DOCUMENTÁRIO DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA EM TEMPOS DE REDES SOCIAIS E CIBERCULTURA: Uma experiência na Escola Municipal João Bento de Paiva – Itapissuma/PE”. O projeto teve como objetivo propiciar à aprendizagem significativa dos educandos, através do contato prazeroso com a arte na criação de vídeos, no trabalho colaborativo entre os participantes de cada equipe, despertando a criatividade, o talento, a análise crítica, a comunicação e expressão em audiovisual e a ousadia em inovar, além de trabalhar com os mais variados materiais e recursos tecnológicos disponíveis, como por exemplo, ferramentas computacionais de criação e edição, câmera digital, filmadora, entre outros. Este trabalho apresenta uma experiência educacional de sucesso realizada com alunos do Ensino fundamental do 9º ano da Escola Municipal João Bento de Paiva, uma escola pública do município de Itapissuma, Pernambuco.
Palavras-chave: 1.Documentário, 2. Cibercultura, 3. Escola.
Abstract:
The present work has as its theme: "DOCUMENTARY FOR DISSEMINATION IN TIMES OF SCIENTIFIC AND NETWORKS Cyberculture: An experiment at the Municipal School John Benedict de Paiva - Itapissuma / PE." The project aimed to provide meaningful learning for learners, through sharing with the art in creating videos in collaborative work among participants of each team, awakening the creativity, talent, critical analysis, communication and expression in audiovisual and boldness to innovate, and work with various materials and technology resources available, such as computational tools for creating and editing, digital camera, camcorder, among others. This paper presents an educational experience of students successfully
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performed with the Primary school in 9th grade Municipal School John Benedict de Paiva, a public school in the city of Itapissuma, Pernambuco.
Keywords: 1.Documentário, 2. Cyberculture, 3. School.
Introdução
O projeto foi desenvolvido em várias etapas, como por exemplo:
organização das equipes, reuniões semanais, escolha dos temas, pesquisa
sobre o tema, criação do roteiro, sinopse, filmagem, gravação, entrevistas,
edição dos vídeos dentro da escola através da utilização do “Windows
Movie Maker”, que faz parte do pacote “Windows”, finalização, gravação
em DVD, avaliação (que envolve alunos e professor orientador).
Os alunos com a orientação de um professor realizavam as edições e
produções visuais, em seguida ao final das etapas, realizaram dentro da
escola como forma de exibição, uma palestra para as demais turmas do
ensino fundamental, divulgando a produção e o trabalho coletivo dos
alunos. Depois de toda divulgação os alunos juntamente com o professor
orientador realizaram festivais, palestras dentro da escola com os alunos,
e o envio dos vídeos para participação em concursos nacionais de vídeos
como forma de expor o trabalho desenvolvido.
Os resultados indicam que os alunos produziram conhecimentos
fundamentais para a vida e que poderão aplicá–los no futuro em muitas
situações, tanto acadêmicas quanto pessoais e/ou profissionais. O uso das
tecnologias nesse projeto reflete a evolução de um tipo de linguagem que
não é mais baseada somente na oralidade e na escrita, mas também no
audiovisual, pois permite que o sujeito além de receptor seja produtor,
podendo, assim, resgatar valores básicos de educação e principalmente,
de cidadania. Diante desse panorama, a escola deve reconhecer essa
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evolução da linguagem audiovisual, se apropriar e incorporá–la no
processo de ensino e aprendizagem.·.
Os recursos visuais e a criação documentários estão cada vez mais
presentes no cotidiano das crianças e dos adolescentes. Dessa maneira,
oportunizou-se aos alunos um contato inicial com as técnicas de produção
de vídeos.
A escola como ambiente privilegiado do saber, espaço de construção
da cidadania, importante centro formador de opiniões, não poderia deixar
de incorporar as novas tecnologias de informação e comunicação. No
entanto, as mudanças no contexto escolar são necessárias, pois o aluno
hoje não é mais o mesmo e diante desse cenário, vislumbramos a
necessidade de oportunizar aos nossos educandos uma formação integral
que contemple a utilização do computador, capacitando nossos alunos no
domínio de outras linguagens que estão presentes no cotidiano como o
audiovisual..
Fazendo uso de tecnologias que permitem não apenas registrar,
mas exibir e difundir e, por isso mesmo discutir, com muitos outros
grupos, questões que lhes afetam diretamente, ao mesmo tempo em que
produzem conhecimentos e os disponibilizam, possibilitando o acesso a
informações que só registros ou documentos, constituídos como “prova de
verdade”, como é o caso do cinema documentário, assinala o realizador,
permitiriam. Em tempos que a produção audiovisual constitui-se uma
atitude-cinema (LIPOVETSKY & SERROY, 2009) podemos considerar o
vídeo em questão um documentário?
Em recente investigação qualitativa (COUTO, 2010) ouvimos de
jovens estudantes de nível médio, que a internet e os documentários
científicos divulgados na TV, especialmente os provenientes dos canais
Discovery, são suas principais fontes de pesquisa. Não apenas os jovens,
mas o público em geral, sob certos aspectos, “confia” no documentário.
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Na acepção de alguns ele se “parece” tanto com os dados, ou vestígios
coletados, que se não constitui a verdade, pelo menos contribui para uma
nova maneira de pensar sobre o tema ou assunto tratado (Rosenstone,
2010). A produção audiovisual seria então um documentário para
divulgação cientifica?
Buscando responder a essas questões tratamos inicialmente de
entender o que é o gênero de cinema documentário, suas formas de
representação, sua configuração para a divulgação científica, à luz de um
discurso sobre as Ciências, proferido por Boaventura de Souza Santos.
Referencial teórico
Cinema documentário
A atividade cinematográfica tem pouco mais de cem anos e é
decorrente de um longo processo de que tem origem na Antiguidade,
passa pela câmera escura, cresce a partir do século XVII, com o uso da
lanterna mágica e com o desenvolvimento de pesquisas ópticas, visando o
registro e a reprodução do movimento. No mesmo ano em que os irmãos
Lumière lançavam o cinematógrafo, a Liga de Ensino distribuía por toda a
França, como instrumento pedagógico, 477 lanternas, com oito mil
diferentes vistas. O cinema foi experimentado então como uma nova
articulação de técnicas já conhecidas e não representou uma ruptura
radical (Da-Rin, 2005).
Ao divulgar os primeiros filmes (1895), Louis e Auguste Lumière não
julgavam que o seu invento tivesse utilidade, além do entretenimento e da
reprodução de cenas da vida real e logo enviaram dezenas de câmeras
pelo mundo para captar o que só se podia conhecer a partir das viagens.
Em dois anos o cinematógrafo já havia percorrido os cinco continentes
buscando revelar culturas e localidades desconhecidas.
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Vanessa Schwartz (2004) ao examinar as práticas culturais da Paris,
do fim do século XIX, ressalta que o espectador de cinema incorporou à
experiência cinematográfica modos de ver, ou elementos que já faziam
parte de aspectos da vida moderna, ou seja, o primeiro cinema era um
componente do gosto do público pela realidade.
Thomas Edison, que patenteou o cinematógrafo nos EUA, em 1896,
também percebeu que as cenas de vida cotidiana costumavam ser
recebidas com muito mais entusiasmo (Da-Rin, 2005).
No final do século XIX, período de muitas conquistas técnicas e científicas,
as invenções eram apresentadas em feiras industriais, exposições
universais e salões de novidades.
A confiança positivista no progresso técnico e nas descobertas da
Ciência implicava em representantes de vários países se fazerem
representar nessa vitrine de atrações tecnológicas, para exibir seus novos
produtos e serviços. Feiras de novidades tecnológicas, mas também
artísticas e culturais. Dentro desse contexto, os filmes exibidos, em geral,
reproduziam paisagens externas, com caráter de documentário, mas se
configuravam também como um cinema de atrações, cuja finalidade era
deslumbrar, espantar o espectador. Tendo iniciado como espetáculo de
feira, esse primeiro cinema se integrou à tradição de espetáculos
coletivos. Aos poucos inventou uma gramática e uma linguagem que lhe
permitiram configurar-se como arte e indústria.
Alguns educadores de várias partes do mundo, conhecendo o
sucesso da produção cinematográfica junto às camadas populares e o
enorme poder sugestivo das imagens começaram a investigar o potencial
educacional e as formas e estratégias de uso do cinema em sala de aula.
Nos Estados Unidos, desde a chegada do cinematógrafo, foram
experimentadas possibilidades de aplicá-lo ao ensino. Tomas Edison
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produziu vários filmes sobre conhecimentos elementares de Física,
Química e História Natural (LEITE, 2005).
O cinema rapidamente se disseminou pelo mundo, tendo a produção
cinematográfica aparecido simultaneamente em diversos países. Inclusive
no Brasil. A bela época cinematográfica brasileira, entre 1908 e 1911,
ocorreu antes do país ser invadido pelas companhias de distribuição norte-
americana, logo após a 1ª Guerra Mundial.
O documentário, que nos seus primórdios, documentou as cenas de
ruas em várias partes do mundo, sempre fez mais do que espelhar o
mundo real. Robert Flaherty, em seu primeiro trabalho, Nanook, o
esquimó, teve, por exemplo, que ensinar a pesca com arpão, uma
habilidade que se perdeu com o tempo. Para divulgar um quadro preciso
da cultura dos esquimós ele precisou, em alguns momentos, encenar a
realidade, criar uma ficção em nome da verdade.
Ao contrário do que era freqüente nos documentários de viagens de
então, Flaherty tornou a vida cotidiana do caçador Nanook o fio condutor
de uma história, que relatava a dura luta pela sobrevivência em um
ambiente hostil. O espectador podia ver pessoas comuns envolvidas em
suas atividades do dia a dia – comer, dormir, caçar, brincar, etc. – como se
a câmera lá não estivesse. Essa forma de narrar o conflito entre o homem
e a natureza, como se estivéssemos espiando um acontecimento real,
com a incorporação de elemento dramático e de suspense, dentro de um
documentário, foi uma contribuição inovadora e significativa para o
gênero.
Tratamento criativo da realidade foi como documentarista John
Grierson denominou essa característica do documentário. Grierson foi o
idealizador e, principal organizador, do movimento do filme documentário,
que se desenvolveu na Inglaterra a partir de 1927. Ele estava convencido
que os métodos educacionais tradicionais eram insuficientes para
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enfrentar um mundo em mudança, que afetava os modos de pensar e
agir, e acreditava que só os meios de comunicação de massa: jornal,
rádio, cinema e propaganda, pareciam sensibilizar e motivar o cidadão
comum. Ele estabeleceu uma base institucional e impulsionou o patrocínio
do governo inglês na produção de documentários (Da-Rin, 2005).
Os filmes clássicos do grupo de Grierson também foram marcados
por valores de classe e pelas trajetórias de vida de seus realizadores. As
visões particulares sempre se confundiram com os objetos e objetivos dos
documentários.
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Se o cinema documentário esteve, desde sua origem, comprometido
com a função de representar o real, e não de reprodução da realidade; sua
tradição é transmitir uma impressão de autenticidade. Se o que vemos é
testemunho do que o mundo é, podemos basear nossa ação nele, o que é
notório na Ciência, quando emprega o diagnóstico por imagem (Nichols,
2005). No entanto, os documentários não adotam um conjunto fixo de
regras e de técnicas, não apresentam um conjunto de estilos, não tratam
de apenas determinadas questões, mas constituem categorias que
produzem e mantém essa forma de fazer cinema desde os anos 1920.
Para Bill Nichols (2005) o objeto do cinema documentário configura-
se como resultado de um conjunto de práticas e discursos, e segue uma
evolução em direção a um acréscimo de real. Há uma construção contínua
e não uma essência na definição desse objeto. É a partir das próprias
obras e da experimentação de técnicas e práticas, dos movimentos
instituídos, de seus avanços técnicos (câmera leve, vídeo, som direto,
entre outros), que observamos as várias maneiras de produzir
documentários. Para ele, definir documentário significa também conhecer
a estrutura institucional que o patrocina, o conjunto de profissionais que o
produz, os filmes e vídeos e o público que tem o desejo de aprender
através de um documentário.
Os seguintes modos de pensar e fazer cinema documentário:
expositivo (documentário clássico; anos 20);
poético (experimentos com articulações visuais, ritmos, justaposições espaciais; anos 20);
de observação (cinema direto; anos 60);
interativo (cinema-verdade; anos 60);
reflexivo (expõe as convenções que regem o cinema documentário; anos 80);
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performático (ênfase no aspecto subjetivo do próprio cineasta; anos 80).
Cabe destacar que tal classificação deve ser entendida pela sua
função pedagógica e pelo esforço de compreender a história do
documentário. Não há filmes puros, mas híbridos e podem existir filmes
que não se encaixam em nenhum dos modos.
Nos modos: expositivo e de observação, a imagem é representação
privilegiada do real. O expositivo enfatiza o comentário verbal e uma
lógica argumentativa. É o modo que a maioria das pessoas identifica como
documentário em geral. No modo de observação se pretende uma
objetividade produzida por uma câmera discreta, que não intervém sobre
os acontecimentos. O modo interativo vai dizer que essa objetividade não
é possível, que a neutralidade não existe, que a subjetividade está sempre
presente. A filmagem geralmente acontece através de entrevistas.
Enquanto o modo reflexivo enfatiza a construção da representação de
realidade engendrada pelo filme; o modo poético é muito próximo do
cinema experimental, ou de vanguarda. O modo performático enfatiza o
aspecto subjetivo, com ênfase no impacto produzido no público.
Segundo Couto (2010) Os documentários de Divulgação Científica
não são aulas oferecidas a alunos à distância, nem mera divulgação de
resultados de experiências científicas publicadas, ou ainda um serviço
informativo simplificado, ou uma comunicação específica para
especialistas da área. Trata-se de fazer chegar a um público mais amplo,
de maneira agradável e rigorosa, a presença e a dinâmica da Ciência na
vida cotidiana. Seu principal desafio é superar a distância que separa o
conhecimento científico do saber comum, vis-à-vis o entendimento do
público a que se destina. Não se define um filme como de divulgação
científica apenas por apresentar conteúdos científicos, mas também por
seu formato e abordagem, que contribuem para que haja envolvimento,
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reflexão, estímulo à busca de conexões com outros conteúdos, com outras
situações, e principalmente motivação para querer aprender mais. A
divulgação científica através de um discurso audiovisual tem suas próprias
especificidades.
Nos últimos anos o cinema documentário tem atraído um interesse
crescente e parece que, em um mundo marcado pela tecnologia e pela
técnica, cada vez é mais importante a divulgação científica. Durante
séculos os conhecimentos científicos foram patrimônio de uma elite
intelectual. No entanto, a partir do século XVII, contrapontos ao
desenvolvimento da Ciência Moderna, surgem razões político-sociais para
a disseminação desses conhecimentos e a Ciência começa a interessar a
muitos. Conforme progride a influência estratégica da ciência e da
tecnologia nas estruturas políticas, econômicas e culturais vai crescendo a
necessidade de revisão das relações Ciência e Sociedade. Ao final do
século XIX as inovações e conquistas científicas passam a ocupar um lugar
importante na vida cotidiana. Acentua-se a influência das correntes
positivistas e científicas que apregoam o poder ilimitado da Ciência para
solucionar os problemas humanos e sociais. O progresso científico e
tecnológico precisava estar incorporado nas questões de domínio público.
Era preciso conhecer e controlar o que se fazia em Ciência e o que dela
resultava. As próprias exposições universais, como vimos, funcionavam
para disseminar inventos, além de promoverem mercado para consumo.
As primeiras iniciativas de disseminar conhecimento científico a um
público mais amplo foram realizadas através de artigos em jornais.
Durante os séculos XVII e XVIII são conteúdos habituais da imprensa. A
primeira obra de divulgação significativa é designada Entretiens sur la
pluralité des mondes, de 1686, quando Bernard de Fontenelle explica a
cosmologia a uma marquesa imaginária (Léon, 2001). A partir de 1825, a
imprensa francesa começa a publicar folhetos científicos, que fornecem
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informações semanais sobre questões da atualidade relacionadas às
diferentes especialidades científicas (León, 2001).
Desde o início, a produção audiovisual não apenas contribuiu com a
divulgação de conhecimentos, mas se tornou relevante para as pesquisas
científicas, especialmente às relacionadas à área da Saúde, já que se
constituiu uma nova ferramenta de investigação, ao permitir a observação
de fenômenos imperceptíveis ao olho humano. Foucault (2004) descreve
em Nascimento da Clínica como os novos dispositivos de produção visual
derivados da fotografia se articulam com as novas ciências que regulam o
corpo como a Fisiologia e a Patogenia. Aliás, ele demarca como a Medicina
Moderna nasce da soberania do olhar.
De maneira geral os documentários de divulgação científica podem
ser correlacionados ao modo expositivo, proposto na classificação de
Nichols. O modo expositivo enfatiza a impressão de objetividade e facilita
a generalização e a argumentação abrangente. Para isso dirige-se ao
espectador diretamente, expondo um argumento, com legendas ou vozes.
São documentários que dependem muito de uma lógica informativa
transmitida verbalmente. As imagens esclarecem, ilustram, evocam, ou
contrapõem, mas desempenham um papel secundário. Uma característica
marcante, que se configura quase uma marca de autenticidade, é a
tradição da voz de autoridade (a voz de Deus): um orador que é apenas
ouvido, que tudo sabe e tudo vê. O documentário não tem uma essência
realista. Ele se constituiu a partir dessa crença, que é na verdade uma
convenção produzida por práticas e discursos.
Metodologia
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Produção dos documentários
O projeto foi organizado em diversas etapas. Primeiramente, a sala
foi dividida em pequenas equipes com a divisão das tarefas. Outra etapa
foi à escolha do tema pelos alunos. O professor orientador cede parte de
suas aulas para que seja discutido amplamente com os alunos o
planejamento do vídeo, assim como encontros semanais e aos sábados na
escola. A criação do roteiro é a transformação de uma idéia em história,
que assume o formato de um roteiro, dividido em sequencias e planos. A
intervenção do professor é oportuna quando sente que o grupo está com
algum problema, tanto de relacionamento como quando a equipe perde o
foco do tema em questão ou as cenas descritas são incompletas, não
detalhadas e até sem sentido, sem uma mensagem educativa. O professor
faz a leitura dos roteiros e questionam o porquê de tudo. Na etapa de
gravação, os alunos fazem o plano com horários, locais, ordem das
sequencias e fotos. Logo após a gravação de cena, e fotografias os alunos
assistem a sua atuação, escolhem as fotos que se enquadram na temática
abordada, e muitas vezes decidem regravar as cenas que não ficaram
boas, assim como as fotos. Os alunos são acompanhados pelo professor
orientador em todas as gravações. Outra etapa é a da edição dos vídeos,
quando se dá a seleção do que realmente interessa para contar a história
e são separados os erros de gravação. A edição é feita no salão de
recreação e na biblioteca da escola pelos alunos da equipe acompanhados
do professor que orienta na seleção, cortes, inserção de trilha, créditos,
entre outros através da utilização do “Windows Movie Maker”, que faz
parte do pacote “Windows”. Os alunos também criaram um conta no
Youtube, faceboock, Orkut para a publicação vídeo na Internet, visando
divulgar o trabalho como fonte de pesquisa . A última etapa do projeto foi
a finalização, gravação em DVD, avaliação (que envolve alunos e professor
orientador).
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Resultados e discussões
Os documentários são produzidos pelos alunos, onde eles podem se
expressar, mostrar a realidade do mundo em que vivemos como drogas,
preconceito, álcool, prostituição, bullying, juventude e cidadania. E
demonstrar uma forma de combater esses problemas. Esses filmes,
também proporcionam uma chance de revelar o talento que alguns alunos
têm, e não tinham chance de mostrar. Ou até mesmo, fazer com que
outros alunos descubram o prazer e a alegria de ser um astro de cinema,
demonstrando seus sentimentos em forma de imagens. Segundo Vygotsky
(1996), a aprendizagem desperta, promove o desenvolvimento e tem
papel central na construção de conhecimentos. Ele afirma que a mediação
deveria seguir a seguinte lógica: estabelecimento de um nível de
dificuldade, não muito complexo, mediação com organização de estímulos
e avaliação do grau de independência adquirido na realização de uma
tarefa ou na resolução de um problema. Considera ainda impossível o
ensino de conceitos.
Um professor que tentar fazer mera transmissão de conceitos
acabará em um verbalismo sem sentido. Sendo assim, o professor deveria
implantar o discurso vivo em sala de aula, no qual todos, de modo
participativo, se empenhassem na reflexão e na discussão que leva ao
pensar autônomo, tornando a sala de aula uma comunidade investigativa.
Outro aspecto do trabalho que merece destaque é em relação ao
trabalho em equipe. Os problemas de relacionamento e conflitos no grupo
geralmente interferem no desenvolvimento das atividades e exige maior
atenção dos professores em sua atuação mediadora. Vale lembrar que
essa ação mediadora do professor para com o aluno também se aplica no
desenvolvimento das atividades, o que leva o aluno a novas conquistas e
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novas descobertas na medida em que resolve os desafios ou problemas
propostos. Vygotsky (1996) propôs uma explicação para o
desenvolvimento cognitivo a partir da ação mediada, o que implica dizer
que todo ser humano está inserido em uma realidade sócio-histórica e que
só adquire a condição humana se for mediado em sua relação com o
mundo. A ação da mediação tem incidência no que ele denominou de zona
de desenvolvimento proximal, que indica a distância entre o nível de
desenvolvimento real (determinado pelo modo como o aprendiz resolve
sozinho os problemas), e o nível de desenvolvimento potencial
(determinado pela maneira como ele resolve os problemas quando
mediado). A orientação do professor orientador é fundamental como
forma de contribuição para o efetivo desenvolvimento do projeto.
Nesse processo de avaliação, o professor também tem a
oportunidade de se autoavaliar, revendo as metodologias utilizadas na sua
prática pedagógica, fazendo uma reflexão sobre a sua ação. Reconhecer
as falhas e suas limitações no processo é o primeiro passo para a
mudança e para um envolvimento eficaz. O conceito de prática reflexiva
proposto por Schön (2000) surge como um modo possível dos professores
interrogarem as suas práticas de ensino. A reflexão fornece oportunidades
para rever acontecimentos e práticas. Uma prática reflexiva confere poder
aos professores e proporciona oportunidades para o seu desenvolvimento.
Considerações finais
A divulgação científica, ao longo dos séculos, respondeu a
motivações e interesses diversos. Um dos objetivos foi cooperar com a
escola na transmissão de informações e de conhecimentos práticos acerca
do processo científico e de sua lógica, com a finalidade de promover a
permanente atualização.
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A escola não pode prover toda a educação e informação científica
necessárias para o cidadão, ao longo da vida, entender e participar
efetivamente de decisões relacionadas às transformações técnico-
econômicas, ou influenciadas pelo conhecimento científico.
Daí a relevância das atividades de divulgação científica, que tanto
podem servir como instrumentos para maior consciência social, como para
transmitir uma visão exagerada das possibilidades da Ciência, ou seja,
podem tanto estar fundadas no paradigma da Ciência Moderna, como no
paradigma emergente.
As novas tecnologias de informação e comunicação podem
desempenhar um significativo papel no debate crítico entre a Ciência e a
Sociedade. A articulação entre escola, divulgação científica e tecnologias
de informação e comunicação pode configurar estratégias cuja intenção
seja edificar mais espaços de discussão sobre resultados científicos
efetivamente relevantes para a realidade brasileira.
A tecnologia na educação é sem dúvida um caminho a excelência
em qualidade educacional. A demanda da sociedade atual e a flexibilidade
característica as tecnologias impulsionaram seu crescimento nos
ambientes.
Como toda evolução tecnológica que provoca a mudança de hábitos,
a digitalização de conteúdo também tem gerado preocupações por conta
das associações entre texto, vídeos e sons. Algo que se torna ainda mais
delicado quando envolve o campo da educação. Compreender as
tecnologias é, portanto, apropriar-se das linguagens que as constituem, e
a escola pode desempenhar um importante papel nesse processo se,
desde já, aprofundar-se no estudo desses meios para incorporá-los a sua
prática. Esse tipo de pesquisa com os alunos do ensino fundamental é de
extrema importância para a construção das interpretações sociais, no
aluno fazendo-o enxergar a realidade em seu entorno.
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As escolas podem ser as oficinas que engendram a nova cultura se
professores e alunos aprenderem a superar as intransigências e
compreenderem que:
A intransigência em relação a tudo quanto é novo é um dos piores defeitos do homem. E, inversamente, perceber a realidade pelos meios não convencionais é o que mais intensamente deveria ser buscado nas universidades [e nas escolas]. Porque isso é capacidade de invenção em estado puro: cultivar o devaneio, anotar seus sonhos, escrever poesias, criar imageticamente o roteiro de um filme que ainda vai ser filmado. (...) “Inventividade e tradição mantêm entre si uma relação muito complexa, que nunca foi constante ao longo do tempo: às vezes foi de oposição e exclusão, outras vezes foi complementar e estimulante”.(LEONARDI,1999, p. 57-58).
Talvez o grande desafio para a educação na sociedade telemidiática
seja justamente o de estimular a expressão dessa complementaridade que
permanece, muitas vezes, latente entre a educação e as mídias, em
especial a televisão, por ser aquela que, hoje, consegue alcançar o maior
número de pessoas e compõe de igual maneira, o cotidiano de professores
e alunos, supera a hierarquia imposta pela escola e transforma todos os
envolvidos no processo em telespectadores dos mesmos programas, das
mesmas imagens e sons.
É notória a excelente performance que os jovens de hoje
demonstram no contato e utilização dos mais diversos equipamentos
eletrônicos e dispositivos digitais. Saber aproveitar essas facilidades como
aliadas do professor é fundamental para propor atividades significativas,
ousadas e inovadoras no processo de ensino e aprendizagem. Neste
sentido, o aluno além de consumidor passa a ser produtor de
conhecimento. Diante desse panorama, a escola precisa reconhecer que
há uma evolução da linguagem audiovisual e, portanto, deve se apropriar
e incorporá-la no processo de ensino e aprendizagem.
Assim, pôde-se perceber nos resultados alcançados com o
desenvolvimento deste projeto, que nossos alunos construíram
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conhecimentos fundamentais para a vida e que poderão aplicá-los no
futuro em muitas situações, tanto acadêmicas quanto pessoais e/ou
profissionais
Ilustrações
Figura 1: Núcleo de Pesquisa e Extensão em produção audiovisual - NUPIC VÍDEOS na produção do “Documentário a Vida no Lixão” 2012
Foto: Sebastião Vieira
Figura 2: Discentes na produção do “Documentário a Vida no Lixão” 2012
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Foto: Sebastião Vieira
Referências Bibliográficas
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